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INTRODUÇÃO A GERONTOLOGIA 3

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INTRODUÇÃO A 
GERONTOLOGIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Cristiano Caveião 
CONVERSA INICIAL 
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA 
Nessa aula, temos como objetivo abordar os principais conceitos que 
envolvem o envelhecimento humano e a saúde da pessoa idosa. Para isso, 
dividimos a aula nos seguintes tópicos: 
• percepção sobre a velhice; 
• cidadania e proteção social; 
• informações epidemiológicas; 
• demografia e envelhecimento populacional; e 
• noções básicas de epidemiologia. 
TEMA 1 – PERCEPÇÃO SOBRE A VELHICE 
Antes de iniciarmos nossa conversa sobre as percepções sobre a velhice, 
gostaríamos de replicar um teste elaborado por Goldman e Faleiros (2008). 
Analise as afirmativas dispostas no quadro a seguir e utilize uma escala de 5 
até 0 para indicar o quão acredita ser verdadeira a afirmativa, considerando 5 a 
mais verdadeira e 0 a menos verdadeira: 
1. Dão muita importância à religião 5 4 3 2 1 0 
2. São mais inquietas que os jovens 5 4 3 2 1 0 
3. Vivem de suas lembranças 5 4 3 2 1 0 
4. São mais sensíveis do que os outros 5 4 3 2 1 0 
5. Esperam que seus filhos se ocupem delas continuamente 5 4 3 2 1 0 
6. Repetem sempre as mesmas coisas 5 4 3 2 1 0 
7. São capazes de se adaptar à mudança 5 4 3 2 1 0 
8. Têm uma saúde frágil 5 4 3 2 1 0 
9. Têm medo do futuro 5 4 3 2 1 0 
10. São ricas ou estão bem financeiramente 5 4 3 2 1 0 
11. 
Estão muito mais sujeitas a serem vítimas da criminalidade do que o 
jovem 
5 4 3 2 1 0 
12. 
A aposentadoria provoca nelas problemas de saúde e acelera o 
processo de morte 
5 4 3 2 1 0 
13. Passam o seu tempo jogando cartas, damas, dominó ou bingo 5 4 3 2 1 0 
14. Preocupam-se pouco com sua aparência 5 4 3 2 1 0 
15. Sofrem de solidão 5 4 3 2 1 0 
16. São teimosas e chatas 5 4 3 2 1 0 
17. Representam um peso econômico para as outras gerações 5 4 3 2 1 0 
18. Têm tendência a se intrometer nos assuntos alheios 5 4 3 2 1 0 
19. São menos capazes de aprender 5 4 3 2 1 0 
20. Não tem muito interesse ou capacidade para a vida sexual 5 4 3 2 1 0 
Agora, some os números respondidos e verifique qual a sua percepção da 
velhice e segundo Goldman e Faleiros (2008, p. 24). Quanto mais alto o resultado, 
maior a sua percepção negativa do envelhecimento: 
• Entre 75 e 100, sua adesão aos estereótipos negativos é elevada. 
• Entre 50 e 75, você ainda tem tendência a ver a pessoa idosa de forma 
estereotipada. Entre 25 e 50, você se mantém no limiar dos estereótipos. 
• De 0 a 25, você tem uma percepção menos estereotipada da pessoa idosa. 
E aí, qual foi seu resultado? 
Caso o seu resultado tenha sido acima de 50 pontos, não se culpe, pois o 
nosso país ainda não está bem-preparado para lidar com o envelhecimento. Esse 
tema ainda é recente, não teve tempo de criar mudanças culturais para a 
compreensão do envelhecer. Certamente, ao longo dos nossos estudos, sua 
percepção irá se alterar! 
Um fator importante para compreender o envelhecimento é saber a opinião 
dos idosos sobre essa “condição”, pois, invariavelmente quando buscamos 
referencias de pessoas em ciclos diferentes de vida, a resposta será 
preconceituosa e distorcida (Jardim; Medeiros; Brito, 2006). Mas já sabemos, 
devido aos nossos estudos, que o envelhecimento não é sinônimo de doença, 
apesar das fragilidades que a idade avançada pode apresentar ao nosso 
organismo. 
O envelhecimento possui muita relação com o estilo de vida dos indivíduos 
antes mesmo de chegar a terceira idade, pois atitudes de sedentarismo, má 
alimentação, maus hábitos comportamentais e sociais poderão se agravar nessa 
etapa da vida e aqueles que não possuem capacidade de aceitação e 
adaptabilidade certamente sofrerão mais os impactos da terceira idade que 
outros (Goldman e Faleiros, 2008, p. 24). O ponto de distorção da percepção da 
velhice está nessa homogeneização que fazem das condições fisiológicas dos 
idosos. Sobre isso, Jardim, Medeiros e Brito (2006, p. 27) destacam que “quando 
o idoso é interrogado a respeito do envelhecimento, relata histórias de vidas que 
positivam a velhice e mostram que é uma fase heterogênea, na qual cada idoso 
envelhece de forma diferente”. 
É muito comum associar a velhice como uma etapa da vida que se resume a 
patologias, solidão e morte, mas essa visão sobre o idoso vem de longa data e se 
enraizou na cultura de alguns países, isso foi devido a concepção de que quando 
se chega a terceira idade há uma perda dos papeis sociais e não a alteração 
desses papeis. Entretanto, essa percepção tem sido alterada lentamente ao longo 
dos anos (Jardim; Medeiros; Brito, 2006). 
Mas retomando a questão de se perceber a velhice por meio do olhar do 
idoso aliada a questão cultural, podemos destacar o estudo realizado por Faller, 
Teston e Marcon (2015, p. 128), que apontam as diferentes percepções sobre o 
envelhecimento de acordo com a nacionalidade dos idosos. O resultado aponta 
que “a forma de vivenciar a velhice é influenciada pela cultura da terra natal, mas 
guarda relação com as condições de vida (autonomia, dependência física e 
financeira), a valorização do trabalho, os preceitos religiosos e os laços/relações 
familiares” e, por fim, os autores concluem que “conceber e vivenciar a velhice, 
para além dos aspectos culturais, centra-se nas experiências e nas interações 
singulares ocorridas ao longo dos anos e que, conforme o contexto e o momento 
de vida, ganham contornos significativos”. 
Mais uma vez percebemos que as condições de vida ao chegar na velhice é 
que irão dar os tons de ser idoso, mas isso não corresponde necessariamente 
uma realidade deprimente de solidão, doenças psicologias e físicas, com 
incapacidades e falta de espaço no seio familiar. Essa capacidade de se adaptar e 
de ser recolocado em novos papeis sociais mudam a percepção de “ser velho” e 
isso pode ser evidenciado no estudo citado, em que uma entrevistada mencionou 
que desde os 50 anos já se achava velha e que agora com quase 100, está muito 
velha; já outro individuo de 74 anos menciona que ele só se percebeu velho após 
os 70 anos; uma terceira entrevistada disse que sentiu-se velha quando atingiu a 
terceira idade, ou seja, quando fez 60 anos. Mas será que ela realmente teria esse 
sentimento se não fosse a marca cronológica imposta pela sociedade? (Faller, 
Teston e Marcon, 2015, p. 128). 
A percepção sobre a velhice muda de acordo com a cultura e forma de vida 
das pessoas, mas muito se tem trabalhado para que cada vez mais esse 
sentimento negativo de envelhecimento seja substituído por algo mais positivo. 
Entretanto, isso só será possível se as pessoas se sensibilizarem para essa causa 
ainda quando jovens. 
TEMA 2 – CIDADANIA E PROTEÇÃO SOCIAL 
Para dar início a nossa conversa, é preciso conhecer o conceito de cidadania. 
Para você quando falamos em cidadania o que vem a sua mente? Normalmente 
fala-se muito de cidadania no período de eleições: “exerça sua cidadania, faça 
valer seu voto”. Mas será que é só nesse momento que ela se faz presente em 
nossas vidas? Seria o “poder” do nosso direito? São os direitos que a constituição 
nos dá? 
A cidadania está sim atrelada aos nossos direitos como cidadãos, mas ela vai 
além: 
cidadania é a condição de acesso aos direitos sociais (educação, saúde, segurança, previdência) e 
econômicos (salário justo, emprego) que permitem ao cidadão desenvolver todas as suas 
potencialidades, incluindo a de participar de forma ativa, organizada e consciente da vida coletiva no 
Estado (Lima, Junior, Brzezinski, 2017, p. 2481). 
Para Monteiro e Castro (2008, p. 274), é um “como um conjunto de direitos 
e deveres que um sujeito possui para com a sociedade da qual faz parte. Esta 
cidadania está relacionada à ideia de um status, de um posicionamento jurídico-
legal perante o Estado”, o conceito é corroborado por Lima, Junior e Brzezinski 
(2017, p. 2482) que citam que sua definição possui estreita relaçãocom a vida em 
sociedade e vão além afirmando que “No campo da retórica, o conceito de 
cidadania é um dos mais proclamados, anunciados e prometidos, mas, no campo 
dos fatos, é também um dos mais negligenciados”, ou seja, todos sabem que 
somos cidadãos, que temos direitos, e muitas promessas são feitas com base 
nisso, mas pouco se vê na prática e em poder do povo. Isso ocorre devido à falta 
de engajamento da população pela luta aos seus direitos, afinal, a cidadania é 
uma questão de prática cotidiana que deve ser retirada dos textos legais e 
aplicada. A cidadania pode ser vista como um acordo entre sociedade e o Estado, 
logo, os seus ajustes são realizados por meio da presença das forças sociais. 
Podemos perceber isso quando analisamos a história, conforme aponta imagem 
a seguir. Percebemos que os direitos foram sendo consentidos ao longo dos anos 
e isso devido a expressão popular e social, conforme demonstrado: 
Figura 1 – Evolução da cidadania e direitos 
Fonte: Elaborado com base em Goldman e Faleiro, 2008. 
Assim, percebe-se que foi por meio da luta social que os direitos foram 
sendo ampliados, entretanto, nem toda a sociedade está de acordo com as 
reivindicações. Muitos acreditam que estão sendo prejudicados ao promover 
políticas sociais que não se destinam a eles, mas veja que a “cidadania implica 
um pacto de reconhecimento de direitos e deveres” e, por isso, a educação em 
cidadania se faz tão importante. 
Dentro desse contexto, de direitos e deveres, podemos destacar o papel das 
famílias no âmbito da proteção social, visto que, mesmo com os direitos sociais 
sendo ampliados e que o Estado colocando-se como um responsável por seus 
cidadãos, a responsabilidade e o papel da família não podem e não são 
subtraídos, ao contrário disso, devem ser fortalecidos. Essa função da 
responsabilidade da família para com o bem-estar de seus entes chama-se 
de familismo (Cronemberger; Teixeira, 2015). 
Mas o que é proteção social? Para Cronemberger; Teixeira (2015, p. 133): 
(...) são formas institucionalizadas ou não que as sociedades constituem para proteger seus membros, 
dos riscos sociais ou vicissitudes da vida em sociedade. As formas e os modos de alocação de recursos 
variam de um grupo social para outro, segundo critérios históricos e culturais, e estão submetidos à 
dimensão de poder. 
Todos os povos possuem em maior ou menor grau sistemas de proteção 
social. Cada um terá a proteção social que julga ser adequada, considerando suas 
condições econômicas e culturais. No Brasil, a proteção social iniciou no com 
ações bem esporádicas, tal como a Lei n. 3.397/1888, que foi a Primeira Lei de 
Amparo aos Empregados da Estrada de Ferro. No período da primeira república, 
que durou entre 1889 e 1930, apareceram ações bem incipientes, tais como: 
associações de socorro mútuo ou do auxílio das pessoas mais abastadas da 
sociedade e a promulgação do Decreto n. 1.313/1891, que regulamentou o 
trabalho infantil nas fábricas da capital federal. As primeiras ações realmente 
relevantes para a proteção social só ocorreram em 1923 com a promulgação da 
Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682/1923), que dispunha em seu texto 
que: “em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no país, uma 
caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados” (Brasil, 1923) 
Essa ação social não está diretamente relacionada ao idoso e sim ao 
trabalhador, que trazia reflexos ao idoso, visto que eram caixas de pensão e 
aposentadoria. Essa lei foi importante para despontar a necessidade do debate 
sobre o tema e assim foi feito. Entre os anos de 1930 e 1970 houve uma ampliação 
dos direitos dos trabalhadores, já em 1980 essas lutas por direitos sociais se torna 
mais expressiva e então inicia-se “a reivindicação por um novo padrão público de 
proteção social que ampliasse a cobertura para além do vínculo formal com o 
processo de trabalho e que propusesse como princípio a universalidade dos 
direitos” (Silva; Yazbek, 2014, p. 105). Foi nesse contexto que nasceu a 
Constituição Federal de 1988. 
As ações sociais relacionadas ao público idoso só começaram a ser 
implementadas a partir da década de 1990, com ações sociais que buscavam 
“garantir proteção social como direito de cidadania, principalmente àqueles 
idosos que não detinham os meios necessários para se autossustentarem e nem 
à sua família” (Silva; Yazbek, 2014, p. 107). 
Em janeiro de 1994, foi promulgada a Lei n. 8.842, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Idoso (PNI), que em seu artigo 1° cita a seguridade dos direitos 
sociais do idoso e se responsabiliza por criar condições para promover a 
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade dessa população 
(Brasil, 1994). Cinco anos mais tarde, surgiu a Política Nacional de Saúde do Idoso, 
mediante Portaria Ministerial n. 1.395/1999, que foi posteriormente 
regulamentada pela Portaria n. 2.528, de outubro de 2006, que a renomeou como 
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Em 2003, por meio da Lei n. 
10.741/2003, houve a promulgação do Estatuto do Idoso, que foi mais um marco 
da proteção social dos idosos e os três primeiros artigos dessa lei mencionam a 
quem se destina, quais os direitos e quem são os responsáveis: 
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com 
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da 
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento 
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, 
com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, 
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência 
familiar e comunitária (Brasil, 2003) 
As legislações que foram promulgadas após a década de 1990 muitas foram 
as ações sociais que surgiram em prol dos idosos e o que se nos faz pensar que 
a sociedade brasileira tem se mostrado bastante imbuída da luta por uma melhor 
qualidade de vida dos idoso. Assim sugere “a garantia de esforços que promovam 
a sua condição plena de cidadania, ou seja, procurar assegurar a sua autonomia, 
sua integração e participação efetiva na sociedade” (Silva; Yazbek, 2014, p. 108). 
TEMA 3 – DEMOGRAFIA E ENVELHECIMENTO 
POPULACIONAL 
Para esse tema, nós vamos discutir o que é demografia, porque é tão 
importante saber os dados demográficos e, por fim, a situação demográfica no 
Brasil, com ênfase na população idosa. 
Demografia vem da junção das palavras dêmos + graphein, que 
correspondem, respectivamente, a população e descrever, ou seja, descrever a 
população. Com base na sua etimologia, foi elaborado seu conceito: “A 
Demografia é uma ciência que estuda as populações humanas, objetivando sua 
evolução em um determinado período, seu tamanho, sua distribuição espacial, e 
sua composição quanto a determinada características” (IBGE, 2009). Assim, por 
meio do censo demográfico, que corresponde como principal fonte de 
conhecimento da população brasileira, é possível analisar não só as informações 
sobre o número de habitantes, mas também informações sobre as características 
do domicílio e dos moradores. Segundo Camarano, por meio de informações 
demográficas podemos levantar dados de novas e antigas informações por meio 
de levantamentos em censos, assim como obter informações sobre “registros de 
nascimento e óbitos, movimentos migratórios, pesquisas amostrais, registros de 
seguros de vida e até mesmo outras fontes, tais como registros escolares e de 
veículos motorizados”(Camarano, 2008, p. 112). 
A periodicidade dos levantamentos demográficos iniciou em 1808. Desde 
então, ocorre a cada 10 anos, com algumas exceções que ocorreram ao longo da 
história, tal como em 1910 e 1930, que o censo foi suspenso, 1990, que passou a 
ser realizada em 1991, e em 2020, que foi adiado para 2022 por conta da 
pandemia do Covid-19 (IBGE, [S.d.]). Com base nos censos demográficos, torna-
se possível elaborar a pirâmide etária, um gráfico que “serve para nos fornecer 
informações importantes sobre natalidade, idade média da população, 
longevidade, entre outros temas” (IBGE, [S.d.]). As pirâmides etárias das duas 
últimas décadas (2000 e 2010) demonstram uma alteração no perfil etário da 
população brasileira, conforme demonstra a figura: 
Figura 2 – Pirâmide etária 2000 e 2010 
Fonte: IBGE, 2010. 
O IBGE apresenta uma projeção da evolução etária da década de 2010 até 
2060, a qual aponta um estreitamento da faixa de jovens e um alargamento da 
faixa de idosos: 
Figura 3 – Evolução dos grupos etários de 2010 a 2060 
Fonte: IBGE, S/D. 
Essa mesma compreensão de alteração no perfil etário do brasileiro é 
corroborada por Carvalho e Rodrígues-Wong (2008), que relatam que esse 
processo de envelhecimento populacional vem ocorrendo lentamente (2% a 4% 
ao ano). Assim, enquanto em 1970 tínhamos 3,7% da população idosa, esse 
percentual aumentará para 19% em 2050. 
Como veremos no tema a seguir, a idade da população e a projeção da faixa 
etária auxiliam na programação de políticas públicas e preparo do Estado para as 
próximas décadas. 
TEMA 4 – INFORMAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS 
Para começar a entender o que é epidemiologia, vamos avaliar a sua 
etimologia: Epi, que corresponde a “sobre”; demo, que é “população”, e logos, 
que significa “estudo”. Assim, tem-se o estudo sobre as populações e, de acordo 
com a sua etimologia, a epidemiologia é definida como 
 “o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades 
humanas”. Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a 
epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupos de pessoas, às vezes grupos 
pequenos, na maioria das vezes envolvendo populações numerosas (Montilla, 2008). 
Os principais objetivos da epidemiologia são descrever a distribuição e a 
magnitude dos problemas de saúde das populações humanas; proporcionar 
dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de 
prevenção, controle e tratamento das doenças e estabelecer prioridades; e 
identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Os objetivos 
apontados demonstram a importância da epidemiologia no planejamento e 
gestão da saúde, visto que por meio dos dados epidemiológicos torna-se possível 
monitorar a saúde da população. Diferentemente da ação clínica que tem uma 
atuação mais especifica dos casos (Montilla, 2008). Para compreender a diferença 
entre a atuação clínica e a atuação epidemiológica, destacamos a figura a seguir: 
Figura 4 – Principais diferenças entre as abordagens clínica e epidemiológica 
 Clínico Epidemiológico 
Tipo de 
diagnóstico 
Individual Comunitário/populacional 
Objetivo 
Curar e prevenir a doença 
na pessoa 
Melhorar o nível de saúde da comunidade/identificar 
fatores de risco... 
Informação 
necessária 
História clinica, exame 
físico, exames 
complementares 
Dados populacionais; dados com referência de tempo e 
espaço geográfico de causas de morte, serviços de 
saúde, incapacidade, fatores de risco... 
Ações Tratamento e reabilitação Programas de saúde/promoção 
Monitoramento 
no tempo 
Acompanhamento clínico 
(evitar doenças/melhorar/ 
curar a pessoa) 
mudanças no estado de saúde da população, bem como 
diminuição das taxas de mortalidade, da incidência de 
doença... 
Fonte: Montilla, 2008, p. 138. 
O trabalho da epidemiologia ocorre por meio de dados, sendo que esses 
dados são fornecidos pelos profissionais de saúde, no momento em que 
preenchem formulários, fichas e relatórios sobre os pacientes. No SUS esses 
dados são arquivados por meio dos sistemas de informação criados pelo Data 
SUS (Departamento de Informática do SUS) e estão disponíveis para consulta por 
qualquer cidadão. 
Esses dados arquivados, quando trabalhados de forma correta, 
transformam-se em indicadores, que segundo OPAS são “medidas-síntese que 
contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do 
estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde” (Brasil, 2008, 
p. 13) 
Perceba que dados, informações e indicadores se diferem. O primeiro é 
apenas uma parte da informação, ou seja, é um componente solto; já a 
informação configura-se como um dado mais elaborado, onde houve a junção 
de mais dados e assim torna-se possível ter uma informação. Podemos vislumbrar 
a informação como “a soma de determinados dados perante certo interesse 
temporal e a melhora em um algum grau a qualidade da tomada de decisão” 
(Lima, 2018). O indicador é um passo à frente da informação, ou seja, podemos 
considerar que é a informação trabalhada. Ou seja, um item leva ao outro, 
conforme demonstrado na imagem: 
Figura 5 – Diferença de dado, informação e indicador 
Fonte: Caveião, 2021. 
A qualidade do indicador está relacionada à qualidade das informações, seja 
com relação ao tamanho da população estudada ou precisão da coleta de dados 
etc. (Brasil, 2008). 
Mas como podemos trabalhar com a epidemiologia? Essa é a pergunta que 
iremos responder no próximo tópico. 
TEMA 5 – NOÇÕES BÁSICAS DE EPIDEMIOLOGIA 
 Para descobrir como podemos trabalhar com a epidemiologia de forma 
mais prática, vamos imaginar que trabalhamos em um estabelecimento de saúde 
que tem um programa voltado para os idosos. Assim, vamos precisar de dados 
que subsidiem as decisões que vamos tomar. Diante disso, precisamos fazer um 
levantamento das informações que permeiam as nossas atividades, tais como: os 
determinantes sociais, pessoais, comportamentais, econômicos etc. 
Tendo essas informações, podemos cruzar os dados a fim de encontrar os 
resultados estatísticos que nos auxiliarão na tomada de decisão. Entre os 
resultados, podemos descobrir a relação da morbilidade com a capacidade 
funcional ou a relação entre a capacidade econômica e a qualidade de vida, enfim, 
diversos indicadores que nos auxiliarão na condução das ações. 
Veja que por meio dos dados epidemiológicos conseguimos antever os 
problemas de saúde, fazendo com que agravamentos não ocorram ou sejam 
minimizados. 
Vamos nos basear no material disponibilizado pela Universidade Federal de 
Santa Catarina para apresentar situações em que a epidemiologia se mostra 
eficiente (UFSC/UNA-SUS, 2016, p. 13): 
Quadro 1 – Aplicações da epidemiologia 
Fonte: Elaborado com base em UFSC/UNA-SUS, 2016, p.13. 
Esses são apenas alguns exemplos da aplicabilidade da epidemiologia, mas 
vocês poderão perceber ao longo do curso que ela se faz presente em diversos 
momentos da rotina dos gestores de saúde e dos profissionais, que possuem em 
sua rotina a obrigatoriedade de notificar doenças e acompanhar as políticas 
públicas de saúde. Diante disso, espero que tenhamos conseguido evidenciar a 
importância da epidemiologia na saúde. Afinal, ela auxilia a planejar estratégias 
que auxiliem no combate ou prevenção de doenças. 
NA PRÁTICA 
Vimos nessa aula que as principais leis promulgadas para garantir o direito 
a pessoa idosa foram implementadas a partir de 1990. Por meio da Lei n. 10.741, 
de 1º de outubro de 2003, o Estatuto do Idoso foi criado a fim de regulamentar 
os direitos dessa população. Você conhece o Estatuto do Idoso? Não? Então 
acesse o link disponível a seguir para conhecer as disposições previstas nessa lei. 
Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. Disponível 
em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.pdf>. 
Acesso em: 4jan. 2022. 
FINALIZANDO 
Nessa aula, entendemos que a percepção sobre a velhice muda de acordo 
com a cultura e forma de vida das pessoas, que a velhice pode ser vista de forma 
positiva desde que as pessoas se sensibilizarem para essa causa ainda quando 
jovens. Também vimos que a cidadania está atrelada aos nossos direitos como 
cidadãos e que as ações sociais relacionadas aos idosos só começaram a ser 
implementadas a partir dos anos 90, e desde então muitas legislações foram 
promulgadas na luta por uma melhor qualidade de vida dos idosos a fim de 
promover sua autonomia, integração e participação na sociedade. 
Compreendemos a relação entre a demografia e o envelhecimento 
populacional e que o censo fornece informações como a idade da população e a 
sua faixa etária, auxiliando na programação de políticas públicas e preparo do 
Estado para as próximas décadas. 
Destacamos ainda a importância da epidemiologia no planejamento e 
gestão da saúde, visto que por meio dos dados epidemiológicos torna-se possível 
monitorar a saúde da população, prevendo os problemas de saúde, fazendo com 
que agravamentos não ocorram ou sejam minimizados. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.pdf
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto-Lei n. 4682 de 24 de janeiro de 1923. Cria, em cada uma 
das empresas de estradas de ferro existentes no país, uma caixa de aposentadoria 
e pensões para os respectivos empregados. Disponível em: 
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