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Slides_Psicanálise

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1
Necessidade, Demanda e Desejo ** Aula 11/10/22
Examinemos a satisfação alimentar. Surge na criança um desprazer devido ao estado de
tensão inerente à fonte de excitação da pulsão (fome). A criança apresenta uma necessidade
(Bedürfnis) que exige ser satisfeita. Ao ser-lhe ministrado o alimento, a experiência primeira de
satisfação ocorre num registro essencialmente orgânico. O objeto de satisfação lhe é proposto
sem que ela o busque, sem mediação psíquica. A satisfação está ligada a um prazer imediato,
ligado a redução do estado de tensão originário.
Pulsão – de autoconservação.
Necessidade – sempre vai ser de caráter orgânico.
Um elemento essencial dessa vivência [de satisfação] é o aparecimento de certa
percepção [...], cuja imagem mnêmica, a partir de então, fica associada ao traço mnêmico da
excitação criada pela necessidade. Tão logo essa necessidade volta a se manifestar, ocorre,
graças ao vínculo estabelecido, um impulso psíquico que procura investir novamente a imagem
mnêmica da percepção e suscitar de novo a própria percepção, ou seja, reproduzir a situação da
primeira satisfação. Um impulso desse tipo é o que chamamos de desejo (Wunsch)... (FREUD,
2019, p. 617-8)
Sempre que o desprazer aparecer eu lembro de ter tido uma satisfação anterior.
Eu vou buscar o objeto, mas tenho uma lembrança de satisfação ligada a isso.
Tudo que gera satisfação tende a se repetir.
Traço mnêmico – traço de memória que ficou. Algo que ficou lá perdido, mas que não
temos certeza do que é.
Objeto perdido – o que queremos relembrar, mas não será possível.
A cada necessidade haverá uma satisfação. O objeto da necessidade é possível de ser
localizado.
Após a primeira experiência de satisfação, a manifestação pulsional não pode mais, com
efeito, aparecer como uma pura necessidade. É necessariamente, uma necessidade ligada a uma
representação mnêmica de satisfação. Haverá confusão entre a evocação mnêmica da satisfação
passada com a percepção do acontecimento presente. Confunde-se, portanto, o objeto
representado e o objeto real passível de satisfazer a necessidade.
Na prática vou achar que quero alguma coisa.
Necessidade, demanda e desejo / Fórmulas
****** O desejo (d) subjaz ao sujeito barrado ($) que entra em relação (◊) com o pequeno outro
(a), cuja imagem nos retém, nos cativa, nos sustenta, e na medida em que constituímos em torno
dela aquela primeira ordem de identificações narcísicas, o eu.
A identificação egóica ou narcísica encontra-se, aqui, numa certa relação com a função do
desejo.
Segundo o prof essa parte é essencial!!!!
Porque é um sujeito barrado? Porque insurgiu nele a castração.
O sujeito é parte “Je” parte “Moi”. Tem a raiz no ICS.
O que ele deseja? Nem ele sabe.
O losângulo significa a busca, a procura.
Pequeno outro: é o objeto perdido.
2
Matema – é uma fórmula. É um silogismo que Lacan cria.
“a” - possibilidades. Sempre vai implicar numa metomínia.
Existe uma falta original que comanda todo o resto.
Estádio do espelho – faz a relação com outros objetos.
Num primeiro momento o sujeito barrado se apresenta como “Moi”
O desejo é sempre ICS.
A demanda (D) é dirigida ao grande Outro (A) com sendo lugar da fala, que está em
relação (◊) com desejo (d). O que é significado no Outro (s(A)) tem o valor de insígnia e é com ela
que se produz a identificação que tem por fruto e resultado a constituição, no sujeito, do Ideal do
eu (I).
Demanda: busca por um pedido.
Esse outro (A) vai ser a mamãe ou outro que desempenhe esse papel
Desejo é o desejo do desejo.
O que eu espero é a demanda.
O pai também tem o seu desejo.
I – Ideal do eu
s – significado
A – Nome do Pai, aponta para um desejo.
O triângulo é o assujeito.
O assujeito (∆) em seu caráter aberto se torna sujeito ($), agora em sua relação (◊) com o
fato de que seu desejo passa pela demanda (D)…
O desejo sempre vai se expressar através de uma demanda, é aquilo que eu consigo dar
palavra.
Sempre vai ter algo na demanda que não está claro.
O sujeito barrado sempre vai buscar o objeto.
A relação do homem com o desejo não é uma relação pura e simples de desejo. Não é, em
si, uma relação com o objeto. Se a relação com o objeto estivesse desde logo instituída, não
haveria problema para a análise. Os homens, como se presume que faça a maioria dos animais,
iriam em direção a seu objeto. Não haveria, por assim dizer, essa relação secundária do homem
com o fato de ele ser um animal desejante, e que condiciona tudo o que acontece no nível que
chamamos perverso, ou seja, o fato de ele gozar de seu desejo (Begierde). (Sem 5, p. 324)
A satisfação da demanda nunca é satisfatória.
Gozo como usufruto, complacência.
[...] o sujeito apreende-se como aquele que sofre, capta sua existência de ser vivo como
aquele que sofre, isto é, como sendo sujeito do desejo [...] o desejo humano continuará irredutível
a qualquer redução e adaptação. Nenhuma experiência analítica irá contra isso. O sujeito não
satisfaz simplesmente um desejo, mas goza por desejar, e essa é uma dimensão essencial de seu
gozo. (325)
O prazer sempre vai envolver redução.
Sempre seremos seres desejantes.
Lacan vai preferir com a palavra diferente de Freud. Begierde: desejo que vai buscar algo.
Espinosa ´o desejo é a essência do homem. É como se desejar mantivesse a própria vida.
Um desejo, um desejo original vai dando origem a outros desejos.
Não tem redução, não tem adaptação.
3
Frisei em diversas ocasiões, nas últimas vezes, a maneira como o desejo, na medida em
que aparece na consciência, manifesta-se sob uma forma paradoxal na experiência analítica - ou,
mais exatamente, o quanto esta promoveu um caráter inerente ao desejo como desejo perverso,
que é o de ser um desejo à segunda potência, um gozo com o desejo como desejo. (331)
O desejo articula-se necessariamente na demanda, porque só podemos aproximar-nos
dele por intermédio de alguma demanda. (341)
A demanda está ligada, antes de mais nada, a algo que está nas próprias premissas da
linguagem, isto é, à existência de uma invocação, que ao mesmo tempo é princípio da presença e
termo que permite repeli-la, jogo da presença e da ausência. O objeto chamado pela primeira
articulação já não é mais um objeto puro e simples, mas um objeto símbolo - transforma-se
naquilo que o desejo da presença faz dele. (342)
A base da demanda é o desejo.
A ideia é tentar se aproximar do desejo.
A demanda aparece pela fala.
Uma parte do sujeito vai para o “Moi” e a outra parte vai ficar atrofiada.
Primitivamente, a criança, em sua impotência, constata depender inteiramente da
demanda, isto é, da fala do Outro, que modifica, reestrutura, aliena profundamente a natureza de
seu desejo. (370)
‘Na clínica] Deve então introduzir-se uma coisa diferente, pela qual a originalidade, a
irredutibilidade, a autenticidade do desejo do sujeito é restabelecida. [...] O sujeito reconhece um
desejo para além da demanda, um desejo como não adulterado pela demanda, e o encontra,
situa-o no para-além do primeiro Outro a quem dirigia sua demanda - digamos, para fixar as
ideias, a mãe. (371)
Quantas voltas são dadas? (sem. 9)
Aqui dá pra ter um vislumbre da ordem do sujeito.
d – linha do desejo;
D – linha da demanda. (sem 9)
O desejo em si é irrealizável.
Objeto a
** Se este objeto os apaixona é porque ali dentro, escondido nele, há o objeto do desejo,
agalma. É isso que dá o peso, a coisa pela qual é interessante saber onde está ele, este famoso
objeto, qual é sua função, onde ele opera tanto na inter como na intra-subjetividade.
** Este objeto desempenha aí um papel que tentei formalizar na fantasia, e ao qual voltarei
da próxima vez. (sem. 8, p. 150)
** Aí está situado o ponto de experiência que faz com que Alcibíades considere que em
Sócrates está esse tesouro, esse objeto indefinível e precioso que vai fixar sua determinação,
depois de ter desencadeado seu desejo. (sem 8, p. 155)
Lacan vai trabalhar com isto aqui a partir de um texto de Platão (O banquete).
Agalma – alguma coisa que a pessoa acreditaser o objeto do desejo. Literalmente significa
estátua.
A pessoa é afetada pelo agalma.
4
Je como desejo e o Moi dando objetos para ele.
Sócrates se torna um objeto para Alcebíades.
Passagem da necessidade para a pulsão, que é satisfeita na própria zona erógena:
Em todo caso o que força a distinguir essa satisfação do puro e simples auto-erotismo da
zona erógena, é esse objeto que confundimos muito frequentemente com aquilo sobre o quê a
pulsão se refecha (faz um elo) - este objeto, que de fato é apenas a presença de um cavo, de um
vazio, ocupável, nos diz Freud, por não importa que objeto, e cuja instância só conhecemos na
forma de objeto perdido, a minúsculo - objeto a. (sem 11, 170)
Experimentamos satisfação no objeto da pulsão, na própria
origem.
Pulsão – aquilo que num primeiro momento se mostra.
A pulsão que não precisa de objeto é autoerótica.
O alimento satisfaz a necessidade.
O objeto a minúsculo não é a origem da pulsão oral. 
Ele não é introduzido a título de alimento primitivo, é
introduzido pelo fato de que nenhum alimento jamais satisfará a
pulsão oral, senão contornando-se o objeto eternamente faltante.
(sem. 11, p. 170)
Fantasia
** Matema da fantasia: 
** “sujeito barrado em busca de a”; “sujeito barrado em relação com a”
** Um objeto pode assumir também, com relação ao sujeito, esse
valor essencial que constitui a fantasia fundamental. O próprio sujeito
se reconhece ali como detido, ou, para lembrar-Ihes uma noção mais
familiar, fixado. Nessa função privilegiada nos o chamamos a. (8, p.
172)
Porque há a busca? Porque algo falta.
A vida gravita ao redor desta busca.
Realidade psíquica para Freud – fantasia para Lacan.
A nossa realidade se confunde com a nossa fantasia.
Podemos dizer que estamos aprisionados em uma fantasia.
Fantasma – fantasia em francês.
Fantôme – fantasma em francês.
A fantasia é constituída, emoldurada a partir do desejo.
Travessia da fantasia – quando acontece a separação.
Alienação / separação
Alienação:
A bolsa ou a vida! Se escolho a bolsa, perco as duas. Se escolho a vida, tenho a vida sem
a bolsa, isto é, uma vida decepada. Vejo que me fiz suficientemente compreender.
A alienação é basicamente o Je perder a propriedade de escolher, quem vai escolher é o
Moi.
5
Para entrar na realidade a gente entra na fantasia. Uma condição da realidade é passar pela
fantasia.
Foi em Hegel que encontrei legitimamente a justificação dessa apelação de vel (véu –
aquilo que recobre) alienante. Do que se trata, nele? - economizemos nossos tratos, trata-se de
engendrar a primeira alienação, aquela pela qual o homem entra na via da escravidão. A liberdade
ou a vida! Se ele escolhe a liberdade, pronto, ele perde as duas imediatamente – se ele escolhe a
vida, tem a vida amputada da liberdade.(sem 11, 201)
Separação:
Enquanto que o primeiro tempo está fundado na subestrutura da reunião, o segundo está
fundado na subestrutura que chamamos interseção ou produto. Ela vem justamente situar-se
nessa mesma lúnula onde vocês reencontrarão a forma da hiância, da borda.
Separação – é tentar romper a alienação que foi feita.
A interseção de dois conjuntos é constituída pelos elementos que pertencem aos dois
conjuntos. É aqui que se vai produzir a operação segunda, em que o sujeito é conduzido por essa
dialética. Esta operação segunda é tão essencial de ser definida quanto a primeira, porque é aí
que vamos ver despontar o campo da transferência. Eu a chamarei, introduzindo aqui meu
segundo termo, a separação. (sem 11, 202)
Caso M.H.
Meu pai,... todo mundo, me chama de burra e de gorda…(objeto e significante. É o que o
sujeito pegou para si)
O sujeito barrado em busca de “burra” e de “gorda” (relação imaginária)
Alienação
“Soma lógica”
“OU”
Mas por que sou burra? Eu estudei! Eu sou professora! (simbolização)
Separação
“Produto lógico”
“E”
Travessia da fantasia (sem XIV)
Estamos alienados em significantes, porque estes fazem o papel do objeto. A pessoa vai
sofrer, mas não só isso – vai ter gozo também.
O primeiro conjunto (a primeira figura) vai querer dizer que o eu está alienado do outro,
mas o outro não se aliena no eu.
O processo de análise vai procurar fazer a interseção (segunda figura de conjunto). Daí fica
nítida a distinção de um conjunto e outro.
Ela sai da relação de uma mobilidade com o objeto.
Travessia da fantasia: seria o final do processo!
6
Os 4 Discursos ** Aula
27/10/22
LACAN, J. Seminário 17 – O avesso da Psicanálise (1969-1970)
• O avesso da psicanálise (sem 17 – 1969/70) foi proferido em meio a um período de turbulência
no campo universitário francês. Maio de 1968, como ficou conhecido, foi um movimento estudantil
que questionou as instituições e o poder, bem como suas bases, dentre elas o próprio saber. Além
disso: modificações nas configurações familiares, nas relações de trabalho, em suma, reflexão
forçada sobre novas formas de fazer o laço social, que se reflete nos tipos de discursos. 
Discurso é uma “estrutura necessária, que ultrapassa em muito a palavra, sempre mais ou menos
ocasional. O que prefiro, disse, e até proclamei um dia, é um discurso sem palavras. É que sem
palavras, na verdade, ele pode muito bem subsistir. Subsiste em certas relações fundamentais.
Estas, literalmente, não poderiam se manter sem a linguagem. Mediante o instrumento da
linguagem instaura-se um certo número de operações estáveis - no interior das quais certamente
pode inscrever-se algo bem mais amplo, que vai bem mais longe do que as enunciações efetivas.”
(1972, p. 11), no seminário 17 (1969-70) 
Buscando esclarecer a o que Lacan se refere, é preciso que compreendamos o discurso como
algo muito além da vinculação de uma mensagem e mais como uma “estrutura linguageira”, na
qual são definidas as partes que a compõe e que configuram as posições de agente, do outro, da
verdade e da produção. Tal estrutura, portanto, desencadeia seus efeitos a partir dela mesma,
além da mensagem, propriamente dita. 
A mensagem em si não esgota um sentido. Conforme as partes estão organizadas temos
um efeito. Todo discurso tem um agente através do qual parte o discurso. E existe um
outro, que é quem recebe o que está sendo transmitido.
Verdade subjacente ao discurso – para que um discurso seja proferido tem que ter uma
base, um fundamento.
Dependendo de quem ocupa a posição de agente temos um discurso.
Essa estrutura criada por Lacan era pra organizar. Vai dizer que determinados discursos
são produtores de x questões.
A dialética é um discurso. 
A ideia do discurso vai além da mensagem
• Lacan explicita sua intenção, como sendo algo que faz parte de um projeto e não apenas uma
moda: 
7
• No texto De nossos antecedentes, caracterizo o que constitui meu discurso como uma
retomada – disse eu – do projeto freudiano pelo avesso. Escrito portanto bem antes dos
acontecimentos – uma retomada pelo avesso. (p. 10) 
• No Avesso.., Lacan coloca Freud numa posição de mestre (pai), bem como a instituição
psicanalítica. Formula suas teorizações na perspectiva de uma superação das concepções
vigentes. 
A posição do mestre é uma posição discursiva.
• No Seminário 11
• Se o sujeito é o que lhes ensino, a saber, o sujeito determinado pela linguagem e pela fala, isto
quer dizer que o sujeito, in initio, começa no lugar do Outro, no que é lá que surge o primeiro
significante. 
É o que transforma o filhote do homem no sujeito. S1 – primeiro Significante ou
Significante mestre.
• Ora, o que é um significante? Eu o matraqueio há muito tempo para vocês, para não ter que
articulá-lo aqui de novo, um significante é aquilo que representa um sujeito, para quem? - não
para um outro sujeito, mas para um outro significante. (187) 
Lacan vai criticar a ontologia da filosofia. O sujeito é sempre um vir a ser. O próprio sujeito
é a essência do significante.
• O sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante. Mas por este fato mesmo, isto -
que antes não era nada senão sujeito por vir - se coagulaem significante. (187) 
Um S1 incide sobre um S2 e a partir daí faz um sujeito.
Algumas coisas se atualizam. Outras não. Isso é o momento da constituição do sujeito.
• No Seminário 16, De um Outro ao outro, Lacan inicia a matematização do discurso: 
• A primeira fórmula indica que, em sua relação com outro significante, S2, um significante S1
representa o sujeito, o S barrado, que jamais poderá aprenderse (p.22): 
O $ - efetivamente nunca vamos saber quem é o sujeito. É a totalidade, mas tem coisas não
representadas nela também.
• No Seminário 16, De um Outro ao outro, Lacan introduz a noção de mais-de-gozar: 
• Um sujeito é aquilo que pode ser representado por um significante para outro significante.
Não será isso calcado no fato de que, no que Marx decifrou, isto é, a realidade económica,
o sujeito do valor de troca é representado perante o valor de uso? É nessa brecha que se
produz e cai a chamada mais-valia. 
• Em nosso nível, só importa essa perda. Já não idêntico a si mesmo, daí por diante, o
sujeito não goza mais. Perde-se alguma coisa que se chama o maisde-gozar. Ele é
estritamente correlato à entrada em jogo do que determina, a partir de então, tudo o que
acontece com o pensamento. (21) 
Tem muita relação com a ideai marxista.
Mais valia: significa que o trabalhador vale mais do que recebe. Acontece que ela foi
perdida pelo trabalhador porque ele se satisfaz com o salário.
Lacan faz essa comparação – na medida que o trabalhador perde a mais valia nós
perdemos o objeto “a”.
8
• A segunda (fórmula) pretende assinalar que um significante qualquer na cadeia, aqui o S3, pode
ser relacionado com o que não passa, no entanto, de um objeto: o pequeno a, que é fabricado na
relação com o mais-de-gozar (p.22): 
S3 ◊ a 
O sujeito barrado vai buscar um objeto com o qual vai se identificar. Vai colocar outros
objetos no lugar do objeto perdido e isto vai fazer ele gozar. A pessoa goza e sofre ao
mesmo tempo.
Cadeia significante: S1, S2, S3, …..
Estamos dentro de uma estrutura de linguagem. O significante é o que circula.
Lacan vai dizer que o S2 conduz toda a cadeia. A partir do significante mestre vão surgir
todos os outros.
O que é o S3? Apenas mais um significante que entra na cadeia.Esses significantes que
estou procurando são para simbolizar minha falta.O S3 é a cadeia em si.
• Isso tudo resulta em: 
** Este seria o primeiro discurso:
S1 representa o sujeito para o S2 que estaria
em busca de um outro objeto, busca por
algo mais.
• 4 Lugares: 
O discurso sempre vai
partir do agente que está embasado na verdade.
O discurso sempre vai estar baseado em algo parcial segundo Lacan.
• 4 Lugares 
• agente (semblante, poder): organiza a produção discursiva e domina o laço social. 
• Dizer a [posição] dominante quer dizer exatamente aquilo com que finalmente designo, para
distingui-las, cada uma das estruturas desses discursos, denominando-as diferenciadamente
como discurso do universitário, do mestre, da histérica e do analista, segundo as diversas
posições desses termos radicais. Digamos que, não podendo dar imediatamente um outro valor a
este termo, chamo de dominante o que me serve para denominar esses discursos. (44) 
Agente: semblante, aquilo que aparece sobre o outro.
• 4 Lugares 
• outro: aquele a quem o discurso se dirige; o outro precisa do agente. Todo discurso se dirige a
um outro, ainda que não uma pessoa específica. 
• 4 Lugares 
• produção (perda): efeito do discurso, é o que resta 
• Produz-se, conforme o caso, um sujeito, um saber, um objeto perdido, que implica em um
retorno ou uma compulsão, uma tentativa de restabelecer o gozo. 
Os diferentes discursos produzem coisas diferentes.
• 4 Lugares 
• verdade: sustenta o discurso, mas é acessível apenas pelo semi-dito 
9
A outra metade não é dita porque é inconsciente.
• Se há algo que toda a nossa abordagem delimita, que seguramente foi renovado peIa
experiência analítica, e justamente que nenhuma evocação da verdade pode ser feita se não for
para indicar que ela só é acessível por um semi-dizer, que ela não pode ser inteiramente dita
porque, para além de sua metade, não ha nada a dizer. Tudo o que se pode dizer é isto. Aqui, por
conseguinte, o discurso se abole. Não se fala do indizível, por mais prazer que isto pareça dar a
alguns. (53) 
O prórpio discurso se abole, o próprio efeito do discurso vai contra ele mesmo.
Indizível – não dá para dizer.
Objeto ‘a” - algo que foi perdido, que n]ao consigo colocar na minha construção de
palavras.
• 4 Termos: 
• S1 – o significante mestre, significante pelo qual os outros significantes são ordenados. É por
não ter alguma coisa que vou buscá-la.
• S2 – o saber constituído enquanto cadeia de significantes 
• $ – o sujeito barrado, castrado 
• a – objeto a, o mais-de-gozar, causa do desejo 
• Discurso do Mestre (DM): 
• Um mestre
(senhor) produz um saber sobre o outro (escravo) e extrai dele um mais-de-gozar. Mas o mestre é
castrado, todavia essa verdade fica abrigada, oculta, não pode aparecer. 
A verdade do senhor, do mestre é que ele é o sujeito barrado. Pela estrutura ocupa a
posição de mestre e influencia o outro.
O mestre tem medo que o escravo se revolte contra ele.
A seta para direita sempre vai representar a ação de um sobre o outro !! Mas sempre vai ser
uma ação impossível!!
• Discurso do Mestre 
• Tomemos a dominante do discurso do mestre, cujo lugar é ocupado por S1. Se a chamássemos
de a lei, faríamos algo que tem todo seu valor subjetivo e que não deixaria de abrir a porta para
um certo número de observações interessantes. 
• Discurso Histérico (DH - progressão do DM): 
• O discurso histérico apresenta o agente como sujeito castrado, que procura um mestre que
produza um saber, mas apenas para destitui-lo, pois na verdade quer ser o objeto de desejo. 
10
Não quer dizer que tem uma patologia.
Quem está no lugar do outro é o mestre. 
Aqui há um sujeito que procura saber que sujeito é.
O pré-requisito é que quem está na posição de agente é de que saiba que teve a castração.
O que está na posição da verdade do $? Que nem essa pessoa sabe qual é a verdade que
ele sustenta. Eu quero que o outro me diga, mas o que ele me diz não vai me representar.
O mestre produz um saber mas que não corresponde à verdade, mas há um investimento. 
 O objeto “a” também é o objeto do desejo.
O discurso histérico também é chamado de discurso da sedução.
• Discurso histérico: 
• No nível do discurso da histérica é claro que essa dominante nós a vemos aparecer sob a forma
do sintoma. É em torno do sintoma que se situa e se ordena tudo o que é do discurso da histérica.
(45) 
O sintoma é algo inerente ao sujeito dividido. O discurso do histérico sempre vai ser algo
sedutor, porque ele busca um objeto do desejo, porque eu não quero saber o que você diz
que eu sou.
• Discurso Universitário (DU – regressão do DM): 
• O discurso
da universidade age pelo saber que não se responsabiliza, sobre o outro que é um objeto,
produzindo um sujeito dividido. Tem como verdade um mestre que não se revela. 
É um discurso do saber, discurso do ensino. Vai fazer uma regressão, vai virar no sentido
anti-horário.
O saber quando incide sobre o outro produz um objeto.
No lugar da verdade está um mestre oculto. Por tras do saber existe um interesse.
Um saber é transmitido a partir de onde. Tomamos o saber, mas não necessariamento
reconhecemos de onde vem. Tem um agente que não está claro para ser visto aqui.
• Discurso Universitário 
• O discurso universitário... é o que mostra onde o discurso da ciência se alicerça. O S2 tem aí o
lugar dominante na medida em que foi no lugar da ordem, do mandamento, no lugar
primeiramente ocupado pelo mestre que surgiu o saber. (109) 
É um saber que não se responsabiliza porque o mestre está oculto.
• Discurso do Analista (DA – progressão do DH): 
11
• O discurso do analista tem no lugar do agente o objeto causa de desejo (semblante). Sustentaessa posição para que o outro se apresente como castrado, extraindo os significantes que o
representam. Na posição da verdade, existe o saber não sabido. 
A – ocupa o lugar do agente. O analista se coloca como objeto “a”. O $ vai fazer um tipo de
investimento sobre o analista. Não é como o mestre, porque o mestre domina o outro. Já o
analista não.
• Discurso do Analista: 
• Disse há pouco como pode ser ocupado esse mesmo lugar dominante, quando se trata do
analista. O próprio analista tem que representar aqui, de algum modo, o efeito de rechaço do
discurso, ou seja, o objeto a. (45) 
Na posição da verdade existe um saber, mas aqui é um saber não sabido.
“Saber não sabido que no fundo é sabido” Isso é o paradigma da análise. Alguns saberes
vaõ passar a aparecer.
Algo foi dito e algo foi captado. O que não foi captado se perde.
• O que o analista institui como experiência analítica pode-se dizer simplesmente – é a
histerização do discurso. Em outras palavras, é a introdução estrutural, mediante condições
artificiais, do discurso da histérica. (33) 
Na figura não é a toa que o analista está oposto ao mestre. Na análise você permite que o
analisando mostre.
O quadro não é estático. O discurso vai girando, vai se modificando.
O discurso Universitário e o Histérico são opostos um ao outro.
O discurso do mestre tende a ser perverso.
O único discurso que vê o outro como sujeito é o do analista.
O analista está lá ocupando uma posição no começo, que ainda não sabemos qual é.
Nem sempre o ques está acontecendo na análise é análise.
Para ter análise o discurso analítico tem que predominar.
É mais difícil entrar no discurso do analista.
• Eis o que quer dizer o discurso da histérica, industriosa como ela é. Ao dizer industriosa, assim
no feminino, fazemos da histérica uma mulher, mas isto não é privilégio seu. Muitos homens se
analisam e, só por este fato, são forçados também a passar pelo discurso histérico, pois essa é a
lei, a regra do jogo. (34) 
12
• Seja como for, para dar uma fórmula mais ampla do que ao localizá-la no plano da relação
homem-mulher, digamos que, lendo apenas o que inscrevi ali quanto ao discurso da histérica,
nem sempre sabemos o que é esse . Mas se é de seu discurso que se trata, e esse discurso é o
que possibilita que haja um homem motivado pelo desejo de saber, trata-se de saber o quê? – que
valor ela própria tem, essa pessoa que está falando. Porque como objeto a, ela é queda, queda do
efeito de discurso, por sua vez quebrado em algum ponto. (35) 
• O que a histérica quer que se saiba é, indo a um extremo, que a linguagem derrapa na amplidão
daquilo que ela, como mulher, pode abrir para o gozo. Mas não é isso que importa à histérica. O
que lhe importa é que o outro chamado homem saiba que objeto precioso ela se torna nesse
contexto de discurso. (35) 
• Não estará aí, afinal, o próprio fundamento da experiência analítica? Pois digo que ela dá ao
outro, como sujeito, o lugar dominante no discurso da histérica, histeriza seu discurso, faz dele um
sujeito a quem se solicita que abandone qualquer referência que não seja a das quatro paredes
que o envolvem, e que produza significantes que constituam a associação livre soberana, em
suma, do campo. (35) • Não esperem portanto de meu discurso nada mais subversivo do que não
pretender a solução. (73) 
O analista nunca deve se submeter à posição de mestre.
• Ela [a histérica] quer um mestre. É o que está no cantinho acima e à direita, para não nomeá-lo
de outro modo. Ela quer que o outro seja um mestre, que saiba muitas e muitas coisas, mas,
mesmo assim, que não saiba demais, para que não acredite que ela é o prêmio máximo de todo o
seu saber. Em outras palavras, quer um mestre sobre o qual ela reine. Ela reina, e ele não
governa. (136) 
 ** Aula 03/11/22
• Impossibilidade/impotência 
• “É como se analisar fosse a terceira daquelas profissões “impossíveis”, em que de antemão se
sabe que o resultado será insatisfatório. As outras duas, conhecidas há muito mais tempo, são
educar e governar.” (FREUD, 1937/2018, p. 319) 
• Não se pode deixar de ver o recobrimento entre estes três termos e aquilo que distingo este ano
como o que constitui o radical dos quatro discursos. (LACAN, sem 17, p. 177) 
• É na etapa em que ocorreu de se definir que é impossível demonstrar-se como verdadeiro o
registro de uma articulação simbólica que o real se situa, se o real se define como o impossível.
Eis o que pode servir-nos para medir nosso amor pela verdade - e também o que pode nos fazer
tocar de perto por que governar, educar, analisar também, e - por que não? Fazer desejar, para
completar com uma definição o que caberia ao discurso da histérica, são operações que, falando
propriamente, são impossíveis. (Sem 17, 183) 
A histérica que ser o objeto de desejo, mas não temos muita clareza do que é o objeto de
desejo, porque ele é ICS.
Eu acho que …. Nunca vamos ter uma certeza!!
O real sempre vai estar na base ainda. Sempre vai estar perturbando.
Os discursos nunca recobrem completamente o real. A verdade vai sempre ser uma meia
verdade ou semiverdade.
13
• A primeira linha comporta uma relação que está indicada aqui por uma flecha, e que se define
sempre como impossível. No discurso do mestre, por exemplo, de fato é impossível que haja um
mestre que faça seu mundo funcionar. Fazer com que as pessoas trabalhem é ainda mais
cansativo do que a gente mesmo trabalhar... O mestre nunca faz isso. Ele dá um sinal, o
significante-mestre, e todo mundo corre... (185) 
 **O que está aqui não é a
 verdade que o mestre espera!!
A produção nunca vai ser o que o mestre deseja.
O lugar da verdade é inacessível.
A impossibilidade tem a ver com a existência. “A falta que nos habita”
• Quaisquer que sejam os sinais, os significantes-mestres que vêm se inscrever no lugar do
agente, a produção não tem, em qualquer caso, relação alguma com a verdade. Pode-se fazer
tudo o que se quiser, pode-se dizer tudo o que se quiser, pode-se tentar conjugar essa produção
com as necessidades, que são necessidades que se forjam, mas não adianta. Entre a existência
de um mestre e a relação de uma produção com a verdade, não há como sair disso. 
• Toda impossibilidade, seja ela qual for, dos termos que colocamos aqui em jogo, articula-se
sempre com isso – se ela nos deixa em suspense quanto à sua verdade, é porque algo a protege,
algo que chamaremos impotência. (185) 
• Tomemos por exemplo, no discurso universitário, esse primeiro termo que aqui se articula no
termo S2, e que está na posição de uma pretensão insensata, de ter como produção um ser
pensante, um sujeito. 
• Como sujeito, em sua produção, de maneira alguma poderia se perceber por um só instante
como senhor do saber. (185) 
**A transmissão do saber nunca vai ser exata. As pessoas nunca vão aprender do mesmo
jeito. 
O que é impossível não pode existir ao passo que o que é impotente não tem recurso.
• Tomemos agora o discurso da histérica... Também não é possível que, pela produção de saber,
se motive a divisão, o dilaceramento sintomático da histérica. Sua verdade é que precisa ser o
objeto a para ser desejada. O objeto a é afinal de contas um pouco magrelo, embora, é claro, os
homens adorem isso e não possam sequer vislumbrar se fazer passar por outra coisa – outro sinal
da impotência cobrindo a mais sutil das impossibilidades. (186) 
Neste discurso todo saber é impotente. O que se produz nesse discurso é um saber, mas a
verdade está no lugar do objeto do desejo.
Discurso fadado a ser impossível de fato, igual a todo discurso.
A verdade é motivada pelo desejo.
• Chegamos enfim ao nível do discurso do analista... Somos completamente impotentes para
vinculá-lo ao que está em jogo na posição do analista, a saber, a sedução de verdade que ele
apresenta, de vez que saberia um bocado sobre o que em princípio representa. 
O que está na posição da verdade? Um saber, um saber de como manejar com a falta.
O analista é especialistanum processo, mas conteúdo quem dá é o analisando. O analista
ocupa a posição do semblante, o que parece ser para o sujeito.
14
• Será que acentuo o bastante a relevância da impossibilidade de sua posição, na medida em que
o analista se coloca em posição de representar, de ser o agente, a causa do desejo? (187)
• Caso E 
• E vem para análise depois de ter recebido indicação de uma amiga, que comentou estar fazendo
análise e despertou certa curiosidade sobre o analista da amiga. 
“O meu desejo é o desjo do outro”
• Agenda e comparece ao atendimento, iniciando sua fala por queixas gerais, envolvendo
competição no ambiente de trabalho e familiar. No trabalho, tem receio dos colegas pois acredita
que é invejada por eles. Na família, o clima de competição não é menor, mas gira ao redor de ser
a filha mais querida, dentre mais um irmão e uma irmã. Ela é a mais velha dos três. Quando
apresenta queixas nesse sentido, apressa-se em justificar-se: no trabalho sabe das coisas porque
é mais experiente; na família porque é a mais velha e conhece melhor a todos os envolvidos... 
• Faz várias sessões descrevendo um quadro geral dessa situação competitiva, com suas
respectivas explicações sobre o que acontece. “Sabe das coisas”; “explicações sobre o que
acontece” 
Ocupa a posição de mestre.
• O analista, manejando o silêncio e fazendo pontuações, em dado momento encontra uma
abertura para a seguinte intervenção: 
• Você ainda não falou sobre relacionamentos... 
• E reage com surpresa: como não? Falei sim, você que não se lembra! 
• O analista permanece em silêncio... 
• E fica em dúvida: Será que não falei?! Falei... Não falei... E agora?... 
O analista fica em silêncio, para fazer a falta. Quando o paciente começa a se questionar sai
da posição de mestre. Daí aparece a divisão do sujeito.
• A partir dessa sessão, E retoma suas queixas, mas agora convoca o analista a fornecer sua
opinião e a explicar o que ocorre com ela e porque tem enfrentado essas dificuldades (insiste em
que o analista ocupe o lugar de “mestre”, o qual evita que isso ocorra). 
• Em dado momento, surge a questão, por parte de E: Mas porque estou sozinha? 
15
• A devolutiva da mesma questão: “Por que você está sozinha?” instala a falta no discurso, na
posição de agente. 
• Caso F: 
• F inicia a análise se mostrando interessada no processo, diz que tenta entender como é a
psicanálise e pede que a pessoa que está a atendendo explique o funcionamento. 
• Quem lhe atende “sucumbe à tentação” de ocupar o lugar do mestre e dá uma série de
informações gerais sobre psicanálise. 
• F questiona, logo em seguida, como fica a situação da psicanálise diante de tantos avanços na
neurociência... 
• F comparece para a segunda sessão, onde basicamente a mesma dinâmica se repete. Há uma
dificuldade de quem lhe atende para evitar o lugar do mestre. 
• Não comparece nas sessões posteriores. 
• Caso G: 
• G é um homem de cerca de 40 anos, que traz como queixa principal uma grande preocupação
com o trabalho. Relata que é funcionário de uma empresa de consultoria e que atende outras
empresas de grande porte e que é necessário apresentar-se sempre impecavelmente e com o
desempenho máximo. Inicia sua jornada de trabalho às 7h30 e se estende até 20 ou 21 horas,
todos os dias da semana. Nos finais de semana, leva trabalho para casa e às vezes comparece
na empresa para resolver alguma pendência. Enfrenta protestos da esposa e da filha aos quais
responde: mas é o meu trabalho, tenho muita coisa para fazer e eles sempre me exigem demais!
(SIC) 
Discurso do universitário é também o discurso da burocracia.
• Durante os atendimentos, G narra minuciosamente suas dificuldades e reapresenta suas
questões colocando-se de forma passiva diante dos acontecimentos. Dá a entender que é
competente e hábil no trabalho, conseguindo comandar uma equipe e fornecer resultados
esperados pelos seus diretores. 
16
• Caso G (cont.) 
• Mas essa posição original oscila com outra, aliás se não fosse assim, provavelmente G não
buscaria a análise: “Eu fico pensando, porque que eu não abro minha própria empresa, sei
trabalhar, sei fazer tudo o que precisa, e fico me matando... para os outros! Já que é assim,
poderia me matar de trabalhar por minha conta mesmo” 
• A medida em que fala e é escutado, G verbaliza frequentemente: “ainda não tinha pensado sobre
isso”; “não tinha me tocado disso”; “nunca percebi”. Começa a estabelecer uma curiosidade sobre
o outro, quem são seus funcionários, o que fazem além do trabalho. Traz novas referências de
pessoas, colegas de empresa e de cargo, mas que não lhe chamavam a atenção anteriormente.
Surge a questão: por que eu estou sempre preocupado? Começa a olhar os outros de outra
maneira.
• Em uma sessão relata que conversou com outro consultor sobre a rotina de trabalho e a vida
familiar dele; embora também muito ocupado, tinha outra relação com o trabalho e com a família.
G se debate com essa questão, enxergando no outro, um mestre, mas modifica sua percepção. A
partir disso, G passa a se interrogar: como ele consegue viver assim? Por que eu não consigo
viver assim? 
* Progressão – girar no sentido horário.
* Regressão – girar no sentido anti-horário.
17
Nó borromeu
LACAN, J. SEMINÁRIO 19 – 23
(1972 – 1976)
Laço de união, mas de
independência ao
mesmo tempo. Tem que ter união pra ter força, unidade, consistência, mas ao mesmo
tempo tem que ter autonomia.
Eu vou dizer – é minha função – vou dizer mais uma vez – porque eu me repito – o que é
um dizer meu e que se enuncia: não há metalinguagem (uma linguagem que explique a
linguagem)(p. 126). Meta significa ir além.
A linguagem tem limite. Nunca vai esclarecer tudo. 
E é mesmo nisto que esse Outro, esse Outro na medida em que aí se inscreve a
articulação da linguagem, quer dizer a verdade, o Outro deve ser barrado, barrado por isso que
qualifiquei há pouco de um-a-menos. O S ( ) é o que isso quer dizer. (p. 139)(LACAN,
15/maio/1973)
O interesse por isso veio muito tardiamente, digamos que, se é que eu posso ter sombra
demérito, é que quando soube desses negócios, do nó borromeano, achei-o nas anotações de
uma pessoa que vejo de vez em quando e que o recolhera em anotações do seminário de
Guilbaud.
Uma coisa é certa, foi que eu tive imediatamente a certeza de ser aquilo algo precioso,
precioso para mim, para o que tinha a explicar, imediatamente relacionei esse nó borromeano com
o que, desde então, se mostrava a mim como rodelas de barbante, algo provido de uma
consistência particular, que faltava ainda ser sustentada mas que era para mim reconhecível no
que eu enunciara, desde o início do meu ensino, o qual, sem dúvida eu não teria emitido, não
sendo levado a isso por natureza, não teria emitido sem…
..um apelo, ligado de maneira mais ou menos contingente a, digamos, uma crise no
discurso analítico; é possível que, com o tempo, me desse eu conta de ter sido, apesar de
tudo, necessária essa crise, desatá-la, mas circunstâncias foram necessárias, para que eu
passasse ao ato.
Esses nós borromeanos vieram-me, então, a calhar e desde logo eu soube ter isso uma
relação que punha o Simbólico, o Imaginário e o Real numa certa posição, uns em relação aos
outros, cujo nó incitava-me a enunciar algo que, como já disse aqui, os homogeneizava.
(18/março/1975)
18
Há três regiões de interseção correspondentes a três formas de gozo em sua relação com o
objeto a: entre o real e o simbólico, Lacan nomeia o gozo fálico; entre o
imaginário e o real, o gozo do Outro; e entre o simbólico e o imaginário situa o gozo (jouissance)
do sentido - jouisens, termo que em francês abarca ainda pela homofonia a dimensão da escuta
"j'oui" ("eu ouço")
O real que nos habita e nos faz gozar sempre vai estar por aí. Segundo Lacan a ideia do nó
de Borromeu é pra dizer que há um real que vai ter que ser tratado.
Ga é o gozodo outro.
A fantasia é o que vai emergindo na constituição do sujeito imaginariamente. A fantasia
está no nível do Moi. A fantasia é uma realidade possível dada em cada momento.
O real é tudo aquilo que não representamos.
_________________________________________________________________________
** Aula 10/11/22
Lacan concebe três diferentes invasões de um registro sobre outro para indicar nelas a
clássica trilogia clínica freudiana: a invasão do simbólico no real corresponde ao sintoma; a
invasão do imaginário no simbólico corresponde à inibição; e a invasão do real no imaginário
corresponde à angústia.
A emoção é inata. O sentimento não.
O imaginário é definido como da ordem do sentido; o real, Lacan o considera o não-sentido
ou não senso, ou seja, o avesso do imaginário; quanto ao simbólico, podemos resumir toda a
concepção lacaniana do significante afirmando-o enquanto eminentemente binário e definindo-o
como da ordem do duplo sentido.
O real é da ordem do não sentido porque não conseguimos representar. O sentido é dado
simbolicamente pela cultura. No simbólico você abre pra vários sentidos, no mínimo dois.
Assim, a inibição é o efeito da invasão do simbólico pelo imaginário, isto é, ela representa
a redução máxima do duplo sentido ao sentido unívoco;
O sintoma aparece como uma resposta a algo que você fez. Na inibição você nem faz nada,
nem chega a formar o sintoma.
O sintoma, sendo a invasão do real pelo simbólico, tem como paradigma excelente o
sintoma histérico, que subverte a anatomia e expressa simbolicamente os dois lados (duplo
sentido) do conflito neurótico: a verdade de seu desejo inconsciente e a resistência a ele;
O sintoma em si aparece como sendo uma função genuína, mas tem um outro sentido que
é exatamente aquilo que está motivando o sintoma.
Quando o simbólico tenta recobrir algo do real temos o sintoma.
19
A angústia representa a invasão do imaginário pelo real, isto é, do sentido pelo não-
sentido. É afeto desligado. Não tem afeto para ele. Sempre vai aparecer como efeito do
recalque.
A inibição representa uma limitação de uma função do eu - sexual, do comer, da
locomoção, do trabalho -, ao passo que no sintoma a função passa por alguma modificação.
A pessoa não chega a fazer o que passaria pelo recalque.
Sintoma e inibição são como dois lados da mesma moeda. Inibições podem surgir como
evitamento de algo que produziria angústia, por isso algumas inibições representam o abandono
de alguma função para evitar a angústia que ela desencadearia no sujeito.
A angústia é o real invadindo o domínio imaginário do corpo.
 Girando no sentido contrário, temos: 
 O real sobre o simbólico, o falo, que é justamente do que se trata, a constituição do significante
fálico. O falo é o objeto que aponta o desenho.
 O simbólico sobre o imaginário, S1, o que incide sobre o sujeito e o captura. O S1 é o
significante mestre.
 O imaginário sobre o real, S(A/), que recoloca a questão sobre o Outro. 
 Há dois pontos de falha na intersecção do simbólico com o imaginário. 
 Um ponto de falha do equívoco, do sentido, daquilo que escapa de ser simbolizado a partir do
imaginário. 
 Outro ponto, é a falta primordial, o que precipita o objeto a.
 É de fato aí que jaz o que incita ao erro de pensar que esse nó seja uma norma para a relação
de três funções que só existem uma para outra em seu exercício no ser que, ao fazer nó, julga ser
homem. A perversão não é definida porque o simbólico, o imaginário e o real estão rompidos,
mas, sim, porque eles já são distintos, de modo que é preciso supor um quarto que, nessa
ocasião, é o sinthoma. (LACAN, p. 20) (18/nov/1975) 
Se os três laços estão desagregados alguma coisa vai ter que agregar.
 Digo que é preciso supor tetrádico o que faz o laço borromeano - perversão quer dizer apenas
versão em direção ao pai -, em suma, o pai é um sintoma, ou um sinthoma, se quiserem.
Estabelecer o laço enigmático do imaginário, do simbólico e do real implica ou supõe a exsistência
do sintoma, aquilo que vem de fora, como o nome do pai – primeira formulação do sinthoma
com “th”.
 Assim, digo-lhes que não é evidente que, ao nos enganarmos em um ponto de um nó, todo o
nó se evapore, se assim posso me exprimir. 
 Ao mesmo tempo, se o simbólico se solta, como outrora ressaltei, temos um meio de reparar
isso. Trata-se de fazer o que, pela primeira vez, defini como o sinthoma. Trata-se de alguma coisa
que permite ao simbólico, ao imaginário e ao real continuarem juntos, ainda que, devido a dois
erros, nenhum mais segure o outro. 
 Na última vez me permiti definir como sinthoma o que permite ao nó de três não
só se manter nó de três, como se conservar em uma posição tal que ele tenha o
20
aspecto de constituir nó de três. Eis o que declarei sem pressa. (LACAN, p. 91) (17/fev/1976). O
gozo está na intersecção.
 Vocês certamente notaram que era preciso que eu reduzisse o sinthoma em um grau para
considerar que ele era homogêneo à elucubração do inconsciente. Quero dizer que ele se figurava
como enodado com ele. O que supus há pouco é que eu reduzia o sinthoma, que está aqui, a
alguma coisa que corresponde não à elucubração (reflexão – está muito ligado ao saber, mas
só isto não basta) do inconsciente, mas à realidade do inconsciente. 
A melhor maneira de se referir aqui seria ao real do ICS, mas o Lacan usa realidade mesmo.
Nem tudo vai ser simbolizado. Através do sinthoma que vamos conseguir trabalhar com o
ICS.
 O sinthoma pode ser visto como resultante do savoir-faire (saber-fazer). Aqui vamos
encontrar o simbólico e o real de mãos dadas.
 Caso H 
 H, sexo masculino, idade entre 35-40 anos, com queixas gerais de ansiedade alternada com
depressão. Durante as entrevistas iniciais o quadro se esclarece melhor e surge primeiro uma
queixa mais focada: não tenho motivação para o trabalho e não aguento mais minha profissão
(sic). Um tempo decorre no qual o problema é sempre localizado no outro (pacientes?, colegas,
fornecedores). Em seguida, há um giro no discurso e surge o questionamento de sua posição
diante disso: o que está acontecendo comigo? 
 A partir daí, há a entrada em análise, e várias recordações de infância emergem. H relata
sonhos que havia tido na infância e que segundo ele voltavam a acontecer agora. Basicamente
situações familiares onde ele se via excluído do convívio com os pais e com a irmã. A irmã é então
identificada como centro das atenções (sic). Manifestações de ódio começam a surgir nas
sessões. Segue-se longo período de resistência/ elaboração destes episódios, onde H vai se
situando neste contexto familiar. Percebe vínculos e rejeições, mas se diferencia gradualmente de
suas primeiras fantasias. 
 Durante esse período ocorrem faltas frequentes e hostilidade ao analista. Isso já aparece
como efeito da transferência mesmo. Contudo, chama a atenção que as queixas relacionadas
ao trabalho e profissão (dentista) praticamente desaparecem das sessões. Segue elaborando
questões relativas a sua posição no seio familiar e os sentimentos hostis que surgem contra o pai.
Em dado momento, algo da ordem do real acontece em seu trabalho: comenta que ficou
transtornado com o que uma paciente lhe disse. 
 O ocorrido foi relatado em linhas gerais da seguinte forma: ele estava anestesiando a paciente
para fazer um procedimento e aguardava o efeito da anestesia. Passado um tempo encostou a
sonda na gengiva e perguntou se a paciente sentia algo. Ela disse que não e que e DESTA VEZ
não sentiu nada. H ouviu isso e ficou incomodado. Perguntou: como assim "desta vez"? A
paciente falou que anteriormente ele a havia cutucado antes da anestesia fazer efeito e ela
reclamou de ter sentido dor. De imediato, ele se defendeu: eu não fiz isso! (sic). Narrou o episódio
em sessão e recusou-se fortemente a aceitar que isso tinha acontecido, de fato. 
 Durante algumas sessões o tema central foi se isso tinha ocorridoou não. Mas junto com esse
material emergiram também outras lembranças de atos cruéis e violentos, com colegas na
infância, com a irmã, mas NUNCA COM O PAI. A medida em que vai elaborando a existência do
21
ódio, entra em crise com relação à profissão, considerando-se o pior dos dentistas e um perigo
para as pessoas, visto que só queria machucá-las. Segue-se outro período com frequência
irregular às sessões. A partir de então, o trabalho na análise enfoca suas relações pessoais, que
tendiam a ser respeitosas e cordiais, e a relação profissional com os pacientes, que envolvia certo
sofrimento e dor. Enquanto elabora essa situação, começa a constatar que tem um lado sádico
(sic) e se pergunta como lidar com ele. 
Lado sádico – sente prazer em infringir dor ao outro.
 A direção do tratamento, nesse momento, se orienta por aí. O resultado é que o próprio H
reconhece que sua profissão é a maneira pela qual consegue lidar com seu sadismo, inclusive
reconhecendo que é um modo adequado de empregá-lo. Assume que goza com o sofrimento
alheio, mas agora de maneira mais integrada ao próprio inconsciente – mas isso é útil, é
permitido. Instituiu-se o Sinthoma, até onde se tem conhecimento do caso. Ele dá um destino
com sua pulsão fálica.
 Caso S. 
 S conta com 22 anos e desde os 16 tem estado envolvido profundamente com a religião, sendo
aluno de seminário. Comentou que do lugar de onde vinha não havia muitas opções para um
jovem se ocupar, ou ficava trabalhando na “roça” com sua família ou frequentava o seminário,
para ter estudo e se dedicar a Deus e à religião. Alguns colegas tinham uma condição melhor e
podiam ir para a capital, estudar, mas não era o caso dele. Decidiu procurar uma “terapia” porque
estava questionando se era isso mesmo que queria para sua vida. 
 Passadas várias sessões, nas quais foram discutidas questões gerais sobre família, amizades
de infância e interesses gerais, S declara que o que realmente era complicado na vida religiosa
eram duas coisas, ou seja, a abnegação e o serviço para Deus e que ele tinha dificuldade de
aceitar que sendo jovem, forte e saudável, deveria passar sua vida em recolhimento e meditação.
Achava que poderia fazer muito mais coisas, pois acreditava ter capacidade para trabalhar e
construir coisas. Quando tomava alguma iniciativa, no Seminário, dizia que era repreendido e que
deveria agir como tinha sido instruído. 
 O analista pontuou que na realidade abnegação e serviço para Deus eram a mesma coisa e,
nesse caso, havia uma segunda situação sobre a qual ele não tinha comentado. Após algum
embaraço e constrangimento, S fala, em tom de desabafo, que era a questão sexual, que ele não
conseguia se imaginar fazendo voto de castidade, o que seria necessário se fosse ordenado
padre. 
 Ao ser perguntado como era isso para ele, afirmou que nunca tivera uma relação sexual, mas
tinha o hábito de se masturbar, frequentemente. Ficava imaginando como seria a relação sexual e
sentia atração por mulheres, sempre que tinha a oportunidade de vê-las. 
Gozo fálico – gozo sexual, quer estar com mulheres.
Gozo outro – gozo de servir a Deus.
 Essas reflexões recolocam em questão a escolha de S pela vida religiosa e ele retoma as
considerações que já tinha apresentado, da restrição de oportunidades e da ida para o seminário
como possibilidade de crescimento. Passa a recordar de diversas situações de infância, nas quais
essa temática aparecia, tais como lembranças de conhecidos e parentes que seguiram esse
caminho e se “deram bem”. 
22
 A pontuação do analista sobre o que isso significava teve associações como resposta: são
respeitados, têm uma posição social, trabalho, casa, comida. A outra pontuação foi: E o que não
têm? Porque sempre vamos trabalhar na perspectiva da falta.
 S fica em profundo silêncio.. 
 Essa questão: o que não têm?, teve grande impacto sobre S, constituindo tema de diversas
sessões, nas quais ele próprio elencava várias coisas que a vida religiosa não proporcionaria:
dinheiro, bens materiais, família, filhos, escolhas livres de vida, etc. Isso instalou a “falta” em S
que começa a se reposicionar diante de si mesmo, basicamente constatando que não se
reconhecia em sua vida atual e naquilo que estava por vir. 
 Das lembranças de infância, uma delas se destaca: a época em que foi “coroinha”. O que mais
marcou, segundo o que S pode relembrar, era o olhar das pessoas sobre ele, principalmente da
mãe. Em seguida a isso, outras lembranças daquilo que ele próprio se referiu como sendo a
“doutrinação” pela qual passou, no sentido de ser convencido a ingressar no seminário. 
 O analista pontua: “doutrinação”? 
 S parece perceber o contexto no qual estava inserido. A “doutrina” que seguia era o que o
antecedia. Suas reflexões se ampliam consideravelmente: “será que entrei nessa para agradar os
outros...?” Aqui é a elaboração.
 Segue-se a isso várias sessões nas quais S repensa o papel da religião em sua vida. Receia
que deixar o seminário significaria se afastar da religião. 
 A interrogação feita pelo analista procura dialetizar esse sentido: “é a única forma de relação
com a religião”? 
O sentido único do sujeito inibindo ele de fazer alguma coisa.
 S reflete sobre as possibilidades de uma vida laica: trabalhar, casar, ter filhos e manter-se fiel à
sua crença. Mas ao mesmo tempo fica dividido, pois considera também tudo o que já vivenciou,
sua preparação para o sacerdócio e o conhecimento adquirido. Coloca-se a pensar sobre as
decisões que tomou no passado e se não estaria “fraquejando” nesse momento, o que seria
apenas uma crise passageira, a ser superada. Movimento neurótico.
 A questão da sexualidade volta à tona, mas S tende a evadir-se dela, afirmando que “dá um
jeito” e que “pode se controlar”. O analista pontua: “como tem sido isso?”, ao que S responde:
“é..., não é bem assim...” 
 Depois desse percurso, S acredita ter feito uma elaboração de sua situação. Os olhares sobre
ele, quando de sua posição como coroinha foram determinantes para sua escolha. Aliado a isso, a
vida religiosa representava inúmeros valores positivos, tais como: estabilidade, segurança,
posição. Contudo, após suas reflexões, passou a considerar possibilidades diferentes de viver,
afinal, o que o inquietava, eram as restrições impostas, tanto às suas ações quanto à sua vida
sexual. 
 S está decidido a sair do seminário, pretende trabalhar, constituir família e vivenciar sua fé
segundo outra perspectiva. Aquilo ao qual se vinculara, inicialmente, distanciava-o do gozo fálico
advindo da sexualidade. Ele não desenvolveu outro modo de gozo que pudesse configurar o
Sinthoma. Essa tarefa ainda estava por fazer, mas havia dado o primeiro passo. 
S já sabe o que não dá certo, então vai procurar outras formas de lidar.

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