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Inventário Judicial

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA
INVENTÁRIO JUDICIAL
Aspectos Gerais
O procedimento de inventário e partilha é utilizado para formalizar a transmissão dos bens do falecido aos seus sucessores. A transmissão ocorre no ato da abertura da sucessão, com o falecimento do autor da herança. É por meio desse procedimento que a transferência dos bens é formalizada.
A matéria é tratada no Código Civil em seus artigos 1991 a 2027, com a determinação da forma judicial do inventário. Segue-se a divisão entre o meeiro e os sucessores legítimos ou testamentários. Também é possível realizar inventário e distribuição extrajudicial, desde que não haja testamento e todos os interessados estejam de acordo e sejam capazes, como traz o art. 610, CPC.
As deliberações relativas ao inventário e divisão judicial no Código Civil começam com a regra de que a administração da herança é de responsabilidade do inventariante. Estende-se a normas relativas a bens sonegados, pagamento de dívidas, colação, partilha, garantia de quotas hereditárias e anulação de partilha e estão descritas nos artigos 610 a 673 do Código de Processo Civil.
Mesmo que possa efetuar-se a partilha por acordo entre todos os interessados, a regra é a resolução diante a possíveis litígios na herança, tanto na primeira fase onde é feito o arrolamento de bens, quanto nas seguintes onde será feito a habilitação dos herdeiros, avaliação dos bens e partilha dos quinhões, conforme os artigos 656 a 658 do CPC, havendo assim o julgamento e não apena a homologação judicial.
Como nos traz o artigo 659 do CPC, existe a possibilidade de efetuar a partilha de forma amigável, celebrada entre as partes capazes e que será homologada pelo juiz, mas isso fica restrito apenas ao arrolamento sumário e ao inventário extrajudicial e também por conversão no processo de inventário litigioso em amigável. Se alguma das partes for incapaz ou menor, este acordo dependerá da manifestação de um órgão fiscalizador, o Ministério Público.
A palavra inventário deriva do latim inventarium, significa ato ou efeito de inventariar, e é utilizada no sentido de relacionar, registrar, catalogar, descrever, listar coisas, listar para fins de partilha.
O termo inventário é utilizado em diversas disposições relativas a outros institutos da ordem civil. Também pode se referir a lista de coisas ou pessoas, prestação de contas, parte do balanço patrimonial de uma sociedade e outros significados paralelos à ação de listar bens.
Inventariar significa relacionar, registrar, catalogar, enumerar, listar, sempre em relação aos bens deixados por alguém em razão de sua morte. Compreende também a avaliação desses bens. No sentido estrito da sucessão, o inventário é o processo de catalogação dos bens de uma pessoa.
A sucessão pode ser legítima ou testamentária. Legítima é a que decorre de disposição legal, e testamentário é a que procede da última vontade do de cujos, conforme previsto no artigo 1.784 do Código Civil.
Após o falecimento de uma pessoa que deixou bens, abre-se a sucessão e depois procede-se ao inventário, apurando os bens deixados com a finalidade de que esses bens possam pertencer aos seus sucessores legalmente.
Existem três tipos de inventário judicial: o inventário regular, na forma tradicional e solene, e as formas simplificadas de listagem sumária e listagem comum. O inventário regular é utilizável por interessados ​​maiores e mais capazes, ou para pequenas heranças, respectivamente. O inventário simplificado é utilizado por interessados ​​menores e mais capacitados.
Alvará
Pode-se fazer um pedido de alvará judicial, com o objetivo de facilitar a cobrança de pequenas quantias deixadas pelo de cujos. Isso inclui valores depositados em conta bancária, saldo de créditos e outros valores menores. A lado dos processos de inventário, listagem sumária e listagem comum, existe o pedido de alvará judicial.
São os valores referidos na Lei n. 6.858, de 24 de novembro de 1980: depósitos derivados do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos seus respectivos titulares
Os valores de que trata a Lei n. 6.858, de 24 de novembro de 1980, são aqueles depósitos resultantes do FGTS e PIS não recebidos em vida pelos seus respectivos titulares, cadernetas de poupança, saldos bancários entre outros investimentos de pequeno valor. O levantamento pode ser feito administrativamente pelos dependentes do falecido, desde que não exista outros bens sujeitos a inventário. Se o de cujos não tiver deixado dependentes habilitados perante a Previdência Social, o levante daqueles depósitos caberá aos sucessores, mediante alvará judicial.
Partilha, Sobrepartilha
Os termos inventário e partilha, embora utilizados em sentido processual amplo, possuem conteúdos distintos, desenvolvendo-se sucessivamente no mesmo processo. Os termos são usados ​​de maneiras diferentes para se referir a diferentes partes do processo.
A partilha é um complemento necessário e lógico ao inventário, para que os bens da herança possam ser distribuídos, por meio de meação e sucessão legítima ou testamentária.
O inventário é o procedimento genérico, que visa chegar à partilha dos bens do falecido, seja por via judicial ou extrajudicial. Consiste em listar os bens de um falecido e descrevê-los.
A partilha vem a reboque, complementando o inventário, quando os bens são distribuídos entre os sucessores do de cujus, atribuindo-se as respectivas quotas da herança. Os filhos e netos do falecido participam da herança, bem como os bens do de cujos.
As partilhas podem ser judiciais, extrajudiciais e amigáveis.
O Código Civil trata em seu artigo 2.016, que são judicias as partilhas realizadas por decisão do juiz, sempre que existe menores ou incapazes, ou sempre que não exista acordo entre os sucessores.
As partilhas amigáveis podem ser feitas por ato inter vivos ou post mortem.
A partilha pode ser feita por ato inter vivos, que se dá quando o ascendente distribui os bens a seus descendentes, por doação ou de última vontade, que seja testamento, esses atos não podem prejudicar a legítima dos herdeiros necessários, conforme traz o artigo. 2.018 do Código Civil.
As partilhas amigáveis post mortem, podem ser feitas por acordo entre os herdeiros maiores e capazes, que serão por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou por escritura particular homologado pelo juiz, segundo o artigo 2.015, CC.
O Código Civil em seu artigo 2.014, também permite ao testador direcionar a partilha post mortem, indicando os bens e valores que devem compor as quotas hereditárias. É o próprio testador quem delibera ele a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não cumprir as quotas estabelecidas.
A partilha extrajudicial é aquela feita por escritura pública, a ser trazida aos autos do inventário judicial ou da inscrição. Constitui também a parte final da escritura pública de inventário, quando não há testamento e as partes são capazes e de acordo, sendo uma espécie de partilha amigável post mortem.
Sobrepartilha
Após finalizada a partilha, será feita a sobrepartilha, que é uma nova descrição e atribuição de bens nos autos do mesmo processo do inventário, caso exista outros bens apurados do de cujos.
Os artigos que tratam sobre a sobrepartilha são os 2.021 e 2.022 do Código Civil, e também o artigo 669, do CPC, que incluem os sonegados; os bens da herança que se descobrirem depois da partilha; os litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; e os situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Na sobrepartilha de bens, observar-se-á o processo de inventário e partilha, correndo nos autos de inventário do autor da herança. Reabre-se o processo de inventário, com nova declaração de bens e citações, cobranças de impostos e demais fases até à atribuição definitiva da cobrança hereditária e extração de nova partilha formal, ou sendo único herdeiro, de carta de adjudicação.
Distribuição, Registro e Custas
Distribuição e Registro
O inventário e a arrolamento estão sujeitos a distribuiçãoe registo, pelo tribunal competente. O tribunal competente pode ser especializado em sucessões, dependendo da organização judiciária local.
A matéria é tratada nos artigos 284 a 290 do Código de Processo Civil, onde a distribuição é feita pelo sistema regular de sorteio manual ou eletrônico. Atualmente, a distribuição de inventários, arrolamentos e alvarás é feita às varas de família e sucessões do foro do último domicílio do autor da herança ou da situação dos bens, ou do lugar onde ocorreu o óbito, conforme regras de competência jurisdicional, conforme artigo, 48 do CPC. 
A petição inicial é encaminhada ao distribuidor, com o prévio pagamento das custas, ou sua tempestiva satisfação perante o servidor do autor da herança.
A distribuição pode ser feita simultaneamente entre juízes e ofícios, somente entre juízes ou entre ofícios.
A distribuição dos processos relativos ao inventário é feita por dependência, por ligação ou continência, conforme artigo 286 do CPC. Nesses casos, a competência é determinada pelo processo principal. Porém, o novo processo deve passar pelo distribuidor, para anotação e encaminhamento.
O Artigo 672 do CPC, nos traz que também se distribui por dependência, apensado ao anterior, o inventário dos bens do cônjuge supérstite, falecido antes da partilha dos bens do pré-morto. Nesse caso, as duas heranças serão inventariadas cumulativamente e será feita a partilha com nomeação de um só inventariante, desde que sejam os mesmos herdeiros, bem como no caso de falecimento de um dos herdeiros no decorrer do inventário.
Havendo testamento, este será distribuído ao mesmo tribunal competente para o inventário e será processado autonomamente. Concluída esta fase, será juntada aos registos do inventário uma certidão autêntica do testamento. A distribuição do testamento pode preceder a abertura do inventário ou ser feita pouco tempo depois.
Em caso de falecimento de herdeiros no decurso do processo de inventário em que foi admitido, e não havendo outros bens para além da sua quota-parte na herança, proceder-se-á ao inventário cumulativo dos bens. Os bens que pertenciam ao herdeiro falecido, aos seus próprios sucessores, em operação análoga à sucessão por linhagem.
Os requerimentos de alvará no curso dos processos, quando formulados por inventariante, herdeiro ou sucessor, serão juntados aos autos de inventário ou arrolamento; quando formulados por terceiros, serão distribuídos por dependência, registrados, autuados e processados em apenso. No caso de alvarás autônomos ou independentes será livre a distribuição.
Custas
O custeio das despesas é de responsabilidade da parte interessada ou da que vier ser condenada, como efeito da perda da causa. No ajuizamento da ação de inventário, para o regular andamento do processo, são devidas as custas.
Denominadas de custas dos serviços forenses ou taxa judiciária, a matéria compete de forma concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal, conforme prevê o artigo 24, IV, da Constituição Federal.
As custas são levantadas conforme o valor da causa. Constitui o “preparo”, que sem esse o feito não prosseguirá, e a sua distribuição poderá ser cancelada quando não houver o recolhimento no prazo de 15, conforme o artigo 290, CPC.
As custas e outros encargos relativos ao andamento do processo, como a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico, constituem as “despesas processuais” e estão descritas no artigo 84 do CPC. Conforme artigo 82 do CPC, o pagamento das custas é feito pela parte que realiza ou requer a prática do ato, com posterior ressarcimento pelo vencido, juntamente com a verba honorária.
São dispensados do pagamento das custas, na esfera cível, os beneficiários de assistência judiciária, assim como o Ministério Público, nos atos de ofício. Da mesma forma as Fazendas Públicas e respectivas autarquias, com ressalva de oportuno reembolso das despesas à parte vencedora.
Nos casos de redistribuição da escritura, por incompetência do juízo, não haverá restituição das custas. O mesmo ocorre quando o processo é encerrado por decretação de carência, desistência, desistência ou transação. Se a sentença vier de outro Estado, caberá ao interessado efetuar novo pagamento.
O cálculo das custas do recurso independe do envio do processo ao contador. Deve ser feito pelo próprio interessado, ou, se determinado pelas autoridades judiciárias locais, informando ao tribunal oficial o valor do preparo.
A atribuição de valor aos bens inventariados sujeita-se à impugnação dos demais interessados, inclusive credores e Fazenda Pública. Em tais casos, procede-se à avaliação judicial, como retrata o artigo 630 do CPC. 
Sobre os bens imóveis, o valor será o que servir de base ao lançamento do IPTU, ou sobre ITR, salvo se a lei estadual fixar outros critérios, como os de valores de mercado, por lançamento administrativo, servindo de referência para o imposto de transmissão dos bens. Os documentos fiscais devem, por isso, instruir o processo.
Ao fazer o cálculo do imposto causa mortis, na sequência das últimas declarações, no inventário, o contabilista calcula os custos do processo, de acordo com o valor do montante elevado. O contador então deduz a parcela já inicialmente satisfeita. O valor é então adicionado ao valor total pago pelo falecido.
O artigo 662, CC traz que quanto ao arrolamento, não há cálculo do imposto na esfera judicial, seu recolhimento é feito diretamente pelo interessado, juntando aos autos a guia. É devido ao inventariante atribuir o valor dos bens do espólio, para fins de partilha e base de cálculo das custas. 
Valor da Causa
No processo de inventário o valor da causa, corresponde ao valor total dos bens inventariados. Porém, como a declaração dos bens só é feita depois, na petição inicial o requerente do inventário faz a estimativa do valor, apenas para fim de recolhimento de custas e depois de declarado o valor real dos bens e retirado a diferença do valor apresentado na inicial, é que irá ser feita a complementação do recolhimento. Sendo assim essa apuração se faz por cálculo do imposto causa mortis. Havendo sobrepartilha, é necessário a atribuição de valor aos respectivos bens, para então poder fazer o acerto das custas.
Bens que não se inventariam
Nos casos de usucapião, existe um obstáculo à partilha, então para que sejam partilhados, é necessário que os herdeiros reivindiquem esses bens primeiramente.
O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba, cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores”, conforme artigo 2.013, CC, mas não se trata de prazo aberto, imprescritível.
Cabe ressaltar que o Código Civil reduz de 20 para 15 anos o prazo para usucapião extraordinário, segundo o artigo 1.238do referido dispositivo, a eximir, portanto, o bem assim possuído durante esse tempo, de ser declarado à partilha.
Outra hipótese de exclusão da partilha se refere ao bem de família convencional. O artigo que trata sobre essa matéria é o 1.712, CC que amplia o conceito de bem de família previsto na legislação anterior, prevendo sua instituição sobre imóvel residencial urbano ou rural e sobre valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
Com sua instituição, que se faz por escritura pública ou testamento, o bem de família fica isento de execução por dívidas posteriores (salvo impostos do prédio e despesas de condomínio) e se torna inalienável, de modo que não sujeito a partilha (art. 1.715, caput). Assim, falecendo um dos cônjuges, o bem de família continua sob a administração do outro, salvo se for requerida sua extinção (art. 1.721, par. único.). Também se extingue o bem de família se ocorrer a morte de ambos os cônjuges e forem maiores os filhos, desde que não sujeitos a curatela (art. 1.722). Nessas hipóteses, o bem desvinculado de sua finalidade familiar sujeita-se a regular declaração em inventário para fins de partilha.
Não constituem bens de herança os valores decorrentes do direito securitário e previdenciário. A hipótese maiscomum é a do seguro de vida, que se paga aos beneficiários indicados, ou, na falta de indicação, ao cônjuge ou companheiro sobrevivo e aos herdeiros legítimos.
Também não se sujeitam a inventário e partilha outros bens, em vista de sua natureza: os bens doados a marido e mulher, uma vez que subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo, conforme art. 551, par. único., do CC; parte das contas conjuntas que os bancos abrem para duas ou mais pessoas, podendo qualquer delas fazer o saque da sua quota condominial; os bens mencionados na Lei n. 6.858/80, tais como FGTS, PIS-PASEP, seguros e outros valores, que, pela sua natureza, cabem aos dependentes do falecido e são levantados na esfera administrativa.
INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL
Aspectos Gerais
As inovações trazidas pela Lei n. 11.441/2007, possibilitam a realização de inventário e partilha amigável extrajudicial por escritura pública, quando todos os interessados ​​forem capazes e não houver testamento. As modificações fluíram para os artigos 610 e 611 do Código de Processo Civil de 2015.
Sendo assim não existe, portanto, a exclusividade do procedimento judicial para formalizar a sucessão hereditária. O ato pode ser praticado na esfera administrativa, por ato do Tabelião de Notas da escolha dos interessados, quando observados os requisitos legais.
O novo método de inventário, qualificado como extrajudicial, tem por finalidade facilitar a prática do ato de transmissão de bens, deixando reservado o Juiz para a resolução das questões mais complexas do plano sucessório, resguardando-se o direito dos cidadãos de recorrer, quando entenderem necessário, ao inventário.
O Código de Processo Civil vigente, com essas alterações, objetiva, facilitar a realização do inventário, evitando os entraves do procedimento forense, uma vez que bastará a escritura pública de inventário e partilha, com força executiva para cumprimento das suas disposições, independente de homologação judicial. A matéria se contém nos parágrafos 1º e 2º do artigo 610 do CPC, estabelecendo exceção ao caput, que determina o inventário judicial havendo testamento ou interessado incapaz. Assim, cabe o inventário extrajudicial, por escritura pública, se todos os interessados forem capazes e concordes. A escritura constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. É essencial que as partes estejam assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
O requisito da capacidade das partes deve ser interpretado de forma ampla, abrangendo também a ausência do nascituro. Isso é entendido, apesar da falta de menção expressa no artigo 610, pela lei sucessória. Recomenda-se, portanto, que a escritura de inventário conste que a esposa viúva não está grávida, ou pelo menos não tem conhecimento dessa condição, conforme resolução CNJ 35, artigos 34 e 37.
A eficácia da escritura pública de inventário é igual à do formal de partilha ou da carta de adjudicação, uma vez que serve para fins de registro imobiliário, transferência de bens e direitos, promoção de atos para a materialização das transferências, levantamento de valores junto aos órgãos encarregados do cumprimento da partilha, tais como instituições financeiras, Junta Comercial, Departamento de Trânsito, Registro Civil das Pessoas Jurídicas, companhias telefônicas etc.
Partilha ou Adjudicação
Partilha, pressupõe a existência de dois ou mais interessados na herança, ou de um herdeiro em paralelo ao cônjuge sobrevivente com direito a meação. Parte-se todo o patrimônio em bens diferenciados ou em partes ideais, para a atribuição dos respectivos quinhões. 
Havendo um só interessado, maior e capaz, com direito à totalidade da herança, a ele caberá a adjudicação direta do bem, pela escritura que, então, chamar-se-á de inventário e adjudicação.
Testamento
A previsão de inventário por escritura pública abrange apenas um tipo de inventário, que seria a listagem sumária nos termos do artigo 659 do CPC. Todas as partes concordam e são maiores de idade e capazes. Caso não se verifiquem estes pressupostos, será estritamente necessário proceder à realização de inventário judicial, ou arrolamento comum para heranças de baixo valor.
Há ainda outro requisito para o procedimento extrajudicial, que seria a ausência de testamento. O mesmo se pode dizer em caso de caducidade do testamento, por pré-moriência do beneficiário ou desaparecimento do bem objeto da disposição testamentária.
O instrumento de última vontade deverá ser levado previamente a juízo, para fins de publicação e registro, conforme artigos 735 a 737 do CPC.
Homologação da partilha pelo Juiz
O artigo 659 do Código de Processo Civil, trata do arrolamento sumário e diz que a partilha amigável será homologada de plano pelo juiz.
Dessa forma, não se faz necessária a homologação de todas as partilhas amigáveis celebradas por pessoas capazes e que estejam de acordo, quando sua efetivação ocorre na via extrajudicial.
Por outras palavras, mantém-se a possibilidade do arrolamento sumário pela via judicial, que demanda homologação da partilha, e, paralelamente, resguarda-se a inteireza e suficiência da escritura pública se houver a escolha da via extrajudicial. 
A partilha por escritura pública também pode ser levada ao processo de inventário comum. Trata-se de hipótese em que o processo se inicia de forma litigiosa e, ao final, termina por acordo das partes. Se as partes preferirem, podem desistir do processo e simplesmente refazer o inventário e a partilha.
Prazos para o inventário
A matéria que trata dobre os prazos está no artigo 611 do CPC onde sua fixação é de 2 meses e em 12 meses. Essa determinação tem aplicação ao inventário judicial e ao extrajudicial, pois é possível que se instaure a abertura do inventário por escritura pública, para solenizar a opção das partes por esse procedimento e depois se prossiga com outra escritura de partilha dos bens. 
A multa pela demora na abertura do inventário, conforme previsto na lei estadual sobre a transmissão do imposto causa mortis. Embora esta seja uma regra tipicamente processual, ela se reflete na celebração da escritura tendo em vista as consequências tributárias da aplicação da multa.
Meação e Herança
A meação decorre do regime de bens adotado no casamento. Pode ou não existir, dependendo de serem ou não comunicáveis os bens deixados pelo falecido.
A herança consiste na parte dos bens deixada pelo autor da herança depois de apartada a meação do cônjuge sobrevivente. É a parte que se atribui aos herdeiros.
O cônjuge sobrevivente, assim como o companheiro, pode acumular as posições de meeiro e de herdeiro, uma vez que receba determinados bens em razão da meação e outros pelo direito de herança.
Cabe lembrar que, observados os pressupostos do artigo 1.829 do Código Civil, aplicam-se ao cônjuge e ao companheiro sobreviventes as regras de concorrência na herança com os descendentes, dependendo do regime de bens e, na falta de descendentes, com os ascendentes do falecido, qualquer que seja o regime de bens.
Assistência de advogado
A escritura pública de inventário e partilha só pode ser lavrada com a presença de advogado habilitado, comprovada por carteira da OAB. Pode ser um advogado comum para todas as partes ou um para cada interessado, bem como o defensor público em casos de assistência judiciária. A procuração pode ser apresentada no ato da escritura, ou tomada por termo nesse instrumento, com a qualificação do advogado e o seu número de inscrição na OAB. Para os necessitados, a assistência na escritura deve ser prestada por defensor público.
O advogado assistente pode ser o representante legal do herdeiro, como seu representante com poderes especiais para a celebração da escritura, conforme admitido pela Resolução n. 352.007 do CNJ.
FORMALIDADES DA ESCRITURA DE INVENTÁRIO E PARTILHA
A lei somente permite a celebração da escritura de inventário e partilha se: 
a) As partes forem todas maiores e capazes;b) Houver acordo de partilha; 
c) Estiver presente um advogado para assistência às partes; 
d) Não houver testamento. 
Em cada situação e atendidos os encargos fiscais, será lavrada a escritura pelo tabelião, valendo como título para o registro imobiliário e outros efeitos correspondentes à transmissão dos bens, sem necessidade de homologação ou ordem judicial.
Partes no inventário
As partes maiores e capazes devem comparecer a cartório, por si ou por procurador com poderes especiais, assistidas por advogado, apresentando seus documentos pessoais para qualificação e os documentos relativos aos bens do espólio. Deve haver expressa menção ao grau de parentesco, tanto do cônjuge sobrevivente quanto dos herdeiros.
Consideram-se partes interessadas: 
a) O cônjuge sobrevivente, 
b) O companheiro sobrevivente,
c) Os herdeiros legítimos, 
d) Eventuais cessionários, 
e) Eventuais credores.
Além da qualificação completa do autor da herança e das partes interessadas, a escritura deve conter também; o regime de bens do casamento; pacto antenupcial e seu registro imobiliário, se houver; dia e lugar em que faleceu o autor da herança; data da expedição da certidão de óbito; livro, folha, número do termo e unidade de serviço em que consta o registro do óbito; e a menção ou declaração dos herdeiros de que o autor da herança não deixou testamento e outros herdeiros. 
Os cônjuges dos herdeiros deverão comparecer ao ato quando houver renúncia ou algum tipo de partilha que importe em transmissão, exceto se o casamento se der sob o regime da separação absoluta.
O artigo 1.725, CC diz que se o falecido mantinha união estável, o companheiro sobrevivente será parte interessada, por ter direito a meação e herança.
Havendo um só interessado com direito à totalidade da herança, será lavrada escritura de inventário e adjudicação dos bens a esse beneficiário.
Credores do espólio
A existência de credores da herança não impedira realização do inventário e partilha por escritura pública. O credor do Espólio poderá exercer seus direitos diretamente, mediante acordo com os herdeiros, ou constar da escritura pública de recebimento tempestivo do crédito reconhecido pelos demais interessados.
Cabe aos herdeiros indicar além do ativo, o passivo do espólio também, neste caso discriminando as dívidas, os respectivos credores, bem como a forma de seu pagamento.
Mesmo que não sejam indicados credores do espólio, estes terão sempre resguardados os seus direitos, podendo agir por ação própria contra os herdeiros, na medida dos quinhões da herança atribuídos na partilha.
Cessão de direitos hereditários
A cessão de direitos hereditários será feita por escritura pública, nos termos dos artigos 1.793 e seguintes do Código Civil. Pode ser promovido o inventário pelo cessionário, mesmo na hipótese de cessão de parte do acervo, desde que todos os herdeiros estejam presentes e concordes.
Segundo o artigo 1.793, CC depende de autorização judicial para ter eficácia, não é invalidade, mas apenas ineficácia perante os demais herdeiros, já que somente será possível saber se o cedente poderia ter transferido aquele bem depois de feita a partilha e ver para quem ficou. Isso serve de proteção aos demais herdeiros.
É preciso respeitar o direito de preferência do coerdeiro, quando a cessão se faça em favor de estranho. Entende-se que a preferência existe nas cessões de caráter oneroso, logo não incide nas cessões gratuitas, que ficam à livre deliberação do outorgante.
O cessionário deverá estar em conformidade com o formulário de cessão (escritura pública) e comprovada a ausência de outros interessados, além dos cedentes. O herdeiro cedente é o herdeiro da propriedade.
Caberá ao tabelião verificar, através dos documentos, se realmente houve cessão da herança por todos os herdeiros.
Renúncia da Herança
Assim que ocorrer a renúncia da herança, por escritura pública autônoma ou nos próprios termos da escritura de inventário, os direitos serão transmitidos ao monte e atribuem-se aos demais herdeiros situados na mesma classe e grau ou, se todos renunciarem, aos herdeiros subsequentes, conforme a ordem da vocação hereditária.
Havendo credores do herdeiro renunciante, poderão habilitar-se no lugar dele para o recebimento da respectiva quota na herança. 
Procuradores das partes
As partes poderão ser representadas na escritura por procuradores com poderes especiais para a prática do ato, além do advogado ou do defensor público. 
Segundo o artigo 657, CC, por se tratar de ato público, a procuração deve se revestir da mesma forma, ou seja, por escritura pública.
Desta forma, facilita a realização da escritura em situações de distanciamento físico ou mesmo de moléstia que impossibilite o comparecimento pessoal da parte. 
Ao procurador caberá oportuna prestação de contas dos atos relacionados à partilha, notadamente se vier a receber determinados bens móveis em nome do herdeiro representado.
Nomeação de inventariante
Deverá ser nomeado na escritura pública de inventário e partilha um interessado para representar o espólio, com poderes de executor, no cumprimento de obrigações pendentes, ativas ou passivas. Uma parte interessada também pode ser nomeada como executora na escritura de propriedade.
Também é importante a figura do inventariante para o cumprimento de encargos do espólio, depois de lavrada a escritura, como sucede em casos de levantamento de dinheiro, recebimento de créditos do espólio, transferência de cotas societárias, venda de ações, transferência da titularidade de veículo etc. Mas, se na partilha já houver a atribuição de bens certos a determinado herdeiro, a este caberá a providência executória de seu interesse.
Administrador provisório
Será através do administrador provisório, que as providências que antecedem à outorga da escritura serão feitas, que prioritariamente é o cônjuge viúvo, o companheiro sobrevivo ou o herdeiro que se achar na posse e administração dos bens conforme artigo 1.797 do CC e artigo 613 do CPC. 
O espólio será representado pelo administrador provisório, até a lavratura da escritura, para reunir todos os documentos e recolher os tributos.
Custas
Cabe aos Estados fixar por lei os emolumentos cartorários para a celebração de escrituras públicas de inventário e partilha. 
O valor deve corresponder ao custo efetivo e à remuneração adequada e suficiente pelos serviços prestados pelo tabelião, de acordo com a legislação local. Na falta de regulamentação específica, cabe aos notários fazer uso das regras relativas aos atos em geral, utilizando os emolumentos relativos aos atos sem valor declarado.
Gratuidade
O CPC atual não prevê a gratuidade da escritura de inventário e de outros atos notariais, que constava de dispositivo do Código revogado. Mas no § 2º do artigo 610, CPC, menciona que a parte necessitada de recursos deve ser assistida por defensor público, pressupondo sua carência de recursos. E o seu art. 98 contém regras específicas sobre a Gratuidade da Justiça, mencionando que abrange emolumentos a notários ou registradores pela prática de atos de efetivação de decisão judicial. 
Para obter a gratuidade, o interessado deve assinar uma declaração de que não tem condições de pagar as taxas e apresentar comprovante. Cabe ao tabelião verificar, caso a caso, pela natureza e valor dos bens declarados e apresentados à partilha, se procede o pedido de justiça gratuita.
A gratuidade restringe-se aos atos notariais, mas não inclui a renúncia ao pagamento do imposto sobre a transmissão causa mortis (por sucessão hereditária) ou qualquer imposto sobre a transmissão inter vives (no caso de partilha desigual ou renúncia translativa). A gratuidade pode ser paga em qualquer legislação estadual (ITCMD) ou municipal.
Formal de Partilha Extrajudicial
Poderá ser extraída carta de sentença do processo de inventário judicial, após seu trânsito em julgado. Substitui a distribuição formal (ou a carta de adjudicação, no caso de herdeiro único) prevista no artigo 655.º do Código de Processo Civil.
O cartório terá acesso ao inventário para extrair cópias autenticadasdos autos. Os documentos devem conter elementos essenciais do processo, como petição inicial, certidão de óbito do autor da herança, procurações e documentos das partes. É um procedimento facultativo, a critério dos interessados.
Esse serviço notarial facilita a obtenção do documento final do inventário ou do arrolamento pelas partes interessadas e alivia os encargos da serventia judicial.
A carta de sentença notarial produzirá os mesmos efeitos da partilha judicial formal. Poderá ser levado ao cartório de registro de imóveis e demais órgãos competentes para fins de seu regular cumprimento. Sua emissão deve atender às exigências das normas de atendimento das justiças estaduais.
Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, Euclides D.; AMORIM, Sebastião. Inventário e partilha, Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788553617272. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553617272/. Acesso em: 21 nov. 2022.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial da União

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