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INVENTÁRIO E PARTILHA: PROCEDIMENTO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL Kauana Duarte Ribacki Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo analisar o procedimento de inventário e partilha de bens, os quais costumam ser tratados como um ato contínuo de um mesmo processo, que se inicia com o inventário e conclui-se com a partilha e adjudicação dos bens aos herdeiros. Contudo, através da Lei nº 11.441/2007, se todos os herdeiros forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública. Desse modo, examinar a base sobre estes atos, sua forma de consumação e os requisitos necessários para seu registro justificam este estudo. Palavras-chave: Inventário; partilha; procedimento judicial; procedimento extrajudicial; Abstract: This research aimed to analyze the inventory and asset sharing procedure, which are usually treated as a continuous act of the same process, which begins with the inventory and ends with the sharing and adjudication of the assets to the heirs. However, through Law 11.441/2007, if all the heirs can and agree, the inventory and allocation may be made by public deed. Thus, the examination of the fundamentals of these acts, their form of consummation and the requirements necessary for their registration justify this study. Keywords: Inventory; sharing; judicial procedure; extrajudicial procedure. SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO. 2. DIREITO SUCESSÓRIO. 3. INVENTÁRIO E PARTILHA JUDICIAL. 4. INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL. 4.1. PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO E PARTILHA. 5. LEI Nº 11.441/2007 - PROCEDIMENTOS EXTRAJUDICIAIS. 6. CONCLUSÃO. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1 - INTRODUÇÃO Inicialmente, cabe mencionar que o registro da origem do direito sucessório se consagrou em Roma, uma vez que para os romanos a sucessão hereditária era continuação esporádica da religião e do patrimônio de uma família. Ao longo dos anos, o conceito de sucessão evoluiu junto com a sociedade. Atualmente, o direito sucessório transcende diante do direito romano, pois as relações jurídicas sucessórias possuem como uma de suas diretrizes a dignidade humana, priorizando a família e a propriedade, frente aos princípios constitucionais de interesse público na esfera jurídico privada. Sendo assim, o Direito das Sucessões regula a transmissão de bens deixados pelo de cujus aos herdeiros. Arrisco-me a dizer que esse direito é natural da pessoa porque desde os primórdios, relata a história que esse exercício do direito sempre foi causa de continuação do patrimônio. 2 – DIREITO SUCESSÓRIO O termo sucessão vem do latim sucessio, do verbo sucedere (sub + cedere), significando substituição, com a ideia subjacente de uma coisa ou de uma pessoa que vem depois de outra. No presente estudo, temos como objeto a sucessão hereditária, a qual está atrelada ao tema que todos costumam evitar: a morte. A possibilidade da sucessão está baseada no direito de propriedade e função social, conforme estipulado no artigo 5º, incisos XXII e XXIII da Constituição Federal. Afinal, em nada se justificaria ao cidadão poder acumular bens e, com o final de sua vida, não poder transferi-los. A transmissão garante que o patrimônio não fique sem titularidade. O direito de herança é, nos termos do artigo 5º, XXX da CF, considerado uma das cláusulas pétreas em nosso ordenamento jurídico, mas isso não significa dizer que tão somente a ocorrência do óbito de uma pessoa garanta aos seus herdeiros o direito de receber bens. Conforme trabalharemos ao longo do presente livro, somente haverá partilha se, após pagas as despesas de funeral do falecido, bem como as dívidas que ele tenha por ventura deixado, é que, realizada as formalidades necessárias, os herdeiros possam receber efetivamente o patrimônio do de cujus. 3 - INVENTÁRIO E PARTILHA JUDICIAL Inventário judicial é aquele em que, como o próprio nome indica, deve-se utilizar a via judicial para que os herdeiros possam regularizar a situação dos bens de um ente falecido. Segundo o Código de Processo Civil, essa modalidade é obrigatória quando há herdeiro incapaz ou testamento. Além disso, é a opção disponível para quando os herdeiros julgam necessário litigar a respeito de certa demanda. Sua abertura, assim como na via extrajudicial, deve ocorrer em até dois meses após a data de falecimento. A legislação prevê seu término em até doze meses. É possível, no entanto, que o prazo seja prolongado, quando o processo assim demandar. Para ingressar com o inventário judicial é necessário existirem herdeiros menores ou incapazes, ter qualquer questão em que os herdeiros estejam em desacordo ou existir testamento. 4 – INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL O inventário extrajudicial está definido no primeiro parágrafo do art. 610 do Código de Processo Civil, que determina que, “se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras”. Isso significa que, havendo a concordância entre os herdeiros e tendo eles plena capacidade civil, pode-se realizar o inventário extrajudicialmente, por meio de uma escritura pública que resultará do comum acordo desses herdeiros. Para ingressar com o inventário extrajudicial é necessário que todos os herdeiros sejam maiores de 18 anos e capazes, que tenha acordo entre os herdeiros sobre a divisão dos bens deixados pelo falecido e não existir testamento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm No que se refere ao requisito previsto na lei, qual seja, o de não haver testamento, a 4ª Turma do STJ decidiu em 15/10/2019 que é possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado. A decisão foi a partir do entendimento do relator Luis Felipe Salomão, no Processo: Resp. 1.808.767, o qual afirma que só o fato de existir testamento não pode impedir que o inventário siga pela via administrativa. 4.1 - PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO E PARTILHA O procedimento de inventário na forma extrajudicial é feito diretamente no cartório de escolha, através de escritura pública, sendo necessária a contratação de um advogado que pode ser comum a todos os herdeiros ou não. Após o início do processo, o tabelião levanta as eventuais dívidas deixadas pelo falecido e a família informa todos os bens deixados pelo falecido para que sejam reunidos os documentos. Para que o processo do inventário seja finalizado e oficializado no cartório, é preciso pagar o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações, imposto estadual cuja alíquota varia de estado para estado. Nesta fase, a divisão de bens já está acordada com a família, os registros, certidões negativas e as informações sobre os herdeiros e a partilha reunidas. Com a declaração do ITCMD finalizada e todos os documentos reunidos, o cartório ou o advogado envia a minuta da escritura, que é um esboço do inventário, à procuradoria estadual, que avalia as informações, conferindo, sobretudo as declarações dos bens do espólio e seus valores para que não haja erro no cálculo do imposto, e autoriza a realização da escritura do inventário (HENRIQUES, 2014). Depois de recebida a autorização da procuradoria e entregue toda a documentação, é agendada no cartório uma data para a lavratura da Escritura de Inventário e Partilha pelo tabelião, que encerra o processo. Todos os herdeiros e respectivos advogados devem estar presentes, munidos de uma série de documentos tais como: a certidão de óbito; documentos de identidade das partes e do autor da herança; as certidões do valor venal dos imóveis; certidão de regularidadedo ITCMD etc. Caso os herdeiros não possam comparecer, poderão nomear um procurador, com poderes específicos, por meio de procuração feita em cartório de notas (DIAS, 2017). Se houver imóveis envolvidos na partilha, os herdeiros devem levar a certidão do inventário aos Cartórios de Registros de Imóveis onde estão matriculados os imóveis para que ocorra a transferência da propriedade. A certidão do inventário, portanto, poderá ser apresentada ao DETRAN - Departamento de Trânsito de propriedade de veículos, e às repartições públicas e empresas para regularizar a nova propriedade do titular dos bens, direitos e ações (HENRIQUES, 2014). 5 - LEI Nº 11.441/2007 - PROCEDIMENTOS EXTRAJUDICIAIS A Lei. 11.441/2007 conferiu nova redação ao artigo 610 do Código de Processo Civil, que passou a admitir o inventário e partilha extrajudiciais, realizada por meio de escritura pública lavrada por tabelião, nas hipóteses de inexistência de testamento, capacidade e concordância de todos os herdeiros, adotando modelo similar, mas não idêntico, a outros países, como Portugal e Itália. Assim, caberá às partes escolher entre a via judicial ou extrajudicial, se estiverem dentro dos requisitos dessa lei, ou seja, não houver interessados incapazes ou testamento. O ponto mais saliente da lei é o de não haver necessidade de homologação judicial. Mas se houver testamento ou interessado incapaz, persiste a necessidade de inventário judicial, pois, no testamento, há interesse público e havendo incapaz, há que se assegurar sua plena proteção. Essa escritura pública somente será lavrada se todos os interessados estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada uma das partes, cuja qualidade e assinatura constarão do ato notarial, não sendo necessária procuração vez que a presença do profissional ao ato, junto com os interessados, a torna desnecessária, sendo vedada ao tabelião a indicação de advogados às partes, que deverão comparecer para o ato notarial, acompanhadas de profissionais de sua confiança. 6 - CONCLUSÃO Diante do exposto, pode se deduzir que o procedimento de inventário e partilha possui concepções próprias e com a entrada em vigor da Lei nº 11.441 de 04 de janeiro de 2007, abriu- se a possibilidade de realização de inventário e partilha de forma extrajudicial, desde que não existam incapazes e nem testamento, mas haja consenso entre os herdeiros. Assim, a inovação buscou simplificar a transmissão dos bens que se enquadrem na legislação acima citada de forma rápida, a ser realizado em qualquer Tabelionato de Notas do País, desde que os herdeiros estejam munidos de documentação necessária e de um Advogado. A possibilidade da via Administrativa trouxe muita facilidade e celeridade à elaboração do ato para as partes e os Advogados e contribuiu para aliviar a sobrecarga dos serviços judiciários, pois se realiza em um único ato, ou seja, a lavratura da Escritura Pública. 7 - REFERÊNCIAS Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/aspectos-importantes- sobre-inventario-e-partilha-e-a-possibilidade-da-partilha-extrajudicial/> Acesso em 29/11/2020. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/a-evolucao-historica-do- direito-das-sucessoes/> Acesso em 29/11/2020. Disponível em: <https://www.galvaoesilva.com/inventario-judicial-e-inventario-extrajudicial- quais-as-diferencas/> Acesso em 29/11/2020. Disponível em: https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/2e8e8b40f5b55c03a6296182f5d597a2.pd f> Acesso em 04/12/2020. Disponível em: <https://www.conhecer.org.br/enciclop/2020C/inventario.pdf> Acesso em 04/12/2020. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6556/Lei-n-11441-07-solucao- extrajudicial-para-casos-de-separacao-divorcio-e-inventario> Acesso em 04/12/2020. Disponível em: < https://www.galvaoesilva.com/inventario-judicial-e-inventario- extrajudicial-quais-as-diferencas/> acesso em 07/12/2020.
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