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1 AS TIC’s APLICADAS A EDUCAÇÃO 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................................ 2 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3 2. TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO DIGITAL E SOCIABILIDADE ..... 5 2.1 Tecnologia da Informação ...................................................................................................... 5 3. CULTURA DIGITAL E EDUCAÇÃO ....................................................................................11 3.1 Conceito e Características .....................................................................................................11 3.2 As Três Leis da Cibercultura .................................................................................................13 3.3 A Cultura Digital e a Educação ..............................................................................................15 4. TICS e TDICs .........................................................................................................................19 4.1 As TDICs no Contexto da Educação Atual...........................................................................21 4.2 A Sala de Aula Invertida .........................................................................................................21 4.3 As Contribuições das TDICs para a Sala de Aula Invertida ...............................................25 5. O USO PEDAGÓGICO DAS MÍDIAS SOCIAIS .................................................................28 5.1 Troca de Informação ..............................................................................................................28 5.2 Características da Comunicação On-Line ............................................................................29 5.3 Mídias Sociais e Comunidade Escolar .................................................................................30 5.4 Possibilidades Pedagógicas com as Mídias Sociais ...........................................................31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................36 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A Crescente evolução da informação e da tecnologia provocou profundas mudanças no mundo do trabalho e consequentemente novas exigências no âmbito da educação que precisa atender uma demanda cada vez maior da sociedade e buscar novos cenários e espaços para aprendizagem. Esse contexto indica (re)pensar a educação garantindo maior acesso a todos a educação, qualificação profissional, qualidade na produção de conhecimento e que, reafirmem as noções de ética e cidadania. Uma informação bem assimilada possibilita ao cidadão refletir sobre ela e tomar decisões num contexto cultural, constituindo-se em um instrumento de cidadania e da racionalidade no desenvolvimento organizacional e social. O paradoxo é que nas últimas décadas com a facilidade de acesso as informações, devido as tecnologias são disponibilizadas informações pouco relevantes na rede e/ou sem um contexto ético. Vamos tentar ao longo dessa disciplina responder a uma pergunta importante. Nesta disciplina, tratamos de compreender o que é a cultura digital, para que tenhamos mais clareza de quem é este aluno que nos aguarda nos espaços escolares e não escolares. Em seguida, discutimos e analisamos diferentes TDs — desde as mídias sociais até a robótica — como possíveis recursos para o professor utilizar na sua prática pedagógica. Tentaremos auxiliá-lo a compreender que não há como impedir a cultura digital e mostrar como utilizá-la a seu favor, explorando da melhor forma possível os diferentes recursos das TDs na prática pedagógica. 4 Figura 1: Mudança Cultural. Fonte: Adaptado de SABBAG (2007). 5 2. TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO DIGITAL E SOCIABILIDADE 2.1 Tecnologia da Informação O modelo tecno-econômico da tecnologia da informação e comunicação (TIC) surgiu a partir da revolução industrial utilizada pelos Estados Unidos já no fim da segunda guerra mundial, que deu início à criação de novas indústrias que movimentaram a economia do país no pós-guerra, como a dos computadores eletrônicos, seus programas e componentes (PEREZ, 2009). O desenvolvimento da tecnologia, sua evolução e utilização do computador, deu-se através de diferentes estágios, conforme apresentado na figura abaixo. Figura 2: Ondas sucessivas em tecnologia da informação. Fonte: Adaptado de SABBAG (2007). Podemos conceituar tecnologia da informação e comunicação conforme apresentado abaixo: a) Segundo Sabbag (2007) o termo tecnologia da Informação e comunicação surgiu há cerca de dez anos atrás, substituindo assim a palavra informática. O autor explica que o objetivo primordial da tecnologia de informação e comunicação não era mais somente gerir informação, mas sim conhecimento, o que provocou uma nova ruptura, devido aos estudos relacionados à inteligência artificial ligados à cognição. É o peopleware, e o conhecimento humano como artifício imprescindível na era atual. 6 b) Para Laudon e Laudon (2004), a tecnologia da informação pode ser entendida como um conjunto formado por hardware e software e utilizado para coletar, processar, armazenar, disseminar informação para suporte às decisões. A TIC é o resultado da fusão das telecomunicações, da informática, e das mídias eletrônicas e servem de ferramentas mediadoras do processo educacional como um todo (BOHN, 2011). A escolha da tecnologia está relacionada ao meio mais apropriados para uma situação específica de ensino e aprendizagem e pela elaboração de um assunto pedagógico adequado a eles. Embora seja simples dizer que a tecnologia vem proporcionado avanços na humanidade, não é tão simples conceituar a tecnologia. Analisando a etimologia dessa palavra, verifica-se que é constituída de duas palavras gregas: “tecnhos” e “logia”. Enquanto a primeira palavra significa o processo de se fazer algo, a segunda significa o sistemático entendimento sobre algo. Então, tecnologia pode ser entendida como o conhecimento de se fazer algo, ou melhor, o conhecimento da manipulação da natureza para finalidades humanas (BETZ, 1997). Segundo Turban, Rainer e Potter (2005), a Tecnologia da Informação em si geralmente não é mais o motivo de vantagem competitiva, mas pode ser a base para o uso estratégico da informação, que poderá se constituir nessa vantagem. O novo cenário que se vale das tecnologias da informação e comunicação para educar exige uma estratégia de gestão que contemple aspectos antes não avaliados na busca pela qualidade educacional. O processo ensino e aprendizagem carece, agora, de uma infraestrutura mais especializada que ofereça condições de pôr em prática um aprendizado colaborativo e construtivista ao mesmo tempo. Complementa esse raciocínio a autora Belloni (2005), ao dizer que com o uso de novas ferramentas tecnológicas o gestor da educação deve formular uma nova midiatização do processo ensino e aprendizagem: Essa conjunção de “tecnologias da informação e comunicação com sólidas bases pedagógicas”, exige uma adequada infraestrutura que, valendo-se de um [...] aproveitando ao máximo as potencialidades comunicacionais e pedagógicas dos recursos técnicos: criação de materiais e estratégicas, metodologias, formação de educadores como professores, comunicadores, produtores, tutores, e produção de conhecimento. 7 ambiente virtual de aprendizagem colaborativo, se paute pela qualidade e não somente pela quantidade (BOHN, 2011). Lévy (1996) afirma que vem ocorrendo um movimento de virtualização, o qual atinge os indivíduos, a economia, a sensibilidade coletiva e não só a informação e comunicação. Para o autor, essa virtualização afeta até mesmo a maneira de “estar junto ‟, caracterizados pelas comunidades virtuais, empresas virtuais, cultura virtual, ou seja, a era dominada pelo virtual. Para constatar isso, Levy (2009, p. 31) disserta: c) Para Kenski (2003), tecnologias são “conjunto de conhecimentos e princípios que e se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade”. Para Santos et al. (2002), as tecnologias de informação e comunicação não restringe somente a equipamentos de hardware e software e nem tão pouco à comunicação de dados, mas compreendem todas as atividades que ocorrem na sociedade, as quais utilizam recursos tecnológicos; disseminação social da informação a partir de sistemas informativos inteligentes. O uso desses recursos de TI pode se dar a partir de duas perspectivas: apenas como ferramenta didático-pedagógica - a instrumentalidade – ou um elemento carregado de conteúdo que representa nova forma de pensar e agir - o fundamento (PRETTO, 1994, p. 23). A segunda alternativa representa inserir a escola “num só movimento para a alfabetização da imagem, da comunicação, da informação - e ao mesmo tempo, da língua e da escrita” (FUSARI, 1994, p. 40). Por isso, o contato dos professores com a tecnologia em atividades educativas deve ser diferente daquele que os meios de comunicação de massa proporcionam. Derntl e Motschning-Pitrik (2005) argumentam que as novas tecnologias de informação e comunicação possui potencial para desempenhar um papel significativo com uma aproximação mais efetiva, em termos de maior aprofundamento e processos de aprendizagem ao longo da vida. Segundo os autores, a tecnologia tem mostrado Cada corpo individual torna-se parte integrante de um imenso hipercorpo híbrido e mundializado. Fazendo eco ao hipercórtex que expande hoje seus axônios pelas redes digitais do planeta, o hipercorpo da humanidade estende seus tecidos quiméricos entre as epidermes, entre as espécies, para além das fronteiras e dos oceanos, de uma margem a outra do rio da vida. 8 ser capaz de dar o apoio às pessoas quanto à organização, transferência, e administração de informações. Dessa forma, a tecnologia tem contribuído para promover um amplo espaço para o estudo individual, interação em aula e experiências de aprendizagem mais ricas. Atualmente, os recursos tecnológicos de suporte a cursos on-line permitem estender o acesso à informação e explorar modos de comunicação síncronos e assíncronos, sendo que a seleção e a combinação destes recursos tecnológicos dependerão do modelo adotado, dos objetivos do curso e das características do público-alvo (RAMOS, 2005). No que se refere à comunicação síncrona e assíncrona, Ramos (2005) esclarece que a primeira supõe a comunicação entre pessoas de diferentes localidades por meio da Internet em tempo real, tendo como ferramentas de apoio nesta comunicação os chats (bate-papo), comunicadores instantâneos (msn, skype), vídeo conferência e vídeo chat. Enquanto que o segundo tipo supõe a comunicação entre pessoas de locais diferentes, independentemente do tempo, utilizando-se de ferramentas como o e-mail e o fórum de discussão. As TICs estão nos celulares, radinhos portáteis, televisores domésticos, em livros, em carros, no gps, nas câmeras dos celulares, no cybercafé da esquina, nos meios que podem minimizar a distância entre professores e estudantes na construção do conhecimento. Shapiro e Varian (1999) afirmam que as mudanças que vêm acontecendo são consequência dos avanços da tecnologia. Pode-se dizer que sistema de comunicação e interatividade continuará crescendo alterando a cultura da humanidade, transformando rapidamente a sociedade atual. Segundo Castells (2003, p. 69): “O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo cumulativo entre a inovação e seu uso [...] e as novas tecnologias de informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos.” 9 Segundo Chui et al. (2009), as tecnologias da web 2.0 ramificaram rapidamente entre os usuários nos últimos anos. Redes sociais como o Facebook, Linkedin têm atraído milhões de usuários. Os autores resumem os principais tipos tecnológicos utilizados, apresentando uma breve descrição por função e a categoria de tecnologia que estão inseridos, conforme apresentado na seguinte tabela: Quadro 1: Ferramenta tecnológica interativa. Tecnologia WEB 2.0 Descrição Categoria da Tecnologia Wikis, comentários e espaços de trabalho compartilhado Facilita a criação conjunta de conteúdos e aplicações em larga escala, distribuída por um grupo de usuários Ampla colaboração Blogs, podcasts, videocasts, peer to peer Oferece aos usuários uma forma de comunicar/compartilhar informações com um amplo grupo de outros usuários Ampla comunicação Previsão de mercado, informações de mercado, votação Explora o poder coletivo da comunidade gerando uma série de respostas derivadas desta coletividade Estimativas de grupo Tags, rastreamento de usuário, classificação, RSS Incluir informações adicionais para priorizar a informação ou valorizar a informação Criação de metadados Rede social, mapeamento de redes Aproveita a conexão entre pessoas para Grafo social 10 oferecer novas aplicações Fonte: Adaptado de Chuí et. al. (2009). Observando algumas tecnologias exemplificadas no quadro acima, podemos citar que basicamente, o mundo moderno e a utilização das TICs estão vinculados a quatro pressupostos, segundo Neri (2012): Conectividade: representa a capacidade de se acessar às TICs a partir de lugares os mais diversos, portanto com mobilidade espacial proporcionada por acesso sem fio. A conectividade está em acessar tanto a internet (e-mail, Skype, facebook etc) ou o serviço de telefonia (celular, 3G, 4G, Wi Fi). A conectividade permite que se multipliquem os locais de acesso; Convergência: possibilidade de se valer da conectividade em um único dispositivo, como computador, celular, tablet etc. Significa unificar dispositivos de acesso; Conteúdo: diz respeito ao que está sendo transmitido pelas vias digitais (vídeo, áudio, jogos, aulas etc), de modo que satisfaça de forma individual ou coletiva quem deseja o acesso digital; e Capacidade: está ligado ao conceito de “capabilities” que trata da capacidade humana em potencializar as suas escolhas. A tecnologia da informação e da comunicação afeta cada vez mais a vida das pessoas a todo tempo. Atualmente tornou-se rotina a potencialização das atividades humanas com a utilização da TIC, como exemplo podemos citar: uma simples marcação de consulta médica, movimentação bancária, reconhecimento de voz, cabines de aeronaves onde praticamente cabe ao piloto somente a gestão do vôo, pois o restante é executado por agentes tecnológicos (ALMEIDA, 2012). 11 3. CULTURA DIGITAL E EDUCAÇÃO Figura 3: Cultura Digital. Fonte: Adaptado de SABBAG (2007). 3.1 Conceito e Características A cultura digital é uma nova cultura que surge a partir da digitalização das tecnologias analógicas, com o uso do microcomputador, além do desenvolvimento da cibernética, linguagens de programação, e ainda recebe influências de fatores sociais, políticos, econômicos, etc. Para entender melhor as características da cibercultura, usaremos o teórico Lévy (1999), que utiliza termos como ciberespaço e cibercultura, que surgem no cenário digital. De acordo com ele: 12 Ou seja, ciberespaço e cibercultura estão interligados, sendo que cibercultura, nos termos de Lévy (1999), é a expressão usada por ele para se referir à cultura digital. O ciberespaço é um espaço de comunicação aberto, formado por um conjunto de sistemas de comunicação eletrônicos, que transmitem informações provenientes de fontes digitais. É um meio que associa todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação. A informação nesse ambiente tem caráter virtual: Fluída, Tratável em tempo real, Interativa, etc. A cibercultura, que é a cultura que surge desse ambiente, expressa o desejo de construção de um laço social, segundo Lévy (1999). O laço social é formado a partir das possibilidades de criação de comunidades virtuais com os mesmos interesses e de processos abertos de colaboração. O ambiente das tecnologias digitais pode ser propício para a criação de laços. Cerveró (2007) menciona a cibercultura a partir da reformulação do conceito de cultura que conhecemos, que ainda está relacionada à escrita, e nos remete à cultura clássica e humanista. A cultura digital, de certa forma “desestabiliza” esta cultura clássica, pois representa um novo marco de uma sociodinâmica cultural. Resumindo, a cibercultura (ou cultura digital) tem sido amplamente associada à aparição de novas formas culturais vinculadas ao uso da internet. Não é só a cultura dos computadores — a [...] ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo "cibercultura", especifica o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 14). 13 cibercultura surge a partir da interação entre ciberespaço e cultura (GEERTZ, 2000). A cibercultura reúne formas de significar e de atuar/interagir no ciberespaço, formas que são diferentes das que existiam antes de sua chegada. (CERVERÓ, 2007). Figura 4: Laço Social. Fonte: Adaptado de SABBAG (2007). 3.2 As Três Leis da Cibercultura Após discorrer sobre os principais conceitos sobre cibercultura, recorremos às três leis principais que caracterizam e dão identidade à cultura digital a partir da visão de Lemos (2010). As três leis nos ajudam a compreender a atual cibercultura. São elas: a lei da liberação do polo de emissão, da reconfiguração sociocultural e de conexão em rede. a) A primeira lei: liberação do polo de emissão — a liberação do polo de emissão se torna possível com o advento da geração da web 2.0, em que o receptor passa a emitir sua própria informação, usando várias mídias diferentes e em uma escala global, fato potencializado pelas tecnologias digitais e a interatividade. Essas são características importantes que formam a cultura digital. A cultura digital é formada pelos “produsuários” (junção dos termos “produtor” e “usuário”). Há vários exemplos decorrentes da lei da liberação do polo de emissão. Com a postura ativa dos usuários como produtores de conteúdo, há uma redefinição dos direitos de propriedade intelectual, discussão fortemente ligada à prática do software de fonte aberta, por exemplo. Adaptadas ao ambiente de cultura digital, criam-se novos tipos de licenças mais abertas de uso, modificação e distribuição de conteúdo. 14 A liberação do polo de emissão ainda atende a uma comunicação de auto-- organização, e também de nível sociopolítico, independentes da mediação do sistema de mídia tradicional. Cabe mencionar aqui o exemplo das manifestações a partir do ano de 2010 contra a ditadura nos países árabes, fato que ficou mundialmente conhecido como “Primavera árabe”, em que cidadãos comuns utilizaram as redes sociais para multiplicar rapidamente mensagens vindas de pequenos grupos, sensibilizando o mundo todo. Aqui vemos princípios de coletividade e colaboração, que também estão muito presentes na cultura digital. b) A segunda lei: princípio de conectividade generalizada (conexão em rede) — lei que caracteriza a cibercultura atenta para o princípio de conexão em rede. “[...] É preciso emitir em rede, entrar em conexão com os outros, produzir sinergias, trocar pedaços de informação, circular, substituir” (LEMOS, 2009, p. 40). Essa troca em rede potencializa o cenário de inteligência coletiva - um conceito de Pierre Lévy, que é um alicerce importante da cultura digital. A inteligência coletiva é moldada por meio das tecnologias digitais de forma colaborativa. As conexões sociais, estabelecidas pela utilização das redes abertas na internet, possibilitam um processo em que as inteligências individuais são somadas, compartilhadas e potencializadas. Essa rede de troca mútua só é possível pela lei de conectividade generalizada. Ou seja, a cibercultura é formada por uma rede interativa, de troca e compartilhamento entre pessoas, comunidades, grupos, etc. Podemos citar como exemplo as redes de ensino a distância, que se favorecem desse princípio e desenvolvem sistemas de aprendizagem colaborativa em rede. Estudantes do mundo inteiro trocam ideias, conhecimentos, interesses, etc. c) A terceira lei: lei da reconfiguração sociocultural — a cultura digital, formada pela postura ativa do usuário como produtor de conteúdo, em um ambiente colaborativo e de conexão generalizada, contribui com mudanças significativas quanto a práticas e instituições sociais e culturais. A cultura digital reconfigura a indústria cultural massiva, e modifica as redes de sociabilidade da sociedade industrial. A cultura trazida pelas tecnologias digitais tem enriquecido a diversidade cultural mundial. O cenário de comunicação em rede se contrapõe aos modelos massificados de indústrias e de comunicação, trazendo à tona as culturas locais em meio ao global supostamente homogeneizante. Com a possibilidade trocar e compartilhar os mais diversos conteúdos, amplia-se o acesso aos mais variados tipos de produção artística, cultural, etc. 15 3.3 A Cultura Digital e a Educação Vimos, no tópico anterior, as principais leis que caracterizam a cultura digital, ou cibercultura. A postura ativa dos usuários na produção de conteúdo, a conectividade generalizada, e a reconfiguração do cenário sociocultural são as bases dessa nova cultura. E o que a educação tem a ver com tudo isso? A cultura digital cria um novo cenário de participação social, cultural, profissional, etc. É por meio do uso dessas tecnologias que “medimos” o quanto alguém pode estar totalmente inserido na nova sociedade da informação, ou excluído. É nesse ponto que entra a educação: além de se aproveitar das ferramentas digitais, a principal missão das entidades escolares é incluir as pessoas nesse cenário de participação digital, desenvolvendo competências e habilidades para tal objetivo. Posto isso, não basta apenas relacionar a cultura digital e escola sem pensar na necessidade de reformular práticas de alfabetização. Conforme nos alertam Lee e So (2014, p. 138), “[...] as pessoas precisam de competências e habilidades não tradicionais para lidar com a mudança dos ambientes sociais e tecnológicos”. SAIBA MAIS ... A web 2.0 é uma geração da internet que permitiu consideráveis avanços e enriqueceu a cultura digital. A internet, na sua primeira geração, chamada de web 1.0, colocava os usuários apenas na condição de consumidores, que acessavam o conteúdo divulgado por empresas que “dominavam” essa época da web. Não havia comunicação de duas vias, a interação era mínima. O número de usuários conectados nessa grande teia de rede virtual, até o ano de 2003, ainda era inexpressivo. A internet, nessa época, funcionava como uma televisão: o conteúdo vinha pronto, apenas permitindo navegar por meio dos links. A partir dos anos 2000, o surgimento da web 2.0 desenvolve uma série de ferramentais digitais que permitem ao usuário abandonar a condição de mero consumidor de informações para se tornar também produtor de conteúdo — o que muda a forma de comunicação com os outros e nossa experiência on-line, que se torna muito mais interativa. Ou seja, você não precisa mais saber linguagem de programação para criar o seu próprio site: começam a surgir ferramentas prontas para isso. Os blogs, por exemplo, são exemplos clássicos dessa geração da história da internet. Facebook, YouTube, Twitter, são exemplos de ferramentas da internet 2.0. A produção e o compartilhamento da informação são pilares essenciais dessas novas ferramentas, que formam as principais redes sociais da atualidade. 16 Ser alfabetizado hoje, em meio à cultura digital, inclui saber ler e escrever não só pelos meios tradicionais, mas também através das tecnologias digitais. Tirar proveito educativo e como cidadão desse cenário digital vai muito além de atuar apenas como mero consumidor de conteúdo. Observa-se que os alunos, em sua maioria, chegam às escolas repletos de habilidades associadas à cultura digital. Muitos sabem manusear dispositivos móveis desde cedo, fazer buscas básicas em motores de busca on-line, sabem filmar, fotografar, fazer edições básicas, usar editores de textos, jogos, etc. No entanto, o principal desafio da escola não é somente garantir o acesso a essas tecnologias e à formação técnica, mas a formação para o uso ético e crítico da própria tecnologia, engajando o aluno na cultura digital como participante ativo, crítico e cidadão. Mas, quando falamos de alfabetização para a cultura digital, que tipo de alfabetização falamos? A Unesco, em um relatório de 2013 (WILSON et al., 2013), resolveu unir todas as alfabetizações necessárias para o desenvolvimento de habilidades importantes para o cenário digital. A essa reunião de várias áreas a Unesco nomeou de “alfabetização midiática e informacional (AMI)”, conforme a Figura 1, a seguir: Figura 5: A união de várias áreas de alfabetização para o cenário digital. Fonte: Wilson et al. (2013, p. 19). Vemos que, do ponto de vista da Unesco, a alfabetização ideal para o cenário de cultura digital reúne práticas e conhecimentos de várias áreas. Assim, como as tecnologias convergem, não faz mais sentido tratar cada área dessa de maneira 17 isolada, e sim holística. A seguir, no Quadro 1, vamos apresentar as principais habilidades que consideramos relevantes para o ambiente de cultura digital. Quadro 2: Habilidades para o século XXI e para a cultura digital. HABILIDADE DESCRIÇÃO Jogar A capacidade de experimentar o meio digital como uma forma de resolução de problemas. Performance A capacidade de adotar identidades alternativas para fins de improvisação e descoberta. Simulação A capacidade de interpretar e construir modelos dinâmicos de processos do mundo real. Apropriação A capacidade de se apropriar e remixar conteúdo de mídia de maneira significativa. Multitarefa A capacidade ou habilidade de executar e gerenciar simultaneamente duas ou mais aplicações ou realizar duas ou mais tarefas simultâneas. Cognição distribuída A capacidade de interagir de forma significativa com ferramentas que expandem capacidades mentais. Inteligência coletiva A capacidade de reunir conhecimento e compará-lo com outros em direção a um objetivo comum. Julgamento A capacidade de avaliar a confiabilidade e credibilidade de diferentes fontes de informações. 18 Navegação transmídia .A capacidade de acompanhar o fluxo de informações através de múltiplas modalidades. Networking A capacidade de procurar, sintetizar e disseminar informações Negociação A capacidade de se envolver em diversas comunidades on-line, discernindo e respeitando múltiplas perspectivas, e seguindo normas alternativas que visam o respeito mútuo Fonte: Adaptado de Lewis (1997). 19 4. TICS e TDICs De acordo com Kenski (2012), a palavra tecnologia nos remete muito além de uma máquina. O conceito de tecnologia é amplo e diz respeito à totalidade de coisas que o cérebro humano é capaz de criar e construir, em todas as épocas. Os óculos são uma tecnologia, a escrita é uma tecnologia, e assim por diante. As tecnologias têm 1. suas formas de uso; 2. suas aplicações. Visam a atender as necessidades humanas. São geradas a partir da utilização de: 1. diversos recursos; 2. de técnicas; 3. conhecimento científico. Se tornam ferramentas instrumentais e simbólicas. Para Kenski (2012, p. 24), o conjunto de “[...] conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade, chamamos de tecnologia”. Cada época da história humana foi marcada por suas revoluções tecnológicas. Sem dúvida, a era em que estamos é marcada pela tecnologia digital, que abrange um conjunto de tecnologias que revolucionou as últimas décadas. As tecnologias digitais, diferentemente das analógicas, permitem transformar dados em números binários, isto é, em “zeros” e “uns” (0 e 1). Ou seja, um texto ou uma imagem são “lidos” pelos dispositivos digitais em linguagem numérica e aparecem para nós na forma final de uma linguagem que conhecemos. A tecnologia digital supera em vários aspectos a tecnologia analógica, que funciona por meio do sinal analógico, considerado hoje inferior ao sinal digital. Essas tecnologias digitais revolucionaram a indústria, a comunicação, a economia e a sociedade de forma geral. Com elas, as formas de armazenamento e de difusão de informação se expandiram, a comunicação passou a ser em rede e a informação passou a ser descentralizada. A tecnologia digital gera vários outros tipos de tecnologias, como as TDICs, que são o cerne desse processo de revolução digital e surgem no contexto da Revolução Informacional, chamada também de Revolução Telemática ou, ainda, Terceira 20 Revolução Industrial, que acontecem a partir da segunda metade da década de 1970 e avançam nos anos 1990. As TDICs envolvem tanto dispositivos quanto softwares relacionados à comunicação e à disseminação de informação: • Telefones celulares, • Smartphones, • Programas de acesso à internet • Conteúdos midiáticos como podcasts, blogs, etc. Belloni (2008) indica dois principais componentes que formam o conceito de TDICs: a comunicação e a informação. Ela considera a comunicação como processo que pode se articular por meio das redes multisserviços, capazes de proporcionar interações mais efetivas. Já a informação se relaciona com o conteúdo, que pode estar em vários formatos e linguagens: vídeos, textos, imagens, etc. Figura 6: A educação tradicional. Fonte: Wilson et al. (2013, p. 19). 21 4.1 As TDICs no Contexto da Educação Atual Apesar de evoluir vários aspectos da comunicação humana, o processamento e a propagação de informações e as TDICs geram novas demandas para a alfabetização. A escola precisa incorporar a cultura gerada pelas TDICs, seus materiais, suas técnicas, seus usos, etc. em suas práticas cotidianas pedagógicas, em todos os níveis de ensino. Torna-se necessária a mudança de paradigmas de “[...] uma prática pedagógica conservadora, repetitiva e acrítica” (BEHERNS, 2000, p. 69) para práticas que se apropriem das tecnologias digitais de forma significativa, que favoreçam metodologias ativas de ensino e aprendizagem mais coerentes com a dinâmica do mundo digital, assim como o desenvolvimento de habilidades e competências aclamadas pela era digital. Vários estudiosos defendem que as propostas pedagógicas estejam entrelaçadas com as TDICs, que podem contribuir de várias maneiras para otimizar o processo de ensino e de aprendizagem. Com a convergência de linguagens, as TDICs podem contribuir expressivamente para a absorção das informações e aproveitamento do conhecimento pelo aluno. Porém, além disso, o que se tem enfatizado também é a forma como as TDICs têm contribuído para desenvolver metodologias de aprendizagem abertas que estão associadas a concepções mais construtivistas do processo de aprendizagem de sujeitos autônomos (BELLONI, 2008). Nessa perspectiva, são muitas as possibilidades pedagógicas com as TDICs que podem trazer melhorias no processo de ensino-aprendizagem, o que se torna fundamental à integração delas na educação. Além da simples inserção dessas tecnologias no ambiente escolar, o que se espera é que sejam criadas novas formas e técnicas para a adoção de metodologias de aprendizagem abertas e ativas, como a sala de aula invertida, ou flipped classroom, que vamos detalhar no próximo tópico. 4.2 A Sala de Aula Invertida Considerada uma metodologia ativa, a sala de aula invertida (ou fl ipped class- room) se delineia por uma abordagem pedagógica que faz a inversão do espaço escolar tradicional, e tem se apoiado na utilização das TDICs. De maneira geral, em uma aula convencional, o professor é quem vai transmitir a informação para o aluno. Este, por sua vez, após a aula, deve estudar o 22 material que foi transmitido ou realizar alguma atividade/exercício sobre o conteúdo para reforçar o que foi aprendido. Na abordagem da sala de aula invertida, o aluno estuda o conteúdo antes da aula presencial. O encontro presencial entre alunos e professores se torna um espaço de aprendizagem ativa, em que há questionamentos, discussões e atividades práticas, geralmente em grupo. O professor fica focado não mais em expor o conteúdo, mas sim trabalhar as dificuldades dos alunos. Embora já exista, há um tempo, esse tipo de metodologia ganha bastante espaço na era digital, especialmente em cursos semipresenciais ou mesmo a distância. Na ocasião, os alunos estudam o conteúdo em ambiente on-line, antes de frequentar a aula presencial, que passa a ser o momento para trabalhar os conteúdos já vistos. Nessas aulas presenciais, o professor vai mediar atividades práticas de caráter colaborativo que podem envolver resolução de problemas e projetos, discussão em grupo, práticas laboratoriais, etc. Becker (1997 apud SACCOL et al., 2011, p. 103) enfatiza o modelo pedagógico relacional que se forma na sala de aula invertida, em que o professor possibilita o acesso às informações, permitindo que o educando se aproprie dessas informações e experimente o processo de aprendizagem. O professor abandona seu papel principal de transmissor de conteúdos e passa atuar, na sala de aula presencial junto aos alunos, como mediador, problematizador, instigador, orientador e articulador do processo. Esse modelo pedagógico favorece condições para que o aluno construa seu conhecimento em qualquer ambiente, a qualquer momento, por meio de dispositivos móveis, tendo acesso a conteúdo midiáticos diversos, como material de estudo. AS METODOLOGIAS ATIVAS O modelo mais conhecido e praticado nas instituições de ensino é aquele em que o aluno acompanha a matéria lecionada pelo professor por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos. Esse método é conhecido como passivo, pois nele o docente é o protagonista da educação. Já na metodologia ativa, o aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. Sendo assim, o objetivo desse modelo de ensino é incentivar que a comunidade acadêmica desenvolva a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa. 23 Para Moran (2012, p. 30), “[...] as tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor — o papel principal — é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá- los”. Os conteúdos teóricos da tradicional aula expositiva agora “ganham vida” por meio de outras plataformas em formatos e linguagens diversos no ambiente digital. São vídeos, jogos, podcasts, e-books, etc. Para Belloni (2008), a utilização e o acesso desses conteúdos digitais “[...] é sobretudo uma atividade de consulta, de busca de conhecimentos em fontes diversas, e se assemelha à consulta bibliográfica a livros, enciclopédias, documentos, etc.” (BELLONI, 2008, p. 72). A sala de aula invertida é uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem considerada inovadora, pois, além de demandar do docente uma mudança de postura e abordagem, engaja o aluno para participar mais em atividades que visam à construção do seu conhecimento. A abordagem ainda propõe uma reformulação dos espaços de aula presenciais (Figura 6 e 7). Figura 7: A educação tradicional. Fonte: Wilson et al. (2013, p. 19). 24 Figura 8: Inovações na sala de aula. Fonte: Wilson et al. (2013, p. 19). A Figura 7 mostra uma sala de aula convencional, em que os alunos assistem às aulas em carteiras individuais, enfileirados, e o professor transmite os conteúdos. A Figura 8 mostra uma realocação dos alunos e do professor, que agora trabalham em grupo, em mesas conjuntas, sendo o professor o mediador do processo e a tecnologia o auxílio no acesso e estudo dos conteúdos disciplinares. Destacamos algumas características que devem fazer parte da sala de aula invertida, conforme pontuam Bennett et al. (2012): As discussões devem ser levadas pelos próprios alunos à sala de aula após estudo do conteúdo disciplinar; O trabalho colaborativo deve ocorrer entre os alunos; Os estudantes podem desafiar ou questionar uns aos outros durante a aula, em função do conhecimento adquirido; Os alunos devem trazer perguntas exploratórias e têm a liberdade de ir além do currículo básico da disciplina; Os estudantes se mostram ativamente engajados na resolução de problemas e no desenvolvimento do pensamento crítico. Assim, com a sala de aula invertida percebemos que os estudantes deixam seu papel limitado de apenas receber conteúdos como ouvintes passivos e passam a atuar como alunos ativos no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o estudante se torna sujeito no contexto do aprendizado, se engaja em atividades práticas e colaborativas em grupo e acaba interagindo mais com o professor. 25 4.3 As Contribuições das TDICs para a Sala de Aula Invertida Considerando a sala de aula invertida uma metodologia híbrida, ou seja, que combina momentos virtuais, ou seja, on-line, com encontros presenciais, o uso das TDICs entra em cena especialmente no momento de estudo individual, em que os alunos terão acesso aos materiais em ambiente on-line para estudo e depois participar das atividades presenciais. Lembrando que o acesso a esses materiais e o uso de ferramentas digitais também poderá fazer parte das atividades presenciais. Na sala de aula invertida, o docente entra como principal responsável por criar e disponibilizar os materiais diversos para estudo, como vídeos, podcasts, e-books, etc. Agora, o professor tem mais recursos on-line para expor as informações de sua disciplina, e não precisa ficar preso à lousa e ao giz ou ao Power Point. O universo on-line abriga uma convergência de mídias e linguagens, que contribuem para expandir a construção de conhecimento. No espaço virtual, o professor pode contar com várias ferramentas, softwares, comunidades on-line e plataformas de estudo que vão “abrigar” conteúdos diversos. A pretensão é que o docente distribua o conteúdo aproveitando a potencialidade de cada mídia e linguagem, conforme o conteúdo disciplinar. Para isso, é importante que o professor compreenda algumas das principais contribuições que cada mídia on-line e suas linguagens podem ter como material de estudo para a sala de aula invertida. A seguir, vamos falar de vídeos, podcasts, e-books e comunidades on-line, mas há vários outros conteúdos e ferramentas que podem ser explorados. Os vídeos recorrem à linguagem do audiovisual e exploram vários sentidos: visão, audição, etc. Os vídeos são ótimos materiais de estudo, pois podem auxiliar o estudante a compreender conceitos de forma mais visual do que por meio da linguagem verbal. Pode ser usado para demonstrações de aplicações, exemplos, conhecimentos mais práticos e procedimentos. Permitem usar imagens fixas ou em movimentos para ilustrar conteúdos teóricos e podem variar quanto ao gênero: Podem ser videoaulas; Documentários; Em formato de entrevista, etc. O importante é que o vídeo não seja monótono nem muito longo, lembrando que será acessado no ambiente on-line. Um mesmo assunto pode ser dividido em 26 vários vídeos, em gêneros diferentes. O professor pode criar seus próprios vídeos, editá-los ou mesmo buscar por conteúdos prontos. Por exemplo, um professor de história pode usar documentários reunindo relatos, imagens e notícias de um período histórico. É muito mais estimulante e interessante que uma aula teórica. Ele pode ainda recorrer a vídeos de canais on-line, como o canal da TV Escola no YouTube, que traz vídeos de acesso gratuito com caráter educativo. O aluno terá contato com esses conteúdos e depois vai levar as discussões para a sala de aula presencial. Os podcasts são arquivos digitais de áudio, geralmente em formato .mp3, que podem ser acessados on-line e também arquivados nos aparelhos celulares ou computadores pessoais, por exemplo, para serem ouvidos posteriormente. O potencial do podcast é a linguagem sonora, que estimula o aluno a ouvir atentamente o conteúdo, incentivando a criatividade e a imaginação. O professor pode recorrer ao podcast para expor pequenos resumos de um tema de aula, ou mesmo criar narrativas cativantes sobre um determinado assunto, somente utilizando a voz, com linguagem simples e curta duração. Um podcast pode ter de 1 a 3 minutos. O professor pode fazer vários podcasts com trilha sonora e efeitos sonoros, para tornar o material mais interessante. O podcast é um recurso atrativo para a educação, pois pode ser acessado de dispositivos móveis a qualquer momento e lugar, e permite uma linguagem mais informal. Exemplo: o professor pode combinar videoaulas sobre vários conceitos e depois trazer um resumo destes nos podcasts. Pode, ainda, usar os podcasts para narrar e criar histórias envolvendo o conteúdo da disciplina, com objetivo de cativar o aluno e estimular sua imaginação. O professor de geografia, por exemplo, pode usar os vídeos para demonstrar os biomas brasileiros, por meio de imagens. Como complemento, pode usar os podcasts para criar histórias de personagens em meio a esses biomas, com objetivo de incentivar a imaginação e “transportar” o aluno para um bioma de uma região específica. Por exemplo, a caatinga: o docente pode criar uma história de um personagem que vive na caatinga por meio do podcast e, assim, estimular a imaginação do estudante para dentro daquele bioma. Os e-books são livros adaptados para o ambiente on-line, que podem suportar conteúdos mais teóricos e completos. Podem trazer imagens, links para outras páginas na web, etc. O interessante do e-book no meio virtual é que ele pode ser 27 interativo e hipertextual ao permitir a interligação com outros conteúdos. O e-book pode ser ponto de partida para que o aluno complemente sua leitura com esses links, que podem levar a vídeos, podcasts, etc. O e-book não pode ser muito extenso, considerando a leitura em ambiente on-line. O professor pode indicar e-books na internet para leitura ou criar os seus. Esse material pode ser a principal base da disciplina, complementado por outros materiais. Os temas podem ser divididos em capítulos. Um bom exemplo de utilização e aproveitamento do material é o professor de qualquer área disponibilizar o conteúdo completo da disciplina no formato de e-book e depois criar materiais complementares. Tanto as redes sociais quanto as comunidades on-line são ótimos recursos para estudo dos alunos na sala de aula invertida. Eles podem se reunir nesses grupos on- line para trocar ideias sobre o material, promover discussões e sanar dúvidas, de forma colaborativa. Por exemplo, os professores podem criar grupos e comunidades on-line para discussão e eventuais dúvidas sobre o estudo individual. É uma boa forma de sanar as dúvidas durante o momento de estudo, tanto com o próprio docente como os outros colegas. O professor ainda pode usar esses ambientes de comunidade on-line para divulgar mais materiais, deixar avisos e outras informações referentes à disciplina. Em uma proposta de sala de aula invertida, vimos que o estudo e o acesso a esses materiais acontecem individualmente por cada aluno. E como garantir que eles realmente estudaram e exploraram o material, já que o professor estará ausente fisicamente nesses processos? Existem várias formas de acompanhar esse estudo por meio de: Questionários aleatórios e diferentes para cada aluno, que valem pontos e testam os conhecimentos aprendidos; Realização de tarefas, como resumos e resenhas críticas dos conteúdos vistos, que devem ser enviados ao professor antes da aula presencial; Discussão e fórum on-line, em que o professor deve instigar os alunos a exporem os conceitos apreendidos e avaliar a participação de cada um. 28 5. O USO PEDAGÓGICO DAS MÍDIAS SOCIAIS 5.1 Troca de Informação As mídias sociais já fazem parte de nosso cotidiano, e no ambiente escolar são importantes ferramentas pedagógicas e de comunicação com toda a comunidade escolar. Mas o que são as mídias sociais? Andreas Kaplan e Michael Haenlein (2010) conceituam as mídias sociais como “[...] um grupo de aplicações para Internet construídas com base nos fundamentos ideológicos e tecnológicos da Web 2.0, e que permitem a criação e troca de Conteúdo Gerado pelo Utilizador (UCG)”. Ou seja, qualquer uma das grandes características da mídia social é que ela permite o compartilhamento de informações, que gera discussão, troca de ideias, etc. Os blogs podem ser considerados mídias sociais, assim como as plataformas: Facebook; YouTube; Instagram; Twitter, entre outras. As mídias sociais nascem na Web 2.0, que é a fase histórica da internet que permite que o usuário não só receba conteúdo ao acessar as redes, mas produza seu próprio conteúdo e compartilhe. A Web 2.0 reconfigura o cenário entre emissor e receptor, o que Lemos (2005) chama de liberação do polo de emissão. Nessa perspectiva, surge uma variedade de mídias sociais com esse propósito. Conforme expõe Hardagh (2009), a expansão e o sucesso das mídias sociais, que também são redes sociais, comprovam necessidades humanas anteriores ao surgimento da internet: os desejos de estar junto, se comunicar, compartilhar e colaborar, que são inatos do homem. O advento da internet reforça essas necessidades e abre mais possibilidades de interação, troca da informação e colaboração jamais vistas. As mídias sociais atraem facilmente milhares de pessoas, pois atendem a necessidades inerentes ao ser humano e criam espaços muito úteis em vários setores sociais, um deles é a educação. As comunidades escolares, assim como os docentes em sala de aula, podem usar essas mídias para promover a discussão e o 29 compartilhamento de ideias e experiências, de interesse de toda a comunidade e também sobre temas tratados em aula. 5.2 Características da Comunicação On-Line A troca de informações via mídias sociais é uma oportunidade enriquecedora porque acaba favorecendo uma troca colaborativa, de comunicação de “todos para todos”, que estimula também a produção autoral de conteúdos e a participação ativa dos alunos e de toda a comunidade escolar de temas de interesse da escola, por meio de canais com interface fácil de usar e muito acessíveis a todo lugar e momento. A comunicação é horizontal, ou seja, não é um canal que se apresenta de forma hierárquica. Todos podem compartilhar e trocar informações — docentes com alunos, alunos com alunos, alunos com direção, direção com pais e vice-versa. As mídias sociais favorecem esta troca mútua, em que todos ganham voz para opinar, diferente de canais institucionais ou tradicionais de comunicação, em que se estabelece uma relação mais hierarquizada. A produção autoral nesses canais é estimulada através das ferramentas de publicação de texto, imagem, vídeo, etc. Essas plataformas já são elaboradas visando a atividade de produção e comunicação de ideias dos seus usuários. Isso é muito favorável para engajar os alunos, fazendo com que eles colaborem compartilhando conteúdos de interesse para toda a comunidade escolar. Esses aspectos acabam facilitando a aproximação da escola com seu público, e permite que se gerem discussões sobre temas diversos, inclusive trabalhados em sala de aula. O trabalho com as mídias sociais, nessa perspectiva, deve ser mediado pela direção e gestores da instituição, a fim de acompanhar as interações promovidas pelos alunos e restante do público da escola. O acompanhamento deve ter objetivo de trazer um feedback para a escola sobre o que os alunos estão discutindo e trocando ideias, mas não deve virar uma forma de controlar nem monitorar os alunos. Deve-se ainda mediar as discussões para resolver eventuais conflitos e evitar qualquer comportamento intolerante que pode surgir, visto que o ambiente de redes sociais é marcado pela diversidade e divergência de opiniões e posicionamentos. 30 5.3 Mídias Sociais e Comunidade Escolar As mídias sociais, assim como as redes sociais, se usadas de forma estratégica, planejadas, podem ser muito favoráveis para toda a comunidade escolar. A escola pode se aproximar mais da comunidade, inclusive envolvendo o público externo para as suas atividades. Considerando os professores integrantes dessa comunidade escolar, é preciso pensar como o docente pode agregar essas tecnologias como oportunidades pedagógicas. As mídias sociais podem ser usadas para desenvolver aulas mais interessantes, promover troca e interação, além do engajamento dos alunos. O fato de existirem mídias sociais muito populares — tais como Facebook, YouTube, etc., faz com que o trabalho com elas em sala de aula geralmente tenha uma boa aceitação. No mesmo patamar, há necessidades da inclusão digital, em uma perspectiva que inclua os alunos na internet com protagonismo. Para Siqueira (2007, p. 89) “[...] tanto mais inseridas estarão as pessoas quanto mais puderem acessar, avaliar e produzir conteúdo usando essas tecnologias e linguagens”. Assim, cabe ao professor aproximar-se dos alunos por meio das mídias sociais, mas dentro de uma concepção pedagógica que também considere as expectativas dos próprios alunos, que se sentem cada vez mais à vontade para utilizar ferramentas Fique Atento! Redes sociais e mídias sociais são termos comuns que costumam ser usados como sinônimos, mas existem diferenças. O termo rede social já existe mesmo antes da internet e faz referência ao relacionamento com as pessoas, que se agrupam em redes e comunidades que compartilham valores e objetivos em comum. Ninguém precisa estar conectado à internet para fazer parte das redes sociais. Já o termo mídias social se relaciona com as novas mídias de informação e comunicação que nascem no bojo da Web 2.0 e permitem gerar e disseminar conteúdo. Toda rede social on-line, que permite conexão com outras pessoas, ao fornecer ferramentas de publicação e compartilhamento de conteúdo também é uma mídia social. Ou seja, o Facebook pode ser uma mídia social e rede social ao mesmo tempo — a rede social é uma parte integrante da mídia social Facebook. Contudo, nem sempre uma plataforma on-line com interatividade vai ser uma rede social. O YouTube é uma rede social ou uma mídia social? É uma mídia social, pelo fato de o foco principal não ser a comunicação entre as pessoas, e sim o compartilhamento de conteúdo em vídeo. 31 on-line. Litto (2006, p. 77) diz que “[...] é possível afirmar que estamos no ápice de uma revolução que mudará o nosso tradicional e convencional sistema de educação, oferecendo mais poder ao aprendiz, e que exigirá mais inteligência e criatividade do professor”. Há várias possibilidades pedagógicas com o uso das mídias sociais, e veremos algumas dessas possibilidades no próximo tópico. Para as escolas e gestores educacionais, os benefícios de usar as redes sociais também são muitos. Pelo fato de serem mecanismos fáceis de usar, as escolas podem criar e organizar suas próprias páginas e canais nas mídias sociais, colocando constantemente conteúdos de interesse da comunidade escolar-que inclui alunos, pais, docentes, comunidade do bairro, etc. As mídias sociais têm ferramentas que permitem criar agenda de eventos, por exemplo, o que pode ser uma maneira de alcançar seu público e mantê-lo mais participativo e informado quanto às atividades que acontecem na escola. A escola pode usar as mídias sociais para a função de “jornal-mural”, só que agora on-line, com notícias, fotos, etc. Pode-se usar uma ou mais mídias sociais, combinando-as e explorando as especificidades de cada uma. Essas redes ainda podem ser muito úteis para as escolas no sentido de favorecer a formação de um registro histórico. Fotos, textos e vídeos postados nessas mídias podem render um material rico para a memória escolar. O trabalho com as mídias sociais ainda favorece o debate de temas rela- cionados à escola. Pode-se criar enquetes, petições on-line, etc., que engajam a comunidade para assuntos de interesse. Por exemplo, uma escola pode usar as mídias sociais para avaliar a satisfação dos pais e alunos quanto aos serviços prestados pela escola, além de “colher” novas ideias, e assim, de forma colaborativa, todos podem contribuir para melhorias às escolas. Pois, como diz Lévy (2003), as ferramentas da Web 2.0 potencializaram a ação dos indivíduos nesse ciberespaço e de inteligência coletiva, que propicia atitudes colaborativas em rede. 5.4 Possibilidades Pedagógicas com as Mídias Sociais Quando falamos em usar as mídias sociais com sentido pedagógico, é necessário considerar o pilar da aprendizagem como objetivo primordial. Isso porque, por estarem em um ambiente que mistura informação e entretenimento, pode 32 acontecer de o trabalho com as mídias sociais fortalecer apenas uma visão de diversão e lazer. Por isso, o trabalho com essas mídias tem que estar dentro de uma proposta pedagógica. Sobre isso, Behrens (2000, p. 123) afirma que: [...] o paradigma emergente busca provocar uma prática pedagógica que ultrapasse a visão uniforme e que desencadeie a visão de rede, de teia, de interdependência, procurando interconectar vários interferentes que levem o aluno a uma aprendizagem significativa, com autonomia, de maneira contínua, como um processo de aprender a aprender para toda a vida. Ou seja, o trabalho com as mídias sociais deve estar atrelado ao desenvolvimento de habilidades ligadas à autonomia colaborativa, para que seja significativo. Na escolha da mídia social a ser trabalhada, é importante avaliar se a plataforma é interativa e proporciona uma estrutura horizontal de comunicação, se oferece ferramentas para a geração de conteúdo por parte de todos os envolvidos e a colaboração. Esses aspectos ajudam a compor o que Henry Jenkins (2006) chama de cultura participativa, sendo que o trabalho com essas mídias fortalece o propósito de inserir os alunos como participantes ativos nessa cultura. Bruner (1999) ressalta que quando a aprendizagem está ligada a atividades que envolvem a atitude e postura participativas, proativas, colaborativas, comunitárias, cooperativas, etc., se favorece uma aprendizagem significativa e construtiva. Digital Storytelling Além de promover a discussão de temas de aula de forma colaborativa e em rede, as mídias sociais têm um grande potencial para mudar a forma com que os conteúdos são expostos em sala pelo professor. As mídias sociais abrem espaço para narrativas mais interessantes do que a exposição de conteúdos de forma tradicional, com uso de lousa ou PowerPoint. Por estarem em um ambiente convergente, que reúne várias linguagens, o professor pode usar essas mídias para preparar seus conteúdos pedagógicos, garantindo uma experiência transmídia (em que os alunos podem explorar o conteúdo da disciplina através de várias plataformas, linguagens e formatos). Além disso, os conteúdos podem ser construídos de forma conjunta com os alunos, que podem interagir. 33 Essas novas mídias favorecem novas formas de narrar as aulas, em uma proposta chamada de digital storytelling. Segundo Frazel (2010), a narração de histórias ou conteúdos diversos agora tem novos meios de se expressar na era contemporânea. Assim, digital storytelling se baseia na estratégia de narração que utiliza os recursos oferecidos pelas novas mídias. O digital storytelling representa uma nova forma de organizar os conteúdos didáticos, sem depender de estruturas clássicas e hierárquicas. Vamos apresentar alguns exemplos de como isso pode ser feito: Facebook, Twitter e Instagram: é possível utilizar uma ferramenta muito comum no Facebook que é a linha do tempo, que apresenta uma evolução da narrativa. Assim, pensando no contexto educacional, o professor pode expor o conteúdo das aulas através de postagens, formando uma linha do tempo de acontecimentos. Pelo fato de ser uma plataforma interativa, os alunos podem ajudar a construir as narrativas junto com o professor. Através desse recurso, pode-se explorar um fato histórico, ou mesmo a evolução de um conceito, a biografia de uma personalidade, etc. O professor pode criar “perfis” no Facebook com este propósito, deixando aberto para que os alunos acrescentem comentários, reajam com diversas expressões (tristeza, raiva, surpresa), e contribuindo com outros conteúdos. Além do Facebook, o Instagram e o Twitter também fornecem ferramentas para a narração de conteúdos de forma didática, interativa e atrativa. Por exemplo, no Instagram pode-se explorar a ferramenta “Stories” que permite sintetizar assuntos em pequenas histórias. O Twitter, que é um microblog, permite narrar conteúdos de forma sintética, através de pequenas frases e com palavras-chave que podem ajudar a fixar o conteúdo, já que o uso de hashtags é muito comum nessa mídia social. O Instagram, que preza por uma comunicação que valoriza imagens e vídeos, pode ser usado para desenvolver a explicação de conceitos com uma série de imagens, de forma sintética e com o intuito de fazer o aluno pensar através da linguagem do não verbal. Youtube: é uma mídia social que explora o potencial da linguagem audiovisual, que pode ser incorporado como recurso didático. Por ser muito popular na internet, tem uma gama de materiais didáticos em vídeo à disposição do professor, que também pode criar seus vídeos e fazer o upload de seu material para que os alunos acessem 34 Uma estratégia pode ser fazer vídeos curtos e esporádicos, em uma sequência de “série”. Cada vídeo aborda um pequeno conceito, que se liga a outro, que é uma continuação da narrativa. Dessa forma, o professor pode manter a audiência ativa, sem ter que expor vídeos muito longos e que fazem os alunos perderem o interesse facilmente, já que estão em um ambiente on-line que gera a dispersão da atenção. Compartilhar vídeos no YouTube é uma forma, também, de garantir mais dinamicidade aos conteúdo. Voltado para esse propósito, o YouTube disponibiliza o canal exclusivo, o YouTubeEdu! (YouTube Educação), que abre espaço para a submissão de videoaulas para publicação. Tumblr: menos conhecido, também pode ser explorado pelo docente como estratégia de digital storytelling, pois se trata de uma plataforma de blosg que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações, áudios e até diálogos. O Tumblr prioriza postagens de textos curtos. Os usuários se conectam a uma rede em que seguem outros usuários de seu interesse, e podem acompanhar suas postagens. Também é possível “favoritar” ou “reblogar” outros blogs. O Tumblr ainda permite personalizar os conteúdos dos usuários. Assim como outras mídias sociais, essa plataforma também pode ser usada para que o professor divulgue seus conteúdos didáticos de forma atrativa e dentro de uma proposta de linguagem de blog, podendo personalizar o tema, conteúdo, etc. Flickr e Pinterest: voltada exclusivamente para hospedar e compartilhar imagens e fotografias, o Flickr é uma mídia social mais específica para o trabalho com a linguagem não verbal. Estimula que seus usuários compartilhem suas próprias imagens e fotografias, ou ilustrações. É uma boa forma de criar álbuns de fotografias para explicar um determinado conceito, sem precisar usar quase nada de texto. Pode- se pensar em livros digitais compostos somente por imagens. Outro exemplo de cunho didático: o professor de biologia pode pedir aos alunos que exemplifiquem, por meio de imagens, as fases do crescimento de uma planta, indicando nas legendas essas etapas das fotos tiradas. Forma--se uma narrativa digital conforme as fotos são encadeadas em uma sequência coerente, sendo um ótimo recurso didático. O Pinterest também é uma mídia social voltada para a linguagem não verbal, no entanto prioriza o compartilhamento de fotos e imagens de maneira geral. O intuito é que o usuário forme um quadro de inspirações, com imagens temáticas diversas, autorais ou não. Cada usuário pode compartilhar suas imagens, e também 35 recompartilhar imagens de outros usuários, acrescentando em suas coleções ou quadros (boards). O site ainda se vincula com o Twitter e Facebook. Apesar de não ser tão popular, o Pinterest pode ser uma ótima ferramenta para o professor buscar as melhores imagens ou ilustrações para compor sua narrativa. Pode ainda estimular os alunos a criarem seus quadros de imagens que melhor representem aspectos trabalhados em sala de aula. Por exemplo, o professor de história pode pedir aos alunos para criar narrativas com imagens que melhor representem o tema da Segunda Guerra Mundial. Com a variedade de imagens disponíveis, pode-se criar narrativas bem atrativas recorrendo a essa mídia social. Esses são alguns exemplos de como associar as mídias sociais como ferramentas didáticas de apresentação de conteúdo dentro da estratégia de digital storytelling. Contudo, é importante ressaltar que se deve considerar a diversidade de plataformas e conteúdo, considerando as particularidades de cada mídia social, de cada linguagem, de acordo com o conteúdo curricular e área disciplinar. As mídias sociais são ótimas fontes de informação, conteúdo e espaços para explorar conteúdos didáticos, mas não são as únicas nem as mais importantes. Por isso, vários meios devem ser combinados, e mesmo o livro impresso tradicional não pode ser descartado. FIQUE ATENTO! O termo storytelling, que significa “boa narração de histórias”, existe mesmo antes do boom da internet. O objetivo é criar narrativas que tenham o potencial de envolver os usuários em experiências com estímulos sensoriais, emocionais, etc. Ou seja, o storytelling é uma estratégia para que o professor crie um bom fio condutor na apresentação de conteúdo, por meio de um roteiro atrativo, capaz de engajar o aluno, reforçando a memorização e compreensão dos fatos e conceitos. Com as tecnologias digitais e mídias sociais, o termo se amplia em um terreno fértil para a narração de histórias e conteúdo de forma mais atrativa e significativa. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHRENS, M. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 2000. HARDAGH, C. C. Redes sociais virtuais: uma proposta de escola expandida. 2009. 157 p. Tese (Doutorado) – Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. GEERTZ, C. A interpretação da cultura. São Paulo: LCT Editora, 2000. LEMOS, A. Cibercultura como território recombinante. In. TRIVINHO, E.; CAZELOTO, E. A cibercultura e seu espelho: campo de conhecimento emergente e nova vivência humana na era da imersão interativa. São Paulo: ABCiber, 2009. LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 5. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. WILSON, C. et al. Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores. Brasília: Unesco, 2013. 37
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