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Abdome Agudo 1 Abdome Agudo Generalidades IMPORTÂNCIA Dor Abdominal Causa frequente de procura aos serviços de urgência Conhecimento essencial para o médico Possibilidade de cirurgia em até 40% dos casos Exame Clínico como ponto fundamental CONCEITO Dor de aparecimento súbito, não traumática, de intensidade suficiente para levar o paciente ao atendimento médico Requer tratamento imediato Pode ou não ser de tratamento cirúrgico Se não tratado, causa deterioração do estado geral do paciente e risco de morte Distúrbio agudo não-traumático, cuja principal manifestação clínica é na região abdominal Pode ou não necessitar de cirurgia de urgência *Trauma não é abdome agudo. Pode ser dividido em: Abdome agudo cirúrgico Abdome agudo clínico Falso abdome agudo - cursam com dor abdominal, mimetizando o AA, como síndromes coronarianas, porfiria, doenças reumatológicas, cetoacidose diabética, uremia aguda, hepes- zóster, entre outros. Abdome Agudo 2 O período crítico de dor classicamente é de 6 horas, mas pode ser de 1 a 72 horas. ETIOLOGIA Doença em víscera previamente normal ou agudização de doença crônica. Até 40% podem ficar como dor abdominal de etiologia desconhecida. OBJETIVOS NO PS Dor Abdominal no PS Qual é o diagnóstico? Há necessidade de investigação ou tratamento de urgência? Trata-se realmente de um abdome agudo? Objetivos: Diagnóstico sindrômico: Averiguar se trata-se de abdome agudo Enquadrar o caso numas das síndromes de abdome agudo Diagnóstico específico: identificar causas específicas e casos de “falso” abdome agudo Conduta definitiva: Identificar se há necessidade de internação clínica ou cirúrgica. Alívio dos sintomas O mais importante é acertar a conduta, não o diagnóstico Identifique os casos graves INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA - EXAME CLÍNICO Exame Clínico é a chave para o diagnóstico Anamnese detalhada EF completo Exames complementares dirigidos Dor Abdome Agudo 3 Apesar de subjetiva, a sua caracterização é a chave para o diagnóstico. Início no tempo Instalação: súbita ou insidiosa Periodicidade Duração e progressão Intensidade Fatores desencadeantes, de melhora e piora Episódios anteriores Investigação da dor Localização, migração e irradiação Começou no epigástrio e depois migrou para FID = apendicite aguda. Padrão (cólica, queimação, pontada, lancinante, etc) Visceral versus parietal Dor visceral: dor que dá espontâneamente, que não tem posição que melhora. Mal localizada. Relaciona-se a irritação do peritônio visceral e é mediada pelo SN autônomo pelas fibras C, podendo levar a dores referidas em pontos diatantes da origem, mal localizadas e acompanhadas de reflexos gastrintestinais como náuseas, vômitos e hiporexia. Dor parietal: de peritonite, qualquer tosse, qualquer movimentação piora a dor. Bem localizada. Interpretação nervosa somática e, além da dor ser bem localizada, é acompanhada de percepção palpatória de irritação peritoneal. Classificação da Dor: Dor visceral: mal localizada, ao longo da linha média, causada por distensão ou estiramento dos órgãos, e Abdome Agudo 4 costuma ser a primeira manifestação das afecções intra- abdominais, principalmente no AA inflamatório. Dor somática: é mediada por receptores ligados a nervos somáticos existentes no peritônio parietal e na raiz do mesentério, sendo responsável por sinais propedêuticos, como a contratura involuntária e o abdome “em tábua”. Dor referida: é decorrente da convergência no corno posterior da medula, de nervos provenientes das vísceras e da pele, o que explica a sensação dolorosa superficial nesses quadros Localização da dor Estímulos nociceptivos viscerais - podem levar a dor. Distensão Estiramento Contração vigorosa Isquemia *NÃO SUBESTIMAR A LOCALIZAÇÃO DA DOR! Locais comuns de irradiação Ombro esquerdo: coração, hemidiafragma esquerdo, baço, cauda do pâncreas. Ombro direito: vesícula biliar, fígado, hemidiafragma direito. Escroto e testículos: ureter - cólica ureteral: no ureter proximal se irradia para região epigástrica; no ureter médio para região inguinal e no ureter distal para o testículo ou grande lábio. Características da dor nos diversos tipos de AA: Abdome Agudo 5 Sintomas Interrogatório Sintomatológico Sintomas gerais (gravidade e potencial do quadro): febre, perda de apetite (comum em quadros inflamatórios como apendicite aguda), astenia, síncope, mialgias, icterícia. A febre é uma manifestação comum, geralmente discreta nas fases iniciais de afecções inflamatórias e infecciosas, tornando-se elevada em fases mais avançadas. Nos imunossuprimidos, idosos e pacientes com doenças crônicas, como diabetes mellitus, a febre pode estar ausente, assim como outros sinais de alerta. Sintomas digestivos: Náuseas e vômitos Alterações do hábito intestinal (diarreia, constipação e alterações no aspecto das fezes) Alterações na eliminação de gases Distensão abdominal Sangramento Sintomas respiratórios: Tosse Dispneia Ortopneia Sintomas urinários Abdome Agudo 6 Disúria Algúria Hematúria Polaciúria Colúria Alterações no aspecto da urina Mulheres Relações sexuais desprotegidas - ISTs Leucorreia Dispareunia Data e característica da última menstruação e possibilidade de gravidez. Anticoncepcional Utilização de DIU Atividade esportiva, esforço físico fora do habitual ou traumatismo. Antecedentes Doenças associadas Cirurgias prévias Medicamentos Drogas ilícitas Hábitos de vida *Exame Físico Geral: completo! Identificar casos graves Alterações nos sinais vitais: Febre Hipotensão arterial Abdome Agudo 7 Taquicardia Taquipneia ou insuficiência respiratória Atenção para sinais de alarme: Estado geral, mucosas, hidratação Exame torácico Sepse Abdome Inspeção: estática, dinâmica Ausculta Auscultar antes de palpar Presença e características dos ruídos Percussão Visceromegalia Ascite Distensão Localização do ponto de dor Sinal de Jobert: timpanismo na área hepática Sinal de Torres- Homem: dor a percussão do hipocôndrio direito. Palpação: superfucial e profunda Palpação superficial (pele, TCS e musculatura) Hiperestesia cutânea - herpes zóster Orifícios herniários Cicatrizes cirúrgicas Defesa muscular Dor ao contrair Palpação profunda: toque retal ou toque vaginal se indicados. Abdome Agudo 8 *Pesquisa de sinais específicos Sinal de Blumberg: dor a descompressão brusca no ponto de McBurney (FID) = apendicite aguda Sinal de Rovsing: palpação do QIE do abdome causa dor no QID = apendicite aguda Sinais de iliopsoas: elevação da perna estendida contra a resistência é dolorosa = apendicite aguda, mas qualquer inflação, infecção do iliopsoas estará positivo também. Sinal obturador: flexão e rotação externa da coxa direita cria dor hipogástrica = apendicite aguda. Sinal de Lenander: temperatura retal > axilar em 1°C - mais de 1°C sugere que há um processo inflamatório pélvico ou abdominal Sinal de Aaron: dor ou pressão no epigástrio ou na parte anterior do tórax com pressão firme e persistente aplicada ao ponto McBurney = apendicite aguda Sinal de Horn: dor causada por tração suave do testículo direito, apendicite aguda = apendicite aguda Sinal de Murphy: interromper respiração por dor a palpação HCD. = colecistite Sinal de Giordano: punho-percussão dolorosa das regiões lombares Sinal de Chandelier: dor pélvica extrema com movimento do colo do útero DIP. Faz o toque e movimenta o colo do útero. Sinal de Cullen: manchas equimóticas ao redor da cicatriz umbilical. = hemorragia retroperitoneal Sinal de Grey- Turner: manchas equimóticas em flancos = hemorragia retroperitoneal Sinal de Danforth: dor no ombro na inspiração. Hemoperitônio. Sinal de Carnett: perda de sensibilidade abdominal quando os mm. da parede abdominal contraem. Fonteintra- Abdome Agudo 9 abdominal de dor abdominal. Palpação dolorosa é na parede abdominal. Sinal de Fothergill: massa da parede abdominal que não cruza a linha média e é palpável quando o reto é contraído. Hematoma do m. reto. Sinal de Jobert: perda da macicez hepática a percussão= pneumoperitônio Complementar: ginecológico, proctológico O exame físico completo é fundamental para reconhecer causas não abdominais! Exame de TODO o abdome! Incluir dorso e regiões inguinais. História e EF: Considerar causas: abdominais e extra-abdominais. Formular hipóteses! CAUSAS DE DOR ABDOMINAL *Classificação - Tipos de Abdome Agudo Inflamatório Dor é o principal sintoma Posição antálgica - por ter irritação no peritônio RHA diminuídos ou ausentes Percussão e palpação com muita dor localizada se houver sinais de irritação peritoneal Toque retal ou genital dolorosos Apendicite, colecistite, diverticulite, pancreatite, DIP, abscesso hepático, diverticulite de Meckel, abscesso de psoas, DII, RCU ou doença de Crohn. Obstrutivo Dor pode não ser o principal sintoma - cólica Náuseas Vômitos: dependem do ponto de obstrução Abdome Agudo 10 Parada de eliminação de gases e fezes Distensão abdominal: depende do ponto de obstrução Toque retal obrigatório Pode ter um tumor no reto, verificar se tem fezes ou gazes; e quando há sofrimento de alças encontra-se sangue no toque retal. Aderências (bridas), hérnias, tumor, volvo, intussuscepção, ileobiliar, fecaloma, síndrome de Ogilvie (obstrução funcional), doenças metabólicas (íleo pós- operatório) Perfurativo Dor súbita e intensa - ex. úlcera péptica perfurada. Náuseas e vômitos reflexos podem ocorrer Posição antálgica (imóvel) Abdome em tábua Distensão abdominal pode ser tardia Febre é tardia RHA estão diminuídos ou ausentes Perfuração de Vísceras Ocas *Pneumoperitônio Úlcera péptica Neoplasia Diverticulite Corpo estranho Câncer gastrointestinal Corpo estranho Síndrome de Boerhaave - muitos vômitos e acaba rompendo o esôfago, que pode levar a perfuração. Complicações de um abdome agudo obstrutivo ou inflamatório Abdome Agudo 11 Divertículos de cólons Perfuração do apêndice Perfuração da vesícula Vascular Leva a isquemia, dor ou necrose de um órgão - mais comum a necrose do intestino delgado Dor súbita e intensa, mal localizada (podendo ser em cólica e surda) - dor mantida Distensão abdominal progressiva: Náuseas e vômitos reflexos ou fecaloides Parada de eliminação de gases e fezes RHA diminuídos Desproporção entre a clínica e o exame físico: A percussão e palpação não alteram dor No final, catástrofes abdominais Isquemia Intestinal: Colite isquêmica Embolia mesentérica Trombose mesentérica Torção de cisto ou de ovário Infarto esplênico Hérnia estrangulada Torção testicular Hemorrágico Dor abdominal súbita Síndrome hipovolêmica - choque Sinais de irritação peritoneal Abdome Agudo 12 Gravidez ectópica rota, rotura de aneurisma, cisto ovariano roto, necrose tumoral, endometriose, tumor hepático roto, ruptura esplênica espontânea Outras causas Pâncreas, vias biliares, fígado e baço: hepatite aguda, colangite aguda Ginecológicas: endometriose Urológicas: cálculo ureteral, cistite, pielonefrite Doenças clínicas que simulam AA cirúrgico: Torácicas: Infarto do miocárdio Pneumonia de lobo inferior Infarto pulmonar Pericardite aguda Pneumotórax Embolia pulmonar Causas Não Abdominais Gastrointestinais: esofagite Doenças sistêmicas e autoimunes: púrpura de Henoch- Schonlein (PHS), lúpus eritematoso sistêmico (LES) Infecciosas: heper- zóster Neurológicas Causas Clínicas Causas endócrinas e metabólicas Porfiria aguda intermitente (casos de dor recorrente), crise de Addison, cetoacidose diabética (sempre compensar o paciente antes), febre do mediterrâneo, uremia. Causas hematológicas: leucemia aguda, crise de células falciformes Abdome Agudo 13 Toxinas e drogas Envenenamento por aranha e outros animais Envenenamento por chumbo Outro envenenamento por metais pesados Retirada narcótica INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA - EXAMES COMPLEMENTARES Laboratoriais e de Imagem Direcionados pela história e EF Pode contribuir para definição diagnóstica Pode ser inconclusivo e não determinar a conduta Exames Iniciais Hemograma PCR -Ver alterações inflamatórias. Amilase - verificar pancreatite aguda e sofrimento intestinal Urina tipo I - diagnóstico diferenc Beta-HCG Outros Exames Comuns Enzimas hepáticas Lipase Enzimas cardíacas D-dímero DHL Função renal e eletrólitos Glicemia Coagulograma Exames pré-transfusionais Abdome Agudo 14 *Qual é o melhor exame de imagem? Radiografia Simples de Abdome Constipação Suspeita de obstrução Perfurativo - ambiente hospitalar A presença de níveis hidroaéreos escalonados significa grandes quantidades de líquido e gás dentro das alças, que podem ocorrer em casos de obstruções intestinais. A presença de gás na parede intestinal (pneimatose intestinal), na maioria das vezes, indica que pode haver infecção, isquemia ou necrose, as quais podem ocorrer de forma idiopática, sem outras consequências. Nos casos de obstrução do ID, o IG tende a estar normal, sem dilatação. Pneumoperitônio Empilhamento de moeda central denotando uma obstrução de intestino delgado. Abdome Agudo 15 Sinais de Obstrução Intestinal Ultrassonografias Primeiro exame em crianças e gestantes Abdome total Abdome superior Rins e vias urinárias Pélvico transvaginal Parede abdominal Líquido intracavitário Coleções/abscessos Avaliação de colecistopatia calculosa Gás livre abaixo da cúpula diafragmática. Abdome Agudo 16 Abdome agudo ginecológico - via transvaginal Espessamento da parede intestinal: ruim para obesos, ruim para obstrução e perfuração. TC e Angiotomografia Maior acurácia global, exceto para causas biliares e ginecológicas Exame de escolha para idosos e obesos Angiotomografia: 1° exame na suspeita de AA vascular TC Neoplasias Suspeitas de obstrução e perfuração Calcificações Alças intestinais Avalia retroperitônio Afecções pancreáticas PO Angio-TC Isquemia crônica Abdome agudo vascular Ressonância Quase não pedida no PS Crianças e gestantes Alérgicos ao contraste iodado Causas pélvicas Exames Endoscópicos Endoscopia digestiva alta Não pede no PS Dispepsia em > 45 anos Anemia Abdome Agudo 17 Hemorragia digestiva Colonoscopia Maiores de 45 anos Alterações do hábito intestinal e HDB Diagnóstico Investigação excessiva Exames desnecessários Custo Risco ao paciente Investigação inadequada Risco ao paciente Custo Seja Prudente Iatrogenia Internações desnecessárias Exames desnecessários - riscos Situações Especiais Crianças - USG Idosos - TC Gestantes - USG Obesos Imunossuprimidos Desnutridos Em imunossuprimidos e desnutridos sempre pedir exames complementares, pois a clínica não costuma ser clássica Em tratamento: corticoides, quimioterapia, antibióticos - podem mascarar a clínica CONDUTA Abdome Agudo 18 *É mais importante acertar a conduta que o diagnóstico. Desfechos Possíveis Intervenção cirúrgica Internação: observação, investigação, tratamento clínico Observação domiciliar Encaminhamento para acompanhamento ambulatorial Destino do Paciente Ambulatorial Internação: cirurgia, UTI, enfermaria ou apartamento Fluxograma Observação: Paciente com cálculos na vesícula biliar, uma situação clínica que aumentaria a morbimortalidade operatória do paciente em questão - cirrose com escore de Child- Pugh C. Abdome Agudo Inflamatório APENDICITE AGUDA Nos extremos da faixa etária (< 4 anos e > 80 anos), o diagnóstico tende a ser mais tardio, com maior incidência de perfuração, abscesso e morte, chegando até 80%. Fisiopatologia: Abdome Agudo 19 Obstruçãoda luz do apêndice: fecálito (fezes ressecadas), aderência, aumento do tecido linfático, corpo estranho, parasita ou tumor. Acúmulo de secreção — aumento da pressão intraluminal: estímulo visceral. (nervos aferentes T8 e T10) causando dor epigástrica ou periumbilical Acúmulo de secreções em uma alça intestinal, em contato com o IG, leva a infecção. Começa a ocorrer uma distensão na parede do órgão, o que desencadeia dores de padrão visceral. Pressão intraluminal — impede drenagem linfática e posteriormente venosa/translocação bacteriana Acometimento inflamatório da serosa — dor localizada (dor parietal) Progressão — necrose e perfuração, abscesso, peritonite. As principais bactérias identificadas nos casos de apendicite aguda são E. coli e B.fragilis Fases Evolutivas: Hiperêmica: intraluminal, mucosa Edematosa: edema da parede Fibrinosa: extensão até a serosa Flegmonosa: secreção purulenta no lúmen Gangrenosa: isquemia Perfurativa Anamnese: História Típica: Dor em mesogástrio, em cólica, acompanhada de náuseas ou vômitos e anorexia, que posteriormente migra para FID, passando a caráter contínuo, acompanhada de sinais inflamatórios locais (piora da dor a mobilização, tosse, palpação abdominal e, as veses, sinais inflamatórios sistêmicos, como Abdome Agudo 20 taquicardia, febre e alterações de marcadores inflamatórios nos exames laboratoriais). Perda de apetite. Sintomas Iniciais: Atípicos/Inespecíficos Apresentações clínicas atípicas são comuns em pacientes que apresentam variações anatômicas do apêndice, imunocomprometidos (HIV, DM, lúpus, esclerodermia) ou por uso de imunossupressores (corticoides ou quimioterapia para câncer). Gestantes também podem apresentar dores atípicas no abdome. Mulheres em idade fértil também apresentam diagnóstico dificultado pelo maior leque de possibilidades diagnósticas. Dispepsia Alteração do hábito intestinal - a ponta do apêndice pode estar encostada no reto, sigmoide; a própria irritação do ceco pode aumentar a frequência do número de ejeções; paciente pode ter diarreia, mas não aquosa e em grande volume. Diarreia - aumento da frequência Mal-estar generalizado- astenia Alterações inflamatórias próximo ao ureter/bexiga pode dar sintomas urinários também. Quadro Clínico: Exame Físico: EF + história clínica: acurácia de 95% no diagnóstico Apresentação clássica em 2/3 dos casos. Temperatura normal ou febre baixa - alta quando tem abscesso ou perfuração Febre isolada não contribui para o diagnóstico de apendicite Abdome Agudo 21 Maior especificidade: quadno associada a outros sintomas (por exemplo: migração da dor para FID) Dor e/ou plastrão palpável no ponto de McBurney com DB+ é sinal independente preditivo de apendicite. Ausculta abdominal pode revelar ausência ou diminuição acentuada dos ruídos intestinais. *Sinais de Apendicite Ten Horn Dor causada pela tração suave do testículo direito Aaron Dor ou desconforto no epigástrio ou região precordial ao se comprimir o ponto de McBurney Para ser Blumberg - tem que ter dor naquele local e não ter nos outros quadrantes. Numa peritonite generalizada, por exemplo, uma úlcera péptica perfurada terá em todo o abdome. Rovsing: usado mais em crianças. Lennander: sugere um processo inflamatório pélvico. Obturador e Psoas - sinais de irritação retro-peritoneal. Aparece quando o apêndice está para trás, a inflamação está posterior no abdome. Sinais Clínicos Específicos para DD: Abdome Agudo 22 Sinal de Murphy Sinal de Giordano Variação do Quadro Clínico: Posição do apêndice: Dor flanco/dorsal, irradiação para a pélvis ou o testículo Disúria, urgência urinária, evacuação diarreica Anatomia: Posição da Extremidade Livre: Retrocecal* Subcecal Pré ou pós-ileal Pélvica Onde estiver o apêndice pode ser que dê sintomas diferentes. Próximo à válvula ileocecal Convergência das tenias colônicas no ceco Achar a base do apêndice para não recidivar - base= convergência das tenias. Em média, 5 a 12 cm de comprimento com 0,5 a 1 cm de espessura Ao USG a partir de 6 mm = apêndice inflamado. Vascularização terminal pela a. apendicular, que é ramo da a. ileocólica. Abdome Agudo 23 História Natural: Perfuração: Quanto mais tempo de história da apendicite, maior o risco de complicações. Média de 48 horas para necrose e 70 para perfuração: < 36 horas: < 2% perfurações; >36 horas: aumento de 5% a cada 12 horas Não esperar mais de 24 horas para indicar o não uma apendicectomia, apenas com base em critérios clínicos. Etiologia e Fisiopatologia: História Natural: Regressão espontânea possível (9% episódio anterior idêntico; e 4%, mais de uma crise prévia*) Peritonite Fístula Óbito Apendicite Pseudotumoral: Apendicite que já bloqueou inflamatoriamente, bloqueio de alças intestinais, de omento, e a fase aguda já se resolveu, normalmente depois de 1 semana de história. Apêndice se torna intensamente bloqueado pelo epíploon, com alças do delgado próximas e o peritônio parietal formando uma massa tumoral. Se tiver abscesso punciona dreno e faz uma apendicectomia O tempo de evolução é mais longo (5 a 10 dias), o ritmo intestinal está mantido e os sinais de irritação peritoneal são bem localizados e pouco intensos. Massa palpável no QID Mais de uma semana de evolução Tratamento inicialmente clínico, com drenagem eventual Abdome Agudo 24 Antibioticoterpia e observação clínica Em uma situação muito específica, quando não há peritonite nem obstrução e há um abscesso localizado e bloqueado, pode-se realizar drenagem percutânea do abscesso associada ao antibiótico venoso e operar o paciente normalmente após 6 semanas, chamada de apendicectomia de intervalo. Apendicectomia eletiva - 6 a 8 semanas após se resolver o processo inflamatório. Apendicite Crônica: Entidade controversa Quadros recorrentes de apendicite aguda Hipótese de exceção Exames Complementares: Exames Laboratoriais: B-HCG em mulheres na idade fértil Urinálise: hematúria ou piúria podem estar presentes na apendicite (próximo a bexiga ou ureter) Hemograma completo: leucocitose > 10.000 (desvio a esquerda) - baixo valor preditivo quando isolado, sensibilidade de 76% e especificidade 52%. Proteína C reativa: sensibilidade e especificidade baixas. Leucocitose, desvio a esquerda e PCR: 2 ou mais exames alterados: maior risco 3 critérios normais: baixo risco Se avaliados juntamente com EF e história clínica, podem contribuir, mas não fazem diagnóstico definitivo! Leucócitos totais normais → neutrofilia *Imagem Radiografia simples Raramente faz o diagnóstico Abdome Agudo 25 Exame rápido e disponível Abdome agudo perfurativo e obstrutivo 3 incidências no abdome agudo: AP (pé e deitado), tórax (em pé) ou cúpulas (em pé) Auxílio em DD: volvo, intussuscepção, nefrolitíase Sinais radiográficos: Posição antálgica com escoliose côncava para o apêndice Íleo paralítico na FID Fecálito no apêndice Borramento na região do psoas Pneumoperitônio Nenhum dos sinais é sensível ou específico para concluir o diagnóstico USG Não há exposição a radiação: gestante e crianças. Sensibilidade e especificidade variam muito nos estudos - operador dependente Vantagens maiores em crianças, gestantes, indivíduos jovens e magros. USG de abdome: Compressão gradativa do transdutor Apêndice normal - estrutura tubular compressível com diâmetro máximo de 5 mm Apendicite - estrutura em fundo cego, imóvel, não compressível, com lúmen anecoico (preto), mucosa ecogênica e parede muscular espessada e hipoecoica com diâmetro > 6 mm Coleções líquidas, fleimão e apendicólito. Abdome Agudo 26 Doppler colorido - aumento do fluxo sanguíneo no apêndice inflamado - “anel de fogo” Critérios Diagnósticos: Diâmetro > 6 mm Dor a compressão Fecálito na luz Líquido peritoneal ao redor Sensibilidade -75 a 90% Especificidade - 86 a 100% USG com Doppler Dificuldades: Apêndice não visualizado (25 a 35% dos exames) Visualização parcial *TC Sensibilidade 87 a 100% Especificidade 95 a 100% Considerado o exame de maior confiabilidade no diagnóstico de apendicite aguda Critério de Alvarado 4 a 6 Sensibilidade > que o US Especificidade semelhante ao US Auxílio em outros diagnósticos Desvantagens: Radiação Demora (quando usado contraste oral) Efeitos Colaterais do contraste intravenoso quando utilizado: nefropatia ou reação alérgica Alto custo? Abdome Agudo 27 *Diminui internações e apendicectomias desnecessárias, diagnóstico precoce em população específica (idosos). A TC é o exame mais curado para a avaliação de pacientes sem diagnóstico clínico claro de apendicite *Escores de Diagnóstico Escore de Alvarado MANTRELS Migration of pain (dor de caráter migratório - começa epigástrica e depois vai para FID), anorexia (perda do apetite), náusea or vomiting, tenderness in RLQ (defesa e sensibilidade na FID), rebound tenderness (dor a descompressão), elevation of temperature (febre), leukocytosis (leucocitose), leftward shift (desvio a esquerda). Interferência Acurácoa afetada pelo gênero e idade Triagem Pontuação < 3: risco muito baixo de apendicite - observação clínica Pontuação > ou =7 : apendicite em 93% dos homens e 78% da mulheres. Pacientes que tem 4,5 e 6 = indica-se tomografia < 2: baixo risco; 3 e 6 pontos: risco intermediário; > 7: alto risco Abdome Agudo 28 RNM Sem radiação Exame demorado Pouco disponível e de alto risco Na gravidez: exame seguro para a gestante, mas o contraste com gadolínio ultrapassa a membrana placentária e deve ser evitado no primeiro trimestre especialmente. Laparoscopia: Diagnóstica e terapêutica Invasivo como diagnóstico Realizado principalmente em mulheres em idade fértil e obesos Colégio Americano de Radiologia A apendicite pode ser diagnosticada clinicamente, no entanto, a imagem aumenta a sensibilidade e especificidade de diagnóstico. Em geral, a TC é o exame de imagem mais preciso para avaliar a suspeita de apendicite e etiologias alternativas de dor abdominal no QID. Em crianças, US é o exame inicial preferido, pois é quase tão preciso quanto CT para o diagnóstico de apendicite, sem exposição a radiação ionizante. Em mulheres grávidas, os dados crescentes apoiam o uso de RNM após US equívoco ou inconclusivo. Diagnóstico: Considerar como DD em todo paciente com dor epigástrica, umbilical ou localizada na FID/flanco D Exames complementares: laboratoriais e de imagem. *Conduta: Tratamento Propostos: Drenagem Abdome Agudo 29 Apendicectomia: tratamento padrão há mais de 100 anos, com evolução para laparoscopia, portal único e robótica. Antibioticoterapia: conduta não consensual, sugerida para alguns casos iniciais em pacientes hígidos. Tratamento clínico? Clínico: antibioticoterapia exclusiva Conduta não consensual Possíveis alguns casos selecionados em fase inicial e paciente hígido (!?) Risco de insucesso e necessidade de cirurgia (em piores condições! Maior risco?!) 1/3 dos pacientes necessita de cirurgia. Opção em casos iniciais sem complicações, na ausência de fecálito e em indivíduos jovens imunocompetentes, mas não deve ser indicado rotineiramente. Não deve ser usado em grávidas e sempre deve ser alertada a possibilidade de falha com necessidade de operação de urgência. Inicia-se com antibiótico endovenoso e, a depender da resposta, pode-se passar para a VO. Nos casos de diagnóstico duvidoso, um período de observação clínica pode ser útil. Sabe-se que a observação clínica continuada reduz o risco de apendicectomia desnecessária, sem aumento no risco de perfuração. Nesse período, procede-se a hidratação IV e analgesia. O uso pré-operatório de antibióticos em casos de apendicite não perfurada diminui infecções de ferida e a formação de abscessos intracavitários. Cirurgia: É o tratamento definitivo de apendicite aguda Apendicectomia Abordagem no PS: Abdome Agudo 30 Hidratação Antibiótico Não complicada: cefoxitina Outras: ceftriaxona, ciprofloxacino, associação com metronidazol, ampicilina… Retardar a cirurgia Analgesia, antiemético Cirurgia convencional: custo Laparoscopia: Recuperação precoce (?) Menor: dor e infecção de FO Maior: abscesso intra- abdominal (?) Melhor avaliação da cavidade abdominal Preferencial: mulheres, diagnóstico indeterminado, peritonite difusa/perfurado, obesidade… A incisão clássica é a descrita por McBurney. O chamado ponto de McBurney está situado no quadrante inferior direito, no limite do terço médio com o terço inferior de uma linha imaginária entre o umbigo e a espinha ilíaca anterossuperior. A incisão deve passar por esse ponto e estar oblíqua a linha. Abdome Agudo 31 Outras incisões possíveis são as de Rockey-Davis (transversa, sobre o ponto de McBurney), de Battle (paramediana, pararretal externa, infraumbilical a direita) e a mediana. Esta deve ser indicada nos casos de diagnóstico tardio, presença de plastrão palpável e suspeita de complicações, como fístulas para outros órgãos. O ceco deve ser identificado primeiramente. Identificado o apêndice cecal, realizam-se a ligadura dos vasos do mesoapêndice e a ligadura e a secção do apêndice na base. O coto cecal pode ser invaginado pela técnica de Ochsner (”bolsa de tabaqueiro”) ou pela Parker-Kerr. Com o advento da laparoscopia, tornou-se aceita a prática de apenas grampear o apêndice sem invaginar o coto. Em caso de apêndice normal no intraoperatório, deve-se estender a investigação procurando por divertículo de Meckel, salpingite aguda e doença de Crohn. Preconiza-se a remoção do apêndice, mesmo estando normal. A videolaparoscopia realizada na gestante costuma ser bem tolerada pela mãe e pelo feto. COLECISTITE E COLANGITE AGUDA AA Inflamatório de Causa Biliar Presença de cálculos na vesícula - causa mais comum Cálculos Biliares e Anatomia Grupos específicos que desenvolvem cálculos: 4 Fs - sobrepeso ou obesidade (fat), sexo feminino (female), idade fértil (fertility) e 40 (forty) ou mais anos de idade. 5F: Familiar history (história familar). Cálculos se formam na vesícula biliar e migram para via biliar principal. Só quando a via biliar for doente, que pensamos que os cálculos se formaram na própria via biliar. Doença prevalente que vem crescendo com a idade e, mulheres tem muito mais que os homens. Mulheres tem mais cálculos por questão hormonal - progesterona - vesícula fica um pouco mais parética, funcione um pouco menos, na Abdome Agudo 32 segunda fase do ciclo menstrual e também durante toda a gestação. Origem: Na vesícula ocorre o acúmulo de bile nas refeições e a bile é concentrada em até 10x. Na via biliar principal se forma em caso de infecção crônica, parasitose, estenose cicatricial, corpo estranho - via biliar doente pode formar cálculo. Os cálculos biliares são feitos dos solutos em na desbalanço da bile. Bile é formada por água, sais e pigmentos biliares, colesterol e fosfolípides; quando ocorre algum desbalanço nesses componentes terá a precipitação de um desses componentes. Os cálculos mais comuns são de colesterol (radiotransparentes) Quando a pessoa perde peso ou até mesmo o colesterol do próprio organismo é completamente excretado pela bile. Paciente que “engorda - emagrece” tem uma tendência de formar cálculos de colesterol. Sugestão de dar sais para dissolver o colesterol em pacientes que fazem bariátrica. Cálculos pigmentares (radiopacos): pode ocorrem quando tem hemólise, aumento dos pigmento na bile - anemia hemolítica, hiperesplenismo, cirrose hepática. Os cirróticos também tem cálculos em uma incidência maior. Os sais biliares são secretados pelo fígado e do íleo terminal são reabsorvidos. Se tem uma ressecção do ileo terminal,uma inflamação crônica, diarreia crônica não terá essa reabsorção - precipitação de cálculos, geralmente, pigmentares. Diminuição do círculo entero- hepático. Quando a vesícula biliar não se esvazia corretamente - vesícula bilar parética (”preguiçosa”) - a bile se concentra de forma Abdome Agudo 33 indefinida, onde precipita cálculos, então, ex. doença de Chagas, cirurgia de refluxo onde se corta o ramo hepático do vago - situações em que a vesícula não se contrai bem, terá uma vesícula que não se esvazia e tem tendência a formar cálculos. Causas/Grupos de Risco: Aumento de colesterol na bile, aumento de pigmentos, diminuição de sais biliares Disfunção hepática Anemias hemolíticas Ressecções intestinais Doenças inflamatórias crônicas Paresias - disfunções da própria vesícula, como na doença de Chagas. *O caminho das Pedras Cálculos se formaram na vesícula Observações: Cole = refere a bile Cisto = vesícula Colecisto = vesícula biliar Colecistolitíase = cálculos na vesícula biliar Colelitíase = cálculo biliar Colecistopatia = doença da vesícula biliar/correto: colecistopatia calculosa = doença da vesícula biliar causada por cálculos Colecistite = inflamação da vesícula biliar, que pode ser aguda ou crônica. Quando o cálculo sai da vesícula e entra na via biliar principal - hepatocolédoco - fala-se em litíase da via biliar principal ou coledocolitíase (cálculo no colédoco). Colecistolitíase: Cálculo na Vesícula Apresentação Clínica Abdome Agudo 34 Assintomática - mais comum *O melhor exame para o diagnóstico de cálculos biliares é a ULTRASSONOGRAFIA. Imagens hiperecogênicas Com sombra acústica posterior Móveis a mudança de decúbito - há cálculo e não dará sintomas nenhum naquele momento Sem alterações inflamatórias Colecistolitíase Assintomática Tratamento: Não usa muito o tratamento clínico com ácido ursodesoxicólico (ursacol) - casos específicos. Alguns pacientes tem alto risco para desenvolver complicações - imunossuprimido, diabético, transplantado → CIRÚRGICO. Pacientes jovens → melhor OPERAR Paciente com mais de 70 anos → chance de complicação é menor → NÃO OPERA Cálculos muito pequenos (< 0,5cm): chance de passarem pelo ducto cístico, migrarem para via biliar principal e levarem a complicações mais graves do que a inflamação da vesícula, como, por exemplo, pancreatite aguda, icterícia obstrutiva, colangite aguda. Abdome Agudo 35 Pacientes que tem cálculos associados a pólipos: risco aumentado de câncer de vesícula → CIRURGIA Pacientes com cálculos muito grandes (> 2 cm): chance maior de ter uma colecistite, cólica biliar → CIRURGIA Tem pacientes que não tem sintomas, mas tem alterações na vesícula biliar que sugere inflamação, como espessamento de parede; pacientes estão tendo crises sem sintomas → CIRURGIA - alterações ultrassonográficas sugerindo inflamação Cirúrgico - prós e contras Colecistectomia videolaparoscópica - 4 trocaters (câmera, 3 pinças - um pega vesícula, outro infundíbulo e outro a dissecção do hilo); disseca o ducto cístico, a a. cística, duplo grampeamento proximal, grampeamento distal e secciona os dois. Bile secretada normalmente, cai no intestino. Tira a vesícula não terá a concentração de bile entre as refeições - paciente pode ter uma intolerância a goduras ou pode ter diarreia depois que tira a vesícula. Vesícula ou bile são litogênicas Vias de acesso - laparoscopia= principal. Aberta = exceções (síndrome de Mirizzi) Colangiografia intraoperatória: radiografia contrastada das vias biliares. Verifica anatomia (variações ou não), forma e calibre das vias biliares, se tem falha de enchimento que pode significar cálculo e se o contraste se esvazia adequadamente para o duodeno. Indicação: Rotina x Seletivamente Segurança de que não teve nenhuma lesão iatrogênica das vias biliares Certeza de que não há nenhum cálculo residual Abdome Agudo 36 Aumenta tempo cirúrgico e custos do procedimento Seletivamente: alta chance de coledocolitíase (microlitíase, com passado de icterícia, colúria fecal ou pancreatite aguda) ou em pacientes que há dúvida anatômica Expectante - observação Colecistolitíase Sintomática e Colecistite Sintoma mais típico: depois de uma refeição gosdurosa, quando tem secreção de colecistocinina, tem uma contração vigorosa da vesícula biliar, contra uma via de saída obstruída. Contração forte e a vesícula não se esvazia. Paciente sente um aperto no epigástrio ou no HD, geralmente, acompanhado de vômitos biliosos e essa dor pode irradiar para região dorsal do lado direito. É uma dor em aperto, constante. Se o cálculo volta para o seu local - paciente para de ter sintomas. Colecistolitíase: Cólica biliar Fisiopatologia Caracterização da dor Diagnóstico - USG vê cálculo impactado. Tratamento - analgésicos e antiespasmóticos O cálculo pode permanecer ali e não sair do local onde está impactado = colecistite aguda Colecistite Aguda Resulta da obstrução do ducto cístico por cálculo impactado no infundíbulo, o que torna a vesícula inflamada e distendida. Mais frequentemente no sexo feminino, acima de 40 anos e com sobrepeso ou obesidade. Abdome Agudo 37 Cálculo impactado causou uma grande distensão, aumento no diâmetro na vesícula, sofrimento da parede isquêmico da vesícula biliar, pode haver delaminação da parede e edema de parede; e tardiamente pode ter infecção bacteriana. Não é um quadro infeccioso primário e, sim um quadro de obstrução e isquemia. Obstrução → distensão → isquemia → inflamação da parede → em alguns casos, infecção tardia A estase aumenta a pressão vesicular e impede o fluxo sanguíneo e linfático, propiciando o aparecimento de isquemia. A inflamação, a estase e a isquemia favorecem a proliferação bacteriana. Os germes mais comumente encontrados na colecistite aguda são entéricos aeróbios e anaeróbios. Os aeróbios mais observados são: Escherichia coli, Klebsiella, Proteus e Enterococcus faecalis, enquanto os anaeróbios frequentes são Peptostreptococcus, Clostridium perfringens e Bacteroides fragilis. Surge sintomas inflamatórios locais - dor a palpação, DB, dor a percussão → devido a inflamação da vesícula biliar Observação: Bile costuma ser estéril. Quadro Clínico Caracterização da dor - dor persistente no HD, associada a náuseas e vômitos. Febre não é comum na fase inicial da doença. EF: sinal de Murphy EF: defesa a palpação no HD *A alteração mais importante no EF de alguém com colecistite aguda é o SINAL DE MURPHY Ponto cístico: linha hemiclavicular, logo abaixo do rebordo costal direito Abdome Agudo 38 Faz uma palpação profunda e seguramos e pedimos para o paciente inspirar profudamente; quando inspira o diafragma baixa e a vesícula bate na mão do examinador, com isso, ele tem muita dor, que faz com que ele pare abruptamente a inspiração. Durante a crise, o número de leucócitos é, em média, de 12.000/mm³, com desvio a esquerda. Elevações maiores dos níveis séricos de bilirrubinas, FA e aminotransferases não são comuns na colecistite aguda não complicada e devem levantar a suspeita de colangite, coledocolitíase ou sindrome de Mirizzi (cálculo impactado no ducto cístico distal que leva a compressão do colédoco). USG: imagem hiperecogênica, com sombra acústica posterior, impactado de infundíbulo, imóvel as mudanças de decúbito, COM ESPESSAMENTO DA PAREDE VESICULAR, e podemos ter delaminação da parede (sinal específico mais importante - não deixa dúvida de que é inflamação) e aumento dos diâmetros da vesícula, eventualmente, coleção perivesicular. TC: espessamento da vesícula, mas é menos específico. Não vê bem o cálculo. 2018 (diretrizes de Tóquio) - Critérios Diagnósticos da Colecistite A. Sinais Locais de Inflamação etc. (1) Sinal de Murphy (2) Massa, dor ou sensibilidade do QSD B. Sinais Sistêmicosde INflamação etc. Abdome Agudo 39 (1) Febre (2) PCR elevada (3) Contagem elevada de leucócitos C. Achados de imagem Características de imagem características da colecistite aguda. Diagnóstico suspeito: um item em A + um item em B Diagnóstico definitivo: um item em A + um item em B+C Hepatite aguda, outras doenças abdominais agudas e colecistite crônica devem ser excluídos. Além de critérios diagnósticos, a colecistite aguda é classificada pelas diretrizes de Tóquio em: grave, quando há repercussão sistêmica importante; moderada, se há inflamação bem definida; leve, nos demais casos. Grau III - colecistite aguda grave: Associada à disfunção de qualquer um dos seguintes órgãos/sistemas: Disfunção cardiovascular: hipotensão que requer tratamento com dopamina acima de 5 ug/kg/min ou qualquer dose de norepinefrina. Disfunção neurológica: diminuição do nível de consciência Disfunção respiratória: relação PaO2/FiO2 abaixo de 300 Disfunção renal: oligúria, creatinina sérica maior que 2 mg/dL Disfunção hepática: PT-INR menor que 1,5 Disfunção hematológica: contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm³ Grau II - colecistite aguda moderada: Abdome Agudo 40 Associada a qualquer uma das seguintes condições: Contagem elevada de leucócitos - acima de 18.000/mm³ Massa cística palpável no QSD Duração das queixas acima de 72 horas Inflamação local bem definida - colecistite gangrenosa, abscesso pericolecístico, abscesso hepático, peritonite biliar, colecistite enfisematosa Grau I - colecistite aguda leve: Não atende aos critérios de colecistite aguda de grau III ou grau II *Tratamento Antibióticos - não tão eficaz Colecistite tem um risco de perfuração mais baixo do que a apendicite, por exemplo. Intervenção cirúrgica - PREFERENCIAL Precocemente Colecistectomia - retirada da vesícula inteira Laparoscopia Momento da indicação: precoce X tardia Colangiografia intraoperatória - de rotina Colecistostomia (drenagem da vesícula) - paciente com choque séptico, enfermo, idoso, poucas condições clínicas para ir para uma cirurgia laparoscópica, por exemplo, IC; pode-se optar por puncionar e esvaziar a vesícula biliar. Punciona - aspira e bota um dreno; resolve a infecção da vesícula, associada a antibiótico e, posteriormente, quando o paciente estabilizar pode indicar uma colecistectomia. Abdome Agudo 41 Outros tipos Alitiásica: ex. paciente que está em nutrição parenteral por muito tempo, onde tem uma bile espessa que pode acabar entupindo a vesícula; imunossuprimidos (HIV) - pode desenvolver infeção da vesícula. Mais comum em crianças ou em pacientes com jejum prolongado. Em paciente que não tem cálculo, vesícula está distendida, não sabe se é inflamação - dúvida: CINTILOGRAFIA - segue o metabolismo da bilirrubina, captado e excretado pela bile pelas vias biliares. Captação pelo fígado e excreção pelo intestino. Nos pacientes com colecistite aguda, não se tem a identificação da vesícula, mostrando que a vesícula está entupida. É mais frquente em pacientes gravemente enfermos, com traumatismos, queimaduras, sepse, neoplasias e diabetes. O emprego da nutrição parenteral total em hipotenspos que necessitam de múltiplas transfusões de sangue e suporte ventilatório e que estão sépticos reúne condições favoráveis ao desenvolvimento da coelcistite aguda acalculosa. Tratamento: antibióticos de largo espectro e colecistectomia ou colecistostomia com colocação de dreno, sendo esta preferida por ser menos invasiva e efetiva. Colecistectomia, de preferência por via laparoscópica, deve ser realizada em caso de achados sugestivos de necrose, colecistite enfisematosa ou perfuração. Também é indicada se não há melhora com 24 horas de drenagem da vesícula. Enfisematosa: muito grave - necrose gasosa (bactérias produtoras de gas) da vesícula biliar. Homens, idosos, diabéticos. EMERGÊNCIA CIRÚRGIA. Abdome Agudo 42 É causada por uma infecção secundária da parede da vesícula biliar com organismos formadores de gás (como Clostridium perfringens, Escherichia coli, Staphylococcus, Streptococcus, Pseudomonas, Klebsiella) Os pacientes afetados são muitas vezes homens, na 5a a 7a década de vida, com até metade dos pacientes com diabetes e cálculos biliares. Dor no QSD, náuseas, vômitos e febre baixa. Sinais peritoneais estão normalmente ausentes, mas a crepitação (pista impiratnte para o diagnóstico) na parede abdominal adjacente a vesícula biliar pode raramente ser detectada. Colangite = inflamação das vias biliares É um quadro infeccioso que tem como foco a via biliar e que necessita de duas condições para se instalar: presença de bactérias no trato biliar e obstrução parcial ou completa que cause aumento da pressão das vias biliares. Colangite Aguda- inflamação da via biliar principal Fatores Pedisponentes Apresentação clínica Formas Clínicas: Colangite aguda Colangite tóxica - supurativa Obstrução ao fluxo de bile → Estase → Proliferação Bacteriana → Colangite Principal causa de icterícia obstrutiva/obstrução do fluxo biliar: é a coledocolitíase A bile é inicialmente estéril, mas pode ser colonizada por via hematogênica ou ascendente, a partir do TGI, principalmente se houver algum grau de disfunção hepática, o que compromete a depuração bacteriana pelas células de Kupffer. Então, quando há alguma obstrução das vias biliares, existe um acúmulo de Abdome Agudo 43 bile, que pode servir como meio de cultura para o crescimento bacteriano. A pressão aumentada nas vias biliares faz que as bactérias ganhem a circulação sistêmica, comprometendo o estado geral. Os micro-organismos gram negativos mais comumente encontrados nas culturas de pacientes com colangite são: E. coli, Klebsiella, Enterobacter. Os gram positivos mais comuns são enterococos. Mais frequente ter uma colangite por cálculos do que por tumor; nos tumores, a colangite vem tardiamente. A maioria tem por translocação bacteriana do intestino, as bactérias chegam pela circulação portal e são destruídas pelas células de Kuffer hepática; se tem uma disfunção hepática, mal funcionamento pode acontecer que você terá uma maior proliferação bacteriana naquela região. *Tríade de Charcot Icterícia Dor abdominal Febre alta com calafrios Colangite tóxica/supurativa aguda: permanece a tríade de Charcot + 2 fatores encontrados no choque séptico: alteração do nível de consciência e choque (insuficiencia cardiovascular) *Pêntade de Reynolds: quadro de sepse grave Tríade de Charcot + Hipotensão Alteração consciência Nos pacientes com a tríade de Charcot e alteração bioquímica hepática, pode-se realizar direto a CPRE com drenagem da via biliar. Se há sinais e sintomas sugestivos de colangite aguda, mas sem a tríade de Charcot, a USG abdominal é o exame de eleição. CPRE deve ser feita em até 24 horas se há dilatação ou cálculos. Abdome Agudo 44 Se a suspeita de colangite aguda se mantém, mas a USG é negativa, deve ser realizada colangiorressonância para provável visualização de cálculos pequenos perdidos a USG. Entre aqueles com coledocolitíase complicada com colangite, devem-se introduzir antibióticos de largo espectro (IV dirigido as bactérias entéricas) e realizar CPRE com esfincterotomia e retirada dos cálculos. De 70 a 80% dos pacientes respondem a terapia conservadora, deixando-se a drenagem, nesse caso, de maneira eletiva em 24 a 48 horas, para que a CPRE seja feita por um médico experiente. Caso não haja melhora em 24 horas, é requerida descompressão de urgência. Tratamento Antibioticoterapia: cobrir gram - e anaeróbios → tratar depois a causa Paciente com colangite tóxica tem que ter a drenagem das vias biliares. Drenagem da via biliar Endoscópica (CPRE- Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) Punção transparieto-hepática: pacientes estenoses cicatriciais, principalmente em parte alta davia biliar; não pode usar em pacientes com ascite. Cirurgia (laparoscópica ou aberta) Tratamento da causa! Tratamento da Colangite Tóxica/supurativa - dor abdominal persistente, febre acima de 39°C, hipotensão mesmo com ressucitação adequada e confusão mental. Expansão volêmica - paciente hipotenso Antibioticoterapia Droga vasoativa Drenagem biliar imediata Abdome Agudo 45 Cirúrgica Endoscópica Por radiologia intervencionista Tratamento da causa pode ser postergado Abscesso em vias biliares → sepse grave → complicações Causa pode-se tratar depois, principal é tratar a infecção. Conduta na Colangite Aguda DIVERTICULITE AGUDA Mão colocada em flanco, FIE. Diverticulum: pequeno desvio do trajeto normal VERDADEIROS versus FALSOS Os verdadeiros tem todas as camadas da alça intestinal e os falsos não. CONGÊNITOS versus ADQUIRIDOS Os divertículos do cólon são divertículos falsos e adquiridos. Fisiopatologia: Estrutural: Parede cólica: mucosa, submucosa, muscular, circular, longitudinal - taenia coli (formação das camadas longitudinais da musculatura), serosa Falsos divertículos - surgem por causa de uma Hipertrofia da camada muscular Abdome Agudo 46 Região entre as tênias, especialmente entre a borda lateral da tênia contra a mesocólica há áreas de fraqueza; junto com essa área de fraqueza e aumento da elastina vai fazendo com que se perda a elasticidade da alça ao longo do tempo, começa a ter áreas de fraqueza e surgir herniações/invaginações, onde não há parede muscular, terá mucosa, submucosa e serosa. Aumento da elastina Nas áreas de fraqueza, onde entras os vasos para nutrir essa mucosa, devido a presenção de pressão intraluminal, há essa eventração/herniação. Funcional: Pressão intracólica aumentada Motilidade basal e propulsiva aumentada Lúmen estreito e contrações segmentares Se tem uma tubulação e o calibre dela for pequeno, com pressão aumentada, terá áreas de pressão maior; se tem uma área do cólon que é uma área que fica com calibre menor e tem contrações intensas terá pressões muito aumentadas dentro desse tubo e dentro dessa área com pressão aumentada, se tiver áreas de fraqueza, os divertículos surgem. Conceitos: Diverticulose: presença de divertículos Doença diverticular: divertículos com sintomas associados Diverticulite: processo inflamatório relacionado aos divertículos Epidemiologia: Idade: Prevalência < 2% em menores de 30 anos >75% em pacientes com mais de 80 anos Dieta: Pobre em fibras, frutas e vegetais Rica em carnes vermelhas, godura e açúcar Abdome Agudo 47 Grande parte dos indivíduos com doença diverticular, estão com sobrepeso, acima do peso e são até mesmo obesos. Localização: 60% cólon sigmoide 40% envolvimento de outros segmentos Cólon desecendente Cólon transverso Cólon ascendente Distribuição que tem um pouco a ver com ocidentais - cólon direito mais frequente Patologia: Forma Hipotônica: Camada muscular delgada, hipotrófica Maioria dos casos Mais em idosos Complicação sangramento (óstio largo) Mais presentes em cólon direito Forma Hipertônica: Camada muscular espessa, hipertrófica Mais jovens, constipados Diverticulose universal Abdome Agudo 48 Complicação: diverticulite (óstio estreito) - impacta → isquemia Mais presentes em cólon esquerdo Reto: não tem divertículos - devido a sua conformação anatômica e suas paredes musculares muito mais fortes. Divertículos: Na maioria das vezes assintomáticos Sintomas 10-20% Fisiopatologia: Diverticulite Aguda: *Fisiopatologia: Microperfuração Extravasamento fecal Contaminação vs resposta do hospedeiro: Inflamação mínima Abscesso Perfuração Fístulas Obstrução Diverticulo é mais comum no lado esquerdo. Abdome Agudo 49 Pode-se ter um abscesso mesentérico, perfuração livre, abscesso pericólico. Quadro Clínico: Dor abdominal Localização em FIE/flanco esquerdo Defesa local Febre (febrícula) persistente Dor a descompressão Irradiação Inflamação de outros órgãos - ex. bexiga que está aderida a região de diverticulite, pode-se ter disúria, sensação de urgência urinária. Formação de massa abdominal - edema na região ou formação de abscesso Peritonite generalizada - perfuração em peritônio livre terá uma diverticulite generalizada. Diverticulite não complicada: Abdome Agudo 50 Dor em FIE e febre persistente EF: defesa e peritonite no QIE Quadro discreto, sem sinais de perfuração ou abscesso Apresentação localizada e apresenta boa resposta ao uso de analgésicos, antibióticos ocasionalmente, e repouso intestinal. Diverticulite complicada: Formação de abscessos, perfurações ou fístulas Abscessos localizados: febre, piora do estado geral e peritonite localizada Peritonite purulenta ou fecal: AA, com sinais clássicos de irritação peritoneal difusa, além de febre e sinais sistêmicos inflamatórios e infecciosos e até mesmo sepse. Pode ocorrer fístulas, sendo a colovesical a mais comum. Nesses casos, observam-se pneumatúria e infecção urinária que não respondem ao tratamento clínico. Diagnóstico: Quadro clínico e laboratorial (leucocitose) Exames laboratoriais, como hemograma completo, devem ser colhidos, assim como análise da urina, em caso de sintomas urinários, e eletrólitos gerais, em caso de diarreia, vômitos ou alteração do estado geral. TC abdome Achados: Espessamento (inflamatório) de paredes do cólon (maior que 4 mm) Aumento na densidade das partes moles na gordura pericólica secundário a inflamação e presença de divertículos colônicos Borramento da gordura do mesocólon Líquido livre ao redor de alça Abdome Agudo 51 Ar livre fora de alça - microperfuração Aderências a outras estruturas Visualiza eventuais fístulas e processos inflamatórios em órgãos adjacentes RX em complicações RX abdome com cúpulas: 3 posições Observar cúpulas diafragmáticas - verificar se tem pneumoperitônio. Sinais de obstrução *Recomendada TC Presença e local do abscesso Comprometimento de outros órgãos Seta amarela - induração da gordura perissigmóidea; seta verde- espessamento de meso; setas vermelhas - divertículos. Abdome Agudo 52 Guia para drenagem de coleções Sensibilidade: 93-98% Especificidade 75-100% *O exame padrão-ouro é a TC de abdome e pelve, que confirma a presença do processo infeccioso, detecta o processo inflamatório intestinal e a presença de abscessos, além de demonstrar borramento de mesentério nos processos inflamatórios localizados e afastar outras hipóteses diagnósticas. USG tem a capacidade de avaliar o espessamento do cólon, assim como de visualizar coleções intraperitoneais, porém tem limitação em obesos e, apesar de não oferecer os riscos da radiação e do contraste, é operador- dependente e tem menor acurácia. *Colonoscopia Não deve ser realizada na fase aguda, pelo risco de perfuração Aguardar 1 a 2 meses da crise para excluir câncer colorretal em doentes que não tenham este exame recente Avaliar bem a necessidade do exame Exame recente anterior? Condições clínicas? Qual a intenção? Acima de 50 anos - descartar neoplasia *Classificação de Hinchey I: abscesso pericólico (microabscesso) - junto a alça intestinal (ao divertículo que o causou) II: abscesso a distância localizado (retroperitoneal - entre as alças e pélvico) - a distância do divertículo III: peritonite difusa purulenta - diverticulite generalizada purulenta IV: peritonite difusa fecal - quadro de perfuração em peritônio livre Abdome Agudo 53 Radiológica (classificação de Kaiser) IA - bolhas de ar pericólicas, pouco líquido, sem abscesso - quadro inicial IB - abscesso < 4 cm IIA - abscesso > 4 cm IIB - ar livre a mais de 5 cm da alça inflamada - ar ou coleção a distância III - líquido difuso sem ar livre a distância - peritonite purulenta IV - ar livre a distância - perfuração Tratamento:Hinchey I - antibiótico oral ou EV Internação hospitalar para jejum, hidratação, antiespasmódicos, antibióticos (cobertura para gram negativos e anaeróbicos) e observação por 48 a 72 horas. Hinchey II - drenagem do abscesso + antibiótico EV Falha no tratamento clínico de um abscesso pequeno ou presença de grande coleção pélvica que demanda drenagem, a qual pode ser feita preferencialmente por meio de radiologia intervencionista ou com abordagem cirúrgica. Hinchey III - cirurgia - ressecção cirúrgica Primeira imagem superior - I; Segunda imagem superior - II; Primeira imagem inferior - III; Segunda imagem inferior - IV. Abdome Agudo 54 Hinchey IV - cirurgia - ressecção do segmento acometido e cirurgia de Hartmann preferencialmente por laparotomia Paciente só está com dor ou não tem abscesso, não é Hinchey nenhum. Quando há necessidade de drenagem do abscesso (Hinchey II), deverá ser considerada cirurgia de forma eletiva, após resolução do processo agudo. Outros critérios de indicação cirúrgica são presença de complicações, como fístulas, estenose segmentar, perfuração e hemorragia, pacientes imunossuprimidos e impossibilidade de exclusão de câncer. É de extrema importância avaliar sinais de acometimento do aparelho urinário, como disúria, fecalúria ou pneumatúria, sugestivos de fistulização (fístula ocorre em 20% dos pacientes com indicação de tratamento cirúrgico, sendo mais comim para a bexiga); além disso, também se deve realizar o exame do aparelho genital feminino, que pode revelar saída de material fecal pela vagina ou abaulamento do fundo de saco nos casos de abscesso pélvico. Crise Aguda Clínico: Ambulatorial Hospitalar Cirúrgico: Drenagem Ressecção Clínico Ambulatorial → Quadros Leves (indivíduos que estão estáveis, sem sinais de manifestações sistêmicas) Dieta líquida - repouso sobre alça intestinal Antibióticos (mínimo 7-10 dias) - não é obrigatório Analgésicos Anti-inflamatórios - melhorar a dor Clínico Hospitalar Abdome Agudo 55 Jejum 24-48 horas, normalmente faz-se uma dieta mais restrita e mais leve Antibióticos parenterais Hidratação Analgesia Sintomáticos Observação da evolução *Invasivo não - cirúrgico: Hinchey I e II Punção ou drenagem de abscesso Drenagem Percutânea: guiada com USG ATB parenteral Observação da evolução Tratamento cirúrgico eletivo Cirúrgico: Hinchey III e IV, ou falha do tratamento conservador Limpeza por videolaparoscopia e drenagem - maior reicidiva Ressecção e anastomose Operação de Hartmann: ressecção sem anastomose Tratamento Cirúrgico Urgência: Hinchey III Hinchey IV Abdome Agudo 56 Sigmoidectomia/hemicolectomia esquerda Lavagem da cavidade por videolaparoscopia e drenagem Ressecção do Sigmoide Operação de Hartmann: peritonite secundário a diverticulite Anastomose Primária Fundamentado: Estado geral do paciente Experiência do cirurgião Condições cirúrgicas locais Recidiva: Nova crise → até 30% 90% das recidivas até 5 anos Abdome Agudo 57 Em geral, é na primeira crise grande possibilidade de perfuração Risco muito pequeno de perfurações nas crises subsequentes Eletivo: Após uma crise complicada (abscesso, obstrução ou fístula) Após crises sucessivas necessitando de hospitalização Incapacidade de excluir doença neoplásica O tratamento cirúrgico eletivo visa melhora da qualidade de vida Realizada de 6 a 8 semanas após a crise Imunossuprimidos - deve ser feita Jovens? - se tem crises sucessivas entra na indicação NÃO HÁ INDICAÇÃO DE CIRÚRGIA ELETIVA PROFILÁTICA PARA CRISES Outras Complicações: Fístulas: Externas: colocutâneas Internas: colovesicais, colovaginais, coloentéricas *12% dos casos: colovesical *Pneumatúria: quadro clínico - indivíduo percebe a saída de ar na urina Fecalúria: percebe resíduos alimentares ou de fezes na urina Infecção urinária da repetição - contaminação contínua da bexiga Tratamento cirúrgico Fístula Colovesical: Abdome Agudo 58 Estenoses - quando tem quadros inflamatórios sucessivos que leva a uma constricção e estenose da alça intestinal. Tendências Atuais: Incidência crescente pela longevidade da população Tendência atual maior para tratamento conservador Admite-se o tratamento sem antibióticos em pacientes selecionados Não obrigam o uso de antibióticos desde que não haja manifestações sistêmicas ou sépticas Abordagens menos invasivas ganham espaço e mostram-se seguras Cirurgia em casos graves e pacientes persistentemente sintomáticos Observação: Diverticulite aguda com perfuração livre, denota pneumoperitônio - procedimento cirúrgico de urgência (laparotomia exploradora). PANCREATITE AGUDA Inflamação do pâncreas previamente normal, pois se o pâncreas ja é alterado (alterações estruturais), está falando de uma pancreatite crônica agudizada. Ar na bexiga. Abdome Agudo 59 Paciente pode desenvolver grande resposta inflamatória sistêmica, pode desensenvolver insuficiência de múltiplos órgãos. Processo inflamatório agudo do pâncreas com envolvimento variável de tecidos regionais ou sistemas orgânicos remotos. Fisiopatologia: Depois de desencadeada a inflamação no pâncreas terá uma retroalimentação. Autodigestão: libera mais enzimas, que vão digerir mais ainda o pâncreas e tecidos peripancreáticos. Etiologia: Litíase biliar (40 a 70%) Cálculo está na vesícula biliar sai vai para o ducto cístico e colédoco; chega no colédoco passa pela papila e vai para o duodeno. Nessa passagem cria-se uma hipertensão canalicular transitória que ativa as enzimas pancreáticas levando a pancreatite aguda. Se tiver um cálculo impactado na papila, o paciente terá icterícia obstrutiva - menos comum Trata o cálculo na vesícula para evitar que tenha outras crises e não na via biliar principal - na maioria das vezes. O risco de desenvolver pancreatite aguda nos pacientes com litíase biliar é maior nos homens, mas a incidência é maior nas mulheres (maior prevalência de litíase). Abdome Agudo 60 Cálculos menores que 5 mm tem risco maior de pancreatite do que os maiores (passagem pelo ducto cístico mais provável e obstrução da ampola). Alcoólica (25 a 35%): > 50 g/dia por mais de 5 anos O álcool induziria alterações neurológicas de abertura do esfíncter de Oddi, aumentando a pressão intrapancreática. Também poderia colaborar para a formação de “rolhas proteicas” responsáveis pela obstrução de microductos pancreáticos e, finalmente, levaria ao aumento da lesão por estresse oxidativo - lesão direta dos ácinos que acarretam ativação das enzimas pancreáticas e lesão. Não é o etilismo crônico, e sim a libação alcóolica que desencadeia pancreatite aguda. Hipertrigliceridemia: > 1000 mg/dL Neoplasia Outras: Medicamentosa Azatioprina, estrogênios, furosemida, metronidazol, pentamidina, tetraciclina, tiazida, sulfametoxazol- trimetroprima, ácido valproico. Reações imunológicas: sulfonamidas Efeito tóxico direto: diuréticos, sulfonamidas Acúmulo de metabólicos tóxicos: ácido valproico, pentamidina, tetraciclina Isquemia: diuréticos, azatioprina Trombose intravascular: estrogênio Aumento da viscosidade do suco pancreático: diuréticos e esteroides Acetaminofeno Alfametildopa Procainamida Abdome Agudo 61 Doenças metabólicas: hipercalcemia, hiperparatireoidismo Hipercalcemia: depósito de cálcio nos ductos pancreáticos. Idiopática Lama biliar e microlitíase são encontradas em 20 a 40% dos casos em que a causa não é conhecida. Trauma abdominal fechado com lesão do pâncreas é a principal causa de pancreatite aguda em crianças. A lesão causa liberação de suco pancreático, rico em enzimas digestivas, causando inflamação peritoneal local ou retroperitoneal. Geralmente, há história de choque direto ao tronco sobre o abdome superior, como na lesão do “guidom da bicicleta”, acidentes automobilísticos ou queda de grande altura. Síndrome“do tanque de levar roupa” é como ficou conhecida a série de traumatismos em crianças causados por acidentes domésticos com o tanque de lavar roupas, que ocorrem quando este, mal fixado, cai sobre a criança que se debruça sobre ele. Causas Metabólicas Álcool, drogas, hiperlipoproteinemia, hereditariedade, hipercalcemia, veneno de escorpião Causas Mecânicas Colelitíase, CPRE, pós-operatória, obstrução do ducto de Wirsung, pós-traumática, obstrução duodenal Causas Vasculares Hipotensão, poliarterite nodosa, pós-operatório cardíaco, ateroembolismo Causas Infecciosas Vírus (caxumba, coxsackie, hepatite B, citomegalovírus, varicela-zóster, herpes- simples, HIV), Fungos (Aspergillus), Bactérias (Mycoplasma, Legionella, Leptospira, Salmonella), Parasitas (Toxoplasma, Cryptosporidium, Ascaris). Conceitos: Tipos: Pancreatite intersticial edematosa Pancreatite necrotizante - grave Estéril Infectada - necrose infectada = prognóstico muito pior. Necrose: Tecido pancreático Abdome Agudo 62 Tecido extrapancreático Ambos Fase: Aguda: < 1 semana Pancreatite necrotizante na primeira semana tem insuficiência orgânica, uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica importante (falência de múltiplos órgãos - IR, insuficiência respiratória, insuficiência cardiovascular - choque) = resposta inflamatória exacerbada = GRAVIDADE 1 a 2 semanas Resposta a agressão inflamatória inicial Tardia: > 1 semana A partir da 2a semana de pancreatite o que aparece são complicações locais, necrose infectadas, abscessos pancreáticos/peripancreáticos, pseudocistos - GRAVIDADE. >1 semana Complicações locais Classificação Clínica: Leve: sem insuficiência orgânica e sem complicação local Grave moderada: só complicação local e insuficiência orgânica transitória. Grave: insuficiência orgânica mais de 48 horas. Pancreatite Intersticial Edematosa: Edema do pâncreas Líquido peripancreático Inflamação do tecido peripancreático Pancreatite Necrotizante: 5 a 10% Abdome Agudo 63 TC precoce (ruim para o prognóstico e não para o diagnóstico) → subestimada. Não consegue identificar a necrose. Esperar de 5 a 7 dias para uma melhor delimitação, entre o que é necrose e o que não é. Exame indicado para a identificação da necrose é a TC com contraste. Tecido pancreático, extrapancreático ou ambos Evolução: estéril ou infectada, reabsorção ou coleção Quadro Clínico: Dor Abdominal*: Dor epigástrica/abdome superior - pode ser em faixa Irradiação dorsal, tórax ou flancos Intensidade e localização não tem relação com gravidade Dor pode ter alívio parcial quando o paciente se senta e inclina o corpo para frente Náusas e vômitos (incoercíveis) Todo paciente que tem epigastralgia com vômitos importantes deve levantar a hipótese de pancreatite aguda Forma grave: SIRS/sépsis Instabilidade hemodinâmica, IRA, insuficiência respiratória etc EF: Pode haver dor abdominal a palpação no epigástrio ou mais difusa. Distensão abdominal e ruídos hidroaéreos diminuídos podem ser secundários a inflamação que ocorre no ílio. Casos mais graves: acompanhados de sinais de choque e insuficiência orgânica, como desidratação, taquicardia, hipotensão e taquidispneia (inflamação do diafragma pela pancreatite, por derrame pleural ou pela síndrome da angústia respiratória do adulto), resultantes de processo inflamatório sistêmico (pancreatite aguda grave). Abdome Agudo 64 Sinais de hemorragia retroperitoneal: Sinal de Grey- Turner: equimoses nos flancos Sinal de Cullen: equimose periumbilical Sinal de Fox: equimose na região inguinal e base do pênis Atitude genupeitoral ou de prece maometana é considerada posição antálgica (para aliviar a dor) Exames Laboratoriais: Enzimas pancreáticas: amilase ou lipase. Amilase é a menos específica - pode subir com alterações do intestino, alteração das glândulas salivares. Sobe um pouco Abdome Agudo 65 mais rápido do que a lipase. Amilase é rapidamente eliminada na urina. Lipase: demora mais para subir, mais específica e se mantém por mais tempo. Amilase ou lipase isoladas não fazem diagnóstico de pancreatite aguda 1/5 dos pacientes tem amilase normal Amilase: Aumento de algumas horas (6 a 12 horas após o início da dor) e diminuição de 3 a 5 dias Pode ser normal em pancreatite alcoólica e hipertrigliceridemia São condições que cursam com elevação da amilase: Parotidite Cânceres de pulmão, pâncreas e ovário Cistos ovarianos Acidose metabólica Feocromocitoma Timoma Circulação extracorpórea Úlcera gástrica perfurada Isquemia mesentérica IR Ruptura de esôfago Obstrução intestinal Gravidez tubária Drogas: morfina Trauma cranioencefálico com hemorragia Endoscopia digestiva alta HIV Abdome Agudo 66 Lipase: Mais específica e mantém elevação por mais tempo Aumenta após 4 a 8 horas do início do quadro, com pico em 24 horas, e volta a normalizar-se em 8 a 14 dias. A lipase se mostrou mais sensível e específica do que a amilase, especialmente após o primeiro dia de internação. No caso de elevação persistente, deve-se pensar na formação de pseudocisto. O peptídeo ativador de tripsinogênio (TAP) pode ser útil na detecção precoce da pancreatite e um perditor de pancreatite aguda grave. *Diagnóstico: Maior ou igual 2 critérios Dor abdominal consistente com pancreatite aguda Amilase e/ou lipase maior ou igual 3 x o limite máximo normal Achados característicos de imagem - TC para diagnóstico Exames Complementares: feito o diagnóstico (sempre com exames complementares- não consegue diagnosticar somente com a clínica) Exames de Sangue Provas inflamatórias: hemograma e PCR - tem relação com a gravidade na fase aguda (leucócitos e PCR) PCR > 150 mg/dL nas 48 horas iniciais estão associados a pancreatite grave. Os níveis muito elevados indicam alta chance de necrose do pâncreas, portanto refletem complicações locais. Pesquisa de distúrbios hidroeletrolíticos (todos os pacientes que estão vomitando): Na, K, U, Cr, gasometria Ureia e Creatinina: preditor de mortalidade, em que cada aumento de 5 mg/dL nas primeiras 24 horas Enzimas hepáticas e pancreáticas Enzimas cardíacas? - DD Abdome Agudo 67 Exames de urina? - DD Urina Exames de Imagem Raios X USG*: pede para todo mundo sem diagnóstico etiológico → pesquisar a etiologia mais comum que é o cálculo biliar. Rastreamento de complicações TC RNM ECG? *Classificação de Gravidade Critérios de Ranson* (mais cai na PROVA) Pessoa mais velha, pessoa com resposta inflamatória sistêmica mais intensa, insuficiência pancreática ou endócrina com elevação da glicemia e duas enzimas intracelulares que se elevam quando tem necrose = gravidade. Hematócrito cai mais de 10%, porque o paciente chegou super desidratado ou está com hemorragia (pancreatite necro hemorrágica) = grave nas duas situações. IR mantida após 48 horas = piora Abdome Agudo 68 Acidose metabólica após 48 horas PaO2 = insuficiência respiratória 3 para cima = pancreatite aguda grave 1 ou 2 = leve Classificação de Balthazar Avalia aspecto do parênquima pancreático e a presença de coleções. Doença grave se pontuação maior que 6. Preve a possibilidade de morbidade e mortalidade desses pacientes Balthazar A: pâncreas normal Balthazar B: pâncreas edemaciado - aumento do volume do pâncreas Balthazar C: edema peripancreático Balthazar D: 1 coleção peripancreática Balthazar E: 1 ou mais coleções peripancreáticas ou presença de bolha de gás (= infecção da necrose) Abdome Agudo 69 Balthazar- Ranson: grau da pancreatite aguda + porcentagem de necrose Quanto menos alteração local tiver, menos grave e mais leve é a pancreatite. Paciente com pâncreas sem necrose são menos grave e paciente com necrose < 30% (pouco mais grave), com necrose entre 30-50% (pouco mais grave) e > 50% (mais graves). Classificação Atual Pancreatite agudaintersticial: aumento focal ou difuso do pâncreas com acentuação homogênea ou minimamente heterogênea do parênquima após infusão do contraste venoso. Borramento da gordura peripancreática. Necrose pancreática: áreas focais ou difusas de parênquima pancreático inviável, associado a necrose da gordura peripancreática. TC com áreas não captantes de contraste venoso maiores que 3 cm ou correspondendo a mais de 30% do parênquima. A necrose pode ser estéril ou infectada. Pancreatite aguda leve: mínima disfunção orgânica, com recuperação sem complicações Pancreatite aguda grave: associada a disfunção orgânicas e/ou complicações locais - necrose, abscesso ou pseudocisto. Disfunção orgânica é entendida como a presença de choque, insuficiência respiratória, IR, sangramento gastrointestinal, CIVD ou hipocalcemia grave. Abdome Agudo 70 Coleções líquidas peripancreáticas: extravasamento de secreção pancreática para as regiões anteriores ao espaço periirrenal e outras regiões peripancreáticas. Podem ocorrer na pancreatite intersticial bem como na necrosante. Pseudocisto pancreático: formação cística estéril contendo suco pancreático revestido por uma parede fibrótica não epitelizada observada ao menos 4 semanas após o início da pancreatite aguda. Abscesso pancreático: contaminação do pseudocisto ou área de necrose com liquefação secundária Quanto maior a inflamação, maior a repercussão sistêmica na 1a semana e complicações locais a partir da 2a semana. Outros Critérios de Gravidade PCR > 150 - após 48-72 horas (maior a resposta inflamatória > a gravidade) APACHE II - critério de gravidade para todos os pacientes da UTI, envolve todos os sistemas orgânicos. Acima de 8 = pior prognóstico É um critério geral de mortalidade para pacientes em UTI, não sendo específico para pancreatite. Avalia temperatura, PAM, FC e FR, pH ou BIC arterial, sódio, potássio, hematócrito, leucócitos, idade, escala de Gasgow e problemas crônicos de saúde (cirrose, ICC, doença pulmonar obstrutiva crônica, IRC dialítica, imunossupressão). Apenas balanço negativo > 2000 mL Escore de Glasgow Variáveis Não Sim PaO2 abaixo de 59,3 mmHg 0 1 Idade acima de 55 anos 0 1 Leucócitos > 15.000/uL 0 1 Cálcio < 8 mg/dL 0 1 Ureia > 44,8 mg/dL 0 1 Abdome Agudo 71 DHL > 600 UI/L 0 1 Albumina < 3,2 g/dL 0 1 Glicose > 180 mg/dL 0 1 Escore de Disfunção de Órgãos de Marshall Considera o número de sistemas orgânicos envolvidos e o grau de disfunção. Avalia o sistema respiratório por meio da fração PaO2/FiO2, o renal pela creatinina sérica e o cardiovascular pela pressão arterial. Ocorre resposta pressórica e volume e pH Graduação de 0 a 4: escore maior que 2 em qualquer sistema define presença de falência de órgão Outros exames laboratoriais também preditores de gravidade são: citocinas inflamatórias, interleucina 6 (IL-6), PCR, fosfolipase A2, elastase polimorfonuclear e tripsina imunorreativa SOFA: Mede a disfunção de grandes órgãos por meio de um cálculo, sendo computados nas primeiras 24 horas após a admissão e a cada 48 horas após isso. Valores acima de 7 estão associados a alta mortalidade na pancreatite aguda Mediadores de disfunção de órgãos do escore SOFA Sistema Respiratório Relação PaO2/FiO2 Sistema Cardiovascular Quantidade de droga vasoativa necessária para prevenir a hipotensão Sistema Hepático Nível de bilirrubina Sistema de Coagulação Concentração de plaquetas Sistema Neurológico Escala de coma de Glasgow Abdome Agudo 72 Sistema Renal Cr ou debito urinário *São indicativos de pancreatite grave: SOFA > ou = a 8; APACHE II > ou = a 8 e Ranson > ou = a 3. *Amilase e lipase não tem valor prognóstico - valor somente para diagnóstico Exames Complementares: Exames Laboratoriais Amilase (6 horas) Lipase Cálcio Enzimas hepáticas: TGP > 150 UI/L - valor preditivo positivo para diagnóstico de pancreatite biliar. Hemograma: sua elevação é sinal de mau prognóstico, já que reflete sequestro de líquido para o terceiro espaço. Função renal Marcadores inflamatórios e de necrose Eletrólitos Triglicérides: sua concentração alta pode reduzir falsamente os níveis de amilase, além de valer como pesquisa de etiologia. Gasometria arterial: avalia o comprometimento pulmonar Cálcio sérico: a hipocalcemia é um achado que decorre da saponificação do cálcio circulante pela gordura peripancreática necrosada e, por esse motivo, tem relação com a gravidade do caso (Ca < 7 mg/dL = pior prognóstico). Exames de Imagem TC com contraste EV Nem todos os pacientes com PA precisam de TC; aqueles sem sinais de PA grave que rapidamente melhoram usualmente não precisarão de TC Indicada após 48 horas sem melhora Abdome Agudo 73 Para classificação adequada, 5-7 dias - para prognóstico Edema, necrose, abscesso, complicações Solicitada preferencialmente após 48 a 72 horas, em todos os indivíduos com pancreatite aguda grave, para identificação de áreas mal perfundidas sugestivas de necrose e confirmação da suspeita de pancreatite necrosante. Capaz de diagnosticar complicações, como coleções e pseudocistos. RX Descartar quadros perfurativos pela presença de pneumoperitônio Pancreatite - sinais inespecíficos: Distensão de alça de delgado - alça - sentinela Dilatação cólon D Derrame pleural a Esquerda* - pede enzima pancreática, pois pode ser pancreatite Aumento do arco duodenal Sinal de Gobiet: distensão do cólon transverso em razão de sua infiltração Sinal do Cut off no cólon: distensão gasosa dos ângulos hepático e esplênico e presença de gás no transverso. Elevação do hemidiafragma Atelectasias basais Infiltrado pulmonar ou síndrome da angústica respiratória aguda USG Pesquisa de colelitíase - causa principal Avaliação de coleções Má avaliação do pâncreas Abdome Agudo 74 RNM Melhor na fase aguda para coleções heterogêneas Pacientes com alergia ao iodo Indentificação de coledocolitíase Ecoendoscopia Melhor na fase aguda para coleções heterogêneas, microlitíase e lesões periampulares (que não aparece no USG) CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) Não utiliza para a investigação Semanas após a resolução do surto agudo Pesquisa de colelitíase Pesquisa de alterações nos ductos Para terapêutica por meio da papilotomia e/ou extração de cálculos, quando houver icterícia ascendente ou colangite associada. Complicações: As causas de mortalidade nas duas primeiras semanas são relacionadas a síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Pulmonar Atelectasia, derrame pleural e síndrome da angústia respiratória na fase aguda da pancreatite, em razão do quadro de síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Renal O sequestro de fluidos que ocorre na fase aguda da pancreatite leva a depleção do volume intravascular, podendo cursar com IRA pré-renal Cardíaco Falência aguda do miocárdio em decorrência do processo inflamatório agudo Metabólico Hiperglicemia em decorrência da falência pancreática endócrina, acidose metabólica, hipocalcemia e hipomagnesemia na fase aguda. Sistêmico CIVD, disfunção de múltiplos órgãos e sistemas, choque hipovolêmico, todos na fase aguda. Trombose venosa portoesplenomesentérica desevolve-se em cerca de 50% Abdome Agudo 75 dos pacientes com pancreatite aguda necrosante e é rara na ausência de necrose Outros Gastrite hemorrágica, úlcera de estresse, necrose gordurosa metastática Local Com o passar dos dias, por volda da segunda semana de evolução, a necrose pode se infectar, originando a infecção ou abscesso pancreático, ou o processo inflamatório pode comprometer estruturas vizinhas, como o mesocólon transverso, levando a isquemia e perfuração. A TC demostra gás no pâncreas ou tecido peripancreático (”sinal da bolha de sabão”), o que é um forte indicativo de infecção; caso contrário, o diagnóstico de necrose infectada pode ser feito por punção guiada por tomografia. O efeito de massa gerado por coleções pancreáticas
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