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Naomi Sugita Reis DIREITO TRIBUTÁRIO I ____________________________________________________________ Livros: Curso de direito constitucional tributário - Carrazza, Curso de direito tributário - Paulo Carvalho e Hipótese de incidência tributária - Geraldo Ataliba, Direto financeiro e finanças públicas - Aliomar Baleeiro. SUMÁRIO ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 2 O TRIBUTO 3 TRIBUTO COMO OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 3 CONCEITO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTO 4 DEFINIÇÃO LEGAL DO TRIBUTO 4 O FATO ABSTRATO E O FATO CONCRETO 6 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA 7 SUBSUNÇÃO 7 FATO JURIDICAMENTE TRIBUTÁVEL/ IMPONÍVEL 7 CLASSIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA 8 ASPECTO MATERIAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA 9 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 11 IMPOSTO 11 COMPETÊNCIA DA UNIÃO 12 COMPETÊNCIA DO ESTADO 15 COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO 17 TAXA 19 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 22 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO 22 CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 23 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 26 CARACTERÍSTICAS 27 PRINCÍPIOS NO DIREITO TRIBUTÁRIO 29 1 Naomi Sugita Reis Glossário • Alíquota → percentual fixo que é utilizado dentro da base de cálculos que determina a incidência do tributo. Parâmetro de cálculo {que pode aumentar ou diminuir na mudança de impostos para mais ou para menos — ajustador de intensidade} • Hipótese de Incidência → fato abstrato previsto em lei {fato gerador} • Base de cálculo: dimensiona o fato gerador • Fato juridicamente tributável → fato concreto realizado pelo sujeito passivo que se subsume à norma • Tributo → obrigação de levar dinheiro aos cofres públicos • Consequência tributária → relação jurídica obrigacional entre o sujeito ativo e o sujeito passivo sobre o crédito tributário • Sujeito ativo → pessoa política • Sujeito passivo → contribuinte • Capacidade tributária → arrecadar, fiscalizar, cobrar {delegável} • Competência tributária → legislar {indelegável} DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO O dinheiro que serve para custear a rede pública envolve o direito financeiro mais do que o direito tributário. Isso se dá em função de o direito financeiro envolver as regras relativas às receitas e às despesas financeiras. Resta claro, portanto, que o Estado necessita de receitas públicas {originarias e derivadas} para poder sobreviver, as quais podem ser: I. Receita pública originária: o dinheiro proveniente da exploração do próprio património da pessoa pública {exploração econômica por parte do Estado}. Quando o estado faz dinheiro com seu próprio patrimônio. A relevância é quase zero, as receitas originarias acabam sendo de baixa expressão econômica e, em consequência, insuficientes para poder cobrir os gatos públicos. Pode se dar quando aluga-se um bem imóvel público para um particular, por exemplo. II. Receita pública derivada: decorrem do Poder de Império do Estado que a lei confere a ele. Sendo assim, o Estado cria obrigações aos particulares, que deverão levar certas quantias aos cofres públicos quando se depararem com determinadas situações previstas em lei. A. Reparações de guerra; B. Multas; C. Tributos {art. 150, I CF}. 2 Naomi Sugita Reis O TRIBUTO Tributo é uma prestação, um comportamento de levar dinheiro aos cofres públicos, que não deriva da vontade do particular — as pessoas o fazem porque, ao não cumprir essa obrigação de crédito tributário de maneira tempestiva estarão sujeitas a multa com juros e correção monetária {que possuem um único índice de correção que contempla essas duas grandezas, chamado de SELIC}… Cumpre ressaltar que o tributo não é uma penalidade, não se pode cobrar um tributo a titulo de sanção. Tributo com o intuito de penalizar é o tributo confiscatório, que está vedado pela Constituição. As regras aplicadas a tributo e a penalidades são completamente diferentes, são regimes jurídicos distintos. O tributo, conforme Paulo de Barros Carvalho, pode ter várias designações diferentes, dependendo do contexto em que é empregada: • O dever de levar dinheiro aos cofres públicos, coativamente, • O dinheiro levado ao cumprimento desse dever, • O comportamento de levar dinheiro {prestação}, • A lei que prescreve tal dever, • A relação jurídica {obrigação} que tal lei engendra. TRIBUTO COMO OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Geraldo Ataliba afirma que o conteúdo das normas tributárias é uma ordem ou comando para que se entregue ao Estado {ou pessoa por ele designada} certa soma de dinheiro. Em outras palavras, “a norma que está no centro do direito tributário é aquela que contém o comando: entregue dinheiro ao Estado”. Nesse sentido, pode ser verificado que as normas tributárias não são diferentes das demais normas jurídicas. A única coisa que as diferenciam é que a norma tributária possui uma qualidade de comando: o comportamento de levar dinheiro aos cofres públicos. O objeto dos comandos jurídicos é o comportamento humano consistente em levar dinheiro aos cofres públicos {dinheiro esse, vulgarmente, nomeado de “tributo”}. O tributo, no seu sentido jurídico é a OBRIGAÇÃO DE LEVAR O DINHEIRO AOS COFRES . Nenhum preceito se volta para outra coisa senão o comportamento humano. O objeto da norma não é o dinheiro transferido aos cofres públicos. As obrigações de dar têm um objeto que é o comportamento, que é o objeto do comando. A vinculação ou não do tributo não tem a ver com a destinação do tributo, mas sim com a atuação do Estado para o ensejo dele. A sua destinação tem a ver com “destinação específica”. 3 Naomi Sugita Reis CONCEITO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTO O tributo decorre de uma fonte legal e de um comportamento lícito → licitude da hipótese de incidência e compulsoriedade. O conceito de tributo é o centro da construção sistemática que se designa por direito tributário, que, como dito acima, não goza de independência científica, apenas didática. O direito tributário é um sistema que se constrói a partir do conceito de tributo que só pode ser erigido juridicamente num contexto determinado. O conceito de tributo é pressuposto constitucionalmente, pois não há uma previsão específica na Constituição. Mas, a partir da interpretação constitucional, é possível analisar a existência de hipótese de incidência do fato gerador. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Há a obrigação compulsória de levar dinheiro aos cofres públicos, obrigação essa decorrente da prática de um comportamento lícito. O conceito jurídico de tributo, assim como sua classificação jurídica, são resultados de interpretação jurídica da Constituição e não reprodução de conceitos formulados em instancia econômica ou financeira. O conceito de tributo e de suas especies deve ser construído a partir do sistema positivo, sem nenhuma influencia de noções ou formulações estranhas ou impertinentes, como as econômico-financeiras. DEFINIÇÃO LEGAL DO TRIBUTO Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada {ato de cobrança amplamente previsto na Lei de Execuções Fiscais e no próprio CTN a partir do art. 42}. • Obrigação: vínculo jurídico transitório, de conteúdo econômico, que atribui ao sujeito ativo o direito de exigir do passivo determinado comportamento e que a este põe na contingencia de praticá-lo, em benefício do ativo. • Pecuniária: levar dinheiro ao sujeito ativo. • Ex lege: a obrigação tributária {o tributo} nasce da vontade da lei, mediante a ocorrência de um fato imponível nela descrito. Não nasce, como as obrigações voluntárias, da vontade das partes. 4 Naomi Sugita Reis • Que não se constitui em sanção ato ilícito: dos fatosilícitos nascem multas e outras consequências punitivas, e não tributos. • Sujeito ativo — em princípio, uma pessoa pública: regra geral, o sujeito ativo é uma pessoa política ou “meramente administrativa”. Mas a lei pode atribuir a pessoa privada a capacidade de ser sujeito ativo de tributos — de maneira excepcional — desde que ela tenha a finalidade de interesse público {parafiscalidade}. • Sujeito passivo — uma pessoa posta nesta situação pela lei: a lei designa explicitamente o sujeito passivo como “destinatário constitucional tributário”. Em se tratando de impostos {não vinculados}, as pessoas públicas não podem ser sujeito passivo, devido ao princípio da imunidade tributária, previsto na Constituição em seu artigo 150, VI. Entretanto, nada impede que sejam passivos nos tributos vinculados. Em relação à expressão da moeda, pode ser feito, por força de lei, dação em pagamento em bens imóveis. Norma jurídica é o que está contido no texto de lei. A norma jurídica é composta pelo: • Fato Gerador/ Hipótese de Incidência: descrição de um ato lícito • Consequência {relação jurídica tributária} • Dever-ser A lei não confere à autoridade administrativa a prerrogativa de analisar se é conveniente ou oportuno o pagamento do tributo, ele é obrigado a lançar, sob pena de responsabilização. Cumpre ressaltar que, mesmo existindo a plena vinculação para cobrança, o agente público {auditor fiscal} detém certas competências discricionárias dentro dos limites legais. E isso não afasta a vinculação. A Fazenda, ao analisar o sujeito passivo {destinatário constitucional do tributo} em função da malha fina, pode analisar as contas bancárias dele. O crédito tributário só pode ser dispensado se uma lei acima assim estabelecer. Esse é um dos motivos de ele ser vinculado. A impenhorabilidade do bem de família não se perfaz para os fins tributários {bem de família pode ser penhorado para pagar tributos}. A. Acepções do vocábulo “tributo”: 1. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. 5 Naomi Sugita Reis 2. Dever jurídico do sujeito passivo 3. Direito subjetivo do sujeito ativo de exigir o cumprimento da prestação 4. Relação jurídica tributária 5. Norma jurídica {art. 153 CF} 6. Hipótese de incidência: subsunção do fato à norma {se preocupa com o fato, com a norma e com a relação entre os dois} 7. Processo de positivação III. Natureza jurídica: Art. 4o A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. A. Natureza jurídica específica deve ser analisada para saber qual é o tributo. Se quer saber a natureza de um tributo, tem que ser analisada a base de cálculo 1. Exemplo: no Município de POA, é cobrado o IPTU com a base de cálculo em cima do valor venal ou então em cima dos alugueres percebidos em cima do imóvel — o valor venal é sim uma base de cálculo legítima para o IPTU, pois tem muito a ver com o fato gerador. Entretanto, os alugueres percebidos não tem nada a ver com o fato gerador, pois se trata de renda auferida, que é de interesse da União com o Imposto de Renda. Sendo assim, é manifestamente inconstitucional o IPTU com base de cálculo de faturamento. B. Binômio identificador: 1. Hipótese de incidência/ fato gerador; 2. Base de cálculo {é a GRANDEZA econômica que dimensiona o fato gerador, é ele o real critério para analisar a natureza jurídica do tributo, pois as vezes o fato gerador pode ser dúbio, muito abrangente e é na base de cálculo que podem ser encontradas fraudes, falcatruas}. O FATO ABSTRATO E O FATO CONCRETO Um fato juridicamente relevante {fato concreto} está atrelado a uma consequência jurídica e, portanto, envolve a obrigação de o sujeito passivo pagar ao sujeito ativo uma determinada quantia em dinheiro a título de tributo. Essa consequência jurídica é uma relação jurídica tributária, envolvendo o sujeito ativo {credor} e o sujeito passivo {devedor}, na qual este tem o dever de levar 6 Naomi Sugita Reis dinheiro aos cofres públicos e esse tem o direito subjetivo de captar {arrecadar, fiscalizar, cobrar} esse dinheiro devido pelo sujeito passivo. Essa atividade do sujeito ativo é plenamente vinculada. A estrutura de uma norma jurídica envolve a leitura dos textos do direito positivo, os quais prevêem a hipótese de incidência do pagamento de um tributo {fato abstrato}. A hipótese de incidência está contida no texto de lei e está ligada a um fato abstrato lícito, possível e realizável do mundo real, ensejando uma consequência jurídica, que é o dever do sujeito ativo de pagar e o direito de o sujeito passivo receber o crédito tributário. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA A hipótese de incidência está prevista em lei e prevê quando é que vai ser necessário o pagamento do tributo. A hipótese de incidência incide sobre o fato gerador e faz com que ele deixe de ser um simples fato e faz com que ele seja juridicamente relevante. O fato passa a ser um fato jurídico tributável, desencadeando consequências jurídicas, a fim de que sejam cumpridas as obrigações tributarias. A hipótese de incidência está ligada à norma jurídica {dever-ser interproporcional neutro}, enquanto o fato jurídico tributável {fato imponível} está no mundo dos fatos. O fato gerador é a situação definida em lei como necessária para o pagamento concreto do tributo, podendo estar portanto no mundo dos fatos ou no mundo abstrato. O fato abstrato é a hipótese de incidência ou hipótese tributária enquanto o fato concreto é o fato juridicamente tributável ou fato imponível. Ambas as expressões substituem a expressão FATO GERADOR, que acaba por ser dúbia, podendo tanto ser do mundo físico quanto do mundo abstrato. Fato gerador pode ser visto, de acordo com o CTN como o fato abstrato, mas não é dada uma outra denominação ao fato fático. Por isso que é melhor usar a construção doutrinária acima do “fato gerador”. SUBSUNÇÃO A Subsunção é o fenômeno de um fato configurar rigorosamente a previsão hipotética da lei. Diz-se que um fato subsume à hipótese legal e, portanto, à norma quando completa rigorosamente à descrição que dele faz a lei. FATO JURIDICAMENTE TRIBUTÁVEL/ IMPONÍVEL É fato imponível um fato concreto, acontecido no universo fenomênico que configura a descrição hipotética contida na lei. É a realização da previsão legal. O fato imponível está para a hipótese de incidência como o objeto está para o conceito. 7 Naomi Sugita Reis A hipótese de incidência contém um arquétipo, um protótipo bem circunstanciado. O fato imponível é a materialização desse arquétipo legal. Fato gerador é o que está previsto em lei como algo que, uma vez praticado, ensejará a obrigação de pagamento do tributo, em outras palavras, o fato gerador pode ser concebido com a mesma conotação da hipótese de incidência. A simples existência da norma jurídica por si só não enseja em uma obrigação de pagar. É vislumbrada a necessidade de que um fato ocorra no mundo concreto, MAS dentro da hipótese de incidência. Em relação ao critério objetivo e jurídico, que é o utilizado para a base de calculo base imponível, ele sempre será o único elemento que confere o gênero jurídico do tributo. Em outras palavras, ao se investigar o gênero jurídico do tributo, não interessa saber quais os elementos que compõem o pressuposto material, basta verificaram a base de calculo: a natureza dessa base de calculo sempre conferirá o gênero jurídico ao tributo. CLASSIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA A doutrina de Geraldo Ataliba fez uma classificação dos tributos a partir do que a Constituiçãoprevê em seus artigos 145, 148 e 149. À ciência do direito compete analisar o conjunto de textos normativos e, a partir deles, propor classificações e conceitos no intuito de planar o emaranhado de leis e artigos em algo inteligível. A Constituição estabelece cinco tipos de tributos e a doutrina traz uma classificação hábil para determinar o que pode ser considerado como espécie tributária. Por isso que somente depois da vigência da Constituição — como fundamento da ordenação jurídica global — é que foi possível elaborar uma classificação dos tributos. Esta toma, portanto, como ponto de partida, o supremo dado jurídico: a Constituição. Sendo assim, a classificação dos tributos é uma tarefa do mundo jurídico e não do HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA FATO IMPONÍVEL DESCRIÇÃO GENÉRICA E HIPOTÉTICA DE UM FATO FATO CONCRETAMENTE OCORRIDO NO MUNDO FENOMÊNICO, EMPIRICAMENTE VERIFICÁVEL CONCEITO LEGAL FATO JURÍGENO - ESFERA TANGÍVEL DOS FATOS DESIGNAÇÃO DO SUJEITO ATIVO SUJEITO ATIVO JÁ DETERMINADO EVENTUAL PREVISÃO GENÉRICA DE CIRCUNSTÂNCIAS DE MODO E DE LUGAR MODO DETERMINADO E OBJETIVO, LOCAL DETERMINADO MENSURAÇÃO GENÉRICA - BASE DE CÁLCULO MEDIDA DETERMINADA - BASE CALCULADA 8 Naomi Sugita Reis mundo das finanças, posto que, apesar de o fundamento dos tributos coincidir com a classificação financeira preexistente, ela é exclusivamente jurídica. Existe uma grande diferença entre “texto” e “norma jurídica”, esse é a literalidade que está num artigo de um texto de lei, enquanto esta é um juízo de significação que decorre de uma interpretação do texto positivo. Segundo Geraldo Ataliba, “o critério jurídico de classificação dos tributos está na consistência do aspecto material da hipótese de incidência”. É a materialidade do conceito do fato, descrito hipoteticamente pela HI que fornece o critério para classificação das especies tributárias e o principal caráter diferencial entre as especies tributarias está na conformação ou configuração do aspecto material da HI. ASPECTO MATERIAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA Teoria Trinária/ Tripartite Geraldo Ataliba afirma que, em todas as legislações existentes, em todos os casos, o aspecto material da HI, ou: a) consiste numa atividade do poder público {ou numa repercussão desta} ou, b) consiste em um fato ou acontecimento inteiramente indiferente a qualquer atividade estatal. Portanto, essa diferenciação permite classificar todos os tributos segundo o aspecto material de sua HI: tributos vinculados e não vinculados. Sendo a diferença entre o tributo vinculado e não vinculado é, basicamente, a atuação do Estado para a ensejar a obrigação de seu pagamento. Será vinculado aquele tributo cuja hipótese de incidência está vinculada a uma atuação estatal, a um agir da administração pública. O termo “vinculado” está associado ao agir do Estado, ou seja, quando o particular não faz nada para que seja cobrado o tributo, apenas o Estado é quem age — o Estado um serviço que o particular NÃO PODE RECUSAR. Exemplos disso são: taxa de coleta domiciliar de lixo, contribuição de melhoria… A consistência do aspecto material é uma atividade estatal, um ato jurídico ou material do Estado. Exemplos de fatos juridicamente tributáveis vinculados são de o Estado: fornecer, agua, certidão, expedir documentos, realizar obra que valoriza imóvel particular, conceder licença, conceder autorização, permissão… No âmbito dos tributos vinculados, podem ser vislumbrados os tributos diretamente vinculados, que são aqueles que envolvem uma atuação direta do Estado {basta que o Estado faça algo, que nascerá a obrigação tributária} {basta que seja algo consequente da atuação estatal}, enquanto os indiretamente vinculados são aqueles que dependem não apenas da prestação do serviço público, da atuação estatal, mas de algo a mais, chamado de fator intermediário. 9 Naomi Sugita Reis Os tributos não vinculados são aqueles que a hipótese de incidência prevê um fato praticado pelo próprio particular e não pela administração pública. São também chamados de “tributos sem causa estatal”. Ao analisar a hipótese de incidência extraída da lei, verifica-se que todos impostos são uma espécie tributária que sempre vai ser não vinculada, ou seja, o particular só vai ser obrigado a pagar impostos se ele fizer um ato previsto em lei. Tem-se, portanto, um fato qualquer não consistente numa ação do poder público, mas ligado a uma pessoa qualquer. Exemplos de fatos juridicamente tributáveis não vinculados são: vender, exportar, ser proprietário, transmitir imóvel, prestar serviço, receber rendimentos, importar… O imposto extraordinário de guerra não tem uma hipótese de incidência predefinida pela Constituição. O texto legal apenas tem a previsão em seu artigo 154, II que, em caso de iminência/ atual guerra externa, ficaria a cargo da União o IG - podendo ela colocar a hipótese de incidência sobre o que quisesse para poder arrecadar receita. Finda a causa que lhe deu origem {guerra externa}, acabam os pressupostos de cobrança. A união faz uma lei através de competência extraordinária e estabelece um fato gerador não vinculado a uma atividade estatal {um imposto que poderia ser usado para poder ser arrecadado o IG é o ICMS}. Os defensores dessa teoria admitem a existência da contribuição social e do empréstimo compulsório, mas eles não possuem uma característica única {de vinculado ou não}, sendo necessária a análise da HI. Segundo a teoria tripartite/ trinária, só existem três tipos de tributos: os impostos, as taxas e as contribuições de melhorias. E ela é contraposta pela teoria pentapartite/ quinaria, que é é defendida pelo professor Ives Gandra da Silva Martins, e apoiada pelo STF e prevê que existem cinco tipos de tributos que não se comunicam e possuem natureza jurídica distinta: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais. Teoria Quinária/ Pentapartite Ives Gandra da Silva Martins e o STF prevêem cinco tipos de tributos, quais sejam: a) impostos, b) taxas, c) contribuição de melhoria, d) empréstimo compulsório, e)contribuição especial. A questão de os tributos serem ou não vinculados não tem a ver com a destinação específica e também a necessidade de restituição ou não. A vinculação depende de uma análise da interferência da atuação do Estado na Hipótese de Incidência. I. Impostos {art. 167, IV CF} caracterizam uma categoria autônoma porque são tributos não vinculados a uma atividade estatal, sem destinação específica ao tributo arrecadado {e não vinculado a qualquer despesa específica}. Ao contrario da 10 Naomi Sugita Reis contribuição previdenciária {contribuição especial}, que tem um destino próprio, que é a Previdência Social, administrado pela RF. A. Não vinculado B. Sem destinação específica {órgão, fundo ou despesa específicos} C. Não restituível II. Taxas: A. Vinculado {diretamente} B. Destinação específica C. Não restituível III. Contribuição de melhoria: A. Vinculado {indiretamente} B. Destinação específica C. Não restituível IV. Empréstimo compulsório: A. Não vinculado / vinculado B. Destinação específica C. Restituível {característica que o coloca em posição autônoma} V. Contribuição especial: A. Não vinculado / vinculado B. Destinação específica C. Não restituível CRIAÇÃO DE TRIBUTOS O CTN é formalmente uma Lei Ordinária, mas materialmente é vista como uma Lei Complementar. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS IMPOSTO art. 145, I São criados através de Lei Ordinária, menos o Imposto sobre Grandes Fortunas {ainda não existente} e o Imposto Residual, que serão criados através de Lei Complementar, em função de determinação expressa por parte da Constituição. 11 Naomi Sugita Reis A base de cálculo nos tributos sempre é fácil de ser identificada. Portanto, sempre vai ser vislumbrada uma alíquota. Portanto, não vai ter imposto com valor fixo. A capacidade é o foco da tributação de impostos{o tamanho da concentração de riqueza do particular}, respeitado o mínimo existencial. No caso do imposto de guerra, a União pode fazer de tudo, vale tudo. Impostos indiretos e diretos se diferem pelo sujeito passivo. Nos indiretos {ICMS e IPI}, o sujeito passivo originário repassa para o consumidor final no ônus de pagar o tributo — o ônus suportado pelo tributo é repassado para outro. O que caracteriza o tributo indireto é que o industrial PAGA o tributo já! Mas ele repassa esse ônus para o consumidor final no preço do produto. Enquanto nos diretos, quem paga o tributo é quem pratica o fato gerador. Os PIS e COFINS não são tributos indiretos. Impostos regulatórios {caráter extrafiscal} {II, IE, IPI, IOF} são aqueles que não precisam respeitar o princípio da anterioridade {da não surpresa} induzem o comportamento dos particulares a um determinado caminho. Por exemplo, o incentivo a comprar produtos estrangeiros ou nacionais, reduzindo ou aumentando impostos. Mas, não há confiscatoriedade. Eles são manipulados de acordo com os interesses da pessoa política em estimular ou desestimular importações {no caso do II} e exportações {no caso do IE}. Barreira alfandegaria é utilizar imposto para evitar a saída ou entrada de bens — são péssimas para o comércio exterior e são medidas protecionistas para prestigiar a economia interna. Progressividade é um critério que informa a alíquota de um tributo — a alíquota aumenta e diminui de acordo com a base de cálculo. A Constituição prevê a possibilidade de progressividade. Caso não haja previsão EXPRESSA na Constituição, há de o tributo ser proporcional {independente do aumento ou diminuição da riqueza}. Só pode ser Progressivo o tributo que a Constituição autorizar. ARTIGO 153 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMPETÊNCIA DA UNIÃO I. II - Imposto de Importação: tem, via de regra, uma alíquota de 60% do valor do produto importado e pode ser majorado em até 5x, chegando a 300%, e ainda podem ser aliados a ele o IPI à importação. A. Regulatório — Extrafiscal. B. Fato gerador: importar produtos do exterior {menos bens de bagagem}. II. IE - Imposto de Exportação: é melhor para o país exportar mais e importar menos, pois o país se tornaria economicamente estável. E por que existe o imposto de importação? A maioria das alíquotas de exportação beiram a 0%. Quando o sujeito 12 Naomi Sugita Reis exporta, ele recebe um crédito referente à quantia {monetária} que ele exportou, credito esse que pode ser abatido com outros impostos, como IR… A. Regulatório — Extrafiscal. B. Fato gerador: venda de bens para o exterior. C. Por exemplo, quando um outro Estado tem falta de arroz, o Brasil, se exportar muito muito muito arroz, a margem de lucro vai ser maior pro produtor e no Brasil vai ter falta de arroz {porque está sendo tudo exportando} e quando tem no Brasil. A exportação não pode ser proibida {não pode ser usado o tributo como forma de proibir algo}, portanto, vai ser aumentada a alíquota para desestimular os produtores de arroz a exportarem. III. IR - Imposto de Renda: o imposto de renda, por força de lei, deve ser progressivo {de certo modo}. As contribuições variam de 7,5% até 27,5%. Dessa alíquota de 7,5% até a alíquota de 24,5% o tributo vai ter característica de progressividade. Já quando chega na alíquota de 27,5%, o qual é devido por quem ganha mais de 4 mil reais, vai sempre ser proporcional. 7,5% até 27,5% → progressivo. 27,5% → proporcional. A. Pessoa Jurídica {IRPJ}: incide sobre o lucro líquido {aquilo que o empresário recebe, reduzidas as despesas}. B. Pessoa física {IRPF}: critério constitucional e IMPERATIVO da progressividade. Por isso que existe tabela progressiva anterior. IV. IPI - Imposto sobre operações de Produtos Industrializados: precisa respeitar o princípio da não surpresa apenas no aspecto nonagesimal {90 dias de anterioridade}. A. Regulatório — Extrafiscal: a intenção é selecionar alguns produtos e majorar {cigarro} e selecionar outros produtos e diminuir {linha branca}. Este imposto é, originalmente, devido pelo sujeito passivo “Industria” e é repassado para o consumidor final {nós}, o que o torna um imposto indireto. B. Seletivo: é um critério de tributação obrigatório ao IPI, é um elemento inerente ao IPI. O legislador é quem regula essa seletividade, decidindo o que seria um bem de consumo indesejado por exemplo. Essa seletividade é a forma de fazer valer a extrafiscalidade através de majoração ou diminuição das alíquotas. C. Obrigatoriamente, o IPI é indireto. O que caracteriza o tributo indireto é que o industrial PAGA o tributo já! Mas ele repassa esse ônus para o consumidor final no preço do produto. D. Não cumulatividade {pessoa física destinatária do produto final não pode ser tributada quando vai comprar bens para seu consumo}. 13 Naomi Sugita Reis E. Fato gerador: 1. Operação comercial, 2. Processo industrial para exposição a venda, 3. Importação de produto industrializado {não cumulatividade}, 4. Arrematação de bem apreendido {não existe legislação acerca do IPI arrematação, então ele não está sendo cobrado}. V. IOF - Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores mobiliários: A. Regulatório: o ente pode alterar através de decreto — Extrafiscal; B. Fato gerador: 1. Operação de crédito 2. Operação de câmbio 3. Operação de seguros 4. Operação de títulos ou valores imobiliários VI. ITR - Imposto de Tributação Rural: A. Pode ocorrer a parafiscalidade. O município já fica com 50% do ITR, mas a União pode delegar a capacidade tributária {arrecadar, fiscalizar e cobrar}, sendo que o município poderá ficar com 100% da receita. B. Fato gerador: 1. Propriedade de bem imóvel territorial localizado na zona rural ou na zona urbana com destinação rural {“chacrinha” no centro da cidade, levando em conta o aspecto econômico - produzir alface e vender, ter galinhas e vender os ovos…}. a) Art. 32 CTN: em relação ao IPTU → O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. Mas existem limites e critérios para esse estabelecimento. C. IGF - Imposto sobre Grandes Fortunas: não foi criada ainda, mas quando for criada deverá ser através de Lei Complementar {quorum qualificado - maioria absoluta}. 14 Naomi Sugita Reis ARTIGO 154 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL A União tem uma característica única, de possuir competência residual. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - IEG - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. ARTIGO 155 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMPETÊNCIA DO ESTADO I. ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação de qualquer bem ou direito: A. Pagamento é feito eletronicamente. Caso o destinatário constitucional tributário não pague, o Estado irá notificá-lo para que efetue esse pagamento - normalmente a fiscalização se dá em função do IR aumentado. O sujeito tem até o ultimo dia do mês em que recebeu o bem para declarar o bem/ direito. Caso não declare, ele incorrerá em multa que pode chegar até 20% do valor do bem. O cartório de registo de imóveis é responsável pelos tributos relativos a ele {ITCMD e ITBI}, por isso é que eles não fazem nada sem a comprovação pelo sujeito passivo do pagamento do tributo. B. Fato gerador: transmissão causa mortis/ doação de qualquer bem ou direito. C. Proporcional {fixo em 4% no Paraná, mas tem resolução do CN prevendo que a alíquotamáxima em um Estado seria 8%}. Alíquotas mínimas também são previstas para evitar a guerra fiscal {evitar que investidores sejam atraídos em função de alíquota 0}. D. Sujeito passivo da relação tributária: 1. Causa mortis: espólio até que venha a sentença da sucessão {os herdeiros passarão a ser os sujeitos passivos}; 2. Doação: quem recebeu a doação - donatário. E. Bens móveis: domicílio fiscal. F. Bens imóveis: Estado onde o bem se encontra. 15 Naomi Sugita Reis II. ICMS - Imposto sobre operações relativas a Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação: quatro impostos de naturezas distintas, porque cada um tem um fato gerador diferente. {Lei Kandir - Lei Complementar geral sobre ICMS} A. Fato gerador: 1. Operações bilaterais de circulação de mercadorias: negócio jurídico de compra e venda. Não vale a industria mandar para a distribuidora, e não basta a circulação física {precisa da BILATERALIDADE}. a) Operações entre estados: alíquotas interestaduais são estabelecidas pelo Congresso Nacional. (1) Muita gente acaba pagando {quando a industria manda para a sua filial em outro estado, saindo do RS no valor de 12% e chegando no PR no valor de 18%} sem perceber que é errado, por causa do princípio da não cumulatividade: o empresário tem que pagar apenas a diferença entre os dois estados {6%}. Acaba até sendo mais vantajoso nesse caso, porque se não pagasse no RS, teria que pagar os 18% do Paraná. (2) Mas, segundo o precedente do STF, a situação ficaria melhor para o empresário em relação a determinadas mercadorias que possuem no Estado que receberá {na filial} um ICMS em 0%, que daí ele não pagaria nada nem no RS e nem no PR. (3) A mercadoria que está sendo transportada precisa estar acompanhada de documentação fiscal idônea, porque pode ocorrer de estar atravessando um Estado que não é o receptor. Essa mercadoria então, não poderá ser tributada no estado de passagem. Se não tiver esses documentos, vão autuar, mas não vão apreender a mercadoria. 2. Serviços de transporte interestadual 3. Serviços de transporte intermunicipal 4. Serviços de comunicação O imposto incide sobre: I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II – prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; 16 Naomi Sugita Reis III – prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. VI – a entrada de mercadoria importada do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento; VII – o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; VIII – a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. B. Indireto: repassa o ônus para o consumidor final em função da operação, que engloba o custo total da venda. Engloba os custos com frete e até com o ICMS. O ICMS é incluído em sua própria base de cálculo. Quem paga é o industrial, quem paga é o comerciante, mas quem ARCA com o ÔNUS ECONÔMICO é o consumidor final. C. Sem destinação final, porque, afinal, é um imposto. III. IPVA - Imposto de Propriedade {e detenção de direitos} de Veículos Automotores: A. Fato gerador: não incide em aeronaves, barcos… apenas em veículos terrestres. B. Devido no domicílio fiscal do proprietário: se mora em Curitiba, registra no DETRAN-PR e paga no PR. No caso de locadoras de veículos, elas possuem domicilio em vários estados e escolhem em qual deles elas pagarão o IPVA {no estado que tiver a tributação mais branda}. C. Sujeito passivo: o proprietário e quem detém direitos sobre o bem, sobre o veículo {em caso de banco, que tem direito de domínio sobre o carro}. ARTIGO 156 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO I. ITBI - Imposto que incide sobre a Transmissão de Bens Imóveis em ato inter vivos: 17 Naomi Sugita Reis A. Fato gerador: transmissão de bem imóvel entre pessoas vivas {não é doação e não é herança - caso do ITCMD}. B. Incide sobre o valor de mercado — valor venal — e não sobre o valor declarado. Isso se dá para evitar Fraudes no IR e no ITBI - evitar sonegação de impostos. A pessoa pode declarar o valor que quiser, mas o fisco aplicará o valor de mercado. C. Se o sujeito não apresentar o comprovante de quitação do ITBI, o cartório não faz o registro, porque ele seria o responsável. D. Sujeito passivo {destinatário constitucional tributário}: quem compra o bem. II. IPTU - Imposto que incide sobre a propriedade Predial e Territorial situados em área Urbana. A. Valor venal: estabelecido pelo município na planta genérica de valores que só pode ser alterada por meio de lei, salvo correção monetária {simples inflação}. Uma pessoa pode residir em um imóvel avaliado no mercado em R$ 1.000.000,00, mas se na planta genérica, estiver estabelecido em R$ 500.000,00, o IPTU vai incidir sobre o valor da planta {mesmo que desatualizada}. Se for aumentar, em virtude de atualização da planta, o aumento é gradual, vai aumentando gradualmente nos anos subsequentes. B. Notificação de lançamento de IPTU: carnê. III. ISS - Imposto Sobre Serviço: não pode ser menor que 2% e maior que 5%, sob pena de inconstitucionalidade. Para que possa haver isenção do ISS, representantes de todos os Estados 26 Estados e o DF devem aprovar - por unanimidade. Mas a isenção pode acabar gerando guerra fiscal. Principal fonte de receita dos municípios. É devido até na prestação de serviço de advocacia, medico… A. Fato gerador: serviços de qualquer natureza {predefinidos em Lei Complementar}, mas a sua criação é por Lei Ordinária. B. Está previsto em Lei Municipal {Ordinária, mas com maioria absoluta} - Código Tributário Municipal com uma lista de serviços. Em função dos artigos 156, III CF, 146 CF e 69 CF: foi criada a Lei Complementar Federal 116/03, que é taxativa e estabelece o que é serviço e o que não é serviço. Não é a Lei Complementar própria do Município que define isso. O serviço é identificado pela LC 116/03. Em função da facultatividade do exercício da competência, o Município pode escolher quais serviços, daqueles previstos na LC 116/03 ele tributará. Caso o município estabeleça em seu CTM um serviço passível de tributação que não esteja previsto no 116/03, vai ser inconstitucional. 18 Naomi Sugita Reis TAXA art. 145, II Sempre serão tributos diretamente vinculados, porque basta a atuação do Estado para que o sujeito ativo tenha que pagar a obrigação tributária. São cobradas em duas circunstâncias: por conta da prestação de um serviço público ou pelo exercício do poder de polícia {poder de fiscalização e de controle}. A competência é comum {e não privativa como os impostos}, qualquer um dos agentes políticos pode legislar sobre as taxas {até mesmo o Município em caso de interesse local}, desde que dentro da sua própria competência administrativa. Normalmente são instituídas mediante Lei {mas podem vir a ser instituídas através de Medidas Provisórias}. A hipótese de incidênciaé um fato abstrato, lícito de possível realização que envolva um agir do Estado e não do sujeito passivo. E a consequência é mesmo a relação jurídica tributaria. As taxas, por serem tributos contraprestacionais, possuem como critério principal a retributividade. Os entes não podem se utilizar do princípio da capacidade tributava {que permeia os impostos}, mas justamente do princípio da retributividade {não pode ter intuito de lucro com as taxas, mas de contraprestação}. Não serve, portanto, para ter um intuito extrafiscal, como têm os tributos. A rigor, todos os tributos devem respeitar a capacidade contributiva, mas em alguns tributos, como nas taxas, essas capacidade fica em segundo plano, levando em conta principalmente a retributividade — porque nas taxas o indivíduo está pagando em contraprestação a atividade Estatal. Isso fica evidenciado pelo fato de as instituições financeiras pagarem “a mesma quantia” de taxas que uma farmácia ou um restaurante, porque as taxas não podem ser cobradas de acordo com a capacidade econômica do sujeito passivo {o que não ocorre com IRPJ, que é baseado nesse critério}. A base de cálculo deve ser relacionada com o fato gerador, que é uma atuação estatal, sendo assim, se a base de cálculo da taxa incidir sobre uma atuação do indivíduo, ela será inconstitucional. Nada impede que uma taxa tenha como base de cálculo um ou mais dos critérios {desde que não sejam todos} que um imposto {é proibida a taxa com base de cálculo “própria de imposto”}. É o caso das taxas de coleta domiciliar de lixo, que possuem como base de cálculo a metragem do imóvel, mas não é inconstitucional, pois o IPTU possui a base de cálculo no valor venal do imóvel - localização, metragem e destinação econômica, nesse sentido, a taxa de coleta domiciliar de lixo possui apenas 1/3 de semelhança com a base de cálculo do IPTU, sendo válida. 19 Naomi Sugita Reis Os valores das taxas são fixos, sendo que o custo da taxa nunca pode ser desproporcional à atividade do Estado — elas não podem ser cobradas para que o Estado tenha lucro, apenas para financiar a atividade {serviço/ atividade de polícia} que o Estado exerce. Via de regra, o particular só vai se ver obrigado a pagar o tributo quando utiliza o serviço. Mas existem exceções, quando a simples disponibilidade do serviço público gera o dever de o particular pagar a taxa — é o caso de taxa de coleta domiciliar de lixo {em função dos princípios da dignidade da pessoa humana, saúde…} —, pagando a taxa pela simples disponibilização. Sendo os serviços de utilização compulsória. São cobradas quando se dá: • Prestação de serviço público {taxas de serviço} • Exercício regular do poder de polícia {taxas de “polícia”} - fiscalização e controle para determinadas atividades: que ensejam no alvará. I. Taxa de serviço: divisível e específica. A. Serviços públicos divisíveis. Deve ser possível a identificação de quem usufrui diretamente do serviço e em que medida — por isso que a taxa de iluminação pública foi declarada inconstitucional, assim como a varredura das ruas e a “taxa” de prevenção de incêndio. Serviços colocados à disposição do particular podem ser cobrados a título de taxas, desde que seja compulsório: taxa de coleta domiciliar de lixo. 1. Serviços gerais não podem ser divisíveis, pois não tem como ser identificado o usuário e em que medida. Caso não seja possível entender / identificar quem e em que medida usufrui, não vai ser inferida a taxa → vai vir dos impostos — receita geral — {ITBI, ISS, IPTU}, que não são vinculados e formam um bolo. Então, uma porcentagem desse bolo vai para os serviços indivisíveis {assim como para educação e para saúde}. B. Serviços públicos específicos. Quando é possível identificar uma unidade autônoma de intervenção do Estado, seja por meio de um órgão, de uma secretaria, de um ministério… mas não deriva do próprio ente. II. Taxas de polícia: decorrente do exercício regular do poder de polícia — prática de atos de fiscalização e controle. Isso acaba ensejando em um alvará, que pode ser expedido por: vigilância sanitária, brigada de bombeiros… diversos órgãos governamentais — que influenciam de maneira direta ou indireta no bem estar do cidadão. 20 Naomi Sugita Reis A. As taxas não são pagas para a obtenção do alvará, mas sim para que seja feita uma fiscalização e um controle — ou seja, é pago o serviço que o Estado realiza {diretamente ou por meio de seus órgãos}. Paga pela fiscalização e pelo controle. É uma contraprestação pela fiscalização e pelo controle realizados. O alvará decorre dessa atuação, mas não sempre {caso não seja aprovado pelo Estado o funcionamento}. Art. 149-A: Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Taxas vs. Tarifas Pode ocorrer delegação para entes privados {concessão de serviço público} — sendo devida TARIFA e não TAXA. E tarifa não é tributo, mas pode vir a ser coleta de lixo. Agua, eletricidade e esgoto são exceções, pois são cobrados por tarifa, independentemente de quem preste o serviço, a essencialidade de quem presta é irrelevante. {ADI 800 STF} Pedágio não é tributo — O STF decidiu que não é tributo por ele não ser algo compulsório. A figura de compulsoriedade se refere à ideia de que a simples disponibilização enseja no pagamento do tributo pelo individual — use ele ou não o serviço. O mais benéfico para a cobrança é a tarifa, porque mexe quando quer, não sendo aplicável nela o regime tributário e os princípios que o permeiam {como da anterioridade}. TAXA TARIFA Regime de direito tributário {público} Regime de direito privado PJ de direito público PJ de direito privado Serviço essencial Serviço não essencial Compulsório Utiliza se quiser Sem delegação Delegado pela pessoa pública 21 Naomi Sugita Reis CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA art. 145, III CF art. 82 CTN É uma espécie de tributo indiretamente vinculado, pois para que ocorra seu “fato gerador” é necessário que ocorra o binômio: obra pública e mais valia imobiliária {valorização do imóvel}. Obra privada e obra decorrente de parceria público privada não pode ter relação com contribuição de melhoria! *Ela tem a finalidade de custear obras públicas específicas feitas pelo Estado. Em função disso, é vislumbrado um limite global {custo/ despesa da obra} e um limite individual {valorização efetiva percebida por cada imóvel — acréscimo de valor que a obra resultar para cada imóvel beneficiado} — não pode ter um valor fixo para todos, precisa ser algo individualizado, pois cada imóvel valoriza de acordo com o seu valor individual. Esse tributo só pode ser cobrado depois da obra, pois ele é cobrado em cima desses limites, que só terão um valor específico, ao final da obra em si. Não existe um limite mínimo. A competência para legislar acerca da contribuição de melhoria é comum {de todos os entes na medida de suas competências}. Ela é instituída para fazer face à construção de obra pública e, portanto, ela tem a característica de destinação específica {assim como as taxas}. A lei que institui esse tributo é especifica de cada obra {pois tem que ter a obra pronta}. Cobranças antecipadas não são contribuição de melhoria → por isso que o que é mais corrente, usual, são contribuições facultativas {que o indivíduo não tem obrigação alguma de pagar}. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO art. 148 Este tipo de tributo é criado pela União por meio de Lei Complementar {art. 69 CF}, pois envolve normas gerais em matéria tributária em função de determinação expressa por parte da Constituição. Alfredo Augusto Becker afirma que o Empréstimo Compulsório é nada menos do que um tributo restituível {ou seja, não vinculado}, masnão existe vedação à instituição de um EC vinculado, só nunca foi utilizado. Uma vez criado, como é de competência da União, vale para todo o território brasileiro, não pode ser seletivo. Ademais como é um empréstimo, o dinheiro deverá ser devolvido/ restituído nos termos da Lei Complementar que determinou este tributo. Tem que ser escolhida uma HI que possa ser mensurada em dinheiro para poder aplicar uma base de cálculo. Ou seja, o legislador tem que escolher um fato que tenha conteúdo econômico. 22 Naomi Sugita Reis A sua hipótese de incidência {fato abstrato, fato gerador} não se encontra previamente determinada na Constituição, assim como o Imposto Extraordinário de Guerra. Isso se dá pelo fato de existir pressupostos por uma lei complementar em caso dos seguintes pressupostos necessários: • Investimento público urgente ou com relevante interesse nacional Isso aconteceu com a ELETROBRÁS nos anos 70, em que o EC tinha como FG consumir energia elétrica. Foi devolvido em meados de 2005 em ações da ELETROBRÁS e não foi declarado inconstitucional porque a CF/88 já previa a constitucionalidade desse meio de devolução {ações da ELETROBRÁS}. Aconteceu também com os Combustíveis na década de 90, em que o EC já estava incluso no valor do combustível e o FG era consumir combustível. Mas foi declarado inconstitucional porque foi criado um fundo nacional de desenvolvimento que iria fazer um manejo do dinheiro e a devolução de daria por meio de quotas desse FND - as pessoas seriam “sócias” desse fundo. E isso não pode. O EC tem que ser devolvido em DINHEIRO e não em quotas. • Calamidade pública regional {lugar abrangente, mais de um Estado…}, guerra externa ou sua iminência. CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL art. 149 Maior fonte de renda da União são as contribuições especiais e são de sua competência privativa. Quem deu o nome foi a doutrina. Essas contribuições podem ser ou vinculadas ou não vinculadas, ou seja, podem ser taxas/ contribuições de melhoria ou então impostos. As contribuições especiais podem ser criadas pela União e podem ser divididas em: I. *Contribuições sociais*: a União tem a competência residual para criar a contribuição social que ela quiser {art. 196}, respeitando lei complementar, não cumulatividade e que não seja repetida uma base de calculo já existente em uma contribuição. A. Sociais gerais: 1. Sistema S - SESC, SENAC, SENAI {entes paraestatais - pessoas jurídicas de direito privado destinatários de verba pública por meio do tributo que são merecedoras de subsídio por parte da União por meio de tributos para poder 23 Naomi Sugita Reis arcar com os gastos}. Não são parafiscais porque é a União que cobra arrecada e fiscaliza {que tem a capacidade tributária} e apenas repassa para o Sistema S. Não pode ter pessoas privadas como pessoas ativas da relação jurídica tributária. 2. Salário Educação - art. 212, §5º: sobre a educação básica e não sobre o ensino superior. § 5o A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. B. Seguridade Social - art. 195 CF - {previdência, assistência e saúde}: PIS, PASEP, COFINS, Contribuição Previdenciária sobre a folha de salários. Os Estados, o DF e os Municípios podem instituir contribuições de previdência para seus servidores públicos {é compulsório} e os Municípios/ DF podem instituir a CIP {contribuição de iluminação pública}. 1. Previdência: indiretamente vinculada {atividade do Estado desde que a pessoa preencha os requisitos} a) Folha de salários 2. Assistência e Saúde: {diretamente vinculada} a) CSLL: incide sobre o lucro — sobre o faturamento descontada a despesa. Tem que ser pago ainda o Imposto de Renda. Pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES pagam IRPJ, COFINS, CSLL, PIS e outros tributos unificado. Sua alíquota varia entre 9% e 20% e a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o Imposto de Renda. (1) Lucro presumido: 32% do faturamento; (2) Lucro real: identifica as despesas dedutíveis através de uma contabilidade bem redonda. b) PIS/ PASEP: Programa de Integração Social {do funcionário público ou privado} - incide sobre a receita bruta {faturamento} da empresa sem nenhum desconto. O Imposto de Renda não incide. c) COFINS - incide sobre a receita bruta {faturamento}. II. Contribuições corporativas {profissionais}: tributo parafiscal {a União possui a competência tributária e delega a capacidade tributária ativa para os conselhos de fiscalização de profissões}. Servem para financiar o conselho, para que ele possa fiscalizar {é uma anuidade como contraprestação para que a atividade seja fiscalizada}. O fato gerador {pagar} que enseja o fato juridicamente tributável serve 24 Naomi Sugita Reis para financiar o poder de polícia do Estado, portanto, as contribuições corporativas são diretamente vinculadas. A contribuição para a OAB não se encaixa como tributo {contribuição especial - contribuição corporativa} porque ela é algo sui generis e não precisa de lei para majorar a contribuição. A. Contribuições sindicais — em 2018 não são mais consideradas tributos: 1. Fixada em assembléia: facultativa — então não é considerada como uma contribuição especial. 2. Um dia de trabalho: era compulsória, mas com a Lei. 13.467 passou a ser uma contribuição voluntária, deixando de ser uma contribuição sindical. B. Contribuições de interesse profissional/ econômico III. CIDEs {Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico}: ela possui um caráter nitidamente extrafiscal — é um tributo que intervém na economia e tem a finalidade de produzir atos em prol do próprio setor econômico que sofre a intervenção. Atua em determinado meio econômico por meio de tributo. Tem que ser investida no setor econômico que foi alvo da intervenção estatal por meio de tributo. Com destinação específica. A. CONDECINE {tributo}: os cinemas que querem apresentar filmes com produção no exterior pagam pela exploração das imagens a uma contribuição especial com alíquota de 10% sobre: parte do faturamento ou sobre o valor pago pela cessão de direito de uso do filme. Ela arrecada recursos para que a ANCINE {autarquia} possa investir no setor específico voltado para o aspecto cultural de cinema {conceito amplo}. Os cinemas vão pegar o que lucram com todos os filmes que não são nacionais, pagar contribuição especial de 10% sobre esses lucros e esses 10% vão para a ANCINE a fim de incentivar o cinema nacional. 1. Extrafiscalidade: poder incentivar o desenvolvimento do cinema nacional. E não apenas para tapar o buraco. B. CIDE-comb {art. 177, §4º CF}: tributo indireto — quem paga é a mineradora e repassa o ônus tributário para o consumidor. Não existe um imposto sobre os combustíveis, mas sim uma contribuição especial e os recursos arrecadados por ela serão revertidas para projetos ambientais relativas ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo. Sua receita é tao alta que a União passou a ser dependente dela e não vai somente para projeto ambiental e para a melhoria de malha rodoviária, vai também junto com o bolo de impostos para fazer frente às despesas previstas da Lei Orçamentária — violação ao próprio art. que a instituiu — é inconstitucional mas ninguém discute isso, é ético que se destine a outros ramos: não deixa de ser tributo. 25 Naomi Sugita Reis REFIS: mistura de anistia com parcelamento do tributo. A multa pode chegar até 225%. PRECATÓRIO Aquele precatório vencido e não pago ao indivíduo se torna moeda de troca com os tributos, ou seja, podem ser compensados com os tributos {Art. 74 ADCT} e isso ensejou em comércio de precatórios. Mas, via de regra, não pode ser utilizado como compensação. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Roque Antonio Carrazza A competência é a aptidão conferidapela Constituição às pessoas políticas para que, por meio de lei {normalmente ordinária}, criem os seus tributos. É a aptidão para criar in abstracto os tributos. As imunidades também são concedidas através de lei e não através da Constituição. A competência não pode ser confundida com a aptidão que as pessoas políticas têm de arrecadar, fiscalizar e cobrar tributos, que é a capacidade tributária ativa. Não há de se falar em poder tributário, mas sim competência tributária, pois ela é regrada e disciplinada pelo Direito. Isso se dá porque a força tributária estatal não atua livremente, mas dentro dos limites positivos. Competência tributária é, portanto, a possibilidade jurídica de criar abstratamente tributos descrevendo legislativamente suas hipóteses de incidência, seus sujeitos ativos, seus sujeitos passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas. Sendo assim, exercer a competência tributária é dar nascimento, no plano abstrato, a tributos. Mas, o legislador deve sempre ser fiel à norma padrão de incidência do tributo, pré traçada na Constituição. Capacidade tributária não é a mesma coisa que competência! Arrecadação decorre de quando o particular paga devidamente o tributo. Já na cobrança, o particular {sujeito passivo} sofreu um procedimento de fiscalização {controle do cumprimento das obrigações tributárias}, o qual apurou que o tributo não foi pago no momento adequado. Essa cobrança será feita através de auto de infração. A União possui dois atributos da competência, quais sejam: competência residual {imposto não previsto no texto constitucional - criatividade no fato gerador e na base de calculo} e competência extraordinária {para instituição do imposto extraordinário de guerra}. Em matéria de competência de impostos, compete ao Distrito Federal instituir tanto impostos dos Estados {ITCMD, ICMS, IPVA} quanto dos Municípios {ITBI, IPTU}. 26 Naomi Sugita Reis Pelo Princípio da autonomia municipal e pelo Princípio federativo, cada ente federativo é autônomo e igual - inclusive os Municípios. Entretanto no aspecto prático jurídico, os Municípios não são colocados dentro da Competência Federal porque eles não possuem representação no Congresso Federal, ficando, portanto dentro da esfera estadual. Só tem competência tributária no Brasil os entes federativos, ou seja: a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. A Constituição é chamada de “Carta de Competências” e estabelece as competências que cada ente terá em matéria tributária. Ela estabelece as diretrizes para que sejam elaborados os tributos. Os entes precisam respeitar a HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA e a BASE DE CÁLCULO que estão previstos na Constituição, juntamente com a competência tributária. Não dá para confiar no nome que o legislador dá às coisas para poder identificar a natureza jurídica de um tributo, por isso que, para poder saber qual seria essa natureza, precisam ser analisados, de preferencia, estes dois elementos: • Hipótese de incidência; • Base de cálculo. CARACTERÍSTICAS I. Privatividade: {relacionada diretamente com a figura tributária dos impostos} somente aquela pessoa política que recebeu aquele tributo/ “presente” da Constituição é que pode criar com exclusividade o tributo que lhe foi atribuído. Existem tributos que só podem ser criados por uma pessoa política específica, como o imposto. A Constituição concede poder/ competência para a União criar os seus impostos, os Estados os seus, os Municípios os seus e nenhum ente poderá invadir a esfera de competência tributária do outro. A. Normalmente, quem cria o tributo, é quem vai se aproveitar da receita derivada dele {tem a capacidade tributária ativa}. 1. Entretanto, em alguns casos, é possível que ocorra uma parafiscalidade — um ente regulamente um tributo, mas outro aproveite da receita proveniente do pagamento. {ITR: a União que regulamenta sobre esse imposto e delega aos municípios a atividade de arrecadar, fiscalizar e cobrar, permitindo com que o município passe a ser sujeito ativo desse imposto e com que fique com a integralidade da receita proveniente do ITR}. Pode ocorrer também com os Conselhos Profissionais {CRM…}, que são pessoas jurídicas de direito público, autarquias; esses conselhos podem fazer o trio {arrecadas, fiscalizar e cobrar}. 27 Naomi Sugita Reis II. Incaducabilidade: a competência tributária é incaducável, já que o seu não exercício não tem o condão de impedir que a pessoa política, querendo, venha a criar, por meio de lei, os tributos que lhe forem constitucionalmente deferidos. Ou seja, a competência não pode “caducar”, não se perde a competência por não tê-la exercido. Essa característica é consequência lógica da incaducabilidade da função legislativa, da qual a função de criar tributos faz parte. Ainda, o ato de legislar sempre envolve necessariamente uma alteração da ordem jurídica em vigor, ou seja uma inovação normativa. É próprio da lei prever ou disciplinar situações que ainda não foram alvo de leis anteriores. O Poder Legislativo, enquanto expede leis, exercita uma competência que a Constituição lhe outorgou, e que, até aquele momento, não havia exercitado. A. A União até hoje não criou o IGF, mas não significa que ela “vai perder” a competência para legislar acerca desse imposto. Não existe um marco temporal para que seja feita uma lei acerca do IGF, portanto, a competência tem uma característica de incaducidade. III. Inalterabilidade: as pessoas políticas recebem da Constituição uma faixa de competência que não pode ser alterada por elas mesmas. Por exemplo, a União não pode alterar sua competência {abrangendo}. Suas dimensões não podem ser ampliadas pela pessoa política, porque se caracteriza invasão de competência alheia {de outro ente político}. Sendo assim, a competência é improrrogável — não pode ter suas dimensões ampliadas pela própria pessoa política que a detém. IV. Irrenunciabilidade: a pessoa política NEM MESMO POR MEIO DE LEI pode renunciar, excluir de seu âmbito de competência a atribuição para legislar sobre determinado tributo. A Constituição conferiu aptidão que, quando e se exercida, pode beneficiar o interesse público. Ela pode deixar de exercer a competência, visto a característica da facultatividade — seria deixar de legislar sobre “ficando inerte”. Mas não pode RENUNCIAR expressamente por meio de lei! Não pode a pessoa política dizer “não quero fazer isso”, ela pode ficar inerte, mas não pode renunciar. A. Emenda Constitucional pode alterar {retirar}, desde que respeite o princípio federativo e o princípio da autonomia V. Indelegabilidade: a pessoa política, ao receber o poder/ aptidão da Constituição, não pode fazer o que quiser com isso — não pode delegar a outro ente A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. Mas a CAPACIDADE TRIBUTÁRIA pode delegar!!! VI. Facultatividade de exercício: a pessoa política possui a competência sobre determinados tributos concedida pela Constituição, mas ela tem a FACULDADE de legislar. Legislará de acordo com a necessidade. Não há obrigatoriedade de exercer a competência. UNIÃO 28 Naomi Sugita Reis ESTADOS MUNICÍPIOS PRINCÍPIOS NO DIREITO TRIBUTÁRIO São importantes, possuem certa carga axiológica, funcionam como limites da competência tributária. Ao exercer a competência tributária, o legislador deve se atentar aos seguintes princípios: NOME DO TRIBUTO IPI IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS {imposto regulatório} {caráter extrafiscal} {seletividade} {indireto} IE IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NACIONAIS {extrafiscal} {imposto regulatório} {sem anterioridade} IR IMPOSTO DE RENDA OU PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA {proporcionalidade} II IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS ESTRANGEIROS {extrafiscal} {imposto regulatório} {sem anterioridade} ITR IMPOSTO TERRITORIAL RURAL IOF IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IGF IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNASNOME DO TRIBUTO IPVA IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES ICMS IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL, INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO {indireto} ITCMD IMPOSTO IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÕES CAUSA MORTIS E DOAÇÕES DE QUALQUER BEM OU DIREITO NOME DO TRIBUTO IPTU IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA ISS IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA ITBI IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS DE BENS E IMÓVEIS E DE DIREITOS REAIS A ELES RELATIVOS 29 Naomi Sugita Reis I. Legalidade tributária {estrita legalidade tributária}: garante uma maior legitimidade ao tributo. Segundo este princípio, via de regra, somente uma LEI {no sentido formal, que tenha respeitado todas as etapas do processo legislativo} é que pode criar ou majorar um tributo. Isso está ligado com o conceito de auto-imposição tributária {quem faz as leis são as pessoas eleitas pelos cidadãos, sendo assim, no momento em que o tributo é aprovado, é a população quem aprova indiretamente, por intermédio de seus representantes legislativos}. *Tanto a Lei Ordinária quanto a Lei Complementar podem instituir os tributos. A Lei Complementar que interessa para o Direito Tributário é a Lei Federal {responsável pela criação de tributos de competência da União — p. e. Imposto residual, Contribuição Social residual, Empréstimo Compulsório, IGF} ou então Lei Nacional, que identifica o fato gerador do tributo, assim como prescrição/decadência, mas não cria tributos, apenas estabelece normas gerais em caráter tributário {art. 146, CF - delimitação da área de atuação de cada pessoa política, para evitar que duas tributem sobre a mesma coisa - por exemplo ICMS e ISS}. Esta deve respeitar a maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, ou seja, no âmbito da União {art. 69, CF}.* O Código Tributário Nacional é uma lei formalmente Ordinária, mas como ele foi elaborado antes da CF/88, ele acabou por ser recepcionado como uma Lei Complementar Nacional, porque dispõe sobre normas gerais de interesse de todos os entes federativos, não apenas daquelas que importam apenas à União {Lei Federal}. Ainda existe a figura da Medida Provisória, que pode ter como objeto apenas a matéria que é tratada em Lei Ordinária {se for matéria de Lei Complementar, não caberá uma Medida Provisória}. Lei é diferente de Legislação Tributária. Aquela é atinente apenas à Lei Ordinária e à Lei Complementar, enquanto esta trata de todas as leis que estão relacionadas de maneira direta ou indireta com o tributo: • Constituição Federal • Normas que podem criar e majorar tributos: LO, LC, MP, Tratados e Convenções internacionais • Normas que regulamentam disposições já existentes {não cria obrigação nova!}: Decreto {chefe do Executivo}, Resoluções, Instrução Normativa, Portarias. Existem alguns tributos que podem ter suas alíquotas trabalhadas para mais ou para menos por meio de ato do poder Executivo {decreto ou qualquer outro instrumento normativo infralegal}. São aqueles tributos que possuem um caráter 30 Naomi Sugita Reis extrafiscal {IE, II, IPI, IOF}, de modo que o presidente da Republica pode aumentar e diminuir as alíquotas sem precisar do Congresso Nacional. Lei diz que a alíquota é de 30%, podendo ser trabalhada uma faixa de alíquotas de 0% a 5x a alíquota de 30%. Sendo assim, o Presidente pode fixar a alíquota {aumentando ou diminuindo} obedecendo o que o Legislativo estabeleceu. Exemplo: 0% ← 30% → 150% {zona em que podem transitar as alíquotas de um determinado tributo}. A CIDE combustíveis pode ter sua alíquota reduzida ou restabelecida {voltar à alíquota fixada como ponto de referencia}, mas não pode tê-la majorada. II. Irretroatividade: garante uma maior segurança jurídica. A lei tributária não pode voltar a fatos pretéritos em que o gravame não existia, mesmo se mais benéfico por uma questão de isonomia, pois iria prejudicar a pessoa que paga os tributos em dia e iria beneficiar quem fica se enrolando para pagar {não cabe retroatividade benéfica}. Entretanto, no que se trata de penalidades {multa}, elas poderão retroagir. Enquanto não tiver um fato julgado em relação à aplicação da multa, poderá ser requerida a aplicação retroativa da multa, mas se já tiver coisa julgada, não poderá. *Fatos geradores ocorridos antes da vigência e eficácia não retroagem, salvo penalidade mais benéfica, desde que não tenha transitado em julgado. É absoluta a regra no sentido de que não pode ocorrer retroatividade de tributos. Nem sempre vai retroagir a penalidade {só retroage se ainda não tiver coisa julgada}. Ela poderá retroagir nos casos em que se tratar de ato não definitivamente julgado.* Exemplo: Dia 15.03.2012: FG = ICMS em 40 mil reais com 20% de alíquota Dia 01.02.13: Auto de Infração {ICMS 20%, Multa 40% e SELIC} Via Administrativa: Impugnação {PAF} ou Via Judicial: Agosto de 2015: ICMS em 15% de alíquota e 20% de multa → Não pode pedir aplicação retroativa a alíquota do tributo, mas pode pedir da multa {porque esta é penalidade e penalidade pode retroagir}. PENHORA ADMINISTRATIVA - CONSTITUCIONAL OU NÃO? 31 Naomi Sugita Reis Não é automática a determinação de hasta pública quando não tem o tributo recolhido. Precisa ser feita a Certidão de Dívida Ativa {tributo + juros + correção monetária}{entrando direto com execução fiscal, regida pela lei 6830/80}. O devedor vai ser citado para em 5 dias pagar ou nomear bens à penhora. Ou então, pode ser feito o termo de penhora e em 30 dias podem ser feitos os embargos à execução fiscal. Fazenda Pública {erário, fisco}: faz referencia direta à Receita Federal do Brasil, bens públicos da União. Nova lei {funrural} concedendo possibilidade de parcelamento dessa dívida ao devedor rural. Come essa lei, foi colocado um artigo alegando que a União pode fazer unilateralmente e diretamente {expedição de oficio aos cartórios de registro de imóveis ou então no DETRAN em caso de carros}. Crítica: pertinencia tematica, como é que a união vai fazer diretamente a penhora de bens se ela é uma parte neutra? Constrição patrimonial - confisco de bens apenas por decisão judicial? Receita Federal com instrução normativa regulamentou essa forma para a penhora administrativa: audiencia pública para ouvir alguns setores para ver como seria a melhor forma para isso ser emparelhado. 32 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO O TRIBUTO TRIBUTO COMO OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA CONCEITO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTO DEFINIÇÃO LEGAL DO TRIBUTO O FATO ABSTRATO E O FATO CONCRETO HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA SUBSUNÇÃO FATO JURIDICAMENTE TRIBUTÁVEL/ IMPONÍVEL CLASSIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA ASPECTO MATERIAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS IMPOSTO COMPETÊNCIA DA UNIÃO COMPETÊNCIA DO ESTADO COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO TAXA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CARACTERÍSTICAS PRINCÍPIOS NO DIREITO TRIBUTÁRIO
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