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A LOGISTICA REVERSA E SUAS CONTRIBUIÇÕES AMBIENTAIS Cesar Augusto Della Piazza (UNIMEP) della_piazza@yahoo.com.br Cristiane Meneghel Dorizotto Colpas (UNIMEP) tata292001@yahoo.com.br Dr. Paulo Jorge Moraes Figueiredo (UNIMEP) pfigueir@gmail.com Angelita Aparecida Barski Moreira (UNIMEP) angelita_barski@yahoo.com.br Resumo Este artigo analisa algumas contribuições da logística reversa para a gestão ambiental empresarial. Além dos princípios gerais da logística reversa, são aqui destacadas as dinâmicas de pós-venda e pós-consumo dos produtos como elementos de grande relevância nas análises de ciclo de vida (ACV) e na concepção de produtos ambientalmente mais adequados. Neste sentido, já se pode observar as vantagens competitivas das empresas que, com o auxílio da logística reversa, têm elaborado avaliações de ciclo de vida (life cycle assessment) e desenvolvido seus produtos com a utilização das ferramentas do ecodesign (design for environment), com vistas a melhorias nos processos, na escolha dos insumos e na destinação final de resíduos e dos próprios produtos após sua vida útil. Palavras-chave: logística reversa, gestão ambiental empresarial, avaliação de ciclo de vida, ecodesign. 1. INTRODUÇÃO A questão ambiental tem sido um dos temas mais debatidos no atual cenário mundial e a relevância deste tema ganha nova dimensão com a manifestação de efeitos em escala global. Ações de incentivo a preservação do ambiente, antes adotadas de forma isolada, hoje se transformaram em leis e normas aplicadas de forma sistêmica em todos os setores, com o objetivo de minimizar os efeitos das ações antropogenicas, que hoje representam uma ameaça aos atuais estilos de vida, de produção, e às sociedades futuras. Um dos desafios para se alcançar um ambiente sustentável é encontrar soluções para os problemas relacionados a crescente poluição e a escassez dos recursos naturais. Diante dessa nova realidade e das exigências da sociedade, mudanças têm sido observadas em todos os setores, particularmente no setor produtivo. Mesmo considerando as controvérsias em torno do conceito de desenvolvimento sustentável, e as contradições inerentes ao capitalismo, a redução das influências ambientais causadas pelas empresas se tornou um fator preponderante para que estas possam se manter no mercado. Portanto, a crescente conscientização da sociedade tem levado as empresas a se adequarem a padrões ambientalmente menos agressivos, com o emprego de tecnologias limpas, sistemas de gestão ambiental e princípios de responsabilidade social, entre outros instrumentos. Dentre estes novos conceitos e ferramentas, há a perspectiva de que os produtos devam ser desenvolvidos considerando, a priori, as implicações ambientais decorrentes não apenas de seus processos produtivos, mais também dos processos de obtenção de seus insumos básicos, a minimização na geração de resíduos e seu adequado gerenciamento, e as possibilidades de equacionamento para os produtos pós utilizados. Com relação a este último aspecto, a própria legislação internacional tem adotado a responsabilidade do produtor sobre os produtos pós utilizados (FIGUEIREDO, 1997). Neste contexto a logística reversa surge como elemento fundamental auxiliando a aplicação das avaliações de ciclo de vida dos produtos (life cycle assessment) e os projetos para o meio ambiente (design for environment). (SCHENIMI, NEUNFELD, MULLER, RENSI, 2005), (FIGUEIREDO & JACOVELLI, 2006), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006a), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006b). A Logística Reversa trata do fluxo reverso dos produtos e resíduos, enquanto a “logística tradicional” trata de processos de planejamentos, controle de fluxo, estoque de matérias primas, entre outros aspectos da produção. Em uma empresa, a logística é de importância fundamental, envolvendo um grande número de atividades e absorvendo parcela significativa do orçamento. A importância da logística reversa na elaboração das Análises do Ciclo de Vida dos produtos, detectando gargalos de relevância ambiental em todas as etapas do ciclo de vida dos produtos, da manufatura à pós utilização, e opções tecnológicas mais adequadas, têm possibilitado a redução dos materiais utilizados na produção e a concepção de produtos com possibilidade de reuso após o término de sua vida útil, e reaproveitamento mais eficiente de seus componentes e materiais. Estamos, portanto, diante de uma nova tendência, onde às empresas, para permanecerem no mercado, precisão atualizar-se na busca de novas alternativas para a redução nos impactos ambientais de seus processos e produtos, considerando desde os insumos materiais e energéticos da produção até o reaproveitamento e a disposição final dos resíduos e dos próprios produtos. Nesta perspectiva os princípios da Logística Reversa, juntamente com a Análise de Ciclo de Vida e o projeto para o meio ambiente, são elementos fundamentais para a permanência das empresas num cenário cada vez mais restritivo do ponto de vista ambiental e das exigências sociais. 2. A LOGISTICA REVERSA O Conceito de Logística Reversa é recente, surge na década de 70, com motivações relacionadas particularmente a gestão de resíduos e a reciclagem (GONÇALVES-DIAS, 2006). Segundo Rogers, Tibben-Lembke (1998) a Logística Reversa pode ser definida como “o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição”. Este conceito passou por grande evolução na década de 90, com o aumento das preocupações e das pressões legais sobre os temas ambientais, que se somaram a uma maior conscientização, além da busca pelas empresas em reduzir perdas nos processos produtivos (CHAVES, 2005). A Logística tradicional trata do fluxo de uma cadeia de suprimentos no sentido “jusante”. Entretanto existem fluxos materiais contrários nos processos produtivos, ou seja, que ocorrem no sentido “montante”, do final do processo para o início (PIRES, 2004). Embalagens e recipientes utilizados na cadeia produtiva e produtos de uso difuso e de reduzida taxa de utilização (tempo de duração ou vida útil), como os pneus, representam desafios para o setor produtivo, uma vez que a destinação final destes é de responsabilidade objetiva das empresas produtoras. A reutilização destes materiais e a gestão final, até bem pouco tempo representava uma grande dificuldades para os setores produtivos, uma vez que estas etapas não agregavam valor ao setor. Devido ao aumento do comércio global, e as cobranças diferenciadas entre as diversas sociedades, as empresas foram obrigadas a se preocupar com seus produtos ao término das suas vidas úteis, mesmo porque as sociedades não mais se dispõem a arcar com a responsabilidade da destinação final dos produtos ou dos resíduos e efluentes industriais (PIRES, 2004). Uma vez responsabilizados pelo destino final dos produtos após sua vida útil, os produtores passaram a se preocupar com os materiais constitutivos de seus produtos, com a desmontagem, com o rastreamento do uso e do pós uso dos produtos, com as redes de coleta de produtos pós utilizados e com as possibilidades do processo produtivo incorporar os produtos pós-utilizados ou seus materiais constitutivos na produção dos novos artefatos. As transformações técnicas e gerencias decorrentes destas preocupações, fez com que muitas empresas conseguissem também transformar o problema em vantagens competitivas, tanto no que se refere à imagem institucional (PIRES, 2004), quanto em vantagens decorrentes de alterações nos insumos básicos, redução dos desperdícios, economia de energia, entre outros aspectos. Todas as atividades logísticas relacionadasa desmonte, coleta, re-inserção dos produtos pós utilizados, e mesmo o projeto objetivando produtos mais adequados para o atendimento das atuais demandas ambientais, são atividades relacionadas a ampla gama da Logística Reversa com vistas a manutenção de uma cadeia produtiva menos agressiva ao ambiente. Existem atividades que uma empresa pode realizar, ou terceirizar, no sentido de criar um fluxo de reverso. Dentre elas podem ser destacadas: coleta, separação, embalagem e expedição de itens usados nos processos e produtos, que vão desde os pontos de venda até locais de reciclagem, reprocessamento e descarte (Steve, 2004 apud CHAVES; BATALHA, 2006). Portanto, a Logística Reversa poder ser definida como processo de planejamento, implementação e controle dos fluxos e informações relacionadas à logística de retorno de bens Pós-Venda e Pós-Consumo, viabilizando o ciclo de negócios dentro do processo produtivo, por meio de canais de distribuição reversa, onde haverá agregação de valor econômico, logístico, legal, de imagem corporativa, entre outros (LEITE, 2003). O foco da Logística Reversa é a reintrodução dos produtos ou matérias primas na cadeia de valor, através do ciclo de negócios ou de produção, sendo o descarte a última opção a ser considerada (CHAVES; BATALHA, 2006). Assim, a Logística Reversa integra os canais de distribuição diversos onde é analisada a gestão do fluxo reverso de informações e produtos. Os meios, formas e etapas que uma parcela desses produtos, que tenham pouco uso após a venda ou depois de extinta sua vida útil, que segundo Leite (2003), “retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, readquirindo valor em mercados secundários pelo reuso ou reci- clagem de seus materiais constituintes.” A Logística Reversa pode ser divida em duas abordagens referentes a grandes áreas de atuação: a Logística Reversa de Pós-Venda e de Pós-Consumo e uma outra voltada a elaboração das avaliações de ciclo de vida do produto e seu “re-design” com vistas a incorporação de novas preocupações ambientais. 3. A LOGISTA REVERSA DE PÓS-VENDA E DE PÓS-CONSUMO Segundo (Schenimi, Neunfeld, Muller, Rensi, 2005) a Logística Reversa de Pós-Venda “trata do fluxo físico e das informações logísticas ligadas aos bens de Pós-Venda, sem uso ou com pouco uso, que retornam a cadeia de distribuição direta.” Leite (2003) afirma que “seu objetivo estratégico é o de agregar valor a um produto logístico que é devolvido por razões comerciais, avarias de transporte, entre outros motivos”. Na Logística Reversa de Pós-Consumo as informações e os fluxos físicos são dirigidos aos bens de Pós-Consumo, ou seja, bens descartados que retornam para o processo de negócios ou ao ciclo produtivo através de distribuição reversa específica. Os produtos de Pós-Consumo são bens que podem ser utilizados no final de sua vida útil, integralmente ou parcialmente, podendo também serem reaproveitadas suas partes e material constitutivo. O principal objetivo da Logística Reversa de Pós-Consumo e o de agregar valor no decorrer da cadeia logística a um produto inservível ao proprietário original, ou que ainda possua condições de utilização, ou que tenha sido descartado após o final de sua vida útil ou mesmo que se enquadre como resíduo industrial (LEITE, 2003). Estes produtos de Pós- Consumo originam-se de bens duráveis e descartáveis que retorna aos negócios ou a cadeia produtiva por meio de desmanche, reciclagem, reuso entres outras formas de canais reversos. 4. A LOGISTA REVERSA COM FERRAMENTA AUXILIAR PARA A AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA E PARA O ECODESIGN A segunda grande potencialidade da Logística Reversa esta na sua utilização como instrumento auxiliar para a elaboração das avaliações de ciclo de vida - ACV (Life Cycle Assessment - LCA) e na concepção de produtos a partir do ecodesign. As ACVs são instrumentos de gestão concebidos para avaliar os produtos e serviços quanto as influências ambientais associadas a todas as etapas de vias vidas. Considerando a extração das matérias primas e produção primária dos insumos materiais e energéticos, a manufatura do produto principal, as etapas de enbalagem, transporte e comercialização, as influências ambientais associadas ao uso dos produtos e posteriormente as implicações referentes ao pós-uso e a gestão como resíduo. Ao longo de todas estas etapas devem ser considerados os requisitos energéticos e a geração de resíduos e efluentes. Como objetivo maior, as ACVs integralizam um conteúdo energético e residual aos produtos e serviços, e apontam as etapas e processos de maior significância que devem ser objeto de intervenção e mudanças para melhorar a performance ambiental dos produtos e serviços analisados (FIGUEIREDO & JACOVELLI, 2006), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006a), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006b). O Ecodesign ou Projeto para o Meio Ambiente - PMA (Design for Environmental), refere-se à incorporação sistemática de fatores ambientais dentro do projeto e desenvolvimento dos produtos. Trata-se se de um processo através do qual as empresas projetam seus produtos e processos de uma forma ambientalmente consciente. O ecodesign tem se tornado um caminho seguro para a incorporação da prevenção à poluição e de aspectos relativos a saúde do trabalhador e do usuário, dentro do projeto do produto. Dentre os objetivos prioritários do ecodesign se destacam: a minimização do uso de recursos não renováveis; o gerenciamento efetivo dos recursos renováveis; e a minimização dos descartes para o meio ambiente. O escopo do ecodesign engloba muitas áreas incluindo o gerenciamento de riscos ambientais, segurança do produto, saúde e segurança ocupacional, prevenção da poluição, ecologia, conservação de recursos, prevenção de acidentes e gerenciamento de resíduos. Diante do exposto, considerar sistematicamente as influências ambientais nas decisões de um projeto, é uma abordagem extremamente abrangente e pode ser considerada a forma mais eficiente de minimizar as influências ambientais de um produto, embora seja também a mais complexa de ser implementada (FIGUEIREDO & JACOVELLI, 2006), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006a), (JACOVELLI & FIGUEIREDO, 2006b). Nesta perspectiva as empresas examinam todos os aspectos ambientais relacionados à produção visando integrar seu sistema produtivo de acordo com os problemas ambientais relacionados aos seus produtos nas diversas etapas do ciclo de vida. Com a finalidade de tornar a ACV um sistema eficaz e bem aceito, suas normas foram desenvolvidas inicialmente pela Society for Environmental Toxocology and Chimistry (SETAC) (SCHENIMI, NEUNFELD, MULLER, RENSI, 2005). Posteriormente as ACVs foram incorporadas à série de Normas 14000 da International Organization for Standartion (ISO), sob a denominação de ISO 14040. A ACV propõe uma análise complexa, com muitas variáveis, realizadas em quatro etapas, a saber: “Definição dos objetivos, limites do estudo e escolha da unidade funcional” (RIBEIRO; GIANNET; ALMEIDA, 2007). “Realização do inventário de entradas e saídas de energia e materiais relevantes para o sistema em estudo“ (RIBEIRO; GIANNET; ALMEIDA, 2007). “Avaliação do impacto ambiental associado às entradas e saídas de energia e materiais ou avaliação comparativa de produtos ou processos. Avalia os impactos devidos às emissões identificadas e ao consumo de recursos naturais e interpreta os resultados da avaliação de impacto com a finalidade de implantar melhorias no produto ou no processo” (RIBEIRO; GIANNET; ALMEIDA, 2007). Interpretação e analise de melhorias e possibilidades de alterações nas diversas etapas do ciclo de vida dos produtos, com vistas a uma maior adequação ambiental. Após esta etapa o processo da ACV deve ganhar uma dinâmica cíclica sendo periodicamente refeito no sentido de se detectar os avanços e nonos gargalos a serem superados.A ACV é um instrumento de gestão ambiental que permite às organizações entenderem o ciclo ambiental de seus produtos, detectando aspectos a serem melhorados nos processos e no desenvolvimento de novos produtos com estratégias comerciais específicas. Na fase de interpretação da ACV há necessidade de se identificar as questões ambientais mais significativas, tendo em vista a base de resultados da análise do inventário e a avaliação de impacto ambiental. A avaliação segundo Schenimi, Neunfeld, Muller, Rensi, (2005) “pode incluir elementos como: integridade, sensibilidade ecológica e consciência; e as conclusões, recomendações e relatórios sobre as questões ambientais mais importantes.” Em todos os processos no inventário, os dados são coletados e analisados e na fase de avaliação de impacto, os dados são estruturados, examinados, condensados e simplificados, a fim de se tomar a decisão mais pertinente ao processo. (CHEHERE, 1997). A Logística Reversa representa uma ferramenta auxiliar fundamental para a elaboração das ACVs, uma vez que permite as empresa e indústrias uma proximidade com a realidade ambiental considerando também as etapas posteriores a manufatura propriamente. Neste sentido, a Logística Reversa, pode fornecer informações relevantes referentes ao gerenciamento e controle de resíduos desde a extração da matéria prima ou aquisição, manufatura ou fabricação, suprimento, distribuição e transporte, uso ou consumo, chegando até a reciclagem, descarte e disposição final (SCHENIMI, NEUNFELD, MULLER, RENSI, 2005). 5. CONTRIBUIÇÕES DA LOGÍSTICA REVESA O aumento da responsabilidade ambiental por parte das empresas, nos dias de hoje, é fator preponderante no entendimento dos processos de recuperação de resíduo Pós-Consumo. (MENDES, CAETANO DA SILVA, 2005). Além disso, a crescente preocupação das empresas com a imagem institucional perante as críticas da sociedade referente às questões ambiental, têm transformado a adoção de políticas da Logística Reversa como vantagem competitiva, além de possíveis benefícios econômicos oriundos dos desdobramentos propostos por estas políticas. Pesquisas recentes realizadas pelo Sebrae, CNI e BNDES, revelam que 90% das empresas de grande porte e 35% das microempresas realizaram investimentos no setor ambiental independentemente de legislações ambientais ou de pressões governamentais, com o objetivo de melhorar suas imagens no nacional e internacional (MENDES, CAETANO DA SILVA, 2005). As empresas têm desenvolvido pesquisa em temas ambientais no intuito de desenvolver processos e produtos que sejam menos agressivos ao meio ambiente e a sociedade. A partir da década de 70, consumidores de países ricos tornaram-se mais exigentes com relação às informações dos produtos, no intuito de ter uma disposição de compra maior para produtos com influências ambientais mais brandas. A cultura do consumo-descarte sem questionamento, adotado até pouco tempo atrás, privilegiava o lançamento de novos produtos no mercado, associados a status e moda. Porém, com os problemas ambientais se gravando a máxima ambientalista da gestão de resíduos - reduzir a geração, reutilizar e reciclar - ganha destaque nas empresas, nos seus processos produtivos e na concepção dos produtos. O grupo internacional Revlog, que se dedica ao estudo da Logística Reversa, com pesquisadores de várias universidades sob coordenação da Erasmus University Rotterdam, na Holanda, afirma que as empresas tem dado mais atenção a Logística Reversa devido a: 1. Legislação Ambiental, que força as empresas a retornarem seus produtos e cuidar do tratamento necessário; 2. Benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo; 3. Crescente conscientização ambiental dos consumidores. Nos últimos 15 anos o mundo passou por um processo de intensa industrialização e, nos países em desenvolvimento, se observou a redução do ciclo de vida útil dos produtos, motivada por melhores oportunidades ou vantagens mercadológicas. Este processo foi alavancado por constantes inovações tecnológicas na produção que geravam redução de custos logísticos entre outros. Segundo Mendes, Caetano da silva, (2005), “um dos maiores exemplos de bens de consumo com ciclo de vida decrescente são os computadores e seus periféricos, com dados expressivos sob o ponto de vista da logística reversa, uma vez que o Instituto Gartner Group, empresa privada de consultoria em logística, estima que dos quase 700 milhões de computadores comercializados no ano de 2005, 150 milhões serão descartados somente nos Estados Unidos, apontando um índice de obsolescência naquele país de 2:3, ou seja, a cada três computadores comercializados, um é descartado ou torna-se obsoleto, com uma clara tendência de que este índice alcance o patamar de 1:1 nos próximos anos, desconsiderando o lançamento de produtos substitutivos”. No Brasil, o segmento dos plásticos teve um crescimento elevado se comparado a outras matérias primas concorrentes para a confecção de enbalagens, como metais, em particular o alumínio, principalmente no que diz respeito a produção de garrafas PET. O aumento de materiais descartáveis pode ser notado no aumento de lixo urbano em várias metrópoles do mundo, como no caso de São Paulo. Segundo Calderoni (2006), no final da década passada o Brasil perdia por ano pelo menos R$ 4.6 bilhões por não reciclar seu lixo adequadamente, principalmente o residencial, constituída por papéis, plásticos, metais e vidro (CALDERONI, 2006). A descartabilidade dos produtos, serve de ilustração para o potencial da Logística Reversa, que, de forma muito expressiva, tanto na vertente de Pós-Venda como de Pós-Consumo, apresenta grandes possibilidades de recuperação do valor dos custos logísticos, principalmente no abatimento do processo reverso (MENDES, CAETANO DA SILVA, 2005). 6. CONCLUSÕES Diante do exposto, percebe-se que a Logística Reversa será cada vez mais importante para as empresas que desejam se manter no mercado competitivamente. Com a crescente problemática ambiental os processos Logísticos terão que evoluir de acordo com os problemas relacionados ao meio ambiente. As exigências da sociedade moderna, imprimem aos produtos e processos, a necessidade de redução contínua das influências ao meio ambiente, pois os recursos naturais estão dando sinais claros de escassez, e a dinâmica natural, de desequilíbrio, causados pelos estilos de vida adotados. As empresas que tiverem responsabilidade ambiental como meta intrínseca aos seus processos e produtos terá vantagens competitivas que poderão implicar em conquistas mercadológicas importantes, já que a sociedade está cada vez mais critica e atenta com as questões ambientais, particularmente quando da opção pelo consumo. Este movimento da sociedade na busca de maiores restrições referentes às implicações ambientais, tem motivado um maior rigor da legislação, dos órgãos oficiais responsáveis pelo controle ambiental em suas atuações, e uma busca crescente de controle por parte da sociedade civil organizada, sobre o sistema de gestão ambiental dos países. Neste cenário, a Logística Reversa representa uma ferramenta poderosa em auxílio do setor produtiva na busca de correção ambiental, entretanto trata-se ainda de uma metodologia em desenvolvimento com um longo caminho a ser percorrido. As empresas deverão desenvolver seus processos de logística reversa, mesmo que num primeiro momento eles representem um custo adicional. Diante do cenário que se apresenta, parece certo que os custos iniciais, serão abatidos pela evolução tecnológica criada para atender às novas exigências. Neste sentido, a Logística Reversa deverá se transformar em uma ferramenta importante para as empresas que estão preocupadas com o meio ambiente e com sua imageminstitucional relacionada aos cuidados ambientais. A associação da logística reversa às avaliações de ciclo de vida de produtos e ao ecodesign, potencializa esse ferramental, representando um benefício real à sociedade. 7. BIBLIOGRAFIA CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. Ed. Humanitas, 4ª edição, 346 p. São Paulo, 2006 CHAVES, G. de L. D. Diagnóstico da Logística Reversa na Cadeia de Suprimentos de Alimentos Processados no Oeste Paranaense. 2005. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócios - Universidade Estadual do Oeste do Paraná. CHAVES, G. de L. D.; BATALHA, M. O. Os consumidores valorizam a coleta de embalagens recicláveis? um estudo de caso da Logística Reversa em uma rede de hipermercados. 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