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DESCRIÇÃO Ferramentas de controle da qualidade em conjunto com um Sistema de Gestão Integrada de QSMS, incluindo-se a responsabilidade social – QSMS-RS, como uma solução completa de Gestão em Segurança do Trabalho. PROPÓSITO É importantíssimo para o gestor compreender os conceitos envolvidos em gerar um novo processo ou averiguar a necessidade de adaptação de um processo existente, para que a capacidade produtiva da empresa acompanhe a evolução social e as guinadas do mercado. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as ferramentas de controle da qualidade apropriadas à Segurança do Trabalho MÓDULO 2 Reconhecer os princípios da Gestão Integrada de QSMS-RS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE EM SEGURANÇA DO TRABALHO E GESTÃO INTEGRADA DE QSMS-RS MÓDULO 1 Identificar as ferramentas de controle da qualidade apropriadas à Segurança do Trabalho LIGANDO OS PONTOS Foto: Shutterstock.com Entendemos que a implementação da Gestão da Qualidade nos processos da Segurança do Trabalho conduz a administração em termos muito mais atrativos, pois aumenta os investimentos na área e permite maior êxito no atingimento das metas, por vezes ambiciosas da segurança e saúde ocupacional. Neste estudo de caso, analisaremos uma situação real de como a Gestão da Qualidade contribui positivamente para as boas práticas na Segurança do Trabalho, neste caso em particular, no seu setor de logística. A logística é, como sabemos, um setor que, acima de tudo, exige uma atenção especial por se tratar de área fundamental para garantia dos resultados do negócio, pois depende dela a produção e o setor de vendas e, portanto, requer um tratamento ágil, em tempo real, imediato, com decisões e respostas rápidas, pois as consequências são imediatas. Após a leitura dos cases, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Case do Módulo 1 O estudo de caso que analisaremos trata de uma empresa comercial que conquistou grande penetração no segmento de varejo, com imensa diversidade de produtos, tendo, portanto, relacionamento com vasto número de fornecedores de grande, médio e pequeno porte. Em se tratando de um segmento sensível às intempéries do mercado, vemos como imprescindível uma administração objetiva e direcionada à atividade principal do negócio, o que exige investimentos por vezes pesados em equipamentos, recursos humanos e sistemas informatizados. Neste estudo de caso, trataremos de uma empresa que chamaremos de Empresa HRC – HR Comercial Ltda., estudaremos um de seus processos, pois, para acompanharmos o passo a passo da sequência das decisões operacionais, torna-se necessário estabelecer o contexto das atividades. Posteriormente, iniciaremos a aplicação da análise estratégica e, por fim, as ações de Segurança do Trabalho como a utilização de ferramentas de qualidade, objetivando a identificação das melhores possibilidades para o crescimento do negócio. Assim, estudaremos um exemplo prático de uma organização que é conhecida pela qualidade de sua distribuição logística. A HRC é uma empresa comercial que atua no varejo e representa inúmeras marcas, nacionais e internacionais, primando sempre pela qualidade no cumprimento dos prazos de entrega acordados com seus clientes. De acordo com relatórios da empresa estudada, foi reportado o número de notificações de manutenção corretiva, provocada por defeito ou mau funcionamento devido à má conservação de alguns dos seus equipamentos de movimentação de carga. Em levantamento realizado a partir de processo estatístico em seu CD – Centro de Distribuição, por meio das ordens de serviços abertas, verificou-se o crescente e expressivo aumento ao longo dos meses ocorrendo finalmente o incidente cujo relato segue abaixo: “Em meados de 2020, tivemos um acidente grave provocado por uma falha no eixo dianteiro de uma empilhadeira de grande porte, o que provocou forte colisão com os porta pallets que, em função do impacto, vieram ao chão. Felizmente, não havia mais trabalhadores na área e o operador de empilhadeira sofreu ferimentos leves”. O porta pallet, empregado normalmente para utilização do espaço vertical das áreas de armazenagem de produtos, em cujos módulos são armazenadas as mercadorias, estava cheio de produtos, o que além de contabilizar grande prejuízo material, também foi considerado o prejuízo dos produtos. Após o acidente, iniciaram-se os trabalhos de reparo, sabendo que não seria uma operação simples, pois, como dissemos, o porta pallet estava cheio de produtos, com parte dele tombado no chão e sua estrutura totalmente danificada. Face à criticidade do problema, o gerente do CD convocou uma reunião de emergência com os líderes das equipes envolvidas, o pessoal da manutenção, o engenheiro e o técnico de segurança do trabalho, buscando encontrar uma solução que, de forma definitiva, pudesse eliminar ou controlar todos os riscos de acidentes possíveis. 1. INDEPENDENTEMENTE DAS DECISÕES TOMADAS PELOS ATORES APÓS A REUNIÃO E DIRIMIDOS OS CONFLITOS DE OPINIÕES QUE SEMPRE OCORREM NESSES CASOS, INDIQUE QUAL SERIA A FERRAMENTA DE CONTROLE DA QUALIDADE INDICADA PARA IDENTIFICAR A CAUSA DO ACIDENTE COM A EMPILHADEIRA. A) Análise SWOT B) FEMEA C) Diagrama de Ishikawa D) Matriz GUT E) HAZOP 2. A GESTÃO DA QUALIDADE OFERECE ALGUMAS POSSIBILIDADES DE, EM LONGO PRAZO, A EMPRESA ADEQUAR SEUS PROCESSOS E TORNAR SUA OPERAÇÃO MAIS ENXUTA, MINIMIZANDO CUSTOS E AUMENTANDO A PRODUTIVIDADE. INDIQUE QUAL A SOLUÇÃO ADEQUADA. A) Desenvolver um plano de negócio favorável. B) Obter a Certificação ISO 9001. C) Revisão dos procedimentos à luz da legislação. D) Elaboração de novas regras para operação no processo da produção. E) Mudança organizacional planejada. GABARITO 1. Independentemente das decisões tomadas pelos atores após a reunião e dirimidos os conflitos de opiniões que sempre ocorrem nesses casos, indique qual seria a ferramenta de controle da qualidade indicada para identificar a causa do acidente com a empilhadeira. A alternativa "C " está correta. Como vimos em nossos estudos, o Diagrama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe, é um gráfico cuja finalidade é organizar o raciocínio em discussões de um problema prioritário, em processos diversos, contribuindo para a identificação da causa do problema. 2. A Gestão da Qualidade oferece algumas possibilidades de, em longo prazo, a empresa adequar seus processos e tornar sua operação mais enxuta, minimizando custos e aumentando a produtividade. Indique qual a solução adequada. A alternativa "B " está correta. Obter a certificação representa um atestado de reconhecimento nacional e internacional à qualidade do trabalho, pois a ISO 9001 assegura boas práticas de gestão e relacionamento entre clientes e fornecedores. 3. COM OBJETIVO DE MELHOR COMPREENDER AS FERRAMENTAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUA APLICABILIDADE NA ÁREA DA SEGURANÇA E DA SAÚDE OCUPACIONAL, POR MEIO DE SEUS CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS, DESCREVA O SEU ENTENDIMENTO SOBRE O QUE VEM A SER “QUALIDADE”. RESPOSTA Como dissemos, a qualidade tem um conceito que depende da ótica do usuário, como, por exemplo, do ponto de vista do cliente, do fabricante etc., mas, segundo a ISO (International Standardization Organization), é a adequação e conformidade dos requisitos que a própria norma e os clientes estabelecem. Ou seja, a qualidade é o nível de perfeição de um processo, serviço ou produto entregue pela sua empresa, de maneira que atenda às exigências definidas pela ISO. Envolve divisão de tarefas e atribuição de responsabilidades. javascript:void(0) FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE UTILIZADAS EM SEGURANÇA DO TRABALHO A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO QUALIDADE E SEGURANÇA A redução dos diversos ciclos do negócio proporciona à empresa uma direta redução de custos, inclusive os custos associados à Segurança do Trabalho. Com o uso de uma solução robusta como a implantação de Sistema de Gestão da Qualidade, que vai utilizarmodelos de processos modificáveis de acordo com as novas necessidades que se apresentam, a empresa terá uma significativa redução das suas necessidades de treinamento de colaboradores, custos com customização de aplicações e, importante, a logística e o negócio poderão mover-se em direção a um modelo mais enxuto. As reduções nos custos da companhia podem ser repassadas aos consumidores, gerando uma vantagem competitiva perante o mercado, aumentando a fidelidade dos clientes e gerando um maior market share para a empresa. Outro aspecto importante do uso de uma solução de Gestão da Qualidade sistematizada é o aumento expressivo da eficiência dos trabalhadores, sua utilização acaba por reduzir muitas etapas manuais, que podem ser executadas muito mais eficientemente quando automatizadas. MARKET SHARE Cota de mercado; porção da empresa que se encontra no mercado de ações. Haverá uma redução do tempo de execução e da acuracidade das informações, com a automação dos processos. Mesmo quando não for passível de automação, o uso de um portal para interação com os colaboradores participantes do processo torna seus papéis mais claros e sua interação muito mais eficaz. Essas iniciativas liberam uma grande quantidade de recursos humanos e habilitam a organização a remanejar seus colaboradores para situações e funções que exijam interações com um nível mais elevado de capacidade decisória. Foto: Shutterstock.com Os colaboradores podem permanecer concentrados em tarefas de maior valor, não apenas tarefas rotineiras e que são executadas tradicionalmente com um certo nível de má vontade, consumindo tempo javascript:void(0) precioso. A empresa poderá, de forma inteligente e baseada em informações históricas, rotear os processos para as pessoas certas, com as habilidades certas e no tempo certo. Por fim, sob o enfoque da qualidade, obteremos uma clara separação entre os processos e as aplicações que os alimentam. Só essa condição já representa, por si só, um grande benefício, uma vez que a arquitetura de aplicações se torna muito mais eficiente e eficaz, sejam aplicações de mercado ou desenvolvidas internamente. Sua integração com a camada de processos de segurança torna-se muito mais simples e rápida, ampliando o ROI – Return On Investment, dos investimentos já realizados e, com isso, aumentando a eficiência geral dos ativos de Segurança do Trabalho, não deixando de ser um verdadeiro aliado na avaliação de riscos ocupacionais, principalmente quando eles não são tão conhecidos, qualificados e classificados corretamente e, ainda, controlados de modo inadequado ou até mesmo sem controle algum. RETURN ON INVESTMENT Como o nome sugere, o ROI permite saber quanto dinheiro a empresa ganha ou perde com os recursos destinados a diferentes projetos. AS ORGANIZAÇÕES DEVEM ESTAR APTAS A MODIFICAR SEUS PROCEDIMENTOS COM RAPIDEZ E EFICIÊNCIA, POR MEIO DE UM AMBIENTE FLEXÍVEL, REDUZINDO CUSTOS DE MANUTENÇÃO E UPGRADE DE APLICAÇÕES E PROTOCOLOS. Uma solução de Gestão da Qualidade começando pela utilização de ferramentas adequadas, deve estar adaptada a rastrear todos os setores da empresa independentemente do seu tamanho, complexidade ou extensão (fronteiras da empresa). Qualquer processo fundamental representa o negócio da empresa e deve ter um completo e acurado controle sobre sua execução, a qualquer momento. Isso permite aumentar a visibilidade e o entendimento sobre a sua operação, aumentando a eficiência dos colaboradores, partners e clientes, além disso, a captura de informações históricas irá permitir a identificação de riscos que possam causar acidentes ocupacionais de qualquer natureza. javascript:void(0) CONCEITO DE QUALIDADE A etimologia da palavra qualidade deriva do latim qualitas. O seu significado nem sempre apresenta uma definição clara e objetiva, possui um conceito eminentemente ligado à percepção individual das pessoas e altamente influenciado por fatores externos, tais como: os culturais, os modelos mentais, as necessidades e as expectativas pessoais. Embora o termo qualidade seja normalmente empregado para significar excelência de um produto ou serviço, a qualidade de um produto pode ser olhada por duas vertentes: a do produtor e a do cliente. PRODUTOR Do ponto de vista do produtor, a qualidade associa-se à concepção e a fabricação de um produto, na busca do atendimento da satisfação das necessidades do cliente. CLIENTE Do ponto de vista do cliente, a qualidade está associada à efetividade, ao valor e à utilidade que ele reconhece no produto. ABORDAGEM DA QUALIDADE SEGUNDO A ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION A Organização Internacional de Padronização é uma instituição que tem por objetivo promover a normalização de produtos e serviços, utilizando determinadas normas para que a qualidade seja melhorada. QUALIDADE É UMA SOMA DE CAPACIDADE E COMPETÊNCIA, JUNTO A ESTA SOMA, PODEMOS AGREGAR VALORES TAIS COMO GESTÃO, VISÃO, FATOR HUMANO E OUTROS QUE PODEM SE AGREGAR CONFORME SUA VISÃO, É A TRANSFORMAÇÃO DA QUALIDADE EM REALIDADE POR MEIO DA CAPACITAÇÃO E DA CONSCIENTIZAÇÃO. QUALIDADE NUNCA SERÁ UM PRODUTO COMERCIALIZADO, ELA SEMPRE SERÁ UM PONTO DE INTERROGAÇÃO PARA PROFISSIONAIS E EMPRESÁRIOS, POIS, POR MEIO DESTA CONSTANTE BUSCA POR APERFEIÇOAMENTO, A QUALIDADE ACONTECE. (CHIAVENATTO, 2010, p. 122) CONCEITO DA QUALIDADE SEGUNDO O PMI − PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI®) Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que integra mais de 900.000 membros em cerca de 200 países, baseada na cidade da Filadélfia, na Pensilvânia (Estados Unidos). Seus principais objetivos são formular padrões profissionais de gestão de projetos, gerar conhecimento por intermédio da investigação e promover a gestão de projetos como profissão por meio de seus programas de certificação. “É uma combinação da conformidade às exigências (abordagem baseada na produção) e da adequação para o uso (abordagem baseada no usuário). O foco no cliente aparece em destaque, enfatizando a importância de compreender, controlar e influenciar as necessidades dos stakeholders, de modo a atender a suas expectativas.” (PMI, 2017). BREVE HISTÓRICO DA QUALIDADE Podemos dizer que o histórico da qualidade demonstra diferentes perspectivas que foram geradas com o passar dos tempos, tornando-se fator essencial para o sucesso das empresas, o seu perfeito entendimento, devido ao acirramento da competitividade e em virtude da globalização da economia. PRODUÇÃO ARTESANAL A fase da produção artesanal caracterizou-se pela total interação entre o produtor e o consumidor, propiciando que este passasse diretamente àquelas suas expectativas. PRODUÇÃO EM SÉRIE O conceito de qualidade teve seu início em meados do século XVIII, período em que ocorreu a primeira revolução industrial envolvendo principalmente a produção em série, pois nessa época já havia a preocupação com a qualidade. SANEAMENTO DA ECONOMIA A qualidade no formato da atualidade teve seu início em movimentos após a Segunda Guerra Mundial, em que países, principalmente o Japão, na necessidade de reerguer e sanear sua economia, passaram a utilizar algumas ferramentas de Gestão da Qualidade, bem como os Estados Unidos da América, ao incentivar a implementação das técnicas desenvolvidas por Walter Andrew Shewhart. A lógica japonesa era o inverso da praticada pelos americanos. Enquanto estes atribuíam os preços de seus produtos após identificar por meio de processos estatísticos os custos da produção embutindo aí as perdas e falhas da produção, os japoneses investiam no zero defeito e, portanto, precificavam os produtos antes mesmo de serem fabricados, o que obrigava a um processo produtivo mais enxuto e naturalmente eficiente. Ao contrapor os americanos, os orientais desenvolveram um método de controle de qualidade que, ao invés de encontrar e eliminar as peças defeituosas, buscava evitar que os defeitos ocorressem. Os responsáveis por essa revolução japonesa da qualidade, hojeconsiderados os “papas “da qualidade pelo legado que deixaram, foram os estatísticos W. E. Deming, Shewhart, Kaoru Ishikawa e Joseph M. Juran. Não poderíamos deixar de citar também, Armand V. Feigenbaum, o criador do conceito de Qualidade Total – TQC, e Philip B. Crosby, que criou o conceito de “defeito- zero”, no qual tudo pode ser feito corretamente da primeira vez. Então, dentro das organizações, a qualidade incorpora agora, além dos aspectos de inspeção dos produtos, funções que vão da engenharia de produção, passando pela engenharia de segurança do trabalho, e envolve todos os setores da organização, deixando, dessa forma, de ser somente corretiva para ser sistêmica e abrangente. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE Ao longo do século XX, vários foram os enfoques dados ao gerenciamento da função qualidade nas organizações, conforme exposto em Martins (2001, pp. 394-395): CONTROLE DA QUALIDADE (DESDE 1900) Consiste no desenvolvimento de sistemas que monitoram o projeto, o processo de fabricação e assistência técnica de um produto ou de um serviço. CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSOS (1945) Controle da qualidade realizado utilizando-se técnicas estatísticas. ZERO DEFEITO (1960) Sistema de gestão da qualidade desenvolvido por Philip Crosby. CÍRCULOS DE CONTROLE DA QUALIDADE (1962) Reunião de pessoas que investigam problemas de qualidade, desenvolvido por Kaoru Ishikawa. CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL (1980) Sistema de gestão empresarial baseado na qualidade, abrangendo toda a organização, desenvolvido por Juran, Kaoru Ishikawa e F. W. Deming. QUALIDADE ASSEGURADA (1980) Garantia oferecida ao cliente, assegurando que o produto ou serviço oferecido é confiável. SISTEMA ISO 9000 (1987) Sistemas da qualidade - Modelo para garantia da qualidade. Desde a década de 1920, as atividades manufatureiras já estavam preocupadas com a qualidade, portanto, seu primeiro passo foi desenvolver-se de forma mais científica, surgindo, assim, os padrões e modelos para inspeção da qualidade. Iniciava-se a era da inspeção da qualidade, separando os produtos que não se encaixavam nos padrões estabelecidos Em síntese, como vimos, a preocupação com a qualidade no âmbito empresarial existe desde o início do século XVIII, com aceleração visível no século XX, entretanto, as diversas formas pelas quais as organizações planejam, definem, obtêm, controlam, melhoram continuamente e demonstram a qualidade, têm sofrido grandes evoluções ao longo dos últimos tempos, respondendo a mudanças políticas, econômicas e sociais. Segundo David A. Garvin (1988, p. 3), a evolução da qualidade se divide em 4 etapas, chamadas de “Eras da Qualidade”: 1ª ETAPA: INSPEÇÃO 2ª ETAPA: CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE 3ª ETAPA: GARANTIA DA QUALIDADE 4ª ETAPA: GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE 1ª ETAPA: INSPEÇÃO A qualidade do produto era verificada ao final do processo produtivo, ou seja, a inspeção era realizada por um funcionário que examinava produto a produto. Não se buscava analisar a causa dos problemas e defeitos apresentados, apenas havia a separação dos produtos “bons” e “defeituosos”. Os produtos defeituosos eram eliminados, o que ocasionava alto grau de desperdício e refugo ao processo. 2ª ETAPA: CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE Foi iniciado pelo estatístico Walter Shewhart. Por meio de seus estudos, passa-se a utilizar ferramentas e técnicas estatísticas para avaliar, por meio da amostragem, a qualidade dos produtos e do processo produtivo. Surge no cenário da Segunda Guerra Mundial com a ascensão da Revolução Industrial. Devido à produção massificada e ao aumento da escala produtiva, realizar as inspeções em todos os produtos fabricados de maneira completa torna-se inviável, desse modo, utilizando o controle estatístico, torna-se possível escolher certa quantidade de produtos para inspeção, onde as características dessa amostragem seriam expandidas a todo o lote. 3ª ETAPA: GARANTIA DA QUALIDADE O fim da Segunda Guerra Mundial estabeleceu mudanças significativas no mundo todo. Após a guerra, os americanos enfrentaram sucesso em sua economia, no entanto, o Japão estava destruído, necessitava se reerguer e melhorar a reputação de seus produtos. Como já vimos, por meio dos estudos de Edwards Deming e, mais tarde, de Joseph Juran, a qualidade passou a ser bem aceita nas organizações japonesas. Juran incorporou uma nova perspectiva à qualidade. Até aquele momento, as atividades relacionadas à qualidade tentavam garantir ao produto a perfeição técnica. A nova abordagem relacionava a satisfação do cliente quanto à adequação ao uso do produto. A responsabilidade quanto à qualidade passou a ser global, compreendendo toda a organização. A qualidade passa a ser abordada desde a etapa de desenvolvimento do projeto do produto até chegar ao consumidor final, e todos os funcionários, de todos os níveis hierárquicos, devem estar envolvidos e comprometidos com as atividades de melhoria da qualidade. 4ª ETAPA: GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Nas duas últimas décadas do século passado, a qualidade passou a ser notada como uma disciplina de caráter estratégico, sua visão foi ampliada e hoje é considerada uma arma que a organização dispõe para obter vantagem competitiva face aos concorrentes. A gestão da qualidade total é uma abordagem que objetiva a melhoria contínua de seus processos, produtos e serviços, atingindo todo o meio organizacional. Os projetos de melhoramento contínuo buscam fortalecer a produtividade e a rentabilidade da organização, diminuir os custos, eliminar desperdícios, gargalos, retrabalhos, reclamações e devoluções nos processos e em atividades que agreguem valor ao cliente, fornecer produtos e serviços com perfeição que proporcionem satisfação às necessidades dos clientes interno e externo. GESTÃO DA QUALIDADE Para que uma empresa aplique o sistema de Gestão da Qualidade, é necessário o envolvimento de seus dirigentes, para que dediquem tempo para a elaboração, aplicação e acompanhamento do sistema na empresa. Levantam-se os problemas técnicos, pessoais e gerenciais da empresa, com o trabalho a ser desenvolvido pela própria organização e com aplicação de ferramentas e métodos adequados. Da implantação devem participar também técnicos da empresa, que trazem uma visão operacional da organização. Os passos para o desenvolvimento de um Sistema de Gestão da Qualidade são: Imagem: Shutterstock.com Adquirir a norma: ao iniciar a preparação da empresa para a aplicação do Sistema de Gestão da Qualidade, será exigida uma cópia da norma para a familiarização dos responsáveis com a sua implementação, a revisão do suporte software e o registro a um Sistema de Gestão da Qualidade. Imagem: Shutterstock.com Montar a equipe de implementação: o processo de implementação do sistema de gestão da qualidade necessita do preparo da estratégia organizacional com a alta direção da empresa. Imagem: Shutterstock.com Realizar treinamento da equipe: ao procurar implementar um Sistema de Gestão da Qualidade, é necessário aumentar a consciência de todos na empresa, sobre a importância da adoção da norma ISO, que busca, com a formalização dos procedimentos da empresa, padronizar, monitorar e medir todos os processos para assegurar a qualidade do produto, implementar e manter registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade dos processos, realizar inspeções de qualidade e adotar meios apropriados de ações corretivas e revisão sistemática do sistema da qualidade, para garantir sua eficácia por meio da realização de workshops, seminários e treinamento. Imagem: Shutterstock.com Realizar consultoria: as observações de consultores independentes sobre a melhor forma de implementar o Sistema de Gestão da Qualidade podem evitar erros na sua introdução. Imagem: Shutterstock.com Escolher empresa certificadora: a verificação da efetividade do Sistema de Gestão da Qualidade implementado pela empresa é terceirizada e realizada por uma empresa certificadora, que emiteum certificado confirmando se a empresa se encontra dentro das exigências da norma. Imagem: Shutterstock.com Desenvolver manual de qualidade: o manual da qualidade é o documento de alto nível que deverá esquematizar a intenção da empresa em operar de uma maneira qualificada. O manual coloca as razões para a empresa atuar nesse setor de negócios, os objetivos que persegue, como deverão ser atingidos e como serão as operações. Imagem: Shutterstock.com Desenvolver documentação de suporte: essa documentação é, tipicamente, um manual de processos para apoiar o manual da qualidade, devendo ser simples, esboçando o que deve ser feito para completar as tarefas, descrevendo quem deve fazer qual tarefa, com qual finalidade deve ser realizada a tarefa e sob qual norma. Imagem: Shutterstock.com Implementar o sistema de gestão: o fator mais importante para a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade é a comunicação e o treinamento. Durante toda a fase de implementação, todos adotam os procedimentos e coletam registros que possibilitam o controle do que cada um está fazendo. DIMENSÕES DA QUALIDADE − CONFORME O SISTEMA ESCOLA TÉCNICA ABERTA DO BRASIL Para a melhor compreensão da qualidade, tendo em vista a subjetividade dos seus múltiplos pontos de vista, ela é representada em sete dimensões distintas, apresentadas como forma da sua avaliação. Quanto maior o número de dimensões adotadas na avaliação da qualidade, maior será a complexidade em relação à sua obtenção. Levando em conta essa diversidade de facetas da definição de qualidade, não é impossível supor que em diferentes departamentos de uma mesma organização existam diferentes interpretações do seu conceito. PRIMEIRA DIMENSÃO Características/ especificações/ atributos dos produtos – referem-se às especificações (características complementares) que diferenciam um produto em relação aos seus concorrentes. SEGUNDA DIMENSÃO Desempenho/características operacionais básicas – relaciona-se ao aspecto operacional básico (testes comparativos feitos dentro de uma mesma categoria) de qualquer produto. TERCEIRA DIMENSÃO Conformidade/grau de concordância com especificações – reflete a visão mais tradicional (padrões) da qualidade, o quanto um produto está de acordo com as especificações. QUARTA DIMENSÃO Confiabilidade/probabilidade de ocorrência de falhas – está associada ao grau de isenção de falhas do produto (bens duráveis), à probabilidade de que um item desempenhe sem falhas sua função. QUINTA DIMENSÃO Durabilidade medida da vida útil do produto – consiste em uma medida da vida útil (substituição) de um produto, analisada tanto por aspectos técnicos quanto econômicos. SEXTA DIMENSÃO Imagem/percepção inicial do cliente sobre o produto – deriva das qualidades (estéticas e observadas) que refletem a imagem positiva ou negativa, imediata e ao longo do tempo. SÉTIMA DIMENSÃO Atendimento ao cliente/apoio ao cliente – objetiva assegurar a continuidade dos serviços (assistência técnica, Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC, pelo telefone 0800) oferecidos pelo produto após sua venda. A imagem a seguir mostra uma engenheira ambiental trabalhando em uma usina de armazenamento de água, verificando o pH e a qualidade da água. Foto: Shutterstock.com A qualidade deve estar presente em todos os setores. ALGUMAS FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE CICLO PDCA Este ciclo é muito utilizado para manter e melhorar as diretrizes de controle (metas a serem alcançadas para garantir a satisfação das necessidades das pessoas). Para a manutenção da qualidade, o ciclo é chamado de SDCA, substituindo-se o P de Planejamento por S de Standard (Padrão), sendo composto pelas seguintes fases: S S (Standard): manter a meta padrão e o Procedimento Operacional Padrão – POP. D D (Do): execução, relacionada com o cumprimento do POP. javascript:void(0) javascript:void(0) C C (Check): verificação, relacionada com a confirmação da efetividade do POP. A A (Action): ação corretiva, com foco na remoção do sintoma, com ação na causa. Logo: uma abordagem sistêmica dos acidentes e a relação da aplicação com os sistemas de gestão de Saúde e Segurança do Trabalho, essa abordagem que relaciona acidentes de trabalho e Sistema de Gestão deve constantemente ser avaliada, seguindo os conceitos de um sistema PDCA, que estabelece etapas distintas para implantação de um Sistema de Gestão, mas ao mesmo tempo integradas contemplando quatro fases: Imagem: Shutterstock.com Ciclo PDCA − Verificar, melhorar ou manter os resultados das ações de Segurança do Trabalho implementadas. Imagem: Danielle Ribeiro Planejamento (P): estabelece objetivos e processos, necessários para atingir resultados, metas e define os métodos que permitirão atingir as metas propostas. javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Danielle Ribeiro Execução (D): implementa os processos e toma iniciativa, para educar, treinar, implementar, executar o planejado conforme as metas e métodos definidos. Imagem: Danielle Ribeiro Avaliação (C): monitorar, medir os processos e produtos relativamente às políticas, objetivos e requisitos do produto e reportar os resultados. Verificar os resultados que se está obtendo continuamente para conferir se estão sendo executados conforme planejados. Imagem: Danielle Ribeiro Melhoria Contínua (A): tomar ações para melhorar continuamente o desempenho dos processos. Fazer correções de rotas se for necessário, tomar ações corretivas ou de melhoria, caso tenha sido constatada na fase anterior a necessidade de corrigir ou melhorar processos. DIAGRAMA DE ISHIKAWA Os processos são formados por um conjunto de recursos e atividades. Quando uma ação encontra uma não conformidade, faz-se necessário avaliar as causas do problema. Podemos entender o processo de segurança do trabalho como um conjunto de causas, conforme mostra o Diagrama de Ishikawa. Foto: Shutterstock.com Diagrama infográfico da metodologia Ishikawa com medições, materiais, pessoal, meio ambiente, métodos, máquinas. Esquema colorido de método de causa e efeito para gestores. Ao se fazer a análise dos dados obtidos, é importante conhecer as possíveis causas de variação dos procedimentos para que sejam definidas ações efetivas. BRAINSTORMING Foto: Shutterstock.com Grupo de profissionais do SESMT praticando o brainstorming, estratégia de workshop buscando melhoria para a área de Engenharia de Segurança do Trabalho. Constitui um procedimento que visa estimular a criatividade, separando a geração de ideias da sua avaliação e organização. A técnica tem como objetivo produzir uma lista extensa de ideias que possam ajudar no desenvolvimento do tema, por meio da geração de ideias sem nenhum tipo de censura ou crítica. O brainstorming é recomendado para: Imagem: Danielle Ribeiro Geração de muitas ideias. Imagem: Danielle Ribeiro Exploração de alternativas melhores. Imagem: Danielle Ribeiro Identificação de oportunidades detectadas por aqueles que estão mais próximos da atividade. As aplicações mais comuns se referem à busca de: Problemas, por meio da análise de áreas problemáticas; Fatos que levem à definição de um problema; Ideias que auxiliem a solução de problemas; Critérios para avaliação de soluções de problemas; Aceitação pelo desenvolvimento participativo de um plano de ação e sua implementação. Um brainstorming pode ser constituído das seguintes etapas: PREPARAÇÃO CONDUÇÃO DA SESSÃO REGISTRO FINAL PREPARAÇÃO Consiste na seleção de participantes que possam contribuir para o tema desenvolvido; circulação do enunciado, de modo mais geral possível, evitando canalizar as respostas. CONDUÇÃO DA SESSÃO Envolve a apresentação das regras que conduzirão a reunião; treinamento, por meio de exercícios simples, de modo a testar a absorção das regras; apresentação do problema, que deve ficar sempre visível para todos; geração de ideias, segundo uma sequência ou de modo espontâneo; e registrodas ideias. REGISTRO FINAL Análise dos dados quanto à pertinência do tema, eliminado ideias alheias ao mesmo. DIAGRAMA DE PARETO Este diagrama tem como finalidade mostrar as contribuições relativas das falhas que produzem um problema. Para isso, procura-se separar as poucas causas críticas das muitas triviais (tipicamente, 80% das ocorrências de um problema devem-se a 20% das causas). Desta forma pode-se identificar onde os esforços devem ser priorizados. Foto: Shutterstock.com Passos para a construção: Determine as possíveis causas de um problema. Usando uma Folha de Verificação, determine o número de vezes em que o problema ocorreu, em dado intervalo de tempo, em decorrência de cada causa. Crie o Diagrama de Pareto, desenhando barras verticais cujas alturas reflitam o número de ocorrências de cada causa. No lado esquerdo ficam as causas com maior frequência, com barras sucessivamente menores à direita, segundo a frequência de ocorrência. PROGRAMA 5S Foto: Shutterstock.com Conjunto de ícones do 5S para implementação em Segurança do Trabalho. As atividades de 5S tiveram início no Japão logo após a Segunda Guerra Mundial para combater a sujeira das fábricas e eram utilizadas inicialmente pelas donas de casa japonesas para envolver todos os membros da família na administração e organização do lar. O 5S foi formalmente lançado no Brasil em 1991, pela Fundação Christiano Ottoni. Ele é constituído por cinco palavras japonesas iniciadas por S utilizadas para criar um local de trabalho adequado ao controle visual e à produção enxuta. SEIRI (SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO) Identificação de equipamentos, ferramentas e materiais necessários e desnecessários em oficinas e postos de trabalho. Identificação de dados e informações necessárias e desnecessárias para as decisões. SEITON (ORDENAÇÃO) Determinação de local específico ou layout para os equipamentos serem localizados e utilizados a qualquer momento. Determinação de local de arquivo para pesquisa e utilização de dados a qualquer momento. SEISO (LIMPEZA, ZELO) Eliminação de pó, sujeira e objetos desnecessários, mantendo a limpeza nos postos de trabalho. Atualização contínua e renovação de dados para tomar as decisões corretas. SEIKETSU (ASSEIO, HIGIENE) Ações consistentes e repetitivas, visando à arrumação, ordem e limpeza, tendo-se o cuidado para evitar que os estágios anteriores não retrocedam. Estabelecimento, preparação e implementação e informações e dados, de fácil entendimento, que serão úteis e práticos para as decisões. SHITSUKE (AUTODISCIPLINA) Hábito para cumprimento de normas e procedimentos estabelecidos, para atendimento às especificações do cliente. Hábito para cumprimento de normas e procedimentos determinados pelas empresas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A FERRAMENTA DE QUALIDADE DENOMINADA DIAGRAMA DE ISHIKAWA PERMITE A OBTENÇÃO DIRETA E IMEDIATA A) de uma síntese de escopo do projeto a ser desenvolvido. B) da priorização dos principais problemas existentes na organização. C) dos limites superiores e inferiores nos quais se espera que os processos trabalhem. D) das possíveis causas que geram determinado efeito problema. E) da descrição do processo mapeado da organização. 2. VIMOS QUE O PDCA E O SDCA SÃO MUITO UTILIZADOS EM GESTÃO DA QUALIDADE. INDIQUE QUAL É A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DA TÉCNICA DO PDCA: A) Explorar potencialidades. B) Visualizar, em conjunto, as causas principais e secundárias de um problema. C) Mostrar características médias. D) Ajudar a lembrar pontos principais a serem abordados. E) Planejar e executar processos, implementar melhorias e/ou correções. GABARITO 1. A ferramenta de qualidade denominada Diagrama de Ishikawa permite a obtenção direta e imediata A alternativa "D " está correta. Uma importante ferramenta de Gestão da Qualidade que contribui com os profissionais do SESMT é o Diagrama de Ishikawa, pois permite desconstruir o problema de forma a se encontrar a sua causa. 2. Vimos que o PDCA e o SDCA são muito utilizados em Gestão da Qualidade. Indique qual é a principal característica da técnica do PDCA: A alternativa "E " está correta. O profissional de Segurança do Trabalho tem à sua disposição algumas ferramentas de Gestão da Qualidade, entretanto, o PDCA, por oferecer a possibilidade de planejar, executar e implementar melhorias ou correções, é o mais utilizado. MÓDULO 2 Reconhecer os princípios da Gestão Integrada de QSMS-RS LIGANDO OS PONTOS Foto: Shutterstock.com Entendemos que a implementação da Gestão da Qualidade nos processos da Segurança do Trabalho conduz a administração em termos muito mais atrativos, pois aumenta os investimentos na área e permite maior êxito no atingimento das metas, por vezes, ambiciosas, da Segurança e Saúde Ocupacional. Neste estudo de caso, analisaremos uma situação real de como a Gestão da Qualidade contribui positivamente para as boas práticas na Segurança do Trabalho, neste caso em particular, no seu setor de logística. A logística é, como sabemos, um setor que acima de tudo exige uma atenção especial por se tratar de área fundamental para garantia dos resultados do negócio, pois depende dela a produção e o setor de vendas e, portanto, requer um tratamento ágil, em tempo real, imediato, com decisões e respostas rápidas, pois as consequências são imediatas. Após a leitura dos cases, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Case do Módulo 2 Neste estudo de caso, daremos continuidade ao tratamento proposto para a empresa HRC – HR Comercial Ltda. Relembrando, trata-se de uma organização comercial voltada para o varejo com grande penetração no mercado nacional e vamos acompanhar o passo a passo das decisões construídas a partir de um grave acidente que, por pouco, não atingiu de forma letal um trabalhador. Problema a ser analisado no estudo de caso De acordo com relatórios da empresa estudada, foi reportado o número de notificações de manutenção de defeito ou mau funcionamento devido à má conservação de alguns de seus equipamentos de movimentação de carga, informações essas que são coletadas a partir de procedimentos estatísticos implementados na empresa. Verificou-se, então, com base nas ordens de serviços abertas, que vem crescendo expressivamente ao longo dos meses, ocorrendo finalmente o acidente cujo relato segue abaixo: Em resumo: A quantidade de notificações de manutenção corretiva, provocada por defeito ou mau funcionamento devido à má conservação de alguns dos seus equipamentos de movimentação de carga. Em levantamento realizado a partir de processo estatístico em seu CD – Centro de Distribuição, por meio das ordens de serviços abertas, foi constatado um crescente e expressivo aumento de notificações ao longo dos meses, ocorrendo finalmente o incidente cujo relato segue abaixo: em meados de 2020, houve um acidente grave provocado por uma falha no eixo dianteiro de uma empilhadeira de grande porte, o que provocou forte colisão com os porta pallets, que em função do impacto, vieram ao chão. Felizmente, não havia mais trabalhadores na área e o operador de empilhadeira sofreu ferimentos leves. 3- Ações de reparo Após o acidente, iniciaram-se os trabalhos de reparo, sabendo que não seria uma operação simples, pois, como dissemos, o porta pallet estava cheio de produtos, com parte dele tombado no chão e sua estrutura totalmente danificada. Face à criticidade do problema, o gerente do CD convocou uma reunião de emergência com todo o pessoal envolvido e mais o engenheiro e o técnico de Segurança do Trabalho, visando encontrar uma solução que, de forma definitiva, pudesse eliminar ou controlar todos os riscos de acidentes possíveis. Após as providências administrativas concomitantes com as medidas de Segurança e Medicina do Trabalho desenvolvidas e executadas pelos profissionais do SESMT, o superintendente da fábrica reuniu todos os líderes de equipes e propôs a discussão de quais ações deveriam ser implementadas paramitigar ou pelo menos controlar os acidentes no setor produtivo. 1. CONSIDERANDO O QUE VIMOS EM GESTÃO INTEGRADA DA QUALIDADE, SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL E OS ESTUDOS REALIZADOS, INDIQUE QUAL OPÇÃO A SER ADOTADA. A) Desenvolvimento de um Plano de Gestão em QSMS-RS. B) Contratar pessoal habilitado para o serviço. C) Reduzir o turnover. D) Reduzir o portfólio de produção. E) Aplicar a ferramenta SWOT. 2. COM RELAÇÃO ÀS AÇÕES DE GESTÃO INTEGRADA SOBRE OS PROCEDIMENTOS CONSIDERADOS DE RISCO PARA A SEGURANÇA DOS TRABALHADORES DA FÁBRICA, QUAIS FUNÇÕES DEVEM CONTER NO SGI? PROCESSOS DE QSMS-RS INTEGRADOS; UMA ÚNICA POLÍTICA DE QSMS-RS; AUDITORIAS INTERNAS E EXTERNAS INTEGRADAS DE QSMS-RS; DOCUMENTAÇÃO OTIMIZADA PARA QSMS-RS; ANÁLISE CRÍTICA INTEGRADA DE QSMS-RS. A) Somente a III B) I, III, IV e V C) I, II, III, IV e V D) Somente a V E) III, IV e V GABARITO 1. Considerando o que vimos em Gestão Integrada da Qualidade, Segurança, Meio Ambiente, Saúde e Responsabilidade Social e os estudos realizados, indique qual opção a ser adotada. A alternativa "A " está correta. O desenvolvimento de um Sistema de Gestão Integrada eficaz é um grande passo para que haja planejamento, execução e controle dos requisitos das normas ISO 9001; ISO 14001; ISO 26001; ISO 45001/OSHAS 18001; PBQP-H; S.A. 8000. 2. Com relação às ações de gestão integrada sobre os procedimentos considerados de risco para a segurança dos trabalhadores da fábrica, quais funções devem conter no SGI? Processos de QSMS-RS integrados; Uma única política de QSMS-RS; Auditorias internas e externas integradas de QSMS-RS; Documentação otimizada para QSMS-RS; Análise crítica integrada de QSMS-RS. A alternativa "C " está correta. O objetivo do SGI é estabelecer um conjunto de elementos, interagindo com a força de trabalho, por meio de diretrizes e padrões preestabelecidos com relação às questões de qualidade, segurança, meio ambiente, saúde e responsabilidade social. 3. APÓS RESPONDER AOS QUESTIONAMENTOS DOS ESTUDOS DE CASOS DOS MÓDULOS 1 E 2, CHEGAMOS À CONCLUSÃO DE QUE A IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA INTEGRADO DE QSMS-RS PARA SEGURANÇA DO TRABALHO É: RESPOSTA As organizações que adotaram um sistema integrando Gestão da Qualidade, Segurança, Meio Ambiente, Saúde e Responsabilidade Social (QSMS-RS), conhecido também por Sistema de Gestão Integrada (SGI), quando implantado de forma correta, tende a reduzir e aprimorar os processos e os componentes dos vários sistemas, criando um único Sistema de Gestão, centrando as atenções para um conjunto único de procedimentos, que associam as áreas de interesse. javascript:void(0) GESTÃO INTEGRADA DA QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA DO TRABALHO E RESPONSABILIDADE SOCIAL SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA EM QSMS-RS – QUALIDADE, SAÚDE OCUPACIONAL, MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA DO TRABALHO E RESPONSABILIDADE SOCIAL. A alta competitividade presente nos mercados atualmente, tanto nacionais como internacionais, determina que as empresas de todos os setores e tamanhos necessitam procurar meios para, além de manter negócios existentes, gerar novos, de modo a tornar suas atividades e operações mais eficientes a um menor custo. A implantação de um Sistema de Gestão integrando a Qualidade (SGQ), associado à Saúde, Meio Ambiente, Segurança do Trabalho e à Responsabilidade Social é o método que tem sido crescentemente utilizado para atingir esses objetivos. Temos observado que o SGI em QSMS-RS incorpora um aspecto essencial na condução das empresas modernas, que é a postura ética. Dessa forma, seu seguimento de responsabilidade social completa a abordagem holística com que a gestão QSMS-RS opera, constituindo para a organização uma considerável vantagem competitiva. É possível implantar um SGI de duas formas: COMPULSÓRIA Uma forma de se implantar um SGI em QSMS-RS seria a compulsória, ou seja, por meio de uma regra imposta por organismos governamentais, com suas agências regulatórias, departamentos, normas e leis ou, ainda, o mercado impondo alto nível de concorrência e/ou de exigências contratuais. VOLUNTÁRIA Outra forma seria a voluntária, em que a organização percebe um SGI como uma poderosa ferramenta capaz de efetivamente gerar esse tão desejado diferencial competitivo. Ambas as formas de tratar a qualidade possibilitam ampliar o escopo de estratégia da empresa. Além da melhoria da eficiência nas operações das empresas como um todo, a implementação de um SGI também proporciona um aumento da confiança e da credibilidade da empresa junto aos seus clientes. Contudo, não basta somente ter um Sistema de Gestão, torna-se imprescindível que todas as empresas desenvolvam a integração das suas áreas de Segurança, Medicina do Trabalho, Meio Ambiente, Qualidade e Responsabilidade Social. Por essa razão, foi criada a Gestão Integrada, que evoluiu para Qualidade, Saúde, Meio ambiente, Segurança do Trabalho e Responsabilidade Social – QSMS-RS, que vem se tornando uma preocupação enfrentada no dia a dia pelas empresas, principalmente as que possuem altos riscos de acidentes e incidentes, passando, a partir daí, a manifestarem o interesse pelo Sistema de Gestão Integrada. O desenvolvimento de um Sistema de Gestão Integrada em QSMS-RS requer um plano, em que são promovidos treinamentos do efetivo operacional e média liderança para a redução dos desvios, incidentes e acidentes, analisando o comportamento do indivíduo ou grupo de pessoas quando realiza tarefas abaixo dos padrões e das boas práticas de segurança, expõe a si e outros a riscos de acidentes, de saúde e de impacto negativo ao meio ambiente, tendo como causa o comportamento e a atitude das pessoas. Estudos apontam que noventa e seis por cento dos acidentes têm como causa o comportamento e os outros quatro estão relacionados a fatores diversos, como, por exemplo, o risco para o trabalhador de atropelamento e queda do mesmo nível, que vem a ser uma característica de obras de mobilidade urbana em grandes centros urbanos, e sempre poderá apresentar no processo construtivo alguma externalidade não prevista. Imagem: Danielle Ribeiro Portanto, a análise do comportamento dos trabalhadores que leva aos desvios de disciplina operacional, crítico e de riscos grave e iminente nas seis categorias de desvios comportamentais analisada neste trabalho, os estudos e conceitos observando os desvios, com mais treinamentos nos níveis operacional, média liderança e gerencial, levarão a um menor número de comportamentos inseguros, incidentes e acidentes no ambiente de trabalho. ATENÇÃO As Normas Regulamentadoras garantem, no mínimo, a aplicação da legislação, entretanto, sem um Sistema de Gestão que contemple a rastreabilidade das perdas devidas ao comportamento e atitude das pessoas por meio de ações sistêmicas que reduzam os desvios, não haverá melhoria contínua nos padrões em Segurança do Trabalho reduzindo os incidentes e acidentes. O monitoramento dos protocolos de Segurança do Trabalho, como, por exemplo, os de prevenção e combate a incêndio e explosão, devem acontecer e ser avaliados em simulados, elemento crucial para o atingimento da eficiência operacional. O conhecimento de como os protocolos se movem e afetam diretamente a performance da organização é crítico para a implementação de melhorias. Esse monitoramento da solução deve portar-se como um elemento proativo que vai acrescentar poder aos usuários, oferecendo mais informações para a tomada de decisão e implementação de mudanças que vão impactar positivamente o fluxo do processo. Deve atuar como uma base de aperfeiçoamento contínuo de procedimentos, provendo também documentação auditável de toda e qualquer situação enfrentada pela área de segurança. Foto: Shutterstock.com Sendo o comportamento um ato que pode ser observado em suas variações e nos desvios nas atividades laborais no ambiente de trabalho, apresentando não conformidades com base nos requisitos legais aplicáveis e em procedimentosque causam acidentes, torna-se, como já vimos, fator que influencia no impacto do desempenho de segurança, que inclui compromisso da gerência, planejamento de segurança dos trabalhadores, plano de segurança, treinamento e educação, envolvimento de trabalhador, recompensas e reconhecimento, gerenciamento de subcontratados e investigação de acidentes. Sabemos que a luta dos trabalhadores pela segurança no Brasil é anterior até mesmo à industrialização do País no início do século XX. Antes, porém, os trabalhadores lutavam por direitos considerados atualmente como básicos, mas que só foram alcançados graças a muita luta, como: Imagem: Danielle Ribeiro Descanso semanal remunerado; Imagem: Danielle Ribeiro Jornada semanal de 48 horas de trabalho; Imagem: Danielle Ribeiro Igualdade de direitos para a mulher trabalhadora; Imagem: Danielle Ribeiro Assistência médica e aposentadoria; Imagem: Danielle Ribeiro Indenização por acidente de trabalho. Devido ao aumento da industrialização do País a partir da década de 1950, começam a surgir os primeiros médicos de empresa, com a responsabilidade de manter nas linhas de produção os trabalhadores mais saudáveis, afastando aqueles que sofriam de algum mal ou um acidente. No entanto, nessa época, pouco ou quase nada se fazia em termos de prevenção e a única preocupação real era a perda de tempo e os prejuízos causados pelos acidentes ao empregador. Somente a partir do final dos anos 1980 os conceitos de saúde do trabalhador começam a ganhar espaço na sociedade brasileira, graças à forte influência da chamada Medicina Social latina na formação de profissionais de Medicina, e à movimentação de alguns sindicalistas a favor de melhores condições de trabalho, incentivados pela experiência positiva do movimento sindical italiano, cuja influência teve papel decisivo para o desenvolvimento das primeiras ações articuladas dos sindicatos brasileiros nesse campo (OIT, 1997). Foto: Shutterstock.com Assim, no Brasil, a segurança e higiene nos ambientes de trabalho vieram se incrementando pelos mesmos instintos pessoais do ser humano, o qual fez desses instintos de conservação uma plataforma de defesa ante a lesão corporal. Tal esforço provavelmente foi num princípio de caráter pessoal, instintivo, defensivo. Dessa forma, nasceu a segurança e higiene industrial, refletida num simples esforço individual mais do que num sistema organizado. A prevenção de acidentes, realizada sob a égide do então Ministério do Trabalho, pôde receber, no seu caráter inicial, importante contribuição da área médica, a cujas mãos chegavam as mais importantes consequências dos acidentes do trabalho, as lesões pessoais. Hoje, com os avanços tecnológicos, as exigências também aumentaram, com cobranças que vão além dos acidentes de trabalho, envolvendo a qualidade e o meio ambiente, daí muitas possibilidades surgiram no mercado, então as empresas saíram em busca de aprimorar seus processos internos entrando na era da Gestão Integrada. OBJETIVOS DO QSMS–RS O QSMS-RS visa garantir a eficácia da organização, com redução simultânea dos riscos associados à sua atividade e diminuição dos respectivos impactos ambientais, associando-se à RS − Responsabilidade Social, que tem como proposta conduzir os negócios e suas atividades buscando sempre reforçar a redução dos impactos ambientais, a isonomia social e a otimização da sua economia, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, oportunizando a implementação de projetos nas comunidades do entorno ou em outras localidades. PARA A ORGANIZAÇÃO, QUALIDADE É A CAPACIDADE DE UM CONJUNTO COMPLETO DE CARACTERÍSTICAS INERENTES DO PRODUTO, SISTEMA OU PROCESSO, EM ATENDER AOS REQUISITOS DO CLIENTE E OUTRAS PARTES INTERESSADAS, COM AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS (CONCENTRANDO-SE NA DENSIDADE, VISCOSIDADE DOS PRODUTOS); SENSORIAIS (CONCENTRANDO-SE NO CHEIRO E ASPECTO); COMPORTAMENTAIS (CONCENTRANDO-SE, DENTRE OUTROS, EM CORTESIA, HONESTIDADE); TEMPORAIS (CONCENTRANDO-SE, DENTRE OUTROS, EM PONTUALIDADE, DISPONIBILIDADE); ERGONÔMICAS E FUNCIONAIS. Com o aumento da concorrência, as empresas saíram em busca de produzir com qualidade visando atender às demandas de mercado por causa das necessidades dos consumidores cada vez mais exigentes, em um mercado em notório crescimento. Pretendendo aumentar os lucros da empresa prestando serviços superiores aos da concorrência, surgiu a Gestão da Qualidade. A Segurança do Trabalho foi outra consequência dessa evolução, pois surgiu da necessidade de preservar a integridade física e mental dos trabalhadores que sofriam com constantes acidentes. Assim, espera-se que a integração da gestão de QSMS-RS proporcione: Processos de QSMS-RS integrados; Uma única política de QSMS-RS; Auditorias internas e externas integradas de QSMS-RS; Documentação otimizada para QSMS-RS; Análise crítica integrada de QSMS-RS; Definição dos objetivos de QSMS-RS. Ao implantar a Gestão Integrada de QSMS-RS, a organização tem os seguintes objetivos: Imagem: Shutterstock.com Aumentar a satisfação das partes interessadas; Imagem: Shutterstock.com Aumentar a capacidade de fornecer produtos que atendam aos requisitos dos clientes; Imagem: Shutterstock.com Eliminar e reduzir riscos à saúde e segurança; Imagem: Shutterstock.com Eliminar ou reduzir impactos ambientais; Imagem: Shutterstock.com Melhoria da qualidade de vida dos colaboradores; Imagem: Shutterstock.com Melhoria da imagem da empresa. POLÍTICA DE QSMS-RS Deve ser compromisso de todas as empresas que querem se enquadrar no padrão sustentabilidade buscar continuamente e de forma sustentável a segurança de todos os seus colaboradores, clientes e prestadores de serviço, conservar o meio ambiente e o bem-estar da comunidade. Essa política estabelece os princípios que devem orientar todas as atividades da empresa, e constitui um comprometimento institucional baseado nas seguintes diretrizes: Atender à legislação vigente de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Saúde e outros requisitos aplicáveis ao negócio; Melhorar continuamente métodos, sistemas e processos, por meio do aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas em todos os níveis, sempre tendo como apoio o Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho, Saúde e Meio Ambiente; Praticar a prevenção da poluição decorrente das operações e da aplicação dos nossos produtos e serviços no mercado, visando à redução da geração de resíduos industriais; Reduzir o índice de acidentes, por meio da prevenção contra riscos; Promover a educação, capacitação e conscientização dos funcionários e prestadores de serviço no atendimento dos objetivos e metas do Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho, Saúde e Meio Ambiente, criar líderes ambientais; Incentivar o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos funcionários, incentivar ações de voluntariado, fazer doações para instituições sociais; Assegurar a sustentabilidade de projetos, empreendimentos e produtos ao longo do seu ciclo de vida, considerando os impactos e benefícios nas dimensões econômica, ambiental e social. ASPECTOS HISTÓRICOS Segundo Costa (2003, apud. LANTELME, 1994), em meados da década de 1980, iniciou-se um crescente interesse pela gestão da qualidade, dando início a um longo processo de implementação de sistemas primeiramente na área de construção civil. Esse movimento foi reflexo da importância dada à qualidade em todo o mundo e de outros fatores que afetaram, e ainda afetam esse setor. Grandes exemplos desses fatores são: exigências dos clientes quanto à qualidade das edificações, escassez de recursos para a construção, organização e reinvindicação de mão de obra qualificada. Esse movimento foi responsável também pela introdução de novos conceitos, como flexibilidade com eficiência, sistemas produtivos, redução de estoques, relações entre colaborativas entre organizações etc. BASEADOS NESSES CONCEITOS, SEGUNDO COSTA (2003), VÁRIAS FILOSOFIASGERENCIAIS SURGIRAM, COMO JUST- IN-TIME (JIT), GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL (TQM), REENGENHARIA, COMPETIÇÃO BASEADA NO TEMPO, WORLD CLASS MANUFACTURING (WCM), PRODUÇÃO ENXUTA E ENGENHARIA CONCORRENTE. ESSAS FILOSOFIAS FORAM ADAPTADAS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL NA DÉCADA DE 1990, DANDO ORIGEM AO PBQP-H − PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO HABITACIONAL. Segundo Carneiro (2005), o PBQP-H, criado em 1991 e reformulado 1996, teve como finalidade disseminar os conceitos de qualidade, gestão e organização da produção. No ano 2000, com o estabelecimento do plano plurianual e a inclusão das áreas de infraestrutura e saneamento, passou a se chamar Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat. Atualmente, o PBQP-H possui como linhas de projetos: Estruturação e Gestão do PBQP-H; Sistema Nacional de Aprovações Técnicas; Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC); Qualidade de Materiais e Componentes; Sistema Nacional de Comunicação e Troca de Informações; Formação e Requalificação dos Profissionais da Construção Civil; Qualidade de Laboratórios; Aperfeiçoamento da Normalização Técnica para a Habitação; Assistência Técnica à Autogestão; Cooperação Técnica Internacional – Brasil e Mercosul. Foto: Shutterstock.com Com o passar dos anos e com a introdução do conceito de sustentabilidade na construção, além da qualidade passou-se a dar ênfase também em outras partes muito importantes para a construção civil. A preocupação com o meio ambiente e com a segurança e saúde dos seus colaboradores foi essencial para o desenvolvimento de novas diretrizes no ramo da construção civil. Portanto, segundo Carneiro (2005), para orientar suas ações, e realizar os processos de forma eficaz, tendo em vista as leis mais rigorosas em relação ao Meio Ambiente e à Segurança e Saúde no Trabalho, as empresas de construção civil foram estimuladas a implementar os Sistemas Integrados de Gestão. O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA? Segundo o Dicionário On-line de Português (2021): SISTEMA GESTÃO INTEGRADO SISTEMA “Reunião dos elementos que, concretos ou abstratos, se interligam de modo a formar um todo organizado”. GESTÃO “Ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir negócios públicos ou particulares; administração”. INTEGRADO “Combinação de partes ou etapas que funcionam de forma completa: orquestra integrada”. Então, conforme Chiavenato (2000), entendemos que um Sistema Integrado é “um conjunto de elementos interdependentes, cujo resultado final é maior do que a soma dos resultados que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada” ou como o conjunto de recursos e procedimentos, dentro de qualquer nível de complexidade, cujos componentes associados interagem de uma maneira organizada para realizar uma tarefa específica e atingem ou mantêm um dado resultado. PLANO DE UM SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA DE QSMS-RS Um Sistema de Gestão Integrada de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente, Segurança do Trabalho e Responsabilidade Social (QSMS-RS), deve contemplar e ser compatível com as normas ISO 9001; ISO 14001; ISO 26001; ISO 45001/OSHAS 18001; PBQP-H; S.A. 8000, agora também GRO – Gerenciamento de Riscos Ocupacionais e o PGR − Programa de Gerenciamento de Risco; por fim, os requisitos de gestão. O Sistema de Gestão Integrada – QSMS-RS, deve apresentar os seguintes objetivos: Imagem: Danielle Ribeiro Garantir resultados competitivos e continuidade operacional, por meio do bom desempenho em QSMS- RS; Imagem: Danielle Ribeiro Consolidar QSMS-RS como valor agregado ao negócio; Imagem: Danielle Ribeiro Estabelecer Diretrizes Institucionais para QSMS-RS; Imagem: Danielle Ribeiro Incrementar a Segurança Empresarial pela prevenção de incidentes, passivos e demandas de caráter legal; Imagem: Danielle Ribeiro Apoiar o processo de consolidação e disseminação da cultura de Segurança no Trabalho; Imagem: Danielle Ribeiro Definir componentes mínimos integrantes desse processo por meio da padronização de ferramentas e procedimentos técnicos assegurando um nivelamento das melhores práticas de gestão de QSMS-RS; Imagem: Danielle Ribeiro Assegurar a geração de informações operacionais, gerenciais de SSTMA, por meio de Indicadores de Desempenho. Um Sistema de Gestão Integrada de QSMS-RS deve estabelecer responsabilidades em níveis estratégicos e empresariais com base nos conceitos de delegação planejada, a definição de responsabilidades em nível operacional. A implantação e o desenvolvimento do Sistema Integrado e suas respectivas diretrizes institucionais devem ter como base os compromissos definidos na Política Integrada. A Política Integrada de Qualidade, Saúde e Segurança no Trabalho e Meio Ambiente está embasada nos seguintes princípios: Gerenciamento de marcos legais e de outros requisitos aplicáveis; Gerenciamento adequado dos aspectos ambientais e dos perigos e riscos à segurança e à saúde, com objetivos e metas definidos; Melhoria contínua de resultados com ênfase na ação preventiva em Saúde Ocupacional, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente; Desempenho empresarial sócio e ambientalmente responsável. As responsabilidades pela prática do Sistema Integrado de QSMS-RS, por meio da delegação planejada e da conscientização das pessoas, são: Imagem: Danielle Ribeiro Responsabilidade Institucional Estratégica; Imagem: Danielle Ribeiro Responsabilidade Empresarial; Imagem: Danielle Ribeiro Responsabilidade Operacional. Com base nos compromissos expressos na Política Integrada de QSMS-RS, são estabelecidas as diretrizes institucionais do Sistema de Gestão Integrada de QSMS-RS, tais como: Conformidade Legal e Outros Requisitos aplicáveis; Prevenção, Melhoria Contínua e Mensuração de Desempenho em QSMS; Capacidade instalada compatível com as demandas do programa de QSMS; Prioridade às medidas de proteção coletiva que antecedem a utilização de equipamentos de proteção individual para controle dos Perigos/Riscos; Interação e sinergia entre as ações de SSTMA; Promoção de ações de proteção de Saúde, Prevenção e Reabilitação às atividades no trabalho; Promoção de ações voluntárias em comunidades. A Avaliação da Equipe de QSMS-RS deve contemplar atividades/requisitos de caráter geral. Imagem: Danielle Ribeiro Perfil de mão de obra; Imagem: Danielle Ribeiro Levantamento de fatores endêmicos e epidêmicos; Imagem: Danielle Ribeiro Elaboração de um cronograma de implantação do Programa Integrado de QSMS-RS; Imagem: Danielle Ribeiro Relatórios de trabalhos voluntários e seus resultados. ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO QUALIDADE Assegurar que todas as atividades sejam realizadas dentro dos protocolos preestabelecidos conforme as expectativas. Ela se divide em dois suportes básicos: a garantia da qualidade e a melhoria da qualidade. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE Previsão de realização de processos com ações de prevenção e controle específicos da Saúde, como, por exemplo: estrutura do Serviço de Saúde (equipamentos e instrumentos de monitoramento, instalações, medicamentos, equipamentos para resgate). ÁREA DE CONCENTRAÇÃO MEIO AMBIENTE Previsão de realização de processos com ações de prevenção, controle e recuperações específicas. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SEGURANÇA NO TRABALHO Previsão de realização de processos com ações de prevenção e controle específicos da Segurança no Trabalho. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Previsão de realização de processos com ações de práticas voluntárias da empresa para com o seu meio social e ações que beneficiam de algum modo a sociedade, seja de maneira externa ou interna. Tipos de Responsabilidade Social: • Responsabilidade Social Corporativa − RSC • Representa o compromisso de contribuição voluntária contínuo da empresa com comportamento ético e comprometimento com o desenvolvimento sustentável. • Responsabilidade Social Empresarial − RSE• Representa as ações e esforços que uma empresa executa, buscando causar um impacto positivo no planeta. • Responsabilidade Social Ambiental − RSA • Representa a responsabilidade das empresas perante a sociedade, para com as questões sociais e ambientais que envolvem a sua produção. O Sistema de Gestão Integrada de QSMS-RS estabelece também um Processo de Investigação de incidentes/acidentes com lesão ou doença baseado em etapas e suas respectivas finalidades, devendo ser observadas como subsídio à seleção das técnicas de investigação, seguindo as seguintes etapas: Notificação do acidente; Coleta de informações; Determinação da sequência dos eventos; Identificação dos fatores que possam ter contribuído para causar o acidente; Identificação da(s) causa(s) básica(s) raiz do acidente; Definição e implantação de ações preventivas/corretivas; Cálculo dos custos diretos e indiretos do acidente; Elaboração de Relatório de Investigação; Alimentação de banco de dados. O Programa Integrado de QSMS-RS estabelece, ainda, que as ações de prevenção de quase acidente devem estar apoiadas dentro das responsabilidades da linha de supervisão e apresentar um processo de investigação de quase-acidentes para aplicação direta pelos supervisores e gerentes de plataformas. Considerando os seguintes itens: Imagem: Danielle Ribeiro O que aconteceu? Imagem: Danielle Ribeiro Por que aconteceu? Imagem: Danielle Ribeiro O que deve ser feito para prevenção? Imagem: Danielle Ribeiro Como essas ações de prevenção podem melhorar e controlar o Processo/Atividade? O Sistema de Gestão Integrada de QSMS-RS estabelece, em conjunto com a sistemática de investigação de incidentes/acidentes, um processo para tratamento de Não Conformidades de QSMS- RS, visando à definição de ações preventivas e/ou corretivas. Nos casos de uma Não Conformidade, a partir da investigação das causas básicas raiz desses desvios, estabelecer ações corretivas para tratamento de desvios reais, evitando suas recorrências ou ações preventivas para tratamento de desvios potenciais evitando suas ocorrências. A responsabilidade pela integridade física dos trabalhadores é de todos, considerada pela empresa como valor, assegurando a sua importância com as atitudes da equipe, decisões e palavras, de forma que todos percebam esse comprometimento. As ações em QSMS-RS devem assegurar a qualidade do produto que será entregue ao cliente em conformidade com a Segurança, Meio Ambiente e Saúde, estabelecidos pela política, diretrizes e metas da empresa para obtenção dos resultados e melhoria contínua em sustentabilidade. INDICADORES DE SEGURANÇA DO TRABALHO Antes de qualquer decisão, é necessário conhecer a empresa e seus números. Para isso, são utilizados os indicadores de Segurança do Trabalho, pois refletem os resultados dos acidentes, a sua tipologia e os números de cada um, comparando as metas limites e os futuros cenários que poderão se apresentar. Medidas e ações corretivas em toda a empresa cobrindo vários aspectos, tais como estudo dos comportamentos e atos abaixo do padrão, rastreabilidade dos desvios, dos acidentes com perdas materiais, incidentes com potencial de lesão, acidentes sem afastamento, acidentes com afastamento e graves deverão ser aplicados para obtenção de um cenário mais favorável para a redução e cumprimentos das metas dos indicadores de segurança, além do que, é muito mais importante a preservação da vida humana, a redução de lesões e incapacidade para o trabalho com comportamentos e ações que reduzam os desvios que contribuem efetivamente com os incidentes e acidentes. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. VIMOS QUE UMA DAS REFERÊNCIAS DA GESTÃO INTEGRADA – QSMS, É A NORMA ISO 14001. COM RELAÇÃO À SUA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO, INDIQUE A AFIRMATIVA CORRETA. A) Baseada em decisão unilateral da ISO – International Organization for Standardization. B) De caráter obrigatório. C) Um padrão de desempenho. D) Projetada para verificar a conformidade. E) Projetada para ser aplicada isoladamente. 2. OS INDICADORES SÃO UTILIZADOS PARA ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE EM DIVERSOS PROCESSOS. INDIQUE A AFIRMATIVA CORRETA: A) Determinação da sequência dos eventos. B) Indenização por acidente de trabalho. C) Dispensa uma estruturação específica D) Serviço Especializado em Medicina Técnica. E) Conhecer a empresa e seus números. GABARITO 1. Vimos que uma das referências da Gestão Integrada – QSMS, é a norma ISO 14001. Com relação à sua elaboração e aplicação, indique a afirmativa correta. A alternativa "A " está correta. Uma das normas que o Programa Integrado de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho (QSMS) deve contemplar é a Norma 14001. 2. Os indicadores são utilizados para acompanhamento e avaliação da qualidade em diversos processos. Indique a afirmativa correta: A alternativa "E " está correta. O primeiro passo que deve ser considerado antes da implantação de um sistema ou mesmo de qualquer mudança é criar um histórico de informações de forma a permitir avaliações que contribuam para a construção das decisões, portanto, conhecer a empresa e os seus números é a resposta correta. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos no início, os avanços da tecnologia impulsionaram o desenvolvimento de um ambiente computacional de grande complexidade. Uma corporação típica, atuando no século XXI, já construiu muitos sistemas independentes, cujos esforços para integrá-los já foram iniciados, em maior ou menor grau. Esses esforços são, na maioria dos casos, empreendidos para que essas aplicações passem a colaborar e cooperar com os processos fundamentais da empresa. O comportamento humano do indivíduo ou grupo de pessoas da força de trabalho que estiver realizando tarefas fora dos padrões e das boas práticas de segurança, meio ambiente e saúde, expondo a si ou outros a riscos de acidentes, envolvendo os aspectos de segurança, de saúde ou de impacto negativo ao meio ambiente, leva ao desvio e, consequentemente, pode levar a perdas que têm como causa o comportamento e atitude das pessoas, ou seja, noventa e seis por cento e os outros quatro relacionados a fatores diversos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ATLAS. Manuais de Legislação Atlas. Segurança e Medicina do Trabalho. 79. ed. São Paulo: Atlas, 2016. BARSANO, P. R. Segurança no Trabalho - Guia prático e didático, 2. ed. Campo Grande: Saraiva, 2014. BERGAMINI, C. W. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 34, n. 3, p.102-114, maio/jun., 1994. BITTENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. p. 197-216. 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