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Impulso e Quantidade de Movimento Princípios e Aplicações Objetivos Desenvolver de forma conceitual o princípio do impulso e quantidade de movimento linear (momento linear) de uma partícula e aplica-lo à resolução de problemas que envolvem força, velocidade e tempo; Estudar a conservação da quantidade de movimento linear de partículas; Analisar a mecânica do impacto frontal entre partículas (Colisões) “Antes de começarmos, quero lembrar que o intuito é que os estudantes compreendam o conceito, e que não se preocupem com as passagens matemáticas que serão mostradas aqui. Tais conceitos necessitam apenas da compreensão do fenômeno e das leis de conservação, e não do formalismo matemático. No entanto, ressalto que sem uma noção mínima do fenômeno, a compreensão e aplicação destes conceitos no futuro sejam comprometidas. Logo, espero que não se atentem aos formalismos, mas ao que o resultado pode levar. Apenas isso!” Prof. Dr. Anderson Costa da Silva Conceito de Impulso Princípio de Impulso: Considere um ponto material (partícula) de massa 𝑚 submetido à forças externas. Pela 2ª Lei de Newton, a resultante destas forças externas é dada por Ԧ𝐹 = 𝑚 Ԧ𝑎 → Ԧ𝐹 = 𝑚 𝑑 Ԧ𝑣 𝑑𝑡 → Ԧ𝐹 = 𝑑 𝑚 Ԧ𝑣 𝑑𝑡 (1) Em (1) o produto 𝒑 = 𝒎𝒗 é conhecido como “Quantidade de Movimento Linear da partícula” ou “Momento Linear”. Logo, podemos escrever Ԧ𝐹 = 𝑑 𝑚 Ԧ𝑣 𝑑𝑡 → Ԧ𝐹 = 𝑑 Ԧ𝑝 𝑑𝑡 (2) A equação (2) é maneira como Newton realmente descreveu a 2ª Lei. Ou seja, uma partícula só muda a sua Quantidade de Movimento se a ela for conferida forças externas que causam essa mudança. Princípio de Impulso Multiplicando (2) por 𝑑𝑡 temos: Ԧ𝐹 = 𝑑 Ԧ𝑝 𝑑𝑡 → Ԧ𝐹 𝑑𝑡 = 𝑑 Ԧ𝑝 𝑑𝑡 𝑑𝑡 → Ԧ𝐹 𝑑𝑡 = 𝑑 Ԧ𝑝 (3) Note que agora a variação do momento linear é dado pelo produto entre a resultante das forças pelo intervalo de tempo em que elas atuam. O 1º membro de (3) é chamado de Impulso e sua unidade no SI é N ∙ s. De maneira prática podemos trabalhar a equação (3) da forma Ԧ𝐹𝑅 Δ𝑡 = Δ Ԧ𝑝 → Ԧ𝐹𝑅 Δ𝑡 = Ԧ𝑝𝑓 − Ԧ𝑝𝑖 Ԧ𝐼 = Ԧ𝑝𝑓 − Ԧ𝑝𝑖 → Ԧ𝐼 = 𝑚 Ԧ𝑣𝑓 −𝑚 Ԧ𝑣𝑖 Princípio do Impulso e Momento Linear Princípio de Impulso: Se a força for expressa em função do tempo, o impulso é determinado por integração direta. Em particular, se a força for constante tanto em intensidade quanto em direção, o impulso é dado por Ԧ𝐼 = න 𝑡1 𝑡2 Ԧ𝐹𝐶 𝑑𝑡 → Ԧ𝐼 = Ԧ𝐹𝐶 න 𝑡1 𝑡2 𝑑𝑡 → Ԧ𝐼 = Ԧ𝐹𝐶 𝑡2 − 𝑡1 Problema 1: A pedra de 100 kg mostrada na figura está originalmente em repouso sobre a superfície horizontal lisa. Se uma força de reboque de 200 N, atuando em um ângulo de 45°, for aplicada à pedra por 10 s, determine a velocidade final da pedra durante esse intervalo de tempo. 𝑥 𝑦 Solução: Visto que todas as forças do problema são constantes, os impulsos são calculados fazendo o produto da intensidade da força pelo intervalo de tempo. O diagrama de impulso para esse problema é Na direção 𝑥: 𝑚 𝑣𝑥 1 +𝐼𝑥 = 𝑚 𝑣𝑥 2 → 𝑚 𝑣𝑥 1 +𝐹𝑥 ∆𝑡 = 𝑚 𝑣𝑥 2 100 0 + 200 ∙ cos 45° ∙ 10 = 100 𝑣𝑥 2 → 𝑣𝑥 2 = 14,1 Τm s Colisões Colisões 𝑥 𝑦 𝑧 Ԧ𝑟1 Ԧ𝑟𝑁 Ԧ𝐹1 Ԧ𝐹𝑁 Colisões “Colisão é o contato entre dois corpos que ocorre em um intervalo de tempo muito curto, durante o qual os dois corpos exercem, um sobre o outro, forças relativamente grandes”. Para estudar colisões, vamos considerar um sistema de 𝑁 partículas interagentes. Nesse sistema podemos aplicar a 2ª lei de Newton da forma Ԧ𝐹1 + Ԧ𝐹2 + Ԧ𝐹3 +⋯+ Ԧ𝐹𝑁 = 𝑑 Ԧ𝑝1 𝑑𝑡 + 𝑑 Ԧ𝑝2 𝑑𝑡 + 𝑑 Ԧ𝑝3 𝑑𝑡 + ⋯ 𝑑 Ԧ𝑝𝑁 𝑑𝑡 → 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘 = 𝑑 𝑑𝑡 𝑖=1 𝑁 Ԧ𝑝𝑘 (1) Na equação (1) o 1º membro representa a soma de todas as forças no sistema de partículas, assim como o 2º membro representa a taxa de variação da quantidade de movimento do sistema todo. O 1º membro pode ser tratado da forma 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘 = 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑖𝑛 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 + 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑒𝑥 𝐸𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 (2) Em (2) o somatório de forças internas deve se anular, pois se tratam de pares de ação e reação. Portanto 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑖𝑛 = 0 → 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘 = 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑒𝑥 (3) Colisões Tomando Ԧ𝑝1 + Ԧ𝑝2 + Ԧ𝑝3 +⋯+ Ԧ𝑝𝑁 = 𝑃 como a soma do todos os momentos lineares do sistema, então podemos escrever (1) da forma 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘 = 𝑑 𝑑𝑡 𝑖=1 𝑁 Ԧ𝑝𝑘 → 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑖𝑛 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 + 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑒𝑥 𝐸𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 = 𝑑𝑃 𝑑𝑡 → 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑒𝑥 = 𝑑𝑃 𝑑𝑡 (4) Na equação (4), “se a resultante das forças externas for nula”, o momento linear se conserva. Ou seja: 𝑘=1 𝑁 Ԧ𝐹𝑘𝑒𝑥 = 0 → 𝑑𝑃 𝑑𝑡 = 0 → 𝑃 = 𝑐𝑡𝑒 → 𝑃𝑖 = 𝑃𝑓 → 𝑖=1 𝑁 Ԧ𝑝𝑖𝑖𝑛 = 𝑖=1 𝑁 Ԧ𝑝𝑖𝑓𝑖𝑚 (5) (5) é denominado “princípio da conservação da quantidade de movimento” ou “conservação do momento linear”. No caso de duas partículas colidindo, podemos escrever 𝑖=1 2 Ԧ𝑝𝑖𝑖𝑛 = 𝑖=1 2 Ԧ𝑝𝑖𝑓𝑖𝑛 → Ԧ𝑝1𝑖 + Ԧ𝑝2𝑖 = Ԧ𝑝1𝑓 + Ԧ𝑝2𝑓 𝑚1 Ԧ𝑣1𝑖 +𝑚2 Ԧ𝑣2𝑖 = 𝑚1 Ԧ𝑣1𝑓 +𝑚2 Ԧ𝑣2𝑓 (6) = 0 Tipos de Colisões: As colisões podem ser distinguidas em 3: Perfeitamente Elástica, Parcialmente Elástica e Inelástica. A diferença entre as 3 só é devida a conservação da energia cinética, pois as quantidades de movimento sempre são conservadas. i. Colisão Perfeitamente Elástica: quando a energia cinética é totalmente conservada depois da colisão. ii. Colisão Parcialmente Elástica: a energia cinética é perdida parcialmente iii. Colisão Inelástica: Quando há perda total da energia cinética. Após essa colisão, os corpos permanecem grudados e executam o movimento como um único corpo. Coeficiente de Restituição Coeficiente de Restituição A B A B 𝑚1 𝑚2 𝑚1 𝑚2 𝑁𝐴 𝑊𝐴 Coeficiente de Restituição A B A B 𝑣1𝐴 𝑣1𝐵 𝑣2𝐴 𝑣2𝐵 𝑚𝐴 𝑚𝐵 𝑚𝐴 𝑚𝐵 Coeficiente de Restituição: Suponha uma colisão totalmente elástica, ou seja, a energia cinética é totalmente conservada. Então 𝐾1𝐴 + 𝐾2𝐴 = 𝐾1𝐵 + 𝐾2𝐵 → 1 2 𝑚𝐴𝑣1𝐴 2 + 1 2 𝑚𝐵𝑣2𝐴 2 = 1 2 𝑚𝐴𝑣1𝐵 2 + 1 2 𝑚𝐵𝑣2𝐵 2 𝑚𝐴𝑣1𝐴 2 +𝑚𝐵𝑣1𝐵 2 = 𝑚𝐴𝑣2𝐴 2 +𝑚𝐵𝑣2𝐵 2 → 𝑚𝐴 𝑣2𝐴 2 − 𝑣1𝐴 2 = 𝑚𝐵 𝑣1𝐵 2 − 𝑣2𝐵 2 (1) Pelo princípio de conservação da quantidade de movimento, temos 𝑚𝐴𝑣1𝐴 +𝑚𝐵𝑣1𝐵 = 𝑚𝐴𝑣2𝐴 +𝑚𝐵𝑣2𝐵 → 𝑚𝐴 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐴 = 𝑚𝐵 𝑣1𝐵 − 𝑣2𝐵 (2) Dividindo (1) por (2) membro a membro, temos 𝑚𝐴 𝑣2𝐴 2 − 𝑣1𝐴 2 𝑚𝐴 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐴 = 𝑚𝐵 𝑣1𝐵 2 − 𝑣2𝐵 2 𝑚𝐵 𝑣1𝐵 − 𝑣2𝐵 → 𝑣2𝐴 + 𝑣1𝐴 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐴 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐴 = 𝑣1𝐵 + 𝑣2𝐵 𝑣1𝐵 − 𝑣2𝐵 𝑣1𝐵 − 𝑣2𝐵 𝑣2𝐴 + 𝑣1𝐴 = 𝑣1𝐵 + 𝑣2𝐵 → 𝑣2𝐵 − 𝑣2𝐴 = 𝑣1𝐴 − 𝑣1𝐵 → 𝑣2𝐵 − 𝑣2𝐴 = − 𝑣1𝐵 − 𝑣1𝐴 𝑣2𝐵 − 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐵 − 𝑣1𝐴 = 1 (3) Essa equação é válida em uma colisão Perfeitamente Elástica! Coeficiente de Restituição No caso geral, quando a colisão é parcialmente elástica, a equação (3) pode ser generalizada para 𝑣2𝐵 − 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐵 − 𝑣1𝐴 = 𝑒 (4) Onde 𝑒 é o “coeficiente de restituição” da colisão. Na maior parte das vezes 0 < 𝑒 < 1, ou seja, varia entre 0 e 100 %. Note que no caso da colisão perfeitamente elástica 𝑒 = 1. A tabela a seguir mostra isso Tipo de Colisão Coeficiente de Restituição Perfeitamente Elástica e=1 Parcialmente Elástica 0<e<1 Totalmente Inelástica e=0 Problema I: Determine o coeficiente de restituição entre a bola 1 e a bola 2. As velocidades de 1 e 2 antes e depois da colisão são as mostradas na figura. Solução: Primeiramente, vamos anotar os dados do problema considerando os respectivos sentidos das velocidades. Por se tratar de um problema 1D, adotamos o sentido positivo de 𝑥 para direita. 𝑥 Antes da colisão: 𝑣𝐴 1 = +8 Τm s 𝑒 𝑣𝐴 2 = +1 Τm s Depois da colisão: 𝑣𝐵 1 = −2 Τm s 𝑒 𝑣𝐵 2 = +9 Τm s Logo 𝑣2𝐵 − 𝑣2𝐴 − 𝑣1𝐵 − 𝑣1𝐴 = 𝑒 → 𝑣𝐵 2 − 𝑣𝐴 2 − 𝑣𝐵 1 − 𝑣𝐴 1 = 𝑒 9 − 1 − −2 − 8 = 𝑒 𝑒 = 0,8 𝐴 𝐵 Problema II: O vagão tanque 𝐴 de 15.000 kg e o vagão de carga 𝐵, de 25.000 kg, viajam em direção um ao outro com velocidades mostradas.Se o coeficiente de restituição entre os para-choques é 𝑒 = 0,6, calcule a velocidade de cada vagão depois da colisão. Solução: Pela conservação quantidade de movimento, temos 𝑝𝐴𝑥𝑖 + 𝑝𝐵𝑥𝑖 = 𝑝𝐴𝑥𝑓 + 𝑝𝐵𝑥𝑓 → 𝑚𝐴 𝑣𝐴 1 +𝑚𝐵 𝑣𝐵 1 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴 2 +𝑚𝐵 𝑣𝐵 2 15 × 103 5 + 25 × 103 −7 = 15 × 103 𝑣𝐴 2 + 25 × 10 3 𝑣𝐵 2 15 𝑣𝐴 2 + 25 𝑣𝐵 2 = −100 (1) Usando o coeficiente de restituição, temos 𝑣𝐵 2 − 𝑣𝐴 2 − 𝑣𝐵 1 − 𝑣𝐴 1 = 𝑒 → 𝑣𝐵 2 − 𝑣𝐴 2 − −7 − 5 = 0,6 → 𝑣𝐵 2 − 𝑣𝐴 2 = 7,2 (2) Multiplicando (2) por 15 e somando a (1), obtemos 40 𝑣𝐵 2 = 8 → 𝑣𝐵 2 = 0,2 Τm s (→) Voltando a equação (2) 𝑣𝐴 2 = 𝑣𝐵 2 − 7,2 → 𝑣𝐴 2 = −7 Τm s (←)
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