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Direito Internacional Público_ Teoria Geral e Fontes-1

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XXX
DIREITO INTERNACIONAL
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TEORIA GERAL E FONTES
Livro Eletrônico
PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro
VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado
COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes
ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Kamilla Fernandes e Larissa Carvalho
SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo
ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro, Laís Rodrigues e Thaylinne Gomes Lima
REVISOR(A): Priscila Bispo
DIAGRAMADOR: Leandro Chaves Padilha
CAPA: Washington Nunes Chaves
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 Direito Internacional Público: Teoria Geral e Fontes
Prof.ª Islene Silva 
1. Direito Internacional Público: Teoria Geral ..................................................5
1.1. Questões Preliminares: .........................................................................5
1.2. Sociedade Internacional: conceito e características. ..................................5
1.3. Direito Internacional Público: definição, objeto e fundamento. ....................8
1.4. Direito Internacional Público e Direito Interno: .......................................12
2. Direito Internacional Público: Fontes .......................................................20
2.1. Conceito de fontes: ............................................................................20
2.2. Fontes Formais ..................................................................................21
2.3 Tratados ............................................................................................34
Resumo ...................................................................................................61
Questões de Concurso ...............................................................................65
Gabarito ..................................................................................................80
Gabarito Comentado .................................................................................81
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Olá, futuro (a) advogado (a)!
Meu nome é Islene Gomes, sou advogada e professora com experiência na pre-
paração para o Exame da Ordem, e espero, por meio das aulas de Direito Interna-
cional Público e Privado, colaborar com a sua aprovação.
Diante desse objetivo, trabalharemos teoria e questões, a fim de que você do-
mine a disciplina, cujos conteúdos foram distribuídos da seguinte maneira:
Aula Conteúdo
1 Direito Internacional Público: teoria geral e fontes
2 Pessoas internacionais: o Estado
3 Pessoas internacionais: organizações internacionais. Organização das 
Nações Unidas – ONU.
4 Direito Internacional Privado.
Assim, para iniciar o estudo do Direito Internacional Público, será trabalhada a 
teoria geral do respectivo ramo jurídico, que é basilar para a compreensão da ma-
téria. 
Vamos lá!
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1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: TEORIA GERAL
1.1. Questões Preliminares:
O estudo do Direito Internacional Público (DIP), conforme leciona o professor 
Paulo Henrique Gonçalves Portela1, é caracterizado pela complexidade inerente às 
relações estabelecidas na seara internacional, pois, atualmente, trata-se de uma 
realidade que não envolve apenas os Estados, mas um rol diverso de atores (or-
ganizações internacionais, organizações não governamentais, denominadas ONGs, 
empresas, indivíduos, dentre outros), que transcende as fronteiras estatais, bem 
como reivindica o entendimento de outras áreas (política e economia, por exemplo).
Tais relações resultam no que se denomina sociedade internacional, na qual os 
sujeitos citados, em convivência global cooperativa, unem-se em decorrência de 
diversos fatores, que podem ser econômicos, culturais, políticos, sociais, humanos.
Essa convivência exige regulamentação, a fim de que as relações firmadas no 
âmbito internacional sejam estabilizadas, e é neste contexto que surge o Direito 
Internacional Público, ramo jurídico cuja finalidade precípua é “regular as relações 
internacionais”2 e “realizar certos interesses e valores aos quais se confere impor-
tância em determinado momento histórico”3. 
1.2. Sociedade Internacional: conceito e características.
A sociedade internacional é, nos termos da doutrina de direito internacional, 
pressuposto para a existência do Direito Internacional Público (DIP) e pode ser 
conceituada como o conjunto de sujeitos internacionais (Estados, Organismos In-
1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 33.
2 Idem, p.34.
3 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 34.
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ternacionais, Organizações não Governamentais – ONGs, empresas, dentre outros) 
que convivem (mútua suportabilidade/ tolerância), mediante legítima vontade, de 
maneira cooperativa, no cenário global, motivados por questões econômicas, po-
líticas, sociais, culturais.
No que tange às características da sociedade internacional, pode-se destacar:
CARACTERÍSTICA DEFINIÇÃO
Universalização Compreende “o mundo inteiro, ainda que o nível 
de integração de alguns de seus membros às 
suas dinâmicas não seja tão profundo”4. Deve 
agregar quanto sujeitos internacionais for pos-
sível (abertura). 
Heterogeneidade (fragmentação em rela-
ção às normas que versam sobre os mais 
variados assuntos)
Sujeitos “podem apresentar significativas dife-
renças entre si, de cunho econômico, cultural 
etc. A maior ou menor heterogeneidade influen-
ciará decisivamente o processo de negociação e 
de aplicação de normas internacionais”5. Trata-
-se de característica que implica na complexi-
dade inerente ao ramo de Direito InternacionalPrivado. 
Descentralização A sociedade internacional não de encontra 
estruturada de maneira hierarquizada. Inexiste 
“um poder central internacional ou um governo 
mundial, mas vários centros de poder, como os 
próprios Estados e as organizações internacio-
nais, não subordinadas a qualquer autoridade 
maior”6. 
Não subordinação Há a “coordenação de interesses entre seus 
membros” que permite “a definição das regras 
que regulam o convívio entre seus integran-
tes”7. 
4 Idem, p. 35. 
5 Idem, p. 35. 
6 Idem, p. 35. 
7 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 35. 
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Alguns doutrinadores apontam o caráter interestatal da sociedade internacional. 
Para eles, somente os Estados são membros (visão tradicional), sendo a paridade 
ou igualdade aspecto marcante de seus integrantes. Todavia, essa afirmação se 
mostra contraditória diante de outra característica, que é a heterogeneidade. 
Outro aspecto importante no estudo da sociedade internacional está na dissimi-
litude, identificada pela doutrina, em relação à comunidade internacional. Segundo 
as referidas definições doutrinárias, consoante leciona o professor Paulo Henrique 
Gonçalves Portela, é possível reconhecer as seguintes diferenças:
SOCIEDADE INTERNACIONAL COMUNIDADE INTERNACIONAL
“(...) apoia-se na vontade de seus integrantes, 
que decidiram se associar para atingir certos 
objetivos que compartilham.”8
“(...) fundamenta-se em vínculos espontâneos 
e de caráter subjetivo, envolvendo identidade e 
laços culturais, emocionais, históricos, sociais, 
religiosos e familiares comuns.”9
“(...) papel decisivo da vontade, como ele-
mento que promove a aproximação entre seus 
membros, e pela existência de fins, que o grupo 
pretende alcançar.”10
“(...) caracteriza-se pela ausência de domi-
nação, pela cumplicidade e pela identificação 
entre seus membros, cuja convivência é natu-
ralmente harmônica.”11
É majoritário na doutrina o entendimento de que ainda não há uma comunidade 
internacional. No entanto, a visão minoritária argumenta que a existência da comu-
8 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 34.a
9 Idem, p. 34. 
10 Idem.
11 Idem. 
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nidade internacional se dá em razão de problemas globais (paz, direitos humanos, 
meio ambiente, segurança alimentar), cujos efeitos alcançam todos os homens 
indistintamente. 
A globalização (“processo de progressivo aprofundamento da integração entre as 
várias partes do mundo, especialmente nos campos político, econômico, social e 
cultural, com vistas a forma um espaço internacional comum, dentro do qual bens, 
serviços e pessoas circulem de maneira mais desimpedida possível.”12), habitual-
mente costuma estar associada ao tema da sociedade internacional, porém, con-
siderando a finalidade deste estudo, é importante ressaltar que o fenômeno em 
apreço deve respeitar o interesse público internacional, que, nos dias atuais, reco-
nhece o homem como o centro, também, do Direito Internacional Privado (DIP), 
reforçando a relevância das normas dos direitos humanos. 
1.3. Direito Internacional Público: definição, objeto e 
fundamento.
A definição de Direito Internacional Público (DIP) modifica-se a depender da 
visão adotada:
CLÁSSICA OU TRADICIONAL MODERNA
Sociedade internacional formada somente por 
Estados soberanos. 
Sociedade internacional complexa em razão 
da diversidade de sujeitos internacionais e dos 
efeitos das relações estabelecidas entre eles, 
que ultrapassam as respectivas fronteiras. 
12 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 35.
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CLÁSSICA OU TRADICIONAL MODERNA
Monopólio de ente estatal. Não há monopólio estatal. 
Século XX: reconhecimento dos organismos 
internacionais. 
Atualmente, há a participação direta de diver-
sos sujeitos, incluindo empresas e indivíduos. 
Regulamenta apenas a relação entre Estados 
ou envolvendo estes e as organizações inter-
nacionais.
Regulamenta também as mais variadas rela-
ções e diversidade de sujeitos (empresas, indi-
víduos). Cooperação internacional. 
“(...) conjunto de regras escritas e não escritas 
que regula o comportamento dos Estados.”13
“sistema de normas jurídicas que visa a disci-
plinar e a regulamentar as atividades exteriores 
da sociedade dos Estados (e, também, moder-
namente, das organizações internacionais e 
ainda do próprio indivíduo).”14
Em síntese, considerando o liame existente entre os sujeitos que compõe a so-
ciedade internacional e a visão adotada: 
“O Direito Internacional Público, de uma perspectiva tradicional, poderia ser definido 
como um sistema de normas e princípios jurídicos que regula as relações entre os Esta-
dos. Na atualidade, contudo, tal definição é por demais estreita, uma vez que não con-
templa um dos grandes destinatários de suas normas, a pessoa humana, nem situações 
particulares de outros sujeitos de Direito Internacional Público, que não são Estados”15. 
Nesse contexto, outro conceito relevante é explanado pelo professor Valério 
Mazuolli16: 
“O Direito Internacional pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras 
jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta 
da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais 
e também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em 
última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais”.
Ademais, a denominação “Direito das Gentes” (jus gentium) é utilizada por al-
guns autores para designar o Direito Internacional Público. 
13 ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, p. 7. 
14 MAZZUOLI, Valério. Direito Internacional Público, p. 9. 
15 SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de Direito Internacional Público, p. 21. 
16 MAZZUOLI, Valério. Direito Internacional Público, p. 43. 
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Sobre o objeto, verifica-se a seguinte evolução:
TRADICIONALMENTE MODERNAMENTE SÍNTESE
Imposição de limites 
(direitos e obrigações) 
aos Estados e às orga-
nizações internacionais 
com o fito de amenizar 
a anarquia presente na 
sociedade internacional 
(ausência de um podermundial/ não subordina-
ção).
Objeto é ampliado. A cooperação 
internacional é regulamentada a 
fim de que os Estados, as organiza-
ções internacionais e outros atores 
pautem as respectivas ações em 
interesses comuns (problemas glo-
bais/ interesses regionais). 
“Como os problemas tratados 
dentro das iniciativas de coopera-
ção internacional muitas vezes refe-
rem-se a matérias também regula-
das pelos ordenamentos internos 
dos Estados, pode-se afirmar que 
o Direito Internacional inclui como 
objeto conferir tutela adicional a 
questões cuja importância trans-
cende as fronteiras”17. 
“Desde as suas origens, o 
Direito Internacional Público 
cumpre duas funções básicas: 
reduzir a anarquia por meio de 
normas de conduta que per-
mitam o estabelecimento de 
relações ordenadas entre os 
Estados soberanos e satisfazer 
as necessidades e interesses 
dos membros da comunidade 
internacional.”18
Acerca do fundamento, cujo objetivo é estabelecer a razão que justifica a obri-
gatoriedade das normas internacionais, há, na doutrina, duas teorias, a saber: 
VOLUNTARISTA OBJETIVISTA
Subjetivista. Objetivismo. 
Elemento central: vontade dos sujeitos inter-
nacionais. 
Elemento central: normas que existem inde-
pendente da vontade dos sujeitos de Direito 
Internacional. Estão acima do elemento von-
tade e devem ser observadas por todos. 
Estados e organizações têm a obrigação de 
observar as normas internacionais porquanto, 
livremente, demonstraram concordância 
(expressa – tratados/ tácita – costume aceito).
“Corrente positivista”. 
Obrigatoriedade perpassa valores (princípios, 
regras) das quais pode depender o desenvolvi-
mento e existência da sociedade internacional. 
17 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 40.
18 AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Manual do candidato: direito internacional, p. 79. 
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VERTENTES: VERTENTES:
Autolimitação da vontade (Georg Jellinek): 
Estado, por vontade própria, limita sua sobe-
rania ao submeter-se às normas internacionais. 
Jusnaturalismo (Direito Natural): normas inter-
nacionais são impostas de maneira natural. 
Origem: divina ou tendo a razão como funda-
mento. 
Vontade coletiva (Heinrich Triepel): há uma 
vontade coletiva, visto que a vontade de um 
ente estatal não é suficiente para gerar o Direito 
Internacional. 
Teorias sociológicas do Direito: a origem da 
norma internacional é o fato social imposto aos 
indivíduos. 
Consentimento das nações (Hall e Oppenheim): 
vontade da maioria (não se exige unanimi-
dade), manifestada sem vícios, de forma livre, 
fundamenta o Direito Internacional. 
Norma – base de Kelsen: a norma hipoté-
tica fundamental é fundamento para todas as 
normas, inclusive de Direito Internacional. Ine-
xistência de diferenças entre direito interno e 
internacional. 
Delegação do Direito Interno/ Direito estatal 
externo (Max Wenzel): o ordenamento nacional 
indica o fundamento do Direito Internacional. 
Direitos fundamentais dos Estados: estes pos-
suem direitos que lhes são inerentes, oponíveis 
a terceiros, fundamentando o Direito Interna-
cional. 
CRÍTICAS
Limita a regulamentação internacional, inclu-
sive de temas relevantes, à vontade. 
A convivência internacional resta fragilizada, 
pois as normas surgem de modo facilitado e 
podem não corresponder aos interesses.
Pacta sunt servanda (Dionísio Anzilotti)
Teoria formulada a partir das críticas expostas. A obrigatoriedade do Direito Internacional decorre 
da relevância das normas internacionais, que dependem de consentimento expresso do Estado, 
observada a boa-fé, para existir. 
Embora englobe as fontes de Direito Internacional Público, é importante evidenciar 
a seguinte colocação do professor Paulo Henrique Gonçalves Portela19, visto que se 
relaciona com os fundamentos então trabalhados: 
“(...) o exercício da vontade estatal não pode violar o jus cogens, conjunto de preceitos 
entendidos como imperativos e que, por sua importância, limitam essa vontade, nos 
19 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 40.
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termos da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969 (art. 53), que 
determina que é nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma 
norma de Direito Internacional aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos 
Estados como um todo como preceito do qual nenhuma derrogação é permitida.”
1.4. Direito Internacional Público e Direito Interno:
O Direito Internacional, geralmente, também deve ser observado no âmbito in-
terno e, em razão disso, podem ocorrer conflitos entre as normas. 
Trata-se de aspecto polêmico da disciplina, para o qual a doutrina oferece duas 
teorias:
DUALISMO MONISMO
Direito Internacional e direito interno 
são ordenamentos distintos e inde-
pendentes, por isso as normas não 
comportam conflito. 
Há, apenas, uma ordem jurídica, na qual as normas inter-
nacionais e as normas internas são interdependentes. 
Direito Internacional regulamenta 
a convivência entre os Estados, 
enquanto o direito interno cuida da 
relação entre indivíduos e entres 
estes e o Estado. 
Eficácia das normas internacionais “condicionada à har-
monia de seu teor com o Direito interno, e a aplicação das 
normas nacionais pode exigir que estas não contrariem 
os preceitos de Direito das Gentes aos quais o Estado se 
encontra vinculado”20.
Tratados: compromissos externos 
que não impactam internamente um 
Estado. 
É dispensável norma que torne o Direito Internacional um 
direito interno. 
Não é preciso compatibilizar o Direito 
Interno com o Direito Internacional. 
VERTENTES TEÓRICAS (destinadas à definição de 
qual norma prevalecerá na hipótese de conflito)
“Teoria da incorporação”, também 
chamada de “transformação de midia-
tização” (Paul Laband): tratados só 
interferem internamente se incorpo-
rados conforme determinar o direito 
interno. 
Internacionalista
Primazia do Direito Inter-
nacional
Nacionalista
Primazia do Direito Interno
DUALISMO (RADICAL E 
MODERADO)
20 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 51.
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A respeito das vertentes teóricas do Monismo, é importante evidenciar:
MONISMO INTERNACIONALISTA (RADICAL) MONISMO NACIONALISTA
Formulação: principalmente na Escola de Viena.
Hans Kelsen: ordenamento jurídico é uno e a norma 
de Direito Internacional tem superioridade.
Direito interno subordinado ao Direito Internacional. 
Supremacia do tratado sobre o Direito interno.
Norma interna contrariando norma de Direito Inter-
nacional: inválida. 
Fundamento:soberania estatal (absoluta). 
Estado precisa consentir para se vincular à 
norma internacional, nos termos do orde-
namento interno.
Direito interno: hierarquicamente supe-
rior, portanto, em caso de conflito com as 
normas internacional, prevalece. 
MONISMO INTERNACIONALISTA (MODERADO)
Elaboração por Alfred Von Verdross.
Norma interna contrariando norma de Direito Inter-
nacional: há validade. 
Aplicabilidade tanto do Direito Internacional quanto 
do Direito interno a depender das normas estabele-
cidas pelo ente estatal.
Inobservância do regramento internacional: respon-
sabilização internacional do Estado violador. 
O monismo internacionalista foi adotado pelo Direito Internacional conforme re-
dação do artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, o 
qual determina que as normas de Direito Internacional prevalecem inclusive diante 
da Constituição de cada Estado. Todavia, em razão da soberania, os Estados, sob 
influência de tais teorias, podem eleger como se posicionarão diante do conflito 
entre o Direito Internacional e o interno. 
Antes de continuarmos, é importante retomar o dualismo, pois também com-
porta as modalidades radical e moderado:
DUALISMO RADICAL DUALISMO MODERADO
Necessidade de lei interna incorporando 
o conteúdo dos tratados ao ordenamento 
nacional. 
Não há necessidade de inserir o conteúdo de normas 
internacionais em projeto de lei interna, pois a incor-
poração de tratado por procedimento interno especí-
fico, diverso do comum, é suficiente. 
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A clássica divisão apresentada tem sido alvo de várias críticas na doutrina, não 
apenas em razão da sistemática derivada da soberania estatal, já comentada ante-
riormente, mas, também, porque é possível a adoção de outros aspectos, como o 
princípio da primazia da normas mais favorável à vítima/ ao indivíduo, que orien-
ta o Direito Internacional dos Direitos Humanos, o qual estabelece a prevalência 
da ordem que garanta a dignidade humana (proteção da pessoa é valor superior) 
quando verificados conflitos entre normas internacionais e internas. 
Não obstante a relevância do dualismo e do monismo em relação ao conflito entre 
o Direito Internacional Público e o Direito Interno, é de suma relevância destacar 
o posicionamento do Ministro Celso de Mello, segundo o qual: “É na Constituição 
da República – e não na controvérsia doutrinária que antagoniza monistas e du-
alistas – que se deve buscar a solução normativa para a questão da incorporação 
dos atos internacionais ao sistema positivo interno brasileiro”. SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL. Tribunal Pleno. ADI-MC 1480/DF. Relator: Min. Celso de Mello. Brasília, 
DF, 04.set.97, DJ de 18.05.2001, p. 429.
Ainda sobre o Direito Internacional e sua relação com o Direito interno, insta 
ressaltar que, a partir do primeiro, a noção de soberania é inovada, pois perde o 
caráter absoluto, passando a observar tratados celebrados e competências de tri-
bunais internacionais as quais o Estado se submeta. 
Afirma-se, também, que o Direito Internacional é um direito de coordenação, 
enquanto o Direito interno é de subordinação:
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COORDENAÇÃO SUBORDINAÇÃO
Ausência de poder central. Representantes do povo, em órgão legislativos, 
elaboram as normas impositivas. Ordenamento jurídico de observância obriga-
tória. É formado a partir da articulação entre 
Estados e organismos internacionais (destina-
tários elaboram as normas). 
Outro aspecto relevante no âmbito do Direito Internacional Público (DIP) é a 
cooperação internacional entre os Estados, instrumento destinado ao combate de 
problemas, bem como à promoção do desenvolvimento econômico e social, permi-
tindo regular áreas que não pertencem a ninguém, mas interessam à humanidade 
(ex.: alto-mar), além da articulação de ações em conjunto perante situações de 
interesse internacional. Nesse sentido, o professor Paulo Henrique Gonçalves Por-
tela21 leciona: 
“a cooperação internacional consolidou-se como traço marcante do Direito Internacio-
nal, que deixou, portanto, de meramente regular o convívio entre os Estados, com 
vistas a manter o status quo internacional, para servir também como meio para que 
estes alcançassem objetivos comuns. Com a expansão da vertente cooperativa do Di-
reito Internacional, surgiram também as organizações internacionais, que se firmaram 
como novos sujeitos de Direito Internacional. Por fim, permitiu-se a diversificação das 
matérias tratadas pelo Direito Internacional, a exemplo dos direitos humanos, do meio 
ambiente, combate ao crime e aos ilícitos transnacionais, da cultura, da ciência e tec-
nologia e do esporte.”
Ademais, importa mencionar, em nosso estudo, a jurisdição internacional que é 
efetivada por órgãos destinados a conduzir conflitos atinentes ao Direito Interna-
cional, aplicando normas internacionais aos casos concretos. Aqueles que exercem 
a referida jurisdição, podem ser judiciais, arbitrais ou administrativos, e são criados 
por tratados, nos quais o funcionamento e as competências estão definidos, alcan-
çando, geralmente, os Estados que se submetem a tais regras. Excepcionalmente, 
21 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 62. 
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sujeitos que não sejam Estados ou Organizações Internacionais 22poderão 
participar (ex.: petições individuais apresentadas à Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos – CIDH).
(ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/PGFN/2003) Pode-se mencionar 
como exemplos de tribunais internacionais: a Corte Internacional de Justiça (sede 
na Haia), a Corte Interamericana de Direitos Humanos (San José da Costa Rica), o 
Tribunal Internacional do Direito do Mar (Hamburgo), o Tribunal Penal Internacional 
(Haia) e a Corte Constitucional Italiana (Roma). 
Errado.
Considerando que o exemplo mencionou a Corte Interamericana de Direitos Huma-
nos, ressalta-se em relação ao item exposto, que a Corte Constitucional Italiana 
não é tribunal internacional, mas sim órgão supremo assemelhado ao STF. 
Encerrando nossa abordagem a respeito do Direito Internacional Privado e do 
Direito interno, ressalta-se que é possível impor sanções em face daqueles que vio-
lam normas internacionais, embora a ausência de órgãos internacionais destinados 
a tal finalidade dificulte a efetivação do referido caráter sancionador. 
(ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/PGFN/2003) No momento atual, o 
Direito Internacional Público ainda não dispõe de meios efetivos de sanção. 
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 65. 
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Errado.
Conforme destacamos, há a possibilidade, no Direito Internacional Público, de impor 
sanções (ex.: ação militar decorrente de deliberação do Conselho de Segurança da 
ONU), todavia remanesce uma dificuldade para impor tais sanções em razão da ine-
xistência de órgão centrais encarregados da tarefa. Além disso, outro elemento que 
dificulta a efetividade das sanções está relacionado com o fato de que algumas exi-
gem a articulação entre Estados, a qual poderá não ser frutífera em dadas situações. 
Algumas teorias negam a existência do Direito Internacional Público. Segundo elas, 
a partir de um embasamento teórico, não é possível existir um ordenamento ju-
rídico internacional devido à ausência de uma sociedade mundial organizada. Já 
aqueles que defende a inexistência do Direito Internacional Público sob o aspecto 
prático, assinalam que os Estados defendem, apenas, interesses próprios, e que as 
relações internacionais têm como base a força. Em suma, não haveria coerção em 
uma eventual ordem jurídica, logo se trata de um ramo jurídico inútil. 
Negadores práticos Negadores teóricos
Negam a existência do Direito Internacional 
Público. 
Normas morais, mera cortesia. 
Reconhecem a existência de normas internacio-
nais, porém não as consideram normas jurídi-
cas. 
Não existe Poder Legislativo Universal, nem Judiciário Universal. Há Tribunais internacionais, 
desprovidos de jurisdição impositiva, pois alcançam, apenas, os Estados que se submetem a tais 
jurisdições mediante disposição de vontade nesse intuito. 
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(ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/PGFN/2003) A ausência de um Po-
der Legislativo universal, bem assim de um Judiciário internacional com jurisdição 
compulsória, são alguns dos argumentos utilizados pelos negadores do direito in-
ternacional para falar da ausência de caráter jurídico do direito das gentes. 
Certo.
Verifica-se a partir da tabela elaborada para explorar o aspecto exigido na questão 
que, para os negadores do Direito Internacional e sua respectiva existência como 
ramo jurídico, a inexistência de Poder Legislativo Universal e de Poder Judiciário 
Universal é um dos argumentos que sustentam a citada negativa. 
 Até aqui, exploramos a teoria geral do Direito Internacional Público (DIP) e an-
tes de avançarmos, segue RESUMO da matéria estudada:
•	 O Direito Internacional Público é caracterizado pela COMPLEXIDADE, pois en-
volve as relações estabelecidas na SOCIEDADE INTERNACIONAL, a qual é 
composta pelos Estados, Organismos Internacionais, Organizações não Go-
vernamentais – ONGs, empresas, dentre outros.
•	 A Sociedade Internacional é definida como um conjunto de sujeitos interna-
cionais, que convivem de modo cooperativo, mobilizados por questões econô-
micas, políticas, sociais, culturais. CARACTERÍSTICAS: igualdade, descentra-
lidade, universalização, heterogeneidade.
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•	 O Direito Internacional Público pode ser definido como relação apenas entre 
Estados (visão tradicional) ou entre diversos autores internacionais, inclusive 
os Estados (visão moderna). 
•	 O objeto do Direito Internacional Público sofreu evolução. Inicialmente com-
preendia mecanismos para reduzir a anarquia decorrente da ausência de um 
poder mundial, tornando-se, a posteriori, mais amplo ao envolver, também, 
a cooperação internacional.
•	 O fundamento (obrigatoriedade) do Direito Internacional Público comporta 
duas teorias: a voluntarista (vontade dos sujeitos) e a objetivista (normas). 
•	 Direito Internacional Público e Direito Interno: conflitos são abordados a par-
tir das teorias do dualismo e do monismo. 
•	 NÃO CONFUNDIR:
Fundamentos – DIP DIP X Direito interno
Voluntarista Objetivista Dualismo Monismo
Vontade Normas Separa o direito inter-
nacional do direito 
interno
Há um ordenamento 
jurídico
Vertentes
Autolimitação da von-
tade (Georg Jellinek); 
Vontade coletiva 
(Heinrich Triepel); 
Consentimento das 
nações (Hall e Oppe-
nheim); Delegação 
do Direito Interno/ 
Direito estatal externo 
(Max Wenzel). 
Jusnaturalismo 
(Direito Natural); Teo-
rias sociológicas do 
Direito; Norma – base 
de Kelsen; Direitos 
fundamentais dos 
Estados. 
Radical (lei incorpo-
radora) e Moderado 
(dispensa lei incorpo-
radora). 
Internacionalista 
(radical e moderado) 
e nacionalista. 
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O estudo inicial do Direito Internacional Público é bastante teórico, mas impres-
cindível para a compreensão da matéria, bem como para a resolução de questões, 
ainda que a cobrança, muitas vezes, seja residual (não se trata do assunto central 
da indagação, porém o conhecimento permite a eliminação de itens, estratégia que 
auxilia em provas de múltipla escolha, como é o Exame da Ordem). Avancemos!
2. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: FONTES
2.1. Conceito de fontes:
Luciano Lima Figueiredo e Roberto Lima Figueiredo23 lecionam que “O direito 
brota de um sem número de fontes jurídicas que, portanto, constituem o lugar de 
onde surge a norma jurídica. Trata-se da origem primária do direito.”24 Por sua vez, 
a respeito do mesmo assunto, Guido Fernando Silva Soares25 assinala que as fon-
tes são “as razões que determinam a produção das normas jurídicas, bem como a 
maneira como elas são reveladas”. 
Portanto, as fontes do Direito são “os motivos que levam ao aparecimento da 
norma jurídica e dos modos pelos quais ela se manifesta.”26
Em suma:
Interpretações sobre o conceito de fontes
Forma como se manifesta. Exemplo: tratados. Razões pelas quais se manifesta. 
As fontes em Direito Internacional Público dividem-se:
23 FIGUEIREDO, Luciano. FIGUEIREDO, Roberto. Direito civil – parte geral, p. 87. 
24 SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de Direito Internacional público, p. 53. 
25 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público, p. 9. 
26 MELLO, Celso D. Albuquerque. Curso de Direito Internacional público, p. 203. 
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MATERIAIS FORMAIS
Aquelas que “determinam a elabora-
ção de certa norma jurídica.”27
São os fatos. Exemplo; II Guerra 
Mundial.
Revelam/ exteriorizam a norma jurídica e os valores (ele-
mentos axiológicos) tutelados. 
São representadas pelo Direito Positivo. 
“O aparecimento das fontes formais é normalmente rela-
cionado às fontes materiais, as quais, como afirmamos, 
inspiram a criação de novas normas e orientam a sua ela-
boração, levando a que os preceitos de Direito positivo 
consagrem determinados valores, voltados a atender às 
demandas da sociedade”28. 
Devido à finalidade do nosso estudo, que é o exame da Ordem, exploraremos, 
apenas, as fontes formais. 
2.2. Fontes Formais
As fontes formais são divididas da seguinte forma:
ESTATUTÁRIAS EXTRAESTATUTÁRIAS
Art. 38 da Corte Internacional de Justiça – CIJ:
“1. A Côrte, cuja função é decidir de acordo com o direito 
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, 
aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer 
especiais. que estabeleçam regras expressamente reco-
nhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacio-
nal, como prova de uma prática geral aceita como sendo o 
direito; c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas 
Nações civilizadas; d) sob ressalva da disposição do art. 59, 
as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qua-
lificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a 
determinação das regras de direito. 2. A presente disposição 
não prejudicará a faculdade da Côrte de decidir uma questão 
ex aeque et bano, se as partes com isto concordarem.”
Não estão no rol do art. 38 da CIJ;
São elas:
- Princípios gerais do Direito Inter-
nacional;
- Atos unilaterais dos Estados;
- Decisões das organizações inter-
nacionais;
- Soft law.
27 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público, p. 26. 
28 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 58. 
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Rol não exaustivo. Analogia *;
- Equidade *;
- Jus cogens *.
* “o caráter de fonte de algumas das 
fontes extraestatutárias, da analogia, 
da equidade e do jus cogens não é 
unânime na doutrina”. 29
É imprescindível a memorização do art. 38 da CIJ, pois se trata de dispositivo bas-
tante cobrado em prova. 
Outras classificações a respeito das fontes:
Fontes principais Fontes acessórias ou auxiliares
Efetivas em revelar o direito aplicado. Auxiliam na compreensão do conteúdo da 
norma. 
Rol do art. 38 da CIJ, salvo jurisprudência e 
doutrina. 
Jurisprudência e doutrina conforme art. 38 da 
CIJ (“fontes auxiliares”).
Fontes Convencionais Fontes não convencionais
Surgem a partir de acordos entre os sujeitos de 
Direito Internacional. 
Residual, pois compreende o que não se enqua-
drar nas fontes convencionais.
Ex.: tratados. Ex.: jus cogens, jurisprudência.
Divergência doutrinária: parcela entende que o costume é convencional (tácita vontade dos sujei-
tos de Direito internacional), enquanto outra parte defende que a fonte citada decorre de evolu-
ção da sociedade internacional (não convencional). 
Além das classificações apresentadas, são aspectos relevantes sobre fontes for-
mais:
29 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 61. 
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a) O rol do artigo 38 da CIJ é não exaustivo;
b) As fontes formais de Direito Internacional Público surgiram ao longo da his-
tória;
c) A dinamicidade do Direito Internacional Público faz surgir outras fontes;
d) A expressão et aequo et bono compreende também a equidade. Todavia, tra-
ta-se de um elemento cuja classificação como fonte estatutária comporta contro-
vérsias, conforme será explicado posteriormente. Ademais, somente será possível 
a aplicação da equidade quando ambas as partes envolvidas no litígio concordarem;
e) Doutrina e jurisprudência, embora auxiliares, são fontes;
f) O art. 59 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça mencionado no art. 38 
do mesmo diploma legal, determina que: “A decisão da Corte só será obrigatória 
para as partes litigantes e a respeito do caso em questão”. 
As fontes indicadas no art. 38 da CIJ não possuem hierarquia (entendimento ma-
joritário). Por isso, Celso de Albuquerque Mello30 afirma inexistir hierarquia entre 
tratado e costume, podendo o primeiro revogar o segundo e vice-versa. 
Hierarquia de fontes Hierarquia de normas
“manifestações das 
disposições do Direito”. 31
Na sociedade internacional existem normas com grau de vali-
dade superior, as quais são denominadas jus cogens (normas 
imperativas. Não cabe derrogação, exceto por outra norma de 
igual natureza).
São hierarquicamente superiores. 
30 MELLO, Celso D. Albuquerque. Curso de Direito Internacional público, p. 203. 
31 SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de Direito Internacional Público, p. 58. 
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Feitas as devidas considerações gerais, vamos estudar, individualmente, as fon-
tes indicadas. Todavia, não começaremos pelos Tratados, pois em razão da impor-
tância do assunto, eles serão o último tópico da temática. 
2.2.1. Costumes
Está previsto no art. 38, 1, “b”, do Estatuto da CIJ: “o costume internacional, 
como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;”. Diante desse dis-
positivo, o professor Paulo Henrique Gonçalves Portela conceitua o costume inter-
nacional “como a prática geral, uniforme e reiterada dos sujeitos de Direito Inter-
nacional, reconhecida como juridicamente exigível”32.
A partir do conceito supracitado, infere-se que a formação do costume exige 
dois elementos:
ELEMENTO OBJETIVO/ MATERIAL ELEMENTO SUBJETIVO/PSICOLÓGICO
Prática geral, uniforme e constante dos sujei-
tos de Direito Internacional Público. 
Convicção que determinada prática é generali-
zada, bem como reiterada e por isso obrigatória. 
A prática poderá ser comissiva ou omissiva. “Opinio juris” (correto, justo, bom direito): deverá 
determinar a prática para configurar o costume. Generalização: não precisa ser universal, pois 
regional já é suficiente, assim como nas rela-
ções bilaterais. 
Generalidade não se confunde com unanimi-
dade, pois o costume pode ser reconhecido em 
um contexto jurídico embora não seja em outro. 
Quem invoca o costume deverá provar a sua existência (quem invoca tem o ônus da prova).
Encontra-se em fase de codificação por meio da incorporação aos tratados.
Já foi a fonte mais relevante, porém, atualmente, os tratados têm ocupado tal posição.
Insta salientar a respeito dos costumes que há, na doutrina, um debate a res-
peito da vinculação quandoos sujeitos internacionais não manifestarem concor-
dância. A referida polêmica doutrinária é norteada pelos seguintes argumentos:
32 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 62. 
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Voluntarista/ subjetivista Objetivista
Fundamento está na vontade. Valeria apenas entre os 
que manifestassem concordância (expressa ou tácita).
Vincula todos, inclusive na hipótese de 
discordância. É erga omnes. 
Independe da vontade. 
Consentimento é essencial. Consentimento é irrelevante. 
“Persistent objector” ou Objetor Persistente: dá-se 
quando o sujeito de Direito Internacional nunca reco-
nheceu norma costumeira ainda que em formação. 
Neste caso, o costume precisa ser posterior ao Estado. 
A recusa reiterada também caracteriza a figura do 
“objetor persistente”. 
Objetor “subsequente”: deixa de reconhecer um costume cuja existência admitiu anteriormente.
A extinção do costume poderá ocorrer:
DESUSO NOVO COSTUME
SUBSTITUIÇÃO POR 
TRATADO
Decurso do tempo retira as 
características do costume, 
deixando de ser prática reite-
rada, generalizada e uniforme, 
ou por não mais subsistir a 
convicção sobre sua obrigato-
riedade. 
Novo costume substituindo 
anterior. 
Codificação dos costumes por 
intermédio dos tratados que incor-
poram normas costumeiras. 
Não há necessidade de incorporação do costume ao ordenamento jurídico brasileiro 
para que gere efeitos jurídicos em território nacional. 
2.2.2. Princípios Gerais
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Estão previstos no art. 38, 1, “c”: os princípios gerais de direito reconhecidos 
pelas Nações civilizadas;”. A expressão “Nações civilizadas” sofre duras críticas por-
quanto exclui aqueles estão fora do Ocidente. 
A respeito do dispositivo supra, faz-se necessária a seguinte diferenciação33:
Princípios gerais de direito Princípios gerais do direito
Reconhecidos por diversos sistemas jurídicos 
nacionais.
Decorrem da prática internacional. 
Têm previsão no art. 38 do Estatuto da CIJ. Não estão previstos no art. 38 do Estatuto da 
CIJ. 
Exemplo: ampla defesa, contraditório, boa-fé, 
coisa julgada, direito adquirido. 
Sem correspondente. 
O professor Paulo Henrique Gonçalves Portela34, apresenta as seguintes diferenças;
Princípios gerais do Direito
Princípios gerais do Direito 
Internacional Público
Normas de caráter genérico e abstrato. Normas de caráter genérico e abstrato.
Incorporação de valores que fundamentam a 
maioria dos sistemas jurídicos no mundo.
Alicerces. Dão coerência ao ordenamento jurí-
dico internacional. 
Orientam a elaboração, a interpretação e aplica-
ção de seus preceitos.
Orientam a elaboração e a aplicação das normas 
internacionais.
Podem ser aplicadas diretamente às relações 
sociais. 
Orientam a ação de todos os sujeitos de Direito 
das Gentes. 
Exemplos: dignidade da pessoa humana, pacta 
sunt servanda, boa-fé, devido processo legal. 
Exemplos: soberania nacional, não intervenção, 
igualdade jurídica entre os Estados, autodeter-
minação dos povos, prevalência dos direitos 
humanos nas relações internacionais. 
Não há lista de princípios gerais do Direito váli-
dos para o Direito Internacional no Estatuto da 
CIJ. 
Rol importante de princípios gerais do Direito 
Internacional Público: encontra-se nos artigos 1 
e 2 da Carta das Nações Unidas (valores reco-
nhecidos quase que por unanimidade por toda a 
humanidade. 
33 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público, p. 112. 
34 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 66-67. 
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2.2.3. Decisões Judiciais e Doutrina
Segundo o art. 38 da CIJ, as decisões judiciais (jurisprudência) e a doutrina são 
fontes ou meios auxiliares (secundárias), as quais subsidiam a determinação de 
regras de Direito.
Aspectos relevantes das fontes em apreço;
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DOUTRINA
É “o conjunto de decisões judiciais reiteradas 
no mesmo sentido, em questões semelhantes, 
proferidas por órgãos internacionais jurisdi-
cionais de solução de controvérsias relativas à 
matéria de Direito Internacional.”35
É “o conjunto dos estudos, ensinamento, enten-
dimentos, teses e pareceres dos estudiosos do 
Direito Internacional, normalmente constantes 
de obras acadêmicas e de trabalhos de insti-
tuições especializadas, como a Comissão de 
Direito Internacional das Nações Unidas.”36
Origem: principalmente das cortes internacio-
nais (CIJ, Tribunal Penal Internacional – TPI, 
Corte Interamericana de Direitos Humanos – 
CIDH), além dos foros arbitrais, das comissões 
e dos comitês que monitoram a execução dos 
tratados, por exemplo a Comissão Interameri-
cana de Direitos Humanos. 
Principal papel: interpretação para aplicação da 
norma; formular novos princípios.
“esmiuçar a matéria em seus mais profundos e 
reservados recônditos, a fim de delinear seus 
institutos e conceitos, fixando os limites de sua 
aplicação e maneira mais eficaz de fazê-lo”37.
Criam direitos ainda que somente ente as 
partes litigantes, consoante fixa o art. 59 do 
Estatuto da CIJ. 
Não regula diretamente condutas. 
“(...) não são vinculantes por si sós”38. 
O Direito Internacional Público também indica normas a serem observadas interna-
mente, por isso as normas internacionais podem ser a fundamentação de decisões 
emanadas nos Tribunais brasileiros, “que criarão jurisprudência interna sobre pre-
35 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 64. 
36 Idem, p. 65. 
37 PEREIRA, Bruno Yepes. Curso de Direito Internacional público, p. 42. 
38 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 66. 
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ceitos do Direito das Gentes. No Brasil, por exemplo, é comum encontrar pronun-
ciamentos dos tribunais superiores fundamentados em normas de tratados.”39
2.2.4. Analogia e Equidade
ANALOGIA EQUIDADE
Doutrina majoritária: não são fontes, mas formas de integração das regras jurídicas. Suprem 
lacunas jurídicas. 
“a aplicação a determinada situação de fato de 
uma norma jurídica feita para ser aplicada a 
caso parecido ou semelhante”. 40
“aplicação dos princípios de justiça a um caso 
concreto sub judice”. 41
A Corte Internacional de Justiça somentepoderá empregar a equidade (ex aequo 
et bono) quando houver anuência expressa das partes litigantes. Em razão disso, 
alguns afirmam se tratar de uma fonte condicionada. 
Ademais, a equidade também é princípio para parcela da doutrina. 
2.2.5. Fontes Extraestatutárias
Não se encontram previstas no Estatuto da CIJ. São elas:
Atos unilaterais Decisões de organizações internacionais Jus Cogens Soft Law
2.2.5.1. Atos Unilaterais
39 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 65. 
40 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público, p. 37. 
41 Idem, p. 38. 
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Dependem de manifestação exclusiva de um Estado. Geram efeitos jurídicos na 
seara internacional independente do consentimento de outros entes. 
Serão fontes desde que não violem o princípio da não intervenção, pois não po-
dem afetar a convivência internacional. 
Consoante leciona o professor Paulo Henrique Gonçalves Portela42, são exem-
plos de atos unilaterais, em lista não exaustiva:
Ato Definição
Protesto Expressa manifestação de discordância em relação a determinada situação. 
Destinatário: aquele que transgrediu norma internacional. Visa evitar que 
a conduta combatida pelo protesto se torne norma. Exemplo: protesto em 
golpes de Estado. 
Notificação Estado notifica outro oficialmente a respeito de determinada situação que 
pode gerar efeitos jurídicos. É ato condição para condutas posteriores. Exem-
plo: estado de guerra. 
Renúncia Desiste de um direito. Sempre expressa. 
Denúncia Desvincula-se de tratado. 
Reconhecimento Expresso ou tácito. Reconhece situação com consequências jurídicas. Exem-
plo: reconhecer Estado, governo. 
Promessa Compromisso jurídico a respeito de alguma conduta a ser adotada. 
Ruptura Suspende diálogos diplomáticos. 
“Princípio do estoppel”: princípio geral de direito segundo o qual não é possível que 
um sujeito de Direito Internacional realize conduta contrária ao compromisso as-
sumido. Fundamenta a obrigatoriedade dos atos unilaterais. Aquele que assume o 
compromisso unilateralmente, de boa – fé, deverá cumprir. 
42 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 68-69.
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2.2.5.2. Decisões Internacionais/ Atos Unilaterais de Organizações In-
ternacionais/ Ato das Organizações Internacionais
As decisões de organizações internacionais resultam “das atividades de entida-
des como a Organização das Nações Unidas (ONU)”43, as quais “se materializam em 
atos que podem gerar efeitos jurídicos para o organismo que o praticou ou para 
outros sujeitos de Direito Internacional.”44Esses atos são regulados por normas que 
regulam o respectivo funcionamento das entidades.
Poderão ser:
Internos Externos
Alcançam apenas o funcionamento das entida-
des. 
Tutelam direitos e obrigações de outros sujeitos 
de Direito Internacional. 
Podem resultar de deliberações, desde que competentes, bem como obrigam ou não os destina-
tários (portanto, não há efeito vinculante automático). 
Organismos internacionais podem praticar atos unilaterais idênticos aos realizados 
pelos Estados, no entanto, há decisões que são típicas de organismos internacio-
nais, a saber: “os atos preparatórios da negociação de tratados, a convocação de 
reuniões internacionais, e, especialmente, as recomendações e resoluções”45, cujos 
tipos podem ser: 
Recomendações obrigatórias (ou impositivas) Facultativas
Vinculam os sujeitos de Direito Internacional. Recomendações. Possuem força moral e 
política, mas não jurídica. 
43 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 69.
44 Idem, p. 70.
45 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 71.
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Exemplo: recomendações da Organização Interna-
cional do Trabalho – OIT. 
Exemplo: resoluções da Assembleia Geral 
da ONU. 
A norma internacional prévia, geralmente, fixará o caráter vinculante da norma internacional.
Parcela da doutrina entende que somente o ato de organização internacional com caráter vin-
culante é fonte de Direito Internacional. Entretanto, resoluções não vinculantes têm relevância 
política e moral, orientando as normas jurídicas que são elaboradas. 
2.2.5.3. Jus Cogens
Encontra-se definida no art. 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tra-
tados: 
“É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma im-
perativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma nor-
ma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela 
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma 
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito In-
ternacional geral da mesma natureza.”
Os aspectos mais importantes a respeito do jus cogens são:
Conceito Norma mais importante do Direito Internacional Público, pois a sociedade 
internacional confere a tais normas primazia ante as demais. 
Outras 
nomenclaturas
Normas imperativas; normas peremptórias; obrigações erga omnes.
Características Imperatividade (não é possível confronto ou derrogação por outra norma, 
salvo por outras da mesma natureza); aplicabilidade para todos, ainda que 
não haja consentimento expresso; rigidez devido à dificuldade de altera-
ção; conteúdo variável.
Fontes Diversas: incorporação por tratado, costume internacional, princípios 
gerais, proclamação por tribunais internacionais.
Rol de normas Não há documento com rol definido. 
Conteúdo Definido a partir de um processo histórico, político e social que vai gerando 
valores reconhecidos pela sociedade internacional.
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Temas Geralmente versam sobre deveres fundamentais dos Estados; Direitos 
Humanos; Direito Humanitário; proteção ao meio ambiente e ao desenvol-
vimento sustentável; paz; segurança; Direito de Guerra.
Polêmica Refere-se à necessidade ou não de consentimento dos Estados, pois há 
posições divergentes. 
“Constituição 
internacional”
Não configuram, porém permanecem como normas de maior relevância no 
âmbito internacional. 
Jus cogens e tratados internacionais
Art. 53, Convenção de Viena sobre o 
Direito dos Tratados de 1969
Art. 64,Convenção de Viena sobre o 
Direito dos Tratados de 1969
É nulo o tratado que em sua conclusão conflite 
com norma imperativa. 
Na hipótese de conflito entre norma de tratado 
e a superveniência de jus cogens, o tratado 
(mais antigo) é nulo. 
2.2.5.4. Soft Law
Assim como fizemos com o jus cogens, segue quadro46 com as principais infor-
mações acerca do solf law:
Conceito Nova modalidade normativa. Traduzindo: “direito suave”, o qual se 
contrapõe ao “hard law” (direito rígido). Trata-se de um conjunto de 
“regras cujo valor normativo seria limitado, seja porque os instru-
mentos que as contêm não seriam juridicamente obrigatórios, seja 
porque as disposições em causa, ainda que figurando em um instru-
mento constringente, não criariam obrigações de direito positivo ou 
não criariam senão obrigações pouco constringentes”47. É conhecido 
também como “soft norms”, que significa “normas suaves, leves”. 
46 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 73-75. .
47 NASSER, Salem Hikmat. Fontes e normas de direito internacional, p. 25. 
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Modalidades Normas jurídicas ou não (linguagem vaga; conteúdo variável/ 
aberto; caracterizado como princípio ou genérico (não é possível 
identificar regras claras e específicas); mecanismo de solução de 
controvérsias (conciliação/ mediação); atos combinados, sem obri-
gatoriedade, que não sejam tratados; atos não obrigatórios das 
organizações internacionais; produção por parte de entes não esta-
tais, no quais princípios sejam consagrados, estabelecendo novas 
normas jurídicas. 48
Formação Ocorre por meio de negociações entre os sujeitos de Direito Inter-
nacional ou mesmo no interior de órgão técnicos das organizações 
internacionais. 
Elaboração Mais célere (ausência de dificuldades inerentes a esforços de articu-
lação e questões políticas).
Peculiaridades técnicas Mais bem incorporadas do que nos tratados. Terão relação com a 
área regulada pela norma. 
Caráter Recomendação tendo em vista a debilidade do caráter débil. Ou 
ainda resoluções de organizações internacionais. 
Serão considerados 
soft law
Acordos de cavalheiros (gentlemen`s agreements); acordos não 
vinculantes (non-binding agreements); comunicados e declarações 
conjuntos; atas de reuniões internacionais; códigos de conduta; 
declarações e resoluções não vinculantes de organismos internacio-
nais e as leis-modelo.
Exemplos de documen-
tos internacionais 
considerados soft law
Declaração Universal dos Direitos Humanos; recomendações da 
OIT; Lei de modelo sobre Arbitragem Internacional, dentre outras. 
Incorporação posterior É possível, a partir de tratados, geração de leis internas, reco-
mendações da Organização Internacional do Trabalho (obrigatoria-
mente submetidas aos parlamentos nacionais no prazo de até um 
ano após terem sido proferidas). 
Utilidades Modelo para elaborar tratados, leis internas; parâmetro interpre-
tativo; pauta para políticas públicas e orientação para a sociedade 
civil.
Diplomas de soft law que 
são referências
Declaração Universal de Direitos Humanos; Declaração de Viena; 
Declaração das Nações Unidas para os Direitos dos Povos Indíge-
nas; Agenda 21; Declaração de Alma-Ata; Princípios de Yogykarta. 
48 SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público, p. 136. 
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No que tange às fontes formais de Direito Internacional Público, a classificação a 
seguir se destaca:
ESTATUTÁRIAS EXTRAESTATUTÁRIAS
Conforme o artigo 38 do Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça – CIJ, são fontes esta-
tutárias:
Tratados;
Costume;
Decisões judiciais;
Princípios gerais do Direito;
Equidade.
Rol não exaustivo.
Atos unilaterais dos Estados;
Atos/ decisões das organizações internacionais;
Jus Cogens;
Soft law. 
A partir de agora trabalharemos um dos temas mais relevantes sobre o assunto, 
a saber: os tratados. 
2.3 Tratados
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, é o principal do-
cumento a respeito do assunto e traz normas sobre a elaboração e a aplicação dos 
tratados. Assim, em seu art. 2, 1, “a”, fixa que o tratado:
“significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo 
Direito Internacional, que conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instru-
mentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.”
Em complementação, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre 
Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 
1986, ampliou, de modo expresso, a capacidade de pactuação de tratados, inserin-
do os organismos internacionais. 
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Diante dessas afirmações, o professor Paulo Henrique Gonçalves Portela49 afirma: 
“que o tratado é um acordo escrito firmado por Estados, organizações internacionais 
e alguns outros sujeitos de Direito Internacional, dentro dos parâmetros estabelecidos 
pelo Direito das Gentes, com o objetivo de gerar efeitos jurídicos no tocante a temas de 
interesse comum”. 
Com base nas colocações iniciais expostas, pode-se destacar, a respeito dos 
tratados:
Conteúdo Estados ou organizações internacionais estabelecem.
Juridicamente 
vinculante
Dá-se com a anuência dos sujeitos patuantes. 
Forma Escrita (fonte formal).
Pactuantes Somente poderão celebrar tratados: Estados, organizações interna-
cionais e entes de direito público externo (Santa Sé, blocos regionais, 
por exemplo). Beligerantes e insurgentes quando autorizado para tal. 
Jus cogens Tratados não podem violar.
Instrumentos Um ou mais. Anexos e protocolos adicionais, por exemplo, podem 
constar no tratado. 
Denominações São designados por diversas nomenclaturas (convenção, acordo, 
pacto, protocolo, dentre outros).
Obrigatoriedade O tratado possui caráter obrigatório. Vincula as partes tanto no âmbito 
internacional, quanto no interno. Isso porque “ou serão incorporados 
ao ordenamento jurídico interno dos Estados que o celebram ou, no 
mínimo, gerarão obrigações a serem executadas dentro dos territó-
rios dos entes estatais”50. 
Estabilidade Os tratados são normas escritas. Assim ofertam mais clareza, preci-
são e segurança. 
Legitimidade Envolve a vontade dos sujeitos internacionais, que são legítimos para 
tornar o Direito Internacional Público mais democrático perante o que 
almeja a sociedade internacional. 
49 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, p. 83.
50 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional público, p. 53. 
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O quadro acima possibilita inferir que são elementos dos tratados: acordo de 
vontade; forma escrita; Estados e organizações internacionais são responsáveis 
pela elaboração; obrigatoriedade; regulamentação pelo Direito Internacional Públi-
co; regula temas de interesse comum nas relações internacionais.
Comissão de Direito Internacional da ONU: admite acordo oral, cuja previsão se 
encontra na Convenção de Viena de 1969, art. 3.51
O art. 2 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados traz os seguintes 
termos relevantes para o nosso estudo:
“a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e 
regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou 
mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;
b) “ratificação”, “aceitação”, “aprovação” e “adesão” significam, conforme o caso, o ato 
internacional assim denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional 
o seu consentimento em obrigar-se por um tratado;
c) “plenos poderes” significa um documento expedido pela autoridade competente de 
um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Esta-
do na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o 
consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro 
ato relativo a um tratado;
d) “reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou de-
nominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a 
ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições 
do tratado em sua aplicação a esse Estado;
e) “Estado negociador” significa um Estado que participou na elaboração e na adoção 
do texto do tratado;
f) “Estado contratante” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado, 
tenha ou não o tratado entrado em vigor;
g) “parte” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em relação 
ao qual este esteja em vigor;
h) “terceiro Estado” significa um Estado que não é parte no tratado;
i) “organização internacional” significa uma organização intergovernamental.”
51 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, p. 212. 
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Além dos termos supramencionados, insta salientar as terminologias que desig-
nam espécies de tratados:
Ato internacional Sinônimo de tratado. Ministério das Relações Exteriores - MRE adota. 
Tratado Compromisso solene. Maior relevância política. 
Acordo Atos internacionais com número reduzido de participantes. Menor rele-
vância política. 
Na prática, também é sinônimo de tratado. 
Acordo por troca de 
notas
Assuntos de cunho administrativo ou ainda para alterar ou interpretar 
tratados já concluídos. 
Ajuste complementar 
ou acordo comple-
mentar
Objetivo: detalhar ou executar tratado mais amplo. 
Ato Fixa regras de Direito. Outros poderão ter, apenas, força política ou 
moral. 
Carta Cria organizações internacionais, estabelecendo objetivos, órgãos e 
regras de funcionamento. Poderá se chamar, também, “constituição” 
ou ainda ser empregado para indicar documentos que estabelecem 
direitos e deveres dos indivíduos (ex. Carta Social Europeia).
Estatuto Criam Tribunais internacionais. 
Compromisso Litígio submetido a um foro arbitral. 
Concordata Criterioso. Apenas Santa Sé, em assuntos religiosos. 
Convenção Acordos multilaterais. Visam estabelecer normas gerais a respeito de 
temas relevantes como Direitos Humanos. Sinônimo de tratado. 
Convênio Regula a cooperação bilateral ou multilateral. Natureza: econômica, 
comercial, cultural, jurídica, científica e técnica. Campos mais especí-
ficos. 
Declaração Consagra princípios ou afirma a posição comum de determinados Esta-
dos sobre certos fatos. Poderá não vincular. 
Memorando de 
entendimento
Registra princípios gerais. Redação simplificada. 
Modus vivendi Menor relevância. Vigência temporária. 
Pacto Relevância política. 
Protocolo Meramente complementar ou interpretativa de tratados anteriores. 
Não se confunde com o “protocolo de intenções” que é pré-compro-
misso. 
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Acordos de sede Bilaterais. Estado e organização internacional são os celebrantes. Por 
meio dele se autoriza o estabelecimento de sede no território estatal. 
A lista não é exaustiva.
As nomenclaturas não influenciam no aspecto jurídico (vinculantes independente da nomencla-
tura conforme determinação da Convenção de 1969).
Todos escritos. 
Conclusão por Estados e organizações internacionais.
Regidos pelo Direito Internacional Público. 
Brasil: dispensa aprovação congressual se o “acordo por troca de notas” não acarretar com-
promissos que gerem gravames ao patrimônio nacional. O mesmo quanto ao “memorando de 
entendimento”, que poderá entrar em vigor na data da assinatura, se não trouxer compromis-
sos de maior gravidade para a União. 
Embora mencionado quando estudamos as normas extraestatutárias, o acordo de 
cavalheiros ou gentlemen`s agreement costuma ser abordado, também, diante dos 
tipos de tratados. A respeito dessa espécie, destaca-se o fato de não ser celebrado 
por Estados, mas por autoridades (estadistas) em nome pessoal e sob a regula-
ção de normas morais, que objetivam o estabelecimento de “programas de ação 
política” (“non-binding agreements”), sem vinculação sob os aspectos jurídicos. 
Tecnicamente, não são tratados. Acerca do assunto, o professor Francisco Rezek 
assinala que:
“É conhecida em direito das gentes a figura do gentlemen`s agreement, que a doutrina 
distingue do tratado, sob o argumento de não haver ali um compromisso entre Estados, 
à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a honra, e 
condicionado, no tempo, à permanência de seus atores no poder.”52
No que diz respeito à classificação dos tratados, observe o quadro a seguir:
52 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público, p. 18. 
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CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO TIPOS
Quanto ao número
das partes
1. Bilaterais: duas partes. Pode ser Estado ou organização 
internacional;
2. Multilaterais/ plurilaterais: mais de duas partes pactuan-
tes. 
Quanto ao procedimento
de conclusão
1. Bifásicos (solene): duas fases para manifestação de von-
tade (consentimento). A primeira provisória (assinatura) a 
segunda definitiva (ratificação);

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