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Semana 10 - Recurso em sentido estrito

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE [Cidade]/[UF]
Autos nº: XXXXXXXXXXXXXXX
JERUSA X, já qualificada nos autos em epígrafe, que lhe move o Ministério Público Estadual, por intermédio de seu procurador que abaixo assina, vem, tempestivamente, com fundamento no art. 581, IV do Código de Processo Penal, interpor
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Caso Vossa Excelência entenda por manter a decisão de pronúncia, requer o recebimento e processamento do presente recurso com a reforma da decisão impugnada em juízo de retratação, nos termos do art. 589 do CPP, a ser remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de [UF], com as inclusas razões.
Nestes termos, pede deferimento. 
[Cidade]/[UF], 09 de agosto de 2016.
Danielle Natally dos Santos
Advogada
OAB/SC xx.xxx 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE [UF]
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Recorrente: Jerusa X
Recorrido: Ministério Público de UF]
Autos nº: XXXXXXXXXXXXXXX
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores,
Douta Procuradoria de Justiça
Em que pese a respeitável decisão do Excelentíssimo Juiz de Direito a quo, não merece prosperar a pronúncia do recorrente pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:
I – FATOS
Jerusa, que estava atrasada para um compromisso, trafegava com seu veículo em uma via de mão dupla, dirigindo nos limites da velocidade permitida, quando decidiu ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida na via. No entanto, ao realizar a manobra, a recorrente não acionou a seta de sinalização do veículo e, no momento da ultrapassagem, veio a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. 
Apesar de Jerusa ter chamado socorro a fim de acudir a vítima, Diogo veio a óbito em virtude dos ferimentos causados pelo acidente. 
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do Código Penal), sob o argumento da imprevisão de Jerusa sobre o resultado que poderia causar ao não acionar a seta para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Inicialmente, cabe ressaltar que Jerusa não agiu com dolo e sim com culpa!
Depreende-se dos autos que, em momento algum está demonstrado que a recorrente assumiu o risco de provocar a morte da vítima, pois, mesmo preocupada pelo atraso diante de um importante compromisso profissional, conduzia seu veículo dentro dos limites da velocidade imposta à via. Apesar de, por um lapso, ter esquecido de acionar a seta sinalizadora, é fato que a vítima conduzia a sua motocicleta em alta velocidade.
Considerando que o dolo eventual se configura quando o agente não quer atingir determinado resultado, contudo assume o risco de produzi-lo, constata-se que trata-se de conduta diferente da conduta da recorrente, que, apesar de ter agido com imprudência, sem o devido cuidado na ação, agiu com culpa consciente, caracterizada pela conduta que a pessoa prevê que o resultado possa ocorrer, mas acredita sinceramente que ele não acontecerá.
A análise do dolo eventual é bastante essencial em crimes de homicídio, nos quais é necessário averiguar, além do modo de execução e dos resultados da ação, a intenção real do agente que comete o delito. O dolo eventual exige que o agente assuma o risco pelo resultado de sua conduta e previsão do resultado, nos termos do Art. 18, I parte final do CP. Nesse sentido, já se manifestou a jurisprudência:
HOMICÍDIO E TENTATIVA DE HOMICÍDIO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. INEXISTÊNCIA DO DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO CONFIRMADA. Como afirmou o julgador, desclassificando a infração penal imputada ao recorrido, de homicídio tentado para outra da não competência do Tribunal do Júri: ?Ora, para que a conduta do condutor de veículo automotor configure dolo eventual em um crime de homicídio no trânsito, aquela tem de ser manifesta e determinante para a ocorrência do evento danoso, ou seja, além de se ter certeza de que o condutor realmente estava conduzindo veículo automotor de forma imprudente, sob efeito de álcool e/ou entorpecentes e que o acidente de trânsito tenha se dado em razão disso, deve o condutor ter agido no sentido de, deliberadamente, assumir o risco da produção do resultado morte, o que nem de longe se apresenta no caso dos autos. Não é suficiente, portanto, para a configuração do dolo eventual, o simples fato de o réu estar sob efeito de entorpecentes ou ter conduzido o veículo em velocidade superior à permitida para a via, uma vez que tais circunstâncias, a rigor, constituem crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro. É de fundamental importância também referir que, conforme se depreende da prova oral produzida, o acusado teria tentado frear o automóvel antes da colisão (neste sentido, vide o depoimento da vítima Patrícia e da testemunha Eliane). Ora, essa circunstância fática, a meu ver, é definitiva para afastar-se o alegado dolo eventual do réu na conduta praticada.?Recurso desprovido, por maioria.
(TJ-RS - RSE: 70082463159 RS, Relator: Sylvio Baptista Neto, Data de Julgamento: 23/10/2019, Primeira Câmara Criminal, Data de Publicação: 13/11/2019) (grifado)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, §§ 2º, IV E 4º, DO CP – SENTENÇA DE PRONÚNCIA – ACIDENTE DE TRÂNSITO – HOMICÍDIO DOLOSO – PEDIDO DESCLASSIFICATÓRIO PARA HOMICÍDIO CULPOSO – PROCEDÊNCIA – FALTA DE ELEMENTOS MÍNIMOS DE PROVA QUE JUSTIFIQUEM A PRONÚNCIA A TÍTULO DE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA – DESCLASSIFICAÇÃO DE DOLO EVENTUAL PARA CULPA, DEMONSTRADA A IMPRUDÊNCIA DO RECORRENTE – CONDENAÇÃO PELO ARTIGO 302 DA LEI 9.503/97 – RECURSO PROVIDO, DE ACORDO COM O PARECER DA PGJ. A pronúncia do réu conforme a denúncia, somente deve ocorrer se houver certeza ou dúvida quanto à ocorrência do dolo eventual sustentado pela acusação. Em outras palavras, inexistindo qualquer elemento mínimo de convicção a apontar para a prática de homicídio, em acidente de trânsito, na modalidade de dolo eventual, não é possível a submissão do réu ao julgamento perante o Tribunal do Júri, sendo, pois, imperiosa a desclassificação do crime, para o previsto no art. 302 do CTB, uma vez, que as circunstâncias do caso concreto demonstram que o recorrente agiu com culpa ao trafegar, em via pública, sem a devida atenção, cautela e prudência.
(TJ-MT 10014626020218110000 MT, Relator: RONDON BASSIL DOWER FILHO, Data de Julgamento: 05/05/2021, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: 13/05/2021) (grifado)
Dessa forma, julgadores, deve o delito de homicídio doloso ser desclassificado, nos termos do art. 419, do CPP, para homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto no caput do art. 302, do CTB, sem incidir a causa de aumento de pena prevista no inciso III do referido artigo, pois provado está nos autos que Jerusa prestou socorro à vítima. 
Destarte, não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente o julgamento do feito, razão pela qual deve ocorrer a desclassificação, conforme preceitua o art. 419, do CPP.
III – PEDIDOS
Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, e que a decisão do juízo a quo seja REFORMADA, promovendo-se a desclassificação do delito, nos termos do art. 419, do Código de Processo Penal, de homicídio simples doloso, para o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB).
Nestes termos, pede deferimento. 
[Cidade]/[UF], 09 de agosto de 2016.
Advogado
OAB/SC xx.xxx
Faculdade Estácio de Florianópolis
Rodovia José Carlos Daux, SC 401, Km 01, n.º 407 – Itacorubi
CEP 88030-000 – Florianópolis – SC

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