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Alfabetização e Letramento - Unidade III

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Unidade III
O processo de letramento
Alfabetização e 
Letramento
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
IRIA HELENA DUARTE 
AUTORIA
Iria Helena Duarte 
Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do 
Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com uma experiência técnico-
profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em 
Psicopedagogia e especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha 
carreira como docente em diversas escolas do estado de São Paulo, 
estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino 
Fundamental I. Em 2008, fui convidada por uma empresa em expansão 
em EAD a participar do departamento pedagógico como coordenadora 
pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área 
da Pedagogia e ensino de línguas. Também trabalhei para algumas 
faculdades, para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e 
preparatórios para, por exemplo, o ENADE. Atualmente sou sócia de uma 
escola EAD de ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas 
e também atuo como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual 
da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão 
e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos 
conhecimentos porque acredito no poder da educação e da reciclagem. 
Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando 
em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a 
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando necessárias 
observações ou 
complementações 
para o seu 
conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas 
e links para 
aprofundamento do 
seu conhecimento;
REFLITA:
se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a ser 
refletido ou discutido;
ACESSE: 
se for preciso acessar 
um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada;
TESTANDO:
quando uma 
competência for 
concluída e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Perspectivas de alfabetizar letrando ................................................. 10
Novas perspectivas no processo de aquisição da língua 
escrita .............................................................................................................. 15
Concepções empiristas e socioconstrutivistas .............................. 21
Estratégias de leitura - alfabetização ................................................26
7
UNIDADE
03
Alfabetização e Letramento
8
INTRODUÇÃO
Olá, aluno!
Daremos início a mais uma unidade! Nesta unidade, faremos uma 
análise da importância da definição de letramento em nossa sociedade e do 
impacto no âmbito educacional. Neste capitulo, faremos muito mais reflexões, 
pois, como educador, você precisa se apropriar desse mundo chamado 
“letramento”, de maneira que não tenha nenhuma dúvida tanto sobre a sua 
definição quanto sobre sua prática.
Entendemos que esse tema tão complexo deveria ser praticado em 
nossas escolas e que, infelizmente, não é isso que acontece. Precisamos, 
então, fazer uma análise da nossa situação real e do que o letramento pode 
nos ajudar no processo de ensino-aprendizagem.
Sabemos que não é uma tarefa fácil, pois, além de demandar muitas 
habilidades, ainda existem questionamentos inerentes a essa definição que 
não podemos descartar. Vimos como se dá o processo de aquisição de leitura 
e escrita, agora estudaremos como esses processos podem fazer toda a 
diferença para nossas crianças.
Nas abordagens anteriores, estudamos sobre algumas abordagens, 
porém, nesta, dissertaremos sobre as concepções empiristas e também 
sociointeracionistas, sempre com base em fundamentos teóricos que ainda 
fazem parte do cotidiano educacional de nossas escolas.
E, por fim, veremos estratégias de leitura. Neste capitulo, você 
aprenderá algumas estratégias de leitura com crianças que estão no processo 
de alfabetização. 
Há muito ainda para ser estudado, pensado e discutido! Seja parte 
integrante nesse processo!
Bons estudos!
Alfabetização e Letramento
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3. Nosso objetivo é 
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais 
até o término desta etapa de estudos:
1. Identificar tópicos importantes acerca das intenções de alfabetizar 
o indivíduo na sua totalidade.
2. Interpretar os novos pontos de vista no processo de ensino-
aprendizagem e na aquisição de leitura e de escrita.
3. Interpretar as concepções empiristas e as sociointeracionistas e 
compreender os impactos delas no ambiente educacional.
4. Aplicar as principais estratégias de leitura com as crianças no 
processo de alfabetização.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Alfabetização e Letramento
10
Perspectivas de alfabetizar letrando
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar 
tópicos importantes acerca das intenções de alfabetizar 
o indivíduo na sua totalidade. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Qual é a definição de letramento para você? Não quero que você 
olhe no dicionário ou até mesmo no material que você estudou até agora, 
mas que você possa definir o que é letramento. Qual é a importância desse 
tema para nossas crianças e o que a “falta de letramento” pode ocasionar?
O que deve permanecer e o que precisa ser modificado? Quero que 
você responda essas perguntas em seu caderno de estudos antes que 
possamos dar início a este primeiro tópico. Compartilhe suas ideias com seus 
colegas, deixe-os compartilhar as deles com você. Faça essa interação!
Sua definição pode conter muitas ou poucas palavras, não importa. 
O que vale é que você possa se apropriar desse universo tão rico e 
desafiador.
Então, mãos à obra!
Letramento e seus processos 
Podemos dizer que o processo de alfabetização passou por quatro 
impactantes momentos, sendo eles:
1. Método de soletração ou método alfabético: teve seu início na 
Antiguidade até a Idade Média.
2. Os métodos sintéticos e analíticos: iniciaram no século XVI até a 
década de 1960.
3. A psicogênese da língua escrita, de Emilia Ferreiro e Ana 
Teberosky: década de 1960 até meados da década de 1980;
4. Conceito de alfabetização e letramento: de 1980 aos dias atuais.
Alfabetização e Letramento
11
Segundo Soares (2008):
Só recentemente passamos a enfrentar essa nova 
realidade social em que não basta sabe ler e escrever, é 
preciso também faze o uso do ler e do escrever, saber 
responder as exigências da leitura e de escrita que a 
sociedade faz continuamente – daí o surgimento do termo 
“letramento”. (SOARES, 2008, p.20)
O termo “letramento” surgiu do inglês literacy, que significa 
“alfabetização”. No entanto, sua definição aqui é um pouco mais ampla 
e não nos remete apenas à definição da alfabetização, mas também a 
outros conceitos específicos que habilitam o usuário da língua a se 
apropriar inteiramente do seu conhecimento.
E qual é a história do letramento? Você tem ideia?
O letramento tem uma história, podemos dizer, bastante breve,por 
meio de problemas crônicos da educação em que levam ao fracasso das 
escolas e à exclusão social.
Na década de 1980, muitos fatores contribuíram para influenciar 
o desenvolvimento das práticas de alfabetização relacionadas com o 
emprego da escrita e suas situações complexas. O que mais marcou 
essa época foram as práticas naturais, que possuem grande influência de 
Paulo Freire, no sentido da escrita como forma de expressão. Entretanto 
elas não foram muito claraa para alguns alunos.
Depois disso, a ideia de que a prática da leitura se dava depois da 
alfabetização acabou mudando, pois acreditava-se que a prática da leitura 
pudesse também ocorrer antes da alfabetização. Nesse pressuposto, muitos 
alunos poderiam ser capazes de fazer o reconhecimento no sentido da escrita 
antes mesmo de estar na escola, por meio de sua experiência pessoal. Outros 
poderiam não ter a experiência da escrita em seu cotidiano. Então, para essas 
pessoas, houve a necessidade de pensar que a alfabetização precisava 
passar por uma evolução, deveria se tornar um processo de descoberta, de 
uma cultura, em que a escrita realmente faria total sentido.
Desse questionamento, tomado pela conscientização escolar quanto 
à necessidade de uma combinação entre práticas da escrita a processos de 
integração com a cultura escrita, surge a definição de letramento.
Alfabetização e Letramento
12
SAIBA MAIS:
Sabemos que os métodos naturais, também denominados 
de “estudos culturais”, ainda ocupam um espaço bastante 
importante nas práticas de alfabetização. Sugerimos que 
você faça a leitura do texto “Histórias infantis e aquisição da 
escrita”, de Vera Simões, disponível aqui .
A psicogênese – parte I
Você já deve ter se deparado com esse assunto e suas autoras. 
Essa teoria foi o marco de um processo mental da língua escrita, pois, 
antes disso, o processo de aquisição era mais mecânico e metódico.
Acreditamos que essa teoria foi um divisor de águas, pois consiste 
em fazer formulações para explicar o processo mental por meio do qual a 
criança faz a construção da sua escrita.
Mas o que seria a construção da escrita, afinal?
Segundo Godoy e Senna (2013):
Construir a escrita significa desenvolver certo 
conhecimento que proporcione ao indivíduo:
a. Discriminar os grafemas;
b. Empregá-los na produção e na leitura de textos escritos 
que atendam aos princípios de uso variáveis conforme 
cada um dos tipos de gêneros empregados em dada 
sociedade. (GODOY; SENNA, 2013, p.211)
Os autores ainda afirmam que devemos atentar também para o 
uso dos gêneros textuais, como poesia, narrativa, drama etc. Ou seja, o 
indivíduo deve ter domínio de todos esses conceitos para que possa ser 
considerado um indivíduo letrado.
Não podemos deixar de citar também que, nos dias de hoje, 
existem outras formas de comunicação escrita, como blogs, e-mails 
etc. Os gêneros textuais também se encontram nos quadrinhos, jornais, 
diários, bilhetes e em contos. É o que podemos perceber na concepção 
de Godoy e Senna (2013):
Alfabetização e Letramento
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000100004
13
A noção de gênero textual implica uma gama de fatores 
que em muito transcendem os limites da alfabetização 
em seu sentido tradicional, relacionado à construção do 
código escrito.
[...] Assim, a noção de alfabetizar passa a ser compreendida 
como promover a integração do indivíduo às diversas 
práticas sociais de escrita.
[...] Então, não bastava mais a um trabalhador saber assinar 
o nome, simplesmente. Não bastava mais uma educação 
que resumisse a adestrar pessoas para trabalharem em 
linhas de produção. (GODOY; SENNA, 2013, p.212-213)
A psicogênese ganhou, então, olhar de diversos países para que a 
educação fosse algo comum a todos e que não limitasse os conhecimentos 
do indivíduo, mas que fosse capaz de uma gama de conhecimentos e 
que pudesse desenvolvê-los de forma prática e adequada.
SAIBA MAIS:
Na obra de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, foram 
apresentadas críticas severas quanto ao caráter mecanicista 
do emprego da cartilha no processo de alfabetização. 
Além disso, há também, no uso da cartilha, uma intenção 
ideológica apresentada no texto “Aprender a ler entre 
cartilhas: civilidade, civilização e civismo pelas lentes do 
livro didático”, de Cartola Boto, disponível aqui ,
Faremos um aprofundamento sobre as etapas da construção da língua 
escrita sob o foco da psicogênese mais para frente. Inicialmente, queremos 
que você faça a compreensão dos “porquês” de acontecimentos que 
culminaram nessa mudança tão significativa no processo de alfabetização.
REFLITA:
Na sua opinião, quais foram as contribuições dos métodos 
naturais nas práticas de alfabetização?
Alfabetização e Letramento
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022004000300009&script=sci_abstract&tlng=es
14
A psicogênese - parte II
Vamos agora estudar a segunda parte da psicogênese da língua 
escrita. Podemos dizer que essa teoria de cunho construtivista é dividida 
em quatro etapas:
1. Etapa pré-silábica: é empregado, nessa etapa, o uso de grafismos 
que não estão associados aos grafemas do sistema alfabético. É 
dividida em duas fases. A primeira fase são os traços metonímicos 
(quando há um desenho com similaridades com o que é 
representado); e a segunda fase apresenta a relação entre a forma 
gráfica e o que representa.
2. Etapa silábica: dá-se quando há o descobrimento da forma dos 
sinais do sistema alfabético, porém utilizados por grafemas em 
que uma letra representa um conjunto de grafemas:
Exemplo:
A letra “p” por “pé”.
3. Etapa silábico-alfabética: nesse ponto, a escrita tem uma 
significativa evolução, porém podem ocorrer algumas marcas da 
fala na escrita:
Exemplo: “tanbein” por “também”.
“prasco” como “plástico”.
4. Etapa alfabética: a escrita agora passa a ser representação da fala, 
e sua forma passa a ser regrada pela ortografia.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter 
compreendido como identificar tópicos importantes acerca 
das intenções de alfabetizar o indivíduo na sua totalidade.
Alfabetização e Letramento
15
Novas perspectivas no processo de 
aquisição da língua escrita
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de interpretar os 
novos pontos de vista no processo de ensino-aprendizagem 
e na aquisição de leitura e de escrita. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Um dos motivos que impulsionou uma nova concepção de 
alfabetização foi a evidência do fracasso escolar que vem sendo revelado 
por avaliações estaduais, nacionais e até mesmo internacionais no nível da 
linguagem escrita pelos alunos do ensino básico. Outro fator importante 
foi decorrente das mudanças teóricas e de conceitos sob um novo olhar 
das ciências psicológicas e linguísticas.
A pesquisadora Magda Soares denomina que essas divergências 
nos remetem a alguns questionamentos, como, por exemplo, “o que 
funciona na alfabetização?”. Sugere, ainda, que, em torno dessa crise 
educacional, também existem algumas discordâncias que deveriam ser 
estudadas. Em primeiro lugar, a ideia do que se ensina; e a segunda, 
referente ao método que é utilizado, pois devemos, além de saber o que 
ensinar, também saber como ensinar.
Existe uma separação distinta no que se refere à plena inserção da 
língua escrita e que pode ser dividida em algumas dimensões. É o que 
sugere Soares (2003):
A plena inserção no mundo da escrita, pelo exercício 
competente da leitura e da escrita, envolve pelo menos 
três complexas dimensões que se articulam e se 
complementam: uma dimensão linguística,- a conversão 
da oralidade em escrita; uma dimensão cognitiva-, as 
atividades da mente em interação tanto com o sistema 
de escrita, no processode aquisição do código, quanto 
com o texto em sua integridade, no processo de produção 
de significado e sentido; e uma dimensão sociocultural- 
a adequação das atividades de leitura e escrita aos 
Alfabetização e Letramento
16
diferentes eventos e práticas em que essas atividades são 
exercidas. (SOARES, 2003, p.133)
Compreendemos, então, que esse processo é subdividido em três 
partes:
1. Linguística.
2. Cognitiva.
3. Sociocultural.
Por esse motivo, há uma complexidade, pois cada “dimensão” 
complementa a outra, e não se pode ter uma totalidade de resultados 
sem que as três estejam inteiramente desenvolvidas.
O quê e como se ensina? (para que se 
ensina?)
Faremos uma nova reflexão sobre a sua experiência no processo de 
alfabetização. Você se lembra quais foram os métodos utilizados por sua 
professora para alfabetizá-lo?
O que funciona na alfabetização?
Por um lado, podemos dizer que o que funciona é o ensino sistemático 
da língua escrita; por outro lado, o que funciona na alfabetização é o 
desenvolvimento da compreensão de textos, que a criança adquire 
progressivamente. Existe ainda uma terceira questão que seria a junção 
desses processos.
Soares (2003) assim explica:
sustentam que a aprendizagem da língua escrita deve 
envolver, de forma simultânea e integrada, a apropriação 
da tecnologia da escrita- essencialmente, do sistema 
de relações fonema-grafema -, a leitura compreensiva 
e a produção de textos de diferentes gêneros, e os usos 
da escrita em experiências reais de leitura e de escrita. 
[...] Nessa perspectiva, o que funciona na alfabetização 
seria o ensino integrado das múltiplas dimensões da 
aprendizagem da língua escrita. (SOARES, 2003, p.133-134)
Alfabetização e Letramento
17
Portanto, o questionamento sobre o que funciona na alfabetização 
deve ser repensado com base nas seguintes indagações:
O que funciona? = para quê?
1. Para que o indivíduo seja capaz de fazer a codificação e 
decodificação da linguagem escrita.
2. Para que a escrita tenha sentido para a criança e para que ela 
possa desenvolver suas habilidades nesse processo.
3. Para que a criança possa estar inserida no mundo da escrita em 
todos os seus aspectos culturais.
O alfabetismo
O conceito de alfabetismo pode até causar estranheza, pois é muito 
comum ouvirmos o contrário dessa palavra, que seria o analfabetismo. 
Mas qual é o significado dessa palavra então?
DEFINIÇÃO:
Em seu conceito literal, no dicionário, a definição de 
“alfabetismo” é O estado ou condição das pessoas que 
foram alfabetizadas, que receberam instrução formal ou 
sabem ler e escrever. (DICIO, 2022)
Seguindo essa definição, o analfabeto, então, é aquele que não 
sabe ler nem escrever; já o alfabetizado é aquele que aprendeu a ler e a 
escrever. 
Vivemos em uma época que não basta apenas saber ler e escrever, 
mas deve-se ter o domínio e saber fazer o uso adequado dessas 
habilidades. Segundo Magda Soares, podemos separar em dois grandes 
grupos o desenvolvimento do alfabetismo. A pesquisadora chamou esses 
grupos de dimensões:
1. Dimensão individual: o alfabetismo é visto como uma atribuição 
individual e pessoal.
Alfabetização e Letramento
18
2. Dimensão social: o alfabetismo é visto como algo cultural e que se 
refere a um “conjunto de atividades sociais” que podem envolver 
a linguagem escrita.
A ideia é que a leitura e a escrita são habilidades totalmente 
distintas, embora façam parte de um mesmo processo. É o que podemos 
ver na reflexão de Soares (2003):
[...] a leitura e as habilidades e os conhecimentos que 
constituem a escrita são radicalmente diferentes, 
como também são consideravelmente diferentes os 
processos de aprendizagem da leitura e os processos de 
aprendizagem da escrita.
[...] – pode saber ler sem saber escrever. Pode ser um leitor 
fluente e um mau escritor. (SOARES, 2003, p.152)
A autora afirma que as habilidades de leitura e escrita ocorrem de 
formas diferentes e também devem ser utilizadas de maneiras diferentes. 
Portanto, o alfabetismo em sua dimensão individual deve ser visto como 
um conjunto de práticas sociais com associação à leitura e escrita e que 
devem ser exercidas efetivamente em um contexto social.
Scribner (1984) define o alfabetismo funcional como algo de muita 
importância para nossa sobrevivência:
A necessidade de habilidade de alfabetismo na vida 
cotidiana é óbvia; no trabalho, dirigindo na cidade, 
comprando em supermercados, todos nós encontramos 
situações que demandam leitura ou produção de 
símbolos escritos. Não é preciso justificar a insistência na 
obrigação que têm as escolas de desenvolver nas crianças 
habilidades de alfabetismo que as tornem capazes de 
responder a essas demandas em situações da vida 
cotidiana. Programas de educação básica têm a mesma 
obrigação de desenvolver em adultos as habilidades 
que precisam ter para obter trabalho progredir nele, para 
receber o treinamento e os benefícios a que têm direito 
e assumir suas responsabilidades cívicas e políticas. 
(SCRIBNER, 184, p.9)
Alfabetização e Letramento
19
O alfabetismo e suas perspectivas
Há inúmeras perspectivas metodológicas e teóricas no que diz 
respeito a esse fenômeno e, por se tratar de um assunto multifacetado, 
Magda Soares subdividiu essas perspectivas, sem esquecer da dimensão 
individual e social:
1. Perspectiva histórica: que faz investigação da história do sistema 
da escrita, entre outros temas.
2. Perspectiva antropológica: estudo dos processos de aquisição da 
escrita em diferentes culturas e tradições.
3. Perspectiva sociológica: que tem a leitura e a escrita como práticas 
sociais.
4. Perspectiva psicológica e psicolinguística: que investiga as 
diferentes estruturações do pensamento, os processos cognitivos 
e a neuropsicologia da leitura e escrita.
5. Perspectiva sociolinguística: as relações entre leitura e escrita em 
seus diversos contextos culturais e linguísticos.
6. Perspectiva linguística: que envolve o sistema fonológico da língua 
e seu sistema ortográfico, as diferenças morfossintáticas e lexicais 
da língua.
7. Perspectiva discursiva: tem como objetivo a teoria do discurso.
8. Perspectiva textual: estuda as diferenças entre o texto escrito e o 
texto oral, assim também como a coesão e coerência.
9. Perspectiva literária: características orais em diversos tipos de 
textos dentro das literaturas.
10. Perspectiva educacional ou pedagógica: implica a construção 
e a investigação de condições institucionais, dos processos 
metodológicos e didáticos.
11. Perspectiva política: faz uma análise sobre programas que 
promovem a promoção do alfabetismo em sua totalidade.
Alfabetização e Letramento
20
Nas palavras de Gnerre (1985), podemos concluir os estudos do 
alfabetismo sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas:
Podemos dizer que o campo de estudos da escrita, como 
foi constituído nas últimas décadas, é um cruzamento 
estimulante das principais áreas de categorização das 
atividades intelectuais tradicionais do pensamento 
ocidental, tais como a História, a Linguística, a Sociologia, 
a Educação, a Antropologia e a Psicologia. Por essa razão, 
alcançar uma boa compreensão da série de fatos e de 
ideias que são relevantes para o campo de estudos da 
escrita é uma façanha complexa. (GENERRE, 1985, p.28)
SAIBA MAIS:
O texto da BBC remete à problematização sobre o 
analfabetismo funcional e como se dá sua influência em 
relação às redes sociais em nosso país. Vale muito a pena 
você fazer essa leitura. Acesse aqui .
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter 
compreendido como interpretar os novos pontos de vista 
no processo de ensino-aprendizagem e na aquisição de 
leitura e de escrita.
Alfabetização e Letramento
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-4617795721
Concepções empiristas e 
socioconstrutivistas
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de 
entender interpretar as concepções empiristas e as 
sociointeracionistas e compreender os impactos delas no 
ambiente educacional. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Estudaremos agora, duas abordagens bastante significativas que 
influenciaram e ainda influenciam o ambiente educacional. É certo que 
existem outras abordagens e que foram também muito impactantes no 
desenvolvimento educativo, porém as concepções que citaremos tiveram 
um impacto maior.
O empirismo
O termo foi introduzido pelo filósofo britânico John Locke (1632-1704) 
e significa “experiência” em nossa língua. A teoria empirista afirma que todo 
o conhecimento se origina de uma experiência. Embora todas as pessoas 
nasçam com capacidades para o aprendizado, elas precisam das experiências 
de vida para que possam se desenvolver. Para os empiristas, o indivíduo 
recebe as informações do conhecimento por meio de suas experiências 
enquanto esse processo passa a ser um hábito na vida da pessoa.
A ideia empirista é como se todo o conhecimento fosse absorvido 
como uma esponja que retém líquido e na qual as informações são 
fixadas e acumuladas. Pela primeira vez, a mente humana passa a ser 
descrita como uma “tábula rasa” que pode ser dirigida de acordo com as 
experiências vividas e “absorvidas”.
Outros filósofos, em meados dos séculos XVI e XVII, também foram 
adeptos ao empirismo. Entre eles, podemos citar Francis Bacon (1561-
1626) e Thomas Hobbes (1588-1679). Do ponto de vista empirista, a escola 
Alfabetização e Letramento
22
era responsável por formar o indivíduo e por fazê-lo capaz de julgar, 
conhecer e agir de acordo com discernimento entre o certo e o errado.
Ainda hoje, muitas concepções empiristas se encontram em nossas 
escolas, com a ideia de que o aluno deve simplesmente receber as 
informações sem fazer interação com o objeto de estudo. O conhecimento 
é um artefato somente do professor, como forma de produto, ou seja, só 
o professor possui esse conhecimento, e o aluno deve apenas recebê-lo.
Os empiristas sustentam que o conhecimento é fator exteriorizado, 
e o professor o detém. O principal método empirista é por meio da cópia 
e também da memorização.
REFLITA:
Sobre essa abordagem, procure lembrar os métodos 
empiristas que muitos professores utilizaram (e ainda 
utilizam) na sala de aula. Você nunca teve um professor que 
o fez copiar textos e textos durante a aula? Esse professor 
fez alguma interação com você? 
É muito provável que muitos de vocês já tenham passado por 
situações muito parecidas. Lembre-se de que não estamos julgando 
qualquer método utilizado, apenas fazendo uma comparação entre a 
teoria e o real. Quando o professor passa um texto e pede que o aluno 
faça uma cópia dele, a intenção não é que o aluno seja um sujeito ativo 
nesse processo. Muito pelo contrário. Como sujeito passivo, o aluno faz a 
cópia e as atividades propostas pelo docente. É um método mecanizado.
O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) também já tinha preconizado 
essa teoria e fez críticas severas contra o inatismo, pois acreditava que o 
ser adquiria seus conhecimentos em sua prática, até que isso poderia se 
tornar um hábito. Causou, sem dúvida, uma revolução na ciência, pois foi 
a partir dele que surgiu a metodologia científica.
Alfabetização e Letramento
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O socioconstrutivismo
A teoria socioconstrutivista foi calcada no trabalho de Levy Vygotsky 
e é também conhecida como psicologia de aprendizagem. Essa teoria 
define que o conhecimento é fruto de uma construção social dada pela 
interação com os indivíduos, ou seja, para que exista um conhecimento, 
também deve existir uma interação com o meio em que a criança está 
inserida.
A teoria de Vygotsky afirma que a criança, desde o nascimento, é 
envolvida em hábitos, gestos, linguagens e tradições, pois esses fatores 
favorecem seu desenvolvimento. Para os construtivistas, a linguagem é 
fundamental e é considerada como um poderoso artefato cultural, capaz 
de modificar todo o desenvolvimento.
O indivíduo, então, aprende na interação com o seu meio, ouvindo 
e observando o que as pessoas fazem, e não somente na exploração do 
ambiente. 
Vygotsky sugere que existem algumas linguagens simbólicas, 
como a linguagem matemática, bastante significante nessa teoria. Enfoca 
a importância da cultura no desenvolvimento da criança e sua importância 
na aquisição da linguagem, pois é por meio dela que o indivíduo faz a 
apropriação do mundo, e ele só faz isso por meio da interação.
O modelo socioconstrutivista é mais amplo que o modelo 
construtivista, cujo precursor foi Jean Piaget. Porém, tanto construtivistas 
quanto sociointeracionistas afirmam que a criança deve ter o papel de 
ativo, e falam da importância de os alunos trabalharem e discutirem juntos 
por meio de debates e discussões em grupo. Assim, cada participante 
pode expressar suas ideias e opiniões. Essa prática faz com que os 
alunos possam refletir sobre as opiniões alheias e também compreender 
as atividades que são propostas. Nessa teoria, a criança é coautora do 
processo do seu conhecimento.
Alfabetização e Letramento
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Piaget e Vygotsky
Ambos os teóricos possuem suas similaridades e também 
diferenças. Analise o quadro abaixo quanto às principais características 
dos dois teóricos:
Quadro 1 – Piaget e Vygotsky
JEAN PIAGET LEVY VYGOTSKY
Período 1896-1980 1897-1934
Palavras-
chave
Construção do 
conhecimento
Interação social
Principais 
conceitos
Aprendizagem 
por assimilação/
acomodação/esquema/
equilibração e estágios do 
desenvolvimento
Aprendizagem pela 
interação social. 
Mediação simbólica por 
meio de instrumentos 
e signos e ZDP (Zona 
de Desenvolvimento 
Proximal)
Relação 
da 
criança 
com o 
mundo
É feita por conhecimentos 
prévios/por adaptação
É feita como 
um processo de 
socialização na sua 
relação com o mundo
Papel do 
professor 
e da 
escola
O papel é fazer com que 
os conhecimentos prévios 
sejam desequilibrados pelo 
professor
Fazer a intervenção 
na ZPD, ajudá-lo na 
distância entre o que ele 
sabe e o que não sabe
O aluno e 
seu perfil
O aluno é participativo, coautor dos seus 
conhecimentos, tornando-se, também, questionador.
 Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
Alfabetização e Letramento
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter 
compreendido como interpretar as concepções empiristas 
e as sociointeracionistas e compreender os impactos delas 
no ambiente educacional.
Alfabetização e Letramento
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Estratégias de leitura - Alfabetização
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
aplicar as principais estratégias de leitura com as crianças 
no processo de alfabetização. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Estudamos anteriormente que a leitura deve ser um hábito diário 
para a criança e que ela deve estar familiarizada com essa prática antes 
mesmo de ingressar no ambiente escolar. A leitura é, portanto, uma 
prática cultural que se passa de pais para filhos. Quanto maior o contato 
com os objetos de leitura sejam livros ou periódicos, maior também será 
o processo motivador.
Como você pode notar, não se pode querer, então, que aconteçam 
milagres dentro da sala de aula com crianças que não tiveram acesso à 
leitura. O professor pode estimular e aguçar a curiosidade para a prática 
da leitura, porém deve ter em mente que nem sempre a criança se sentirá 
estimulada logo no início de sua tentativa.
Como podemos, então, promover um ambiente favorável em que 
as crianças se sintam motivadas a iniciar essa prática? O que você utilizaria 
para promover essa interação entre seualuno e o livro?
Vamos pensar em algumas estratégias que podem estimular o 
gosto pela leitura para os seus alunos. Seguem algumas estratégias que 
foram pensadas e desenvolvidas justamente em situações como essa, 
porque encontrar crianças que são estimuladas antes da alfabetização 
para a leitura, infelizmente, em nosso país, não é muito costumeiro.
Ofereça um ambiente motivador
Lembra que vários teóricos disseram que a criança deve estar 
exposta a um ambiente educacional que seja estimulante para o seu 
desenvolvimento cognitivo? É exatamente essa a ideia, fazer com que a 
criança “entre” em um mundo diferente do que ela está acostumada.
Alfabetização e Letramento
27
Podemos estimular a leitura antes mesmo de iniciarmos o processo 
de alfabetização na criança por meio de diversos recursos:
a. Decoração da sala de aula: faça uma decoração simples na sala 
de aula com os personagens que quer apresentar para as crianças. 
Seja criativo, tenha em mente que a criança nessa fase é muito 
curiosa, e figuras e cores com certeza promoverão uma interação 
maior.
b. Conte pequenos contos: uma forma muito rica de estimular a 
prática da leitura é a contação de histórias. Procure escolher 
histórias curtas, pois, nessa idade, as crianças se dispersam com 
muita facilidade. O objetivo é que as crianças prestem atenção 
à história para que, depois, você possa trabalhar com elas sobre 
esse assunto.
c. Você pode utilizar marionetes ou até mesmo se vestir 
apropriadamente para a contação da sua história, pois é uma 
forma de chamar a atenção dos pequenos.
d. Não deixe que o conto fique esquecido: utilize a sua história para 
realizar atividades com as crianças. Quanto maior for o contato 
com a história, maior também será o estímulo.
e. Utilize contos novos: uma dica importante é a ideia de contar novas 
histórias para os pequenos, algo que eles ainda não conheçam. É 
claro que você pode utilizar de contos conhecidos, porém a ideia 
é que você também apresente uma diversidade de temas.
f. Faça da leitura uma aula de educação: existem muitas histórias 
que também promovem o exercício da cidadania, do respeito ao 
próximo e às diversidades. Lembre-se de que as crianças estão em 
uma fase de descobertas e quanto mais elas tiverem o exercício 
do respeito, dos bons costumes, do amor em suas vidas, haverá 
mais chances de que elas se tornem crianças mais saudáveis e 
educadas.
Alfabetização e Letramento
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A leitura em grupo
Lembre-se de que o processo de leitura deve acontecer até mesmo 
antes da alfabetização, e a leitura em grupo é uma ferramenta riquíssima 
para o professor, seja com turmas não alfabetizadas, no processo de 
alfabetização ou já totalmente alfabetizadas.
O objetivo é que a história seja apresentada para todos eles e que 
os pequenos possam interagir com ela, indagando, fazendo diversos 
questionamentos. Mas como fazer uma leitura em grupo com crianças 
que ainda não são alfabetizadas?
Caro professor, o céu é o limite. Você pode utilizar diversos recursos 
para esse processo, sem esquecer que o objetivo é que todas as crianças 
tenham acesso à história e se apropriem dela.
Participei de uma contação de histórias muito interessante. Fui 
convidada a assistir à aula da professora no 1º ano do ensino fundamental. 
Muitas crianças ainda não eram alfabetizadas, porém a professora utilizou 
algumas práticas que fizeram toda a diferença. A mestra utilizou dois 
exemplares do livro que estava sendo trabalhado, assim um exemplar 
ficava com ela, e o outro, com as crianças. Colocou seus alunos em 
círculo, todos sentados no chão. Enquanto ela contava a história, o livro 
de leitura passava de aluno para aluno e, de vez em quando, ela parava a 
leitura para socializar com os pequenos. Eles interagiam com a história e 
acabavam contanto à professora experiências parecidas no seu cotidiano. 
No final da história, todos estavam motivados e fizeram diversas atividades 
sobre ela. A história não durou 10 minutos.
Já com crianças no processo de alfabetização, o processo pode 
ser um pouco mais simples, pois cada aluno pode ler uma frase do texto 
proposto.
Sabemos que existem inúmeras maneiras de fazer leitura em grupo 
com os seus alunos. Nesse processo, é muito importante que eles possam 
fazer a interação com a história, como que já podem fazer a compreensão 
do texto oralmente.
Alfabetização e Letramento
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Gêneros para a leitura
Os gêneros estabelecem uma relação com a leitura de acordo com 
a idade e formação de cada criança. Destacaremos os principais que você 
pode utilizar em sala de aula:
a. Abecedários: logo no início do processo de alfabetização, a criança 
é estimulada a reconhecer as letras e os sons. Os abecedários são 
muito significativos nesse processo porque, além de explorar a 
sonoridade das letras, também facilitam o reconhecimento das 
palavras, podendo tornar a leitura prazerosa.
b. Contos de fadas: essas histórias tão antigas acabam fazendo parte 
da nossa cultura e passam de pais para filhos. Qual é a criança 
que não conhece a história da Branca de Neve e dos sete anões, 
por exemplo? Essas histórias podem estimular o gosto pela leitura, 
além de estimular o mundo simbólico nos pequenos.
c. Contos de acumulação: muito usados em leitura em voz alta. 
Nesse tipo de história, o enredo sempre se repete com novos 
personagens e que têm sempre uma necessidade de resolver 
problemas. Essa é uma prática muito útil para a memorização e, 
por ser de fácil assimilação, as crianças percebem os elementos 
que se repetem e acabam por fazer uma antecipação sobre o que 
vai acontecer, interagindo com a história.
Exemplo: A casa sonolenta, de Audrey Wood.
d. Contos de repetição: o tipo de história em que predomina a 
repetição das palavras e também de algumas expressões, além 
de serem histórias fáceis de memorizar. 
Exemplo: Tanto, tanto, de Trish Cooke.
e. Cantigas e parlendas: esses textos têm muita sonoridade e ritmos 
e chamam a atenção das crianças para a sonoridade das palavras. 
As cantigas e parlendas fazem parte de nossa cultura patrimonial 
e também podem aproximar pais e filhos ao relembrarem e 
compartilharem ideias e brincadeiras que realizaram no passado.
Alfabetização e Letramento
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EXEMPLO:
Exemplo de uma parlenda:
Hoje é domingo, pede cachimbo.
O cachimbo é de ouro, bate no touro.
O touro é valente, bate na gente.
A gente é fraco, cai no buraco.
O buraco é fundo, acabou-se o mundo!
Exemplo de uma cantiga:
Atirei o pau no gato, tô
Mas o gato, tô
Não morreu, reu, reu
Dona Chica, cá cá
Admirou-se se
Do berro, do berro, que o gato deu: Miau!
f. Poemas: quando as crianças descobrem o jogo de palavras e 
começam a pensar sobre seus sons e significados, descobrem um 
mundo novo. E nada mais instigante do que os poemas que elas 
podem ler e também recitar.
Exemplo: 
“Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
Alfabetização e Letramento
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É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
RESUMINDO:
Fizemos grandes reflexões sobre o cotidiano dentro da sala 
de aula e sobre as perspectivas que nos traz a questão do 
letramento nos dias de hoje. É fato que essa “necessidade” 
de fazer com que o indivíduo seja não somente capaz 
de ler e escrever, mas de dominar todos os aspectos 
de leitura e escrita no seu meio social veio de diversos 
questionamentos e também do fracasso educacional.
Em nossa realidade, aindapersistem esses problemas, pois 
é muito comum muitas crianças ingressarem no próximo 
ano escolar sem adquirir as habilidades de leitura e escrita. 
E por que esse fracasso ainda persiste? O que precisa ser 
mudado? Há muito o que ser mudado e repensado sobre o 
sistema educacional atual, sobre isso não há contestação!
Os métodos existem para nos indicar um caminho, porém 
não são milagrosos. Acreditamos que existam muitos 
métodos que são bastante significativos, e outros que 
nem tanto. Os tempos são outros, estamos na era da 
globalização, do acesso rápido à comunicação. Precisamos 
nos reciclar e também nos atualizar!
Alfabetização e Letramento
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RESUMINDO:
A psicogênese da língua escrita foi introduzida em 
nosso ambiente educativo para mudar os parâmetros 
tradicionais, proporcionando uma oportunidade nova para 
o indivíduo em sua fase de conhecimento (seja externo 
ou interno). Embora, depois de tanto tempo, existem ainda 
muitos questionamentos sobre essa prática que precisa 
ser estudada novamente, analisada e, quem sabe, até 
mesmo adaptada em nossas escolas. Já vimos que muitos 
docentes acabam por optar pelos métodos tradicionais 
porque desconhecem e não possuem domínio para outras 
práticas! É hora de mudar, e temos urgência nisso!
O conceito de letramento nos trouxe uma ideia muito mais 
ampla sobre as etapas de alfabetização, e ele faz parte 
desse processo, além de ser tão importante quanto o 
simples ato de saber ler e escrever.
Sob as novas perspectivas no processo de aquisição da 
leitura e da escrita, devemos ter em mente que o mais 
importante, além de fazer o questionamento sobre o que 
ensinar, é questionar para que ensinar.
Essa aquisição não se dá por apenas um único fator, mas 
pelos fatores linguístico, cognitivo e sociocultural. Não 
podemos dissociá-los, pois fazem parte de um mesmo 
processo.
Alfabetização e Letramento
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RESUMINDO:
E o alfabetismo? Qual é a importância desse conceito? 
Tanto alfabetismo como analfabetismo possuem suas 
características e suas dimensões individuais e sociais.
Estudamos as ideias empiristas segundo as quais o 
conhecimento é adquirido por meio da experiência e a 
criança nasce desprovida de qualquer conhecimento 
prévio, é uma tábula rasa que, com ao passar dos anos, 
vai absorvendo todo o conhecimento que é imposto a ela. 
Diferente é o que pensava Vygotsky em sua abordagem 
socioconstrutivista, em que admite que as crianças fazem 
a aquisição da linguagem por meio da interação com o seu 
meio social.
Por fim, as estratégias de leitura que fazem tanta diferença 
em nossa prática como educadores e que podemos aplicar 
dentro e fora da sala de aula, seja com os nossos filhos ou 
nossos alunos.
Em meio a tanta riqueza de informações, convido você a 
procurar ainda mais. Faça pesquisas sobre o assunto, leia 
livros e artigos científicos! Faça a interação com os seus 
colegas, crie grupos de estudos. 
Precisamos de profissionais que estejam dispostos a ser e 
fazer a diferença!
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REFERÊNCIAS
ALFABETISMO. In: Dicio. Dicionário online de português. Porto: 
7Graus, 2022. Disponível em: https://www.dicio.com.br/alfabetismo/. 
Acesso em: 27 jun. 2022.
 CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 
1994.
COMENIUS, J. A. Didática Magna: tratado da arte universal de 
ensinar tudo a todos. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 
1984.
SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 
2003.
VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
Alfabetização e Letramento
 https://www.dicio.com.br/alfabetismo/

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