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CopySpider-report-20221128

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Relatório do Software Anti-plágio CopySpider 
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Instruções 
Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo
de entrada com um documento encontrado na internet (para "Busca em arquivos da internet") ou do
arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador (para "Pesquisa em arquivos locais"). A
quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo
comparados. Quanto maior a quantidade de termos comuns, maior a similaridade entre os arquivos. É
importante destacar que o limite de 3% representa uma estatística de semelhança e não um "índice de
plágio". Por exemplo, documentos que citam de forma direta (transcrição) outros documentos, podem ter
uma similaridade maior do que 3% e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio. Há sempre a
necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou
não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências
bibliográficas. Para cada par de arquivos, apresenta-se uma comparação dos termos semelhantes, os
quais aparecem em vermelho.
Veja também:
Analisando o resultado do CopySpider 
Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio?
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Arquivos Termos comuns Similaridade
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102 1,10
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atualidade
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ireito_Aprovado_09_02_2015
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and-the-principle-of-inherited-culpability
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Culpability and Liability of Accomplices.aspx
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5/section-18-1-503.5
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de-estupro-reflexoes-no-contexto-da-criminologia
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os/722418604/autor-de-estupro-reflexoes-
no-contexto-da-criminologia
https://townofrangely.colorado.gov/principles-culpability-and-
responsibilities-308
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Arquivo 1: TCC Gabriela Santos corrigido ofc.docx (4995 termos)
Arquivo 2: https://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/tcc_-_acoes_possessorias.pdf (4329 termos)
Termos comuns: 102
Similaridade: 1,10%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC Gabriela Santos corrigido ofc.docx (4995 termos)
 Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/tcc_-_acoes_possessorias.pdf (4329 termos)
 
=================================================================================
 UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNIT 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA CO-CULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Costa dos Santos 
Prof. M.e Júlio César do Nascimento Rabêlo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2022
O PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?
UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.
 
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Aprovado(a) em ____ / ____ / ____.
 
Banca Examinadora 
 
 
 
_____________________________________________________
Júlio César do Nascimento Rabêlo 
Professor Orientador 
Universidade Tiradentes 
 
 
_____________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
Universidade Tiradentes 
 
 
_____________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
Universidade Tiradentes 
 
 
O PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
THE PRINCIPLE OF CO-GULPABILITY AND ITS APPLICATION IN THE BRAZILIAN CRIMINAL SYSTEM 
Resumo:
 Este estudo tem por objetivo primordial abordar a temática do Princípio da Coculpabilidade e sua 
aplicação no Direito Penal Brasileiro. Dar prioridade aos valores trazidos na atual Constituição está entre 
as principais finalidades do Estado Democrático de Direito brasileiro. Existem reflexos claros no âmbito 
social de que uma revisão geral e melhorias nesse quesito são de extrema necessidade, uma vez que tal 
ineficiência do Estado em oferecer, a sua própria população, condições minimamente cabíveis para se 
obter uma vida digna tende a criar no íntimo de cada indivíduo certa vulnerabilidade para a tentativa de 
crimes. Um dos pontos será a busca pela explicação da problemática do crescimento da criminalidade 
como causa da ?inércia? Estatal. O estudo teve como objetivo demonstrar que o crime é um fato social e 
que pode ser destrinchado, em uma boa parcela dos casos, pela ineficácia do ente estatal. A conclusão 
obtida a partir deste trabalho se desenvolve no sentido de colocar em pauta a concretização do princípio 
da coculpabilidade por meio de sua positivação no Diploma Penal brasileiro. 
Palavras-chave: Coculpabilidade; Garantias Fundamentais; Ineficácia Estatal. Positivação; Vulnerabilidade 
Abstract:
The primaryobjective of this study is to address the theme of the Principle of Co-culpability and its 
application in Brazilian Criminal Law. Giving priority to the values ??brought in the current Constitution is 
among the main purposes of the Brazilian Democratic State. There are clear reflections in the social sphere
 that a general review and improvements in this regard are extremely necessary, since such inefficiency of 
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the State in offering its own population minimally adequate conditions to obtain a dignified life tends to 
create within each individual a certain vulnerability to attempted crimes. One of the points will be the search
 for an explanation of the problem of the growth of criminality as a cause of State ?inertia?. The study 
aimed to demonstrate that crime is a social fact and that it can be unraveled, in a good number of cases, by
 the ineffectiveness of the state entity. The conclusion obtained from this work is developed in the sense of 
putting on the agenda the implementation of the principle of co-culpability through its positivization in the 
Brazilian Penal Diploma.
 
Keywords: co-culpability; Fundamental Guarantees; State Inefficiency. Positivation; Vulnerability 
 
 
Introdução 
 
 O Brasil, enquanto um Estado Democrático de Direito, consagra em sua atual constituição um 
elenco de princípios que tem por finalidade principal apoiar o desenvolvimento social e econômico do país
, tendo como dever assegurar aos seus cidadãos condições de sobreviverem de forma digna, cumprindo 
com seus direitos e deveres, promovendo oportunidades de eleveção social para a população, devendo 
distribuir todos os Direitos Fundamentais de forma equilibrada entre as pessoas, realizando, com isso, a 
tão desejada justiça social.
 No entanto, o que se enxerga no atual cenário é um Estado que se mostra incompetente no que 
diz respeito a satisfazer as necessidades mais importantes da população, tais como a efetivação de 
políticas sociais de inclusão, investimento nos setores de saúde, ensino, moradia, saneamento básico,
criação de novos postos de trabalho.
 Desta forma, o Estado brasileiro revela-se sendo, de forma até exacerbada, omisso,
menosprezando um dever constitucional, tornando-se, logo, responsável pelas consequências de sua 
inoperância. Essa falta de cumprimento com sua obrigação quanto as Garantias Constitucionais geram 
repercussão direta em outros ramos do Direito, bem como no Direito penal onde se observa uma possível 
reformulação.
 Como mencionado na conclusão deste artigo, a justificativa mais coerente para esta pesquisa, de 
acordo com as diretrizes elencadas, é que o princípio da cumplicidade é fundamental para o estudo da 
justiça penal moderna, complexa, humana e cada vez mais justa. Afinal, o objetivo principal da pesquisa 
não é apenas o teórico, mas também as consequências práticas do direito penal na aplicação da sentença
 judicial.
 O princípio da culpa comum corresponde à ideia de partilha da responsabilidade entre o criminoso 
socialmente excluído e o Estado pelo crime, porque não promoveu as mesmas oportunidades sociais para 
todos os cidadãos que as praticam.
 Desta forma, a cumplicidade torna-se uma importante ferramenta de justiça social, quando se 
reconhece que fatores socioeconômicos influenciam o crime, indivíduos vulneráveis ??devido ao ambiente
 social marginalizado e desumanizador ao qual foram expostos ao longo de suas vidas.
 Portanto, este trabalho analisa diretamente o princípio da cumplicidade no direito penal, pelo qual é
 reconhecida a responsabilidade comum do Estado na prática de determinados crimes cometidos por 
cidadãos com menor autonomia no direito penal. considerando as importantes circunstâncias do caso 
concreto, principalmente as circunstâncias sociais e econômicas do representante.
 Quando o Estado não cumpriu suas obrigações constitucionais, como saúde e educação, o 
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princípio da culpa coletiva surge como uma caracterização do Estado como responsável por sua 
participação nas atividades criminosas de determinados excluídos socialmente.
 Como o Estado não cuidou da inclusão socioeconômica de certa parcela da população, deve arcar 
indiretamente com sua responsabilidade pelo crime junto com o autor do crime.
 É importante ressaltar que não é um equívoco que o crime seja dirigido contra o Estado, pois este 
assume parcialmente a responsabilidade pela tentativa do crime. Afinal, esse raciocínio não faria o menor 
sentido de acordo com a função jus puniendi do Estado, se o portador da pena não pudesse punir a si 
mesmo.
 Aproveitando o ensejo, se faz oportuno e até mesmo necessário expor que na confecção do 
presente trabalho de conclusão de curso, o método utilizado foi o dialético e histórico-jurídico. Na 
metodologia, foi usada a pesquisa bibliográfica, a análise de textos da internet que traziam pensamentos e
 discussões sobre o tema proposto.
 
Contexto Histórico 
 O marco histórico do princípio da cumplicidade está diretamente relacionado com a Revolução 
Francesa de 1789, que foi um movimento revolucionário da classe burguesa com os princípios ideológicos 
do Iluminismo. Essa revolução se apresentou como a principal característica da queda do estado 
absolutista, ou seja, baseado no poder absoluto dos reis e na criação de um estado liberal.
 O lema da Revolução Francesa proclamou três princípios, a saber, liberdade, igualdade e 
fraternidade, que acabaram por se manifestar no desenvolvimento dos direitos fundamentais ao longo de 
três gerações sucessivas. Nesse sentido, Paulo Bonavides revela: [...] a rigor, o lema revolucionário do 
século XVIII descrito pelo gênio político francês, que expressou todo o conteúdo possível dos direitos 
fundamentais por meio de três princípios básicos, prevendo inclusive a ordem histórica, sua gradual 
institucionalização: liberdade, igualdade e fraternidade. (BONAVIDES, 2001, p. 516)
 É mister afirmar que os chamados direitos de primeira geração, que dão sentido ao valor da 
liberdade, são direitos políticos e civis. Por definição, tais direitos pertencem ao indivíduo e são oponíveis 
ao Estado, ou seja, são limitações impostas às atividades do Estado, cujo objetivo é a proteção dos 
direitos individuais.
 Assim, trata-se de uma disposição negligente ou negativa do Estado, sempre no interesse do 
cidadão. Ele, por sua vez, torna-se titular de direitos amparados pelo Estado, que deixa de ser um simples 
sujeito. É verdade que esses direitos surgiram como resultado da Revolução Francesa de 1789. A 
segunda geração corresponde aos direitos culturais, sociais e econômicos.
 O momento histórico que os impulsiona é a revolução industrial na Europa desde o século XIX. O 
principal objetivo desses direitos é melhorar as condições de vida e de trabalho dos habitantes. Assim,
eles representam um dever nacional, um arranjo positivo para os desfavorecidos na ordem 
socioeconômica.
 Dessa forma, a culpa coletiva se apresenta como um direito de segunda geração devido ao seu 
funcionamento, ou seja, a tarefa do Estado é fornecer regulamentação positiva para garantir condições de 
vida digna para todos os cidadãos. Por fim, a terceira geração trata dos direitos fraternos.
 Além dos direitos de primeira e segunda geração, o Estado passou a proteger outros tipos de 
direitos quando surgem novas preocupações globais com mudanças na identidade internacional, como o 
crescente desenvolvimento da ciência e tecnologia.Paulo Bonavides apresenta os cinco direitos desta 
geração, nomeadamente ?o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao ambiente, o direito ao 
património comum da humanidade e o direito à comunicação?. Mencione-se ainda os direitos relacionados
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 com a defesa do consumidor, da infância e juventude, da terceira idade etc. (BONAVIDES, 2001, p. 523)
 A coculpabilidade tem previsão expressa no anteprojeto de lei que visa à reforma da Parte Geral 
do Código Penal Brasileiro? (MOURA, 2016). O anteprojeto optou pela inserção da coculpabilidade no 
artigo do Código Penal que prevê as hipóteses de circunstância judicial.
 Portanto, a previsão do princípio da coculpabilidade no Código Penal brasileiro não só é uma 
necessidade como também uma esperança possível, já que o legislador infraconstitucional estará 
promovendo a concretização de um princípio constitucional implícito. (SOARES, 2014)
 Traçar uma linha histórica acerca do princípio da coculpabilidade é de suma importância e de certa 
dificuldade, pois ele não é tratado de forma ampla pela doutrina, seja a pátria ou a estrangeira.
 Sendo apresentada originariamente ao Direito Penal Moderno por Zaffaroni, que é considerado o
?embaixador? deste princípio. Contudo, a doutrina moderna prega que este princípio surgiu com a criação 
dos Estados Liberais e das ideias iluministas, pelos ideais difundidos pelo médico Jean Paul Marat, no 
século XVIII.
 Marat entendia que apenas depois de cumpridas todas as obrigações com os seus membros,
poderá o Estado adquirir o direito de punir os que infringem suas leis. Afirma ainda, que se investigar a 
vida daqueles que cometem a criminalidade excessivamente, pode-se constatar que foram privados de 
educação. Análise possível de observar-se também na realidade atual (MATTE, 2008).
 Zaffaroni afirma que Marat acreditava que a pena mais justa seria a talionar, afirmação contrária 
aos ideais iluministas da época, porém desde que a sociedade fosse justa (ZAFFARONI, 2019).
 Esses apontamentos históricos referentes a esse princípio vêm a reforçar o conceito atual de que a
 coculpabilidade nada mais é do que o reconhecimento jurídico, social e político da quebra do contrato 
social por parte do Estado, devendo, desta feita, assumir sua inadimplência e reconhecendo sua 
corresponsabilidade, dando ensejo a uma menor reprovação do delinquente quando da aplicação e 
execução da sua pena.
 
Conceito 
 
 No experimento de definir o princípio da coculpabilidade buscando a aproximação de seu real 
alcance e sentido, é possível chegar à conclusão de que consiste a coculpabilidade no reconhecimento e 
na junção de evidências da parcela de responsabilidade que pode ser atribuída à sociedade, diante da 
prática de diversas infrações penais por indivíduos excluídos do processo de inserção social, a quem 
foram sonegadas as mínimas esperanças de uma vida digna.
 Então é simplesmente uma questão de responsabilidade, que ocorre de forma comum entre o 
criminoso e o Estado, para que a pena seja atenuada e o criminoso seja condenado quando não for 
homologado, ou seja, no momento da punição, o juiz aplica a pena reduzida quando confrontado com a 
inadequação do agente.
 Se for necessário impor uma pena, deve-se aplicá-la da forma mais justa possível, na medida de 
sua mitigação, porque é evidente a vulnerabilidade pessoal do delinquente. Deve-se notar também que o 
reconhecimento do princípio da culpa compartilhada não conduz necessariamente ao significado de 
impunidade.
 De fato, um agente que vem de um ambiente onde não havia estado e comete um crime por 
razões socioeconômicas pode sim ser punido, mas é ajustado de acordo com sua culpa de acordo com 
seus fatores sociais e sociais. condenação pessoal do crime cometido.
 Para fortalecer o entendimento apresentado, Grégore Moura explica o que entende por princípio da
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 responsabilidade solidária: O princípio da responsabilidade solidária é um princípio constitucional implícito
 que reconhece a responsabilidade solidária do Estado na prática de determinados crimes. cidadãos com 
menor autonomia sobre as circunstâncias de um caso concreto, principalmente as circunstâncias sociais e 
econômicas do representante, o que leva a uma menor reprovação social, o que acarreta consequências 
práticas não só na aplicação e execução da pena, mas também no julgamento. procedimentos criminais
(MOURA, 2016)
 O princípio da coculpabilidade defende uma situação um tanto quanto compensatória do Estado 
quando, diante da sua falha em não promover serviços públicos essenciais à maioria da população,
deverá equilibrar tal falta no momento em que a pena for aplicada.
 Além disso, o Estado não pode ser o objeto ativo do crime, que, portanto, não é capaz de cometer 
o crime, seja por dolo ou culpa, ou seja. deve-se ter cuidado para garantir que "o criminoso não se torne 
uma vítima". e o Estado como criminosos, desvirtuando a posição jurídica de ambos" (MOURA, 2016)
 Assim, o princípio da co-culpabilidade consiste em persuadir o Estado a ser indiretamente 
responsável pelo crime, e assim a culpa é compartilhada entre o autor do crime e o Estado/sociedade.
 De fato, nem todos na sociedade têm total liberdade para escolher entre atividades legais e ilegais
. Como diz Alfredo Traranjan: ?e os códigos escritos nem sempre compreendem que a vida é muito mais 
diversa que artigos, parágrafos, parágrafos?. (TRANJAN, 1994, p. 259)
 A vida no ambiente das favelas traz uma realidade social adversa, quando, praticamente desde o 
momento em que nascem, as pessoas convivem num meio em que condutas ilícitas são esperadas, às 
vezes até consideradas necessárias pelo grupo social. Sair dessa realidade ilegal e viver de modo honesto
 é algo até bastante almejado, porém conseguido por poucos.
 O princípio da coculpabilidade é de grande relevância, visto que a sociedade, que delegou o jus 
puniendi estatal, assume seu prestígio sobre alguns crimes, ao colocar o indivíduo em uma conjuntura 
social cheia de adversidades, sem maiores expectativas e até mesmo alternativas boas de vida, deixando-
o vulnerável a criminalidade. Com isso, a sociedade assumiria parcela de sua responsabilidade na culpa 
dessa situação.
 Tal fator teria como efeito imediato uma redução do juízo de reprovação incidente sobre o indivíduo
, tornando menos intensa e forte a correspondente reprimenda penal. Haveria, portanto, um 
compartilhamento de responsabilidades entre a sociedade e o próprio agente.
 A coculpabilidade da sociedade passa pelo conceito de culpabilidade contextualizada ou 
circunstanciada, ou seja, deve-se levar em consideração que o delito, antes de ser uma construção da 
origem e dogmática jurídica, é um fato social. Assim, tem que se levar em consideração a forma de 
procedência quanto à medição do juízo de censura penal um somatório de fatores, bem como as poucas 
oportunidades de vida oferecidas ao acusado e a realidade em que se encontra inserido. (BARATTA,
2002)
 Com isso, a culpabilidade do agente não pode se reduzir a um mero juízo abstrato de reprovação,
sob pena de desvirtuamentos. Desta forma, trata-se de considerar no juízo de reprovabilidade a concreta 
experiência social dos réus, as oportunidades que se lhe deparam e a assistência que lhe foi ministrada 
pelo Estado. A reprovação incidente sobre o sujeito seria dosada com observância de sua conduta lesiva a
 bens e interessesensejadores da tutela penal em correlação com as oportunidades e perspectivas que o 
corpo social apresenta ao mesmo. Observa-se, com isso, que a coculpabilidade tem o mérito de introduzir 
na construção da culpabilidade normativa, normalmente radicada em concepções idealistas, um forte 
componente de realismo. (SANDES, 2012)
 Assim, a aplicação do princípio da coculpabilidade vem a partir do reconhecimento, por parte do 
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Estado, de sua responsabilidade indireta no fato criminoso, perante a exclusão social do indivíduo infrator 
ocasionada por sua própria falta de atividade.
 Simone Matos Rios Pinto diz com razão: "O segundo fundamento do princípio da culpa 
compartilhada é reconhecer a desigualdade entre os homens. Essa desigualdade deve ser subtraída da 
conta no caso de rejeição. Se o cidadão que cometeu o crime for o Estado devedor, como portador do 
poder de punir, ele é também devedor daquele Estado, que é o responsável por criar as condições de bem
-estar. Portanto, devemos entender que o Estado deve reduzir o que não fez como devedor, porque não 
garante condições dignas de vida para todos. Nesse sentido, a culpa coletiva representa a 
responsabilidade comum do Estado pelos crimes cometidos pelos credores do Estado." (PINTO, 2016).
 Deste modo, esse princípio, ao ser aplicado nos mais diversos casos, reconhecendo o papel do 
Estado e da sociedade no que diz respeito aos crimes praticados por determinadas pessoas em 
determinadas condições, propicia a diminuição da severidade na aplicação da pena a ser imposta ao 
infrator.
 Neste tópico, pode-se argumentar decisivamente que a culpa coletiva é, portanto, um princípio que 
visa repensar o direito penal clássico, razão pela qual é inovador. De fato, o objetivo principal deste 
trabalho ainda carece de um estudo abrangente do direito penal brasileiro ?talvez por conflitar com os 
interesses das classes privilegiadas?. (MOURA, 2016).
 
Da inserção do princípio da coculpabilidade no Código Penal Brasileiro 
 
 A coculpabilidade não encontra regulamentação expressa de forma individual e específica na 
legislação penal brasileira, diferente do que se observa em legislações alienígenas. Apesar disso, já se 
pode notar, no país, uma discussão mais acalorada acerca desse tema, inclusive entre os doutrinadores 
pátrios onde já existe uma certa sensibilidade para que haja a sua positivação de forma concreta. A 
jurisprudência também a reconhece, assim como o Código de Processo Penal. A coculpabilidade tem 
previsão expressa no anteprojeto de lei que visa à reforma da Parte Geral do Código Penal brasileiro. O 
anteprojeto optou pela inserção da coculpabilidade no Código Penal como circunstância judicial prevista 
no art. 59 do Código Penal, que diz:
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos 
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas 
aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o 
regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da 
liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (CÓDIGO PENAL, ART. 59)
 De modo que, a vinda do princípio da coculpabilidade para o Código Penal brasileiro de forma 
concreta não só é uma necessidade, mas também algo possível. Uma vez que o legislador constitucional 
promoverá concretização de um princípio constitucional implícito. A doutrina vem apoiando a aplicação da 
coculpabilidade com alicerce no artigo 66 do Código Penal o qual traz as atenuantes inonimadas. Esse 
artigo traz uma liberdade maior ao juiz para aplicar a pena, atendendo as peculiaridades do caso concreto.
 No Brasil, existe atualmente um projeto de uma comissão de advogados coordenada por Miguel Reale 
Júnior, que apresentou um projeto de alteração da parte geral do Código Penal Brasileiro, e entre as 
alterações propostas está o acréscimo do princípio da cumplicidade. em art. 59.
 O artigo teria acrescentado à sua estrutura geral a culpa comum e múltipla como base para assegurar 
uma aplicação mais individualizada da pena, abrangendo assim mais do que a reforma de 1984, omitindo 
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três categorias de fatores gerais de individualização. punição, fatos relativos, agente e vítima, mas 
ampliando suas diretrizes. Apenas no caso de um representante a quem foram feitas alterações, a minuta 
específica que o juiz se refere às recaídas e circunstâncias pessoais do acusado e às oportunidades 
sociais disponíveis para ele (DA SILVA, 2019).
 A doutrina levantou como principal argumento a aplicação desse princípio, apoiando-se no artigo 66 do
 Código Penal, que se refere a circunstâncias atenuantes não especificadas, o que confere ao juiz maior 
liberdade na aplicação da pena neste caso.
 Na jurisprudência também podem ser encontradas sentenças contendo o princípio da condenação, o 
que mostra a coragem e a compreensão dos juízes, que mostram uma positividade efetiva em relação às 
mudanças econômicas e sociais que ocorrem na sociedade a partir do nada. (DA SILVA, 2019)
 Sendo o direito processual um meio pelo qual o direito material pode ser aplicado em casos concretos,
para garantir sua aplicação prática e efetiva, também é necessário observar o princípio da 
responsabilidade solidária durante o processo.
 O investigador constitucional José Alfredo de Oliveira Baracho defende o argumento de que o 
processo constitucional não se deve limitar à fiscalização da constitucionalidade, o seu papel vai mais 
longe e tem por missão proteger os direitos fundamentais previstos na constituição. Com base nessa ideia
, o princípio da culpa coletiva foi agregado à jurisdição constitucional da liberdade, especialmente em 
relação ao habeas corpus, que tem a função de impedir ataques ao direito de vir, ficar e permanecer.
Assim, na sentença condenatória, o juiz impõe uma pena ao agente, sem observar a responsabilidade 
aplicável ao Estado, e impõe uma pena superior à efetiva. Nesse caso, trata-se de violência ou coação 
ilegal contra o direito de uma pessoa de ir, vir, permanecer ou permanecer, o que justifica a interposição 
de habeas corpus para afastar a coação ilegal. (BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria Geral do 
Poder Constituinte)
O autor Grégore Moura, em seu livro ?Sobre o Princípio da co-culpabilidade?, formulou algumas hipóteses
 para a inclusão do princípio da cumplicidade no direito brasileiro. Quatro opções são apresentadas para 
uma mudança positiva desse princípio, a saber: como uma circunstância legal prevista no art. artigo 59 do 
Código Penal; como circunstância atenuante geral, prevista no art. artigo 65 do Código Penal; como 
fundamento para redução da pena prevista na parte geral do Código penal com base no parágrafo único 
do art. 29; e, por fim, como motivo de exclusão da culpa, o art. 29 do Código Penal. A primeira premissa 
para a inclusão do princípio da culpa paralela na legislação interna, que o autor acidentalmente propôs, é a
 mesma da proposta de mudança da lei penal. É dada por anexo ao art. 59, dispositivo segundo o qual 
devem ser levados em consideração os fatores sociais e econômicos que influenciaram o crime. A 
cumplicidade funcionaria como uma situação legal que seria completamente ineficaz se a pena mínima 
fosse aplicada, porque a pena não pode ser reduzida abaixo da pena mínima legal. (SÚMULA231, STJ)
 Outra possibilidade é a positividade da arte. Através do novo parágrafo da Seção III, Seção 65 do 
Código Penal sobre circunstâncias atenuantes gerais. Se a cumplicidade estiver expressamente prevista 
no rol das atenuantes gerais, a sua aplicação seria mais forte, porque esta hipótese é mais tímida do que 
antes, porque, ao contrário das atenuantes gerais, não existem circunstâncias jurídicas definidas. a critério
 do juiz.
 A terceira opção, mais estrita que as outras, é acrescentar um segundo ponto ao artigo. De acordo 
com o artigo 29.º do Código Penal, ?se o agente se encontrar em condições culturais, económicas ou 
sociais instáveis, em estado de inadequação e miséria, a sua pena será reduzida de um terço a dois terços
 se estas condições se verificarem. afetados e compatíveis com o crime cometido?.
É uma alternativa à culpa coletiva que garante maior individualidade na condenação e permite a redução 
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da pena abaixo do mínimo legal. A penalidade seria reduzida pelo efeito das condições estabelecidas na 
seção. (DA SILVA, 2019)
 A quarta e última hipótese não exclui a anterior, e também tem alguma coragem. A positividade da 
cumplicidade apareceria quando associada a motivos que excluem a culpa, pois a sociedade se encontra 
em estado de profunda miséria, infortúnio e vulnerabilidade de seus cidadãos, o agente não está sujeito a 
punições sociais ou penais, como já ?cidadãos? criminosos esperam que eles se comportem, e isso se 
deve apenas à negligência do Estado. Portanto, é um tipo de ineficácia social do comportamento baseado 
na imprevisibilidade do comportamento, caso em que ele não tem o direito de ser protegido.
 É de suma importância ressaltar que, mesmo em caso de cumplicidade, o juiz deve atentar para a 
existência de compatibilidade entre o estado do autor do crime e o crime cometido, ambos devendo ter 
relação direta, ou seja, o Estado do crime. a angústia deve ser uma das causas determinantes do crime.
(MOURA, 2016)
 
 
Reflexos da coculpabilidade no Direito Penal Brasileiro 
 
 O Estado Democrático de Direito possui responsabilidade dupla. A primeira é a de cumprir a lei, a 
segunda é assegurar os direitos e garantias fundamentais, pois a partir do momento em que os consagra 
como valores primordiais, o ente estatal torna-se o maior responsável pela concretização desses direitos.
 Portanto, as leis deixam de ser suficientes, precisando assim se juntar às ordenações estatais 
direcionadas para a verdadeira efetividade das necessidades sociais.
 Assim sendo, o ente estatal negligente em seus deveres constitucionais e omisso na criação de 
oportunidades de vida para sua população, diminuindo o acesso desses indivíduos aos serviços públicos 
que são essenciais, e acaba provocando a diminuição do âmbito de sua autodeterminação, devendo arcar 
assim pela sua negligência no momento da formação do juízo de reprovação. Mais especificamente, a 
forma com que tal corresponsabilidade deve se dar é com base na redução da sanção penal a ser imposta
 com base do artigo 66 do Código Penal Brasileiro como se fosse uma atenuante genérica.
 A Carta Constitucional de 1988, repleta de ideais Iluministas, traz ínsitas as ideias de liberdade,
justiça, fraternidade, igualdade e humanidade. A partir desses valores pregados pela ordem constitucional 
torna-se possível apontar a coculpabilidade como sendo a concretização dessas ideias Iluministas.
Consequentemente, torna-se imperativo estabelecer a ligação do princípio da coculpabilidade com a 
Constituição Federal, uma vez que esta é fundamento daquele. (JUNIOR, 2017)
 No entanto, não há concordância de ideias apenas quanto à fundamentação, mas também em 
outros aspectos. O princípio da coculpabilidade, como princípio constitucional implícito na Carta Magna, é 
decorrência, também dos princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana como forma de evitar a
 marginalização do homem e da individualização da pena que serão analisados no decorrer deste tópico.
(ZAFFARONI, 2019)
 A interpretação do princípio da igualdade deve ter como objeto de análise a existência de 
desigualdades de um lado, e de outro, as injustiças causadas pela situação de marginalização presente no
 atual cenário nacional para, assim, promover-se uma igualização. É correto afirmar que é dispositivo 
constitucional: de um lado representa promessa legislativa pela busca da igualdade material e, por outro,
mostra a necessidade da conscientização de que promover a igualdade é, também, levar em consideração
 as particularidades que desigualam os indivíduos.
 Uma vez analisando de forma completa o presente tema, percebe-se a necessidade do 
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reconhecimento da coculpabilidade nas esferas penal e, sobretudo, constitucional, como instrumento 
capaz de buscar e concretizar o princípio da igualdade, no quesito da diminuição das desigualdades 
econômicas e sociais. Nestes termos, o reconhecimento da coculpabilidade se mostra de extrema 
importância, praticamente imprescindível, uma vez que o legislador penal e aqueles que estudam a fundo 
o Direito Penal deixarão de ser apenas expectadores da vida social e passarão a atuar de forma efetiva na
 concretização do princípio da igualdade.
 A coculpabilidade é, portanto, o reconhecimento da parcela de responsabilidade que tem o Estado 
no cometimento dos delitos praticados por pessoas que têm menor poder de autodeterminação em virtude 
de suas condições sociais. Esta diminuição do poder de autodeterminação ocorre em virtude da 
ineficiência estatal em gerar oportunidades para essas pessoas, ou seja, decorrem da sua exclusão social 
e da desigualdade que ela gera. Logo, ao reconhecer este direito ao acusado ? a aplicação concreta do 
princípio da coculpabilidade ? é correto afirmar que estaria igualando os iguais e diferenciando os 
desiguais na medida de suas desigualdades. (MARCON, 2019)
 Indispensável reconhecer que, a igualdade jurídica com previsão constitucional foi uma grande 
conquista que veio da consagração dos ideais iluministas do século XVIII. No entanto, essa igualdade 
jurídica é rebatida por alguns doutrinadores, pois estes defendem que o ser humano necessita de muito 
mais que uma simples igualdade formal. Ele aspira e luta por uma igualdade social e econômica, por meio 
da qual possa ter a efetivação da sua plenitude e dignidade, além de seus direitos de liberdade. (FRISON,
2014)
 De acordo com o exposto, após a análise e interpretação do princípio da responsabilidade solidária
 e sua parte constitucional, a introdução dos princípios constitucionais e da instituição do 
neoconstitucionalismo e sua aplicação no direito penal, incluindo reflexões e visões jurisprudenciais 
relevantes que conclui este artigo. 
 
Considerações Finais 
 
 Com o estudo traçado no presente artigo constatou-se que o Brasil, instituído pela Constituição 
Federal de 1988 como Estado Democrático de Direito, não vem cumprindo da forma que deveria com sua 
função de garantir ao corpo social a efetivação, de forma igualitária, dos princípios consagrados em sua 
Carta Magna, quais sejam àqueles destinados a assegurar a concretização do exercício dos direitos 
individuais e sociais, da liberdade e segurança de todos, do bem-estar da coletividade, de modo a 
promover a harmonia social que é pregada em seu texto.
 Percebeu-se, com isso, que o aumento da criminalidade é um fato social que encontra uma das 
suas origens na própria falha do Estado, o qual se mostra, historicamente,ineficiente e até mesmo 
incompetente no cumprimento de sua obrigação de promover o bem comum e de proporcionar condições 
dignas de sobrevivência à sociedade como um todo.
 O princípio da culpa comum, que é a ideia de repartir a responsabilidade por um crime entre o 
criminoso e o Estado, por não ter assegurado as mesmas oportunidades sociais a todos os cidadãos,
traduz a necessidade e a necessidade de mudança constitucional. humanizar a justiça criminal. A 
aplicação do princípio da persecução conjunta concretiza o direito penal como garantia máxima de 
princípios constitucionais como a igualdade, a dignidade da pessoa humana e a individualidade da pena.
 O reconhecimento do princípio da persecução conjunta realiza finalmente a tão desejada igualdade
 substantiva no caso de um tratamento diferenciado, mas justificado, na aplicação da pena aos delitos 
vulneráveis ??com autonomia limitada. No tocante ao fortalecimento da dignidade da pessoa humana,
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pode-se argumentar que a principal finalidade da concretização do objeto fundamental da pesquisa é a 
proteção do indivíduo incapaz, que deve ser tratado com dignidade humana conforme a constituição.
 Foi nesse contexto social que surgiu no Brasil forte discussão a respeito da adoção do princípio da 
coculpabilidade. Esse princípio tem como objetivo primordial responsabilizar o Estado no acontecimento 
de determinados crimes praticados por indivíduos que possuem menor âmbito de autodeterminação em 
face das circunstâncias do caso concreto, favorecidas pela inércia Estatal. Constatou-se que, o princípio 
da coculpabilidade do Estado foi criado pela doutrina moderna, a qual aponta sua origem na criação dos 
Estados Liberais, inspirados em ideais iluministas.
 A aplicação do princípio da cumplicidade é, de fato, perfeitamente possível no direito penal 
brasileiro. Afinal, existem dispositivos no direito penal que possibilitam a aplicação do princípio sob 
investigação. Ressaltamos sua inclusão como arte preliminar anônima. De acordo com o art. 66 do Código
 Penal, é possível que exista uma circunstância atenuante mesmo que o legislador não a tenha 
especificamente definido.
 Torna-se possível concluir, portanto, pela positivação da coculpabilidade no sistema jurídico pátrio 
como forma de minorar os efeitos da exclusão social e econômica que a atual ordem jurídica proporciona e
 para que se consagre um Direito penal mais humano, através da aplicação de fato daqueles valores 
pregados pela Carta Constitucional.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
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[S. l.], 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/4416. Acesso em: 26 out.
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- BARATTA, Alessandro. Criminologia Critica e Critica Do Direito Penal. [S. l.], 2002. Disponível em: https
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- DA SILVA, Tamara. O princípio da co-culpabilidade e o Direito penal brasileiro. [S. l.], 2019. Disponível 
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o-direito-penal-brasileiro.html. Acesso em: 26 out. 2022.
- FRISON, Rafael Santana. O princípio da igualdade em suas acepções na Constituição Federal de 1988.
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- JUNIOR, Miguel Reale. O princípio da co-culpabilidade e sua aplicação no direito penal brasileiro. [S. l.],
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- MARÇAL, Fernanda Lira; FILHO, Sidney Soares. O princípio da co-culpabilidade e sua aplicação no 
direito penal brasileiro. [S. l.], 2017. Disponível em: http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=3cc578f087ea
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- MARCON, Daniela. Aplicação da teoria da coculpabilidade no ordenamento jurídico brasileiro: [S. l.], 11
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ordenamento-juridico-brasileiro#:~:text=O%20artigo%2045%20do%20C%C3%B3digo%20Penal
%20consagra%20o,as%20car%C3%AAncias%20sociais%20que%20teriam%20afetado%20o%20agente.
Acesso em: 26 out. 2022.
- MOURA, Grégore Moreira de. Do Princípio da Co-culpabilidade no Direito Penal. 2. Reimp. Belo 
Horizonte: Editora D?Plácido, 2016.
- PINTO, Simone Matos Rios. O princípio da co-culpabilidade. Disponível em http://www.tjmg.jus.br/data
/files/C2/65/28/22/78709310A3858E83180808FF/0162008. pdf 
- SANDES, Iara Boldrini. Princípio da culpabilidade e exclusão penal do agente. [S. l.], 2012. Disponível 
em: https://jus.com.br/artigos/22188/principio-da-culpabilidade-e-exclusao-penal-do-agente. Acesso em: 26
out. 2022
- SOARES, Flavia. O princípio da co-culpabilidade e sua aplicação no direito penal brasileiro. [S. l.], 2014.
Disponível em: https://flavinhajp27.jusbrasil.com.br/artigos/174215259/o-principio-da-co-culpabilidade-no-
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- ZAFFARONI, Eugenio Raul.; Pierangeli, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro, parte geral.
13. ed. ? São Paulo: Thomson Reuters Brasil
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Arquivo 1: TCC Gabriela Santos corrigido ofc.docx (4995 termos)
Arquivo 2: https://www.passeidireto.com/arquivo/87900727/a-familia-na-atualidade (1188 termos)
Termos comuns: 38
Similaridade: 0,61%
O texto abaixo é o conteúdo do documento TCC Gabriela Santos corrigido ofc.docx (4995 termos)
 Os termos em vermelho foram encontrados no documento
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=================================================================================
 UNIVERSIDADE TIRADENTES ? UNIT 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ? ARTIGO CIENTÍFICO 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA CO-CULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Costa dos Santos 
Prof. M.e Júlio César do Nascimento Rabêlo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2022
O PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso ? Artigo ? apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes ?
UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.
 
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Aprovado(a) em ____ / ____ / ____.
 
Banca Examinadora 
 
 
 
_____________________________________________________
Júlio César do NascimentoRabêlo 
Professor Orientador 
Universidade Tiradentes 
 
 
_____________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
Universidade Tiradentes 
 
 
_____________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
Universidade Tiradentes 
 
 
O PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE E A SUA APLICAÇÃO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
THE PRINCIPLE OF CO-GULPABILITY AND ITS APPLICATION IN THE BRAZILIAN CRIMINAL SYSTEM 
Resumo:
 Este estudo tem por objetivo primordial abordar a temática do Princípio da Coculpabilidade e sua 
aplicação no Direito Penal Brasileiro. Dar prioridade aos valores trazidos na atual Constituição está entre 
as principais finalidades do Estado Democrático de Direito brasileiro. Existem reflexos claros no âmbito 
social de que uma revisão geral e melhorias nesse quesito são de extrema necessidade, uma vez que tal 
ineficiência do Estado em oferecer, a sua própria população, condições minimamente cabíveis para se 
obter uma vida digna tende a criar no íntimo de cada indivíduo certa vulnerabilidade para a tentativa de 
crimes. Um dos pontos será a busca pela explicação da problemática do crescimento da criminalidade 
como causa da ?inércia? Estatal. O estudo teve como objetivo demonstrar que o crime é um fato social e 
que pode ser destrinchado, em uma boa parcela dos casos, pela ineficácia do ente estatal. A conclusão 
obtida a partir deste trabalho se desenvolve no sentido de colocar em pauta a concretização do princípio 
da coculpabilidade por meio de sua positivação no Diploma Penal brasileiro. 
Palavras-chave: Coculpabilidade; Garantias Fundamentais; Ineficácia Estatal. Positivação; Vulnerabilidade 
Abstract:
The primary objective of this study is to address the theme of the Principle of Co-culpability and its 
application in Brazilian Criminal Law. Giving priority to the values ??brought in the current Constitution is 
among the main purposes of the Brazilian Democratic State. There are clear reflections in the social sphere
 that a general review and improvements in this regard are extremely necessary, since such inefficiency of 
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the State in offering its own population minimally adequate conditions to obtain a dignified life tends to 
create within each individual a certain vulnerability to attempted crimes. One of the points will be the search
 for an explanation of the problem of the growth of criminality as a cause of State ?inertia?. The study 
aimed to demonstrate that crime is a social fact and that it can be unraveled, in a good number of cases, by
 the ineffectiveness of the state entity. The conclusion obtained from this work is developed in the sense of 
putting on the agenda the implementation of the principle of co-culpability through its positivization in the 
Brazilian Penal Diploma.
 
Keywords: co-culpability; Fundamental Guarantees; State Inefficiency. Positivation; Vulnerability 
 
 
Introdução 
 
 O Brasil, enquanto um Estado Democrático de Direito, consagra em sua atual constituição um 
elenco de princípios que tem por finalidade principal apoiar o desenvolvimento social e econômico do país
, tendo como dever assegurar aos seus cidadãos condições de sobreviverem de forma digna, cumprindo 
com seus direitos e deveres, promovendo oportunidades de eleveção social para a população, devendo 
distribuir todos os Direitos Fundamentais de forma equilibrada entre as pessoas, realizando, com isso, a 
tão desejada justiça social.
 No entanto, o que se enxerga no atual cenário é um Estado que se mostra incompetente no que 
diz respeito a satisfazer as necessidades mais importantes da população, tais como a efetivação de 
políticas sociais de inclusão, investimento nos setores de saúde, ensino, moradia, saneamento básico,
criação de novos postos de trabalho.
 Desta forma, o Estado brasileiro revela-se sendo, de forma até exacerbada, omisso,
menosprezando um dever constitucional, tornando-se, logo, responsável pelas consequências de sua 
inoperância. Essa falta de cumprimento com sua obrigação quanto as Garantias Constitucionais geram 
repercussão direta em outros ramos do Direito, bem como no Direito penal onde se observa uma possível 
reformulação.
 Como mencionado na conclusão deste artigo, a justificativa mais coerente para esta pesquisa, de 
acordo com as diretrizes elencadas, é que o princípio da cumplicidade é fundamental para o estudo da 
justiça penal moderna, complexa, humana e cada vez mais justa. Afinal, o objetivo principal da pesquisa 
não é apenas o teórico, mas também as consequências práticas do direito penal na aplicação da sentença
 judicial.
 O princípio da culpa comum corresponde à ideia de partilha da responsabilidade entre o criminoso 
socialmente excluído e o Estado pelo crime, porque não promoveu as mesmas oportunidades sociais para 
todos os cidadãos que as praticam.
 Desta forma, a cumplicidade torna-se uma importante ferramenta de justiça social, quando se 
reconhece que fatores socioeconômicos influenciam o crime, indivíduos vulneráveis ??devido ao ambiente
 social marginalizado e desumanizador ao qual foram expostos ao longo de suas vidas.
 Portanto, este trabalho analisa diretamente o princípio da cumplicidade no direito penal, pelo qual é
 reconhecida a responsabilidade comum do Estado na prática de determinados crimes cometidos por 
cidadãos com menor autonomia no direito penal. considerando as importantes circunstâncias do caso 
concreto, principalmente as circunstâncias sociais e econômicas do representante.
 Quando o Estado não cumpriu suas obrigações constitucionais, como saúde e educação, o 
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princípio da culpa coletiva surge como uma caracterização do Estado como responsável por sua 
participação nas atividades criminosas de determinados excluídos socialmente.
 Como o Estado não cuidou da inclusão socioeconômica de certa parcela da população, deve arcar 
indiretamente com sua responsabilidade pelo crime junto com o autor do crime.
 É importante ressaltar que não é um equívoco que o crime seja dirigido contra o Estado, pois este 
assume parcialmente a responsabilidade pela tentativa do crime. Afinal, esse raciocínio não faria o menor 
sentido de acordo com a função jus puniendi do Estado, se o portador da pena não pudesse punir a si 
mesmo.
 Aproveitando o ensejo, se faz oportuno e até mesmo necessário expor que na confecção do 
presente trabalho de conclusão de curso, o método utilizado foi o dialético e histórico-jurídico. Na 
metodologia, foi usada a pesquisa bibliográfica, a análise de textos da internet que traziam pensamentos e
 discussões sobre o tema proposto.
 
Contexto Histórico 
 O marco histórico do princípio da cumplicidade está diretamente relacionado com a Revolução 
Francesa de 1789, que foi um movimento revolucionário da classe burguesa com os princípios ideológicos 
do Iluminismo. Essa revolução se apresentou como a principal característica da queda do estado 
absolutista, ou seja, baseado no poder absoluto dos reis e na criação de um estado liberal.
 O lema da Revolução Francesa proclamou três princípios, a saber, liberdade, igualdade e 
fraternidade, que acabaram por se manifestar no desenvolvimento dos direitos fundamentais ao longo de 
três gerações sucessivas. Nesse sentido, Paulo Bonavides revela: [...] a rigor, o lema revolucionário do 
século XVIII descrito pelo gênio político francês, que expressou todo o conteúdo possível dos direitos 
fundamentais por meio de três princípios básicos, prevendoinclusive a ordem histórica, sua gradual 
institucionalização: liberdade, igualdade e fraternidade. (BONAVIDES, 2001, p. 516)
 É mister afirmar que os chamados direitos de primeira geração, que dão sentido ao valor da 
liberdade, são direitos políticos e civis. Por definição, tais direitos pertencem ao indivíduo e são oponíveis 
ao Estado, ou seja, são limitações impostas às atividades do Estado, cujo objetivo é a proteção dos 
direitos individuais.
 Assim, trata-se de uma disposição negligente ou negativa do Estado, sempre no interesse do 
cidadão. Ele, por sua vez, torna-se titular de direitos amparados pelo Estado, que deixa de ser um simples 
sujeito. É verdade que esses direitos surgiram como resultado da Revolução Francesa de 1789. A 
segunda geração corresponde aos direitos culturais, sociais e econômicos.
 O momento histórico que os impulsiona é a revolução industrial na Europa desde o século XIX. O 
principal objetivo desses direitos é melhorar as condições de vida e de trabalho dos habitantes. Assim,
eles representam um dever nacional, um arranjo positivo para os desfavorecidos na ordem 
socioeconômica.
 Dessa forma, a culpa coletiva se apresenta como um direito de segunda geração devido ao seu 
funcionamento, ou seja, a tarefa do Estado é fornecer regulamentação positiva para garantir condições de 
vida digna para todos os cidadãos. Por fim, a terceira geração trata dos direitos fraternos.
 Além dos direitos de primeira e segunda geração, o Estado passou a proteger outros tipos de 
direitos quando surgem novas preocupações globais com mudanças na identidade internacional, como o 
crescente desenvolvimento da ciência e tecnologia. Paulo Bonavides apresenta os cinco direitos desta 
geração, nomeadamente ?o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao ambiente, o direito ao 
património comum da humanidade e o direito à comunicação?. Mencione-se ainda os direitos relacionados
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 com a defesa do consumidor, da infância e juventude, da terceira idade etc. (BONAVIDES, 2001, p. 523)
 A coculpabilidade tem previsão expressa no anteprojeto de lei que visa à reforma da Parte Geral 
do Código Penal Brasileiro? (MOURA, 2016). O anteprojeto optou pela inserção da coculpabilidade no 
artigo do Código Penal que prevê as hipóteses de circunstância judicial.
 Portanto, a previsão do princípio da coculpabilidade no Código Penal brasileiro não só é uma 
necessidade como também uma esperança possível, já que o legislador infraconstitucional estará 
promovendo a concretização de um princípio constitucional implícito. (SOARES, 2014)
 Traçar uma linha histórica acerca do princípio da coculpabilidade é de suma importância e de certa 
dificuldade, pois ele não é tratado de forma ampla pela doutrina, seja a pátria ou a estrangeira.
 Sendo apresentada originariamente ao Direito Penal Moderno por Zaffaroni, que é considerado o
?embaixador? deste princípio. Contudo, a doutrina moderna prega que este princípio surgiu com a criação 
dos Estados Liberais e das ideias iluministas, pelos ideais difundidos pelo médico Jean Paul Marat, no 
século XVIII.
 Marat entendia que apenas depois de cumpridas todas as obrigações com os seus membros,
poderá o Estado adquirir o direito de punir os que infringem suas leis. Afirma ainda, que se investigar a 
vida daqueles que cometem a criminalidade excessivamente, pode-se constatar que foram privados de 
educação. Análise possível de observar-se também na realidade atual (MATTE, 2008).
 Zaffaroni afirma que Marat acreditava que a pena mais justa seria a talionar, afirmação contrária 
aos ideais iluministas da época, porém desde que a sociedade fosse justa (ZAFFARONI, 2019).
 Esses apontamentos históricos referentes a esse princípio vêm a reforçar o conceito atual de que a
 coculpabilidade nada mais é do que o reconhecimento jurídico, social e político da quebra do contrato 
social por parte do Estado, devendo, desta feita, assumir sua inadimplência e reconhecendo sua 
corresponsabilidade, dando ensejo a uma menor reprovação do delinquente quando da aplicação e 
execução da sua pena.
 
Conceito 
 
 No experimento de definir o princípio da coculpabilidade buscando a aproximação de seu real 
alcance e sentido, é possível chegar à conclusão de que consiste a coculpabilidade no reconhecimento e 
na junção de evidências da parcela de responsabilidade que pode ser atribuída à sociedade, diante da 
prática de diversas infrações penais por indivíduos excluídos do processo de inserção social, a quem 
foram sonegadas as mínimas esperanças de uma vida digna.
 Então é simplesmente uma questão de responsabilidade, que ocorre de forma comum entre o 
criminoso e o Estado, para que a pena seja atenuada e o criminoso seja condenado quando não for 
homologado, ou seja, no momento da punição, o juiz aplica a pena reduzida quando confrontado com a 
inadequação do agente.
 Se for necessário impor uma pena, deve-se aplicá-la da forma mais justa possível, na medida de 
sua mitigação, porque é evidente a vulnerabilidade pessoal do delinquente. Deve-se notar também que o 
reconhecimento do princípio da culpa compartilhada não conduz necessariamente ao significado de 
impunidade.
 De fato, um agente que vem de um ambiente onde não havia estado e comete um crime por 
razões socioeconômicas pode sim ser punido, mas é ajustado de acordo com sua culpa de acordo com 
seus fatores sociais e sociais. condenação pessoal do crime cometido.
 Para fortalecer o entendimento apresentado, Grégore Moura explica o que entende por princípio da
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 responsabilidade solidária: O princípio da responsabilidade solidária é um princípio constitucional implícito
 que reconhece a responsabilidade solidária do Estado na prática de determinados crimes. cidadãos com 
menor autonomia sobre as circunstâncias de um caso concreto, principalmente as circunstâncias sociais e 
econômicas do representante, o que leva a uma menor reprovação social, o que acarreta consequências 
práticas não só na aplicação e execução da pena, mas também no julgamento. procedimentos criminais
(MOURA, 2016)
 O princípio da coculpabilidade defende uma situação um tanto quanto compensatória do Estado 
quando, diante da sua falha em não promover serviços públicos essenciais à maioria da população,
deverá equilibrar tal falta no momento em que a pena for aplicada.
 Além disso, o Estado não pode ser o objeto ativo do crime, que, portanto, não é capaz de cometer 
o crime, seja por dolo ou culpa, ou seja. deve-se ter cuidado para garantir que "o criminoso não se torne 
uma vítima". e o Estado como criminosos, desvirtuando a posição jurídica de ambos" (MOURA, 2016)
 Assim, o princípio da co-culpabilidade consiste em persuadir o Estado a ser indiretamente 
responsável pelo crime, e assim a culpa é compartilhada entre o autor do crime e o Estado/sociedade.
 De fato, nem todos na sociedade têm total liberdade para escolher entre atividades legais e ilegais
. Como diz Alfredo Traranjan: ?e os códigos escritos nem sempre compreendem que a vida é muito mais 
diversa que artigos, parágrafos, parágrafos?. (TRANJAN, 1994, p. 259)
 A vida no ambiente das favelas traz uma realidade social adversa, quando, praticamente desde o 
momento em que nascem, as pessoas convivem num meio em que condutas ilícitas são esperadas, às 
vezes até consideradas necessárias pelo grupo social. Sair dessa realidade ilegal e viver de modo honestoé algo até bastante almejado, porém conseguido por poucos.
 O princípio da coculpabilidade é de grande relevância, visto que a sociedade, que delegou o jus 
puniendi estatal, assume seu prestígio sobre alguns crimes, ao colocar o indivíduo em uma conjuntura 
social cheia de adversidades, sem maiores expectativas e até mesmo alternativas boas de vida, deixando-
o vulnerável a criminalidade. Com isso, a sociedade assumiria parcela de sua responsabilidade na culpa 
dessa situação.
 Tal fator teria como efeito imediato uma redução do juízo de reprovação incidente sobre o indivíduo
, tornando menos intensa e forte a correspondente reprimenda penal. Haveria, portanto, um 
compartilhamento de responsabilidades entre a sociedade e o próprio agente.
 A coculpabilidade da sociedade passa pelo conceito de culpabilidade contextualizada ou 
circunstanciada, ou seja, deve-se levar em consideração que o delito, antes de ser uma construção da 
origem e dogmática jurídica, é um fato social. Assim, tem que se levar em consideração a forma de 
procedência quanto à medição do juízo de censura penal um somatório de fatores, bem como as poucas 
oportunidades de vida oferecidas ao acusado e a realidade em que se encontra inserido. (BARATTA,
2002)
 Com isso, a culpabilidade do agente não pode se reduzir a um mero juízo abstrato de reprovação,
sob pena de desvirtuamentos. Desta forma, trata-se de considerar no juízo de reprovabilidade a concreta 
experiência social dos réus, as oportunidades que se lhe deparam e a assistência que lhe foi ministrada 
pelo Estado. A reprovação incidente sobre o sujeito seria dosada com observância de sua conduta lesiva a
 bens e interesses ensejadores da tutela penal em correlação com as oportunidades e perspectivas que o 
corpo social apresenta ao mesmo. Observa-se, com isso, que a coculpabilidade tem o mérito de introduzir 
na construção da culpabilidade normativa, normalmente radicada em concepções idealistas, um forte 
componente de realismo. (SANDES, 2012)
 Assim, a aplicação do princípio da coculpabilidade vem a partir do reconhecimento, por parte do 
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Estado, de sua responsabilidade indireta no fato criminoso, perante a exclusão social do indivíduo infrator 
ocasionada por sua própria falta de atividade.
 Simone Matos Rios Pinto diz com razão: "O segundo fundamento do princípio da culpa 
compartilhada é reconhecer a desigualdade entre os homens. Essa desigualdade deve ser subtraída da 
conta no caso de rejeição. Se o cidadão que cometeu o crime for o Estado devedor, como portador do 
poder de punir, ele é também devedor daquele Estado, que é o responsável por criar as condições de bem
-estar. Portanto, devemos entender que o Estado deve reduzir o que não fez como devedor, porque não 
garante condições dignas de vida para todos. Nesse sentido, a culpa coletiva representa a 
responsabilidade comum do Estado pelos crimes cometidos pelos credores do Estado." (PINTO, 2016).
 Deste modo, esse princípio, ao ser aplicado nos mais diversos casos, reconhecendo o papel do 
Estado e da sociedade no que diz respeito aos crimes praticados por determinadas pessoas em 
determinadas condições, propicia a diminuição da severidade na aplicação da pena a ser imposta ao 
infrator.
 Neste tópico, pode-se argumentar decisivamente que a culpa coletiva é, portanto, um princípio que 
visa repensar o direito penal clássico, razão pela qual é inovador. De fato, o objetivo principal deste 
trabalho ainda carece de um estudo abrangente do direito penal brasileiro ?talvez por conflitar com os 
interesses das classes privilegiadas?. (MOURA, 2016).
 
Da inserção do princípio da coculpabilidade no Código Penal Brasileiro 
 
 A coculpabilidade não encontra regulamentação expressa de forma individual e específica na 
legislação penal brasileira, diferente do que se observa em legislações alienígenas. Apesar disso, já se 
pode notar, no país, uma discussão mais acalorada acerca desse tema, inclusive entre os doutrinadores 
pátrios onde já existe uma certa sensibilidade para que haja a sua positivação de forma concreta. A 
jurisprudência também a reconhece, assim como o Código de Processo Penal. A coculpabilidade tem 
previsão expressa no anteprojeto de lei que visa à reforma da Parte Geral do Código Penal brasileiro. O 
anteprojeto optou pela inserção da coculpabilidade no Código Penal como circunstância judicial prevista 
no art. 59 do Código Penal, que diz:
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos 
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas 
aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o 
regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da 
liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (CÓDIGO PENAL, ART. 59)
 De modo que, a vinda do princípio da coculpabilidade para o Código Penal brasileiro de forma 
concreta não só é uma necessidade, mas também algo possível. Uma vez que o legislador constitucional 
promoverá concretização de um princípio constitucional implícito. A doutrina vem apoiando a aplicação da 
coculpabilidade com alicerce no artigo 66 do Código Penal o qual traz as atenuantes inonimadas. Esse 
artigo traz uma liberdade maior ao juiz para aplicar a pena, atendendo as peculiaridades do caso concreto.
 No Brasil, existe atualmente um projeto de uma comissão de advogados coordenada por Miguel Reale 
Júnior, que apresentou um projeto de alteração da parte geral do Código Penal Brasileiro, e entre as 
alterações propostas está o acréscimo do princípio da cumplicidade. em art. 59.
 O artigo teria acrescentado à sua estrutura geral a culpa comum e múltipla como base para assegurar 
uma aplicação mais individualizada da pena, abrangendo assim mais do que a reforma de 1984, omitindo 
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três categorias de fatores gerais de individualização. punição, fatos relativos, agente e vítima, mas 
ampliando suas diretrizes. Apenas no caso de um representante a quem foram feitas alterações, a minuta 
específica que o juiz se refere às recaídas e circunstâncias pessoais do acusado e às oportunidades 
sociais disponíveis para ele (DA SILVA, 2019).
 A doutrina levantou como principal argumento a aplicação desse princípio, apoiando-se no artigo 66 do
 Código Penal, que se refere a circunstâncias atenuantes não especificadas, o que confere ao juiz maior 
liberdade na aplicação da pena neste caso.
 Na jurisprudência também podem ser encontradas sentenças contendo o princípio da condenação, o 
que mostra a coragem e a compreensão dos juízes, que mostram uma positividade efetiva em relação às 
mudanças econômicas e sociais que ocorrem na sociedade a partir do nada. (DA SILVA, 2019)
 Sendo o direito processual um meio pelo qual o direito material pode ser aplicado em casos concretos,
para garantir sua aplicação prática e efetiva, também é necessário observar o princípio da 
responsabilidade solidária durante o processo.
 O investigador constitucional José Alfredo de Oliveira Baracho defende o argumento de que o 
processo constitucional não se deve limitar à fiscalização da constitucionalidade, o seu papel vai mais 
longe e tem por missão proteger os direitos fundamentais previstos na constituição. Com base nessa ideia
, o princípio da culpa coletivafoi agregado à jurisdição constitucional da liberdade, especialmente em 
relação ao habeas corpus, que tem a função de impedir ataques ao direito de vir, ficar e permanecer.
Assim, na sentença condenatória, o juiz impõe uma pena ao agente, sem observar a responsabilidade 
aplicável ao Estado, e impõe uma pena superior à efetiva. Nesse caso, trata-se de violência ou coação 
ilegal contra o direito de uma pessoa de ir, vir, permanecer ou permanecer, o que justifica a interposição 
de habeas corpus para afastar a coação ilegal. (BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria Geral do 
Poder Constituinte)
O autor Grégore Moura, em seu livro ?Sobre o Princípio da co-culpabilidade?, formulou algumas hipóteses
 para a inclusão do princípio da cumplicidade no direito brasileiro. Quatro opções são apresentadas para 
uma mudança positiva desse princípio, a saber: como uma circunstância legal prevista no art. artigo 59 do 
Código Penal; como circunstância atenuante geral, prevista no art. artigo 65 do Código Penal; como 
fundamento para redução da pena prevista na parte geral do Código penal com base no parágrafo único 
do art. 29; e, por fim, como motivo de exclusão da culpa, o art. 29 do Código Penal. A primeira premissa 
para a inclusão do princípio da culpa paralela na legislação interna, que o autor acidentalmente propôs, é a
 mesma da proposta de mudança da lei penal. É dada por anexo ao art. 59, dispositivo segundo o qual 
devem ser levados em consideração os fatores sociais e econômicos que influenciaram o crime. A 
cumplicidade funcionaria como uma situação legal que seria completamente ineficaz se a pena mínima 
fosse aplicada, porque a pena não pode ser reduzida abaixo da pena mínima legal. (SÚMULA 231, STJ)
 Outra possibilidade é a positividade da arte. Através do novo parágrafo da Seção III, Seção 65 do 
Código Penal sobre circunstâncias atenuantes gerais. Se a cumplicidade estiver expressamente prevista 
no rol das atenuantes gerais, a sua aplicação seria mais forte, porque esta hipótese é mais tímida do que 
antes, porque, ao contrário das atenuantes gerais, não existem circunstâncias jurídicas definidas. a critério
 do juiz.
 A terceira opção, mais estrita que as outras, é acrescentar um segundo ponto ao artigo. De acordo 
com o artigo 29.º do Código Penal, ?se o agente se encontrar em condições culturais, económicas ou 
sociais instáveis, em estado de inadequação e miséria, a sua pena será reduzida de um terço a dois terços
 se estas condições se verificarem. afetados e compatíveis com o crime cometido?.
É uma alternativa à culpa coletiva que garante maior individualidade na condenação e permite a redução 
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da pena abaixo do mínimo legal. A penalidade seria reduzida pelo efeito das condições estabelecidas na 
seção. (DA SILVA, 2019)
 A quarta e última hipótese não exclui a anterior, e também tem alguma coragem. A positividade da 
cumplicidade apareceria quando associada a motivos que excluem a culpa, pois a sociedade se encontra 
em estado de profunda miséria, infortúnio e vulnerabilidade de seus cidadãos, o agente não está sujeito a 
punições sociais ou penais, como já ?cidadãos? criminosos esperam que eles se comportem, e isso se 
deve apenas à negligência do Estado. Portanto, é um tipo de ineficácia social do comportamento baseado 
na imprevisibilidade do comportamento, caso em que ele não tem o direito de ser protegido.
 É de suma importância ressaltar que, mesmo em caso de cumplicidade, o juiz deve atentar para a 
existência de compatibilidade entre o estado do autor do crime e o crime cometido, ambos devendo ter 
relação direta, ou seja, o Estado do crime. a angústia deve ser uma das causas determinantes do crime.
(MOURA, 2016)
 
 
Reflexos da coculpabilidade no Direito Penal Brasileiro 
 
 O Estado Democrático de Direito possui responsabilidade dupla. A primeira é a de cumprir a lei, a 
segunda é assegurar os direitos e garantias fundamentais, pois a partir do momento em que os consagra 
como valores primordiais, o ente estatal torna-se o maior responsável pela concretização desses direitos.
 Portanto, as leis deixam de ser suficientes, precisando assim se juntar às ordenações estatais 
direcionadas para a verdadeira efetividade das necessidades sociais.
 Assim sendo, o ente estatal negligente em seus deveres constitucionais e omisso na criação de 
oportunidades de vida para sua população, diminuindo o acesso desses indivíduos aos serviços públicos 
que são essenciais, e acaba provocando a diminuição do âmbito de sua autodeterminação, devendo arcar 
assim pela sua negligência no momento da formação do juízo de reprovação. Mais especificamente, a 
forma com que tal corresponsabilidade deve se dar é com base na redução da sanção penal a ser imposta
 com base do artigo 66 do Código Penal Brasileiro como se fosse uma atenuante genérica.
 A Carta Constitucional de 1988, repleta de ideais Iluministas, traz ínsitas as ideias de liberdade,
justiça, fraternidade, igualdade e humanidade. A partir desses valores pregados pela ordem constitucional 
torna-se possível apontar a coculpabilidade como sendo a concretização dessas ideias Iluministas.
Consequentemente, torna-se imperativo estabelecer a ligação do princípio da coculpabilidade com a 
Constituição Federal, uma vez que esta é fundamento daquele. (JUNIOR, 2017)
 No entanto, não há concordância de ideias apenas quanto à fundamentação, mas também em 
outros aspectos. O princípio da coculpabilidade, como princípio constitucional implícito na Carta Magna, é 
decorrência, também dos princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana como forma de evitar a
 marginalização do homem e da individualização da pena que serão analisados no decorrer deste tópico.
(ZAFFARONI, 2019)
 A interpretação do princípio da igualdade deve ter como objeto de análise a existência de 
desigualdades de um lado, e de outro, as injustiças causadas pela situação de marginalização presente no
 atual cenário nacional para, assim, promover-se uma igualização. É correto afirmar que é dispositivo 
constitucional: de um lado representa promessa legislativa pela busca da igualdade material e, por outro,
mostra a necessidade da conscientização de que promover a igualdade é, também, levar em consideração
 as particularidades que desigualam os indivíduos.
 Uma vez analisando de forma completa o presente tema, percebe-se a necessidade do 
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reconhecimento da coculpabilidade nas esferas penal e, sobretudo, constitucional, como instrumento 
capaz de buscar e concretizar o princípio da igualdade, no quesito da diminuição das desigualdades 
econômicas e sociais. Nestes termos, o reconhecimento da coculpabilidade se mostra de extrema 
importância, praticamente imprescindível, uma vez que o legislador penal e aqueles que estudam a fundo 
o Direito Penal deixarão de ser apenas expectadores da vida social e passarão a atuar de forma efetiva na
 concretização do princípio da igualdade.
 A coculpabilidade é, portanto, o reconhecimento da parcela de responsabilidade que tem o Estado 
no cometimento dos delitos praticados por pessoas que têm menor poder de autodeterminação em virtude 
de suas condições sociais. Esta diminuição do poder de autodeterminação ocorre em virtude da 
ineficiência estatal em gerar oportunidades para essas pessoas, ou seja, decorrem da sua exclusão social 
e da desigualdade que ela gera. Logo, ao reconhecer este direito ao acusado ? a aplicação concreta do 
princípio da coculpabilidade ? é correto afirmar que estaria igualando os iguais e diferenciando

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