Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO ADMINISTRATIVO 1/2022 DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 2 - Sumário III. Organização Administrativa ..................................................................................................... 3 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS ................................................................. 3 1.3. Administração Pública Direta e centralizada ......................................................................................4 1.4. Administração Pública Indireta e Descentralização ...........................................................................5 1.5. Entidades da Administração Pública Indireta .................................................................... 6 1.6. Entes de Cooperação ..................................................................................................... 13 Bibliografia .................................................................................................................................... 15 DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 3 - III. Organização Adminis- trativa 1.1. Teoria do Órgão Público Por esta teoria, amplamente adotada por nossa doutrina e jurisprudência, presu- me-se que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de tal modo que, quando os agentes que atuam nestes órgãos manifestam sua vontade, considera-se que esta foi manifes- tada pelo próprio Estado. Fala-se em impu- tação (e não representação) da atuação do agente, pessoa natural, à pessoa jurídica. O desenvolvimento dessa teoria resol- veu o problema da validade do ato adminis- trativo praticado por quem não está legitima- mente investido em função pública. Pelas teorias anteriores, do mandato e da repre- sentação, tal ato não seria válido. Entretanto, a teoria de Gierke apenas exige a aparência de investidura do agente público e a boa-fé do administrado para que a manifestação de um órgão possa ser imputada à pessoa jurí- dica. Assim, respeita-se a segurança jurídica e a presunção de legitimidade dos atos ad- ministrativos. As teorias que antecederam à da impu- tação não respondiam a contento a relação entre o Ente Estatal, com o agente emissor da vontade da Administração Pública, veja- mos algumas delas: a) Teoria da identidade – afirmava que ór- gão e agente formam uma unidade insepará- vel, de modo que o órgão público seria o próprio agente. b) Teoria da representação – utilizando-se da lógica do Direito Civil, onde o agente pú- blico atuaria exercendo uma espécie de cura- tela dos interesses governamentais suprindo tal incapacidade. c) Teoria do mandato – haveria uma espé- cie de contrato de representação, de modo que o agente receberia uma delegação para atuar em nome do Estado. Problema: a teoria não conseguiu apontar em qual momento e quem realizaria a outorga do mandato. Com base na teoria do órgão, pode- mos conceituar órgão público como uma uni- dade que une atribuições praticadas pelos agentes públicos que o formam com o objeti- vo de manifestar a vontade do Estado, o seu pensamento, ou pelo menos a sua tendência de agir. Na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello “os órgãos nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi- duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade estatal e expressa- dos através dos agentes neles providos.” Para Maria Sylvia de Pietro, pode se definir o órgão público como uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o obje- tivo de expressar a vontade do estado. 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ÓR- GÃOS PÚBLICOS São várias e diversas as classifica- ções adotadas pela doutrina brasileira acer- ca dos órgãos públicos. Entretanto, demons- traremos duas em destaque. A primeira, na visão de José dos Santos Carvalho Filho e a última na visão jurídica de Hely Lopes Meire- les. Para José dos Santos Carvalho Fi- lho: São os mais diversos os critérios ado- tados para definir-se a classificação dos órgãos públicos. Veremos os mais importan- tes: “a) quanto à pessoa federativa; b) quando à situação estrutural; c) quanto à composição; d) quanto aos órgãos de repre- sentação unitária; e) quanto aos órgãos de representação plúrima. Quanto à pessoa federativa, os “ór- gãos dividem-se em federais, estaduais, distritais e municipais. Quanto à situação estrutural, este critério leva em considera- ção a situação do órgão, sua estrutura esta- tal, assim temos: a) os diretivos que são aqueles que detêm condição de comando, de direção. b) os subordinados, os incumbi- dos das funções rotineiras de execução. De outro lado, quanto à composição, podem os órgãos dividir-se em singulares e coletivos. Os singulares, quando integrados DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 4 - em um só agente. Podemos exemplificar, na figura do chefe do Executivo. E os coletivos, quando compostos por vários agentes, é o caso dos órgãos colegiados ou de represen- tação plúrima (como nos Tribunais, Conse- lhos) e os de representação unitária, em que a vontade do agente exterioriza a von- tade do próprio órgão (como no caso dos Departamentos, Coordenadorias). Para Hely Lopes (posição mais adotada em concursos públicos), os ór- gãos públicos se classificam: I - Quanto à Posição: a) Independentes - são funções do estado independentes entre si. Exemplos: Casas Legislativas, Chefias do Executivo, Tribunais do Poder Judiciário, MP e TC. b) Órgãos Autônomos - gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica que tem subordinação entre os órgãos independen- tes, e dotados de competências de planeja- mento, supervisão e controle sobre outros órgãos. Exemplos: Ministérios, Secretarias e AGU. c) Órgãos Superiores - esses órgãos são de comando, com competências diretivas e de- cisórias, mas não gozam de autonomia fun- cional, administrativa e financeira. Exercem controle hierárquico, mas se encontram su- bordinados a uma chefia superior. d)Subordinados - São aqueles que executam as ordens dos órgãos superiores, sua função é de execução, concretização. Exemplo: Re- partições comuns. II- Quanto à estrutura a) Órgãos unitários “simples”, não tem ne- nhuma subdivisão. São constituídos somente por um centro de competências. Ex.: Presi- dência da República. b) Órgãos Compostos, subdividido divisões funcionais, administrativas III- Quando a Composição a) Órgãos Singulares, função exercida por um único agente. b) Órgãos Coletivos, função exercida de for- ma colegiada (várias). 1.3. Administração Pública Dire- ta e centralizada O Estado desempenha sua estratégia política por meio dos instrumentos disponibi- lizados pela Administração Pública: órgãos, agentes e entidades administrativas. Deste modo, a doutrina denomina centralização administrativa o fenômeno pelo qual o Estado coloca em execução suas tare- fas diretamente através dos órgãos e agen- tes integrantes da Administração Direta. Ao criar os entes políticos (União, Es- tados, Municípios e Distrito Federal), verifi- cou-se a necessidade da divisão interna das atribuições de cada ente, em face das diver- sas matérias e incumbências recebidas pelo diploma constitucional. Neste sentido, pode-se considerar Administração Direta como o conjunto de órgãos que integram as pessoas de funções políticas do Estado, as quais foram atribuídas a competência para o exercício, de forma centralizada, de atividades administrativas de forma centralizada. O fenômeno jurídico que dá origem aos órgãos administrativos é denominado desconcentração administrativa. Quando a desconcentração ocorre na Administração Direta, os órgãos dos estados-membros, municípios e distrito federal rece- bem o nome de Secretarias. Os órgãos per- tencentes à União recebem o nome de Minis- térios. 1.3.1. Espécies de Desconcentração a) Territorial ou geográfica: é aquela em que as competências são divididas delimi- tando as regiões onda cada órgão pode atu- ar. A característica fundamental dessa espé- cie de desconcentração é que cada órgão público detém as mesmas atribuições mate- riais dos demais, variando somente o âmbito geográfico de sua atuação. Exemplos: admi- nistração regional; delegacias de Polícia; Agências da Receita Federal; subprefeituras; etc. b) Material ou temática: é a distribuição de competências mediante a especialização de cada órgão em determinado assunto. Exem- plo: Ministérios (União); Secretarias de Esta- do e de Municípios. c) Hierárquica ou funcional: utiliza como critério para repartição de competências a relação de subordinação entre os diversos DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 5 - órgãos, ou seja, é feita em razão do nível decisório nos distintos escalões correspon- dentes aos diversos patamares de autorida- de. Exemplo: tribunais administrativos em relação aos órgãos de primeira instância. Os órgãos públicos pertencem a pes- soas jurídicas, mas não são pessoas jurídi- cas. Não tendo personalidade jurídica pró- pria, os órgãos não podem ser acionados judicialmente para responder por prejuízos causados por seus agentes (extinção sem julgamento de mérito por ilegitimidade da parte). Há exceções reconhecidas pela juris- prudência reconhecendo alguns órgãos pú- blicos dotados de capacidade processual especial. É o caso da Presidência da Repú- blica e da Mesa do Senado. Essa capacidade processual especial restringe-se basicamente à possibilidade de tais órgãos realizarem a defesa de suas prerrogativas em juízos, es- pecialmente em sede de Mandado de Segu- rança. Representando compartimentos inter- nos da pessoa pública, os órgãos públicos não são livremente criados e extintos pela só vontade da Administração. Tanto a criação como a extinção de órgãos dependem de lei, e nesse sentido dispõe a vigente Constitui- ção quando inclui a exigência na relação das denominadas "reservas legais", matérias cuja disciplina é reservada à lei (art. 48, XI). Anteriormente era exigida lei para a criação, estruturação e atribuições dos ór- gãos, mas com a nova redação dada ao dis- positivo pela EC n° 32, de 11/9/2001, a exi- gência passou a alcançar apenas a criação e a extinção de órgãos. Em consequência, a estruturação e as atribuições podem ser processadas por de- creto do chefe do Executivo, como consta, aliás, no art. 84, VI, "a", da CF, também alte- rado pela referida Emenda. Não obstante, pelo evidente interesse da Administração, a Carta reserva ao Presi- dente da República (e, por simetria, aos de- mais Chefes do Executivo) iniciativa privativa para deflagar o processo legislativo sobre a matéria (art. 61, § 1°, II, "e", da CF). A EC n° 32/2001, alterando este últi- mo dispositivo, fez remissão ao art. 84, VI, da CF, também alterado pela aludida Emenda, como vimos, segundo o qual é da competên- cia do Presidente da República dispor, medi- ante decreto, sobre organização e funciona- mento da Administração Federal, desde que não haja aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos. Sendo assim, são legítimas a trans- formação e a reengenharia de órgãos públi- cos por ato privativo do Chefe do Executivo (e, portanto, dispensada lei) quando tais fatos administrativos se incluírem no mero proces- so de organização da administração pública. A nova diretriz constitucional já tinha o endosso de parte da doutrina, segundo a qual seria lícito que o Executivo criasse ór- gãos auxiliares, inferiores ou subalternos, desde que aproveitasse os cargos já existen- tes e tivesse a competência delegada por lei, somando-se ainda a condição de não serem praticados atos que pudessem constranger a esfera jurídica dos particulares. De qualquer forma, a Constituição agora parece ter dirimido qualquer dúvida a respeito dessa possibilidade. Sobre o poder de deflagar o processo legislativo para a criação de órgãos públicos (iniciativa reservada ou privativa) dois aspec- tos merecem realce. De um lado, é inconsti- tucional a lei sobre a matéria que se tenha originado da inciitativa de outro órgão; se a iniciativa, por exemplo, é do Chefe do Poder Executivo, o projeto de lei não pode ser apresentado por membro ou comissão do Legislativo. De outro, deve ser lembrado que a Constituição aponta hipóteses em que a ini- ciativa reservada é atribuída a órgãos diver- sos. Assim, além do art. 61, § 1°, II, "e", da CF (iniciativa do Presidente da República e, por simetria, dos demais Chefes do Executi- vo), encontra-se tal tipo de iniciativa nos arts. 96, II, "c" e "d" (iniciativa dos Tribunais Judi- ciários) e 127, § 2° (iniciativa do Ministério Público). 1.4. Administração Pública Indi- reta e Descentralização De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, Administração Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas (desprovidas de autonomia política) que, vinculadas à ad- ministração direta, têm competência para o DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 6 - exercício, de forma descentralizada, de ativi- dades administrativas. Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo Estado. Exemplos: Art. 37, XIX da CF/88. Como uma das principais atividades ad- ministrativas é a prestação de serviço públi- co, se mostra salutar traçarmos brevíssimos conceitos: O fenômeno jurídico que faz nascer os entes da Administração Indireta é a descen- tralização administrativa por outorga, instru- mentalizada por meio de lei específica, nos moldes da Constituição Federal. No entanto, é oportuno lembrar que a descentralização administrativa não se dá apenas pela outorga. É possível que os entes políticos transfiram para uma pessoa jurídica autônoma o exercício de parte de suas atri- 1 Breve noção de serviço público (matéria a ser traba- lhada em Direito Administrativo II). buições através do contrato. Neste caso, dão origem as chamadas delegatárias, compos- tas pelas concessionárias e permissionárias. As delegatárias não fazem parte da Ad- ministração Indireta, apesar de se originarem do fenômeno da descentralização administra- tiva. Recapitulando, Descentralização por ou- torga: Transfere-se a titularidade e a execu- ção do serviço público para terceiros. Há dois requisitos para que a descentrali- zação seja por outorga: Que a pessoa esteja dentro da Administração indireta e que esta pessoa tenha personalidade jurídica de direi- to público. Assim, só há descentralização por outorga para as Autarquias e para as Funda- ções Públicas que tenham personalidade jurídica de direito público. Descentralização por delegação: Transfe- re-se a execução do serviço público para terceiros. A descentralização para particulares é sempre por delegação, pois a titularidade jamais sai das mãos da Administração. A descentralização para Empresa Pública e para a Sociedade de Economia Mista tam- bém se faz por delegação, pois, embora es- teja dentro da Administração Indireta, não tem personalidade jurídica de direito público. 1.5. Entidades da Administra- ção Pública Indireta A Administração Pública Indireta ou Descentralizada é composta por pessoas jurídicas autônomas com natureza de direito público ou de direito privado. Direito Público Direito Privado Autarquias Empresas Públicas Fundações Públicas Sociedades de Eco- nomia Mista Associações Públi- cas Fundações Governa- mentais 1.5.1. Autarquias São pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Públi- ca Indireta, criadas porlei específica para o exercício de atividades típicas da Administra- ção Pública. Exemplos das mais importantes: INSS, Bacen, Ibama, Cade, Incra, todas as Serviço público1 é todo aquele prestado pela Administração ou por quem lhe faça às vezes, debaixo de regras de direito público, para preservação dos interesses da coletivi- dade. O serviço público é prestado debaixo de regras de direito público, independentemente de quem esteja à frente da execução, pois tais regras são as únicas capazes de preser- var o interesse da coletividade. Segundo o princípio da continuidade da prestação do serviço público, a execução do serviço público, em regra, não pode ser inter- rompida. Assim, a greve dos servidores pú- blicos não pode implicar em paralisação total da atividade, caso contrário será inconstituci- onal (art. 37, VII da CF). Tanto a Administração como quem lhe faça às vezes podem prestar o serviço públi- co. A titularidade na prestação de um serviço público é intransferível, isto é, nunca sai das mãos da Administração. O que pode ser transferido aos particulares é a execução do serviço público, mas nunca a titularidade. Sendo o Poder Público titular do serviço público, pode estabelecer regras para a exe- cução do serviço público, ou seja, pode apli- car sanções; pode retomar o serviço por inte- resse público; pode retomar quando mal utili- zado e etc. DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 7 - universidades públicas, como UnB, USP, UFRJ, etc. O conceito legislativo de autarquia apa- rece no art. 5º, I, do DL 200/67: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patri- mônio e receita próprios, para executar ati- vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funciona- mento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Dica: o nome “instituto”, geralmente designa natureza autárquica à entidade. Características das Autarquias: a) São pessoas jurídicas de direito públi- co: O regime jurídico aplicável é preponderantemente de Direito Público, e não de Direito Privado; b) São criadas e extintas por lei específi- ca: Art. 37, XIX da CF. Não há de se falar em leis multitemáticas, mas sim em lei que se trata exclusivamente da criação da autarquia. Sua extinção também se dá por lei específica, em homenagem ao princípio da simetria das formas. Não se aplica o regime de extinção falimentar às autarquias. c) Têm autonomia gerencial, orçamentá- ria e patrimonial: têm capacidade de autogoverno, mas não se confunde com a independência. d) Nunca exercem atividade econômica: as Autarquias somente desempe- nham atividades típicas da Adminis- tração Pública, sem finalidade eco- nômica. e) São imunes a impostos: art. 150, §2º da CF/88. São devidos os demais, como: taxas, contribuições de melho- ria, empréstimos compulsórios e de- mais contribuições especiais. f) Seus bens são públicos: são portanto, impenhoráveis, imprescritíveis e inali- enáveis. Não são executáveis, so- mente se operando os chamados precatórios, art. 100 CF/88. g) Praticam Atos Administrativos: atos dotados de presunção de legitimida- de, exigibilidade, imperatividade e au- toexecutoriedade. h) Celebram contratos administrativos: Aplicação da lei 8.666/93. i) O regime normal de contratação é es- tatutário: em regra, os agentes públi- cos pertencentes às autarquias ocu- pam cargos públicos, compondo a ca- tegoria dos servidores públicos esta- tutários. A contratação via CLT é ex- cepcional. j) Possuem prerrogativas típicas da Fa- zenda Pública: possuem privilégios processuais característicos da Fa- zenda Pública, como prazos em do- bro para recorrer e quádruplo para contestar. Suas dívidas são executa- das por meio do sistema de precató- rios, etc. k) Responsabilidade Objetiva e direta: não há necessidade de comprovação de culpa ou dolo, pelos prejuízos cau- sados por seus agentes. A Adminis- tração Direta só poderá ser acionada em caráter subsidiário. l) Sofre controle dos tribunais de contas; m) Seus dirigentes ocupam cargos em comissão de livre provimento e exo- neração “ad nutum”. Espécies de Autarquias A doutrina identifica diversas categorias de autarquias: Autar- quias a) Adminis- trativas ou de serviço Ex.: INSS, Ibama b) Especiais Especiais stricto sensu Ex.: Sudam, Sudene, Bacen, Uni- versidades Públicas Agências Regulado- ras Ex.: Anatel, Anac c) Corporati- vas * Ex.: Crea, CRM d) Fundacio- nais Ex.: Procon, Funasa, Funai DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 8 - e) Territoriais Ex.: Territórios Federais (art. 33 CF) * A natureza jurídica da OAB não é autárqui- ca, conforme ADI 3.026/2006. Segundo o STF, a OAB seria uma entidade sui generis. Exerce função constitucionalmente privilegia- da, pois é indispensável à administração da justiça (art. 133 CF). 1.5.1.1. Fundações Públicas São pessoas jurídicas de direito públi- co interno, instituídas por lei específica medi- ante a afetação de um acervo patrimonial do Estado a uma dada finalidade pública. Ex.: Funai, Funasa, IBGE, Funarte, Fundação Biblioteca Nacional. Fundação é um patrimônio personali- zado afetado a um fim. Sua personalização ocorre porque sobre o patrimônio incide nor- mas jurídicas que o torna sujeito de direitos e obrigações. Afetado a uma finalidade implica que seu objetivo é perseguir um interesse, sempre público, pré-determinado no ato de instituição. Segundo as lições da Professora Ma- ria Sylvia Zanella Di Pietro, conceituam-se as fundações instituída pelo Poder Público como sendo: “... o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídi- ca, de direito público ou privado, e des- tinado, por lei, ao desempenho de ati- vidades do Estado na ordem social, com capacidade de auto-administração e mediante controle da Administração Pública, nos termos da lei.” Neste conceito, surgem os seguintes elementos: dotação patrimonial; personalida- de jurídica pública ou privada, dependendo da lei instituidora; função social da fundação, isto é, o exercício de uma atividade da Admi- nistração que de caráter social; capacidade de gerenciamento próprio; e controle da Ad- ministração Direta, nos limites estabelecidos em lei. A lei n.º 7.596, de 10 de abril de 1987, que alterou o artigo 4º do Decreto-lei n.º 200, classificou de forma definitiva as “fundações públicas” na mesma categoria das entidades da Administração Indireta e, no artigo 5º do Decreto-lei n.º 200, conceituou as fundações da seguinte forma: “A entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lu- crativos, criada em virtude de autoriza- ção legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú- blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respec- tivos órgãos de direção e funcionamen- to custeado por recursos da União e de outras fontes” O Supremo Tribunal Federal, na vi- gência da Constituição anterior, já decidiu que as fundações de direito público são es- pécie do gênero autarquia. Prevalecendo este entendimento, que faz das fundações públicas uma espécie do gênero autarquia, portanto, aplicam-se as fundações públicas as mesmas normas, direitos e restrições refe- rentes às autarquias. Portanto, de acordo com o entendi- mento adotado pela maioria da doutrina e pelos concursos públicos, as fundações são espécies de autarquias revestindo-se das mesmas características jurídicas aplicáveis às entidades autárquicas. 1.5.1.2. Agências Reguladoras As agências reguladoras foram cria- das para fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Além de controlar a qualidade na prestação do serviço, estabelecem regraspara o setor. A criação das agências reguladoras brasilei- ras teve uma direta relação com o processo de privatizações e a reforma do Estado inici- ados no Brasil na metade dos anos 90. Sua origem advém de uma concepção neoliberal. Vejamos algumas das principais agências reguladoras: 1) Agência Nacional de Telecomunica- ções (Anatel) A Agência Nacional de Telecomunicações (Ana- tel) promove o desenvolvimento das telecomuni- cações no país. Criada em 1997, a agência tem DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 9 - A presença do nome “Agência” não é essencial para qualificar a autarquia como agência reguladora. Situação esta da Comis- são de Valores Mobiliários – CVM, cuja lei de instituição declara tratar-se de autarquia es- pecial dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (art. 5º da Lei n. 6.385/76). Lo- go, a CVM é uma agência reguladora, apesar de não se chamar agência. independência administrativa e financeira e não está subordinada a nenhum órgão de governo. A Anatel tem poderes de outorga, regulamentação e fiscalização e deve adotar medidas necessárias para atender ao interesse do cidadão. 2) Agência Nacional de Petróleo (ANP) A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foi criada em 1998 para regular as atividades da indústria de petróleo e gás natural e dos biocombustíveis. Autarquia federal, vinculada ao Ministério de Minas e Ener- gia (MME), a ANP estabelece regras, contrata profissionais e fiscaliza as atividades das indús- trias reguladas. 3) Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia criada em 1996, regula e fiscaliza a geração, a transmissão, a distribuição e a comer- cialização da energia elétrica. Vinculada ao Minis- tério de Minas e Energia (MME), também atende a reclamações de agentes e consumidores e me- dia os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores. 4) Agência Nacional de Saúde Suplemen- tar (ANS) Criada em 2000, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é vinculada ao Ministério da Saúde. A ANS promove a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regu- la as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, e contribui para o desenvolvimento das ações de saúde no país. 5) Agência Nacional de Vigilância Sanitá- ria (Anvisa) A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi- sa) foi criada em 1999, tem independência admi- nistrativa e autonomia financeira e é vinculada ao Ministério da Saúde. A agência protege a saúde da população ao realizar o controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços que devem passar por vigilância sanitá- ria, fiscalizando, inclusive, os ambientes, os pro- cessos, os insumos e as tecnologias relacionados a esses produtos e serviços. A Anvisa também controla portos, aeroportos e fronteiras e trata de assuntos internacionais a respeito da vigilância sanitária. 6) Agência Nacional de Águas (ANA) Criada no ano 2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas tem autonomia administra- tiva e financeira. A agência implementa e coorde- na a gestão dos recursos hídricos no país e regu- la o acesso à água, sendo responsável por pro- mover o uso sustentável desse recurso natural, a fim de beneficiar não só a geração atual, mas também as futuras. 7) Agência Nacional do Cinema (Ancine) A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é uma autarquia especial e, por isso, tem independência administrativa e financeira. Criada em 2001 e vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), a agência tem como objetivo principal o fomento à produção, à distribuição e à exibição de obras cinematográficas e videofonográficas. Além disso, a Ancine regula e fiscaliza as indústrias que atu- am nessas áreas. 8) Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Criada em 2001, a Agência Nacional de Transpor- tes Aquaviários (Antaq) é vinculada ao Ministério dos Transportes e tem autonomia financeira e administrativa. A agência implementa, em sua área de atuação, as políticas formuladas pelo ministério e pelo Conselho Nacional de Integra- ção de Políticas de Transporte (Conit). Além dis- so, regula, supervisiona e fiscaliza os serviços prestados no segmento de transportes aquaviá- rios e a exploração da infraestrutura portuária e aquaviária exercida por terceiros. 9) Agência Nacional dos Transportes Ter- restres (ANTT) A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) foi criada em 2001, é vinculada ao Minis- tério dos Transportes e tem independência admi- nistrativa e financeira. A agência é responsável pela concessão de ferrovias, rodovias e transpor- te ferroviário relacionado à exploração da infraes- trutura; e pela permissão de transporte coletivo regular de passageiros por rodovias e ferrovias. Além disso, a ANTT é o órgão que autoriza o transporte de passageiros realizado por empresas de turismo sob o regime de fretamento, o trans- porte internacional de cargas, a exploração de terminais e o transporte multimodal (transporte integrado que usa diversos meios). 10) Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Criada em 2006 para substituir o Departamento Nacional de Aviação Civil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem a função de regular e fiscalizar as atividades do setor. É responsabili- dade da autarquia, vinculada ao Ministério da Defesa, garantir segurança no transporte aéreo, a qualidade dos serviços e respeito aos direitos do consumidor. DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 10 - princípio da legalidade, ocupando posição de inferioridade em relação à lei dentro da estru- tura do ordenamento jurídico. Tais atos nor- mativos não podem contrariar regras fixadas na legislação ou inovar em matéria ainda não tratada em lei anterior, e tão pouco editar atos normativos gerais e abstratos. Natureza Jurídica da Agência Reguladora As agências reguladoras são autarquias com regime especial, possuindo todas as características jurídicas das autarquias co- muns mas delas se diferenciando pela pre- sença de duas peculiaridades em seu regime jurídico: a) Dirigentes estáveis: ao contrário das autarquias comuns, em que os diri- gentes ocupam cargos em comissão exoneráveis livremente pelo Poder Executivo, nas agências reguladoras os dirigentes são protegidos contra o desligamento imotivado. Essa prote- ção contra a exoneração imotivada ou ad nutum, representa uma estabilida- de mais acentuada, permitindo ao di- rigente exercer tecnicamente suas funções sem preocupações com in- fluências políticas ou partidárias. b) Mandatos fixos: nas agências regula- doras os dirigentes permanecem na função por prazo determinado sendo desligados automaticamente após o encerramento do mandato. A duração dos mandatos variam entre as diver- sas agências. Diretorias Colegiadas A Lei n. 9.986/2000, determina a obrigatorie- dade do sistema diretivo colegiado nas agên- cias (no âmbito Federal). As Diretorias Cole- giadas são nomeadas pelo Presidente da República com aprovação do Senado Fede- ral (ato administrativo complexo). Poder Normativo As agências reguladoras são legalmente do- tadas de competência para estabelecer re- gras disciplinando os respectivos setores de atuação. Tal poder normativo tem sua legiti- midade condicionada ao cumprimento do Agências Executivas Não se confunde com Agência Regu- ladora. Previstas no art. 37, §8º, da CF, agências executivas é um título atribuído pelo governo federal a autarquias, fundações pú- blicas e órgãos que celebrem contrato degestão para ampliação de sua autonomia mediante fixação de metas de desempenho. Agências executivas não são uma no- va espécie de pessoa jurídica da Administra- ção Pública, mas uma qualificação obtida por entidades e órgãos públicos. Um raro exemplo de Agência Executiva é o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza- ção e Qualidade Industrial), uma autarquia federal que obteve a referida qualificação. Nos termos do art. 24 §único da Lei 8.666/93, as agências executivas têm o do- bro do limite para contratação direta por dis- pensa de licitação. 1.5.2. Associações Públicas O art. 241 da CF prescreve que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de co- operação entre os entes federados, autori- zando a gestão associada de serviços públi- cos, bem como a transferência total ou parci- al de encargos, serviços, pessoal e bens es- senciais à continuidade dos serviços transfe- ridos. A lei 11.107/2005 disciplinou o instituto do consórcio público. Consórcio Público é o negócio jurídico plurilateral de direito público que tem por ob- jeto medidas de mútua cooperação entre entidades federativas, resultando na criação de uma pessoa jurídica autônoma com natu- reza de direito privado ou de direito público. Também previstas no art. 41, IV do Código Civil. Cuidado: Há casos de entidades/órgãos com nomenclatura de “Agências”, mas que não têm natureza jurídica de agências regulado- ras. Ex.: Abin (Agência Brasileira de Inteli- gência, órgão despersonalizado subordinado à Presidência da República – art. 3º da Lei 9.883/99). Agência Espacial Brasileira, com natureza de autarquia comum (art. 1º da Lei 8.854/94), dentre outros. DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 11 - As entidades consorciadas podem optar entre duas naturezas distintas para a pessoa jurídica criada após a celebração do contrato (art. 6º da lei 11.107/05). Art. 6o O consórcio público adquirirá perso- nalidade jurídica: I – de direito público, no caso de cons- tituir associação pública, mediante a vigên- cia das leis de ratificação do protocolo de intenções; II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. § 1o O consórcio público com persona- lidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados. § 2o No caso de se revestir de perso- nalidade jurídica de direito privado, o con- sórcio público observará as normas de di- reito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, pres- tação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Obs.: As associações públicas pertencentes à Administração Pública Indireta de todas as pessoas federativas consorciadas também são conhecidas como entidades transfedera- tivas. 1.5.3. Empresas Estatais São pessoas jurídicas de direito pri- vado pertencentes à Administração Pública Indireta, a saber: empresas públicas e socie- dades de economia mista. 1.5.3.1. Empresas Públicas São pessoas jurídicas de direito pri- vado, criadas por autorização legislativa, com totalidade de capital público e regime organi- zacional livre. Exemplos: BNDES, ECT, CEF, Embrapa, Infraero, etc. O conceito legislativo está previsto no art. 5º, II do DL 200/67: II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administra- tiva podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Tal conceito está desatualizado em três aspectos: a) “capital exclusivo da União” – o capital deve ser exclusivamente PÚBLICO, podendo sua origem ser federal, es- tadual ou municipal. b) “criadas por lei” – conforme a redação dada ao art. 37, XIX da CF, as em- presas públicas e sociedades de eco- nomia mista não são criadas por lei, mas têm autorização legislativa para sua criação. c) “para exploração de atividade econô- mica” – as empresas públicas podem desempenhar, além das atividades econômicas, serviços públicos. Características das Empresas Públicas a) Criação autorizada por lei específica – ao contrário das autarquias criadas por lei, a personalidade jurídica das empresas não surge com a simples promulgação do diploma legislativo, mas com o registro de sua constitui- ção no cartório competente. É o que determina o art. 45 do CC. Aqui tam- bém se aplica o princípio da simetria das formas. b) Todo capital é público – não existe di- nheiro privado integrando o capital social da empresa pública. c) Forma organizacional livre – as em- presas públicas podem adotar qual- quer forma admitida pelo Direito Em- presarial, tais como: sociedade anô- nima, Ltda e comandita. d) Suas demandas são de competência da Justiça Federal – Nos termos do art. 109 da CF, cabe à Justiça Federal julgar as causas de interesse da Uni- ão, entidade autárquica ou empresa pública federal. No caso das empre- sas públicas distritais, estaduais ou municipais, em regra, as demandas são julgadas em varas especializadas da Fazenda Pública na justiça comum estadual. 1.5.3.2. Sociedade de Economia Mista DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 12 - Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, criadas mediante autorização legislativa, com maioria de capital público e organizadas obrigatoria- mente como sociedades anônimas. Ex.: Pe- trobras, Banco do Brasil, Eletrobrás e Furnas. O conceito legislativo está previsto no art. 5º, III do DL 200/67: III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de per- sonalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade eco- nômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Admi- nistração Indireta. Assim como nas empresas públicas, o conceito de sociedade de economia mista apresentado pelo Decreto exige dois reparos: i) são criadas mediante autorização legislati- va, e não por lei; ii) além de explorar ativida- des econômicas, podem também prestar serviços públicos. Características da Sociedade de economia mista a) Criação autorizada por lei - a persona- lidade jurídica surge com o registro de sua constituição no cartório compe- tente, e não diretamente pela lei. b) A maioria do capital é público – na composição do capital votante, pelo menos 50% mais uma das ações com direito a voto devem pertencer ao Es- tado. Se o Estado detiver minoria do capital votante, estaremos diante de empresa privada com participação es- tatal, caso em que a entidade não pertencerá à Administração Pública. c) Forma de sociedade anônima – ex- pressa determinação legal, as socie- dades de economia devem ter obriga- toriamente a estrutura de S.A. d) Demandas são julgadas na justiça comum estadual – ainda que federais, as sociedades de economia mista demandam e são demandadas peran- te justiça estadual (art. 109 da CF). As empresas públicas e sociedades de economia mista têm características conforme atuação preponderante, seja na exploração de atividades econômicas, seja na prestação de serviços públicos, vejamos um quadro comparativo de tais características: Prestadoras de serviço público Exploradoras de atividade econô- mica Imunes a impostos Não têm imunidade Bens Públicos Bens privados Responsabilidade Ob- jetiva Responsabilidade sub- jetiva O Estado responde subsidiariamente O Estado não tem res- ponsabilidade pelos danos Sujeitam-se à impetra-ção de MS Não se sujeitam à im- petração de MS Maior influência do regime de Direito Adm. Menor influência do regime de Direito Adm. Obrigadas a licitar Obrigadas a licitar, exceto para bens e serviços relacionados com a sua atividade fim. 1.5.4. Fundações Governamentais de Direito Privado Há bastante polêmica sobre a possibi- lidade de o Estado criar fundações com per- sonalidade jurídica de direito privado. A corrente doutrinária majoritária, adotada em provas e concursos públicos, admite a possibilidade de criação de funda- ções governamentais de direito privado. As fundações governamentais são conceituadas como pessoas jurídicas de di- reito privado, criadas mediante autorização legislativa, com a afetação de um acervo de bens à determinada finalidade pública. Assim, deve-se reconhecer a possibi- lidade de o Estado, ao criar uma fundação, escolher qual o regime jurídico aplicável, de- cidindo livremente entre a instituição de fun- dação pública, espécie do gênero autarquia, dotada de personalidade jurídica de direito público, ou optar pela criação de fundação governamental com regime de direito priva- do. Falta um maior detalhamento norma- tivo sobre as formas de atuação das funda- ções governamentais de direito privado, con- forme própria redação do inciso XIX do art. 37 da CF, in fine. DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 13 - 1.6. Entes de Cooperação Entes de cooperação são pessoas ju- rídicas de direito privado que colaboram com o Estado exercendo atividades não lucrativas e de interesse social. A doutrina divide os entes de coope- ração em duas categorias: Entidades paraes- tatais e Terceiro setor. 1.6.1. Entidades Paraestatais São aquelas entidades que atuam ao lado do Estado. São pessoas privadas cola- boradoras da Administração Pública. Não existe um conceito legislativo de entidades paraestatais, gerando assim, gran- de controvérsia doutrinária, no entanto, tem predominado em concursos públicos o en- tendimento de que o conceito de entidades paraestatais inclui somente os serviços soci- ais, na linha sustentada por Celso Antônio Bandeira de Mello. Os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, criadas mediante autorização legislativa e que com- põem o denominado sistema “S”. O nome sistema “S” deriva do fato de tais entidades estarem ligadas à estrutura sindical e terem sempre sua denominação iniciando com a letra “S” de serviço. Exemplos: a) SENAI (Serviço Nacional de Aprendi- zagem Industrial) - a quem cabe a educação profissional e aprendiza- gem industrial, além da prestação de serviços de assistência técnica e tec- nológica às empresas industriais. b) SESI (Serviço Social da Indústria) – promove a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e de seus depen- dentes por meio de ações em educa- ção, saúde e lazer. c) IEL (Instituto Euvaldo Lodi) – capaci- tação empresarial e do apoio à pes- quisa e à inovação tecnológica para o desenvolvimento da indústria. As três instituições acima são subor- dinadas à Confederação Nacional da Indústria. Além dessas, outras organi- zações do Sistema S são: d) SENAC (Serviço Nacional de Apren- dizagem Comercial) – educação pro- fissional para trabalhadores do setor de comércio e serviços. e) SESC (Serviço Social do Comércio) – promoção da qualidade de vida dos trabalhadores do setor de comércio e serviços. f) SENAR (Serviço Nacional de Apren- dizagem Rural) – educação profissio- nal para trabalhadores rurais. g) SENAT (Serviço Nacional de Apren- dizagem em Transportes) – educação profissional para trabalhadores do se- tor de transportes. h) SEST (Serviço Social de Transportes) – promoção da qualidade de vida dos trabalhadores do setor dos transpor- tes. i) SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) – aprimoramento e desenvolvimento das cooperativas e capacitação pro- fissional dos cooperados para exerce- rem funções técnicas e administrati- vas. Características do Sistema “S” a) São pessoas jurídicas de direito pri- vado; b) São criados mediante autorização le- gislativa; c) Não têm fins lucrativos; d) Executam serviços de utilidade públi- ca, mas não serviços públicos; e) Produzem benefícios para grupos ou categorias profissionais; f) Não pertencem ao Estado; g) São custeados por contribuições compulsórias pagas pelos sindicaliza- dos (art. 240 da CF), conforme Ale- xandre Mazza, constituindo verdadei- ros exemplos de parafiscalidade tribu- tária (art. 7º do CTN); h) Os valores remanescentes dos recur- sos arrecadados constituem superá- vit, e não lucro, devendo ser reverti- dos nas finalidades essenciais da en- tidade; i) Estão sujeitos a controle estatal, in- clusive por meio dos Tribunais de Contas; j) Não precisam contratar pessoal me- diante concurso público; DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 14 - k) Estão obrigados a licitar (art. 1º, § único, da Lei 8.666/93); l) São imunes a impostos incidentes so- bre o patrimônio, renda e serviços (art. 150, VI, “c” da CF). 1.6.2. Terceiro Setor O nome “terceiro setor” designa ativi- dades que não são, nem governamentais (primeiro setor), nem empresariais e econô- micas (segundo setor). Desse modo, o tercei- ro setor é composto por entidades privadas da sociedade civil que exercem atividades de interesse público sem finalidade lucrativa. Com a falência do Estado, o setor pri- vado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que com- põem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de ca- ráter público. O regime jurídico aplicável a tais enti- dades é predominantemente privado, parci- almente derrogado por normas de Direito Público. No âmbito federal, duas qualificações podem ser atribuídas para entidades do ter- ceiro setor: a) Organizações Sociais (OS’s); e b) Organizações da Sociedade Civil de Inte- resse Público (Oscips). 1.6.2.1. Organizações Sociais Criada pela Lei n. 9.637/98, organiza- ção social é uma qualificação especial outor- gada pelo governo federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de vantagens pe- culiares, como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo temporário de servidores governamentais. As áreas de atuação das OS’s são ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham atividades de interesse público. 1.6.2.2. OSCIP As organizações da sociedade civil de interesse público são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa dos particulares, para desem- penhar serviços não exclusivos do Estado, com fiscalização pelo Poder Público, formali- zando a parceria com a Administração Públi- ca por meio de termo de parceria. A outorga do título de Oscip é disciplinada pela lei n. 9.790/99. O campo de atuação das Oscip’s é mais abrangente do que o das OS’s (art. 3º da Lei n. 9.790/99). Vejamos as diferenças fundamentais entre as duas qualificações outorgadas pelo governo federal às entidades que atuam no terceiro setor. Organizações Soci- ais Oscips Lei n. 9.637/98 Lei n. 9.790/99 Exercem atividades de interesse público anteri- ormente desempenhadas pelo Estado Exercem atividades de natureza privada Firmam Contrato de ges- tão Firmam Termo de parceria A outorga é discricionária A outorga é vinculada Depende de aprovação do Ministro de Estado ligado à área de atuação da entidade É outorgadapelo Ministro da Justiça Podem ser contratadas por dispensa de licitação Não há previsão legal de contratação direta sem licitação Devem realizar licitação para contratações resul- tantes da aplicação de recursos e bens repas- sados diretamente pela União Devem realizar licita- ção para contrata- ções resultantes da aplicação de recursos e bens repassados diretamente pela União Estão proibidas de rece- ber a qualificação de Oscips Não há previsão legal equivalente DIREITO ADMINISTRATIVO – MATUTINO Material Compilado pelo Prof. Msc. Timóteo Ferreira - 15 - Bibliografia ALEXANDRINO, Marcelo; Paulo, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 21. ed. São Paulo : Método, 2013. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 26. ed. São Pau- lo: Atlas, 2013. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2013. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 30. ed. São Paulo/ SP/: Malheiros, 2013. MAZZA, ALEXANDRE. Manual de Direito Administrativo Completo para Concursos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo/ SP/ : Ma- lheiros, 2013.
Compartilhar