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Tema 4 - Código de Ética Profissional e Documentações do Psicólogo

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DESCRIÇÃO
Os órgãos, instrumentos técnicos e políticos orientadores e reguladores da atuação do
profissional da Psicologia.
PROPÓSITO
A compreensão dos padrões de conduta é essencial para a formação de profissionais da
Psicologia que possam, além de ofertar práticas positivas para a sociedade, também fortalecer
o reconhecimento social dessa categoria profissional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a importância da conduta ética na prática profissional do psicólogo
MÓDULO 2
Identificar as interlocuções inerentes aos Conselhos de Psicologia nas esferas Regionais e
Federal, bem como suas atribuições e funcionamento
MÓDULO 3
Analisar os diferentes dilemas éticos inseridos na prática do profissional da Psicologia e suas
implicações
MÓDULO 4
Identificar os documentos elaborados pelos profissionais da Psicologia
INTRODUÇÃO
Como saber se estamos sendo éticos no exercício da nossa profissão? O que irá nortear a
nossa prática? Afinal, o que é a ética profissional? Um ponto essencial a ser esclarecido de
antemão é que a ética diz respeito aos conhecimentos que chegam até nós por meio da
investigação do comportamento humano.
Na busca do exercício ético, as profissões contam com códigos que buscam estabelecer
padrões de conduta exemplares para determinada classe. No caso da Psicologia, mais que
estabelecer um padrão técnico de conduta, o Código de Ética do psicólogo é um importante
instrumento político que visa atender às necessidades da sociedade. Vale destacar que tendo
em vista que a própria sociedade promove a relevância das práticas psicológicas, ela permite
ancorar e demarcar o espaço de atuação da Psicologia como ciência e profissão. Portanto,
neste conteúdo discutiremos a forma como se deu a construção do Código de Ética da
Psicologia no Brasil, assim como seu funcionamento ao orientar as práticas dessa profissão.
Essa base inicial nos permitirá entender os instrumentos que pautam e orientam as práticas e
responsabilidades individuais e coletivas acerca das ações e suas consequências no exercício
profissional da Psicologia.
MÓDULO 1
 Reconhecer a importância da conduta ética na prática profissional do psicólogo
ÉTICA OU MORAL?
Neste momento vamos conhecer um pouco sobre a normatização da profissão e as principais
regulamentações da atuação do psicólogo. Vamos juntos descobrir o que a categoria
profissional e a sociedade esperam como ação e resposta de nós.
Com base na concepção de Chauí (1995), temos:
Ética
Significa a filosofia moral que possibilita a reflexão, a discussão, a problematização e a
interpretação do significado dos valores morais. Ela nos permite refletir sobre as normas e
valores que orientam as atitudes e comportamentos humanos.

Moral
Fala sobre a aplicação desses conhecimentos no dia a dia, que podem ser manifestados na
profissão, na empresa ou em situações mais abrangentes como os comportamentos que guiam
a nossa sociedade.
Com isso, você pode estar se perguntando: “Mas como o psicólogo se insere em toda essa
dinâmica? Afinal de contas, ele lida com a ética ou com a moral?”.
A resposta para essas perguntas é bem complexa, pois, em nossa prática profissional, nos
diferentes contextos em que nos encontrarmos, vamos nos deparar com sujeitos e instituições
que preservam seus valores, padrões e convicções (a moral), porém, nunca estaremos no
papel de julgadores da moral, do que é bem e mal, certo e errado, pois, na nossa prática, esse
papel ético deve ser encarado pelo próprio indivíduo, de forma reflexiva.
Não cabe ao psicólogo, portanto, determinar o que é certo e errado, ou o que pode e não pode
ser feito.
A ética, portanto, se constitui na reflexão crítica sobre a moral. Isso pressupõe pensar a
respeito do que se faz, bem como repensar os costumes, as normas e as regras vigentes na
sociedade, mas sem imposições unilaterais.
A Psicologia, então, deve superar essas dicotomias e avançar na investigação do sentido e do
significado desses padrões (em outras palavras, a ética), mas não determiná-los, priorizando a
integridade e o respeito pelo humano. Com isso, por mais que esteja atravessada pela moral, a
Psicologia trará consigo uma atitude ética e respeitosa.
E o que é ética na profissão?
A ética profissional pode ser entendida como uma codificação, ou seja, é elencado um conjunto
de regras e atividades que norteiam as práticas profissionais.
Esse instrumento é comumente nomeado de Código de Ética profissional e visa organizar e
regulamentar os padrões sociais e técnicos de determinada categoria de especialistas. Dessa
forma, o trabalho técnico e social do psicólogo deve estar baseado nas normas e modos de
conduta estabelecidas no Código de Ética da profissão.
A ÉTICA NO CÓDIGO DE ÉTICA
O Código de Ética do psicólogo está em sua terceira reformulação e foi instituído em 2005
pela Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) nº 010/2005. Ele foi elaborado de
forma colaborativa por meio de um amplo processo de construção coletiva e democrática que
retratava a época social vivida pelo país, na qual a história da Psicologia se modificava de
acordo com as mudanças sociais da nação.
Basicamente, esse novo Código de Ética do psicólogo traz como discussão dois pontos
fundamentais na atuação profissional:
Os limites colocados à ação do profissional em sua relação com o usuário, para que a atividade
profissional seja realizada sem causar prejuízos nem ao psicólogo nem ao usuário do serviço
psicológico.
A representatividade acerca do significado e reconhecimento social da profissão, além da
orientação sobre a intervenção da Psicologia na sociedade. Sendo assim, o Código de Ética
leva o psicólogo a refletir sobre as suas responsabilidades, não apenas em suas práticas de
trabalho individuais, mas também em suas responsabilidades para com o desenvolvimento e o
estabelecimento da profissão.
OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO
CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO
É necessário que a atuação do psicólogo seja embasada em sete princípios fundamentais
descritos no Código de Ética profissional e que são transversais às atividades descritas como
de sua responsabilidade (CFP, 2005, p.7):

I.
“O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da
igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
II.
O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.


III.
O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade
política, econômica, social e cultural.
IV.
O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e
de prática.


V.
O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da
profissão.
VI.
O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando
situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.


VII.
O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos
dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em
consonância com os demais princípios deste Código.”
Pautadas nesses princípios são descritas mais de 70 condutas que norteiam o profissional no
exercício da profissão. Mas embora o Código de Ética seja bem claro e explicativo em suas
orientações, é comum, muitas vezes, os profissionais se depararem com situações que os
fazem refletir sobre sua prática em contraposição com o que está normatizado no Código.
 SAIBA MAIS
Vale ressaltar que o Código de Ética tem como princípio geral se instituir comoum
instrumento de reflexão que visa nortear e não estabelecer condutas entre os psicólogos e
suas relações com a ciência, a sociedade e a profissão.
O que fazer? Como fazer? Qual o meu papel na sociedade como profissional da
Psicologia?
Todos esses questionamentos nos permitem construir a Psicologia ciência e profissão, e o
Código de Ética deve estar alinhado com as mudanças e necessidades sociais.
Portanto, cabe a todo psicólogo conhecer, além do Código de Ética, também as resoluções,
leis e decretos, ou seja, toda a legislação da profissão, verificando se essa cumpre seu papel
político e social, pois esses documentos devem garantir que as práticas estejam adequadas
aos valores da sociedade e pautadas no respeito aos direitos fundamentais do ser humano.
Baseadas no Código de Ética da profissão, todas as resoluções, notas técnicas, cartilhas e
demais documentos elaborados pelo CFP abordam contextos específicos da atuação do
psicólogo.
 DICA
É importante que os profissionais estejam sempre atualizados em relação à variedade de
documentos, pois eles são modificados constantemente, reafirmando o caráter dinâmico,
colaborativo e transformador da Psicologia como profissão.
A Psicologia visa atender às necessidades sociais e políticas, o que demonstra a sensibilidade
dos sistemas de Conselho (Federais e Regionais) às demandas da categoria e da sociedade.
Dentre essas documentações podemos exemplificar:
Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na atenção básica à saúde.
Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na rede de proteção às crianças e
adolescentes em situação de violência sexual.
Nota técnica sobre a Resolução nº 1, de 22 de março de 1999, que estabelece normas de
atuação para os psicólogos em relação à questão de orientação sexual.
Nota orientativa sobre ensino da avaliação psicológica em modalidade remota no
contexto da pandemia da covid-19 17/11/2020.
Cartilha de boas práticas para avaliação psicológica em contextos de pandemia.
Ao analisarmos os exemplos anteriores, podemos verificar o sistema ético proposto, no qual se
preconiza uma atuação profissional engajada social e politicamente no mundo, e não um
profissional a serviço exclusivo do indivíduo.
Embora o Código seja o pilar que norteia a atuação profissional, muitos psicólogos nem
sempre cumprem suas orientações, assim como ocorre em todos os campos de atuação
profissional.
 COMENTÁRIO
Os comportamentos questionáveis desses colegas acabam por fazê-los utilizar os
conhecimentos proporcionados pela Psicologia para benefício próprio em detrimento do bem-
estar social.
São inúmeras as denúncias de situações antiéticas registradas e vivenciadas, tais como
atitudes de desrespeito e desconfiança aos pares e à sociedade, o que acaba por desmerecer
a atuação profissional de psicólogos e enfraquecer a classe de um modo geral.
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO
PSICÓLOGO, SUA ATUAÇÃO
PROFISSIONAL E RELAÇÃO COM O
CÓDIGO DE ÉTICA
A especialista Susy Rocha reflete a seguir sobre o papel do psicólogo em atender às
necessidades sociais e políticas no Brasil e no mundo, relacionando documentações do CFP
com o Código de Ética do psicólogo. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Ética ou moral?
A ética no Código de Ética
VERIFICANDO O APRENDIZADO
ATUAÇÕES DO CONSELHO REGIONAL E
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
MÓDULO 2
 Identificar as interlocuções inerentes aos Conselhos de Psicologia nas esferas
Regionais e Federal, bem como suas atribuições e funcionamento
Você sabe quando foi regulamentada a profissão de psicólogo no Brasil?

1962
A profissão de psicólogo foi regulamentada pela Lei nº 4.119, em 27 de agosto de 1962
(BRASIL, 1962), razão pela qual o seu dia é comemorado nessa data anualmente.
1971
No entanto, somente nove anos mais tarde é que foram criados e regulamentados o Conselho
Federal Psicologia (CFP) e seus Conselhos Regionais, oficializados pela Lei Federal nº 5.766
(BRASIL, 1971).


1977
Mais tarde, com o Decreto nº 9.822, de 17 de junho de 1977 (BRASIL, 1977) que regulamenta
a Lei nº 5.766, ficaram, por fim, determinadas as finalidades do Conselho Federal de
Psicologia.
Falamos sobre os Conselhos de Psicologia. Você sabe qual a função deles?
OS CONSELHOS REGIONAIS E O FEDERAL SÃO
AUTARQUIAS, OU SEJA, REALIZAM FUNÇÕES QUE
LHES SÃO ATRIBUÍDAS PELO ESTADO BRASILEIRO.
ELES SE DESTINAM A ORIENTAR, DISCIPLINAR E
FISCALIZAR O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE
PSICÓLOGO, E REALIZAM, ENTRE OUTRAS
ATIVIDADES, AS FUNÇÕES DE EXPEDIR
RESOLUÇÕES NECESSÁRIAS AO CUMPRIMENTO DAS
LEIS EM VIGOR, DE FUNCIONAR COMO TRIBUNAL
SUPERIOR DE ÉTICA PROFISSIONAL E DE ZELAR
PELO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO, ORIENTANDO,
DISCIPLINANDO E FISCALIZANDO.
(BRASIL, 1971)
AUTARQUIAS
Entidades que cumprem a função de administrar e fiscalizar as atividades de uma classe
profissional que precisa de regulamentação para exercer as atribuições que lhe competem.
Dessa forma, os Conselhos funcionam como um tipo de mediação entre a Psicologia e a
sociedade. Nesse contexto, mais adiante, discutiremos cada uma de suas atribuições, trazendo
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para a prática e contextualizando com a atuação profissional do psicólogo.
 ATENÇÃO
Os Conselhos orientam a profissão por meio das resoluções, do Código de Ética profissional e
do Código de Processamento Disciplinar, definindo parâmetros para a atuação profissional do
psicólogo.
Como forma de gerenciar o funcionamento do Sistema Conselhos de Psicologia, foram criadas
determinadas instâncias deliberativas em âmbito nacional e regional. Veja:
ESFERA NACIONAL
Nessa esfera, podemos citar o Congresso Nacional da Psicologia (CNP), que é realizado a
cada três anos e nos períodos de eleições. Em continuidade, semestralmente são realizadas a
Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (APAF), com a presença de
representantes de todos os Conselhos Regionais e Federal, o Plenário e a Diretoria do CFP.
ESFERA REGIONAL
Nas esferas regionais, o Congresso Regional de Psicologia (COREP) é realizado a cada três
anos, enquanto as Assembleias Gerais são convocadas pelo menos uma vez a cada ano. Vale
lembrar que o Plenário é restrito ao âmbito da jurisdição do Regional. O planejamento das
atividades do CFP e dos Conselhos Regionais é feito com base nas discussões e decisões do
Congresso Nacional de Psicologia, quando são aprovadas diretrizes sobre a estrutura funcional
dos Conselhos, bem como os princípios que deverão nortear seus trabalhos.
Os Conselhos Regional e Federal de Psicologia são os agentes que regem a orientação,
fiscalização e legislação da atuação profissional dos psicólogos. Dessa forma, cabe a eles
sancionar, defender e informar as ações práticas da profissão de maneira ética e moral,
pautadas na legitimação e nas comprovações científicas. Os Conselhos, juntamente com as
instituições acadêmicas, exercem um diálogo contínuo acerca do processo de formação de
psicólogos e do exercício profissional.
 SAIBA MAIS
As atividades do CRP são garantidas pelo trabalho de funcionários e conselheiros eleitos, em
número proporcional ao de psicólogos inscritos no Conselho, para mandatos de três anos. A
chapa eleita é responsável pelas decisões políticas voltadas para a efetivação do Plano de
Trabalho da Gestão.
Como você pôde observar até aqui, os Conselhos atuam ativamente na orientação, disciplina e
fiscalização do profissional da Psicologia. Vale ressaltar que essa relação entre eles e as
instituições tem o objetivo de promover enlaces e o máximo alcance no aproveitamento dos
espaços para pesquisas, esclarecimentos acerca da inserção do profissional no mercado de
trabalho, fomentar a elaboração de estratégias e metas, identificar os meios e os recursos para
a inserção do psicólogo na comunidade, bem como esclarecer a população e os profissionais
de Psicologia sobre o papel, importância e funcionalidade de se ter psicólogos inseridos nos
mais diversos contextos sociais.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
(CFP)O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é uma autarquia de direito público, com autonomia
administrativa e financeira, cujos objetivos, além de regulamentar, orientar e fiscalizar o
exercício profissional, são pautados em promover espaços de discussão sobre os grandes
temas da Psicologia que levem à qualificação dos serviços profissionais prestados por essa
categoria à sociedade. Órgão central do Sistema Conselhos, o CFP tem sede e foro no Distrito
Federal e jurisdição em todo o território nacional. 
É importante discutirmos acerca das principais atribuições do Conselho Federal de Psicologia
e, para tais fins, o esquema a seguir, baseado na Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971,
esquematiza suas atribuições e práticas fundamentais previstas por lei:
• Elaborar seu regimento e aprovar os regimentos organizados pelos Conselhos Regionais.
• Orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Psicólogo.
• Expedir as resoluções necessárias ao cumprimento das leis em vigor e das que venham a
modificar as atribuições e competência dos profissionais de Psicologia.
• Definir nos termos legais o limite de competência do exercício profissional, conforme os
cursos realizados ou provas de especialização prestadas em escolas ou institutos profissionais
reconhecidos.
• Elaborar e aprovar o Código de Ética profissional do psicólogo.
• Funcionar como tribunal superior de ética profissional.
• Servir de órgão consultivo em matéria de Psicologia.
• Julgar em última instância os recursos das deliberações dos Conselhos Regionais.
• Publicar, anualmente, o relatório de seus trabalhos e a relação de todos os psicólogos
registrados.
• Expedir resoluções e instruções necessárias ao bom funcionamento do Conselho Federal e
dos Conselhos Regionais, inclusive no que tange ao procedimento eleitoral respectivo.
• Aprovar as anuidades e demais contribuições a serem pagas pelos psicólogos.
• Fixar a composição dos Conselhos Regionais, organizando-os à sua semelhança e
promovendo a instalação de tantos Conselhos quantos forem julgados necessários,
determinando suas sedes e zonas de jurisdição.
• Propor ao Poder competente alterações da legislação relativa ao exercício da profissão de
psicólogo.
• Promover a intervenção nos Conselhos Regionais, na hipótese de sua insolvência.
• Dentro dos prazos regimentais, elaborar a proposta orçamentária anual a ser apreciada pela
Assembleia dos Delegados Regionais, fixar os critérios para a elaboração das propostas
orçamentárias regionais e aprovar os orçamentos dos Conselhos Regionais.
• Elaborar a prestação de contas e encaminhá-la ao Tribunal de Contas.
Dentre as atribuições do CFP encontram-se a elaboração de regimentos voltados aos
Conselhos Regionais, supervisionando sua atuação em nível territorial. Outra função
importante diz respeito à orientação, disciplina e fiscalização do exercício profissional dos
psicólogos quanto ao Código de Ética e prática profissional.
Dentro do CFP, temos a Comissão de Orientação e Ética e a Comissão de Orientação e
Fiscalização. Vamos ver qual a função de cada uma delas:
COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO E ÉTICA (COE)
Na fiscalização do exercício profissional, a Comissão de Orientação e Ética (COE) tem como
responsabilidade instruir os novos profissionais a como agirem administrativamente em relação
à prática profissional e o que se tem previsto pela categoria no Código de Ética.

COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO (COF)
Existe também a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF), que recebe denúncias de
usuários da Psicologia sobre práticas inapropriadas e afins que podem abrir processos devido
a condutas profissionais inadequadas.
Os Conselhos fiscalizam conforme o Código de Ética da profissão e de acordo com diversas
resoluções que complementam e definem parâmetros para as práticas dos psicólogos. Como já
estudamos, tais resoluções são fruto de demandas e debates que ocorrem na sociedade,
levados à discussão pela categoria e seu exercício profissional. As diversas demandas e
assuntos do momento passam a ser sistematizados e, ao chegarem, por fim, ao CFP, podem
se tornar resoluções.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA
(CRP)
O Conselho Regional de Psicologia é uma autarquia de direito público com a finalidade de
orientar, disciplinar, fiscalizar e regulamentar o exercício da profissão de psicólogo em âmbito
regional. Entre suas atribuições estão o zelo pela fiel observância dos princípios éticos e a
contribuição para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão.
 SAIBA MAIS
Os Conselhos devem atuar na complexidade e totalidade da atuação da categoria. Desse
modo, é de suma importância que eles, as instituições acadêmicas e, especialmente, os
profissionais independentes, possam firmar uma ação conjunta e progressiva para o
aperfeiçoamento da profissão, bem como estimular e tornar o profissional de Psicologia um
agente propenso à mudança e à inovação, e não apenas um propagador de conhecimentos
técnicos e científicos.
Portanto, os Conselhos devem participar ativamente nas lutas sociais da categoria, de modo
que é de suma importância que se tenha uma inserção ética da profissão e que se comprometa
com o aperfeiçoamento desses profissionais, docentes, privados ou liberais, com as
instituições que ofertam os cursos de graduação, e com melhores condições de trabalho e
remuneração.
Os Conselhos devem estar atentos para a integração dialética entre estudante, docente e
profissional, bem como para a integração entre ciência, técnica e arte ou conhecimento,
pesquisa e aplicação, para que se possa desenvolver a Psicologia em todas as suas vertentes.
Vejamos agora o papel dos Conselhos Federal e Regional. Para isso, devemos pautar a
atuação dos Conselhos em quatro vertentes: a política, a de regulamentação, a de
orientação e fiscalização e a de formação e aperfeiçoamento do psicólogo.
Ressalta-se também a vertente que trata da relação entre Política e Psicologia, bem como o
papel político da Psicologia e como ela se depara com as questões psicossociais, dissociando-
se do papel social do psicólogo, cujo objetivo trata da promoção de saúde e bem-estar dos
sujeitos e da comunidade.
Vamos ver como cada uma das quatro vertentes atua. Acompanhe a seguir:
VERTENTE POLÍTICA
No que que diz respeito à vertente política, os Conselhos devem engajar, articular e promover
discussões sobre o desenvolvimento de uma consciência ética da profissão, bem como serem
os principais responsáveis por zelar pela ética na atuação do psicólogo. Eles devem também
promover o estabelecimento de vínculos e parcerias com os órgãos do Poder Legislativo. Essa
aproximação com as jurisdições propiciará algumas conquistas para a categoria profissional,
além dos acessos aos âmbitos educacionais, do trabalho e da saúde. Ela também promoverá a
implementação de programas e ações sociais apropriadamente embasados, respaldados tanto
pela categoria quanto pela ciência psicológica.
Por esse motivo, o psicólogo deve assumir o seu papel como um agente transformador da
realidade. Para isso, é fundamental que o processo de formação desse futuro profissional seja
comprometido com o dever ético.
VERTENTE DA REGULAMENTAÇÃO
Ao entramos na vertente da regulamentação vamos tratar do Conselho como agente
legislador sobre o exercício da profissão e como garantidor do cumprimento dessa legislação.
Em outras palavras, esse é o órgão responsável pelo processo de se fazer cumprir a lei e o
Código de Ética, visto que a principal finalidade dessa vertente é de regulamentar a
organização, bem como de estabelecer um quadro profissional acessível e relevante.
VERTENTE DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
A vertente de orientação e fiscalização corresponde às principais atribuições dos Conselhos,
de modo que as funções de orientação e fiscalização sejam inseparáveis. Recomenda-se a
função de orientação por uma questão preventiva e elucidativa, além de conseguir estabelecer
um parâmetro sobre o que se trata a Psicologia,promovendo esclarecimentos sobre esse
campo. Como já mencionado, grande parte da classe profissional dos psicólogos desconhece
e/ou não compreende as prerrogativas necessárias de seus órgãos legisladores.
VERTENTE DA FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO
PSICÓLOGO
A vertente da formação e aperfeiçoamento do psicólogo deve ser priorizada, pois não se
pode separar a formação do exercício profissional. Ambos dependem um do outro e, se os
Conselhos não se preocuparem com a orientação e a supervisão da formação do futuro
psicólogo, basicamente se esquivarão de seu compromisso ético, reforçando uma ideia
dicotomizada, antiquada e contraditória da Psicologia. Diante disso, deve-se acompanhar a
formação e a iniciação profissional do psicólogo, bem como a abertura e o fechamento de
cursos de graduação nessa área.
De acordo com os encaminhamentos do Congresso Nacional Constituinte da Psicologia, as
ações do Conselho deveriam se pautar em alguns direcionamentos. São eles:
Compromisso social da Psicologia no âmbito da transformação da realidade nacional;
Compromisso científico do psicólogo, com vistas à produção e disseminação do
conhecimento;
Compromisso com a interdisciplinaridade em relação à integração e articulação dos
valores e conhecimentos da Psicologia com as demais áreas;
Compromisso com a qualificação dos responsáveis pela formação de novos profissionais;
O entendimento de que a formação do psicólogo deve ser consistente e abrangente;
Compromisso com uma formação que envolva um posicionamento ético e político,
inserindo o profissional nas discussões sociais, no âmbito da organização da categoria e
de uma postura de cidadania;
A ideia de que o processo de formação deve ser o de construção do conhecimento e de
atitude científica, aqui entendida a partir de uma ampliação do próprio conceito de
ciência;
A ênfase numa formação generalista, que contemple a interdisciplinaridade, as demandas
e relações sociais e a diversidade da atuação profissional;
Assim, fica evidente que é da competência dos Conselhos de Psicologia conduzir e averiguar
as atividades desenvolvidas e relacionadas à difusão da prática profissional privativa do
psicólogo.
 EXEMPLO
Esse é o caso dos métodos e técnicas psicológicas, incluindo os cursos de formação,
treinamentos ou especialização na área da Psicologia, sejam eles organizados e ministrados
por profissionais liberais (pessoas físicas) ou por meio de pessoas jurídicas (instituições,
clínicas, institutos, núcleos, centros de estudos ou outros). Também se enquadram nessa lista
os cursos que se ocupam de técnicas psicológicas (em especial os que lidam com testes
projetivos, de personalidade etc.).
O principal contexto do qual os Conselhos devem se encarregar é o de promover a integração
entre a práxis, a formação do psicólogo e a pesquisa, seja ela acadêmica ou científica.
OS DIRECIONAMENTOS QUE PAUTAM AS
AÇÕES DOS CONSELHOS
A especialista Susy Rocha aborda a seguir os diversos direcionamentos que pautam as ações
dos conselhos. Vamos lá!
FISCALIZAÇÕES E PENALIDADES
Agora que você chegou até aqui, com certeza já conhece um pouco mais sobre a atuação dos
Conselhos e sua territorialização, entende seus objetivos, atribuições e como atuam nas
localidades em âmbito Federal e Regional. Contudo, é possível que você esteja neste
momento se perguntando: “Caso o profissional infrinja alguma conduta ética ou não siga
as resoluções estabelecidas pelo CFP, o que pode acontecer com ele?”. Ou então: “Caso
o cidadão se sinta lesado pela atuação profissional de psicólogos, ele pode encaminhar
denúncias? Como se faz isso?”.
 RESPOSTA
Qualquer cidadão pode fazer uma queixa aos Conselhos pelo site e pelos telefones
disponíveis, inclusive de forma anônima. Todas as denúncias prestadas são passiveis de
punições, sejam elas faltas disciplinares e infrações ao Código de Ética profissional do
psicólogo ou a quaisquer resoluções, e podem ser apuradas em todo o âmbito nacional.
O CFP se encarrega dos julgamentos de processos éticos e todas as representações devem
ser repassadas primeiramente ao CRP. Para a realização de uma denúncia, essa
representação segue o art. 59 do Código de Processamento Disciplinar e será processada pelo
presidente do respectivo Conselho mediante documento escrito e assinado.
Quais são as informações que devem constar nessa representação? Veja:
NOME E QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE.
NOME E QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTADO.
DESCRIÇÃO CIRCUNSTANCIADA DO FATO.
INDICAÇÃO DOS MEIOS DE PROVA DE QUE
PRETENDE O REPRESENTANTE SE VALER PARA
PROVAR O ALEGADO.
Agora que você já conhece como ocorre a representação de um processo disciplinar ético,
saiba que os procedimentos posteriores tomam como base a Resolução 11/2019 do CFP, por
meio da qual, em seguida, ocorrerá a apuração dos fatos pelo Conselho Regional de
Psicologia. A partir dos dados obtidos, o processo disciplinar ético poderá ser arquivado ou
instaurado.
Vale lembrar que todo conteúdo do processo deverá possuir um carácter sigiloso, permitindo o
acesso aos autos apenas às partes e respectivos procuradores.
Observação: A Resolução 11/2019 revoga a Resolução CFP nº 006/2007, bem como todas
as demais disposições em contrário.
São exemplos de processos éticos:
PROCEDIMENTO ÉTICO-DISCIPLINAR; RECURSO DE
PROCESSO ADMINISTRATIVO; IRREGULARIDADE EM
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, DENTRE OUTRAS
POSTURAS INADEQUADAS DO PROFISSIONAL DA
PSICOLOGIA; CONIVÊNCIA COM VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS; DIVULGAÇÃO PROFISSIONAL
INDEVIDA; QUEIXA CONTRA MAU ATENDIMENTO;
OFENSA DO PSICÓLOGO AO PACIENTE DURANTE
ATENDIMENTO; MAUS-TRATOS A CRIANÇAS E A
ADOLESCENTES; FACILITAÇÃO DO EXERCÍCIO
ILEGAL DA PROFISSÃO; PERTURBAÇÃO DA ORDEM
NO LOCAL DE TRABALHO, CAUSANDO PREJUÍZO A
TERCEIROS; ASSOCIAÇÃO DA PRÁTICA
PSICOLÓGICA À RELIGIOSIDADE; FALSIFICAÇÃO DE
DOCUMENTOS; FACILITAÇÃO DE APLICAÇÃO DE
TESTES PSICOLÓGICOS POR NÃO PSICÓLOGOS;
CLÍNICAS COM IRREGULARIDADES NA PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS DE PSICOLOGIA.
(ZAIA, 2018, p. 14)
Agora que já conhece os principais processos éticos, você deve estar se perguntando: “E
quanto às penalidades? Quais são elas?”. Conforme o art. 21 do Código de Ética profissional
do psicólogo, são passíveis de cinco opções. São elas: advertência, multa, censura pública,
suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias e até mesmo a cassação do
exercício profissional.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
As atuações do Conselho Regional e Conselho Federal de Psicologia
Conselho Federal de Psicologia (CFP)
VERIFICANDO O APRENDIZADO
SITUAÇÕES ÉTICAS CRÍTICAS NA PRÁTICA
DO PSICÓLOGO
Agora que entendemos sobre o Código de Ética do psicólogo e como se dá todo o processo de
fiscalização pelos Conselhos, vamos abordar alguns dilemas éticos inerentes à prática do
profissional da Psicologia. Discutiremos algumas situações pelas quais nenhum psicólogo está
isento de passar.
Como saber se estamos sendo éticos dentro da nossa profissão?
O que irá nortear nossa prática?
Afinal, o que é a ética profissional?
O Código de Ética do profissional de Psicologia visa estabelecer padrões esperados em
relação às práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade,
procurando fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua prática
MÓDULO 3
 Analisar os diferentes dilemas éticos inseridos na prática do profissional da
Psicologia e suas implicações
profissional, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas
consequências no exercício profissional.
 SAIBA MAIS
No Código, você encontrará os deveres fundamentais do psicólogo; as orientações daquilo que
nos cabe no coletivo e no individual; bem como a recomendação de que devemos manter a
postura da Psicologia como ciência e profissão.
Você sabia que grande parte das faltas e denúncias éticas que a nossa classe recebe é
por simplesmente não seguir o Código de Ética?
É curioso notar que a maior frequência de denúncias se refira à inobservância dele pelos
própriospsicólogos, o que nos remete a uma pergunta: será que o que falta é o conhecimento
do Código de Ética ou o problema é que não existe uma interpretação adequada dele,
encarando-o como uma lista normativa obrigatória de conduta e não como um meio reflexivo
no cotidiano do exercício da nossa profissão e do cuidado com o outro?
Ao fazermos esse questionamento, precisamos entender que o Código não serve somente
para nos dar respaldo, mas também para fomentar reflexões sobre uma Psicologia engajada,
ética, plural e acolhedora. Assim, juntos podemos contribuir para uma reflexão sobre a
qualidade da prática profissional do psicólogo a partir do Código de Ética.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E
RESPONSABILIDADES GERAIS DO
PSICÓLOGO
Para uma melhor compreensão, vale destacar alguns pontos que norteiam fortemente o nosso
cotidiano profissional dentro do Código de Ética do psicólogo. Veja:
Na prática da Psicologia (seja na clínica, nas empresas, na justiça etc.), podemos nos
deparar com questões e dilemas éticos relacionados ao sigilo profissional, às técnicas e
instrumentos psicológicos, aos documentos psicológicos, à relação profissional e ao
vínculo, e às convicções filosóficas e morais.
Nesses momentos, é importante termos respaldo de como agir e por que agir, de forma
que nossa atuação seja respeitosa, assertiva e íntegra.
Todos esses pontos foram retirados do Código de Ética profissional do psicólogo (2005). Não
tem sentido apresentarmos o Código aqui na íntegra, com todos os seus artigos, princípios ou
parágrafos. No entanto, achamos pertinente destacar alguns pontos básicos dele que passarão
a ser usados como fundamentos na discussão de dilemas éticos que serão apresentados a
seguir.
Destacamos, como um dos princípios fundamentais que aparecem no Código de Ética o de
número 1, que ressalta que o psicólogo baseará o seu trabalho no respeito à dignidade e à
integridade do ser humano. Nesse princípio, fica claro o compromisso do profissional de
Psicologia com os valores relativos aos direitos humanos, que devem permear de forma
contínua e consistente a prática profissional.
Deveres e interdições
O art. 1º do Código destaca os deveres fundamentais dos psicólogos, dos quais podemos
ressaltar:
PRESTAR SERVIÇOS PSICOLÓGICOS DE QUALIDADE,
EM CONDIÇÕES DE TRABALHO DIGNAS E
APROPRIADAS À NATUREZA DESSES SERVIÇOS,
UTILIZANDO PRINCÍPIOS, CONHECIMENTOS E
TÉCNICAS RECONHECIDAMENTE FUNDAMENTADOS
NA CIÊNCIA PSICOLÓGICA, NA ÉTICA E NA
LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL.
(CFP, 2005, p. 8)
Nesse ponto fica evidente o compromisso que devemos assumir com a excelência e a
qualidade dos serviços ofertados.
O psicólogo precisa cuidar tanto da validade técnico-científica do seu trabalho como das
condições em que oferece os seus serviços.
Nesse mesmo artigo aparecem outros deveres, como o de que devemos também zelar para
que o exercício profissional seja efetuado com a máxima dignidade, recusando e denunciando
situações em que o indivíduo esteja correndo risco ou que o exercício profissional esteja sendo
vilipendiado (CFP, 2005).
Já o art. 2º destaca aquilo que é vedado ao psicólogo, do qual ressaltamos os seguintes
pontos:
INDUZIR A CONVICÇÕES POLÍTICAS, FILOSÓFICAS,
MORAIS, IDEOLÓGICAS, RELIGIOSAS, DE
ORIENTAÇÃO SEXUAL OU A QUALQUER TIPO DE
PRECONCEITO, QUANDO DO EXERCÍCIO DE SUAS
FUNÇÕES PROFISSIONAIS.
(CFP, 2005, p. 9)
Dessa forma, todo psicólogo deve se manter distante de qualquer movimento que procure
determinar a ideologia, filosofia ou doutrina que deve ser seguida por um grupo num momento
determinado. Não cabe ao profissional de Psicologia esse tipo de determinação e ele sempre
deve realizar a sua prática de forma neutra e objetiva no que diz respeito a essas definições.
Nesse mesmo artigo encontramos que é vedado interferir na validade e fidedignidade dos
resultados de instrumentos e técnicas psicológicas, assim como fazer declarações falsas e dar
atestado sem a devida fundamentação técnico-científica (CFP, 2005).
O psicólogo deve se ater ao uso de técnicas com comprovação científica e apresentar os
resultados de forma objetiva sempre de acordo com o que foi observado empiricamente,
seguindo os princípios éticos e científicos no seu trabalho.
Também é proibido estabelecer, com a pessoa atendida, relacionamentos pessoais que
possam interferir negativamente nos objetivos do atendimento.
Sigilo profissional
Sobre o sigilo profissional, temos:
Art. 6º
É expresso que o psicólogo garantirá o caráter confidencial das informações que vier a receber
em razão de seu trabalho, bem como do material psicológico produzido.
Art. 9º
É considerada a importância do sigilo, pois ele protegerá o atendido em tudo aquilo que o
psicólogo ouve, vê ou tenha conhecimento como decorrência do exercício da atividade
profissional.
Já no art. 10 é explicitado, como condição especial em relação à quebra do sigilo profissional:
NAS SITUAÇÕES EM QUE SE CONFIGURE CONFLITO
ENTRE AS EXIGÊNCIAS DECORRENTES DO
DISPOSTO NO ART. 9º E AS AFIRMAÇÕES DOS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DESTE CÓDIGO,
EXCETUANDO-SE OS CASOS PREVISTOS EM LEI, O
PSICÓLOGO PODERÁ DECIDIR PELA QUEBRA DE
SIGILO, BASEANDO SUA DECISÃO NA BUSCA DO
MENOR PREJUÍZO. PARÁGRAFO ÚNICO – EM CASO
DE QUEBRA DO SIGILO PREVISTO NO CAPUT DESTE
ARTIGO, O PSICÓLOGO DEVERÁ RESTRINGIR-SE A
PRESTAR AS INFORMAÇÕES ESTRITAMENTE
NECESSÁRIAS.
(CFP, 2005, p. 13)
Vemos, assim, que o sigilo é muito importante na prática profissional do psicólogo, não apenas
no setting psicoterápico, mas também em outros contextos, como em empresas, escolas,
hospitais e outros. No entanto, o sigilo pode ser quebrado em casos em que fique comprovada
que a integridade física dos envolvidos – paciente ou cliente e terceiros – pode correr perigo.
No que diz respeito a denúncias em que as relações do psicólogo com instituições é o foco
central, observa-se infrações diretamente ligadas aos casos em que o atendimento for
realizado por psicólogo vinculado a trabalho multiprofissional numa clínica, empresa ou
instituição ou a pedido de outrem, conforme podemos observar no art. 12.
 SAIBA MAIS
Nesses casos, só poderão ser dadas informações a quem as solicitou, a critério do profissional,
dentro dos limites do estritamente necessário aos fins a que se destinou o exame.
EXEMPLOS DE DILEMAS ÉTICOS
Agora vamos analisar alguns exemplos cotidianos que podem acontecer nos mais diversos
contextos, e que exigem cuidado da nossa parte para que não tomemos nenhuma atitude
antiética. Os casos aqui citados são apenas alguns exemplos. Não é possível esgotarmos
todas as diversas possibilidades de infrações ou dilemas que podem ser vistos na nossa
prática profissional.
Exemplo 1: O psicólogo não lhe explica sobre os objetivos e resultados do trabalho
Isso pode acontecer quando não informamos ao indivíduo em um processo seletivo o porquê
de ele responder determinado teste psicológico ou até mesmo quando aplicamos alguma
intervenção em um grupo terapêutico.
 VOCÊ SABIA
O psicólogo deve informar ao paciente ou instituição sobre os objetivos que se pretende atingir,
o que e quais os pontos que pretende trabalhar.
Mesmo que os objetivos mudem ao longo do processo, ou ainda que surjam novos objetivos,
isso deve ser comunicado com clareza ao usuário dos nossos serviços. Além de informar a ele
a finalidade e os resultados de possíveis testes, técnicas etc.
Exemplo 2: O psicólogo está envolvido em situações que promovem discriminação ou
preconceito
Pode parecer óbvio este item, e você, como profissional em formação, vai pensar: “É claro que
um psicólogo sabe que não pode praticar discriminação, desigualdade etc.” Sim, é fácil
imaginar que todos os psicólogos estão cientes disso, mas existem muitas situações nas quais
o preconceito aparece de forma velada, camuflada e nas quais também poderemos aparecer
envolvidos indiretamente, especialmente quando somos coniventes com a situação. Um
exemplo muito comum disso é o uso que se faz das redes sociais para expressar a sua
“opiniãopessoal” sobre os fatos.
 SAIBA MAIS
Mesmo que esteja fora de seu ambiente de trabalho, como já foi dito no início, o psicólogo
deve, sim, tomar cuidado com a sua postura, que poderá trabalhar contra ou a favor dele.
Como podemos indicar o trabalho de um colega da área se ele expressa opiniões
preconceituosas por aí? E neste item cabem todos os tipos possíveis de preconceito: gênero,
orientação sexual, idade, classe social, etnia, nível de escolaridade, entre outros.
 COMENTÁRIO
Precisamos lembrar do compromisso social que temos com o ser humano e a representação
social que detemos em nossa sociedade. Isso a todo tempo vem exigindo de nós mesmos o
exercício do autoconhecimento (terapia pessoal), estudos e postura reflexiva do impacto das
nossas opiniões.
Exemplo 3: O psicólogo tenta usar sua profissão para induzir a determinadas
convicções
Precisamos ter bastante cuidado com esse exemplo, que pode acontecer de forma muito sutil,
inclusive na prática clínica.
O profissional de Psicologia é proibido, pelo Código de Ética, de usar sua profissão para induzir
a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a
qualquer tipo de preconceito.
Isso não quer dizer que o psicólogo não pode ter suas próprias opiniões, ter uma religião, ser a
favor ou contra determinado candidato político, entre outras coisas, mas ele não deve tentar se
aproveitar de seus conhecimentos psicológicos ou mesmo do exercício da sua profissão para
convencer alguém a pensar como ele nesse sentido.
Um exemplo disso pode ser verificado quando, em um setting terapêutico, manifestamos
expressões faciais/corporais e emoções negativas, bem como proferimos discursos contrários
ou que tentam convencer o cliente ou paciente daquilo que acreditamos ser o certo.
Vamos ilustrar!
 EXEMPLO
Um paciente/cliente informa que sua namorada está o traindo, mas que ainda assim a ama.
Seria totalmente errado que, automaticamente, o psicólogo emitisse risos e sua expressão
facial demonstrasse nojo ou algum tipo de desqualificação. Outra reação inadequada diante
dessa situação seria se o psicólogo conduzisse o discurso de modo que seu cliente tomasse a
decisão que, segundo o ponto de vista do psicólogo, é a mais adequada, ou seja, o término do
relacionamento.
Cuidado, nós não decidimos pelos nossos clientes, nem fazemos julgamentos morais. É o
cliente o detentor de sua história e autônomo em suas decisões. Para isso, temos que estar em
dia com a nossa própria terapia pessoal, com a leitura do Código e fazendo supervisão.
Exemplo 4: O psicólogo expõe informações sigilosas ou realiza diagnósticos em meios
de comunicação
Informações sigilosas são sigilosas (mesmo!) e, portanto, se o psicólogo as divulga
publicamente, está cometendo falta grave, e pode, inclusive, perder seu registro profissional.
Por isso é importante, em nossa prática, realizarmos a construção de um contrato, seja na
clínica ou em outros contextos, no qual fiquem claras as únicas situações especiais em que
pode acontecer a quebra de sigilo (rever o art. 10 do Código). Quando isso ocorrer, é
necessário fazer referência ao Código de Ética de modo a justificar o motivo dessa quebra de
sigilo.
As informações sigilosas provenientes de procedimentos utilizados com os pacientes e
resultados de serviços psicológicos, quando divulgados em público, podem expor pessoas,
grupos, organizações e outros. Essa divulgação é fortemente condenada. Realizar diagnósticos
em meios de comunicação também é falta grave, pois isso deve ser feito no sigilo do setting
terapêutico e com base em todo um processo de análise.
É lógico que o psicólogo pode dar entrevistas e dizer sua opinião sobre determinados
assuntos, até mesmo como uma forma de disseminar os conhecimentos sobre a Psicologia
como ciência e profissão, mas desconfie quando vir aquele psicólogo na TV fornecendo um
diagnóstico ou revelando resultados de testes psicológicos (muitas vezes de alguém que ele
nem sequer atendeu ou tem conhecimento suficiente sobre seu histórico).
 ATENÇÃO
Lembre-se de que no atendimento a pessoas menores de 18 anos precisamos alinhar com o
paciente e seus responsáveis as condições de quebra de sigilo, bem como a assinatura de um
termo de consentimento e um de assentimento.
Existem outras situações que poderiam ser citadas aqui, mas a ideia é estimular nos nossos
leitores uma postura crítica e reflexiva que permita ler e conhecer o Código de Ética de uma
maneira dinâmica. Dessa forma, convidamos você a acessar e imprimir o Código de Ética do
psicólogo no site do CFP, mantendo-o em lugar acessível para consulta durante a sua prática,
especialmente durante os estágios básicos e específicos da sua formação.
SITUAÇÕES ÉTICAS CRÍTICAS NA PRÁTICA
DO PSICÓLOGO
Está na hora de falarmos sobre o comportamento esperado do psicólogo em situações éticas
críticas, na prática. Com a palavra, a especialista Susy Rocha!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Deveres e interdições
O sigilo profissional
VERIFICANDO O APRENDIZADO
DOCUMENTOS ELABORADOS PELO
PSICÓLOGO
Neste módulo iremos discutir os documentos escritos pelos psicólogos, no que se refere à sua
finalidade, princípios básicos e a legislação que rege o padrão da escrita e das informações
contidas em cada documento.
Inicialmente, neste módulo iremos trabalhar com estas três diretrizes:
Discutir o papel dos documentos psicológicos.
MÓDULO 4
 Identificar os documentos elaborados pelos profissionais da Psicologia

Apresentar os diferentes tipos de documentos psicológicos e suas utilizações.

Desenvolver a capacidade de elaborar um documento psicológico nas mais diversas áreas de
atuação.
Precisamos entender que os documentos, em geral, possuem como base as seguintes
características:
são materiais escritos;
são uma forma de comunicação de serviços prestados;
possuem valor legal;
devem obedecer ao regimento da profissão.
A partir dessas características, é importante compreendermos que os documentos escritos pelo
psicólogo têm valor legal e ético, e obedecem às regras do Código de Ética do psicólogo
(2005) e da Resolução CFP nº 06/2019.
Essa resolução tem como objetivos orientar o psicólogo na elaboração de documentos escritos,
fornecendo os subsídios éticos e técnicos necessários para a produção qualificada da
comunicação escrita.
 SAIBA MAIS
A Resolução CFP nº 06/2019 substituiu a Resolução CFP nº 07/ 2003, que contemplava um
Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, com foco na
prestação de serviços decorrentes de avaliação psicológica.
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Avaliação psicológica é a coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um conjunto de
procedimentos reconhecidos pela ciência psicológica, que podem abarcar o uso de diferentes
instrumentos, tais como os testes psicológicos, as entrevistas, as observações e as análises de
documentos. Dessa forma, o profissional da Psicologia deve planejar e realizar o processo
avaliativo com base em aspectos técnicos e teóricos (CFP, Cartilha de avaliação psicológica,
2013a).
Devemos lembrar da complexidade do exercício profissional do psicólogo para
compreendermos que essa resolução foi construída de modo a ampliar o leque de documentos
psicológicos para aqueles decorrentes do exercício profissional nos mais variados campos de
atuação, fornecendo os subsídios éticos e técnicos necessários para a elaboração qualificada
da comunicação escrita.
 DICA
Nessa aula sobre os documentos psicológicos, convido você, psicólogo em formação, a ler
mais uma vez a Resolução CFP nº 06/2019 para conhecer os detalhes sobre os princípios
éticos, técnicos, as disposições e linguagem que irão nortear toda a construção dos
documentos.
Independentemente do tipo de documento que seja entregue, precisamos ter a consciência de
que estamos diante de dois questionamentos: “Por quê?” e “Para quê?”.
Esses questionamentos irão requerer uma atitude ética de avaliar ademanda, a necessidade,
a quem vai se destinar o documento, as informações que se comunicam somente com a
demanda (devemos informar nos documentos o que fora solicitado e o que é pertinente e ético)
e o impacto da nossa escolha sobre qual documento emitir, pois eles vão informar sobre um
trabalho que foi ou está sendo desenvolvido, ou seja, vão comunicar a prestação de um
serviço.
Com isso, nossa escrita terá que ser integradora, avaliativa, não julgadora, ética, responsável e
relacionada ao contexto-demanda.
Vamos conhecer os tipos de documentos psicológicos?
Declaração
É o documento mais simples e não está condicionada à avaliação psicológica. Ela tem caráter
informativo sobre a rotina de prestação de serviços e visa informar ao cliente a ocorrência de
fatos ou situações objetivas relacionados ao serviço psicológico.
 ATENÇÃO
Ao contrário do atestado psicológico, a declaração nunca deve apresentar registro de
sintomas, estados psicológicos, ou qualquer outra informação que diga respeito ao
funcionamento psicológico da pessoa atendida.
Ela deve conter:
Título: "Declaração".
Nome da pessoa atendida: Identificação do nome completo ou nome social completo.
Finalidade: Descrição da razão ou motivo do documento.
Informações sobre local, dias, horários e duração do acompanhamento psicológico.
O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão e carimbo, em
que conste nome completo ou nome social completo do psicólogo, acrescido de sua
inscrição profissional e assinatura.
Atestado psicológico
Documento expedido pelo psicólogo, o atestado é oriundo de um processo de avaliação
psicológica, realizado para verificar determinada situação ou condição do estado psicológico
(diagnóstico psicológico).
 VOCÊ SABIA
Vale ressaltar que os registros devem estar transcritos de forma corrida, ou seja, separados
apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso
em que seja necessária a utilização de parágrafos, o psicólogo deverá preencher esses
espaços com traços. O atestado psicológico indica a necessidade de afastamento e/ou
dispensa da pessoa baseados na avaliação de aspectos psicológicos.
O atestado, bem como o laudo, emitido com a finalidade de justificar estar apto ou não para
atividades específicas após realização de um processo de avaliação psicológica, deverá
guardar relatório correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado nos arquivos
profissionais do psicólogo. É muito importante saber que o psicólogo deve manter em seus
arquivos uma cópia dos atestados psicológicos emitidos, junto a todo o material resultante do
processo avaliativo, protocolado com data, local e assinatura de quem recebeu o documento,
para fins de comprovação e fiscalização.
O atestado deve conter:
Título: "Atestado Psicológico".
Nome da pessoa ou instituição atendida: Identificação do nome completo ou nome social
completo e, quando necessário, outras informações sociodemográficas.
Nome do solicitante: Identificação de quem solicitou o documento, especificando se a
solicitação foi realizada por alguma instituição ou pelo próprio usuário.
Finalidade: Descrição da razão ou motivo do pedido.
Descrição das condições psicológicas do beneficiário do serviço psicológico advindas do
raciocínio psicológico ou do processo de avaliação psicológica realizado, respondendo à
finalidade deste último. Lembre-se de que quando justificadamente necessário, fica
facultado ao psicólogo o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) ou outras
Classificações de diagnóstico, científica e socialmente reconhecidas, como fonte para
enquadramento de diagnóstico.
O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão e carimbo, em
que conste nome completo ou nome social completo do psicólogo, acrescido de sua
inscrição profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a
penúltima lauda, e a assinatura do psicólogo na última página.
Relatório psicológico
O objetivo do relatório psicológico é apresentar os procedimentos e conclusões do processo da
avaliação psicológica, relatar encaminhamento (caso necessário), bem como as intervenções,
o diagnóstico, o prognóstico e a evolução do caso. Podem ser elaborados relatórios
psicológicos decorrentes de visitas domiciliares, como em situações de orientação ou de
acolhimento nos serviços psicológicos, para subsidiar atividades de outros profissionais.
Constitui-se enquanto instrumento de comunicação escrita resultante da prestação de serviço
psicológico à pessoa, grupo ou instituição, limitando-se a fornecer somente as informações
necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
O relatório psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada a seguir, na
forma de itens ou em texto corrido:
Identificação: Título "Relatório Psicológico"; nome da pessoa ou instituição atendida;
nome do solicitante; finalidade; nome do psicólogo e seu número de registro no CRP.
Descrição da demanda: Informações sobre o que motivou a busca pelo processo de
trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as demandas que levaram
à solicitação do documento.
Procedimento: Apresentar o raciocínio técnico-científico que justifica o processo de
trabalho utilizado na prestação do serviço psicológico e os recursos técnico-científicos
utilizados.
Análise: Forma descritiva, narrativa e analítica, as principais características e evolução
do trabalho realizado, baseando-se em um pensamento sistêmico sobre os dados
colhidos e as situações relacionadas à demanda.
Conclusão: Conclusões tiradas, a partir do que foi relatado na análise, considerando a
natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. Na conclusão pode constar
encaminhamento, orientação e sugestão de continuidade do atendimento ou acolhimento.
O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em
que conste nome completo do psicólogo.
Relatório multiprofissional
Esse documento é uma inovação da resolução mais atual. Ele é fruto do acolhimento da
diversidade da atuação e dos contextos profissionais do psicólogo. O relatório multiprofissional
é resultante da atuação do psicólogo em contexto multiprofissional, podendo ser produzido em
conjunto com especialistas de outras áreas, preservando-se a autonomia e a ética profissional
dos envolvidos.
 EXEMPLO
Relatório multiprofissional sobre reabilitação de paciente afásico. O tratamento da afasia é
realizado por equipe multiprofissional que pode ser composta por médico, fonoaudiólogo,
fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogo, com o objetivo de promover o desenvolvimento da
linguagem e da fala por meio de diversas terapias.
Segundo a resolução que rege a escrita dos documentos psicológicos, as informações para o
cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional devem ser registradas no relatório em
conformidade com o que institui o Código de Ética profissional do psicólogo em relação ao
sigilo. O psicólogo deve observar as mesmas características do relatório psicológico.
O relatório multiprofissional deve apresentar, no que tange à atuação do psicólogo, as
informações da estrutura detalhada a seguir, em forma de tópicos ou texto corrido. Sendo
assim, ele é composto de cinco itens:
Identificação.
Descrição da demanda.
Procedimento.
Análise (neste item orienta-se que cada profissional faça sua análise separadamente,
identificando, com subtítulo, o nome e a categoria profissional. Vale lembrar que esse tipo
de relatório não isenta o psicólogo de realizar o registro documental, conforme Resolução
CFP nº 01/2009 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la).
Conclusão.
Laudo psicológico
Esse é um documento muito importante e o mais requisitado na prática profissional depois do
atestado e da declaração. Ele revela a grande responsabilidade que temos como profissionais
da Psicologia. O laudo decorre de avaliação psicológica.
O laudo psicológicoé uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições
psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no
processo de avaliação psicológica.
Deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico
(entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal),
consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo.
Vale destacar o caráter específico do laudo psicológico, diferenciando-o do relatório. O laudo é
fruto de um processo de avaliação psicológica diante de uma demanda específica e deve
apresentar os itens descritos, com destaque para o procedimento conduzido, a análise
realizada e a conclusão gerada a partir desse processo de avaliação (que envolve entrevistas,
testagem psicológica, observação ou outros métodos aprovados pelo CFP). Já o relatório não
envolve um processo de avaliação psicológica.
 EXEMPLO
O laudo psicológico pericial pode ser requerido quando há suspeita de abuso sexual infantil,
bem como sentenças judiciais envolvendo a custódia de menores ou para verificar se uma
pessoa que é acusada de cometer um crime tem algum transtorno mental. O laudo psicológico
pode ser elaborado para processos seletivos de empresas privadas e concursos públicos.
Ele deve apresentar as informações da estrutura detalhada a seguir, em forma de itens, cuja
descrição do que deve compor cada um deles é a mesma dos relatórios já mencionados:
Identificação
Descrição da demanda
Procedimento
Análise
Conclusão
Referências
As referências entram como um novo campo, pois, na elaboração de laudos, é obrigatória a
informação das fontes científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé,
preferencialmente. A conclusão deve estar em harmonia com os demais itens do laudo
psicológico. Ela deve ser gerada a partir dos resultados e análise realizados, além de conter
alguma orientação de encaminhamento/intervenções, ou diagnóstico/hipótese diagnóstica, ou
orientação/sugestão de projeto terapêutico oferecido.
Parecer psicológico
Esse documento não é condicionado a uma avaliação psicológica. Ele é um pronunciamento
por escrito que tem como finalidade apresentar uma análise técnica que possa responder a
uma questão-problema do campo psicológico ou a documentos psicológicos questionados.
Entretanto, existe ainda um ponto a ser salientado a você, que é um profissional em formação:
o psicólogo deve ter conhecimento específico e competência no assunto demandado.
O profissional parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, destacando seus
aspectos relevantes, e opinar a respeito, considerando os quesitos apontados e com
fundamentação em referencial teórico-científico. Havendo quesitos, o profissional deve
respondê-los de forma sintética e convincente, não deixando nenhum deles sem resposta.
Sua estrutura é parecida com a do laudo, porém reduzida e mais focada:
Identificação.
Exposição dos motivos: Destina-se à transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos
ou à apresentação das dúvidas levantadas pelo solicitante.
Análise: Constitui-se na análise minuciosa da questão explanada e argumentada, com
base nos fundamentos necessários existentes, sejam eles feitos por meio da ética, da
técnica ou do corpo conceitual da ciência psicológica.
Conclusão: Apresentar seu posicionamento, respondendo à questão levantada. Em
seguida, deve-se informar o local e a data em que foi elaborado, seguidos pela assinatura
do documento.
DOCUMENTOS ELABORADOS PELOS
PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA
A seguir, a especialista Susy Rocha compara e caracteriza os diversos documentos elaborados
pelos profissionais da Psicologia. Vamos lá!
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Documentos elaborados pelo psicólogo
Laudo psicológico
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Código de Ética do psicólogo é o principal documento norteador não apenas das práticas
técnicas, mas também da função social da Psicologia, além de ser uma importante ferramenta
de fortalecimento da profissão.
Os Conselhos (CFP e CRPs) são órgãos responsáveis por verificar se tanto o Código de Ética
como as demais regulamentações da categoria profissional estão sendo cumpridos, atuando
também nas esferas de formação dos profissionais. Os Conselhos devem orientar, fiscalizar e
disciplinar, garantindo o exercício da profissão de acordo com os princípios e normatização da
classe.
Obedecendo às regras do Código de Ética e às devidas resoluções elaboradas pelos
Conselhos, temos os documentos psicológicos, que visam estabelecer a comunicação escrita
das informações que concernem às práticas da profissão. Como vimos, muitos são os dilemas
éticos vivenciados pelo profissional da Psicologia, portanto, devemos sempre estar atentos ao
Código de Ética e atualizados em relação às notas técnicas e orientações da nossa categoria,
CONCLUSÃO
que devem sempre estar pautadas nas atuais necessidades políticas, econômicas e sociais de
acordo com o momento e a realidade dos territórios.
 PODCAST
Para encerrar, a especialista Susy Rocha reflete sobre a importância das documentações
produzidas pelo psicólogo. Vamos ouvir!
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL.Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação em
Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, 1962.
BRASIL. Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971. Dispõe da criação do Conselho Federal e
os Conselhos Regionais de Psicologia. Brasília, 1971.
BRASIL. Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977. Regulamenta a Lei 5.766, de 20 de
Dezembro de 1971, que criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia e
dá outras providencias. Brasília, 1977.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 10/05. Aprova o Código de
Ética profissional dos psicólogos. Brasília, 2005.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Psicologia, ética e direitos humanos.
Comissão Nacional de Direitos Humanos. Brasília, 1998.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 06/2019. Institui regras
para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a
Resolução CFP nº 04/2019. Brasília, 2019.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Cartilha avaliação psicológica. Brasília,
2013a.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Código de Processamento Disciplinar.
Brasília, 2019.
FRANCISCO, A. L.; BASTOS, A. V. B. Conhecimento, formação e prática: o necessário
caminho da integração, In: Conselho Federal de Psicologia, Psicólogo Brasileiro. Construção
de novos espaços, Campinas: Editora Átomo, 1992.
HOLANDA, A. Os Conselhos de Psicologia, a formação e o exercício profissional.
Psicologia: Ciência e Profissão. 1997, v. 17, (1), p. 3-13. Consultado na internet em: 2 ago.
2021.
MUNIZ, M. Ética na avaliação psicológica: velhas questões, novas reflexões. Psicologia:
Ciência e Profissão [online]. 2018, v. 38, n. sp., p. 133-146. Consultado na internet em: 1 ago.
2021.
ZAIA, P.; OLIVEIRA, K. S.; NAKANO, T. C. Análise dos processos éticos publicados no
jornal do Conselho Federal de Psicologia. Psicologia: Ciência e Profissão Jan./Mar. 2018 v.
38 nº 1, 8-21.
EXPLORE+
Entenda a relação entre a formação em Psicologia e a construção das demandas nessa
área lendo o artigo de Maria Fernanda Amendola intitulado Formação em Psicologia,
demandas sociais contemporâneas e ética: uma perspectiva, publicado em 2014 na
revista Psicologia: Ciência e Profissão.
Veja como o CFP amplia a discussão da ética nos documentos psicológicos e nos
processos de avaliação lendo a cartilha de avaliação psicológica, de 2013, bem como
a Resolução nº 6/2019.
Confira o que Adriano Holanda diz a respeito das funções dos CRPs e do CFP em seu
artigo intitulado Os Conselhos de Psicologia, a formação e o exercício profissional,
publicado em 1997 na revista Psicologia: Ciência e Profissão.Conheça os motivos de denúncias feitas contra os psicólogos no artigo de Ana Lúcia
Francisco intitulado As questões de ética: denúncias encaminhadas aos CRPs e CFP,
publicado em 1991 na revista Psicologia: Ciência e Profissão.
CONTEUDISTA
Susy Rocha

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