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LEUCOCITOSE E LEUCEMIAS Etiologia Causas de leucocitose: 1. Resposta normal da medula óssea a estímulo 2. Mudança de compartimento 3. Doença da medula óssea 4. Espúria 1) Resposta normal da medula: ● Infecção ● Inflamação ● Drogas ● Traumas ● Neoplasias ● Estresse ● Hemólise com medula hiperproliferativa 2) Mudança de compartimento ● Prednisona ● Exercício vigoroso 3) Doença da medula óssea ● Leucemias agudas ou crônicas; mieloide ou linfoide Sinais de alarme: acometimento de outras séries. Esplenomegalia, hepatomegalia, linfonodomegalia; infecções graves ou de repetição; sangramento ou petéquias; sintomas constitucionais; leucócitos>100.000/mm3; 4) Espúria ● Erro na contagem. Células vermelhas nucleadas podem confundir. Leucemias são divididas em 5 tipos: leucemia linfoide crônica, leucemia mielóide aguda, leucemia mielóide crônica, leucemia linfóide aguda e tricoleucemia. Leucemias agudas têm um bloqueio da maturação de blastos. Em geral, o tipo de mutação que ocorre está associada a alterações citogenéticas, como deleções, translocações, ganhos cromossomiais e ativação de proto-oncogenes. Dentre os fatores de risco, tem-se radiação ionizante, quimioterapia, como agentes alquilantes e inibidores da topoisomerase, HTLV-1, síndrome de Down. Leucemias crônicas são mais propensas a ocorrer em clone celular, mas sem impedir o desenvolvimento e maturação desse. Leucemia Mieloide aguda Leucemia aguda mais comum. Incidencia significativa a partir dos 15 anos de idade, com discreto predomínio no sexo masculino. Classificação São 8 subtipos mais comuns, definidos a partir da célula precursora inicial a gerar o clone neoplásico. M0, M1, M2, M3, M4, M5, M6 e M7. M0 - Steam cell M1 - Precursor mielóide inicial, com diferenciação mínima M2 - Progenitor da linhagem granulocítica (Mieloblasto) t(8,21) M3 - Promielócito - t(15,17) M4 - Progenitor da linhagem monocítica. M4Eo é uma forma de excelente prognóstico 1 (inversão do C16) M5 - Precursores intermediários da cadeia monocítica M6 - Precursor de hemácias M7 - Precursor de megacariócitos Manifestações clínicas ● Laboratório ○ Pancitopenia por ocupação medular por blastos. ● Sintomas ○ Astenia ○ Sangramentos ○ Febre neutropênica ○ Imunossupressão profunda. ● Sinais ○ Hepatoesplenomegalia ○ Infiltração cutânea (leukemia cutis) ● Casos específicos ○ Cloroma (M2) - Sarcoma Granulocítico ○ Hiperplasia gengival (M4) ○ Coagulação intravascular disseminada (M3) ○ Síndrome de leucostase - Obstrução microvascular generalizada por hiperleucocitose (>50.000/100.000). Casos graves. Diagnóstico Aspirado + biópsia de medula óssea, onde mais de 20% das células infiltradas são blastos mieloides. O aspirado permite a análise dos tipos celulares e da morfologia celular. A biópsia permite identificar a arquitetura tecidual, podendo identificar fibrose, infecções, doenças infiltrativas. A tipagem do blasto permite o reconhecimento do tipo celular, além de imunofenotipagem, com os marcadores CD34, CD33, CD14 e CD13 (imunofluorescência e citometria de fluxo), e citogenética. ● A microscopia: bastonetes de Auer e grânulos azurófilos no citoplasma ● Marcadores de mau prognóstico: CD34, Subtipos da ponta, proteína MDR (bomba de efluxo quimioterápico), idosos (maior risco de CD34 e MDR), hiperleucocitose (fase tardia). Tratamento Transfusão de plaquetas (1UI/10Kg) ● < 50.000 + sangramento de mucosa ● <20.000 + febre ou infecção ● < 10.000 de forma profilática Coleta-se o hemograma 1 hora após, esperando um incremento de 30.000 plaquetas. Se menor que 10.000, diz-se que é refratário, devido a produção de aloanticorpos. Transfusão de hemácias segundo a necessidade, buscando manter em torno de 7. Manejo de neutropenia febril ● Antibioticoterapia empírica, como cefepime ou vancomicina, se infecção de cateter ou cutânea, ou anfotericina B, se suspeita de infecção fúngica, com febre após 4-7 dias de ATB, sinal do halo na TC de tórax. ● Filgrastim (Granulokine) ● Rastrear foco infeccioso ○ Rx de tórax ○ Culturas ● Isolamento reverso < 1.500 neutrófilos ● Leve < 1.000 neutrófilos ● Moderado <500 neutrófilos ● Grave 2 Terapia específica 1. Indução da remissão Ara-C + antracina (7 dias de Ara-C em infusão contínua, com 3 dias de antraciclina). Se < 5% de blastos, pelo menos 1.000 neutrófilos circulantes e pelo menos 100.000 plaquetas, remissão completa. 2. Consolidação da remissão Se prognóstico bom, quimioterapia com altas doses de Arabinosídeo-C Se prognóstico ruim, transplante alogênico (mais eficiente/maior mortalidade) LMA M3 Exposição do fator tecidual. primeiro evento a desencadear a cascata de coagulação. Forma generalizada e maciça; Risco de CIVD. Ácido Transretinoico estimulando o receptor de baixa sensibilidade da linhagem clonal, promovendo a maturação desses. Leucemia Linfoide aguda Resulta da proliferação clonal de precursores linfóides anormais na Medula Óssea (MO), sendo a doença maligna mais frequente na infância. Tem dois picos de incidência, um entre os dois e cinco anos e outro por volta dos 30 a 40 anos. Classificação Segundo a FAB, são 3 subtipos: L1, L2 e L3. L1 - Variante infantil. Célula pré-T ou pré-B. L2 - Tipo agudo L3 - Forma leucêmica do linfoma de Burkitt (<5%) Células T intermediárias com infiltração do timo - mal prognóstico Quadro clínico ● Laboratório ○ Pancitopenia por ocupação medular por blastos linfóides. ● Sintomas ○ Astenia ○ Sangramentos ○ Febre neutropênica ○ Dor óssea (80%) ○ Adenomegalia (75%) ○ Acometimentos de SNC e testículos. Menor responsividade a quimioterápicos Diagnóstico Aspirado + biópsia de medula óssea, onde mais de 25% das células infiltradas são blastos linfóides. Deve ser realizada a tipagem do blasto. A imunofenotipagem busca os marcadores CD10, CD19 e CD20 para linfócitos B e CD3 e CD7 para linfócitos T (imunofluorescência e citometria de fluxo), e citogenética, como a translocação t(12,21) e hiperploidia. O cromossomo philadelphia é um marcador de mau prognóstico Tratamento Transfusão de plaquetas (1UI/10Kg) ● < 50.000 + sangramento de mucosa ● <20.000 + febre ou infecção ● < 10.000 de forma profilática Coleta-se o hemograma 1 hora após, esperando um incremento de 30.000 plaquetas. Se menor que 10.000, diz-se que é refratário, devido a produção de aloanticorpos. Transfusão de hemácias segundo a necessidade, buscando manter em torno de 7. 3 Manejo de neutropenia febril ● Antibioticoterapia empírica, como cefepime ou vancomicina, se infecção de cateter ou cutânea, ou anfotericina B, se suspeita de infecção fúngica, com febre após 4-7 dias de ATB, sinal do halo na TC de tórax. ● Filgrastim (Granulokine) ● Rastrear foco infeccioso ○ Rx de tórax ○ Culturas ● Isolamento reverso < 1.500 neutrófilos ● Leve < 1.000 neutrófilos ● Moderado <500 neutrófilos ● Grave Terapia específica 1. Indução da remissão Glicocorticoide + vincristina + L-asparaginase Profilaxia para pneumocistose com sulfametoxazol-trimetoprim 2. Profilaxia SNC Metotrexato intratecal 3. Consolidação da Remissão Ciclofosfamida + metotrexato + Ara-C 4. Manutenção 2 anos com 6-mercaptopurina LMA LLA Idade Adolescentes Crianças Patogenia Clínica e laboratório Cloroma Hiperplasia gengival CIVD Neutropenia com leucocitose adenomegalias Invasão do SNC e testículos Neutropenia com linfocitose Diagnóstico Aspirado + biópsia >20% de blastos Aspirado + biopsia >25% de blastos Imunofenotipagem CD33, CD 34, CD14, CD13 CD10, CD19, CD20 CD3, CD7 Citogenética M2: t(8,21); M3: t(15,17); M4: inv(16) Hiperploidia; t(12,21) Leucemia Linfoide crônica Leucemia mais comum dentre as doenças linfoproliferativas crônicas. Acomete a faixa etária de idosos, com mais de 65 anos de idade. Afeta mais homens que mulheres (2:1). Pacientes têm sobrevida média de 4 a 5 anos. Fisiopatologia e fatores de risco Excesso de leucócitos a custas de linfócitos, geralmente da linhagem B, apresentando especialmente o CD5 e CD23. um clone neoplásico consegue amadurecer dando origem a linfócitos, que por sua vez, perdem a capacidade de sofrerapoptose, mais que a multiplicação acelerada. É um quadro lento. Esse clone, apesar de envolver células maduras, não amadurecem fora da medula óssea como plasmócitos, levando a 4 imunodeficiência e hipogamaglobulinemia. Fisiopatologia específica desconhecida. Aparentemente está associada à história familiar positiva. Quadro clínico ● Assintomáticos ● Linfadenopatia generalizada ● Perda de peso ● Cansaço ● Adenomegalia e hepatoesplenomegalia Alguns pacientes podem desenvolver anticorpos autoimunes, levando a plaquetopenia imunomediada. Diagnóstico Linfocitose (>5.000/10.000/mm3) > 30% de linfócitos na medula óssea Em casos duvidosos, realizar imuno sorotipagem com marcador de CD5+ Hemograma Linfocitose persistente >5000 Pode haver anemia e/ou trombocitopenia Manchas de Gumprecht - Linfócito defeituoso rompido Auto-imunidade - citocinas, auto-anticorpos Citometria de fluxo hipogamaglobulinemia Estadiamento Estadiamento de Rai Estados de anemia imunomediada não afetam o prognóstico. E0: só linfocitose E1: adenomegalia E2: hepatoesplenomegalia E3: Anemia hipoproliferativa (Hg < 11g/dl) E4: Plaquetopenia (<100.000) E0 e E1: baixo grau. Sobrevida média >10 anos E2: médio grau. sobrevida de 6 anos E3 e E4: alto grau. Sobrevida média de 2 anos Tratamento Clorambucil ou Fludarabina. + Rituximab (anti-CD20) Leucemia mielóide crônica Células neoplásicas não sofrem bloqueio de mutação; Acredita-se que a mutação ocorra na steam-cell, favorecendo a linhagem mielóide, especialmente granulócitos e megacariócitos. Corresponde a 15% das leucemias, incidindo especialmente adultos (45 a 50 anos). Fisiopatologia Em 95% dos pacientes com LMC, pode-se encontrar o cromossomo philadelphia, uma translocação entre o cromossomo 9 e 22. Essa mutação coloca o proto-oncogene c-abl em contato com o gene bcr, formando o gene híbrido bcr-abl. Esses genes aumentam a produção de uma enzima tirosina quinase, que gera estímulos para a proliferação e perda da capacidade de apoptose. 100% dos pacientes têm essa mutação. Clínica Assintomático, mas não há infecção, pois não há bloqueio de maturação.Essas células maduras retém portanto a capacidade de defesa. 5 Esplenomegalia maciça, podendo inclusive gerar sintomas digestivos, como saciedade precoce Diagnóstico Hemograma Leucocitose com desvio à esquerda Basofilia Eosinofilia Pesquisa do cariótipo da MO Cromossomo Ph Cariotipagem FISH Rt-PCR Tratamento 1º linha: Imatinibe - inibidor específico da tirosina quinase expressa pelos genes bcr-abl; Tratamento excelente. Remissão completa em até 95% das vezes. Complicação Crise blástica (leucemia mieloide crônica agudizando) Mutações genéticas adicionais com perda de capacidade de amadurecer Principal causa de óbito na LMC Obs: Reação Leucemóide causada por sepse, pancreatite, pielonefrite e algumas neoplasias sólidas. ● >30.000/mm3 ou > 50.000/mm3 ● Células maduras, neutrófilos. Ausência de células jovens, imaturas, no máximo leve aumento de bastões. ● Eosinopenia e basopenia ● Granulações tóxicas grosseiras. corpúsculos de Dohle. ● Fosfatase alcalina leucocitária alta, devido a hiperestimulação inflamatória sistêmica. 6
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