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1 
 
 
PSICOMOTRICIDADE 
1 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A ALFABETIZAÇÃO .......... 5 
COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR .............................. 10 
O CORPO EM AÇÃO .................................................................................... 14 
PSICOPEDAGOGIA E PSICOMOTRICIDADE.............................................. 17 
O PAPEL DA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA ESCOLA ........................... 19 
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................... 23 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 29 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Refletir sobre as práticas pedagógicas na Educação Infantil se faz necessário 
para a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem dos escolares nessa 
etapa escolar. A Educação Psicomotora tem como objetivo estimular o 
desenvolvimento da criança em seus aspectos motores, cognitivos e sócio afetivos. 
No contexto escolar, as atividades psicomotoras poderão dar suporte no 
processo de aprendizagem, já que atualmente, o avanço nos estudos sobre as 
dificuldades de aprendizagem em escolares vem revelando a relação destas com o 
desenvolvimento de elementos psicomotores. A presente apostila, fundamenta-se na 
concepção de que a educação psicomotora poderá auxiliar o aluno a potencializar 
sua aprendizagem escolar e prevenir possíveis dificuldades de aprendizagem. 
Estudos sobre a educação psicomotora são de grande relevância para a área 
pedagógica, possibilitam a disseminação do conhecimento sobre a psicomotricidade 
e o desenvolvimento de práticas psicomotoras, o que consequentemente poderá 
contribuir nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos. 
Em um estudo de revisão sistemática de literatura realizado por Lordani e 
Blanco (2019a), constata-se várias pesquisas que discutem, principalmente, a relação 
existente entre os elementos psicomotores, desempenho escolar e dificuldades de 
aprendizagem em crianças, prevalecendo às que correspondem à Educação Infantil. 
Verificou-se, também, que uma grande parcela das crianças que ingressam 
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, encontra-se com atraso psicomotor, 
possivelmente, devido à falta da experiência com a Psicomotricidade nos anos 
anteriores de escolarização. 
Por fim, constata-se ainda que a psicomotricidade, estimulada desde o início 
da vida acadêmica, poderá prevenir dificuldades de aprendizagem em escolares; por 
outro lado, o estudo revelou uma grande lacuna na formação de professores em 
relação à psicomotricidade. 
Neste âmbito, este estudo justifica-se na evidência de que, na grande maioria 
das escolas de Educação Básica, não se pratica a educação psicomotora. Kolyniak 
Filho (2010) revela que, desde o início do processo de escolarização, existe uma 
4 
 
 
prática pedagógica centralizada na construção de abstrações conceituais, quase que 
exclusivamente ao trabalho mental, cognitivo, em situações de relativa imobilidade 
corporal. 
Assim procedendo, constata-se que instituições escolares vêm utilizando 
metodologias de ensino insuficientes, já que tais insuficiências se revelam nas 
inúmeras dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, ocasionando, 
muitas vezes, em abandono escolar, ou então, na conclusão da Educação Básica 
sem apropriação adequada de conhecimentos básicos, como a escrita, a leitura e a 
matemática. 
Justifica-se ainda nas análises dos resultados revelados por Lordani e Blanco 
(2019b), por meio da aplicação do protocolo de observação psicomotora proposto por 
Borghi e Pantano (2010) em escolares com dificuldades de aprendizagem 
matriculados na Educação Infantil de um município ao norte do Estado do Paraná. 
Neste, as crianças consideradas pelos professores com dificuldades de 
aprendizagem na Educação Infantil, apresentam níveis de desenvolvimento dos 
aspectos psicomotores abaixo do esperado para sua faixa etária. Diante do estudo 
proposto, as autoras elucidam a possibilidade de detectar possíveis problemas já 
nesta etapa escolar, e assim poder intervir visando diminuir possíveis dificuldades em 
etapas posteriores de escolarização, afirmam ainda a necessidade da aplicação de 
planos de intervenção pedagógica para sanar as dificuldades apresentadas pelos 
escolares da Educação Infantil. 
Os aspectos psicomotores devem ser mais estimulados e vivenciados pela 
criança, já que se colocam como um alicerce para a escolarização dos anos 
posteriores, auxiliando no processo de alfabetização de maneira preventiva, 
oportunizando um bom desempenho escolar. 
Frente ao exposto, torna-se de suma importância refletir sobre as práticas 
pedagógicas e metodologias de ensino na Educação Infantil, já que é necessário 
possibilitar meios para que as crianças pequenas sejam estimuladas em sua 
integralidade; tais práticas devem estar acompanhadas de intenções, motivações e 
desejos de se comunicar com o mundo. 
5 
 
 
Dentre essas práticas pedagógicas, a educação psicomotora na Educação 
Infantil torna-se uma alternativa metodológica que possibilitará o aprendizado por 
meio do movimento corporal e da indissociação dos aspectos cognitivos, afetivos e 
psicomotores (SOUSA; SILVA, 2013). 
Por acreditar que a educação psicomotora poderá auxiliar o aluno a 
potencializar sua aprendizagem escolar e prevenir possíveis dificuldades de 
aprendizagem, o objetivo deste estudo pauta-se na investigação das práticas 
pedagógicas realizadas por docentes da Educação Infantil de uma instituição pública 
de Educação Infantil, visando identificar de que forma estes trabalham a 
psicomotricidade em sala de aula. 
 
 
 
A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A 
ALFABETIZAÇÃO 
 
Para a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2018), o termo 
Psicomotricidade se refere a uma ciência que estuda o homem por meio do seu corpo 
em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Refere-se ao processo 
de maturação, já que o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e 
orgânicas. O movimento, o intelecto e o afeto são conhecimentos básicos que dão 
suporte para a psicomotricidade. 
Fonseca (2008, p. 1) afirma que a Psicomotricidade pode ser conceituada 
como “o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências, 
recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade”. 
Fonseca (2012), a partir do modelo Luriano, elenca sete fatores psicomotores: 
tonicidade; equilíbrio; lateralidade; noção do corpo; estruturaçãoespaço-temporal; 
praxia global e praxia fina. 
6 
 
 
A tonicidade e o equilíbrio são responsáveis pela “regulação tônica de alerta e 
dos estados mentais: Atenção. Sono. Seleção da Informação. Regulação e ativação. 
Vigilância-tonicidade. Facilitação-inibição. Modulação neurotônica. Integração 
intersentorial” (FONSECA, 2012, p. 92). 
Para Fonseca (2012, p. 110-111) toda motricidade necessita do suporte da 
tonicidade; esta é o alicerce fundamental para o desenvolvimento motor, “garante, por 
consequência, as atitudes, as posturas, as mímicas, as emoções.” Assim procedendo, 
nota-se que o processo de aquisição da escrita necessita de suporte na tonicidade, o 
pegar no lápis, a desenvoltura dos punhos, das mãos e dedos dependem da 
tonicidade. 
 
Fonseca (2012, p. 131) define a equilibração como uma “condição básica da 
organização psicomotora, visto que envolve uma multiplicidade de ajustamentos 
posturais antigravíticos, que dão suporte a qualquer resposta motora”. Nesse 
contexto, De Meur e Staes (1989) corroboram com Fonseca (2012), ressaltando que 
o equilíbrio entre as forças musculares, bem como a flexibilidade e agilidade de cada 
articulação do membro superior são necessários para a criança dominar o gesto da 
escrita. 
Nota se que o equilíbrio e o tônus são condições para a criança dominar a 
escrita; por meio de diferentes gestos, a criança aprende a segurar corretamente o 
lápis. Atividades de estimulação para esses fatores psicomotores contribuem 
significativamente no processo de aquisição da escrita (DE MEUR; STAES, 1989). 
Os fatores lateralidade, noção do corpo e estruturação espaço-temporal, são 
responsáveis pela: 
Recepção, análise e armazenamento da informação: recepção, análise e 
síntese sensorial. Organização espacial e temporal. Simbolização esquemática. 
Decodificação e codificação. Processamento. Armazenamento. Integração perceptiva 
dos proprioceptores dos telerreceptores. Elaboração gnósica (FONSECA, 2012, p. 
92). 
Constata-se que crianças que apresentam perturbações da lateralidade 
revelam, como consequências, dificuldades de reconhecimento esquerda-direita, 
Highlight
Highlight
7 
 
 
além de não possuir direção gráfica e formar as letras ou números “em espelho”, 
comprometendo a aquisição da escrita. 
 
Perturbações do esquema corporal são identificadas quando a criança não 
conhece as partes de seu corpo, não situa bem seus membros ao gesticular e não 
coordena bem seus movimentos, comprometendo o bom desenvolvimento na leitura 
e escrita. 
Com alterações na estruturação espacial e temporal, as crianças ignoram os 
termos espaciais, têm dificuldade de orientar-se e organizar-se no espaço, não 
assimilam a reversibilidade e a transposição e confundem b e d, p e q, no e on, 12 e 
21, por exemplo; têm dificuldades em relação ao conceito de ordem, sucessão e ritmo, 
ocasionando em dificuldades na leitura, escrita e matemática (DE MEUR; STAES, 
1989). 
Segundo Fonseca (2012, p. 151) “a lateralização humana respeita a 
progressiva especialização dos dois hemisférios que resultaram das funções sócio 
históricas da motricidade laboral e da linguagem (motricidade colaboral)”. Para De 
Meur e Staes (1989), quando uma criança não possui a lateralidade bem definida, 
apresenta problemas de ordem espacial, dificultando a compreensão da direção 
gráfica da escrita, ocasionando dificuldades na leitura. 
Para Fonseca (2012, p. 167) o corpo é o lugar por onde a comunicação se 
estabelece. A noção do corpo torna-se de suma importância para o desenvolvimento 
da aprendizagem da criança, “compreende uma representação mais ou menos 
consciente do nosso corpo, dinâmica e postural, posicional e espacial, que encerra o 
revestimento cutâneo que nos põe em contato com o mundo exterior”. 
De acordo com Fonseca (2012, p. 184), a estruturação espaço-temporal 
emerge da motricidade, “das múltiplas relações integradas da tonicidade, da 
equilibração, da lateralização e da noção do corpo”. Dessa forma, compreende-se 
que a estruturação temporal propicia na criança a consciência da sua ação, o seu 
passado conhecido, o presente experimentado e o futuro desconhecido é antecipado. 
É, portanto, uma estrutura de suma importância para os processos de 
aprendizagem da criança, já que a estruturação espaço-temporal, associada ao 
8 
 
 
domínio do gesto e a orientação temporal, compõem os três fundamentos da escrita 
(DE MEUR; STAES, 1989). 
Os fatores psicomotores praxia global e praxia fina são responsáveis pela 
“programação, regulação e verificação da atividade: intenções. Planificação motora. 
Elaboração práxica. Execução. Correção. Sequencialização das operações 
cognitivas” (FONSECA, 2012, p. 92). 
A praxia global, segundo Fonseca (2012, p. 202) compreende tarefas motoras 
sequenciais globais, “tem como principal missão a realização e a automação dos 
movimentos globais complexos, que se desenrolam em um certo período de tempo e 
que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares”. Para desencadear a 
praxia global, faz-se necessária a integração dos fatores psicomotores descritos 
anteriormente, ou seja, a tonicidade, a equilibração, a lateralização, a noção do corpo 
e da estruturação espaço-temporal. 
Para Fonseca (2012, p. 221) a praxia fina compreende as tarefas motoras 
sequenciais finas, “está adstrita à função de coordenação dos movimentos dos olhos 
durante a fixação da atenção e durante as manipulações de objetos que exigem 
controle visual”. Compreende também a micromotricidade e a perícia manual, possui 
uma íntima relação com a percepção visual que é de grande importância para o 
desenvolvimento da aprendizagem da leitura, da escrita e do cálculo. 
Verifica-se que a coordenação global se relaciona às atividades dos grandes 
músculos e depende da capacidade de equilíbrio do indivíduo, também se associa ao 
fator esquema corporal. Já a coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza 
manual, constitui-se como um aspecto particular da coordenação global. 
Perturbações nesses fatores, poderá acarretar dificuldades para realizar os 
movimentos gráficos da escrita (OLIVEIRA, 2015). 
Conforme exposto, compreende-se a necessidade de estimular os fatores 
psicomotores com crianças na Educação Infantil, haja vista que, comumente, verifica-
se no âmbito escolar a existência de alunos que não acompanham o ritmo acadêmico 
em sala de aula. 
Alguns docentes, tentando sanar as dificuldades apresentadas por seus 
alunos, encaminham-nos para atendimento especializado, quando, na realidade, 
9 
 
 
muitas dessas dificuldades podem ser sanadas dentro da própria sala de aula, 
implementando a educação psicomotora, prática esta desconhecida por muitos 
professores (OLIVEIRA, 2015). 
Neste sentido, De Meur e Staes (1989) enfatizam que, para a grande maioria 
das crianças que apresentam alguma dificuldade no processo de escolarização, a 
causa não está no nível da classe em que chegaram; constata-se a causa do 
problema nos níveis anteriores, no nível das bases escolares. Reforçam a ideia de 
que as condições mínimas para uma boa aprendizagem se compõem a estrutura da 
educação psicomotora. 
Nesse âmbito, a educação psicomotora deve ser considerada como uma 
educação de base na Educação Infantil, já que ela condiciona todos os aprendizados, 
possibilita a criança conscientizar-se do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no 
espaço, a gerir o tempo e a aquisição habitual dos seus gestos e movimentos. 
Assim, torna-se recomendável que a criança pratique a educação psicomotora 
o mais breve possível, já que ampliará suas possibilidades de prevenir inadaptações, 
difíceis de corrigir quando já estruturadas (LE BOULCH, 1982). 
Ao trabalhar a educação psicomotora em sala de aula, o professor possibilitará 
aos alunos o desenvolvimento dos movimentos neuromusculares que servirão de 
base para que ele aprenda segurar o lápis, folhear o caderno, definir sua lateralidade,delimitar espaços, diferenciar as formas das letras, enfim, auxiliará na efetivação dos 
movimentos básicos para seu desempenho escolar. 
Também possibilitará à criança a aquisição e desenvolvimento dos elementos 
psicomotores, ou seja, a coordenação motora, estabelecer noções de esquema 
corporal, lateralidade, de espaço, tempo e direção, contribuindo para as atividades de 
leitura e escrita (LORDANI et al., 2017). 
 
 
 
 
 
10 
 
 
COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR 
 
Pesquisas recentes abordam que um bom desenvolvimento motor repercute 
na vida futura das crianças nos aspectos sociais, intelectuais e culturais. O termo 
desenvolvimento motor diz respeito a interação existente entre o pensamento 
consciente e inconsciente e os movimentos efetuados pelos músculos, com o auxílio 
do sistema nervoso. Dessa maneira, estudar o desenvolvimento motor implica em 
compreender as transformações contínuas que ocorrem por meio da interação dos 
indivíduos entre si e com o meio em que vivem. Já para David L. Gallahue o 
desenvolvimento motor está associado às áreas cognitiva e afetiva do comportamento 
humano: 
O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e afetiva do 
comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. Dentre eles 
destacam os aspectos ambientais, biológicos, familiar, entre outros. Esse 
desenvolvimento é a contínua alteração da motricidade, ao longo do ciclo da vida, 
proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo 
e as condições do ambiente. (GALLAHUE, 2005, p. 03). 
Podemos analisar que O desenvolvimento motor é um processo de mudança 
no comportamento motor, o qual está relacionado com a idade, tanto na postura 
quanto no movimento da criança. Como também observamos que o desenvolvimento 
motor apresenta características fundamentais sendo elas, as possibilidades de nosso 
corpo agir e expressar-se de forma adequada, a partir da interação de componentes 
externos, que é o próprio movimento, e através de elementos internos, que são todos 
os processos neurológicos e orgânicos que executamos para agir. 
As primeiras tentativas de estudo do desenvolvimento motor foram realizadas 
a partir da perspectiva maturacional, no qual argumentava que essa ação é 
considerada como função de processos biológicos inatos que resultam na aquisição 
de habilidade motora na infância. Esses estudos foram conduzidos por Arnold Gesell 
(1928) e Myrtle Megraw (1935), que tornaram-se lendários na pesquisa do 
desenvolvimento motor. 
11 
 
 
O montante de pesquisa que esses estudiosos efetuaram foi motivado pelo seu 
interesse no relacionamento da maturação, ou seja, nas alterações qualitativas que 
capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais altos de funcionamento e de 
processos de aprendizagem com o desenvolvimento cognitivo. 
Após as pesquisas de Gesell e Megraw outros estudiosos dedicaram-se aos 
estudos sobre o desenvolvimento motor. Durante a Segunda Guerra Mundial surgiu 
uma nova geração de desenvolvimentistas motores, liderados por Anna Espenshade, 
Ruth Glassow e G. Lawrence Rarick que concentraram-se na descrição das 
capacidades de desempenho motor de crianças na idade escolar. 
No século XX, o desenvolvimento motor humano passou a ser analisado 
profundamente, por profissionais conceituados como especializados, com graduação 
em educação física. A partir dos estudos desses pesquisadores permitiu-se 
compreender que os indivíduos possuem estágios de desenvolvimento de suas 
funções psicomotoras, essas que estão relacionadas as suas faixas etárias, além do 
que, foi considerado que cada pessoa possui habilidades motoras diferentes, que se 
evoluem de acordo com as necessidade de cada um, em decorrentes períodos de 
tempo. E que existem processos causadores de alteração no comportamento motor 
ao longo da vida dos seres humanos. 
Atualmente, o desenvolvimento motor é estudado de três maneiras: 
longitudinal, que envolve o mapeamento de vários aspectos do comportamento motor 
de um indivíduo por vários anos, medindo as alterações associadas as idades do 
comportamento. A transversal em que permite ao pesquisador coletar, 
simultaneamente, dados de grupos de pessoas de variadas faixas etárias, 
apresentando as “diferenças” médias em grupos no decorrer do tempo 
desenvolvimentista. E a longitudinal misto, no qual combina aspectos dos estudos 
citados anteriormente, abrangendo todos os dados possíveis e necessários à 
descrição e/ou à explicação de diferenças e alterações, no decorrer do tempo, tanto 
das funções do desenvolvimento como também das funções etárias. 
“O desenvolvimento motor apresenta fases, estágios” (Gallahue (2005, p. 54). 
Isto é, o processo de desenvolvimento motor revela-se por alterações no 
comportamento motor. Podemos observar diferenças de desenvolvimento no 
comportamento motor provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do 
12 
 
 
ambiente (experiência), e da tarefa em si (físico/ mecânicos). Assim, o processo de 
desenvolvimento motor pode ser considerado sob o aspecto de fases e estágios. 
A primeira fase é conceituada como a de motora reflexa, os primeiros 
movimentos de um feto são reflexos, esses que parecem servir como equipamentos 
de teste neuromotor para mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos 
que serão usados mais tarde com controle consciente pelo indivíduo. 
A segunda fase é dos movimentos rudimentares, que são determinados pela 
maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento altamente 
previsível. 
Já a terceira fase é a dos movimentos fundamentais, que ocorrem na primeira 
infância e constituem-se como consequência da fase anterior do período neonatal. 
Este período do desenvolvimento motor representa um estágio, no qual as crianças 
pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das 
capacidades motoras de seu corpo. 
Essa fase é propicia para descobrir como desempenhar uma variedade de 
movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e, 
posteriormente, esses movimentos podem ser orientados de modo combinado. 
A última fase do desenvolvimento motor é denominada de movimentos 
especializados, no qual se caracteriza como o resultado da fase de movimentos 
fundamentais. Nesse estágio, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a 
muitas atividades motoras, complexas e presentes na vida diária, na recreação e nos 
objetivos esportivos. Este é um período em que as habilidades estabilizadoras, 
locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, 
combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. 
“Diversos fatores podem colocar em risco o curso normal do desenvolvimento 
de uma criança”. (Gallahue, 2005, p. 54). Assim, o autor define como fatores de risco 
uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de 
déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Dentre as principais causas 
de atraso motor encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, 
respiratórios e neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições 
socioeconômicas, nível educacional precário dos pais e prematuridade. 
Highlight
13 
 
 
“Quanto maior o número de fatores de risco atuantes, maior será a 
possibilidade do comprometimento do desenvolvimento”. (Gallahue, 2005, p. 55). No 
caso de crianças nascidas prematuras, para compensar a desvantagem da 
imaturidade biológica, foi elaborada a correção da idade gestacional para distinguir 
adequadamente o atraso no desenvolvimento. Para correção da idade subtrai-se o 
número de semanas de sua gestação, de um total de 40 semanas. Esta diferença 
corresponde ao tempo de prematuridade da criança, que é então descontado de sua 
idade cronológica. 
O desenvolvimento motor atípico não se vincula, obrigatoriamente, à presença 
de alteraçõesneurológicas ou estruturais. Mesmo crianças que não apresentam 
sequelas graves podem apresentar comprometimento em algumas áreas de seu 
desenvolvimento neuropsicomotor. Estudos descrevem prejuízos mais comumente 
ligados à memória, à coordenação visiomotora e à linguagem. 
Neste sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se 
apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os 
problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase 
adulta. Além disso, atrasos motores frequentemente associam-se a prejuízos 
secundários de ordem psicológica e social, como baixa autoestima, isolamento, 
hiperatividade, entre outros, que dificultam a socialização de crianças e o seu 
desempenho escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
O CORPO EM AÇÃO 
 
O ser humano é um complexo de emoções e ações propiciadas por meio do 
contato corporal, nas atividades psicomotoras que também favorece o 
desenvolvimento afetivo entre as pessoas, o contato físico, as emoções e as ações. 
O objetivo da Psicomotricidade é desenvolver as possibilidades motoras e criativas 
do ser humano em sua globalidade, partindo do seu corpo, levando a centralizar sua 
atividade e a procura do movimento e do ato. 
A Psicomotricidade age de forma atuante e com uma visão de ciência e técnica, 
tendo como foco a Educação Física, a partir de uma visão mais ampla em que o 
homem deixa de ser percebido como um ser essencialmente biológico, para ser 
concebido por visão abrangente, na qual se considera os processos sociais históricos 
e culturais. 
Com a educação psicomotora a Educação Física passa a ter como objetivo 
principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma 
criança. 
É importante ressaltar que na psicologia do desenvolvimento e da 
aprendizagem, toda obra de Henri Wallon e de Jean Piaget colocam em evidência o 
papel da atividade corporal no desenvolvimento de funções cognitivas. Wallon (1968) 
afirma que o pensamento nasce para retornar a ele. Piaget (1987, apud OLIVEIRA, 
2000) diz que, mediante a atividade corporal a criança pensa, aprende, cria e enfrenta 
os problemas. 
Assim a atividade motora e a mental passaram a ser vistas como atividades 
que estão intimamente em interrelação, influenciando uma com a outra, através de 
seus dois componentes essenciais, o sócio afetivo e o cognitivo. A Psicomotricidade 
contribui de maneira expressiva para formação do esquema corporal, o que facilitará 
a orientação espacial. Ela deve ser entendida e compreendida em sua integridade, 
pois o nosso corpo está presente em todas as situações, e é através do movimento, 
que o ser humano participa do mundo manifestando suas intenções. 
A Psicomotricidade, como toda a ciência tem um objetivo de estudo próprio e 
assim retira sua unidade e especificação, isso quer dizer que o corpo e a sua 
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expressão dinâmica são fundamentados, de acordo com Kyrillos e Sanches, em três 
conhecimentos básicos: 
O movimento, que segundo os conhecimentos atuais ultrapassa o ato 
mecânico e o próprio indivíduo, sendo à base das posturas e 
posicionamentos diante da vida; o intelectivo, que encerra a gênese e todas 
as qualidades da inteligência do pensamento humano, seu desenvolvimento 
depende do movimento para estabelecer, desenvolver e operar; o afeto, que 
é a própria pulsão interna do indivíduo, que matiza a motivação e envolve 
todas as relações do sujeito com os outros, com o meio e consigo mesmo 
(2004, p.167). 
 
 
Sendo assim, a aprendizagem da criança está ligada diretamente ao 
desenvolvimento psicomotor. Este fator é importante para unir a Psicomotricidade 
com a Educação Física, desenvolvendo a criança como um todo. Pois a educação 
psicomotora é baseada em uma ação educativa baseada e fundamentada no 
movimento natural consciente e espontâneo com a finalidade de normalizar, 
completar ou aperfeiçoar a conduta global da criança. 
O mundo psicomotor surge na escola, tanto nas aulas de Educação Física 
como na sala de aula e assim cria-se um espaço para o corpo: os movimentos, o 
dinamismo e a liberdade são vividos pelas crianças. E alguns fatores influenciam para 
que crianças com a mesma idade tenham comportamentos diferentes, como: o meio, 
o ambiente familiar e as possibilidades físicas. Por isso percebe-se a necessidades 
que os Educadores conheçam e compreendam as capacidades de seus alunos, 
proporcionando o bem-estar, a felicidade e o crescimento, dentro dos limites de cada 
um, pois cada criança é única. 
Piaget (1987 apud OLIVEIRA, 2000), estudando as estruturas cognitivas, 
descreve a importância do período sensório motor e da motricidade, principalmente 
antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. 
A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida. Por isso, a vida 
emotiva e a vida motora não são isoladas, elas se complementam orientadas pelos 
elementos psicomotores. Onde destacamos alguns deles: 
 
Esquema Corporal: é básico e indispensável para a formação da 
personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica que a 
criança tem de seu próprio corpo. A criança irá se sentir bem na medida em que 
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conhecer seu corpo e poder utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também 
para agir. 
Lateralidade: se define naturalmente durante o crescimento onde acontece 
uma dominância lateral na criança onde será mais forte, mais ágil do lado direito ou 
do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos e também é 
influenciada por certos hábitos sociais. É importante ressaltar que não se confunda 
lateralidade com dominância de um lado em relação ao outro, em nível de força e 
precisão. 
O conhecimento “esquerdo-direito” decorre da noção de dominância lateral. É 
a generalização, da percepção do eixo corporal, da percepção do eixo corporal, a 
tudo que cerca a criança. Com efeito, se a criança percebe que trabalha naturalmente 
com “aquela mão”, guardará sem dificuldade que “aquela mão” é à esquerda ou à 
direita. 
Estruturação Espacial: é a orientação e estruturação do mundo exterior, 
referindo-se primeiro ao eu (como referência), depois a outros objetos ou pessoas em 
posição estática ou em movimento. É tomada de consciência da situação de seu 
próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em 
relação às pessoas. A tomada de consciência da situação das coisas entre si. A 
possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o cerca, de 
organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las, refere-se 
à possibilidade de estabelecer relações entre elementos para formar um todo. A 
estruturação espacial não nasce com o indivíduo ela é uma construção mental que 
se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio. 
 Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma 
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, 
da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve 
evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em 
consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação 
psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, 
perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa 
por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é 
capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca. 
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PSICOPEDAGOGIA E PSICOMOTRICIDADE 
 
A psicopedagogia nasceu com a intenção de “sanar” os problemas de 
aprendizagem, dos quais a pedagogia não dava conta de resolver nas escolas. Lida 
com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos 
considerando a influência do meio no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos 
próprios. É um campo de conhecimento caracterizado pela interdisciplinaridade, 
utiliza-se de várias correntes teóricas. 
Cabe ressaltar que 
A psicopedagogia implica também, uma metodologia específica de trabalho. 
Essa metodologia precisa levar em conta, necessariamente o contexto em 
que se encontra a ação pedagógica: família, escola, comunidade. No caso 
da instituição de educação infantil, é preciso levar em conta não apenas as 
características dos educadores e da própria instituição (SISTO, 1996, p.209). 
 
 
Sara Paín (1985) em sua proposta teórico-prática em psicopedagogia, coloca 
que a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito. 
Os internos referem-se ao funcionamento do corpo: 
 Corpo, considerado como um instrumento responsável pelos automatismos, 
coordenações e articulações, que leva o indivíduo a registrar, gravar, reconhecer tudo 
que o cerca, através dos sistemas sensoriais, permitindo-o regular o funcionamento 
total; 
 Desejo, entendido como o que se refere as estruturas inconscientes, 
representa o “motor” da aprendizagem e deve ser trabalhado a partir da relação que 
com ela se estabelece; 
 Estruturas cognitivas, representando aquilo que está na base da inteligência. 
A autora cita ainda que a aprendizagem possui três funções: 
  Socializadora, porque a partir do momento em que o indivíduo aprende, ele 
se submete a um conjunto de normas, identificando-se com o grupo social do qual 
pertence, transformando-se em um ser social; 
 Repressora, porque pode significar uma forma de controle, com o objetivo de 
garantir a sobrevivência específica do sistema que rege a sociedade; 
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 Transformadora, que deve direcionar a atuação dos psicopedagogos, 
permitindo ao sujeito uma participação na sociedade, não na perspectiva de 
reproduzi-la, mas de transformá-la. 
Estas funções devem estar presentes na visão dos psicopedagogos e de todos 
os profissionais que se envolvem com o desenvolvimento do ser humano, 
principalmente no âmbito educacional, pois acredita-se possuir através destas 
funções, um grande poder, que possibilita ajudar ou não as crianças, jovens e adultos, 
no espaço de relação. 
Ainda em sua abordagem Sara Paín (1985) enfatizando o trabalho 
psicopedagógico, traz o significado aos problemas de aprendizagem, que é 
considerado, não como o contrário de aprender, mas como um processo diferente 
deste, um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar 
um determinado tipo de comportamento que define o não aprender e que cumpre 
assim uma função positiva. O que tira do problema de aprendizagem a visão 
preconceituosa e ligada a patologia, daqueles que aprendem algo diferente da norma. 
Neste contexto surge a Psicomotricidade, enquanto possível ferramenta para 
uma prática psicopedagógica mais completa e interdisciplinar. O equilíbrio, a 
tonicidade, a orientação espacial e temporal, o esquema corporal, a imagem corporal, 
a lateralidade e a coordenação motora são estruturas psicomotoras necessárias para 
que nosso organismo explore o ambiente, perceba-se nesse mesmo ambiente, 
perceba o outro e, com isso, se desenvolva. 
A psicopedagogia e a psicomotricidade abandonam o treinamento e a 
reeducação, não mais partindo das dificuldades que a criança possui, situando o fazer 
na psicomotricidade, dentro de um marco relacional. Na prática psicopedagógica há 
necessidade de trabalhar os aspectos que podem se encontrar deficitários na 
estruturação das crianças, que são muitas vezes chamadas de hiperativas. A 
psicomotricidade amplia seu fazer, oferecendo à educação infantil a possibilidade de 
desenvolvimento. 
No momento em que a psicomotricidade amplia sua concepção para uma 
psicopedagogia geral, ela não mais dá conta sozinha do recado que lhe é incumbido. 
Da mesma maneira, que o sujeito aprendente, é visto como um ser cognoscente, ou 
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seja, engajado no processo de construção do conhecimento, e que possui estruturas 
de aprendizagem que se compartilham num mesmo espaço, com seu ensinante. 
A Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo 
é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três 
conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, 
portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e 
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de 
sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. 
A Psicomotricidade nos enriquece com a ideia do fazer e do conhecer com o 
corpo. Mostrar ou não mostrar a ação. E a Psicopedagogia nos direciona para o 
mostrar ou não mostrar o conhecimento. 
 
O PAPEL DA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA ESCOLA 
 
Durante anos a Psicologia buscou compreender e solucionar o 
desenvolvimento da criança na medida em que ela cresce e amadurece fisicamente, 
pois sua inteligência também se desenvolve e muda seu comportamento social e 
emocional. Assim, surge a educação psicomotora, entendida como uma metodologia 
de ensino que instrumentaliza o movimento humano enquanto meio pedagógico para 
favorecer o desenvolvimento da criança. De acordo com Airton Negrine a educação 
psicomotora pode ser compreendida como uma técnica: 
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos 
adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de 
ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, 
respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) 
e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e 
criação em todo seu potencial. (NEGRINE, 1995, p. 15). 
 
 
No entanto, essa técnica não pretende realçar a automação, a eficácia, a 
destreza motora ou o rendimento motor. Pretende, na verdade, transformar o corpo 
em um instrumento de ação sobre o mundo, em que permitirá a interação com os 
outros. Através de várias pesquisas, estudiosos do assunto acreditam que a 
psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação das 
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aprendizagens escolares. Assim, buscou-se trazer seus recursos para a sala de aula, 
na modalidade da educação psicomotora. 
Durante vários estudos, cientistas tentaram distinguir o principal objetivo da 
educação psicomotora, destacando o aspecto fundamental dessa técnica, que é 
ajudar a criança chegar a uma imagem do corpo operatório, permitindo que ela se 
desenvolva da melhor maneira possível, tirando o melhor partido de todos os seus 
recursos, preparando-a para a nova etapa do desenvolvimento motor e 
consequentemente afetivo e cognitivo. 
Além de apresentar esse objetivo, a educaçãopsicomotora abrange algumas 
metas, sendo elas: a aquisição do domínio corporal, definindo a lateralidade, a 
orientação espacial, desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e a 
flexibilidade; controle da inibição voluntária, melhorando, o nível de abstração, 
concentração, reconhecimento dos objetos através dos sentidos (auditivo, visual, 
etc.), desenvolvimento sócio-afetivo, reforçando as atitudes de lealdade, 
companheirismo e solidariedade. Assim, Le Boulch destaca a importância da 
psicomotricidade ser trabalhada na escola nas séries iniciais: 
A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. 
Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a 
criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no 
espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus 
gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. 
Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, 
permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. 
(LE BOULCH, 1984, p. 24). 
 
 
Percebemos que o principal objetivo da educação psicomotora não se restringe 
ao conhecimento da criança sobre uma imagem do seu corpo, ou seja, ela não se 
prende apenas ao conteúdo, mas auxilia na descoberta estrutural da relação entre as 
partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada, instrumento da 
relação com a realidade. Assim, quando mais cedo abordado no ambiente escolar 
mais os alunos poderão conhecer-se melhor, desenvolvendo a maturidade, a 
consciência e a inteligência apropriada aos seres humanos. Le Boulch aponta o 
objetivo central da educação psicomotora: “O objetivo central da educação pelo 
movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, da qual 
depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar”. 
(LE BOULCH, 1984, p. 24). 
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Segundo Negrine (1995, p. 20) um dos argumentos que justificam a educação 
psicomotora na educação básica durante a fase pré-escolar é a evidência sobre seu 
papel na prevenção das dificuldades de aprendizagem. Pois, é durante esse período 
que a personalidade de cada indivíduo vai sendo moldada. É o momento em que a 
criança constrói os principais instrumentos internos de que servirá primeiramente de 
maneira inconsciente e depois conscientemente para interagir-se com a sua realidade 
externa. Assim, através da interação com o meio, a criança descobre, inventa, resiste, 
pergunta, argumenta e socializa-se. O que exige um bom acompanhamento daqueles 
que estão presentes nessa construção simbólica (pais, professores, etc.) e no seu 
desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Le Boulch menciona que a educação 
psicomotora é uma preparação para a vida das crianças: 
A educação psicomotora na idade escolar deve ser, antes de tudo, uma 
experiência ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino 
segue uma perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se 
deve inscrever no papel de escola, e os métodos pedagógicos renovados 
devem, por conseguinte, tender a ajudar a criança a desenvolver-se da 
melhor maneira possível, a tirar o melhor partido de todos os seus recursos, 
preparando para a vida social. (LE BOULCH, 1984, p. 24). 
 
 
Compreendemos que a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-
relacionados desde que acriança passa a ter contato com o mundo ao seu redor. Pois, 
a criança ao interagir com o meio físico e social, passa a se desenvolver de forma 
mais abrangente e de maneira eficaz. Isto significa que a partir do envolvimento com 
o meio social são desencadeados processos internos de desenvolvimento que 
permitirão um novo patamar de aprendizagem. Diante da interação da criança com o 
meio social, Negrine observa: 
A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das 
instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas 
experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, o conhecimento a 
respeito do mundo que a cerca. (NEGRINE, 1995, p. 23). 
 
 
Assim, podemos analisar que a educação psicomotora junto com o auxílio dos 
pais e do meio escolar, tem a finalidade não de ensinar a criança comportamentos 
motores, mas sim de permiti-lhe, mediante o jogo, exercer sua função de ajustamento, 
individualmente ou com outras crianças. No estágio escolar, a prioridade constitui a 
atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança prosseguir na 
organização de sua “imagem de corpo” ao nível do vivido servindo de ponto de partida 
na sua organização prática em relação ao desenvolvimento de suas atitudes de 
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análise perceptiva. Outro papel atribuído a educação psicomotora é a de prevenção, 
esse que é argumentado por Fonseca: 
A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que 
dá condições à criança desenvolver melhor em seu ambiente. É vista 
também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde 
o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de 
imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar (FONSECA, 
2004, p. 10). 
 
 
Entendemos que a educação psicomotora, aplicada na Educação Infantil, é 
preponderante para o sucesso no sistema escolar. Entretanto, é fundamental que a 
participação do o professor como pesquisador, principalmente nos assuntos 
relacionados sobre psicomotricidade. Dessa maneira, é interessante que o docente 
intere-se sobre a educação psicomotora, do que essa trata essa prática pedagógica; 
conhecer sua estrutura, o desenvolvimento psicomotor, as implicações do sistema 
nervoso e a importância da maturação neurológica; compreender como ocorre o 
desenvolvimento infantil (etapas do desenvolvimento), as funções psicomotoras, as 
dificuldades de aprendizagem presentes no ambiente escolar, para a organização, 
planejamento e encaminhamentos acadêmicos. 
O educador precisa saber se sua proposta de trabalho está de acordo com as 
necessidades dos alunos, que caminho deve seguir e aonde pretende chegar. Então, 
cabe aqui compreendermos a importância da psicomotricidade nas séries iniciais do 
Ensino Fundamental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
“O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo, 
que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa”. (Fonseca, 2004, 
p.16). A palavra motriz se refere ao movimento, já psico determina a atividade 
psíquica em duas fases, a sócio afetiva e cognitiva. Em outras palavras, o que se quer 
dizer é que na ação da criança se articula toda sua afetividade, todos seus desejos, 
mas também todas suas possibilidades de comunicação e articulação de conceitos. 
A teoria de Piaget afirma que a inteligência se constrói a partir da atividade 
motriz das crianças. Nos primeiros anos de vida, até os sete anos, aproximadamente, 
a educação da criança é psicomotriz. Tudo, o conhecimento e a aprendizagem, 
centram-se na ação da criança sobre o meio, os demais e as experiências através de 
sua ação e movimento. 
Através da psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os movimentos da 
criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a indivíduos sãos, através 
de um trabalho orientado à atividade motriz e as brincadeiras. Na reeducação 
psicomotriz se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência, 
transtornos ou atrasos no desenvolvimento.Tratam-se corporalmente mediante uma 
intervenção clínica realizada por um pessoal especializado. 
“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação 
com o meio e de suas próprias realizações”. (Fonseca, 2004, p.19). Diante desta 
visão, entendemos que a psicomotricidade desempenha papel fundamental, pois o 
movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o conhecimento de mundo 
que a rodeia através de seu corpo, de suas percepções e sensações. Por esse motivo, 
a educação psicomotora tem sido enfatizada em várias instituições escolares, 
aplicada principalmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, fase em que as crianças estão descobrindo a si mesmo e o mundo em 
que vive. 
Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos reforçam cada vez mais a 
importância do capital do desenvolvimento psicomotor durante os primeiros anos de 
vida, entendendo que é nesse momento que as aquisições são extremamente 
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significativas a nível físico. Essas que marcam conquistas igualmente importantes no 
universo emocional e intelectual. 
Sendo assim, instituições de ensino buscam oportunizar, às crianças, 
condições de desenvolverem capacidades básicas, aumentar seu potencial motor, 
utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, 
como também sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos. 
Para que esses objetivos sejam alcançados, as escolas estão adotando 
metodologias que visem o desenvolvimento motor através de uma série de exercícios 
psicomotores, jogos e brincadeiras. Essas atividades além de desenvolverem as 
estruturas físicas, também auxiliam na maturação mental, afetiva e social. No entanto, 
Negrine faz algumas observações sobre a adoção das metodologias pelos 
professores: 
Seja qual for à experiência proposta e o método adotado, o educador deverá 
levar em consideração as funções psicomotoras (esquema corporal, 
lateralidade, equilíbrio, etc.) que pretende reforçar nas crianças com as quais 
está trabalhando. Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou 
atividade proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada 
a outras, o professor deverá estar consciente do que exatamente está 
almejando e onde pretende chegar. (NEGRINE, 1995, p. 25). 
 
Contudo, em se tratando de educação psicomotora é importante ressaltar, 
nesse aspecto, que o professor primeiramente precisa conhecer sobre o 
desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, para posteriormente organizar o 
seu planejamento de aulas. 
O professor precisa ter muito claro qual o caminho a seguir, quais as 
necessidades de seus alunos naquela etapa do desenvolvimento em que se 
encontram e o que pretende alcançar com a realização de determinada atividade, ou 
melhor, se sua proposta de trabalho está realmente de acordo com as necessidades 
daquele grupo. Acontece, muitas vezes, uma busca por receitas, como os 
procedimentos de um jogo, por exemplo. Porém, dessa forma, o professor acaba 
esquecendo-se da base fundamental, a instrumentalização teórica. De nada adianta 
conhecer a brincadeira ou o jogo psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados 
no processo de ensino-aprendizagem. Lapierre em relação às dificuldades de 
aprendizagem menciona: 
Nós deveríamos levar mais longe essa lógica; se a criança tem deficiências 
que a impedem de chegar ao cognitivo, é porque o ensino que recebeu não 
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respeitou as etapas de seu desenvolvimento psicomotor. Sob o aspecto da 
prevenção, passaríamos da reeducação à educação psicomotora. Portanto, 
torna-se importante estudar as funções psicomotoras, bem como sua 
importância para o desenvolvimento infantil. (LAPIERRE, 2002, p. 25). 
 
 
Logo nos deparamos com a importância de o educador conhecer as funções 
psicomotoras e qual a sua contribuição para o crescimento infantil, pois sem esse 
conhecimento, o professor, poderá pular etapas do desenvolvimento motor o que 
causará problemas futuramente as crianças. 
Seguindo esse viés sobre ação educativa como reeducativa, é interessante 
destacarmos a visão proposta por Le Boulch (1984) sobre a união do aspecto 
funcional ao afetivo. Segundo o médico e professor de Educação Física, tanto o 
aspecto funcional como o afetivo devem caminhar lado a lado para que o 
desenvolvimento infantil seja completo. 
Por meio do vínculo afetivo ou relacional podemos entender a relação da 
criança com o adulto, com o ambiente físico e com as outras crianças. A maneira 
como o educador penetra no universo da criança assume aqui um aspecto essencial. 
É muito importante que o professor demonstre carinho e aceitação integral do aluno 
para que este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-se e equilibrar-
se. 
O bom desenvolvimento da afetividade é expresso através da postura, das 
atividades e do comportamento. Por exemplo, uma criança muito introvertida, acaba 
apresentando insegurança e falta de espontaneidade, tem a tendência de fechar 
também seu corpo, de não expressar seus sentimentos, vontades, ideologias e até 
mesmo os seus medos. Diferentemente daquela criança extrovertida, que se mostra 
alegre, comunicativa, confiante, que gosta e conseguem demonstrar seus 
sentimentos, conceitos, opiniões. Provavelmente, a segunda criança citada, terá 
maior chance de progredir em seus estudos e na vida social. 
Um educador, a partir de um bom conhecimento do desenvolvimento do aluno, 
poderá estimulá-lo de maneira que as áreas motricidade, cognição, afetividade e 
linguagem estejam interligadas. 
O aluno irá se sentir bem na medida em que se desenvolver integralmente 
através de suas próprias experiências, da manipulação adequada e constante dos 
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materiais que o cercam e também das oportunidades de descobrir-se. E isso será 
mais fácil de conseguir se estiverem satisfeitas suas necessidades afetivas, sem 
bloqueios e sem desequilíbrios tônico-emocionais. Nesse sentido, pode-se afirmar o 
cuidado especial que se deve tomar com as crianças sem seus primeiros anos de 
escolaridade. 
Mediante o processo de ensino-aprendizagem é muito importante que os 
educadores, principalmente os de Educação Infantil, tenham conhecimento sobre o 
desenvolvimento infantil para que os conteúdos acadêmicos a serem trabalhados 
estejam de acordo com as necessidades psicomotoras daquela faixa-etária. 
Muitas dificuldades podem surgir com uma aprendizagem falha na escola. Está 
certo que algumas habilidades motoras começam a ser desenvolvidas na família, mas 
não se pode negar a importância dos primeiros anos de escolaridade. Por outro lado, 
também há alunos que já vão para a escola com problemas motores que prejudicam 
seu aprendizado. 
Existem alguns pré-requisitos, do ponto de vista psicomotor, para que uma 
criança tenha uma aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que, 
como condição mínima, ela possua um bom domínio do gesto e do instrumento. Isso 
significa que precisará usar as mãos para escrever e, portanto, deverá ter uma boa 
coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala de aula, 
como lápis, borracha, régua, seestiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo 
e tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos. 
É importante, também, que ela tenha uma boa coordenação global, saindo-se 
bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de aula e no recreio. 
Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos pátios das escolas, são, na verdade, 
uma preparação para uma aprendizagem posterior. Com eles, a criança pode adquirir 
noções de localização, lateralidade, dominância e, consequentemente, orientação 
espaço-temporal. 
Um fator importante para a educação escolar é o desenvolvimento do sentido 
de espaço e tempo. Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la a orientar-se no 
meio com desenvoltura. Do movimento que transcorre surgem às noções de tempo, 
duração de intervalos, sequência, ordenação e ritmo. Outro elemento importante, 
também como pré-requisito para uma boa aprendizagem, é a acuidade auditiva e 
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visual, mas só é possível propiciar estes estímulos se eles estiverem integrados e 
bem orientados. 
O aluno, ao perceber que tem dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes 
começa a apresentar desinteresse, irresponsabilidade, agressividade, hiperatividade, 
baixo nível de atenção, dificuldade para seguir instruções, imaturidade social, 
dificuldade com a conversação, inflexibilidade, fraco planejamento e habilidades 
organizacionais, distração, falta de destreza, falta de controle dos impulsos, entre 
outros. 
A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento 
por vontade própria, cabendo ao professor identificar as dificuldades do aluno 
buscando formas de auxiliá-lo. 
O professor tem um papel fundamental na construção do processo de 
aprendizagem dos alunos, e sua função ganha ainda maior ênfase quando se trata 
da educação infantil, pois nesse período é através do vínculo aluno-professor que se 
dá a aprendizagem, que acontece especialmente no campo emocional. 
É através do olhar atento do professor, enquanto mediador do processo formal 
de ensino-aprendizagem, que se perceberá a evolução do processo de construção 
do conhecimento do aluno ou as dificuldades geradas por ele, identificando os 
problemas que possam se apresentar, através de uma investigação minuciosa de 
como cada criança se apropria do conhecimento, procurando descobrir as 
potencialidades e limitações, habilidades e fraquezas de cada criança sob todos os 
aspectos que envolvem este intrincado processo, que é o do aprendizado. 
A psicomotricidade infantil, como estimulação aos movimentos da criança, tem 
como meta: motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre 
o corpo e o exterior (o outro e as coisas); cultivar a capacidade perceptiva através do 
conhecimento dos movimentos e da resposta corporal; organizar a capacidade dos 
movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização 
de objetos reais e imaginários; fazer com que as crianças possam descobrir e 
expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção; 
ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal; 
criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, 
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único e exclusivo e uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos 
demais. 
Deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em sala de aula e 
com o auxílio e dedicação do educador poderá amenizar as dificuldades de 
aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o fracasso escolar, 
contribuindo para uma educação de qualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No decorrer da pesquisa observamos que o bom desenvolvimento motor 
contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas consequentemente 
afetivo e cognitivo da criança. Também notamos que o desenvolvimento motor pode 
ser alterado por condições biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança 
se desenvolva como seus companheiros da mesma idade. 
Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas aprofundadas, os cientistas 
compreenderam essas alterações, e puderam elaborar soluções clínicas e 
preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos indivíduos. 
A partir dessa descoberta, elaborou-se o conceito da educação psicomotora, 
no qual foi atribuído o principal objetivo, que é ajudar a criança chegar a uma imagem 
do corpo operatório, permitindo que ela se desenvolva da melhor maneira possível, 
tirando o melhor partido de todos os seus recursos, preparando -a para a nova etapa 
do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. 
Como argumenta Le Bouch (1984), a educação psicomotora atingirá seus 
objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é nessa fase que a 
criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades, constrói sua personalidade, 
definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças, enfim, torna-se um ser 
consciente. 
Entretanto, a educação psicomotora assumirá suas supostas funções: 
(estimuladora, [re] educadora e terapêutica), quando o docente, primeiramente, 
conhecer o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, e posteriormente 
seus alunos, principalmente as dificuldades apresentadas por eles, para que assim 
possam organizar o seu planejamento de aulas e garantir uma aprendizagem de 
qualidade. 
Em diferentes práticas pedagógicas observa-se que o uso dos jogos na 
Educação Infantil quase sempre se fundamenta nos estudos sobre seu papel no 
desenvolvimento infantil. Talvez este fato já possa ser considerado suficiente para 
justificar a importância da atividade lúdica na aprendizagem, como recurso 
psicopedagógico. 
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É preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso transcender o visível 
e pressentir a seriedade do fenômeno. 
O lúdico estimula e desenvolve a socialização, que influi diretamente no 
aspecto sócio-afetivo, daí sua importância na sala de aula. 
A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da 
educação, pois ela vem auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, sendo 
que o corpo e a mente são elementos integrados da sua formação. 
A psicomotricidade busca conhecer o corpo nas suas relações, transformando-
o num instrumento de ação. Este corpo pensado como objeto, marcado por uma 
mente que pensa. A evolução da psicomotricidade no homem se dá de forma natural. 
Ela auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação da aprendizagem 
escolar. O corpo e o movimento constituem alicerces para o desenvolvimento da 
criança. No campo da Psicomotricidade, a relação, a vivência corporal e a linguagem 
simbólica são imprescindíveis. A psicomotricidade permite à criança a viver e atuar 
no seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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