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MEDICINA-DE-MAMÍFEROS

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MEDICINA DE MAMÍFEROS 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2. MEDICINA DE MAMÍFEROS ................................................................................ 5 
2.1 Modernidade ....................................................................................................................... 7 
2.2 Farmacopeia Zoológica ................................................................................................... 8 
REFERENCIAS ......................................................................................................... 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A medicina veterinária (do latim mederi, "saber o melhor caminho, curar, tratar"; 
e veterinarius, " sendo “veterinário” de origem no latim. Na antiga Roma, os animais 
usados no exército que ficavam muito velhos eram recolhidos para um local onde 
pudessem aproveitar e descansar. As pessoas que cuidavam destes animais eram 
chamadas de Veterinarii, que era um derivado da palavra vetus, “velho, idoso”. Por 
conta disso a profissão de cuidar de animais passou a ser chamada deste jeito. É uma 
das muitas áreas do conhecimento ligada à manutenção e restauração da saúde. 
Ela trabalha, num sentido amplo, com a prevenção e cura das doenças das 
demais espécies (domésticas e silvestres) e dos humanos num contexto médico. 
Sendo a área de atuação do profissional de saúde animal/pública formado em uma 
Faculdade de Medicina Veterinária.A medicina veterinária é a ciência médica que se 
dedicaà prevenção, controle, erradicação e tratamento das doenças, traumatismos ou 
qualquer outro agravo à saúde dos animais. 
Além do controle da sanidade dos produtos e subprodutos de origem animal 
para o consumo humano. Busca também assegurar a qualidade, quantidade e a 
segurança dos estoques de alimentos de origem animal através do controle da saúde 
dos animais e dos processos que visam obter seus produtos. 
O veterinário, também chamado popularmente de doutor, é 
um médico especialista em medicina veterinária e em cirurgia dos animais autorizado 
pelo Estado para praticar a Medicina Veterinária, o veterinário exerce uma profissão 
protegida por um diploma, o diploma Estadual de doutor veterinário. 
Ocupando-se da saúde animal, prevenindo, diagnosticando e curando as 
doenças, o que requer conhecimento detalhado de disciplinas acadêmicas 
(como anatomia e fisiologia) por detrás das doenças e do tratamento - a ciência da 
medicina - e também competência na sua prática aplicada - a arte da medicina. 
Tanto o papel do médico e o significado da palavra variam significativamente 
ao redor do mundo, mas como compreensão geral, a ética médica requer que médicos 
demonstrem consideração, compaixão e benevolência perante os seus pacientes 
animais. 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Preven%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Controle
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erradica%C3%A7%C3%A3o_de_doen%C3%A7as_infecciosas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratamento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Traumatismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Animalia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sanidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estoque
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutor
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cirurgia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Animais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Diagn%C3%B3stico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_m%C3%A9dica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Benevol%C3%AAncia
 
Figura 1 
 
Figura 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. MEDICINA DE MAMÍFEROS 
 
A medicina de mamíferos é a "arte da cura de animais". No entanto este ramo 
da medicina encontra-se em constante dinamismo, tanto em termos de investigação 
e avanço científico como em termos de controle e erradicação de doenças. 
O conceito de medicina tradicional refere-se a práticas, abordagens e 
conhecimentos, --- incorporando conceitos materiais e espirituais ---, técnicas manuais 
e exercícios, aplicados individualmente ou combinados, a indivíduos ou a 
coletividades, de maneira a tratar, diagnosticar e prevenir doenças, ou visando a 
manter o bem-estar. 
A atual prática da medicina utiliza em seu favor conhecimentos obtidos por 
diversas ciências, por 
exemplo, biologia, química, física, microbiologia, epidemiologia, anatomia, fisiologia 
etc. Trata-se, na verdade, de várias ligações das ciências relacionadas à saúde. Em 
um conceito restrito, a Medicina Veterinária busca a saúde animal pública e humana 
por meio de estudos, diagnósticos e tratamentos, e no conceito mais amplo, aliviar o 
sofrimento e manter o bem-estar global. De modo geral, a Medicina Veterinária 
engloba os campos de Clínica Médico-Veterinária, Cirurgia, Ginecologia e 
obstetrícia e Saúde pública. 
Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, a cultura científica e literária 
brasileira recebeu novo alento, pois até então não havia bibliotecas, imprensa e ensino 
superior no Brasil Colônia. São fundadas, inicialmente, as Faculdades de 
Medicina (1815), Direito (1827) e a de Engenharia Politécnica (1874). Quanto ao 
ensino das Ciências Agrárias, seu interesse só foi despertado quando o Imperador D. 
Pedro II, ao viajar para França, em 1875, visitou a Escola de Medicina Veterinária 
de Alfort, impressionou-se com uma Conferência ministrada pelo Médico Veterinário 
e Fisiologista Dr. Collin. Ao regressar ao Brasil, tentou propiciar condições para a 
criação de entidade semelhante no País. 
Entretanto, somente no início do século XX, já sob regime republicano, 
autoridades brasileiras decretaram a criação das duas primeiras instituições de ensino 
de Medicina Veterinária no Brasil, a Escola de Medicina Veterinária do Exército, pelo 
Dec. nº 2.232, de 6 de janeiro de 1910 (aberta em 17 de julho de 1914), e a Escola 
Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, através do Dec. nº 8.919 de 20 de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Microbiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Epidemiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cirurgia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ginecologia_e_obstetr%C3%ADcia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ginecologia_e_obstetr%C3%ADcia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_p%C3%BAblica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_real
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Faculdades_de_Medicina_do_Brasil&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Faculdades_de_Medicina_do_Brasil&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Polit%C3%A9cnico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_agr%C3%A1rias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfortville
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_Rural_do_Rio_de_Janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Federal_Rural_do_Rio_de_Janeiro
 
outubro de 1910 (aberta em 4 de setembro de 1913), ambas na cidade do Rio de 
Janeiro. 
Em 1911, em Olinda, Pernambuco, a Congregação Beneditina Brasileira do 
Mosteiro de São Bento,através do Abade D. Pedro Roeser, sugere a criação de uma 
instituição destinada ao ensino das ciências agrárias, ou 
seja, Agronomia e Veterinária. As escolas teriam como padrão de ensino as clássicas 
escolas agrícolas da Alemanha, as "LandwirschafHochschule". No dia 1º de julho de 
1914, eram inaugurados os curso de Agronomia e Medicina Veterinária nesta 
instituição. Todavia, por ocasião da realização da terceira sessão da Congregação, 
em 15 de dezembro de 1913, ou seja antes da abertura oficial do curso de Medicina 
Veterinária, um Farmacêutico formado 
pela Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia solicitava matrícula no curso de 
Medicina Veterinária, na condição de "portador de outro diploma do curso superior". 
A Congregação, acatando a solicitação do postulante, além de aceitar dispensa 
das matérias já cursadas indica um professor particular, para lhe transmitir os 
conhecimentos necessários para a obtenção do diploma antes dos (quatro) anos 
regimentares. Assim, no dia 13 de novembro de 1915, durante a 24ª sessão da 
congregação, recebia o grau de Médico Veterinário o senhor Dr. DionysioMeilli, 
primeiro Médico Veterinário formado e diplomado no Brasil. 
Desde o início de suas atividades até o ano de 1925, foram diplomados 24 
médicos veterinários. Em 29 de janeiro, após treze anos de funcionamento, a Escola 
foi fechada por ordem do Abade D. Pedro Roeser. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Olinda,_Pernambuco
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agronomia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_Veterin%C3%A1ria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Farm%C3%A1cia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Diploma
 
Figura 3 
 
 
No Brasil, os primeiros trabalhos científicos abrangendo a patologia comparada 
(animal e humana) foram realizados pelo Capitão-Médico João Moniz Barreto de 
Aragão (fundador da Escola de Medicina Veterinária do Exército), em 1917, no Rio de 
Janeiro, e cognominado Patrono da Medicina Veterinária Militar Brasileira, cuja 
comemoração se dá no dia 17 de junho, data oficial de inauguração da Escola de 
Medicina Veterinária do Exército (17 de junho de 1914). 
 
Figura 4 
 
 
2.1 Modernidade 
 
Recentemente a aplicação da medicina veterinária tem se expandido por causa 
da disponibilidade de técnicas avançadas de diagnóstico e de terapia para a maioria 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Animalia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cognominado
 
das espécies animais, bem como pelos avanços científicos em outras áreas, como 
a genética, a biotecnologia, a fisiologia, que proporcionam melhoramentos nos 
sistemas de produção animal. 
Em 1946, a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhecendo a 
necessidade de se conciliar, definitivamente, os inseparáveis preceitos da saúde 
humana com a saúde dos animais, recomendou que se criasse a uma seção de saúde 
veterinária, que foi estabelecida no ano de 1949; assim define a OMS, em 1951, 
a Saúde Pública Veterinária: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 Farmacopeia Zoológica 
 
Luís Gomes Ferreira, cirurgião aprovado, como tantos outros reinóis, veio para 
o Brasil na fase do rush do ouro de Minas. Seguindo a mesma tipicidade da itinerância 
dos primeiros colonizadores, habitou primeiro na Bahia, onde aportou em 1707. No 
ano de 1711 decide se estabelecer em Sabará. Até 1932, ano de seu retorno para 
Portugal, residiu em Ribeirão Abaixo (distrito de São Caetano), Vila de Nossa Senhora 
do Carmo, arraial do Padre Faria, situado na então promissora Vila Rica. Voltou mais 
rico do que chegara em virtude de sua tripla atividade econômica: lavra aurífera, roça 
e ofício de cirurgião. 
A eterna e inglória batalha da vida contra a morte acompanhou sua trajetória 
ao longo dos anos que residiu nestas paragens. Sofreu em seu próprio corpo doenças 
"A Saúde Pública Veterinária compreende todos os esforços da 
comunidade que influenciam e são influenciados pela arte e 
ciência médico-veterinária, aplicados à prevenção da doença, 
proteção da vida e promoção do bem-estar e eficiência do ser 
humano" (Organização Mundial da Saúde, 1951). Em 1955, 
foram estabelecidas as seguintes atividades para esta área: o 
controle e erradicação de zoonoses; a higiene dos alimentos; os 
trabalhos de laboratório; os trabalhos em biologia e as atividades 
experimentais. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Biotecnologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_de_Sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/OMS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_p%C3%BAblica
 
que combateu em outrem (surdez, erisipela, corrupção- do-bicho, oftalmia, sarna, calo 
e chaga na garganta) das quais se curou experimentando em si remédios que inventou 
e passou adiante. 
Ferreira encontrou muito mais que ouro em Minas Gerais. Deparou-se com uma 
realidade "aonde não chegam médicos, nem ainda cirurgiões que professam a 
cirurgia, por cuja causa padecem os povos grandes necessidades". Em outras 
palavras, uma região ainda inóspita, violenta, insalubre, isolada do litoral, com 
crescente densidade populacional, carente de médicos e cirurgiões autorizados, onde 
o tratamento e cura das enfermidades dependiam do conhecimento das propriedades 
mágico-terapêuticas dos elementos extraídos da fauna, flora, minerais, do corpo 
humano e de alguns elementos químicos já conhecidos. 
Figura 5 
 
 
Saber que cada vez mais se amalgamava com as tradições indígena, africana, 
européia e árabe; popular e erudita. Ferreira é claro acerca deste trânsito entre 
saberes medicinais: "Este modo de cura inventaram os carijós do mato, e deles 
passou aos paulistas e destes a nós”, formando o que se conceitua como 
"circularidade dos níveis culturais". Saber onde os limites entre magia, religião, 
sexualidade, medicina e cirurgia eram quase imperceptíveis. Tudo isso, num ambiente 
cultural marcado pela sincera crença na influência de poderes sobrenaturais - 
malignos e benignos - sobre o bem-estar individual e coletivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Júnia Furtado considera Ferreira o fundador de uma "Medicina 
tropical". Afirmativa válida, pois se preocupou em combater as doenças típicas dos 
trópicos recorrendo a elementos desta mesma região do globo, além de sistematizar 
este saber em sua obra, orientado pela experiência, espírito crítico e a tentativa de se 
afastar do curandeirismo. É certamente por estas características, que o Erário adquiriu 
relativa popularidade na América portuguesa setecentista. 
Preocupado adaptar seus conhecimentos à nova realidade ecológica com a 
qual se deparou, Ferreira enfatizou a ineficácia dos elementos e receitas válidas para 
a Europa que perdiam muito de suas propriedades terapêuticas no longo trajeto 
atlântico e no tempo de anos que ficavam acondicionadas nas boticas do litoral ou 
mesmo do interior. Além disso, mostra-se muito preocupado com os pobres que 
punham a perder seus poucos cabedais com receitas caras, médicos, cirurgiões e 
barbeiros inexperientes. 
Neste novo clima e ambiente, segundo ele, era indispensável empregar os 
próprios recursos que a natureza oferecia ali, fresco, ao alcance das mãos, com maior 
força, vigor e, principalmente, mais baratos e de fácil manipulação. Exemplifiquemos 
com os casos das originais receitas onde emprega o Bugio e a Abelha Jataí, deixando 
explícita a preocupação do autor em não pairar dúvidas acerca dos animais a serem 
usados: 
Nestas Minas há uns macacos a que chamam barbados,outros lhe chamam 
bugios, e são uns que tem papo e são preto pelo corpo, e pelo fio do lombo tem o seu 
cabelo a modo de ruivo e são conhecidos pelo nome de barbados, e pelo papo, de 
muita gente. 
Para suprir esta carência de seguras e experimentadas formas de tratamento 
das mais diversas doenças e adversidades foi que Luís Gomes Ferreira 
escreveu o Erário Mineral. Sua obra obteve relativo sucesso em Minas, onde 
era revendida pelo livreiro Jerônimo Roiz Airão. Manuel Ribeiro dos Santos - 
o exigente livreiro de Vila Rica, na carta de 4 de julho de 1750 endereçada a 
Luís Salgado dos Santos em Lisboa, assim pede: "2 tom. De Medicina Irario 
Mineral autor Luiz Gomes Ferr.a q'. morou nesta v.a e curou o Nevez". Em 
outra carta dirigida a Manuel Carvalho Silva, solicita "1 Tom. De Medicina 
Irario Mineral, autor Luiz Gomes Fer.a q'. morou nestas Minnas e curou por 
Sirurgianellas". Em sua pesquisa, Araújo o encontrou em diversos inventários 
de moradores de Sabará e também no inventário do baiano Antônio da Costa 
em1748. 
 
Na polêmica pública travada com outro cirurgião em Sabará no ano de 1711, 
sobre a melhor forma de tratar a fratura de fêmur do escravo de Manuel Gonçalves 
Loures, assim afirmou: "disse eu que éramos obrigados a curar as doenças conforme 
a região e o clima, aonde nos achássemos, a razão nos ditasse e a experiência nos 
ensinasse; porque os autores, quando escreveram, estavam em outras terras mui 
remotas, e de diferente clima, e não tinham notícia deste". 
O clima, assim como os humores produzidos "por razão dos mantimentos e 
habitação em que assistem e se exercitam, assim os pretos como os brancos" são os 
responsáveis pelos males. Ou seja, o clima de Minas, por ser "totalmente diferente de 
todos os mais", exigia a revisão de receitas e postulados tradicionais, assim como a 
inclusão de elementos da fauna e flora locais. 
Antidogmático por excelência, mas sem preterir do devido apoio das 
autoridades como Hipócrates, Galeno, Para celso e Curvo Semedo e outros, Ferreira 
preconizou a inclusão de "ervas, raízes, coisas minerais e de animais que há pelas 
partes do Brasil e seus sertões, que não deixariam de agradar aos leitores e servirem 
de muito préstimo à saúde pública". 
 
Nova região, novo clima, novas condições de vida e trabalho e novas doenças 
necessitam, portanto, de novos remédios, muitos dos quais ele mesmo inventou. Para 
muitos, como veremos a seguir, os animais eram componentes essenciais. 
Ao longo de sua obra, Ferreira apresentou grande diversidade de receitas nas 
quais, partes ou animais silvestres inteiros encontrados em Minas Gerias, entram 
como ingredientes principais ou exercem papéis complementares. É preciso frisar 
listamos todos as enfermidades para as quais o autor fez uso dos animais e/ou seus 
órgãos, tecidos e produtos e não todas as receitas, pois em algumas variam apenas 
os elementos complementares. 
A referência genérica de Ferreira ao lobo, veado, cágado, aves do monte, 
jacaré, não impediu sua inclusão na Tabela haja vista sua ocorrência em Minas. 
Acreditamos que cágado seja uma alusão à tartaruga; lobo pode tratar-se do lobo-
guará (Crysocionbrachyurus), o veado de manchas brancas, o veado catingueiro 
(Mazamagouazoubira) e assim por diante. Esta inferência é legítima devido à sua 
explícita preocupação em recorrer à realidade que o cercava, permanecendo assim, 
fiéis a nosso corte espacial e às intenções do cirurgião. 
 
 
 
Para melhor organização do texto, os animais utilizados, a indicação e o 
receituário serão apresentados na Tabela 1. A Tabela 2 e Gráfico 1 sintetizam e 
quantificam os percentuais por classes dos 27 animais empregados em sua 
farmacopeia zoológica. A Tabela 3 sintetiza a relação doença/animais. 
Figura 6 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752008000100013#t01
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752008000100013#t02
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752008000100013#g01
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752008000100013#t03
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dentre os animais empregados no Erário Mineral, destacaram-se os mamíferos 
(25%); são eles: veado, lebre, rato, macaco, morcego, lobo e lontra. Não estaríamos 
muito distanciados da verdade se afirmássemos que esta preferência pode ser 
explicada pela existência de "algumas", características fisiológicas mais próximas às 
do homem, também mamífero, quando comparado às outras classes de animais: 
lactação e pêlos, por exemplo. No caso do macaco, esta semelhança é ainda mais 
evidente. 
 
É também aos mamíferos que se recorreu para o combate ao maior número de 
doenças (cf. Tabela 3). Embora tenha havido esta preponderância, não observamos 
nenhuma especialização, pois as doenças por eles combatidas se repetem nas outras 
classes de animais. 
A própria obra de Luís Gomes Ferreira, que não é apenas um apanhado de 
receituários, mas um relato de sua vasta experiência demonstra, através de casos 
concretos, o efetivo emprego destes elementos de origem animal no cotidiano cuidado 
da saúde dos habitantes na Minas setecentista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seria grave equívoco supor que o recurso a elementos hoje considerados 
"bizarros" seja fruto de barbárie e ignorância. Para o homem do século XVIII não havia 
nada de "exótico" nestes medicamentos, além de serem os únicos recursos possíveis 
à maioria da gente pobre. Ademais, Ferreira assegura que "inimigos fortes não se 
vencem com armas fracas". 
Antropologicamente, o sentimento que explica seu emprego para manter ou 
recobrar da saúde é fruto do desejo humano de adiar a morte. No século XVIII, saber 
médico e religião caminhavam juntos para amenizar o sofrimento e fornecer a 
esperança de cura/graça. O uso de medicamentos era acompanhado de orações, 
promessas, simpatias e feitiços. Alcançada a cura/graça, o fiel materializava seu 
agradecimento nos ex-votos. Não obstante, no embate pela definição de campos de 
competência, Igreja e medicina formavam um único exército na cruzada contra 
feiticeiros, curandeiros e parteiras - combate nem sempre glorioso. 
Somente na segunda metade do século XVIII, com a reforma da Universidade 
de Coimbra em 1772, que a arte médica portuguesa passou por mudanças mais 
Ao se levar em conta as características da arte médica do período que ora 
analisamos, Carneiro lembrou com pertinência que "(...) os metais, as plantas, 
os animais e as pedras foram criados para satisfazer as necessidades do 
homem (...). Entre os serviços prestados pela natureza ao homem está o de 
fornecer as substâncias que combatem os venenos, a podridão e a pestilência". 
Ou seja, além de outras finalidades, Deus formou-os também para uso 
medicinal. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752008000100013#t03
 
profundas. A partir de então, "Recomendações de exorcismos passam a não ser mais 
encontradas nos livros de medicina". O mesmo ocorreu, paulatinamente, com os 
produtos de origem animal e humana. Quanto à crença no maravilhoso, esta sofreu 
muitas metamorfoses, mas permanece renitente no imaginário social com diferentes 
intensidades. 
Sua posição erétil associada ao uso da razão, à ilimitada capacidade de criar e 
aperfeiçoar instrumentos e ao domínio do fogo (que o próprio Ferreira ensina a fazer 
à maneira dos indígenas) determinaram a eficácia de sua ação, sobrevivência e 
domínio do meio. Para isso, derrubou e queimou a mata, caçou os animais dos quais 
se alimentou e vestiu, domesticou alguns, eliminou aqueles que o ameaçavam e lhe 
causavam prejuízos na plantação e rebanho e produziu remédios feitos a partir destes 
mesmos animais que caçou. 
 
Figura 7 
 
 
O avanço do desmatamento da floresta nativa colocava o homem em contato 
com a fauna silvestre ao adentrar seu habitat, e com isso,a expulsão e extinção de 
diversos espécimes por diferentes motivos como acabamos de demonstrar. Doente - 
seja branco, negro, índio ou mestiço; escravo, forro ou livre; rico ou pobre; clérigo ou 
leigo; homem, mulher e criança - para manter e recobrar a saúde, o homem recorreu 
tanto ao poder do maravilhoso quanto à força preventiva e curativa de elementos 
naturais, dentre eles, os de origem animal. 
Esta luta pela conservação da saúde e sobrevivência nos três séculos de 
ocupação de Minas Gerais também pode ser considerada como um dos fatores que 
colaboraram para a extinção de várias espécies e a ameaça a outras. É importante 
 
lembrar que a comarca de Vila Rica possuía, sozinha, em meados de 1720, cerca de 
100 mil pessoas "dobro da população da Bahia, sede do Vice-Reinado, triplo da do 
Rio de Janeiro e quádruplo da de São Paulo". 
A população total de Minas foi estimada em aproximadamente 320 mil em 1770, 
chegando a 514.108 em 1812. Muitas vezes a esperança da vida destes milhares e 
milhares de pessoas esteve condicionada à morte de diversos exemplares da fauna 
silvestre que empregaram em suas receitas médicas. 
 
À medida que o homem se civilizou foi abandonando o hábito e concepção 
cultural, bíblica inclusive, que o colocava acima e senhor das outras espécies, tendo 
o direito delas se servir para alimento, vestuário ou remédio e, paulatinamente, se 
concebendo como apenas mais um ser vivo, não onipotente, preocupado com o 
desenvolvimento sustentável e a preservação das outras espécies. É inevitável a 
referência à obra de Norbert Elias, O Processo Civilizador. O autor sustenta que: "as 
pessoas, no curso do processo civilizatório, procuram suprimir em si mesmas todas 
as características que julgam animais’”. Uma destas características é, sem dúvida, o 
ato predatório, não importa qual seja o objetivo. 
 
Figura 8 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
 
ARAÚJO, José de Souza. Perfil do leitor colonial. Salvador: UFBA/Ilhéus: UESC, 
1999, p.125. 
 
Biografia completa e detalhada de Luís Gomes Ferreira pode ser encontrada nos 
estudos críticos redigidos por Júnia F. Furtado, Eliane S. Muzzi, Maria Odila L. 
 
Silva Dias, Maria Cristina C. Wissembach e Ronaldo S. Coelho, redigidos para a 
edição patrocinada pelas Fundações João Pinheiro e Fundação Oswaldo Cruz. Ver: 
FERREIRA, Luís Gomes. Erário Mineral. Organização Junia Ferreira Furtado. Belo 
Horizonte: Fundação João Pinheiro/Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2002. 
(Coleção Mineiriana). 
 
Cf. BARNES, Robert D. Zoologia dos invertebrados. Trad. Jesus E. de Paula Assis et 
all. São Paulo: Livraria Roca, 1990. 
 
Cf. HOLANDA, Sérgio Buarque de Holanda. Visão do Paraíso: os motivos edênicos 
no descobrimento e colonização do Brasil. 2a.ed. São Paulo: Companhia. Editora 
Nacional/Edusp, 1969. 
 
Dressel, Tainá De Sena (2015). A medicina veterinária na história da humanidade: a 
ciência dos animais na base das civilizações.. Consultado em 5 de novembro de 2020. 
 
FERREIRA, Luís Gomes. Erário Mineral, Prólogo, v.1, p.84. 
 
FERREIRA, Luís Gomes. Erário Mineral, v. 2, p.657. 
 
FURTADO, Júnia Ferreira. Arte e segredo: o licenciado Luís Gomes Ferreira e seu 
caleidoscópio de imagens. In: FERREIRA, Luís Gomes. Erário Mineral, v.1, p.26. 
 
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Epu/Edusp, 1974. 
 
Mendoza, Blanca Irais Uribe (2015). «La invención de losanimales: una história de 
laveterinaria mexicana, siglo XIX». História, Ciências, Saúde-Manguinhos (em 
espanhol). 22 (4): 1391–1409. ISSN 1678-4758. doi:10.1590/S0104-
59702015000400010. Consultado em 26 de março de 2017 
 
ZANZINI, Antônio Carlos da Silva. Fauna silvestre. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000, p.1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/view/4904
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702015000401391&lng=es&nrm=iso&tlng=en
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https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Standard_Serial_Number
https://www.worldcat.org/issn/1678-4758
https://pt.wikipedia.org/wiki/Digital_object_identifier
https://dx.doi.org/10.1590%2FS0104-59702015000400010
https://dx.doi.org/10.1590%2FS0104-59702015000400010

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