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Carolina Ferreira UROLOGIA -O adenocarcinoma de próstata é uma das + importantes doenças da Medicina atual, em razão da alta prevalência e do intenso impacto econômico, a sua incidência decorre do envelhecimento da população. -Trata-se do tumor de órgão sólido + prevalente, sendo o segundo tumor + letal no Brasil. EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO -O câncer de próstata é a neoplasia de órgão sólido + prevalente entre homens. No Brasil, a taxa de mortalidade bruta vem apresentando ritmo acentuado de crescimento, c/ elevação relativa de 139% nos últimos 20 anos. -Estudos de autópsias em homens aos 50 anos, sem história de CA de próstata, mostraram 30% de incidência de doença oculta, enquanto, aos 80 anos, a incidência se eleva p/ 70%. -É o + frequente em todas as regiões do Brasil. De acordo c/ o INCA, é o 2º em taxas de mortalidade no Brasil, superado apenas pelo câncer de pulmão. -É considerado o câncer da 3º idade, uma vez que cerca de 3/4 dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos e raramente há ocorrência em pacientes c/ idade inferior a 45 anos -Homens c/ antecedentes familiares de câncer de próstata têm > chance de desenvolver a doença Os riscos 2,2 vezes quando 1 parente de 1º grau (pai ou irmão) é acometido, 4,9 vezes quando 2 parentes de 1º grau são portadores do tumor, e 10,9 vezes quando 3 parentes de 1º grau têm a doença. -Quanto à raça, parece haver > acometimento em negros (2 vezes > do que o da população branca) -Alguns autores defendem que a dieta rica em gorduras e pobre em fibras esteja relacionada à > incidência de câncer de próstata→negros>brancos>amarelos HISTÓRIA NATURAL E QUADRO CLÍNICO -História natural: é bastante heterogênea; há variação entre o câncer latente, clinicamente silente, que raras vezes resulta em qualquer morbidade, e c/ frequência é diagnosticado apenas em exames de autópsia, e o clínico, que pode progredir p/ condições graves e até óbito, caso ñ seja tratado de forma conveniente. Nas fases iniciais, quando o tumor ainda está na forma localizada e, portanto, é curável, o CA de próstata raramente é sintomático. Deve-se lembrar que a maioria se localiza na zona periférica, o que dificulta o desenvolvimento de sintomas. O CA de próstata é raramente sintomático, o que difere da HPB, que se desenvolve na zona de transição (periuretral) e, portanto, causa sintoma miccional c/ frequência. -Exame clínico: é realizado pelo toque retal, sendo o + importante instrumento de avaliação clínica do CA de próstata; sua sensibilidade p,Q o diagnóstico é de 67 a 69%, e a especificidade, de 89 a 97%. Porém, o toque retal é frequentemente normal em portadores de tumores localizados na porção central ou anterior da próstata, que ocorrem em cerca de 20% dos casos. Em doenças localmente avançadas, o toque retal tem elevado índice de suspeição, c/ achados de nódulos endurecidos c/ limites imprecisos. Acometimento de órgãos vizinhos, particularmente o reto e a bexiga, provocando obstrução e sangramento, são comuns na fase avançada da doença. -O quadro clínico + comum de acordo c/ o tipo de tumor é: 1. Tumor localizado: geralmente assintomático; 18% c/ nódulo prostático ao toque; 2. Tumor localmente avançado: sintomas obstrutivos, hematúria, hemospermia; próstata heterogênea, múltiplos nódulos, limites imprecisos; 3. Tumor avançado: sintomas decorrentes das metástases, dor óssea, compressão vertebral. DIAGNÓSTICO -Diagnóstico: geralmente é feito c/ base em alterações do PSA ou no toque retal. C/ a evolução da doença, sintomas decorrentes do crescimento local do tumor começam a surgir, como do jato, esforço miccional, hematúria e hemospermia. Dor óssea, compressão medular por lesão vertebral e fraturas patológicas são comuns na fase avançada, decorrente de metástases. -Dosagem de PSA: muitas vezes, há alteração na dosagem do PSA mesmo na fase inicial. A detecção precoce, entretanto, definida como avaliação particular de cada indivíduo, e ñ populacional, certamente é benéfica. C/ base na epidemiologia e nos fatores de risco, atualmente a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que pacientes c/ idade superior a 50 anos, mesmo assintomático, deve fazer avaliação prostática anual. A avaliação é feita pelo exame clínico, c/ ênfase ao toque retal e à dosagem do PSA. Pacientes c/ fatores de risco podem começar o rastreamento + precocemente, aos 45 anos de idade. O PSA é uma glicoproteína produzida na próstata e secretada em altas [ ] no fluido seminal, é um marcador específico de alterações do parênquima prostático, podendo estar alterado em diversas doenças que acometem a próstata. Assim, ñ é um marcador exclusivo desse tipo de câncer Quando há alteração na [ ] sérica do PSA, o paciente deve ser avaliado quanto a outras doenças prostáticas que acometem a glândula (HPB e as prostatites). Além de doenças, manipulações prostáticas (biópsia, massagem prostática, Carolina Ferreira UROLOGIA US transretal e uretrocistoscopia) também elevam o PSA. Logo, a interpretação do resultado deve ser feita p/ cada paciente. -Por outro lado, a [ ] do PSA também se eleva c/ a idade e o do tamanho da próstata. Em casos de lesão benigna, sua molécula está menos ligada a proteínas no soro. Há correlação entre o volume prostático e a produção do PSA, logo, espera-se que em grandes adenomas haja elevação dessa glicoproteína. O quociente entre o PSA sérico e o peso ou o volume da próstata medido pela USG é denominado densidade do PSA, utilizado quando o paciente apresenta hipertrofia prostática associada a elevação do PSA A densidade deste é considerada normal quando inferior a 20%. O PSA pode também elevar-se c/ o envelhecimento; é normal de até 0,75 ng/mL/ano -Atualmente, entretanto, o método alternativo de dosagem do PSA + utilizado é a relação PSA livre- total. Considera-se como inadequada e possivelmente relacionada ao CA de próstata a relação PSA livre-total inferior a 18%, e deve ser utilizada apenas p/ dosagens de PSA ente 4 e 6 ng/mL. -Biópsia prostática: é escolhida quando pacientes c/ toque retal suspeito, principalmente pela presença de nódulos endurecidos, e/ou alteração na dosagem do PSA que sugira a presença de câncer. Atualmente, a biópsia é realizada, na grande maioria dos centros, por via transretal e guiada por USG. Esse procedimento permite avaliar o tamanho da próstata, a presença de nódulos c/ ecogenicidade alterada e que sugerem a presença de câncer, assim como a obtenção de múltiplos fragmentos prostáticos p/ avaliação histológica. Um aparelho de USG c/ transdutor c/ agulha é utilizado p/ se obter, pelo menos, um total de 12 fragmentos representativos de toda a glândula, incluindo sistematicamente as faces laterolaterais (lobos direito e esquerdo). Apesar disso, os achados da ultrassonografia de próstata ñ são patognomônicos de câncer, e apenas auxiliam na avaliação global. Em casos localmente avançados, a USG transretal já pode demonstrar sinais de lesão extraprostática, como nódulos grandes com extensão além dos limites da cápsula. A solicitação desse exame deve ser feita após avaliação cuidadosa e criteriosa do indivíduo, visto não ser isenta de complicações. Os pacientes devem receber antibioticoprofilaxia e ser orientados quanto aos riscos de sangramento e infecção. Atualmente, o exame é feito sob sedação profunda, o que facilita a aquisição de bons fragmentos da próstata e proporciona > conforto ao examinado. Locais p/ retirada de fragmentos prostáticos -Fosfatase ácida prostática: foi o 1º marcador bioquímico utilizado em CA de próstata, porém seu uso está , uma vez que a fosfatase ácida se eleva geralmente em doença metastática,principalmente na metástase óssea. -Ressonância Magnética (RM): vem sendo mais empregada nos últimos anos, usado p/ orientação de biópsia, estadiamento e avaliação de recidiva local -Classificação de PI-RADS®: avalia a característica da imagem da RNM c/ a probabilidade de risco p/ uma lesão maligna. Carolina Ferreira UROLOGIA Classificação de PI-RADS® (Prostate Imaging Reporting and Data System) HISTOLOGIA E GRADUAÇÃO -O tipo histológico + comum é o adenocarcinoma acinar, que corresponde a + de 95% das neoplasias. Os tumores de células escamosas e/ou de células transicionais são raros. Um achado frequente em biópsias prostáticas, é denominado ASAP – proliferação atípica de pequenos ácinos –, que consiste em um diagnóstico de exclusão quando as alterações ñ permitem o diagnóstico de carcinoma. Sua presença indica necessidade de repetição da biópsia em curto intervalo e a realização de imuno-histoquímica do fragmento acometido -O adenocarcinoma de próstata é graduado pelo sistema de Gleason, que estabelece 5 padrões de morfologia glandular, graduados de 1 a 5, sendo 1 correspondente à arquitetura prostática + próxima do normal e 5 correspondente à + indiferenciada. A soma dos 2 padrões + frequentes é chamada de escore de Gleason, que varia de 2 a 10. Há correlação entre o escore de Gleason e o comportamento biológico do tumor, c/ nítida redução de sobrevida em escores superiores a 6. De acordo c/ o sistema de Gleason, escores de 2 a 4 representam tumores bem diferenciados, 5 a 7, moderadamente diferenciados e 8 a 10, indiferenciados. -Dados obtidos a partir da biópsia, como volume tumoral, diferenciação e invasão local da neoplasia, permitem avaliar a agressividade do adenocarcinoma de próstata. Devem ser avaliados graduação histológica do tumor, nº de fragmentos acometidos, porcentagem de tecido envolvido, extensão tumoral pela presença de invasão perineural e extraprostática e de vesículas seminais. ESTADIAMENTO -O tratamento do CA de próstata depende do estadiamento. A avaliação local visa diferenciar o câncer localizado, que ñ invade a cápsula prostática, do tumor localmente avançado, que pode atingir as vesículas seminais, o colo vesical e até mesmo o reto. -O exame digital da próstata, mostrando a presença de múltiplos nódulos endurecidos ou a perda dos limites anatômicos, é bastante sugestivo de doença localmente avançada. -A avaliação radiológica da próstata é ineficaz no diagnóstico de acometimento extracapsular -Os achados ultrassonográficos + sugestivos são lesões nodulares hipoecogênicas c/ bordas irregulares (60%), porém as lesões podem ser isoecoicas ou, até mesmo, hiperecoicas. A sensibilidade e a especificidade são baixas. -A RNM negativa p/ doença extraprostática ñ exclui totalmente essa possibilidade, vem surgindo como método importante de avaliação p/ o diagnóstico de lesões suspeitas, particularmente em pacientes c/ múltiplas biópsias negativas, mas que persistem com risco de neoplasia. -O PSA ñ faz parte, mas auxilia no estadiamento clínico, uma vez que a grande maioria dos pacientes c/ dosagens superiores a 50 ng/mL raramente apresenta tumores localizados, enquanto indivíduos c/ PSA < do que 10 ng/mL têm baixa probabilidade de metástases. -Estadiamento TNM: Carolina Ferreira UROLOGIA Estadiamento local -Os linfonodos acometidos inicialmente por metástases são os do grupo obturador da cadeia ilíaca externa. Em geral, quanto > e menos diferenciado o tumor, > é o risco de metástase linfática. A avaliação linfonodal varia de N0 (ausência de comprometimento) a N1 (metástases em linfonodos regionais). -A disseminação hematogênica do CA de próstata ocorre, p/ ossos, pulmão, fígado e rins + tardiamente. -Pelo alto risco de metástase linfática em pacientes c/ PSA acima de 30 ng/mL, recomenda-se a avaliação por tomografia, método c/ sensibilidade de 30 a 70%, e especificidade de 70%, além de ser capaz de identificar linfonodos > do que 2 cm. Ñ se recomenda a TC a pacientes c/ tumores de baixo grau e dosagens baixas de PSA. -Na suspeita de acometimento linfonodal devido à elevação do PSA ou de tumor de alto grau, muitos autores defendem a linfadenectomia estendida como estadiamento. Tumores localmente avançados apresentam de 35 a 46% de acometimento linfonodal -A avaliação do acometimento ósseo pelo tumor de próstata é feita pela cintilografia óssea, recomendada, sobretudo, a pacientes com PSA acima de 10 ng/mL. Metástases ósseas ocorrem em 80% daqueles c/ doença avançada; 80%, lesões osteoblásticas, 5%, osteolíticas, e o restante, mistas; a cintilografia óssea é + sensível do que a radiografia simples do esqueleto e detecta a metástase óssea, em média, 6 meses antes da alteração radiográfica. -As indicações p/ cada exame utilizado no estadiamento são: 1. TC: PSA > 30ng/mL, pesquisa de metástase linfonodal acima de 2 cm 2. RM: avaliação do acometimento prostático local, feixes vasculonervosos; 3. Cintilografia óssea: PSA > 10 ng/mL; 4. Linfadenectomia estendida: PSA > 20 ng/mL, tumores de alto grau. TRATAMENTO -P/ definir a melhor forma de tratamento p/ o CA de próstata, é necessário avaliar a extensão da doença, a agressividade da neoplasia, a expectativa de vida, a presença de comorbidades e a opção do paciente perante as vantagens e as possíveis complicações de cada tratamento. -Vamos discutir abaixo sobre as modalidades de cada tratamento que possa ser escolhido -Observação expectante e vigilância ativa: o câncer de próstata é altamente prevalente em idosos. Porém, o tumor apresenta comportamento biológico pouco agressivo, latente. Assim, pacientes + velhos, principalmente c/ idade superior a 75 anos, ñ se beneficiam c/ o tratamento radical, pois é + comum morrerem de outras causas, mesmo na ausência de tratamento para esse câncer. Indivíduos c/ outras comorbidades graves, em que se confirma expectativa de vida inferior a 10 anos, também podem apresentar essa mesma evolução. Pa tais grupos, independentemente da agressividade do tumor, ou do valor do PSA e sem a obrigatoriedade de exames periódicos, visando apenas conforto, qualidade de vida e minimizar a toxicidade de um tratamento invasivo, é proposto um tratamento paliativo. A conduta p/ esses pacientes é denominada observação expectante. + recentemente, a conduta denominada vigilância ativa foi estabelecida p/ portadores de neoplasia de próstata bem diferenciada c/ Gleason ≤ 6, até 2 fragmentos positivos, PSA < 10 ng/mL e envolvimento de menos de 50% do fragmento. Estes pacientes são acompanhados periodicamente c/ RNM, PSA, toque retal e novas biopsias e, em caso de alteração de qualquer um destes parâmetros para uma doença de > risco, o tratamento radical é indicado. A decisão deve ser amplamente discutida e Carolina Ferreira UROLOGIA compartilhada com o paciente. Diferentemente da observação vigilante, aqueles em vigilância ativa são obrigatoriamente submetidos a novas biópsias / avaliar possível mudança no padrão histológico e, nesses casos, rediscutir a conduta pela possibilidade de tratamento invasivo, c/ intenção de cura e sem comprometer a sobrevida. -Prostatectomia radical: é o padrão-ouro no tratamento da doença localizada. A próstata é removida em bloco, c/ as vesículas seminais; o colo vesical é então reconstruído e anastomosado ao coto da uretra membranosa. A próstata pode ser acessada por via perineal, retropúbica, videolaparoscópica e, mais recentemente, robótica. A via perineal é utilizada em pacientes c/ anatomia pélvica favorávele PSA < 10 ng/mL, pois esse acesso ñ permite a dissecção dos linfonodos pélvicos, e a linfadenectomia pode ser omitida nesse grupo. A via retropúbica é a + frequentemente utilizada, c/ a vantagem de permitir a dissecção dos feixes vasculonervosos envolvidos no mecanismo da ereção. A prostatectomia radical robótica já é realidade em diversos centros na Europa e + recentemente, no Brasil, reduzindo o período de internação e as taxas de transfusão. O candidato ideal p/ prostatectomia radical é o paciente c/ doença localizada, c/ características biológicas agressivas, expectativa de vida de 10 a 20 anos e livre de graves comorbidades. Optando-se por conduta conservadora, 50 a 75% dos tumores c/ essas características progredirão em 10 anos de acompanhamento e, na ausência de tratamento, 13 a 20% desses evoluirão p/ óbito decorrente do câncer de próstata. Em doenças confinadas à próstata, a prostatectomia radical oferece a > chance de sobrevida livre de doença em longo prazo (85% em 15 anos). O PSA é também utilizado no seguimento da prostatectomia radical, e valores < a 0,2 ng/mL são considerados como livres de doença. -Complicações cirúrgicas: hemorragia tem sido a complicação intraoperatória + comum e incômoda.A lesão retal é uma complicação rara, de aproximadamente 0,5%. A mortalidade perioperatória das grandes séries é de 0,5%. A TVP e o tromboembolismo pulmonar são + frequentes, pois há da prevalência em pacientes oncológicos e submetidos a cirurgias pélvicas. A incontinência urinária persiste como a complicação + temerosa da prostatectomia radical. A disfunção erétil é a complicação + frequente após a prostatectomia radical e está relacionada à idade, ao estádio da neoplasia e à preservação ou excisão dos feixes vasculonervosos. A da função erétil, parcial ou total, acontece em até 70% -Radioterapia: tem sido utilizada no tratamento do CA de próstata, a doença é responsiva a radiação ionizante. Foram introduzidos novos métodos, como a radioterapia conformacional e a radioterapia de intensidade modulada, que permitem > dose de radiação e melhores resultados. Além dessas modalidades de radioterapia, há ainda a braquiterapia, que é um tipo de radioterapia que usa a fonte de radiação em contato direto c/ os tecidos a serem tratados, sendo implantados materiais radioativos em formas de pequenas cápsulas c/ titânio. O uso desse tratamento está relacionado diretamente c/ a preservação dos tecidos sadios e dos órgãos próximos ao tumor. As cápsulas são colocadas no local por meio de agulhas, tubos ou cateteres, guiadas por USG ou TC. A braquiterapia também tem sido utilizada em indivíduos c/ adenocarcinoma de próstata c/ glândulas de tamanho normal e sem antecedentes de manipulação cirúrgica -Complicações da radioterapia prostática são: a) Lesões actínicas dos órgãos circunjacentes à próstata, como o reto e a bexiga; b) Sintomas urinários, cujas taxas estão em torno de 5%; c) Disfunção erétil, cujas taxas, após 1 ano de procedimento, estão em torno de 50%, porém a resposta à sildenafila é bastante satisfatória (aproximadamente 85%). -Hormonoterapia: o bloqueio androgênico tem sido utilizado no tratamento, principalmente nas formas metastáticas da doença. Os androgênios são produzidos pelas células de Leydig, localizadas nos testículos. A produção é estimulada pelos hormônios hipofisários luteinizante, folículo-estimulante e adrenocorticotrófico. O tratamento hormonal visa à interrupção direta da produção ou à redução do estímulo hipofisário p/ a produção de androgênios. Os mecanismos utilizados p/ o bloqueio são castração cirúrgica pela orquiectomia bilateral, agonistas parciais dos hormônios hipofisários (LHRH, gosserrelina), esteroides antiandrogênicos (flutamida, ciproterona) e estrogenoterapia. O bloqueio androgênico promove a apoptose das células cancerosas, c/ redução da massa tumoral, regressão das metástases e dos níveis de PSA. Contudo, pela presença de células cancerosas hormônio- resistentes, essa forma de tratamento ñ é curativa, mas promove melhora dos sintomas urinários obstrutivos, Carolina Ferreira UROLOGIA redução da dor óssea e, até mesmo, da compressão medular por metástases vertebrais na fase inicial do tratamento. Os principais efeitos colaterais do bloqueio androgênico são anemia, osteoporose, da libido, disfunção erétil e ondas de calor. -Quimioterapia: utiliza-se docetaxel, enzalutamida e abiraterona (associado à prednisona). Houve da sobrevida quando em comparação aos esquemas antigos. Entretanto, o melhor momento p/ a utilização da droga ainda ñ foi definido PROGNÓSTICO -Prognóstico: está intimamente relacionado às características do tumor, que se avaliam por fatores como escore de Gleason, estadiamento etc., assim como condições clínicas. -Neoplasias de baixa agressividade em muitos idosos ou portadores de graves comorbidades geralmente ñ trazem prejuízo à sobrevida ou à qualidade de vida. Contudo, neoplasias indiferenciadas ou metastáticas apresentam evoluções extremamente desfavoráveis. PREVENÇÃO -As campanhas de prevenção e de conscientização contra o câncer de próstata estimularam a população masculina a procurar auxílio médico p/ exames de rastreamento. Você sabe a diferença entre observação ativa e vigilância ativa? Os tumores de baixo risco hoje podem ser manejados de uma forma nova: a modalidade chamada de vigilância ativa, na qual o paciente é acompanhado periodicamente c/ exames e no caso de evolução do quadro p/ uma doença de risco + elevado, o tratamento radical é realizado (podendo ser radioterapia ou prostatectomia radical). É realizada em pacientes c/ expectativa de vida > de 10 anos, c/ chances de cura. Já a modalidade chamada de observação expectante pode ser instituída a qualquer tumor (baixo, intermediário e alto risco e metastáticos) e nenhum tipo de acompanhamento ou seguimento seriado c/ exames é realizado. É utilizado principalmente em pacientes em que as comorbidades prévias são + graves que a própria doença oncológica, em pacientes c/ expectativa de vida < que 5 anos de vida -A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é uma entidade definida pela proliferação (hiperplasia) de células do epitélio e do estroma prostático, formando tecido nodular adenomatoso. Isso geralmente provoca do volume da glândula, associado a história clínica de sinais e sintomas obstrutivos/irritativos, + comum entre homens acima dos 45 anos. ANATOMIA -A próstata normal de um homem adulto pesa cerca de 20 g e está localizada inferiormente à bexiga, atravessada pela 1º porção da uretra anteriormente a sínfise púbica e posteriormente pelo reto. É um órgão constituído de tecido glandular e um componente de estroma fibromuscular, contendo músculo liso e tecido conjuntivo. Na glândula normal, há cerca de 30% de componente glandular e 60% de estroma fibromuscular. -O compartimento glandular é constituído de células epiteliais basais e secretoras, distribuídas em uma estrutura tubuloalveolar. Sua secreção representa 20% do volume ejaculado e é constituída de ácido cítrico, frutose, fosforilcolina, espermina, aminoácidos livres, fosfatase ácida prostática e antígeno específico da próstata. Carolina Ferreira UROLOGIA -4 regiões anatômicas podem ser individualizadas: zona periférica, zona central, zona de transição e estroma anterior -A zona periférica constitui 70% da próstata, a zona central, 25%, a de zona de transição, 4%, e o estroma anterior, 1%. Este último é formado apenas por músculo liso e tecido conjuntivo, ñ contendo tecido glandular. A zona periférica é derivada do seio urogenital e representa o local + frequente deaparecimento do câncer, enquanto a zona de transição é o sítio exclusivo de origem da hiperplasia benigna. ETIOPATOGENIA -O da idade e a presença dos testículos representam as determinantes + importantes p/ o desenvolvimento da HPB. -Atualmente, acredita-se que o desenvolvimento da hiperplasia resulta da ação de vários mecanismos interativos, em que se destacam a testosterona, a diidrotestosterona (DHT) e alguns fatores de crescimento teciduais. Nos casos de HPB, ocorre de ambos os componentes da próstata, c/ predomínio do crescimento do estroma fibromuscular, que passa a representar + de 70% do peso da glândula. -O estroma fibromuscular, tem seu tônus regulado pelo sistema autônomo simpático. Receptores alfa-1- adrenérgicos são encontrados no estroma e ao nível do colo vesical, de modo que a hiperatividade do sistema simpático promove contração muscular local, c/ aparecimento de forças centrípetas que tendem a ocluir a uretra prostática e o colo da bexiga. -O componente glandular é formado por células sensíveis às ações da testosterona e de fatores de crescimento. Isso torna a próstata dependente do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, o que permite que manipulações endócrinas em diferentes pontos desse sistema interfiram no funcionamento e na proliferação das glândulas prostáticas. Ao nível das células prostáticas, a testosterona é transformada em DHT por ação da enzima 5-alfarredutase. A testosterona e, principalmente, a DHT se ligam a um receptor androgênico específico, e tal complexo DHT-receptor migra p/ o núcleo e se fixa em segmentos específicos das moléculas de DNA, estimulando a transcrição de genes sensíveis aos androgênios e promovendo, finalmente, a síntese proteica e a divisão celular. Nos pacientes c/ HPB, há de concentração tecidual de DHT, que, por formar complexos + estáveis c/ os receptores androgênicos, acaba exercendo efeito trófico + intenso do que a testosterona sobre a proliferação das células prostáticas. Isso as leva a secretar fatores de crescimento, que, por meio do mecanismo parácrino, modulam o crescimento das células epiteliais. FISIOPATOLOGIA -O processo de hiperplasia prostática condiciona o aparecimento de sintomas miccionais, que podem resultar de 3 fenômenos fisiopatológicos: a) Um componente estático (efeito mecânico), no qual o volumétrico da próstata provoca do calibre e da resistência uretral, c/ consequente dificuldade de esvaziamento vesical; b) Um componente dinâmico (efeito funcional), representado pela musculatura lisa presente na cápsula, na glândula prostática e no colo vesical, em que o da atividade alfa-adrenérgica nas fibras musculares hipertrofiadas provoca a elevação da resistência uretral; c) Um componente vesical, decorrente de alterações secundárias à obstrução produzida pela HPB na musculatura detrusora, traduz-se em hiperatividade, como resposta ao esforço contínuo na tentativa de esvaziamento, ou em hipoatividade, como resultante da falência muscular nas fases + avançadas da doença. -Cabe salientar que, constantemente, tais fatores atuam simultaneamente e promove o aparecimento e a gravidade da sintomatologia vista na HPB. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS -Manifestações clínicas: apresentam intensidade bastante variável, desde discretos sintomas relacionados ao enchimento ou armazenamento vesical até os relacionados ao esvaziamento vesical ou à retenção urinária. ➢ Os de esvaziamento decorrem da oclusão produzida pela próstata hiperplásica e pelo tônus da musculatura lisa da uretra e do estroma prostático. Os sintomas ocorrem durante a micção e incluem hesitação p/ iniciar a micção, da força e do calibre do jato, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, jato intermitente, gotejamento pós- miccional e retenção urinária aguda. Esses sintomas estão presentes na obstrução infravesical produzida pela HPB ou podem ser atribuídos a contrações ineficientes do detrusor ➢ Os sintomas relacionados a fase de enchimento vesical ou de armazenamento são representados por polaciúria, nictúria, urgência miccional e incontinência de urgência. Parece que esses sintomas são relacionados à hiperatividade do detrusor em consequência da obstrução infravesical, embora possam estar relacionados à presença de resíduo urinário. -Manifestações clínicas: Carolina Ferreira UROLOGIA 1. Sintomas de esvaziamento ou sintomas obstrutivos: esforço miccional; hesitação; gotejamento terminal; jato fraco; esvaziamento incompleto; incontinência paradoxal e retenção urinária 2. Sintomas de enchimento, armazenamento ou sintomas de hiperatividade: urgência; polaciúria; noctúria; incontinência de urgência; pequenos volumes de micção e dor suprapúbica -A grande variação de intensidade desses sintomas e o diferente grau de importância atribuídos a eles, decidiu-se estabelecer uma pontuação p/ transformar, em nº, a presença e a intensidade dos sintomas, tornando, desta forma, uniforme sua valorização. A tabela de pontuação + utilizada é a International Prostate Symptom Score (I-PSS). Posteriormente, c/ o apoio da OMS, foi acrescentada uma nova avaliação, relacionada à qualidade de vida -O escore é composto por 7 perguntas sobre os sintomas do paciente, c/ notas individuais de 0 a 5. Dependendo da intensidade de cada sintoma e de acordo c/ os resultados obtidos, os pacientes podem ser classificados em: 1. Sintomatologia leve: escore de 0 a 7; 2. Sintomatologia moderada: escore de 8 a 19; 3. Sintomatologia grave: escore de 20 a 35. -É muito importante considerar que os sintomas miccionais na HPB podem apresentar variação de intensidade em um mesmo paciente e dependem de múltiplos fatores, como estresse, frio, volume miccional e uso de medicamentos (simpaticomiméticos, anticolinérgicos). COMPLICAÇÕES -Retenção urinária aguda: acontece em 2,6% dos pacientes, podendo acometer mesmo aqueles que apresentem pouca sintomatologia e estando relacionada ao componente dinâmico da obstrução. O uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos, distensão aguda da bexiga (diurese forçada), prostatite aguda, cálculo vesical ou infarto prostático são fatores que podem desencadear a retenção urinária aguda. -Infecção urinária e prostatite: surgem em torno de 1% por ano nos pacientes c/ HPB, exacerbando os sintomas urinários e, por vezes, desencadeando retenção urinária. Essas infecções resultam da colonização prostática ou da presença de urina residual e podem provocar quadros de bacteriemia. -Litíase vesical: pode surgir (1 a 3%) por estase local ou impossibilidade de eliminar cálculos migrados dos rins. Os pacientes podem apresentar bloqueio abrupto do jato urinário e, às vezes, hematúria macroscópica. -Insuficiência renal aguda ou crônica: 3% dos pacientes c/ HPB têm lesão renal causada pela própria obstrução prostática (nefropatia obstrutiva crônica), e, em metade desses casos, o quadro de hidronefrose se instala de maneira insidiosa, frequentemente sem manifestações urinárias importantes. -Hematúria macroscópica: surge em poucos pacientes c/ HPB e se deve à ruptura de vasos submucosos locais. 14.6 DIAGNÓSTICO -O diagnóstico inicial deve ser feito por meio de história clínica, exame físico e exames laboratoriais. -História clínica: é importante avaliar os sintomas prostáticos cara-cterísticos da HPB descritos nas manifestações clínicas (de esvaziamento e armazenamento ou enchimento) e o I-PSS. -Exame físico: além do exame físico geral p/ a avaliação global do paciente, o exame urológico completo é imprescindível. Devem-se observar a micção, avaliando seu jato urinário, realizar a palpação do hipogástrio, para detectar massas ou globo vesical, e realizar o toque retal. O toque avaliará se a próstata está de volume e detectará possíveis nodulações. No exame digital da próstata, devem ser avaliadas a contração e a sensibilidadedo esfíncter anal, o reflexo bulbocavernoso, as características prostáticas (volume, consistência, regularidade, limites, sensibilidade e mobilidade), as vesículas seminais e a parede retal. A palpação de uma próstata pequena em um paciente c/ sintomas de esvaziamento e enchimento ou armazenamento pode sugerir crescimento de lobo médio, assim como indivíduos assintomáticos podem apresentar próstatas aumentadas de volume. A medida do resíduo urinário pode ser obtida c/ a passagem de uma sonda vesical após a micção ou por meio de ultrassonografia transabdominal (sendo a segunda forma + indicada pela EAU). -Exames laboratoriais obrigatórios: tais exames são os preconizados pela Associação Médica Brasileira e são voltados p/ a avaliação do paciente na Atenção Básica 1. Exame de urina: investigar a presença de piúria e nitrito (infecção) e hematúria; 2. Ureia e creatinina: avaliar complicação importante da HPB, a nefropatia obstrutiva; 3. PSA (antígeno prostático específico): glicoproteína produzida pelo tecido prostático que pode elevar os seus níveis séricos em qualquer doença prostática inflamatória ou neoplásica. O valor normal é abaixo de 2,5 ng/mL p/ homens c/ menos de 60 anos e até 4 ng/mL p/ os demais -Outros exames não obrigatórios: 1. Ultrassonografia: avalia a morfologia do trato urinário, o volume da próstata e o resíduo pós-miccional. Idealmente a via preferida é a transretal; Carolina Ferreira UROLOGIA 2. Urofluxometria: método urodinâmico recomendável, que registra, em gráfico, a curva do fluxo urinário, fornecendo dados como fluxos máximo e médio e perfil de curva. Tem boa acurácia em detectar hipofluxo miccional, desde que o volume urinado seja ≥ 150 mL; 3. Uretrocistoscopia: avalia a presença ou não de estenose de uretra, a extensão da uretra prostática, o aspecto da parede vesical (trabeculações e divertículos) e observam-se doenças associadas (cálculos ou tumores vesicais); 4. Urodinâmica: indicada nos casos de Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI) em pacientes c/ menos de 50 anos e + de 80 anos; volume urinário < 150 mL; resíduo pós-miccional > 300 mL; pacientes sintomáticos c/ fluxometria normal (≥ 15 mL/s); pacientes c/ doenças neurológicas (AVE prévio, doença de Parkinson); ou falha após procedimento invasivo prévio. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. Uretrais: estenose de uretra; uretrite; divertículo de uretra; litíase de uretra; disfunções do esfíncter externo; dissinergia detrusora esfincteriana e pseudodissinergia. 2. Prostáticas: prostatites; câncer de próstata e infarto prostático. 3. Vesicais: disfunções do colo vesical; cistites específicas; cistites inespecíficas; cistite actínica; litíase vesical; tumores vesicais superficiais; tumores vesicais infiltrativos; tumores vesicais in situ e hiperatividade vesical TRATAMENTO A melhor compreensão de sua história natural e dos processos fisiopatológicos envolvidos tem permitido a mudança dos critérios para indicação do tratamento. Essas indicações devem ter base no escore de sintomas e na avaliação clínica, que poderão ser reforçados, sempre que possível, com parâmetros específicos, como ultrassonografia e urofluxometria. -A ausência de correlação significativa entre as dimensões da próstata e a intensidade dos sintomas clínicos torna precária a indicação de intervenção terapêutica em HPB quando baseada exclusivamente no volume da próstata. -Há situações em que o tratamento cirúrgico da HPB é absoluto: retenção urinária, infecção urinária recorrente, cálculo vesical, hidronefrose ou insuficiência renal, hematúria macroscópica refratária e sintomas urinários acentuados persistentes após o tratamento clínico. -Por outro lado, há outro extremo, em que as queixas são discretas e as avaliações clínica e por imagem ñ revelam alterações funcionais. Nesses casos, ñ se indica tratamento algum, e o paciente é orientado para realizar avaliações periódicas. -As opções disponíveis p/ o tratamento da HPB são: observação e acompanhamento, tratamento farmacológico e tratamento cirúrgico. -Observação e acompanhamento: devem ser anuais e estão indicados a todos aqueles c/ sintomas leves e sem complicações (escore de sintomas entre 0 e 7), associados a mudanças do estilo de vida como: da ingesta hídrica à noite, evitar bebidas diuréticas como café ou álcool, rever uso de medicações etc. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO -É indicado aos pacientes c/ sintomatologia moderada (escore de sintomas entre 8 e 19), c/ morbidade mínima e boa aceitação, e ñ deve interferir na sua qualidade de vida. Os agentes + utilizados são bloqueadores alfa-adrenérgicos, inibidores da 5-alfarredutase, fitoterápicos (estes não são recomendados) e inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (IPDE-5). -Bloqueadores alfa-adrenérgicos: o impedimento do fluxo urinário resulta do componente dinâmico, além do componente estático ou mecânico. Esse fator dinâmico depende da quantidade de estroma, que compreende cerca de 70% do tecido hiperplásico, e do tônus da musculatura lisa prostática, que é mediado pela estimulação simpática da musculatura lisa da próstata por meio de receptores alfa-adrenérgicos. Há 2 subtipos de receptores alfa-1-adrenérgicos: alfa-1a e alfa-1b. O 1º é específico p/ o tecido muscular prostático, enquanto o segundo é específico para os vasos sanguíneos. Os alfabloqueadores seletivos alfa-1 amenizam os sintomas miccionais, c/ efeitos sistêmicos de intensidade e frequência menores. Por isso, são chamados urosseletivos. + recentemente foram criadas as drogas + urosseletivas, que bloqueiam os receptores alfa-1a. O > exemplo é a tansulosina, c/ mínimos efeitos vasculares. Os pacientes c/ sintomas urinários moderados/severos (pontuação da AUA > 7), que afetam a qualidade de vida, e os que ñ aceitam ou ñ têm indicação absoluta de cirurgia são candidatos a essa modalidade de terapia. Carolina Ferreira UROLOGIA -As contraindicações ao uso dos alfabloqueadores são divididas em absolutas e relativas: 1. Contraindicações absolutas: insuficiência renal pós-renal e/ou resíduo vesical elevado, causados pela HPB e pacientes c/ história de hipersensibilidade à droga. 2. Contraindicações relativas: doença cerebrovascular; história de síncope ou hipotensão postural, principalmente nos casos de drogas ñ seletivas e retenção urinária aguda repetida ou infecção urinária recorrente atribuída à HPB. -Alfabloqueadores disponíveis: 1. Prazosina: atua promovendo a das pressões arterial e uretral. Sua vida média é de 4 a 6 horas, e a dose habitual, de 4 a 6 mg, dividida em 2 ou 3 tomadas diárias, aconselhando-se aumento progressivo da dose inicial. Provoca hipotensão postural acentuada, podendo levar a síncope; por isso e pela baixa urosseletividade, caiu em desuso; 2. Terazosina: tem < atividade, + urosseletividade e efeitos colaterais menos acentuados. A vida média é de 12 horas, e a dose habitual, de 10 a 20 mg 3. Alfuzosina: possui urosseletividade + elevada do que as drogas anteriores e, por essa razão, tem menos efeitos colaterais. A vida média é de 5 horas, e pode ser usada como dose única (10 mg/d) ou fracionada (2,5 mg, 3x/d). Sua ação na melhoria dos sintomas tem sido demonstrada, em longo prazo, em vários trabalhos; 4. Doxazosina: tem afinidade elevada pelos receptores alfa-1, e a vida média é de 20 horas. A dosagem é de 2 a 8 mg, em única dose, tomada ao deitar-se, ou doses múltiplas com titulação progressiva. Age favoravelmente com redução da pontuação dos sintomas, e seus efeitos colaterais são leves, porém quando presentes levam à descontinuidade da droga; 5. Tansulosina: é o + moderno e potente bloqueador alfa-1 sintetizado p/ o tratamento dasobstruções prostáticas, c/ especificidade p/ os receptores alfa-1a-adrenérgicos. É usado em dose diária de 0,4 mg. Apresenta mínimos efeitos vasculares. -A doxazosina e a tansulosina são os alfabloqueadores adrenérgicos + usados no Brasil p/ tratamento da HPB. -Inibidores da 5-alfarredutase: a 5-alfa redutase (5AR) é uma enzima altamente lipofílica que converte, na próstata, a testosterona em DHT. Ela apresenta 2 isoformas: tipos 1 e 2. A 5AR do tipo 2 é encontrada predominantemente na próstata (98%); já a tipo 1, em todo o organismo, mas também na próstata e na pele. A finasterida é um inibidor potente e reversível da 5-alfarredutase tipo 2. Esse mecanismo inibitório leva à redução do volume prostático em percentuais variados, sobretudo em portadores de glândulas acima de 40 g. A administração regular de finasterida por tempo prolongado (> 6 meses), além da volumétrica mencionada, atua beneficamente sobre o quadro clínico, c/ melhoria do fluxo urinário e redução do I-PSS. Tomada por período acima de 6 a 12 meses, a finasterida promove redução dos níveis plasmáticos de PSA em cerca de 50%. Recentemente, outro inibidor da 5-alfarredutase foi introduzido, a dutasterida, que atua como inibidor seletivo tipo 1 e tipo 2. As reações adversas + frequentes são as mesmas da finasterida. A dutasterida também reduz os níveis plasmáticos do PSA em cerca de 50% quando tomada por período mínimo de 6 meses. -Terapia combinada: a terapia concomitante da HPB c/ alfabloqueador (tansulosina) e inibidor da 5-alfarredutase (dutasterida) tem sido considerada relevante pelo fato de combinar o benefício do alívio rápido dos sintomas dos alfabloqueadores c/ os benefícios de longo prazo dos inibidores da 5-alfarredutase, principalmente a redução dos sintomas de longo prazo, do volume da próstata e dos riscos de retenção urinária aguda e de cirurgia relacionada à HPB. P/ os homens c/ sintomas do trato urinário inferior de intensidade moderada a grave e aumento do volume da próstata (≥30cm3), a terapia combinada c/ dutasterida-tansulosina (Combodart®) propicia um grau significativamente > de benefício do que a monoterapia. As terapias combinadas + utilizadas são: alfabloqueador + inibidor da 5AR e alfabloqueador + antimuscarínicos. -Fitoterápicos: têm sido utilizados há muitas décadas no tratamento da HPB, c/ grande atuação por serem naturais e desprovidos de efeitos colaterais.. A Serenoa repens tem sido um dos agentes + estudados, e as respostas clínicas têm sido positivas, mas ñ é recomendada pela AUA e EAU. -IPDE-5: provoca o relaxamento do músculo liso, da proliferação de células endoteliais, a melhora do fluxo sanguíneo e da atividade sobre os nervos eferentes prostáticos. Tadalafila 5 mg, 1x/d, está aprovada no Brasil. -Antimuscarínicos: estão indicados em pacientes com STUI moderados/graves com predomínio de sintomas de armazenamento. O resíduo pós-miccional deve ser < 150 mL, caso contrário, uma outra classe de droga deverá ser associada (por exemplo, alfabloqueadores). -Agonista beta-3-adrenérgico: é a classe + recente introduzida, com a mirabegrona, que atua como agonista nos receptores beta-3-adrenérgicos vesicais e promove o relaxamento do detrusor, melhorando os sintomas de armazenamento. TRATAMENTO CIRÚRGICO -Deve haver indicação nos casos de: retenção urinária; infecções recorrentes ou persistentes do trato urinário; distúrbios anatômicos ou funcionais do trato urinário superior decorrentes de obstrução prostática; calculose vesical secundária a obstrução; hematúria macroscópica recorrente de origem prostática e insucesso ou impossibilidade de tratamento clínico. Carolina Ferreira UROLOGIA -A escolha da técnica cirúrgica deve ter base na experiência do cirurgião, no estado clínico e no desejo do paciente, no tamanho da próstata, nas doenças associadas à HPB e na disponibilidade das técnicas. -Incisão transuretral da próstata: é uma opção atraente p/ pacientes selecionados c/ indicação cirúrgica, porém que têm sintomatologia leve ou moderada e próstata < 30 mg, sem lobo mediano. É realizada por meio de 2 incisões posteriores (4 a 8 horas).Tal técnica oferece taxas razoáveis de melhora dos sintomas e da obstrução, mas por curto período (2 anos, em média). -Tratamentos minimamente invasivos: muitas foram as técnicas desenvolvidas p/ o tratamento da HPB, a fim de serem tão eficazes como as prostatectomias, mas c/ uso de anestesia local, < morbidade, <tempo de internação e melhor reabilitação. A maioria delas baseia-se no uso de formas variadas de energia para a destruição do tecido prostático.. Dilatação por balão, hipertermia e USG de alta frequência foram considerados métodos inaceitáveis de tratamento. O uso de stent uretral foi considerado aceitável com restrição, pela falta de evidências científicas de seu benefício. As técnicas com uso transuretral de micro-ondas (TUMT) e ablação por agulha (TUNA) foram consideradas métodos aceitáveis de tratamento. -Ressecção transuretral da próstata(RTUP): corresponde ao tratamento cirúrgico + utilizado (mais de 90%), considerado padrão-ouro devido à sua alta taxa de sucesso e ao fato de preencher requisitos de técnica minimamente invasiva, pois possibilita curva de aprendizado rápida com uso de microcâmera, < tempo de cateterização vesical c/ deambulação, reabilitação e alta precoces, podendo ser utilizada em pacientes de risco cirúrgico elevado. Há melhora nos sintomas e no fluxo urinário em cerca de 85% dos operados, e a mortalidade se situa em torno de 2%. A complicação intraoperatória + temida é a síndrome de intoxicação hídrica, que decorre da absorção excessiva, pelo leito prostático cruento, da solução hipotônica (água destilada, glicina 1,5%, sorbitol 2,7%, manitol 0,5%, glicose 4%), empregada p/ irrigação vesical durante o procedimento. A síndrome de intoxicação hídrica, principal complicação da RTUP, ocorre em 2% dos pacientes e é caracterizada por hiponatremia, confusão mental, náuseas e vômitos, hipertensão arterial, bradicardia e distúrbios da visão. -Outras complicações: hemorragia perioperatória (10%), com necessidade de transfusão somente 4%; perfuração da cápsula (2%); retenção urinária pós-operatória (7%); tamponamento por coágulos (5%); infecção urinária (3%); ejaculação retrógrada (60%); disfunção erétil (12%), porém cerca de 30% demonstram melhora após a rtu; estenose de colo vesical (3%) e incontinência urinária (1,5%), geralmente transitória. -Vaporização transuretral da próstata: trata-se de uma variante da RTUP, em que, c/ uma alça especial, destrói-se o tecido prostático que é “vaporizado”, dissecado. É uma técnica que pode ser utilizada em indivíduos c/ problemas de coagulação ou naqueles que vão realizar a terapêutica anticoagulante. -Terapia a laser: é um tratamento que combina a eficácia do procedimento cirúrgico tradicional (RTUP) c/ a vantagem de apresentar menos efeitos colaterais. No princípio dos anos 1990, começou-se a utilizar a energia laser p/ tratar, por via endoscópica, a HPB, provocando < perda de sangue e sendo tão eficaz como a energia elétrica utilizada na cirurgia endoscópica clássica. A desvantagem dessa terapia está no fato de possuir um valor elevado p/ sua realização por conta do elevado custo do equipamento. A única complicação frequente é a ocorrência de sintomas miccionais irritativos durante algumas semanas, queixa que, em geral, é bem tolerada. Além disso, ñ há possibilidade de envio de material p/ anatomopatológico. -Evaporação plasma button: nova técnica que, por meio do plasma, provoca a vaporização dos tecidos. Permite rápida recuperação e redução de vários transtornos típicos de processos operatórios. Essa nova tecnologia utiliza a energia elétrica transmitida por um gerador bipolar. -Prostatectomia (aberta, laparoscópica ou robótica): a aberta é a formade tratamento c/ taxas + elevadas na melhoria dos sintomas e do fluxo urinário, porém c/ o > índice de morbimortalidade entre todas as técnicas cirúrgicas. É indicada aos casos de próstatas volumosas (acima de 80 g), pelo nas taxas de complicações da RTUP, e aos pacientes c/ contraindicações à RTUP (alterações na bacia que impossibilitam o adequado posicionamento do paciente e estenose uretral extensa). Pode ser realizada pela técnica suprapúbica transvesical (técnica de Freyer) ou retropúbica (técnica de Millin). A suprapúbica transvesical possibilita ótima abordagem nas próstatas volumosas c/ lobo médio proeminente e alterações vesicais concomitantes, como cálculos e divertículos. A técnica retropúbica possibilita melhor abordagem da loja prostática, sem necessidade de abertura da parede vesical, porém c/ prejuízo ao acesso do lobo mediano e da bexiga. -Complicações + comuns: hemorragia (15%), geralmente ñ necessitando de transfusão; perfuração da cápsula (1%); retenção urinária pós-operatória (5%); Carolina Ferreira UROLOGIA fístula urinária (5%); infecção urinária (5%); ejaculação retrógrada (65%); disfunção erétil (3 a 5%); esclerose do colo vesical (5%); incontinência urinária (1%). Como abordar amplamente e completamente os sintomas do trato urinário inferior? Quais são as formas de tratamento e quando indicar cada uma delas? Visto que existe uma ampla variedade de técnicas para tratamento cirúrgico da hiperplasia prostática benigna, é importante saber quando é o melhor momento para se indicar e qual técnica é a melhor para cada situação. Um dos melhores questionários existentes para se avaliar os sintomas urinários do trato urinário inferior é o International Prostate Symptom Score (IPSS). IPSS < 7: não tratar; IPSS entre 8 e 19: iniciar terapia medicamentosa. Se piora nos sintomas ou não melhora: abordagem cirúrgica conforme o tamanho prostático (< 30 g: incisão transuretral da próstata ou ressecção transuretral; 30 a 80 g: ressecção transuretral, enucleação a laser ou bipolar, vaporização a laser; > 80 g: prostatectomia aberta, HoLEP etc.). -A Disfunção Erétil (DE) é a incapacidade persistente em obter e/ou manter ereção adequada para a atividade sexual satisfatória. A expressão “disfunção erétil” define c/ > precisão a natureza desse distúrbio sexual do que o termo “impotência”. -De acordo c/ a intensidade dos sintomas pode ser classificada em: a) Leve: de início, há ereção normal durante o intercurso do ato sexual, e, em seguida, ocorre a perda da rigidez; b) Moderada: logo após a penetração, percebe-se a perda da rigidez; c) Grave: ñ se consegue o enrijecimento p/ a penetração. -Diversos elementos orgânicos e psicológicos estão envolvidos na função erétil normal, incluindo fatores vasculares, neurológicos, hormonais e cavernosos. -Sua incidência c/ o envelhecimento, especialmente após os 40 anos. O painel de consenso do National Institutes of Health revelou que a DE pode afetar até 30.000.000 de norte-americanos; 52% dos homens relataram algum grau de DE (40 a 70 anos). CLASSIFICAÇÃO -Classifica em: 1. Orgânica: provocada por lesões ou distúrbios vasculares, neurológicos, hormonais ou cavernosos 2. Psicogênica: em decorrência de inibição central do mecanismo de ereção, sem a participação de componente orgânico; 3. Mista (orgânica/psicogênica): composta pela combinação de fatores orgânicos e psicogênicos. -De acordo c/ a International Index of Erectile Function (IIEF-5), a DE pode ser classificadas c/ base nas 5 perguntas relacionadas acima: ETIOLOGIA -A maioria dos fatores que afeta a prevalência da DE orgânica relaciona-se a doenças crônicas, cirurgias, traumas, agentes farmacológicos, tabagismo e abuso de álcool. →Doenças crônicas: a doença aterosclerótica ocorre em cerca de 56% dos casos de disfunção erétil em homens c/ + de 50 anos, e 75% dos homens c/ DAC têm sintomas de DE. Além disso, a DE ocorre em cerca de 75% dos pacientes c/ diabetes. No diabetes mellitus, essa disfunção normalmente ocorre após 5 a 10 anos de doença. A gravidade da DE está relacionada a controles glicêmicos insatisfatórios, idade, associação com tabagismo, e de acordo c/ o tempo de doença. Estão associadas à DE: a) Insuficiência renal crônica (45%); b) Insuficiência hepática (70%); c) Esclerose múltipla (71%); d) Doença de Alzheimer (53%); e) Doença pulmonar obstrutiva crônica (30%). →Drogas: maconha (pode provocar esterilidade), álcool, heroína, cocaína, barbitúricos; anti-hipertensivos; vasodilatadores; hipoglicemiantes; agentes de ação cardíaca; antidepressivos; antagonistas H2; hormônios; anti-inflamatórios não hormonais e tranquilizantes Carolina Ferreira UROLOGIA →Fator neurológico: lesões do SNC , como AVC, esclerose múltipla e trauma raquimedular também podem cursar c/ DE. As cirurgias pélvicas, como prostatectomia radical, e cirurgias oncológicas coloproctológicas também podem ser a causa, devido a lesão nervosa direta ao feixe vasculonervoso do pênis. →Fator intrínseco peniano: Sequelas de priapismo, Peyronie, traumas penianos e neoplasias. FATORES DE RISCO -Fatores de risco: sedentarismo, obesidade, dislipidemia, hipogonadismo, tabagismo, alcoolismo, HAS, DM, depressão, prostatectomia radical e outros procedimentos cirúrgicos sobre a pelve masculina, medicamentos(anti- hipertensivos e antidepressivos), envelhecimento e coronariopatia, entre outros -A DE orgânica está relacionada a fatores de risco como diabetes, hipertensão arterial, colesterol e triglicérides altos, obesidade (a chamada Síndrome Metabólica), vida sedentária, álcool em excesso, fumo, depressão etc. Mudanças de hábitos e controle desses fatores de risco podem melhorar as ereções em muitos dos homens. Alguns medicamentos podem influenciar na qualidade das ereções e sua substituição por outros medicamentos – sob supervisão médica – pode reverter o quadro. -Quando a causa é psicológica, apenas uma boa orientação pode ser suficiente p/ melhorar a situação, mas muitas das vezes temos que recorrer à terapia sexual breve, que é realizada em geral entre 2 a 6 meses visando a ansiedade em relação ao sexo e o chamado “temor de performance”, que é o medo de entrar na relação sexual e ñ conseguir a ereção. Por vezes, podemos associar medicamentos à terapia sexual p/ facilitar a ereção. FISIOLOGIA DA EREÇÃO PENIANA -Constitui um evento hemodinâmico que envolve fatores dos SNC e SNP e que é regulado pelo relaxamento das artérias cavernosas e da musculatura lisa dos corpos cavernosos, c/ participação hormonal -Em uma ereção normal, há processos somatossensitivos, estados motivacionais na ínsula e a informação sensorial e motivacional no lobo frontal, que liberam neurotransmissores. O principal deles é o óxido nítrico, o qual age na musculatura lisa peniana e ativa a enzima guanilato ciclase, provocando dos níveis de monofosfato de guanosina cíclico (GMPc), produzindo relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos e permitindo o influxo de sangue e, consequentemente, a tumescência peniana -Esse de sangue nas lacunas dos corpos cavernosos, juntamente c/ a rigidez da túnica albugínea, comprime as veias, impedindo a detumescência (mecanismo veno- oclusivo) -A enzima fosfodiesterase-5 (PDE- 5), presente no tecido cavernoso, é responsável pela degradação do GMPc no corpo cavernoso, o que provoca o retorno do estado flácido do pênis QUADRO CLÍNICO -A impotência sexual pode ser manifestada de várias maneiras, ñ somente pelo fato de ñ conseguir manter o pênis ereto, mas por problemas na ejaculação ou orgasmo -Em certos pacientes ocorre uma demora p/ manter uma ereção duradoura oumesmo a ereção é obtida, porém, ñ apresenta rigidez suficiente -Outras vezes, mesmo apresentando uma ereção adequada, ocorre ejaculação precoce (ejaculação que acontece antes, durante ou pouco depois da penetração c/ mínima estimulação sexual). DIAGNÓSTICO -É feito por meio de: 1. História clínica: elemento importante p/ a descoberta de fatores que podem desempenhar algum papel no desencadeamento de quadros de DE; 2. História sexual: deve ser obtida tanto do paciente quanto do parceiro ou da parceira sexual, sempre que possível; 3. Exame físico: contribui igualmente p/ a identificação de fatores causais ou complementares; 4. Avaliação psicológica: deve ser realizada também como parte da triagem inicial p/ determinar se fatores psicossociais estão relacionados à DE e podem requerer avaliação e/ou tratamento psicológico; 5. Testes laboratoriais: recomendados p/ excluir eventuais quadros de diabetes ñ diagnosticados ou outras doenças sistêmicas; Carolina Ferreira UROLOGIA 6. Exames radiológicos: a cavernosografia foi um exame muito utilizado c/ o objetivo de avaliar, radiologicamente, pela injeção intracavernosa de contraste, os corpos cavernosos e a drenagem peniana. Atualmente, sua indicação é restrita aos casos de doença cavernoso-vaso-oclusiva de origem traumática em candidatos a cirurgia vascular; 7. Teste de ereção fármaco-induzida: tem por finalidades avaliar o tecido erétil mediante a injeção intracavernosa de drogas vasoativas, identificar o fator orgânico por meio de uma resposta negativa ou parcial e iniciar a titulação da dose, quando o paciente opta pela terapia intracavernosa. Diferentes drogas podem ser utilizadas, como papaverina, prostaglandinas, fentolamina, dentre outras. A reação adversa + preocupante é a ereção prolongada, que pode requerer as mesmas medidas necessárias p/ o tratamento do priapismo. Cavernosografia -Devido ao potencial risco cardíaco associado c/ atividade sexual, a Segunda Conferência do Consenso de Princeton estratifica pacientes c/ DE, que desejam iniciar ou continuar a atividade sexual, em 3 categorias. -O grupo de baixo risco inclui pacientes assintomáticos c/ menos de 3 fatores de risco p/ doença coronariana, angina estável ou leve, IAM ñ complicado, disfunção ventricular esquerda ou ICC (NYHA classe I), revascularização coronariana bem sucedida, hipertensão controlada e doença valvular leve -Todos os outros pacientes serão incluídos nas categorias de risco intermediário e alto, e necessitam de uma avaliação cardiológica -Embora muitos pacientes com DE possam ser manejados dentro de um cuidado sexual padrão, algumas circunstâncias requerem testes diagnósticos específicos: • pacientes c/ DE primária (ñ causada por doença orgânica ou desordem psicogênica); • pacientes jovens c/ história de trauma perineal ou pélvico que podem se beneficiar de uma cirurgia vascular potencialmente curativa • pacientes c/ deformidades penianas (doença de Peyronie, curvatura congênita) que podem necessitar de procedimento cirúrgico • pacientes c/ desordens psiquiátricas ou psicossexuais complexas; • pacientes c/ desordens endocrinológicas complexas • exames específicos podem ser indicados por solicitação do paciente ou de sua parceira • por razões médico-legais (implante de prótese peniana, abuso sexual) -Os exames diagnósticos específicos incluem: • tumescência e rigidez peniana noturna (NPTR) com Rigiscan® • testes vasculares: teste de ereção fármaco-induzido (TEFI); ecodoppler das artérias cavernosas c/ teste farmacológico; cavernosometria/cavernosografia por infusão dinâmica (DICC) e a arteriografia pudenda interna; • testes neurológicos (latência do reflexo bulbocavernoso, estudos de condução nervosa) • estudo endocrinológico • avaliação psicodiagnóstica especializada TRATAMENTO -Principais bases do tratamento: a) Eliminação dos fatores de risco modificáveis b) Aconselhamento e/ou psicoterapia; c) Medicamentos d) Administração de drogas por via transuretral e) Aplicação de injeção intracavernosa; f) Implantação de prótese peniana; g) Cirurgia venosa/arterial Carolina Ferreira UROLOGIA -Tratamento de 1º linha: orientar e auxiliar na correção dos fatores que contribuem p/essa disfunção, ou seja: modificar o estilo de vida, indicar psicoterapia quando houver componente psíquico associado e, finalmente, tratar ou minimizar as doenças físicas, quando presentes. A terapia oral dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (IPDE-5), quais sejam: citrato de sildenafila, tadalafila e cloridrato de vardenafila. -Tratamento de 2º linha:vacuoterapia e ereção fármaco- induzida -Tratamento de 3º linha: implante de prótese peniana -Eliminação dos fatores de risco: evitar o uso de fumo, álcool e drogas; tratar a hipertensão arterial, o diabetes e as taxas elevadas de colesterol; substituir medicamentos que prejudiquem a ereção por outros sem tais efeitos colaterais; promover o controle do peso e a prática de exercícios físicos em obesos e sedentários; evitar condições de estresse etc. -Aconselhamento e/ou psicoterapia: os resultados positivos da psicoterapia quanto à melhora da ereção, nos casos da DE de origem psicogênica, somam 75% dos casos em 6 meses e, ao longo de 3 anos, chegam a 96%. A média é de 16 sessões, na maioria dos casos. Os pacientes que fazem terapia de casal evoluem + rapidamente. -Medicamentos de uso oral: o tratamento da DE c/ droga por via oral, eficaz e sem efeitos colaterais, é o ideal tanto p/ o médico quanto p/ o paciente. Os inibidores da PDE-5 (IPDE-5), como o citrato de sildenafila (Viagra®), a tadalafila (Cialis®), a vardenafila (Levitra®) e o carbonato de lodenafila (Helleva®), estão bem estabelecidos no tratamento medicamentoso da DE, na forma diária ou sob demanda. O 1º é preferido pela maioria dos pacientes. É necessária uma avaliação criteriosa do paciente, p/ estabelecer indicação precisa de seu uso. Em média, as medicações pela via oral sob demanda devem ser utilizadas 1 hora antes da relação sexual.Os efeitos colaterais costumam ser transitórios e de leve intensidade. Os + frequentes são cefaleia, rubor facial, epigastralgia e congestão nasal. Dor lombar e mialgia são as + comuns c/ a taladafila -Todos IPDE-5 são contraindicados em: a) Pacientes que sofreram de infarto do miocárdio, AVC ou arritmia c/ risco de vida nos últimos 6 meses; b) Pacientes c/ hipotensão de repouso (PA < 90x50 mmHg) ou hipertensão (PA > 170x100 mmHg) c) Pacientes c/ angina instável, angina c/ relação sexual ou insuficiência cardíaca congestiva classificada como classe IV da New York Heart Association. d) A contraindicação absoluta aos IPDE-5 é representada por doentes que estejam a utilizar qualquer forma de nitrato orgânico (nitroglicerina, mononitrato de isossorbida e dinitrato de isossorbida) -Dispositivos de constrição a vácuo:o estado de ereção é obtido por meio de uma pequena câmara de vácuo, onde é introduzido o pênis. A sucção provocada pelo vácuo causará o intumescimento dos tecidos penianos. A ereção artificialmente provocada é mantida por meio de um anel de borracha colocado na base do pênis, que impede o retorno do sangue através das veias superficiais do órgão. É um método de difícil emprego por pacientes sem muita destreza manual. Há o risco de estrangulamento e dificuldade de retirada do dispositivo devido ao edema. Dispositivos de ereção a vácuo são contraindicados em pacientes com distúrbios hemorrágicos ou em terapia anticoagulante. Podem ser o tratamento de escolha em pacientes + velhos e bem informados, c/ comorbidades e relações sexuais infrequentes, exigindo tratamento não invasivo e livre de drogas paradisfunção erétil. -Administração de medicamentos por meio da uretra: medicação específica, a prostaglandina alprostadil é introduzida na uretra é absorvida pela mucosa uretral, relaxando a musculatura lisa e promovendo a ereção. É contraindicada p/ relação c/ parceiras grávidas, pois pode provocar trabalho de parto. O principal efeito colateral é a dor, mas tem-se a vantagem de ñ utilizar agulhas. -Aplicação de medicamentos no interior do corpo cavernoso: a injeção intracavernosa de determinadas drogas tem sido uma ótima opção de tratamento na falha dos medicamentos orais p/ a DE. Prostaglandina, fentolamina, papaverina e clorpromazina são as principais utilizadas, isoladas ou em associação. A injeção é aplicada pelo próprio paciente, que deve ser bem orientado e treinado pelo médico até o perfeito domínio do método.O principal efeito colateral é a fibrose dos corpos cavernosos, c/ consequente Peyronie; priapismo, dor e hematoma também podem ocorrer. Carolina Ferreira UROLOGIA -Implantação de próteses penianas: procedimento cirúrgico em que são colocadas estruturas cilíndricas de silicone no interior dos corpos cavernosos, de modo a promover a manutenção artificial de um estado de rigidez peniana. A indicação básica da utilização das próteses penianas são as disfunções eréteis de origem orgânica e a pacientes que não se adaptam ou não apresentam resultados satisfatórios com outros métodos menos invasivos de tratamento. Atualmente, as próteses mais utilizadas são de 2 tipos, relacionados a seguir: • Semirrígidas: constituídas por 2 cilindros c/ camadas de silicone que envolvem filamentos de prata ou de aço inoxidável, permitindo rigidez e maleabilidade satisfatórias do pênis. Promovem a rigidez permanente do órgão. • Inflaveis: constituídas por 2 cilindros infláveis conectados a um reservatório de líquido e a uma bomba. O manuseio da bomba promove a insuflação do líquido nos cilindros, provocando a rigidez do pênis. Na prótese inflável de 3 volumes, o líquido fica em um reservatório independente, colocado no abdome. As próteses infláveis, quando não acionadas, permitem que o pênis assuma um aspecto + natural de flacidez. A complicação +temida é a infecção que pode inviabilizar a prótese. Prótese semirrígida Prótese flexível Cirurgia de implante de prótese semirrigida Como diagnosticar corretamente a disfunção erétil? Quais são os tratamentos e as suas contraindicações? P/ diagnosticar a disfunção erétil é necessário saber a definição que é a incapacidade persistente em obter e/ou manter ereção adequada p/ a atividade sexual satisfatória. P/ o tratamento, um importante fator é a mudança de estilo de vida e do controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, além da obesidade, sedentarismo e tabagismo.Como tratamento medicamentoso existem os inibidores da PDE-5 como principal medicação, tendo importante contraindicação absoluta pacientes em uso de nitratos. Além dessa, também podemos citar: a) Pacientes que sofreram de infarto do miocárdio, AVC ou arritmia c/ risco de vida nos últimos 6 meses; b) Pacientes c/hipotensão de repouso (PA < 90 x 50 mmHg) ou hipertensão (PA> 170 x 100 mmHg); c) Pacientes c/ angina instável, angina com relação sexual ou ICC classificada como classe IV da New York Heart Association. Caso ñ seja eficaz o tratamento medicamentoso, podemos lançar mão do tratamento cirúrgico, que são os implantes de próteses penianas.
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