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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 @emilly.lorenaa APG 31 Última, amém!!! – Dia dos namorados 1) REVER A MORFOFISIOLOGIA DA PRÓSTATA A próstata tem o formato de cone arredondado invertido com base maior, que é contínua acima com o colo da bexiga e apresenta um ápice estreito que se situa abaixo, no assoalho da pelve. Encontra-se inferiormente à bexiga urinária e circunda a parte prostática da uretra. Mede aproximadamente 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 de profundidade. A sustentação da próstata é feita pelos músculos levantadores do ânus. A próstata possui uma região glandular que corresponde a 2/3 do seu tamanho e uma região não glandular. Ela pode ser dividida: Istmo da próstata (zona muscular anterior): Porção fibromuscular localizada anteriormente à uretra. Zona periférica: Possui formato de xícara e inclui a zona transicional central e a parte pré-prostática da uretra, exceto anteriormente, onde o espaço é preenchido pelo estroma fibromuscular. Principal local de carcinomas. Zona da transição: Se localiza circundando a porção distal da parte pré-prostática da uretra, bem próximo do ápice da zona central e dos ductos ejaculatórios. Seus ductos entram na parte prostática da uretra, logo abaixo do esfíncter pré-prostático e acima dos ductos da zona periférica. Zona central: Circunda os ductos ejaculatórios, posteriormente à parte pré-prostática da uretra, e com formato cônico, com seu ápice no colículo seminal. Raramente envolvida em doenças. A próstata secreta um líquido leitoso e ligeiramente ácido (pH de aproximadamente 6,5) que contém diversas substâncias: O ácido cítrico do líquido prostático é usado pelos espermatozoides para a produção de ATP por meio do ciclo de Krebs. Várias enzimas proteolíticas, como o antígeno prostático específico (PSA), pepsinogênios, lisozima, amilase e hialuronidase, que por fim quebram as proteínas de coagulação das glândulas seminais. A função da fosfatase ácida secretada pela próstata é desconhecida. A plasmina seminal do líquido prostático é um antibiótico que pode destruir as bactérias. A plasmina seminal pode ajudar a diminuir a quantidade de bactérias que ocorrem naturalmente no sêmen e no sistema genital inferior da mulher. As secreções da próstata entram na parte prostática da uretra por meio de diversos canais prostáticos. As secreções prostáticas constituem aproximadamente 25% do volume do sêmen e contribuem para a motilidade e viabilidade dos espermatozoides. 2) COMPARAR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA E DO CÂNCER DE PRÓSTATA HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB) A HPB é ima condição observada em homens, cuja próstata apresenta aumento de volume, no entanto não canceroso. A HPB também é denominada hipertrofia prostática benigna ou obstrução prostática benigna. Ao longo da vida do homem, a próstata passa por 2 períodos de crescimento: O primeiro ocorre no início da puberdade, quando seu tamanho duplica. A segunda fase do crescimento tem início aos 25 anos e continua pelo resto da vida. Durante a segunda fase de crescimento, à medida que a próstata aumenta de volume, a glândula afeta a uretra, obstruindo o fluxo de urina. A HPB é uma das doenças mais comuns dos homens de idade avançada. Segundo relatos, mais de 75% dos homens com mais de 80 anos de idade apresentam HPB. O desenvolvimento do quadro é incomum em homens com menos de 40 anos de idade. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 @emilly.lorenaa FISIOPATOLOGIA A HPB é caracterizada pela formação de lesões grandes e discretas na região periuretral da próstata, e não nas zonas periféricas, comumente afetadas pelo câncer de próstata. A causa da HPB não está clara, mas fatores de risco impõem aos homens de desenvolver a afecção: 40 anos de idade ou mais; HF de HPB; Condições clínicas como obesidade, doença cardiovascular e diabetes tipo 2; falta de exercícios físicos; Disfunção erétil. Os homens sintetizam testosterona, e pequenas quantidades de estrogênio. À medida que envelhecem, a quantidade de testosterona ativa no sangue diminui, resultando em uma proporção maior de estrogênio. Estudos sugeriram que a HPB é resultado dessa maior proporção de estrogênio, a qual promove o crescimento prostático. Outra teoria a respeito da HPB tem por foco a di- hidrotestosterona (DHT), um hormônio masculino envolvido no desenvolvimento e no crescimento da próstata. Pesquisas sobre a DHT sugerem que, mesmo com o declínio nos níveis séricos de testosterona associados ao envelhecimento, os homens continuam a produzir e acumular níveis altos de DHT na próstata; e esse acúmulo de DHT pode ser responsável pelo crescimento contínuo do órgão. A localização anatômica da próstata, no colo vesical, contribui para a fisiopatologia e a sintomatologia da HPB. Existem dois componentes prostáticos nas propriedades obstrutivas da HPB e no desenvolvimento dos sintomas do trato urinário inferior: ESTÁTICO: está relacionado a um aumento do tamanho da próstata e ocasiona sintomas como jato urinário fraco, gotejamento pós-micção, alterações na frequência da micção e noctúria. DINÂMICO: está relacionado ao tônus do músculo liso prostático. Os receptores alfa1-adrenérgicos são os principais receptores do componente muscular liso da próstata. O reconhecimento do papel desses receptores sobre a função neuromuscular na próstata constitui a base para o uso de bloqueadores de receptores alfa1- adrenérgicos no tratamento da HPB MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas de HPB originam-se mais usualmente do bloqueio uretral ou do esforço vesical decorrente das tentativas de eliminar urina através do bloqueio. O tamanho da próstata nem sempre determina o grau de bloqueio ou os sintomas. Alguns homens com próstatas muito aumentadas apresentam pouco bloqueio ou poucos sintomas, enquanto outros homens com próstatas minimamente aumentadas apresentam um bloqueio maior e mais sintomas. Os sintomas do trato urinário inferior sugestivos de HPB podem incluir: Alterações na frequência da micção (ocorrendo 8 ou mais vezes/dia); Urgência na micção (incapacidade de adiar a micção; problemas para iniciar a micção; jato de urina fraco ou com interrupções); Gotejamento ao final da micção; Noctúria (micção frequente durante os períodos de sono); Retenção urinária; Incontinência urinária (escape acidental de urina); Dor após a ejaculação ou durante a micção; Urina com cor ou odor anormal. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico é baseado na presença de sintomas de trato urinário inferior e exame digital da próstata (que pode ou não estar aumentada), porém a gravidade dos sintomas não está correlacionada ao tamanho da próstata. Na história clínica deve-se também questionar sobre: história de infecção urinária recorrente, disfunção sexual, hematúria, doenças neurológicas, antecedentes cirúrgicos, cálculo vesical e história familiar de câncer de próstata. A American Urological Association (AUA) desenvolveu um questionário autoaplicável, que permite identificação da necessidade e monitorização da resposta ao tratamento, sendo recomendado para todos os pacientes que apresentarem clínica. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 @emilly.lorenaa Uma pontuação máxima de 35 indica sintomas graves. Pontuações totais inferiores a 7 são consideradas leves; aquelas entre 8 e 20 são moderadas; e as pontuaçõessuperiores a 20 são graves. Uma questão final diz respeito à qualidade de vida em função dos problemas urinários. Exame digital da próstata (EDP)/Toque Retal: realizado em homens com suspeita de HPB para avaliar o tamanho da próstata e a presença de sinais de neoplasia (nódulo, endurecimento ou assimetria) = analisar a superfície externa. A próstata é percebida como uma saliência no assoalho do reto. Estima-se o peso prostático através da palpação, sendo que uma calota palpável com 3 cm equivale a uma próstata de aproximadamente 30 g. Também, nesse momento, avalia-se a contração e a sensibilidade do esfíncter anal, o reflexo bulbo- cavernoso, e a parede retal. Próstata homogênea, sem nódulos ou áreas endurecidas não exclui a possibilidade de HPB ou neoplasia. Alguns exames complementares auxiliam na avaliação inicial a fim de excluir diagnósticos diferenciais: Exame Qualitativo de Urina (EQU): realizado para excluir infecção e hematúria. PSA total sérico: algumas instituições indicam quando a pessoa apresenta expectativa de vida superior a 10 anos ou quando o diagnóstico do câncer pode alterar o manejo dos sintomas. Deve-se conversar com o paciente sobre potenciais benefícios e riscos na realização do exame, como resultados falsos positivos e/ou complicações consequentes à possibilidade de biópsia após resultado do PSA. Função renal (Creatinina/Taxa de filtração glomerular): recomendada para pacientes com história clínica sugestiva de doença renal, retenção urinária, hidronefrose, e/ou candidatos a tratamento cirúrgico. Ecografia das Vias Urinárias: não é obrigatória na avaliação inicial. Recomendada em paciente com função renal reduzida ou infecção urinária. Mostra o tamanho da próstata, lesão em trato urinário superior (hidronefrose) ou lesão em trato urinário inferior (protrusão prostática intravesical (lobo mediano) e espessamento da parede vesical (trabeculação vesical). TRATAMENTO A decisão sobre o tratamento deve ser individualizada e compartilhada com o paciente. As principais opções de manejo são: EXPECTANTE (CONSERVADOR): pode ser utilizada em pacientes com sintomas leves ou moderados e sem complicações. Quando se opta por esta conduta, deve-se ter em mente que os sintomas progridem com o tempo na maioria dos pacientes. Algumas medidas comportamentais podem ajudar a reduzir os sintomas: redução da ingesta de líquidos à noite, exercícios para treinamento vesical como dupla micção para esvaziar a bexiga mais efetivamente, redução do uso de álcool, café e cigarros (efeito diurético e irritativo vesical). MEDICAMENTOSO: indica-se o uso de medicamentos quando a pessoa apresenta sintomas leves que causam prejuízo à qualidade de vida e pessoas com sintomas moderados a graves (I-PSS > 8). Os medicamentos da classe alfa-bloqueadores causam benefício imediato dos sintomas, enquanto os inibidores da 5-alfa-redutase requerem um tratamento em longo prazo. Os α-Bloqueadores causam relaxamento da musculatura lisa do colo vesical, uretra prostática e cápsula prostática. Provoca alívio dos sintomas de forma mais rápida que os inibidores da 5-α-redutase. A classe de medicamentos dos inibidores da 5-alfa-redutase (finasterida, dutasterida) é utilizada para o tratamento da HPB. A enzima 5-alfa-redutase está envolvida na transformação metabólica de diversos esteroides endógenos, e os inibidores dessa redutase impedem a conversão da testosterona em DHT, que é mais potente. Estudos mostram que seu uso por mais de 12 meses melhora sintomas e reduz o risco de retenção urinária aguda e cirurgia. TRATAMENTO CIRÚRGICO: As principais indicações de tratamento cirúrgico são retenção urinária refratária ao APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 @emilly.lorenaa tratamento ou recorrente, hematúria recorrente, insuficiência renal e cálculo vesical. CÂNCER DE PRÓSTATA O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Em ambos os sexos, em valores absolutos é considerado o segundo tipo de câncer mais comum, atrás do CA de pulmão. A taxa de incidência é maior em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento. É considerado um câncer da terceira idade, já que em cerca de 75% ocorrem em pacientes com mais de 65 anos. O aumento das taxas de incidência no Brasil pode ser justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento da expectativa de vida. No mundo, também é o segundo tipo de câncer mais comum, sendo estimado que 1 em cada 9 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida. Já é registrado cerca de 1,2 milhão de casos e 358 mil mortes anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos vários fatores de risco, os mais importantes são: Idade: Observa-se uma relação clara entre o aumento da idade e o aumento da incidência de câncer de próstata. Raramente o diagnóstico é feito antes dos 40 anos, mas a incidência aumenta rapidamente a partir dessa idade, atingindo pico entre 65 e 74 anos. Etnia: O câncer de próstata é mais comum em homens negros do que em brancos ou hispânicos, talvez relacionado a fatores genéticos combinado a fatores alimentares. Fatores genéticos: Homens com histórico familiar de câncer de próstata em ambos lados da família, particularmente aquele com um parente de primeiro grau diagnosticado com idade < 65 anos possuem um risco maior. Além disso, apresentar história familiar de outros tipos de câncer potencialmente herdados (como câncer de mama com diagnóstico em < 50 anos, câncer de mama masculino, câncer colorretal, de ovário, pâncreas e melanoma) também podem aumentar o risco de câncer de próstata. Dieta: Uma dieta rica em gordura animal pode ser um importante fator no desenvolvimento de câncer de próstata, em particular o ácido alfa-linolênico e baixas quantidades de ácido linoleico. Além disso, uma dieta pobre em legumes e tomate pode ser outro fator de risco. Já em relação ao café parece estar associado a um risco reduzido de câncer de próstata letal/metastático, principalmente naqueles que bebem seis ou mais xícaras por dia. FISIOPATOLOGIA A causa exata de câncer de próstata não está clara. Assim como outros tipos de câncer, aparentemente o desenvolvimento do câncer de próstata é um processo que ocorre em diversas etapas, com envolvimento de genes que controlam a diferenciação e o crescimento celular. Além dos fatores de risco já citados, os níveis dos hormônios masculinos também desempenham um papel. As evidências que favorecem uma influência hormonal incluem a presença de receptores esteroides na próstata, a necessidade de hormônios sexuais para o crescimento e o desenvolvimento prostáticos normais, e o fato de o câncer de próstata quase nunca se desenvolver em homens castrados. A resposta do câncer de próstata à administração de estrogênio ou à privação de androgênio sustenta ainda mais a existência de uma correlação entre a doença e os níveis de testosterona. Faltam evidências suficientes para indicar a existência de uma relação entre condição socioeconômica, agentes infecciosos, tabagismo, vasectomia, comportamento sexual ou HPB e a patogênese do câncer de próstata. A alta frequência de invasão da cápsula prostática pelo adenocarcinoma (responsáveis por 98% de todos os cânceres de próstata primários) está relacionada à sua localização subcapsular. A invasão da bexiga é menos frequente e ocorre em um momento posterior na evolução clínica. A metástase pulmonar reflete a disseminação linfática pelo ducto torácico e a disseminação a partir do plexo venoso prostático até a veia cava inferior. Asmetástases ósseas, em particular na coluna vertebral, nas costelas e na pelve, produzem uma dor que usualmente se manifesta como o primeiro sinal da doença. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos homens com câncer de próstata em estágio inicial é assintomática. A presença de sintomas costuma sugerir doença localmente avançada ou metastática. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 @emilly.lorenaa Dependendo do tamanho e da localização do câncer de próstata no momento do diagnóstico, pode haver alterações associadas ao padrão de micção semelhantes àquelas observadas na HPB. Estas incluem urgência na micção, alterações na frequência da micção, noctúria, hesitação, disúria, hematúria ou presença de sangue no ejaculado. Ao exame de toque retal: A maioria dos cânceres de próstata estão localizados na zona periférica e pode ser detectado por meio do exame de toque com um volume ≥ 0,2 ml, podendo-se perceber a presença de nódulos, endurecimentos e assimetrias. A metástase óssea frequentemente é caracterizada por dor na parte inferior das costas, podendo haver fraturas patológicas no sítio de metástases. Os homens com doença metastática podem apresentar perda de peso, anemia ou falta de ar. O exame de PSA é um maior preditor de câncer que o exame de toque. Quando o paciente apresentar um PSA elevado deve-se repetir o teste em algumas semanas. Se o PSA repetido estiver dentro dos valores normais esperados para a idade e não for aumentado mais de 0,75 ng/ml em comparação com o valor do ano anterior, nenhuma avaliação adicional será necessária naquele momento, a menos que haja um nódulo palpável, endurecido e assimétrico no exame de toque. A American Cancer Society e a American Urological Association recomendam que homens com 50 anos de idade ou mais devem realizar anualmente a determinação do PSA e o exame de toque retal para detecção precoce do câncer de próstata. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de câncer de próstata definitivo requer um diagnóstico tecidual. Para partir para a biópsia, os resultados dos testes de PSA e/ou de toque retal devem estar alterados. Deve-se realizar a biópsia, após uma decisão compartilhada, se: Expectativa de vida é de, pelo menos, 10 anos (alguns atribuem uma expectativa de vida para biópsia de, pelo menos, 5 anos); O PSA está elevado acima da faixa normal da faixa etária do paciente ou o PSA aumentou mais de 0,75 ng/ ml ao longo de um ano ou anormalidade palpável em exame de toque. Para o diagnóstico utiliza-se a biópsia transretal da próstata guiada por ultrassonografia, que permite a obtenção de, pelo menos, 12 fragmentos submetidos a exame anatomopatológico. A partir desse exame será determinado o grau histológico, o qual será importante na especificação do Escore de Gleason, estadiamento e prognóstico do câncer. O exame radiológico dos ossos do crânio, das costelas, da coluna e da pelve pode ser utilizado para revelar metástases, embora os exames de cintigrafia óssea sejam mais sensíveis. TRATAMENTO A escolha do tratamento para um paciente depende de uma decisão informada desse, incorporando conhecimento sobre risco e benefícios potenciais associados a cada abordagem, além de preferências pessoais. As opções básicas relacionadas ao tratamento de adenocarcinoma, o tipo mais comum, corresponde a vigilância ativa, radioterapia por feixe externo (EBRT) com ou sem braquiterapia, prostatectomia radical e terapias hormonais adjuvantes. 3) RELEMBRAR O MECANISMO FISIOLÓGICO DA EREÇÃO APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 @emilly.lorenaa Após a estimulação sexual (visual, tátil, auditiva, olfatória ou imaginada), fibras parassimpáticas da porção sacral da medula espinal iniciam e mantêm uma ereção, o alargamento e o enrijecimento do pênis. As fibras parassimpáticas produzem e liberam óxido nítrico (NO). O NO faz com que o músculo liso das paredes das arteríolas que irrigam o tecido erétil relaxe, o que possibilita que estes vasos sanguíneos se dilatem. Isso, por sua vez, faz com que grandes volumes de sangue entrem no tecido erétil do pênis. O NO também faz com que o músculo liso do tecido erétil relaxe, resultando em dilatação dos seios sanguíneos. A combinação de fluxo sanguíneo aumentado e dilatação dos seios sanguíneos resulta em uma ereção. A expansão dos seios sanguíneos também comprime as veias que drenam o pênis, a desaceleração do fluxo de saída do sangue ajuda a manter a ereção. 4) COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO ERÉTIL A disfunção erétil (DE) é definida como a incapacidade persistente de alcançar e manter uma ereção suficiente para possibilitar uma relação sexual satisfatória. Trata-se de uma condição bastante prevalente na população masculina com ênfase maior naqueles que possuem mais idade. Em um estudo realizado nos EUA, com homens entre 40 e 70 anos, observou-se a prevalência de 52% para disfunção erétil. No Brasil, um estudo na mesma faixa etária encontrou prevalência de 48,8%. Ao se desmembrar esse grupo: 26% apresentou doença mínima; 18,3% moderada; e 3,9% completa. Entretanto, esse é um número subestimado, pois existem pessoas que ainda relutam em buscar tratamento devido a estigmas sociais, ignorância quanto a efetividade do tratamento e dificuldade para aceitar o fato de que é um distúrbio próprio do envelhecimento. FISIOPATOLOGIA No passado, acreditava-se que a DE fosse unicamente uma condição psicológica, com frequência sendo relacionada à saúde mental. Atualmente, sabe-se que a DE apresenta uma etiologia física na maior parte dos homens, que em geral envolve o fluxo sanguíneo peniano. CAUSAS PSICOGÊNICAS: Incluem ansiedade com o desempenho, problemas na relação com a parceira sexual, depressão e transtornos psicóticos manifestos. Os fatores psicogênicos podem ser ainda mais exacerbados pelos efeitos colaterais de muitas das terapias utilizadas para o tratamento desses distúrbios, as quais por si próprias podem causar DE. CAUSAS ORGÂNICAS: Abrangem uma ampla gama de processos patológicos que incluem etiologias neurogênicas, hormonais, vasculares, induzidas por medicamentos ou drogas, e relacionadas ao pênis. VASCULAR: A causa mais comum de DE, especialmente em idosos, é de natureza vascular e envolve as artérias penianas, as veias penianas ou ambas. As questões arteriais normalmente são causadas pela arteriosclerose ou pelo enrijecimento das artérias, ainda que algumas vezes ocorram em consequência de traumatismos nas artérias. Dessa forma os fatores de risco ainda incluem: Obesidade; Sedentarismo; Níveis altos de colesterol. HAS; Tabagismo. Outra causa vascular proposta para a afecção é a atrofia parcial ou completa dos músculos lisos do pênis (músculos lisos cavernosos) ou o crescimento excessivo do tecido muscular liso (fibrose). Essa atrofia ou fibrose pode contribuir para o comprometimento da capacidade de manter a ereção. NEUROLÓGICO: As lesões do sistema nervoso central podem estar associadas a quadros de disfunção erétil de etiologia nervosa. São causas acidentes vasculares encefálicos, esclerose múltipla e trauma raquimedular. Lesões metabólicas periféricas como neuropatia diabética e alcóolica podem também serem associadas. Grandes cirurgias pélvicas também podem ser causa de lesão nervosa que prejudica a função sexual. ENDÓCRINO: O principal fator é a presença de diabetes. Nessa população, os sintomas de disfunção tendem a aparecer de 5 a 10 anos antes do que nos homens sem o distúrbio metabólico. Aproximadamente 75%dos diabéticos apresentam problemas para ereção. A qualidade da ereção e o grau de disfunção estão associados a um controle glicêmico insatisfatório, idade, tabagismo e de acordo com a duração da APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 7 @emilly.lorenaa doença diabética. Nestes pacientes a disfunção funciona como sinal de alerta para doença microvascular e neuropatia. Para os hipertensos, o comprometimento da função erétil ocorre não tanto pelo aumento da pressão arterial, mas pelas lesões arteriais correlatas causadas pela pressão alta, as quais diminuem o lúmen dos vasos (condição denominada estenose). DROGAS: Os anti-hipertensivos e diuréticos são os mais comuns da prática clínica que interferem negativamente sobre a função erétil. Porém, associados a eles estão as drogas com ação sobre o SNC, como antidepressivos, anticonvulsivantes. As drogas bloqueadoras de androgênio também possuem efeito deletério. Quando a necessidade anti-hipertensivo é incontestável deve ser optado por antagonistas da angiotensina II e IECAs pois têm menos interferência negativa com a função sexual. O tabagismo pode induzir a vasoconstrição e o extravasamento venoso peniano, devido aos seus efeitos sobre os músculos lisos cavernosos, e também pode duplicar o risco de DE. O consumo de álcool em pequenas quantidades pode aumentar a libido e melhorar a ereção; contudo, em grandes quantidades, pode causar sedação central, diminuição da libido e DE transitória. DIAGNÓSTICO Inicia-se com anamnese detalhada e um exame físico bem feito. O ponto-chave para o diagnóstico é a história clínica. Nesta deve-se questionar a presença dos fatores de risco já citados, principalmente os cardiovasculares e se há diabetes concomitante, ou se há história pregressa de cirurgia pélvica. É importante também avaliar o uso de medicações que interfiram na atividade sexual ou que possam limitar o uso de alguma outra substância para melhorar a função sexual. Durante a conversa é importante avaliar o estado mental e as relações do paciente, desde o âmbito religioso ao profissional. Os exames laboratoriais mínimos para diagnóstico, segundo o II Consenso Brasileiro de Disfunção erétil são: hematológico, glicemia de jejum, testosterona total (livre e calculada ser possível) e perfil lipídico. Exames adicionas como: teste de ereção farmacológica, doppler peniano com teste farmacológico, fármaco- cavernosografia, arteriografia pudenda seletiva e eletroneuromiografia peniana, estão indicado em pacientes com disfunção erétil primária, pacientes jovens com história de trauma pélvico ou perineal que possam se beneficiar de cirurgia para revascularização, correção de deformidades penianas ou aqueles com doenças psiquiátricas complexas. A avaliação psiquiátrica ou por profissionais da saúde mental é de grande valia para auxiliar no diagnóstico e tratamento. Uma vez que a disfunção possui um caráter psicogênico associado. TRATAMENTO A modalidade de tratamento selecionada depende de diversos fatores, como gravidade da DE, causa de base e escolha do paciente e da parceira. Em termos de farmacoterapia, a maior parte das pessoas com DE responderá às intervenções farmacológicas orais: Primeira linha: inibidores da fosfodiesterase (PDE5) VO e/ou psicoterapia. Inibem seletivamente a PDE5 e aumentam a quantidade de cGMP disponível para o relaxamento dos músculos lisos, induzindo vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo corporal e ereção. Exemplos: Sildenafila, Tadalafila e Vardenafila. O uso concomitante de inibidores da PDE5 e de nitratos (utilizados na cardiopatia isquêmica) é contraindicado devido ao risco de hipotensão profunda. Segunda linha: autoinjeção intracavernosa (IIC): O tratamento com a terapia IIC administrada pelo paciente envolve o uso de medicamentos vasodilatadores, como alprostadil. Esse análogo da prostaglandina E1 relaxa os músculos lisos arteriais e trabeculares e é um tratamento eficaz para a DE. A administração ocorre por meio da injeção direta em um corpo cavernoso (com a difusão para o corpo cavernoso oposto) ou da inserção de um minissupositório na uretra. Terceira linha: implante de prótese peniana = são reservados para os pacientes nos quais a terapia mais conservadora fracassou, e estão associados a altas taxas de satisfação. Raramente ocorre falha do dispositivo e infecção da prótese. REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. JAMESON, J L.; FAUCI, Antônio S.; KASPER, Dennis L.; e outros Medicina interna de Harrison - 2 volumes (20ª ed). Porto Alegre: Grupo A, 2019. MCANINCH, Jack W.; LUE, Tom F. Urologia geral de Smith e Tanagho . Porto Alegre: Grupo A, 2014.
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