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Localizado na África subsaariana, Wakanda possui um povo com rica história, cultura e desenvolvimento, tendo como línguas oficiais o wakandano, iorubá e hauçá. Regi- do sob uma Monarquia Constitucional, o povo de Wakan-da deseja se consolidar como uma nação livre e indepen-dente. Diante do exposto, esclareça o conceito de Estado e discorra e explique sobre quais os requisitos (elemen-tos constitutivos) devem estar presentes para que Wakan-da seja considerada como tal, de acordo com as regras consolidadas (convenções) no Direito Internacional Públi-co. Elucide se o exercício da soberania do Estado estaria condicionado ao reconhecimento internacional. Responda de forma fundamentada (mínimo de duas doutrinas). Resposta: Por Estado entende-se a unidade administrativa de um território, formado pelo conjunto de instituições públicas que representam, organizam e atendem (ao menos em tese) os anseios da população que habita o seu território. Miguel Realle conceitua simplificadamente o Estado como sendo a sociedade juridicamente organizada, cuja função é satisfazer não apenas as aspirações individuais, como também as coletivas, visando, com isso, a realização do bem comum mediante a integração dos elementos individuais inseridos no todo social. Valério de Oliveira Mazzuoli se aprofunda mais ao abordar o conceito de Estado, trazendo a ideia de que se trata de “um ente jurídico, dotado de personalidade internacional, formado de uma reunião (comunidade) de indivíduos estabelecidos de maneira permanente num território determinado, sob a autoridade de um governo independente e com a finalidade precípua de zelar pelo bem comum daqueles que o habitam”. Pode-se dizer assim, que o Estado se refere a qualquer país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado, bem como designa o conjunto das instituições que controlam e administram uma nação. Para exemplificar o termo, temos o Brasil, que tem seu regime de Estado especificado no art. 1, CF como Estado Democrático de Direito sendo regido pelos seguintes fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político. A Convenção Pan-Americana sobre Direitos e Deveres dos Estados (Montevidéu, 1933) considera que o Estado é pessoa internacional que, para ser considerado Estado no âmbito do Direito Internacional Público se faz necessário a existência de quatro elementos constitutivos, quais sejam: ➢ povoação permanente (conjunto de indivíduos unidos por laços comuns); ➢ território determinado (base física ou o âmbito espacial do Estado, onde ele se impõe para exercer, com exclusividade, a sua soberania); ➢ governo autônomo e independente (é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação); ➢ a capacidade para entrar e manter relações com os demais Estados. Dito isso, Wakanda é um Estado de fato, pois se organiza como tal, tem seu povo definido pela convivência harmônica de seus habitantes, que vivem sob a forma de um governo com a figura de um rei, sendo uma comunidade moldada por uma origem comum, uma cultura, uma história e uma ideologia comuns, constituída por pessoas de mesma ascendência que se desenvolveram no decorrer do tempo. A comunidade de Wakanda habita permanentemente o território firmado na Africa Subsaariana, contando com uma estabilidade territorial com delimitação do local onde se reúnem, satisfazendo o requisito do território determinado. Há ainda a satisfação do requisito de governo autônomo, concretizado pela Monarquia Constitucional que comanda Wakanda, se tratando de uma forma de governo na qual o rei é o ‘Chefe de Estado’ de forma hereditária ou eletiva, com seus poderes limitados pela constituição local. Ser uma nação independente é ser uma nação governada de acordo com o que foi definido pelo povo a partir de suas tradições ou convicções sem que o governo de qualquer outro país possa interferir. Há que se mencionar o fenômeno de reconhecimento de um Estado Soberano, que se trata de um ato unilateral pelo qual um Estado declara ter tomado conhecimento da existência de outro, como membro da comunidade internacional. Conforme leciona Seitenfus: “O reconhecimento é o ato unilateral através do qual um sujeito de direito internacional, sobretudo Estado, constando a existência de um fato novo (Estado, Governo, situação ou tratado), cujo evento de criação não teve sua participação, declara, ou admite implicitamente, que o considera como sendo um elemento com quem manterá relações no plano jurídico. Trata- se, portanto, de um ato afirmativo que introduz o fato novo nas relações jurídicas entre os sujeitos de DIP”. Pela teoria declaratória, Wakanda tem sua soberania caracterizada pelo seu poder político e de decisão dentro de seu território, em especial no que se refere à defesa de seus interesses. Assim, por ser, o nascimento do Estado, um fato, o reconhecimento não passa de um simples ato de constatação, portanto, independentemente de reconhecimento internacional, há soberania. Entretanto, há a teoria “atributiva” ou “constitutiva”, onde reconhecimento pelos demais Estados internacionais é um elemento constitutivo da formação do novo Estado. Ou seja, sem o reconhecimento internacional, a formação do Estado permaneceria incompleta. Assim, com base nessa teoria, o não reconhecimento de Wakanda como um Estado, é justamente dizer, ainda que implicitamente, que o surgimento deste novo Estado está em desacordo com as normas do direito internacional. Dito isso, este Estado não estaria apto a manter relações com os outros entes internacionais. James Crawford entende que a teoria constitutiva é meramente uma construção teórica, visto que jamais foi codificada em tratados nem é reconhecida de maneira ampla no Direito Internacional. Da mesma forma, a maioria das autoridades modernas rejeitam a teoria constitutiva, citando, entre outras razões, o fato de que ela leva a subjetividade na noção de Estado. Outro problema é que o reconhecimento, mesmo quando majoritário, não é obrigatório para terceiros Estados no Direito Internacional Público. https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_Internacional Para os fins do Direito Internacional o reconhecimento do Estado é um 'ato livre pelo qual um ou mais Estados reconhecem a existência, em um território determinado, de uma sociedade humana politicamente organizada, independentemente de qualquer outro Estado existente e capaz de observar as prescrições do Direito Em suma, há um complexo não pacificado a respeito das teorias de reconhecimento internacional e soberania estatal, onde de um lado entende-se que o Estado é uma pessoa de direito internacional público se, e somente se, é reconhecida como soberana por outros Estados, enquanto de outro lado a condição de Estado Soberano é reconhecida em seus próprios termos pela presença de diversas características que uma região possui de facto. Vale dizer assim, que Wakanda possui os elementos constitutivos para a formação de seu Estado, ficando à mercê de reconhecimento de outros Estados para que inicie suas participações em possíveis relações políticas e econômicas com outros Estados e organismos internacionais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_internacional_p%C3%BAblico
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