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Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) Autor: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira 07 de Janeiro de 2022 29663017244 - Lucas Rangel Bezerra 1 Sumário MOTIVAÇÃO DA AULA ..................................................................................................................... 3 1. CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................................. 4 2. AMOSTRAGEM EM AUDITORIA .................................................................................................... 9 Amostragem segundo a NBC T 11.11 ................................................................................... 28 Considerações Gerais ................................................................................................................. 28 Planejamento da Amostra ............................................................................................................ 30 Risco de Amostragem ................................................................................................................. 32 Erro tolerável / erro esperado ....................................................................................................... 34 Seleção da Amostra .................................................................................................................... 35 3. PERÍCIA CONTÁBIL .................................................................................................................... 37 NBC TP 01 ................................................................................................................................ 37 Conceitos Iniciais ........................................................................................................................ 37 Planejamento ............................................................................................................................. 38 Termos e Atas – Termo de Diligência ............................................................................................ 39 Execução - Procedimentos ........................................................................................................... 40 Laudo Pericial Contábil e Parecer Pericial Contábil .......................................................................... 43 NBC PP 01 ................................................................................................................................ 45 4. CONTROLE DE QUALIDADE ....................................................................................................... 51 4.1 Revisão Externa de Qualidade pelos Pares .................................................................... 60 5. LISTA DE QUESTÕES .................................................................................................................. 66 Amostragem ............................................................................................................................. 66 Controle de Qualidade............................................................................................................ 85 Perícia Contábil ........................................................................................................................ 90 6. GABARITO ................................................................................................................................. 93 7. QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS ................................................................................ 94 Amostragem ............................................................................................................................. 94 Controle de Qualidade.......................................................................................................... 137 Perícia Contábil ...................................................................................................................... 153 Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 2 8. RESPOSTAS DAS QUESTÕES SUBJETIVAS ................................................................................ 159 9. RESUMO EM MAPAS E ESQUEMAS .......................................................................................... 163 10. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 171 Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 3 MOTIVAÇÃO DA AULA Vamos pensar um pouco no tema da aula de hoje? Tente responder as perguntas a seguir. 1) O que é amostragem em auditoria? 2) A amostragem deve ser necessariamente estatística? 3) O que é estratificação? 4) O que o auditor deve considerar ao definir uma amostra de auditoria? 5) O tamanho da amostra deve ser levado em consideração ao se decidir entre a abordagem estatística ou não estatística? 6) O tamanho da amostra é afetado pelo risco de amostragem? 7) Quais os principais métodos para seleção de itens para a amostra? Em que consiste cada um? 8) Quais fatores têm relação direta com o tamanho da amostra? 9) Quais fatores têm relação inversa com o tamanho da amostra? 10) A quantidade de unidades de amostragem afeta o tamanho da amostra? 11) Qual o objetivo do controle de qualidade da FIRMA de auditoria? 12) Qual o objetivo do controle de qualidade da AUDITORIA? 13) Em que consiste a revisão do Controle de Qualidade da Auditoria? 14) Quem é o encarregado pela revisão do Controle de Qualidade? 15) Quem é o encarregado pela revisão do Controle de Qualidade? 16) Qual o objetivo da Perícia Contábil? Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, não se preocupe. Fique atento que esses temas serão abordados ao longo da aula de hoje! Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 4 1. CONTEXTUALIZAÇÃO Segundo a NBC TA 530, “amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100% dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população”. O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável para que possa concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada. Ressaltamos que a amostragem é apenas um dos métodos que os auditores utilizam para obter evidências sobre afirmações. O auditor, ao efetuar a seleção de itens para obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente, dispõe dos seguintes meios: (a) seleção de todos os itens (exame de 100% - também chamada de procedimento censitário); (b) seleção de itens específicos; e (c) amostragem de auditoria. A aplicação de qualquer um desses meios ou uma combinação deles pode ser apropriada dependendo das circunstâncias específicas, por exemplo, os riscos de distorção relevante relacionados à afirmação que está sendo testada, e a praticidade e eficiência dos diferentes meios. Grosso modo, a amostragem em auditoria é recomendável quando os itens da população de interesse possuem características homogêneas, bem como quando não é possível efetuar um procedimento censitário (seleção de todos os itens). A escolha do método de seleção é uma questão de julgamento profissional do auditor, feitacom base na avaliação de risco, na materialidade, na eficiência e no custo da auditoria. No entanto, o método escolhido deve ser eficaz no cumprimento do objetivo do procedimento de auditoria e, em última análise, na coleta de evidências que darão suporte à conclusão do auditor. O quadro a seguir sintetiza as circunstâncias em que cada método é apropriado, podendo haver aplicação combinada deles. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 5 MÉTODOS DE SELEÇÃO E CIRCUNSTÂNCIAS APROPRIADAS PARA SUA UTILIZAÇÃO MÉTODO APROPRIADO QUANDO/PARA: Seleção de todos os itens • A população constituída por uma pequena quantidade de itens de valor alto. • Existe um risco significativo e outros meios não fornecem evidência de auditoria suficiente e apropriada. • Podem ser usadas TAAC (técnicas de auditoria assistidas por computador) em uma população maior para testar eletronicamente um cálculo repetitivo ou outro processo. Seleção de itens específicos • Itens-chave ou de valor alto que individualmente poderiam resultar em distorção relevante. • Todos os itens acima de um valor especificado. • Quaisquer itens ou divulgações de demonstrações financeiras não usuais ou sensíveis. • Quaisquer itens altamente suscetíveis à distorção. • Itens que fornecerão informações sobre assuntos/áreas, tais como a natureza da entidade, a natureza das transações e o controle interno. • Itens para testar a operação de certas atividades de controle. Amostragem • Chegar a uma conclusão sobre todo um conjunto de dados (população) por meio da seleção e do exame de uma amostra representativa de itens da população – principalmente quando tais itens possuem características homogêneas. Fonte: adaptado de IFAC (2010). O quadro a seguir ilustra alguns enfoques alternativos (amostragem, procedimentos analíticos, uso de software, etc.) à coleta de evidências sobre afirmações em demonstrações financeiras e exemplos de tipos específicos de evidência que podem ser obtidas de acordo com cada tipo de afirmação (existência, integridade, direitos, etc.). A informação a seguir, como dito, é meramente ilustrativa e geralmente não cobrada em provas. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 6 ENFOQUES ALTERNATIVOS À OBTENÇÃO DE EVIDÊNCIA DE AUDITORIA SOBRE AFIRMAÇÕES AFIRMAÇÃO ENFOQUES PARA OBTENÇÃO DE EVIDÊNCIA Existência • Amostragem: tomar uma amostra e examinar a evidência subjacente ou enviar pedidos de confirmação. • Procedimentos analíticos: comparação com expectativas do auditor baseadas em dados do ano anterior ou outros indicativos econômicos. • Análise: revisão de 100% das transações ou de dados em um sistema computadorizado para determinar se a classificação é apropriada. • Software de auditoria: ordenar o arquivo para identificar os itens maiores, os menores, os mais frequentes; também é útil para identificar transações incomuns. • Rever blocos de transações para verificar se a classificação é apropriada, por exemplo, fazendo testes de corte no final do ano. Integridade • Amostragem: selecionar uma amostra em busca de passivos contabilizados de forma incompleta. • Procedimentos analíticos: comparação com expectativas do auditor baseadas em dados do ano anterior ou outros indicativos econômicos. • Rever blocos de transações para verificar se a classificação é apropriada, por exemplo, fazendo testes de corte no final do ano. Direitos • Amostragem: geralmente em conjunto com testes de existência, mediante o exame de documentos originais. • Procedimentos analíticos: buscar relações incomuns (saldo de caixa superior ou inferior ao esperado ou anomalias semelhantes nos dados básicos). Avaliação • Amostragem: selecionar itens e associá-los a documentos originais (por ex., contratos de compra ou faturas). • Procedimentos analíticos: exame de modelos utilizados para predizer valores estimados, tais como provisões para devedores duvidosos e comparação de estimativas de modelos às expectativas do auditor. • Software de auditoria: totalizar o arquivo e testar cálculos. • Procedimentos analíticos: identificar anomalias nos dados básicos. Apresentação e Divulgação • Amostragem: verificar estimativas ou outros itens para determinar se a divulgação é apropriada. • Revisão de 100%, tal como a leitura das notas explicativas de demonstrações financeiras. Fonte: Gramling, Rittenberg e Johnstone (2012). A escolha do método de obtenção de evidência depende da natureza das transações e das afirmações específicas que estão sendo testadas. Embora seja importante entender as técnicas de amostragem, é igualmente importante saber que há poucas contas para as quais a conclusão do Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 7 auditor sobre seus saldos será baseada exclusivamente em dados de amostragem (Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012). Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar a finalidade do procedimento de auditoria e as características da população da qual será retirada a amostra. Como os objetivos, por exemplo, dos testes de controles e dos procedimentos substantivos são distintos, diferentes abordagens podem ser utilizadas. A amostragem em auditoria pode ser estatística (o que pressupõe seleção aleatória e uso da teoria das probabilidades para a avaliação dos resultados) e não estatística. Pela amostragem estatística, os itens da amostra são selecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma probabilidade conhecida e diferente de zero de ser selecionada. Pela amostragem não estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amostra. Tanto a amostragem estatística quanto a não estatística, quando adequadamente utilizadas, podem fornecer evidência suficiente para as conclusões do auditor. (Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012). Entretanto, somente os resultados de amostras estatísticas podem ser extrapolados para toda a população. Os resultados obtidos em amostragens não estatísticas são válidos apenas para os elementos observados. Essa situação deve ser registrada de forma clara para evitar interpretações enviesadas acerca da população. Destacamos os parágrafos acima na caixa azul para podermos tecer algumas considerações complementares a seu respeito. A afirmação acima, que diz que apenas os resultados da amostragem estatística podem ser extrapolados para toda a população, não se encontra prevista de forma expressa nas Normas Técnicas de Auditoria (especialmente na NBC TA 530). Tal entendimento encontra fundamento em posicionamentos doutrinários, bem como em normas de auditoria governamental. Outro ponto importante para nosso estudo é o fato de que o tamanho da amostra não é um critério válido para distinguir entre as abordagens estatísticas e não estatísticas, pois uma amostra Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 8 estatística não necessariamente implicará numa amostra de tamanho maior do que uma não estatística. Em qualquer amostra inferior a 100% da população, sempre há o risco de uma distorção não ser identificada e de poder exceder o nível tolerável de distorção ou desvio. Isso é denominado risco de amostragem. Em outras palavras, o risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em uma amostra, seja diferentedaquela que seria obtida se toda a população tivesse sido testada. O auditor deve determinar o tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem a um nível mínimo aceitável. A amostragem estatística permite controlar precisamente o risco de fazer uma inferência incorreta a respeito da população da qual a amostra é extraída, enquanto a não estatística não possibilita tal tipo de controle (Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012). Os auditores independentes – profissionais autônomos ou sociedades – precisam implantar e manter procedimentos e regras de supervisão e controle interno de qualidade de modo a garantir a qualidade dos serviços executados. Diversos fatores devem ser considerados no estabelecimento das regras e procedimentos de controle interno de qualidade, especialmente os ligados à estrutura da equipe técnica do auditor, ao porte, ao clima, à organização e à complexidade dos serviços a serem realizados. A supervisão e o controle interno de qualidade são relevantes na garantia da qualidade do serviço prestado, devendo abranger todas as atividades dos auditores, principalmente considerando-se a repercussão que o relatório de auditoria pode ter sobre a entidade auditada. A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. A perícia e a auditoria se distinguem por vários fatores, notadamente por possuírem objetivos distintos. Enquanto o objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com a estrutura aplicável, a perícia serve a uma época, a um questionamento específico, com o objetivo de levantar elementos de prova e esclarecer uma controvérsia instaurada, um litígio ou constatar um fato. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 9 2. AMOSTRAGEM EM AUDITORIA A NBC TA 530 – Amostragem em Auditoria se aplica quando o auditor independente decide usar amostragem na execução de procedimentos de auditoria. Ela trata do uso de amostragem estatística e não estatística na definição e seleção da amostra de auditoria, na execução de testes de controles1 e de detalhes 2e na avaliação dos resultados da amostra. O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada. O método de amostragem é aplicado como forma de viabilizar a realização de ações de controle em situações onde o objeto alvo da ação se apresenta em grandes quantidades e/ou se distribui de maneira bastante pulverizada. A amostragem é também aplicada em função da necessidade de obtenção de informações em tempo hábil, em casos em que a ação na sua totalidade se torna impraticável. A amostragem tem como objetivo conhecer as características de interesse de uma determinada população a partir de uma parcela representativa. É um método utilizado quando se necessita obter informações sobre um ou mais aspectos de um grupo de elementos (população) considerado grande ou numeroso, observando apenas uma parte do mesmo (amostra). As informações obtidas dessa parte somente poderão ser utilizadas de forma a concluir algo a respeito do grupo como um todo caso esta seja representativa. A representatividade é uma característica fundamental para a amostra, que depende de sua forma de seleção e tamanho. Potencialmente, a amostra obtém essa característica de relevância quando é tomada ao acaso. Para uma amostra ser considerada representativa de uma população, ela deve possuir características de todos os seus elementos, bem como ter conhecida a probabilidade de ocorrência de cada elemento na sua seleção. Todas as definições delineadas abaixo – algumas delas já comentadas ao longo seção Contextualização bem como nesta – já foram objeto de provas nos mais diversos concursos. Segundo a NBC TA 530: 5. Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados a eles atribuídos: Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100% dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população. 1 Teste de controle é o procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes. 2 Teste de detalhe é o procedimento planejado para detectar distorções relevantes no nível de afirmações (declarações incorporadas às demonstrações) relativas a classes de transações, saldos de contas e divulgações). Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 10 População é o conjunto completo de dados sobre o qual a amostra é selecionada e sobre o qual o auditor deseja concluir. Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em amostra, pudesse ser diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amostragem pode levar a dois tipos de conclusões errôneas: (a) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados mais eficazes do que realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que não seja identificada distorção relevante, quando, na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de conclusão errônea porque ela afeta a eficácia da auditoria e é provável que leve a uma opinião de auditoria não apropriada. (b) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados menos eficazes do que realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que seja identificada distorção relevante, quando, na verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea afeta a eficiência da auditoria porque ela normalmente levaria a um trabalho adicional para estabelecer que as conclusões iniciais estavam incorretas. Esclarecendo: a eficácia, ou o resultado, da auditoria é prejudicada quando o auditor chega a conclusões errôneas, seja por considerar os controles mais eficazes do que realmente são (supervaliá-los), seja por não identificar distorção quando elas realmente existem. Percebam que, nesse caso, o auditor “deu mole” ao considerar as coisas mais seguras do que elas realmente eram; isso prejudica todo o resultado do trabalho. Já a eficiência (medida de utilização de recursos no processo) é prejudicada quando o auditor tem um trabalho a mais para perceber que estava errado inicialmente, seja por considerar os controles menos eficazes do que realmente são (subestimá-los), seja por considerar que há distorções quando elas não existem. Percebam, nesse caso, que o auditor “pecou por excesso”. Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor chegue a uma conclusão errônea por qualquer outra razão que não seja relacionada ao risco de amostragem. Os exemplos de risco não resultante da amostragem incluem o uso de procedimentos de auditoria não apropriados ou a interpretação errônea da evidência de auditoria e o não reconhecimento de uma distorção ou de um desvio. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244- Lucas Rangel Bezerra 11 Anomalia é a distorção ou o desvio que é comprovadamente não representativo de distorção ou desvio em uma população. Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que constituem uma população. Esclarecendo: apesar do nome "unidade DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente relacionado à população da qual se deseja extrair a amostra, e não à amostra propriamente dita. É o que se extrai da própria definição (cada um dos itens que constituem uma POPULAÇÃO). Amostragem estatística é a abordagem à amostragem com as seguintes características: (a) seleção aleatória dos itens da amostra; e (b) o uso da teoria das probabilidades para avaliar os resultados das amostras, incluindo a mensuração do risco de amostragem. A abordagem de amostragem que não tem as características (i) e (ii) é considerada uma amostragem não estatística. Estratificação é o processo de dividir uma população em subpopulações, cada uma sendo um grupo de unidades de amostragem com características semelhantes (geralmente valor monetário). Atenção: veremos mais detalhes acerca da Estratificação mais à frente. Por ora, prestem atenção ao fato de que as subpopulações são grupos de unidades de amostragem com características SEMELHANTES (ou HOMOGÊNEAS) – e não características distintas ou heterogêneas. Distorção tolerável é um valor monetário definido pelo auditor para obter um nível apropriado de segurança de que esse valor monetário não seja excedido pela distorção real na população. Observação: por menos intuitivo que pareça o conceito acima, podemos pensar na distorção tolerável como um valor discrepante com o qual o auditor aceita (ou tolera) conviver. Excedido esse valor, o auditor tem “com o que se preocupar”. Em outros termos, a distorção tolerável corresponde ao máximo que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. Taxa tolerável de desvio é a taxa de desvio dos procedimentos de controles internos previstos, definida pelo auditor para obter um nível apropriado de segurança de que essa taxa de desvio não seja excedida pela taxa real de desvio na população. [grifos não constantes no original] Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 12 Observação: podemos entender a taxa tolerável de desvios como uma taxa (%) máxima admitida de erros relacionados aos procedimentos de controle. Enquanto a distorção tolerável é um valor (absoluto), a taxa tolerável de desvio é um valor percentual. Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar: 1) a finalidade do procedimento de auditoria; e 2) as características da população da qual será retirada a amostra. A amostragem de auditoria permite que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria em relação a algumas características dos itens selecionados de modo a concluir, ou ajudar a concluir, sobre a população da qual a amostra é retirada. Como dissemos anteriormente, a amostragem em auditoria pode ser aplicada usando tanto a abordagem de amostragem não estatística como a estatística. A decisão quanto ao uso de abordagem de amostragem estatística ou não estatística é uma questão de julgamento do auditor, não sendo o tamanho da amostra um critério válido para distinguir entre as abordagens estatísticas e não estatísticas. O auditor deve ainda determinar o tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem a um nível mínimo aceitável. O tamanho da amostra pode ser determinado mediante aplicação de fórmula com base em estatística ou por meio do exercício do julgamento profissional. O nível de risco de amostragem que o auditor está disposto a aceitar afeta o tamanho da amostra exigida. Quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior deve ser o tamanho da amostra. O item acima, muito cobrado em provas, determina uma relação inversa entre o tamanho da amostra e o risco que o auditor está disposto a aceitar. Trata-se de relação, de certa maneira, lógica. Afinal, se o auditor não está muito propenso ao risco, deve aumentar a amostra de maneira a reduzir possíveis conclusões equivocadas. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 13 (VUNESP / TJ SP – Contador Judiciário – 2019) A respeito do uso de amostras para a realização dos trabalhos de auditoria, assinale a alternativa correta. a) A utilização de amostras nos trabalhos de auditoria não é autorizada pelas normas brasileiras de auditoria por comprometer a imparcialidade que deve orientar os trabalhos do auditor. b) Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a serem testados, não poderão ser empregadas técnicas de amostragem. c) A utilização de amostragem estatística deve ser evitada nos trabalhos de auditoria por não permitir segurança suficiente a respeito dos seus achados. d) Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. e) Amostra e população são conceitos sinônimos em matéria de procedimentos de auditoria com base em estatísticas. Comentários: Analisando cada assertiva: A: errada. Vimos que a amostragem é plenamente autorizada pelas normas brasileiras de contabilidade. B: errada. A NBC TI 01 – Auditoria Interna, prevê justamente o contrário. Veja: 12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a serem testados, podem ser empregadas técnicas de amostragem. C: errada. Assertiva totalmente sem previsão normativa. A amostragem estatística é perfeitamente utilizável. D: correta, nos termos exatos da NBC TI 01 (norma que trata da auditoria interna): 12.2.4.2 – Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. E: errada. Vimos que os conceitos são distintos. Amostra é uma parte do todo (população). Gabarito: D. (FCC/ ISS São Luís – Auditor Fiscal - 2018) Considere a seguinte situação hipotética: Determinado Estado da Federação mantém programa de Cidadania Fiscal por meio do qual a emissão de notas e cupons fiscais pode ser feita com a inclusão do número de CPF do consumidor final. Após cadastro no programa, é possível que esses contribuintes diretos obtenham descontos no imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA devido. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 14 Em auditoria interna da base de dados de resgates de pontos na forma de descontos no IPVA, realizou-se um teste para apurar a distância geográfica entre os estabelecimentos em que foram realizadas as compras dos bens e serviços de onde se originou a pontuação resgatada, o endereço registrado no cadastro do programa e o domicílio do proprietário constante da anotação no Departamento Estadual de Trânsito. O objetivo pretendido era indicar possíveis erros, fraudes ou simulações. Após inspeção gráfica dos dados, o auditor promoveu a exclusão de uma série de observações que, a seu juízo, não poderiam estar corretas. Ao fim, chegou-se a uma relação de pessoas jurídicas como emissoras de documentação fiscal com afastamento geográfico suspeito entre sede e local de utilização dos pontos derivados. Sobre o caso e considerando a amostragem em auditoria, é correto afirmar. a) Não é objetivo da auditoria interna assessorar a administração da entidade no trabalho de prevenção de fraudese erros. b) As normas não permitem a exclusão dos chamados valores aberrantes (outliers), pois, sem a integralidade do espaço amostral, as conclusões são tendenciosas. c) Embora tecnicamente correto, tal trabalho nunca poderia subsidiar uma campanha de auditoria dirigida. d) Pode-se dizer que se trata de uma aplicação do método aleatório de seleção de amostra. e) Se o auditor desejar aumentar o risco amostragem, deve diminuir o tamanho da amostra. Comentários: A questão começa com uma narrativa que é praticamente irrelevante para a resolução da questão. Vamos avaliar as assertivas: Letra A: ERRADA. Esse é um dos principais objetivos da auditoria interna, segundo a NBC TI 01. Vejam que não era preciso ler o enunciado para eliminar esta alternativa. Letra B: ERRADA. Esses são os chamados “pontos fora da curva”. Não há, nas normas de auditoria, óbices (impedimentos) para tal exclusão. Podemos considerar, em termos estatísticos, que essa eliminação é uma boa prática. Reparem que mais uma vez o enunciado é de pouca valia. Letra C: ERRADA. A forma como foi conduzido o trabalho poderia subsidiar qualquer tipo de auditoria. Letra D: ERRADA. Segundo a NBC TA 530, seleção aleatória é aquela aplicada por meio de geradores de números aleatórios como, por exemplo, tabelas de números aleatórios. A questão não traz informações suficientes para garantir isso. Veremos adiante os tipos de seleção de amostra. Letra E. CORRETA. Estamos diante da relação inversa entre o tamanho da amostra e o risco de amostragem (vista acima). O examinador aqui foi maldoso, pois apesar de manter a relação inversa, alterou o “sentido” dos fatores da afirmação. Percebam: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 15 Original da norma: quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior deve ser o tamanho da amostra; Assertiva: se o auditor desejar aumentar o risco amostragem, deve diminuir o tamanho da amostra. Ora, fica difícil supor que um auditor, em sã consciência, desejaria aumentar o risco de amostragem. Independente disso, a relação inversa foi preservada, daí a correção da assertiva. Reparem que, mais uma vez, não era preciso ler o enunciado para chegar a essa conclusão e, por consequência, ao gabarito da questão. Gabarito: E. O auditor deve também selecionar itens de forma que cada unidade de amostragem da população tenha a mesma chance de ser selecionada. Reiteramos que o auditor pode usar duas abordagens de amostragens: a estatística e a não estatística. Pela amostragem estatística, os itens da amostra são selecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma probabilidade conhecida de ser selecionada. Pela amostragem não estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amostra. Nesse contexto, é importante que o auditor selecione uma amostra representativa, de modo a evitar tendenciosidade mediante a escolha de itens da amostra que tenham características típicas da população. Os principais métodos para selecionar amostras correspondem ao uso de seleção aleatória, seleção sistemática e seleção ao acaso. Veremos adiante detalhes sobre os métodos para seleção de amostras. Adiantamos que há, além desses três (tidos como “principais”), mais dois métodos (amostragem de unidade monetária e seleção de bloco). A seguir, apresentaremos trechos da norma relacionados à execução de procedimentos de auditoria em itens da amostra selecionados, natureza e causa de desvios e distorções, e projeção de distorções. Trata-se de temas importantes para a compreensão geral do assunto, porém sua cobrança em provas não é tão comum! O auditor deve executar os procedimentos de auditoria, apropriados à finalidade, para cada item da amostra selecionado. Se o procedimento de auditoria não for aplicável ao item selecionado, o auditor deve executar o procedimento em um item que substitua o anteriormente selecionado – esse é o chamado procedimento em item de substituição. Um exemplo de quando é necessário executar o procedimento em item de substituição é quando um cheque cancelado é selecionado durante teste de evidência de autorização de pagamento (nesse cenário, o auditor busca algum “problema”, ou desvio, no processo de cancelamento do cheque). Se, no entanto, o auditor ficar satisfeito, concluindo que o cheque foi cancelado de forma apropriada de modo a não constituir desvio, um item escolhido de maneira apropriada para substituí-lo é examinado. Se não for possível aplicar os procedimentos de auditoria definidos ou procedimentos alternativos adequados em um item selecionado, o auditor deve tratar esse item como um desvio do controle Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 16 previsto, no caso de testes de controles, ou uma distorção, no caso de testes de detalhes. Um exemplo de quando o auditor não pode aplicar os procedimentos de auditoria definidos a um item selecionado é quando a documentação relacionada com esse item tiver sido perdida. O auditor deve investigar a natureza e a causa de quaisquer desvios ou distorções identificados e avaliar o possível efeito causado por eles na finalidade do procedimento de auditoria e em outras áreas de auditoria. Em circunstâncias extremamente raras, quando o auditor considera que uma distorção ou um desvio descobertos na amostra são anomalias, o auditor deve obter um alto grau de certeza de que essa distorção ou esse desvio não sejam representativos da população. O auditor deve obter esse grau de certeza mediante a execução de procedimentos adicionais de auditoria, de modo a obter evidência de auditoria apropriada e suficiente de que a distorção ou o desvio não afetam o restante da população. Para os testes de detalhes, o auditor deve projetar, para a população, as distorções encontradas na amostra. As distorções encontradas na amostra devem ser projetadas para a população de modo a se obter uma visão mais ampla da escala de distorção, mas essa projeção pode ainda não ser suficiente para determinar o valor a ser registrado. Quando a distorção tiver sido estabelecida como uma anomalia, ela pode ser excluída da projeção das distorções para a população. Entretanto, o efeito de tal distorção, se não for corrigido, ainda precisa ser considerado, além da projeção das distorções não anômalas. Já para os testes de controles, não é necessária qualquer projeção explícita dos desvios, uma vez que a taxa de desvio da amostra também é a taxa de desvio projetada para a população como um todo. A avaliação do resultado de uma amostragem em auditoria é um procedimento essencial a ser realizado pelo auditor. Nesse contexto, o auditor deve avaliar: (a) os resultados da amostra; e b) se o uso de amostragem de auditoria forneceu uma base razoável para conclusões sobre a população que foi testada. Se o auditor conclui que a amostragem de auditoria não forneceu uma base razoável para conclusões sobre a população que foi testada, o auditor pode: • solicitar que a administração investigue as distorções identificadas e o potencial para distorções adicionais e faça quaisquer ajustes necessários; ou • ajustar a natureza, época e extensão desses procedimentos adicionais de auditoria para melhor alcançar a segurança exigida. Por exemplo, no caso de testes de controles, o auditor pode aumentar o tamanho da amostra, testar um controle alternativo ou modificar os respectivos procedimentos substantivos. A seguir, apresentamos alguns esquemas das principais informações vistas até o momento: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 17 Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 18 A NBC TA 530 traz em seu corpo um total de 04 (quatro) Apêndices, todos eles importantes e cujos ensinamentos são cobrados em provas recorrentemente. Os apêndices 1 e 4 envolvem, respectivamente, detalhes da estratificação e os métodos de seleção da amostra. Sua cobrança em provas é mais tranquila (ou direta). Os apêndices 2 e 3 tratam dos fatores que influenciam o tamanho da amostra. As bancas costumam comparar o tamanho da amostra a um dos fatores que influenciam o seu tamanho. A essência das perguntas é se essa relação se dá de forma direta ou inversa. Por exemplo: o que acontece com o tamanho da amostra se for aumentada a distorção tolerável? Nesse caso, o tamanho da amostra deverá reduzir, uma vez que essas duas grandezas possuem relação inversa. Na maioria dos casos, podemos fazer uma dedução lógica para concluir sobre a relação entre determinado fator e o tamanho da amostra. Vejamos, na sequência, o que nos ensina o Apêndice 1, que trata da Estratificação e da Seleção com Base em Valor. Atenção ao fato de que a Estratificação permite que o tamanho da amostra seja reduzido sem aumentar o risco de amostragem. APÊNDICE 1 - ESTRATIFICAÇÃO E SELEÇÃO COM BASE EM VALOR Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 19 APÊNDICES 2 E 3 – FATORES QUE INFLUENCIAM O TAMANHO DA AMOSTRA PARA OS TESTES DE CONTROLES E PARA OS TESTES DE DETALHES FATORES QUE INFLUENCIAM NO TAMANHO DA AMOSTRA Testes de Controle Testes de Detalhes Fator Relação Fator Relação Avaliação de riscos considera os controles relevantes Direta Avaliação do risco de distorção relevante Direta Taxa tolerável de desvio Inversa Distorção tolerável Inversa Taxa esperada de desvios Direta Valor da distorção que o auditor espera encontrar Direta Nível de segurança desejado de que a taxa tolerável não seja excedida pela taxa real de desvio na população Direta Nível de segurança desejado de que a distorção tolerável não é excedida pela distorção real na população Direta - Uso de outros procedimentos substantivos Inversa - Estratificação da população Inversa Quantidade de unidades de amostragem na população: efeito negligenciável A memorização da relação entre os fatores acima apresentados e o tamanho da amostra é muito importante para provas. Esse processo é facilitado pela correta interpretação dessas relações. Vejamos exemplos de como raciocinar nesse sentido: Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 2 20 Se o auditor tolera (está disposto a aceitar) uma distorção alta, isso é sinal de que o auditor está mais “relaxado”, podendo “se dar ao luxo” de reduzir o tamanho da amostra (distorção tolerável e tamanho da amostra possuem relação inversa) – o mesmo raciocínio vale para a taxa tolerável de desvio. Já se o auditor espera uma distorção alta, ele deve aumentar o tamanho da amostra para se precaver (distorção que o auditor espera encontrar e tamanho da amostra possuem relação direta) – o mesmo raciocínio vale para a taxa esperada de desvios. Ainda, caso se queira aumentar o nível de segurança desejado (qualquer que seja ele) ou caso a avaliação de risco seja maior, é preciso que o auditor aumente o tamanho da amostra para se cobrir de eventuais problemas (avaliação do risco e nível de segurança desejado possuem relação direta com o tamanho da amostra). Já se o auditor utiliza outros procedimentos de auditoria direcionados à mesma afirmação, isso é sinal de que ele pode relaxar, diminuindo a amostra (afinal, ele já se garantiu ao aplicar outros procedimentos) – uso de outros procedimentos substantivos possui relação inversa com o tamanho da amostra). Finalmente, o uso da estratificação, por sua própria definição, permite que o tamanho da amostra seja reduzido sem que seja aumentado o risco de amostragem. Por isso, o uso da estratificação possui relação inversa com o tamanho da amostra. Uma consideração sobre um ponto que geralmente causa muitas dúvidas: apesar do nome "unidade DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente relacionado à população da qual se deseja extrair a amostra, e não à amostra propriamente dita. Então, pela afirmação “a quantidade de unidades de amostragem possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra” podemos entender que o “tamanho da população” possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra. É que, para populações grandes, o tamanho real da população (e, por consequência, da quantidade de unidades de amostragem) tem pouco efeito, se houver, no tamanho da amostra. Já para pequenas populações, a amostragem de auditoria pode nem ser o meio mais eficiente para se obter evidência de auditoria. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 1 21 Finalmente, abordaremos por meio do esquema abaixo os métodos de seleção de amostra (presentes no Apêndice 4 da norma). Trata-se de definições relativamente simples, cuja cobrança costuma se dar de forma bem direta. APÊNDICES 4 – MÉTODOS DE SELEÇÃO DE AMOSTRA Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 9 22 Iremos expor agora informações relevantes sobre Amostragem previstas na IN SFC nº 01/2001. Lembramos que esse normativo foi substituído, no ano de 2017, pela IN nº 03/2017/Ministério da Transparência e CGU (norma que aprovou o Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal). Independentemente desse cenário, a IN 01/2001 ainda costuma ser cobrada em provas, especialmente aquelas que trazem auditoria governamental em seu conteúdo programático! Existem várias razões que justificam a utilização de amostragem em levantamentos de grandes populações. Uma dessas razões é a economicidade dos meios. Onde os recursos humanos e materiais são escassos, a amostragem se torna imprescindível, tornando o trabalho do servidor bem mais fácil e adequado. Outro fator de grande importância é o tempo, pois onde as informações das quais se necessitam são valiosas e tempestivas, o uso de amostra também se justifica. Outra razão é o fato de que, com a utilização da amostragem, a confiabilidade dos dados é maior devido ao número reduzido de elementos, podendo-se dedicar mais atenção aos casos individuais, evitando- se erros nas respostas. Além disso, a operacionalidade em pequena escala torna mais fácil o controle do processo como um todo. Existem casos, no entanto, em que não se recomenda a utilização de amostragem, tais como: a) quando a população é considerada muito pequena e a sua amostra fica relativamente grande; Informações complementares: • Seleção sistemática: a qtd. de un. de amostragem na população é dividida pelo tamanho da amostra para dar um intervalo de amostragem como, por exemplo, 50, e após determinar um ponto de início dentro das primeiras 50, toda 50ª unidade de amostragem seguinte é selecionada. • Seleção ao acaso: embora nenhuma técnica estruturada seja usada, o auditor, ainda assim, evitaria qualquer tendenciosidade ou previsibilidade consciente. A seleção ao acasonão é apropriada quando se usar a amostragem estatística. • Seleção de bloco: a seleção de bloco geralmente não pode ser usada em amostragem de auditoria porque a maioria das populações está estruturada de modo que esses itens em sequência podem ter características semelhantes entre si, mas características diferentes de outros itens de outros lugares da população. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra b 23 b) quando as características da população são de fácil mensuração, mesmo que a população não seja pequena; e c) quando há necessidade de alta precisão recomenda-se fazer censo, que nada mais é do que o exame da totalidade da população. Ainda de acordo com a IN SFC 01/2001, o método de amostragem se subdivide em dois tipos: o probabilístico e o não-probabilístico. A principal característica do método de amostragem não-probabilístico é que este se baseia, principalmente, na experiência do servidor, sendo assim, a aplicação de tratamento estatístico a seus resultados se torna inviável, bem como a generalização dos resultados obtidos através da amostra para a população. Essa limitação faz com que o método não sirva de suporte para uma argumentação, visto que a extrapolação dos resultados não são passíveis de demonstração, segundo as normas de cálculo existentes hoje. Contudo, é inegável a sua utilidade dentro de determinados contextos, tal como, na busca exploratória de informações ou sondagem, quando se deseja obter informações detalhadas sobre questões particulares, durante um espaço de tempo específico. Já o método de amostragem probabilístico tem como característica fundamental o fato de poder ser submetido a tratamento estatístico, sendo, portanto, os resultados obtidos na amostra generalizáveis para a população. Para tanto, a amostragem estatística conta com uma série de formas diferentes de obtenção do tamanho da amostra. Uma dessas formas é a Amostra Aleatória Simples, que tem como característica o fato de que cada elemento da população possui a mesma chance de pertencer à amostra. Considera-se para isso que os elementos da população em questão estão distribuídos de maneira uniforme. Nas demais formas ou métodos de amostragem, pelo fato dos elementos não se processarem de maneira homogênea na população, faz-se necessário dispor de técnicas mais sofisticadas na obtenção do tamanho e seleção da amostra. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 1 24 Para se obter uma amostra é preciso obter alguns elementos fundamentais, sem os quais fica impraticável o uso da técnica. O elemento primordial para se elaborar um plano amostral é saber exatamente qual o objetivo da ação de controle, ou seja, o que se deseja obter com os resultados e, de posse deles, a quais conclusões deseja-se chegar. Isso porque quando os objetivos da ação estão bem definidos, fica claro o estabelecimento de qual é a população alvo a ser considerada para a elaboração da amostra, bem como a definição das unidades de amostragem (elementos). A partir do conhecimento da população objeto de estudo e seus elementos é que se torna possível conhecer como essa população se distribui entre os seus elementos, para a partir daí ser definido o método de amostragem a ser adotado, bem como todas as suas considerações “a priori”. Outro fator importante a ser definido anteriormente é a precisão que se deseja, ou seja, o máximo que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. Além disso, é importante que a seleção dos elementos da amostra seja rigorosamente aleatória. Tal exigência é necessária pois, se na seleção da amostra não for garantida a aleatoriedade, isso significa que o servidor está influenciando com seu juízo pessoal a escolha dos elementos da amostra, colocando em risco todo o trabalho realizado. Nesse cenário, as informações obtidas a partir daquela amostra enviesada trarão resultados equivocados a respeito do universo em questão. Ou seja, uma amostra mal dimensionada e sem aleatoriedade é tendenciosa, levando o servidor a conclusões errôneas. Existem situações onde não é possível a obtenção de informações a respeito da população e sua distribuição, seja pelo fato de a obtenção dessas informações ser muito dispendiosa, ou seja pelo fato de se levar muito tempo para essas serem concluídas. Ou mesmo, pelo fato do acesso às mesmas somente ser possível no ato da ação de controle. Sendo assim, é usual a utilização de tabelas aplicadas ao Controle Estatístico de Qualidade, com a definição prévia do risco que se deseja assumir, ou seja, qual o limite máximo de itens ou elementos irregulares aceitáveis para se considerar uma situação regular, através do qual o tamanho da amostra é dimensionada. A utilização dessas tabelas deve ser feita com muito critério, pois os resultados obtidos das amostras provenientes delas são bastante específicos. Tais situações específicas devem ser devidamente estudadas, pois essas tabelas não são de aplicação generalizada, sendo portanto necessário o estudo de cada caso em separado, mensurando as vantagens e desvantagens da sua utilização. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 0 25 (CESPE – AUDITOR FISCAL/SEFAZ RS – 2019) Em auditoria, o tamanho da amostra é influenciado por vários fatores, mas deve possibilitar que o auditor faça inferências sobre toda a população. Entre esses fatores, aquele que possibilita reduzir o tamanho da amostra é o aumento a) na taxa tolerável de desvio. b) na taxa esperada de desvio da população a ser testada. c) na quantidade de unidades de amostragem na população. d) na extensão dos riscos de controle, incluídos os controles considerados relevantes na avaliação de riscos do auditor. e) no nível de segurança, conforme o qual a taxa tolerável de desvio não seja excedida pela taxa real de desvio na população. Comentários: Questão trata dos fatores que alteram o tamanho da amostra. Nesse tipo de questão, temos que ficar atentos a qual o efeito provocado na amostra quando determinado fator é alterado, ou seja, se ele possui relação direta ou inversa com seu tamanho. Os apêndices 2 e 3 da NBC TA 530 trazem quadros que resumem a influência desses fatores no tamanho da amostra. As bancas adoram explorar a relação entre a “taxa tolerável de desvio” e o “tamanho da amostra”. Como vimos, essa RELAÇÃO É INVERSA, ou seja, quando aumenta a taxa tolerável de desvio, reduz-se o tamanho da amostra (gabarito, portanto, letra A)! Como dissemos ao longo da aula, é possível compreendermos uma lógica por trás dessas relações. Ora, se o auditor aumenta a taxa tolerável de desvio (que é taxa de desvio dos procedimentos de controles internos que o auditor define como máxima), ele pode reduzir o tamanho da amostra. Nesse cenário, o auditor está – de alguma maneira – tolerando maiores níveis de desvios – o que justificaria uma amostra pouco menor. Vejamos as demais assertivas: Letra B: se a taxa esperada de desvio aumenta, sinal de que o auditor precisa se precaver, aumentando o tamanho da amostra (relação é direta). Letra C: esse é um fator que possui efeito negligenciável em relação ao tamanho da amostra, tanto para testes de controle quanto para testes de detalhes. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 26 Letra D: quanto mais segurança o auditor pretende obter da efetividadeoperacional dos controles, maior deve ser o tamanho da amostra. Letra E: quanto maior for o nível de segurança esperado de que os resultados da amostra sejam de fato indicativos com relação à incidência real de desvio na população, maior deve ser o tamanho da amostra. Portanto, alternativa correta é A. (VUNESP / TJ SP – Contador Judiciário – 2015) Quando a auditoria é feita por amostragem, se o método utilizado para essa amostragem é a seleção sistemática, então a seleção de itens é a) por meio da seleção de um ou mais blocos contíguos da população. b) de tal forma que assegure que todos tenham idêntica probabilidade de serem selecionados. c) a critério do auditor, com base em sua experiência. d) com base em valores monetários. e) procedida de tal maneira que haja sempre um intervalo constante entre cada item selecionado. Comentários: Vimos que a seleção sistemática é aquela em que a quantidade de unidades de amostragem na população é dividida pelo tamanho da amostra para dar um intervalo de amostragem como, por exemplo, 50, e após determinar um ponto de início dentro das primeiras 50, toda 50ª unidade de amostragem seguinte é selecionada. Portanto, nesse método podemos dizer que há um intervalo constante entre cada item selecionado. Gabarito: E. (CESGRANRIO / LIQUIGÁS – 2018) Um auditor necessita examinar uma população de registros com muitas diferenças nos valores individuais das transações registradas. Como ele definiu que fará uma amostragem estatística, para garantir maior rigor nos procedimentos, recomenda-se, nesse caso, uma amostragem por a) acessibilidade b) estratificação c) elementos representativos d) elementos subjetivos e) números sistemáticos Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 27 Comentários: Ao considerar as características da população da qual a amostra será retirada, o auditor pode determinar que a estratificação (ou a seleção com base em valores) é apropriada. Vejam que o enunciado inicia dizendo que a população possui registros com muitas diferenças nos valores individuais (alta variabilidade dos itens da população). Em situações como essa, vale a pena dividir a população em subpopulações, cada uma sendo um grupo de unidades de amostragem com características semelhantes (ou homogêneas). Afinal, o objetivo da estratificação é o de reduzir a variabilidade dos itens de cada estrato e, portanto, permitir que o tamanho da amostra seja reduzido sem aumentar o risco de amostragem. Percebe-se, portanto, que estamos diante de um caso em que a estratificação é indicada. Portanto, alternativa correta é B. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 28 Amostragem segundo a NBC T 11.11 Nesta seção, apresentaremos alguns dos principais trechos previstos na NBC T 11.11 – Amostragem (Res. CFC nº 1.012/05). Frisamos que esse normativo foi revogado com a entrada em vigor da NBC TA 200, o que ocorreu em 01/01/2010. Não obstante, algumas questões de concursos ainda exigem conhecimento de tal norma. Infelizmente, essa é uma prática comum em nossa disciplina. Em parte, isso ocorre porque a doutrina veio reproduzindo, ao longo do tempo, diversos trechos das normas atualmente revogadas. Nessa parte da aula, vale a pena focar na literalidade de algumas passagens comumente cobradas, considerando que já estudamos – na seção anterior – as bases da Amostragem em Auditoria. Veremos que os conceitos aqui presentes, via de regra, não divergem das normas em vigor. Considerações Gerais Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de itens a testar, o auditor pode empregar técnicas de amostragem. Amostragem, em sentido amplo, é a utilização de um processo para obtenção de dados aplicáveis a um conjunto, denominado universo ou população, por meio do exame de uma parte deste conjunto denominada amostra. Amostragem estatística é aquela em que a amostra é selecionada cientificamente com a finalidade de que os resultados obtidos possam ser estendidos ao conjunto de acordo com a teoria da probabilidade ou as regras estatísticas. O emprego de amostragem estatística é recomendável quando os itens da população apresentam características homogêneas. Amostragem não-estatística (por julgamento) é aquela em que a amostra é determinada pelo auditor utilizando sua experiência, critério e conhecimento da entidade. Ao usar métodos de amostragem estatística ou não-estatística, o auditor deve planejar e selecionar a amostra de auditoria, aplicar a essa amostra procedimentos de auditoria e avaliar os resultados da amostra, de forma a proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou classe de transações, para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria sobre algumas características dos itens selecionados, para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre a população. É importante reconhecer que certos procedimentos de auditoria aplicados na base de testes não estão dentro da definição de amostragem. Os testes aplicados na totalidade da população não se qualificam como amostragem de auditoria. Da mesma forma, a aplicação de procedimentos de auditoria a todos os itens dentro de uma população que tenham uma característica particular (por exemplo, todos os itens acima de um certo valor) não se qualifica como amostragem de auditoria com respeito à parcela da população examinada, nem com respeito à população como um todo. Isto porque os itens não foram selecionados, dando chance igual de seleção a todos os itens da população. Esses itens podem indicar uma tendência ou uma característica da parcela restante da Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 29 população, mas não constituem, necessariamente, uma base adequada para conclusão sobre parcela restante da população. (FCC / TRT 11ª Região / Analista Judiciário – Contabilidade – 2017) Considere as afirmativas abaixo sobre amostragem em auditoria. I. Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta ou classe de transações. II. Ao usar o método de amostragem estatística, ou não, deve ser projetada e selecionada uma amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. III. A amostra selecionada pelo auditor deve ter uma relação direta com o volume de transações realizadas, como também com os efeitos da avaliação patrimonial e financeira e o resultado por ela obtido no período. Está correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) I, II e III. d) I e II, apenas. e) III, apenas. Comentários Item I – Correto. O item é a literalidade da definição de amostragem prevista na norma antiga (NBC T 11.11). Item II – Correto, nos exatos termos da norma antiga (NBC T 11.11). Item III – Correto, também nos exatos termos da norma antiga (NBC T 11.11) – conforme detalhado no tópico a seguir. Gabarito: C Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 30 Planejamento da Amostra A amostra selecionada pelo auditor deve ter relação direta com o volume de transações realizadas pela entidade na área ouna transação objeto de exame, como também com os efeitos nas posições patrimonial e financeira da entidade e o resultado por ela obtido no período. Em outros termos, quanto maior o volume de transações efetuadas pela entidade na área objeto do exame, maior deve ser a amostra. Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) os objetivos específicos da auditoria; b) a população da qual o auditor deseja extrair a amostra; c) a estratificação da população; d) o tamanho da amostra; e) o risco da amostragem; f) o erro tolerável; e g) o erro esperado. Percebe-se que o rol acima é mais amplo do que o previsto na NBC TA 530, segundo a qual o auditor deve considerar a finalidade do procedimento e as características da população ao definir uma amostra de auditoria. Em relação ao tamanho da amostra, a NBC T 11.11 nos ensina que o auditor deve, ao determinar o tamanho da amostra, considerar o risco de amostragem, bem como os erros toleráveis e os esperados. Já havíamos estudado, anteriormente, a relação (inversa) existente entre o risco de amostragem que o auditor está disposto a aceitar e o tamanho da amostra. Para que a conclusão a que chegou o auditor, utilizando uma amostra, seja corretamente planejada para aplicação à população é necessário que a amostra seja: a) representativa da população; b) que todos os itens da população tenham oportunidade idêntica de serem selecionados. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 31 (ESPP / Auditor (MPE PR) – 2013) De acordo com Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade) ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de itens a testar, o auditor pode empregar técnicas de amostragem. Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração os seguintes aspectos: I. Objetivos específicos de auditoria. II. População da qual deseja extrair a amostra. III. Estratificação da população. IV. Tamanho da amostra. V. Risco de amostragem. VI. Erro tolerável. VII. Erro esperado. Assinale a alternativa correta : a) Apenas um aspecto está incorreto. b) Todos os aspectos estão corretos. c) Dois aspectos estão corretos. d) Todos os aspectos estão incorretos. e) Apenas um aspecto está correto. Comentários: Questão aborda os fatores que devem ser considerados no planejamento da amostra, segundo a já revogada NBC T 11.11. Veja: Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) os objetivos específicos da auditoria; b) a população da qual o auditor deseja extrair a amostra; c) a estratificação da população; d) o tamanho da amostra; e) o risco da amostragem; f) o erro tolerável; e Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 32 g) o erro esperado. Questão extraída literalmente da norma supracitada. Gabarito: B Risco de Amostragem Nesse ponto, veremos que a NBC T 11.11 apresenta o mesmo conceito de risco de amostragem estudado anteriormente, porém detalha as situações a que o auditor está sujeito a esse risco. O risco de amostragem surge da possibilidade de que a conclusão do auditor, com base em uma amostra, possa ser diferente da conclusão que seria alcançada se toda a população estivesse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O auditor está sujeito ao risco de amostragem nos testes de observância e testes substantivos, sendo: 1) Testes de Observância: a) Risco de subavaliação da confiabilidade: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra não seja satisfatório, o restante da população possua menor nível de erro do que aquele detectado na amostra. b) Risco de superavaliação da confiabilidade: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra seja satisfatório, o restante da população possua maior nível de erro do que aquele detectado na amostra. Esclarecendo: no contexto dos testes de observância, que são aqueles aplicados para obtenção de evidências quanto ao efetivo funcionamento dos controles internos, é razoável entender que, se o auditor considera os controles menos confiáveis do que realmente são (subavaliação da confiabilidade), a população tenha menor nível de erro em relação à amostra. Do contrário, quando o auditor considera os controles mais confiáveis do que realmente são (superavaliação da confiabilidade), é de se esperar que o erro na população seja maior em relação à amostra. 2) Testes Substantivos: a) Risco de rejeição incorreta: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão de que o saldo de uma conta ou classe de transações registradas está, relevantemente, distorcido, mas, efetivamente, não está; b) Risco de aceitação incorreta: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão de que o saldo de uma Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 33 conta ou classe de transações registradas não está, relevantemente, distorcido, mas, efetivamente, está. Esclarecendo: rejeição incorreta significa que, em primeiro momento, ao utilizar a amostra, o auditor conclui que um saldo de contas está relevantemente distorcido, quando na verdade não está. Em outros termos, o auditor rejeitou a amostra incorretamente (considerou que ali havia distorções relevantes, quando elas não existiam). Aceitação incorreta, por outro lado, significa que o auditor aceitou, inicialmente, a amostra, ou seja, não encontrou distorção relevante no saldo de contas, quando na verdade havia distorção. O risco de subavaliação da confiabilidade e o risco de rejeição incorreta afetam a eficiência da auditoria, visto que, normalmente, conduziriam o auditor a realizar trabalhos adicionais, o que estabeleceria que as conclusões iniciais eram incorretas. O risco de superavaliação da confiabilidade e o risco de aceitação incorreta afetam a eficácia da auditoria e têm mais probabilidade de conduzir a uma conclusão errônea sobre determinados controles, saldos de contas ou classe de transações do que o risco de subavaliação da confiabilidade ou o risco de rejeição incorreta. (CESPE / SEFAZ AL – 2020) Situação hipotética: Determinado auditor, após realizar conferência de cálculos, concluiu que o saldo da conta de estoques estava relevantemente distorcido, embora o saldo não estivesse efetivamente nessa condição. Assertiva: Nesse caso, o auditor incorreu no risco de aceitação incorreta. Comentários: Risco de aceitação incorreta é aquele em que o auditor aceita, inicialmente, o resultado da amostra (ou seja, conclui que um saldo de contas não está relevantemente distorcido), quando – na realidade – existe distorção relevante. A situação trazida pelo item se refere ao risco de rejeição incorreta. Gabarito: ERRADO Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 34 Erro tolerável / erro esperado Neste ponto, veremos que a NBC T 11.11 previa apenas os conceitos de erro esperado e tolerável, enquanto a NBC TA 530 prevê os conceitos de distorção esperada e tolerável, e de taxa de desvios esperada e tolerável. Podemos entender que o erro tolerável é compostopela distorção tolerável (no contexto dos testes substantivos) e pela taxa tolerável de desvio (no contexto dos testes de observância ou de controle). Vejamos o que prevê a norma: Erro tolerável é o erro máximo na população que o auditor está disposto a aceitar e, ainda assim, concluir que o resultado da amostra atingiu o objetivo da auditoria. O erro tolerável é considerado durante o estágio de planejamento e, para os testes substantivos, está relacionado com o julgamento do auditor sobre relevância. Quanto menor o erro tolerável, maior deve ser o tamanho da amostra. Nos testes de observância, o erro tolerável é a taxa máxima de desvio de um procedimento de controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado na avaliação preliminar de risco de controle. Nos testes substantivos, o erro tolerável é o erro monetário máximo no saldo de uma conta ou uma classe de transações que o auditor está disposto a aceitar, de forma que, quando os resultados de todos os procedimentos de auditoria forem considerados, o auditor possa concluir, com segurança razoável, que as Demonstrações Contábeis não contêm distorções relevantes. Em relação ao erro esperado, pode-se dizer que, se o auditor espera que a população contenha erro, é necessário examinar uma amostra maior do que quando não se espera erro, para concluir que o erro real da população não excede o erro tolerável planejado. Tamanhos menores de amostra justificam-se quando se espera que a população esteja isenta de erros. Ao determinar o erro esperado em uma população, o auditor deve considerar aspectos como, por exemplo, os níveis de erros identificados em auditorias anteriores, mudança nos procedimentos da entidade e evidência obtida na aplicação de outros procedimentos de auditoria. (CESPE / SEFAZ AL – 2020) A adoção de amostragem em auditoria implica a admissão da existência de diferentes tipos de erros; nos testes de observância, o erro tolerável é o erro monetário máximo no saldo de uma conta. Comentários: Nos testes de observância, que são aqueles que buscam evidências em relação ao efetivo funcionamento dos controles internos, o erro tolerável está associado à taxa máxima de desvio de um procedimento de controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado na avaliação preliminar de risco de controle. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 35 O erro monetário máximo, a que o item se refere, é o erro tolerável no contexto dos testes substantivos (e não dos testes de observância). Gabarito: ERRADO Seleção da Amostra Os 3 métodos de seleção de amostra presentes na NBC T 11.11 são, justamente, aqueles que a NBC TA 530 lista como principais: seleção aleatória, seleção sistemática e seleção ao acaso. Aqui cabe uma observação, pois apesar de listar os métodos de seleção aleatória, sistemática e ao acaso como “principais”, a NBC TA 530 apresenta, também, os métodos amostragem de unidade monetária e seleção de bloco (esses 2, não presentes na NBC T 11.11). Pois bem, segundo a NBC T 11.11, na seleção de amostra, devem ser consideradas: a) a seleção aleatória ou randômica; b) a seleção sistemática, observando um intervalo constante entre as transações realizadas; e c) a seleção casual, a critério do auditor, baseada em sua experiência profissional. Seleção aleatória ou randômica é a que assegura que todos os itens da população ou do estrato fixado tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos. Na seleção aleatória ou randômica, utiliza-se, por exemplo, tabelas de números aleatórios que determinarão quais os números dos itens a serem selecionados dentro do total da população ou dentro de uma seqüência de itens da população predeterminada pelo auditor. Percebe-se, portanto, que a descrição do método de seleção aleatória é praticamente o mesmo, tanto nas normas antigas quanto nas atuais. Seleção sistemática ou por intervalo é aquela em que a seleção de itens é procedida de maneira que haja sempre um intervalo constante entre cada item selecionado, seja a seleção feita diretamente da população a ser testada, ou por estratos dentro da população. Ao considerar a seleção sistemática, o auditor deve observar as seguintes normas para assegurar uma amostra, realmente, representativa da população: a) que o primeiro item seja escolhido ao acaso; b) que os itens da população não estejam ordenados de modo a prejudicar a casualidade de sua escolha. Se usar seleção sistemática, o auditor deve determinar se a população não está estruturada de tal modo que o intervalo de amostragem corresponda a um padrão, em particular, da população. Por exemplo, se em cada população de vendas realizadas por filiais, as vendas de uma filial, em particular, ocorrerem somente como cada 100º item e o intervalo de amostragem selecionado for 50, o resultado seria que o auditor teria selecionado a totalidade ou nenhuma das vendas da filial em questão. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 36 Comparando o que preveem as normas atual (NBC TA 530) e antiga (NBC T 11.11) para a seleção sistemática, vemos que elas são semelhantes, no sentido de que se deve adotar um intervalo constante entre cada item selecionado. Há, no entanto, algumas diferenças. A norma em vigor determina como o intervalo de amostragem é obtido (divide-se a quantidade de unidades de amostragem pelo tamanho da amostra), ao passo que a norma antiga não menciona a forma de se chegar ao intervalo. A norma atual diz que o primeiro item pode ser selecionado ao acaso ou de forma aleatória (utilizando-se geradores de números aleatórios), enquanto a norma antiga diz que o primeiro item deve ser selecionado ao acaso. Seleção casual pode ser uma alternativa aceitável para a seleção, desde que o auditor tente extrair uma amostra representativa da população, sem intenção de incluir ou excluir unidades específicas. Quando utilizar esse método, o auditor deve evitar a seleção de uma amostra que seja influenciada, por exemplo, com a escolha de itens fáceis de localizar, uma vez que esses itens podem não ser representativos. Em auditoria, não podemos confundir seleção ao acaso (ou casual) com seleção aleatória. Na seleção ao acaso, ou casual, nenhuma técnica estruturada é seguida, por mais que o auditor procure se assegurar de que todos os itens da população tenham a mesma chance de ser selecionados, evitando qualquer tendenciosidade ou previsibilidade consciente. Na seleção aleatória, utiliza-se uma técnica estruturada, qual seja a aplicação de geradores de números aleatórios. Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira Aula 03 SEFAZ-PA (Auditor Fiscal) Auditoria - 2022 - (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 220238429663017244 - Lucas Rangel Bezerra 37 3. PERÍCIA CONTÁBIL NBC TP 01 Conceitos Iniciais A NBC TP 01 – Norma Técnica de Perícia Contábil (revisada em março/2020) estabelece regras e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação, certificação e testabilidade. Vejam que, como dissemos na seção Contextualização, a Perícia Contábil se presta a uma época, a um questionamento específico, com o objetivo de levantar elementos de prova e esclarecer uma controvérsia instaurada, um litígio ou constatar um fato. Reproduzimos abaixo a definição de Perícia Contábil – item cobrado em provas recorrentemente. A perícia contábil é o conjunto de procedimentos