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Direito Processual Civil I Professora Denise Pineli Chaveiro Formação do Processo . PROCESSO • Processo é o método pelo qual se opera a jurisdição, com vistas à composição dos litígios. • É instrumento de realização da justiça; é relação jurídica, portanto, é abstrato e finalístico. PROCESSO • O processo pode ser compreendido como sendo a relação jurídica processual que une autor, juiz e réu, que se exterioriza e se desenvolve pela sequência ordenada de atos com vistas a um fim, qual seja, a solução da lide através da entrega da tutela jurisdicional. PROCESSO • O processo caracteriza-se por ser instrumental e dinâmico. • É instrumental, pois é através do processo que a jurisdição compõe os litígios. Dessa forma, a princípio, poderia dizer que o objeto do processo é a composição da lide, como ensina Carnelutti. • É dinâmico ou progressivo, porque está sempre em movimento. A sua instauração ou formação depende, em regra, de iniciativa da parte, segundo o princípio do dispositivo. Mas, uma vez instaurada a relação processual, não pode ficar pendente indefinidamente, cabendo ao juiz seu impulso. DA FORMAÇÃO DO PROCESSO • Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art240 ESTABILIZAÇÃO DO PROCESSO • Objetiva • causa de pedir e pedido – CPC/15, Art. 329 • Subjetiva • partes – CPC/15, Arts. 108 e 109 PROCEDIMENTO PROCESSO E PROCEDIMENTO • O processo apresenta 2 aspectos: um interior e outro exterior. • Sob o ponto de vista intrínseco, o processo é a relação jurídica que se instaura e se desenvolve entre autor, juiz e réu. Na exteriorização, o processo se revela como sucessão ordenada de atos dentro dos modelos previstos pela lei, que é o PROCEDIMENTO. • Assim, procedimento é “o encadeamento e a exteriorização dos atos processuais”. PROCEDIMENTO • No processo de conhecimento, o procedimento pode ser comum ou especial. • O procedimento comum é aquele adotado quando não há para a causa previsão de procedimento especial, seja no próprio código ou na lei especial (art. 318). • O rito comum é, portanto, a regra geral, sendo aplicado subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução. • O Código prevê também os procedimentos especiais, seja de jurisdição contenciosa seja de jurisdição voluntária PROCESSO ELETRÔNICO PROCESSO ELETRÔNICO • A Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006 dispõe sobre a informatização do processo judicial; • Além desta lei várias resoluções tbm cuidam do Processo Eletrônico, como a Resolução Nº 345 de 09/10/2020 do CNJ cria o Juízo 100% digital. PROCESSO ELETRÔNICO •Como são contados os prazos no Processo Eletrônico ? PROCESSO ELETRÔNICO • Lei nº 11.419/06 • Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral. • § 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. • § 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação. PROCEDIMENTO COMUM – FASES •Fase postulatória •Fase de saneamento •Fase instrutória •Fase decisória •Fase executória FASE POSTULATÓRIA - PETIÇÃO INICIAL - DECISÃO INICIAL - CITAÇÃO - AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO - RESPOSTA DO RÉU - IMPUGNAÇÃO PETIÇÃO INICIAL • A petição inicial é o instrumento da demanda, que é o primeiro ato praticado no processo. Como todo ato jurídico, ele depende de uma forma para ser válido. • Esta forma está estabelecida nos arts. 319 e 320 do NCPC, que enumeram os requisitos essenciais e gerais para a elaboração de qualquer petição inicial. PETIÇÃO INICIAL • Art. 319. A petição inicial indicará: • I - o juízo a que é dirigida; • Identificação da competência (critérios: material; pessoal; funcional; territorial; valor da causa) PETIÇÃO INICIAL • Art. 319. A petição inicial indicará: • II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; • Capacidade de ser parte (personalidade civil) • Nascituro • Entes despersonalizados • Capacidade civil, de estar em juízo • Capacidade postulatória • Legitimidade PETIÇÃO INICIAL • Art. 319. A petição inicial indicará: • III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; • Causa de pedir remota; e • Causa de pedir próxima • causa de pedir próxima diz respeito aos fundamentos jurídicos que embasam o pedido (juria novit cúria - do Direito cuida a Corte) • (“mihi factum dabo tibi ius” – dá-me os fatos, que eu te darei o direito). PETIÇÃO INICIAL • Art. 319. A petição inicial indicará: • IV - o pedido com as suas especificações; • O pedido é formulado com dois aspectos: o imediato e o mediato. • O PEDIDO IMEDIATO é o tipo de providência jurisdicional pretendida, que pode ser de conhecimento, de execução ou cautelar (neste último caso, formulado junto com o de conhecimento como Tutelas Provisórias). • Já o PEDIDO MEDIATO é o bem jurídico de direito material que se pretende seja tutelado pela sentença (o despejo, o pagamento, a nulidade do contrato etc). • Diferem-se na medida em que o primeiro tem conteúdo processual, dirigido, portanto, contra o Estado, e o segundo, material, dirigido contra o réu PETIÇÃO INICIAL • Art. 319. A petição inicial indicará: • IV - o pedido com as suas especificações; • O pedido deve ser CERTO e DETERMINADO. • Art. 322. O pedido deve ser CERTO. • § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. • § 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO • Prestações de trato sucessivo • PEDIDO DETERMINADO • EXCEÇÕES: • I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; • II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; • III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO • Simples •Cumulado • Cumulação objetiva própria • Alternativo • Subsidiário ou eventual PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO • Cumulação objetiva própria • Formula-se 2 ou mais pedidos, mas eles são independentes, de forma que o acolhimento ou a rejeição de um não interfere na análise do outro, embora ambos possam ser concedidos ou rejeitados conjuntamente também. Ex: indenização por dano material e moral. • Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. • § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: • I - os pedidos sejam compatíveis entre si; • II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; • III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO ALTERNATIVO • Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. • Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO SUBSIDIÁRIO • Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior,quando não acolher o anterior. • Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles. • Ex: Pede a devolução do bem, ou, não sendo possível, à indenização. PETIÇÃO INICIAL •PEDIDO SUCESSIVO • O autor pede ao juiz que conheça do pedido posterior caso tenha acolhido o anterior. Há uma relação de prejudicialidade entre os pedidos. • Ex: pedido de investigação de paternidade cumulado com de alimentos. PETIÇÃO INICIAL • ADITAMENTO DO PEDIDO • Art. 329. O autor poderá: • I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; • II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. • Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir. PETIÇÃO INICIAL •FATO NOVO • Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. • Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. PETIÇÃO INICIAL •VALOR DA CAUSA • Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. • Todas as causas devem ter um valor, a ser fixado segundo os arts. 291 e 292, NCPC. • Esse requisito define certas consequências processuais e não só o pagamento de custas. • Ele limita a admissibilidade de recursos; define a competência; e, em certos casos, é levado em consideração na fixação de honorários de advogado. PETIÇÃO INICIAL •VALOR DA CAUSA • Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: • I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; PETIÇÃO INICIAL •VALOR DA CAUSA • Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: • II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; • III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; PETIÇÃO INICIAL •VALOR DA CAUSA • Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: • IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; • V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; PETIÇÃO INICIAL •VALOR DA CAUSA • Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: • VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; • VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; • VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. PETIÇÃO INICIAL • AS PROVAS COM QUE O AUTOR PRETENDE DEMONSTRAR A VERDADE DOS FATOS ALEGADOS • Art. 319. A petição inicial indicará: • VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; • Ao autor incumbe a prova do fato constitutivo de seu direito; assim, deve desde logo indicar os meios de prova que pretende produzir. • Salvo os documentos que deverão ser juntados com a inicial, basta a indicação da natureza da prova (testemunhal, pericial etc). PETIÇÃO INICIAL • Além dos requisitos enumerados nos incisos do art. 319 do NCPC, o autor deverá também observar o disposto no art. 320 do mesmo diploma legal, que exige que a petição inicial deve estar acompanhada dos documentos considerados indispensáveis à propositura da causa, como os documentos pessoais e procuração, em qualquer caso; certidão de casamento, na ação de divórcio; certidão de nascimento, na ação de alimentos; contrato, na ação de rescisão contratual; título executivo extrajudicial, na ação de execução; enfim, todos aqueles que se referem aos fundamentos aduzidos pelo autor na petição inicial. • Importante destacar que o autor deverá produzir a prova documental no momento da postulação, sob pena de preclusão (art. 434, NCPC), salvo se tratar de documento novo (art. 435, caput e parágrafo único, NCPC), entendido como sendo aquele relativo a fatos ocorridos após a propositura da ação, ou, ainda que relativo a fatos antigos, que o autor só teve ciência ou acesso após a propositura da ação. PETIÇÃO INICIAL • OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO • Art. 319. A petição inicial indicará: • VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. PETIÇÃO INICIAL • OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO • Trata-se de um requisito inédito no NCPC. • A nova lei processual prevê, no procedimento comum, a designação da audiência de mediação ou de conciliação, que é uma verdadeira tentativa de autocomposição dentro do processo judicial. • De acordo com o art. 334, §4º, tal audiência SÓ NÃO SERÁ REALIZADA se a causa não admitir autocomposição, ou quando ambas as partes manifestarem, expressamente, o desinteresse na composição amigável. REFERÊNCIAS – SUGESTÃO DE LEITURA • BUENO, Cássio Scarpinella Bueno. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil. Volume 3. São Paulo:Saraira, 2019. • Didier Júnior, Fredie. Curso de Direito Processual Civil volume 1. Salvador:JusPodivm, 2018. • DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2019. • MARINONI, Luiz Gulherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIEIRO, Daniel. Curso de Processo Civil. Volume 2. São Paulo: RT, 2016. • NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. Salvador: JusPodivm, 2018.
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