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3 2 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA Wilhelm Hermann Jensen A GRADIVA Campos dos Goytacazes/RJ 2017 Eloá Brandão Lacerda RESENHA DO CONTO A GRADIVA A Gradiva, escrita por Jensen, é um conto que se faz em meio a história de Norbert Hanold, um jovem arqueólogo. Ela começa com Norbert achando um relevo que muito o atraiu num museu de antiguidades em Roma, esse relevo era uma escultura de uma figura feminina representada com um leve andar. O espanto e admiração desse jovem foi tanto com a obra de arte, que ele decidiu procurar pelas ruas, alguém que tivesse o andar como o da moça, mas não teve sucesso, logo após isso, sonhou com a mesma em Pompeia e mais tarde, até delirou com sua presença próxima a sua casa. Tudo isso, fez com que ele decidisse subitamente fazer uma viagem à Itália em Pompeia, atrás dos escombros de Gradiva. Lá, ele se surpreende ao vê-la ao vivo e em cores, e ela, muito perspicaz, o indagava e se mostrava desinibida com a situação, mesmo Hanold estando assustado com tudo aquilo. Ao questionar o nome da jovem, descobriu que era Zoe, nome de uma amiga que amou na infância, mas que reprimiu esse sentimento por ela. Os dias foram passando, e todo dia Norbert ia até à Casa de Meleagro para encontrar-se com a moça, e dessa forma, nutria um sentimento pela mesma. Esse sentimento foi tão intenso, que até ciúmes chegou a sentir quando notou figuras masculinas permeando a vida da jovem. Mais tardar, o jovem arqueólogo liga os fatos, e entende a ligação entre Gradiva e Zoe Bertang, pois muitos acontecimentos entre Gradiva e Hanold foram situações que ocorreram tempos atrás na infância dos mesmos. Desse modo, ele entendeu que era um delírio da parte dele, e que Gradiva era Zoe. O texto mostra até onde a repressão dos nossos sentimentos pode nos levar, e isso não só no campo das ideias, mas no físico também, pois todo aquele sentimento desencadeado pelo protagonista ao se deparar com a obra de arte, o movimenta para longe de seu país, atrás de um único objetivo: alimentar seus desejos. O conto nos atenta para vários detalhes quando tenta esclarecer o real e o imaginário na vida de Norbert Hanold, intrigando e pondo em dúvida até mesmo o leitor. A surpresa ao descobrir que Gradiva era Zoe, faz o leitor refletir e tomar uma postura totalmente diferente de quando começou a ler o texto: antes, a curiosidade para saber se o conto era de fato fantasioso e como seria o desfecho da história, já ao final do conto, a postura do leitor é reflexiva e crítica sobre a vida passada do protagonista e como ela influenciou no seu presente. A obra num todo, é ótima para descontrair e também pensar acerca dos nossos desejos , de nossos processos mentais e como isso afeta diretamente na nossa vida; não é à toa que Freud fez um ensaio sobre o conto, pois viu nele uma oportunidade de falar sobre repressões no ponto de vista psicanalítico. REFERÊNCIAS FREUD, Sigmund S. A “Gradiva” e outros trabalhos. 1 ed. Rio de Janeiro: IMAGO Editora, 1972.