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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • Definição: Os leiomiomas uterinos, também referidos como fibromas ou miomas uterinos, são tumores monoclonais benignos originados das células musculares lisas do miométrio. • São considerados os tumores pélvicos mais comuns, acometendo mulheres tipicamente em idade reprodutiva, podendo cursar com efeitos reprodutivos adversos. • Fisiopatologia: ainda não é esclarecida. CLASSIFICAÇÃO (FIGO) • Os miomas uterinos são descritos de acordo com sua localização no útero, apesar de muitos leiomiomas possuírem mais de uma designação de localização. MIOMAS SUBMUCOSOS: MENOS COMUM • Tipo 0: intracavitário (ex. mioma submucoso pediculado). • Tipo 1: <50% do diâmetro do mioma ocupa o miométrio. • Tipo 2: >= 50% do diâmetro do mioma ocupa o miométrio. MIOMAS INTRAMURAIS: MAIS COMUM • Tipo 3: tangência do endométrio, porém sem nenhum componente intracavitário. • Tipo 4: intramural e totalmente dentro do miométrio, porém sem extensão para a superfície endometrial nem para a serosa. • Tipo 5: subseroso sendo no mínimo 50% do diâmetro do mioma intramural. MIOMAS SUBSEROSOS: • Tipo 6: subseroso com menos de 50% do diâmetro do mioma sendo intramural. • Tipo 7: subseroso, fixado à serosa por um pedículo. • Tipo 8: ausência de acometimento miometrial, inclui localização cervical ligamentar (redondo ou largo) sem fixação direta no útero e miomas ¨parasitos¨. APRESENTAÇÃO CLÍNICA ANAMNESE: • Quadro clínico: geralmente são assintomáticos. • Quando sintomáticos: hipermenorreia, dor pélvica, sintomas urinários, sintomas intestinais, dismenorreia, infertilidade. • Fatores de risco: raça negra, nuliparidade, menarca precoce, obesidade, história familiar. EXAME FÍSICO: • Toque vaginal bimanual: útero aumentado de volume e superfície irregular. No entanto, dependendo do tamanho e da localização, pode não alterar o exame. • Exame especular: pode visualizar mioma submucoso parido ou mioma cervical. • Exame abdominal: massa palpável em região pélvica, superfície irregular e, por vezes, dolorosa. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA O diagnóstico dos leiomiomas uterinos é baseado na imagem pélvica, sendo tipicamente realizado com base em um achado por USG pélvico de leiomiomas, embora outras modalidades de imagem possam ser usadas. • USG-TV/USG pélvico: evidencia massa hipoecoica arredondada, bem delimitada e frequentemente sombreada. Por vezes, em situações em que haja degeneração calcificada, pode aparecer como aglomerados ou calcificações semelhantes a uma borda dentro da massa. MIOMATOSE UTERINA Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 • Histerossonografia: evidencia lesões submucosas (algumas das quais não podem ser observadas na USG de rotina) e miomas intramurais que se projetam para a cavidade endometrial, promovendo distorção desta. • Histeroscopia: promove a visualização direta da cavidade, permitindo a avaliação de lesões que possam ter passado despercebidas aos exames de imagem (ex. mioma pediculado) e facilita o planejamento terapêutico. • RNM da pelve: é o exame de imagem mais específico para dimensionar a localização e tamanho do leiomioma, permitindo o diagnóstico diferencial com adenomiose e leiomossarcoma. • Exames de rotina: hemograma: pode evidenciar anemia ferropriva. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Adenomiose. • Pólipo endometrial. • Leiomiossarcoma. • Doença metastásica. • Leiomioma variante. • Sarcoma endometrial. • Hematométrio. • Gestação. ABORDAGEM TERAPÊUTICA A abordagem terapêutica deve ser individualizada, com base em fatores como: • Tipo e gravidade dos sintomas. • Tamanho do(s) mioma(s). • Localização do(s) mioma(s). • Idade da paciente. • Planos reprodutivos e história obstétrica. ❖ Assintomática que não deseja gestar: conduta conservadora e acompanhamento. ❖ Assintomática que deseja gestar: se for submucoso e/ou intramural abaulando a cavidade, deve-se indicar a miomectomia (preferencialmente pela via histeroscópica). ❖ Sintomática que não deseja gestar: avaliar se há anemia. Se presente, deve-se tratar (caso haja indicação). Uma opção é o uso de análogo de GnRH por, no máximo, 6 meses (pelo risco de perda de massa óssea), visando cessar o sangramento e normalizar os níveis de hemoglobina. Outra opção para o tratamento do sangramento uterino é o uso de Progesterona oral/injetável, contraceptivos combinados oral/injetável/vaginal/transdérmico. ❖ Sem alteração da cavidade: as opções são SIU- LNG, progesterona oral/injetável, contraceptivos cominados oral/injetável/vaginal/transdérmico, ablação endometrial, embolização das artérias uterinas, miomectomia, histerectomia. ❖ Com alteração da cavidade: avaliar a necessidade de miomectomia ou histerectomia, progesterona oral/injetável, contraceptivos combinados oral/injetável/vaginal/transdérmico. ❖ Sintomática que deseja gestar: avaliar se há abaulamento da cavidade uterina e/ou anemia. Se anemia presente em virtude da metrorragia, deve-se tratar. Uma opção é o uso de análogo de GnRH por, no máximo, 6 meses (pelo risco de perda de massa óssea), visando cessar o sangramento e normalizar os níveis de hemoglobina. Toda paciente com sangramento uterino deve ser submetida à VHSC com biópsia para descartar neoplasia de endométrio e alteração da cavidade uterina. Caso haja abaulamento da cavidade uterina, deve ser indicado a miomectomia, pois a presença do abaulamento pode dificultar a implantação do embrião. Com advento da cirurgia minimamente invasiva, pode- se indicar também a embolização da artéria uterina (realizado por radiologia intervencionista).
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