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22/03/2021 1 Princípios Gerais De Direito Ambiental Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. LEI DA MATA ATLÂNTICA [11.428/2006] Art. 6º A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. Parágrafo único. Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados os princípios da função socioambiental da propriedade, da eqüidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade. LEI DA POLÍTICA NACIONAL SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA [12.187/2009] Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será considerado o seguinte: LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS [12.305/2010] Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 2 I - a prevenção e a precaução; II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; IV - o desenvolvimento sustentável; V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; • VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; IX - o respeito às diversidades locais e regionais; X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. • Novo Código Florestal Brasileiro de 2012 [12.651/2012] Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; II - reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; III - ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; IV - responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 3 V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. • A DIMENSÃO ECOLÓGICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA “No contexto constitucional contemporâneo, consolida-se a formatação de uma dimensão ecológica da dignidade humana, que abrange a ideia em torno de um bem- estar ambiental (assim como de um bem-estar individual e social) indispensável a uma vida digna, saudável e segura. Dessa compreensão pode-se conceber a indispensabilidade de um patamar mínimo de qualidade (e segurança) ambiental para a concretização da vida humana em níveis dignos. Aquém de tal padrão ecológico, a vida e a dignidade humana estariam sendo violadas no seu núcleo essencial.”(SARLET, 05/2020)SARLET, Wolfgang, I. (2020). Curso de Direito Ambiental. [[VitalSource Bookshelf version]]. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. Dimensão ecológica do princípio da dignidade da pessoa humana. “Direito ambiental. Agravo em recurso especial. Responsabilidade civil. (...) Princípio da insignificância. Inaplicável em sede de responsabilidade civil ambiental. Derramamento de óleo. Poluição. Degradação ambiental. (...) 3. O bem ambiental é imensurável, não tem valor patrimonial, trata-se de um bem difuso, essencial à coletividade. Dessa forma, a violação da norma ambiental e do equilíbrio sistêmico não comporta a ideia de inexpressividade da conduta para aplicação do princípio da insignificância, pois o interesse protegido envolve toda a sociedade e, em nome do bem-estar desta, é que deve ser aplicada. 4. Em qualquer quantidade que seja derramamento de óleo é poluição, seja por inobservância dos padrões ambientais (inteligência do art. 3º, III, ‘e’, da Lei n. 6.938/1981, c/c o art. 17 da Lein. 9.966/2000), seja por conclusão lógica dos princípios da solidariedade, dimensão ecológica da dignidade humana, prevenção, educação ambiental e preservação das gerações futuras. (...) 6. Recurso especial provido para reconhecer a inaplicabilidade do princípio da insignificância em matéria de responsabilidade civil ambiental” (STJ, AREsp 667.867/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, j. 17.10.2018). Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano (1972) Princípio 1: O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras Art. 2º da Lei 6.938/81: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DO ANIMAL NÃO-HUMANO E DA NATUREZA Enfrentamento a uma ideologia meramente antropocentrista Ampliação da proibição de práticas que objetificam/coisificam animais não humanos. 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 4 Ampliação da proibição de práticas que objetificam/coisificam animais não humanos. Reconhecimento outras formas de vida tem um fim em si mesmo, valor próprio, não meramente instrumental. Art. 225, § 1º, VII, da CF/1988: “Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. “Antropocentristas Ecológicos (ou moderados)” X “Biocentristas e Ecocentristas” Exemplos: leis de crimes ambientais; reconhecimento pela jurisprudência do STJ e STF Prevenção • Danos ambientais e impactos já conhecidos; • Com causas reconhecidas cientificamente; • Precaução • Incerteza Científica sobre possíveis impactos/efeitos de uma substância/tecnologia • In dubio pro natura • Inversão do ônus da prova Declaração do Rio de Janeiro Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO/1992): Princípio nº 15: De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para precaver a degradação ambiental. PREVENÇÃO “AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA. LEGITIMIDADE. PESSOA JURÍDICA INTERESSADA. POSSIBILIDADE DE GRAVE LESÃO À ORDEM E ECONOMIA PÚBLICAS. EXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DEFERIDO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (...) III – O transporte de animais do Estado do Rio Grande do Norte (área não livre de febre aftosa) para o Estado do Tocantins (área livre da referida moléstia), sem o cumprimento dos normativos aplicáveis, pode, em tese, causar a contaminação do rebanho do local de destino, o que enseja grave lesão à ordem e à economia públicas. V - A sobrelevação dos riscos permite concluir pela aplicação do princípio da prevenção, pois o perigo de grave dano ou de lesão irreversível é passível de ocorrência em caso de contaminação. Agravo regimental desprovido” (STJ, AgRg na SLS 1749/RN, Corte Especial, Rel. Min. Felix Fischer, j. 15.05.2013). • PRECAUÇÃO PNMA: Art. 1º, V; Art. 9º, III e IV (Avaliação de impacto ambiental e licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras) CF/1988: Art. 225 §1º, IV e V Lei dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (9.605/98), Art. 54 - Crime de Poluição: Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora[...] 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 5 destruição significativa da flora[...] “§3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível” Lei de Biossegurança (11.105/2005): ““esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente”. RECOMENDAÇÃO: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/06/info-829- stf.pdf PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Equilíbrio entre utilização de recursos naturais, crescimento econômico e equidade social Relatório Bruntland ou Nosso Futuro Comum (1987): “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” • CF/1988, Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; Princípio nº 04, Declaração do Rio (ECO/1992): Para se alcançar um desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada separadamente. ADPF 101 – Proibição de Importação de Pneus Usados: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=629955 • OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs POLUIDOR PAGADOR • Internalizar os custos ecológicos nas práticas produtivas p/ evitar que sejam suportados por toda sociedade. • Princípio 16 Declaração do Rio sobre Meio ambiente e desenvolvimento (1992):“As autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”. • PNMA, art. 4º, inciso VII; • Exemplo: Compensação ambiental (Art. 36 SNUC) 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 6 • Exemplo: Compensação ambiental (Art. 36 SNUC) USUÁRIO PAGADOR • Adequar as práticas de consumo a padrões racionais e sustentáveis; tecnologia limpa; certificação ambiental; rotulagem; reutilização e reciclagem • PNRH – art. 5º IV “cobrança pelo uso dos recursos hídricos” • PRINCÍPIO DO CONSUMO SUSTENTÁVEL • Pesquisar a origem, os processo, recursos naturais e tecnologias utilizadas, a geração de resíduos etc. • Responsabilidade pós consumo ( pelo Ciclo de vida do produto). Dever jurídico (Art. 6º, VII – Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos): VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; • Mudança de atitude, reutilização e reciclagem, rotulagem,certificação Política de Educação para o Consumo Sustentável (Lei nº 13.186/2015) Art. 2º São objetivos da Política de Educação para o Consumo Sustentável: I - incentivar mudanças de atitude dos consumidores na escolha de produtos que sejam produzidos com base em processos ecologicamente sustentáveis; II - estimular a redução do consumo de água, energia e de outros recursos naturais, renováveis e não renováveis, no âmbito residencial e das atividades de produção, de comércio e de serviços; III - promover a redução do acúmulo de resíduos sólidos, pelo retorno pós-consumo de embalagens, pilhas, baterias, pneus, lâmpadas e outros produtos considerados perigosos ou de difícil decomposição; IV - estimular a reutilização e a reciclagem dos produtos e embalagens; V - estimular as empresas a incorporarem as dimensões social, cultural e ambiental no processo de produção e gestão; VI - promover ampla divulgação do ciclo de vida dos produtos, de técnicas adequadas de manejo dos recursos naturais e de produção e gestão empresarial; VII - fomentar o uso de recursos naturais com base em técnicas e formas de manejo ecologicamente sustentáveis; VIII - zelar pelo direito à informação e pelo fomento à rotulagem ambiental; IX - incentivar a certificação ambiental. PROTETOR RECEBEDOR • Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010, art. 6º, II • Retribuir $ aqueles(as) que protegem o meio ambiente. Por ex., manutenção em propriedade privada de cobertura florestal para além das exigências legais (APP e RL) • Exemplo: Pagamento/Incentivos por serviços ambientais. Código Florestal, Art. 41, I • PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTRAGERACIONAL, INTERGERACIONAL E INTERESPÉCIES Fundamento dos direitos de 3ª dimensão; CF/1988, art. 3º, I: “construção de uma sociedade livre, justa e solidária” “erradicação da pobreza e da marginalização social e a redução das desigualdades sociais e regionais” JURISPRUDÊNCIA DO STJ. Princípio da solidariedade e justiça intergeracional. 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 7 JURISPRUDÊNCIA DO STJ. Princípio da solidariedade e justiça intergeracional. “Administrativo. Ambiental. Recurso especial. Supressão de vegetação. Necessidade de autorização. Princípio da solidariedade ambiental. Inexistência de direito adquirido a menor patamar protetivo. Fato consumado. Inviável em matéria ambiental. 1. Na origem, trata-se de ação declaratória ajuizada pelo recorrido contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo, na qual, o requerente sustentou que, sendo legítimo proprietário dos imóveis descritos na inicial, diligenciou perante o órgão competente visando autorização para a supressão da vegetação da área, recebendo orientação de que tais procedimentos estão submetidos à Resolução SMA-14, de 13 de março de 2008, que estabeleceu fatores condicionantes para tal fim. Diante da situação, na exordial, arguiu a inaplicabilidade das normas suscitadas, tendo em vista a superveniência da legislação ambiental ante a aquisição da propriedade e a aplicabilidade mitigada do Código Florestal às áreas urbanas. 2. Inicialmente, é importante elucidar que o princípio da solidariedade intergeracional estabelece responsabilidades morais e jurídicas para as gerações humanas presentes em vista da ideia de justiça intergeracional, ou seja, justiça e equidade entre gerações humanas distintas. Dessa forma, a propriedade privada deve observar sua função ambiental em exegese teleológica da função social da propriedade, respeitando os valores ambientais e direitos ecológicos. 3. Noutro ponto, destaco a firme orientação jurisprudencial desta Corte de que ‘a proteção ao meio ambiente não difere área urbana de rural, porquanto ambas merecem a atenção em favor da garantia da qualidade de vida proporcionada pelo texto constitucional, pelo Código Florestal e pelas demais normas legais sobre o tema’ (REsp 1.667.087/RS, de minha relatoria, Segunda Turma, julgado em 07.08.2018, DJe 13.08.2018). 4. Na espécie, não há um fato ocorrido antes da vigência do novo Código Florestal, a pretensão de realizar supressão da vegetação e, consequentemente, a referida supressão vieram a se materializar na égide do novo Código Florestal. Independentemente de a área ter sido objeto de loteamento em 1979 e incluída no perímetro urbano em 1978, a mera declaração de propriedade não perfaz direito adquirido a menor patamar protetivo. Com efeito, o fato de a aquisição e registro da propriedade ser anterior à vigência da norma ambiental não permite o exercício das faculdades da propriedade (usar, gozar, dispor, reaver) em descompasso com a legislação vigente. 5. Não há que falar em um direito adquirido a menor patamar protetivo, mas sim no dever do proprietário ou possuidor de área degrada de tomar as medidas negativas ou positivas necessárias ao restabelecimento do equilíbrio ecológico local. 6. Recurso especial provido” (STJ, REsp 1.775.867/SP, 2ª T., Rel. Min. Og Fernandes, j. 16.05.2019). PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO OU PRINCÍPIO DA GESTÃO COMUNITÁRIA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE ECOLOGIZAÇÃO DA PROPRIEDADE CF/1988, Art. 186: I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores CC/02, Art. 1.228, § 1º: “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 8 conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”. Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), art. 1º, parágrafo único: “estabelece normas de ordem econômica e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”, Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), art. 6º, parágrafo único, o princípio da função socioambiental da propriedade. Código Florestal de 2012 (Lei 12.651/12), art. 2º, § 2º, que “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural”. Art. 7º, §§ 1º e 2º; Art. 3º, II e III: APP e RL STJ: É incabível o pagamento de indenização ao proprietário de imóvel que tem o seu exercício limitado em razão do enquadramento da sua área em algum regime de proteção ambiental (por ex., área de preservação permanente e reserva legal) SARLET, Wolfgang, I. (2020). Curso de Direito Ambiental: “Trabalhando com o conceito genérico de função ambiental, Antonio Herman Benjamin aponta para a existência de uma “trindade de deveres” inerente ao conceito de função, o que encontra expressão na imposição de condutas positivas (e não mais apenas negativas) ou múnus que vai além do mero “não poluir”, mas também toma forma de missão constitucional no dever de defender, no dever de reparar e no dever de preservar, e este último estabelece para o cidadão tanto uma proibição (não poluir) quanto uma obrigação positiva (impedir também terceiros de poluírem). De igual modo, como assevera o autor, não há que falar em um direito adquirido de poluir, mas, sim, onde a poluição se fizer presente, há o dever do proprietário ou possuidor da área degradada de tomar as medidas – negativas ou positivas – necessárias ao restabelecimentodo equilíbrio ecológico no local.” VEDAÇÃO AO RETROCESSO ECOLÓGICO/AMBIENTAL E DEVER DE PROGRESSIVIDADE Protocolo de San Salvador Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1988): “toda pessoa tem direito a viver em um meio ambiente sadio e a contar com os serviços públicos básicos” (art. 11.1 )“os Estados-Partes promoverão a proteção e melhoramento do meio ambiente” (11.2). ACORDO DE ESCAZÚ (2018), Artigo 3 – Princípio da proibição do retrocesso ecológico PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL • Art. 4º, IX CF “Federalismo cooperativo ecológico” • Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (1972): Princípios 14, 22, 24 Princípio 24: “Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28 22/03/2021 9 reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam ter para o meio ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os estados”. • Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), art. 78 LC 140/2011 Art. 1o Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Art. 4º Instrumentos para cooperação: consórcios públicos, convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal, fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos, delegação de atribuições de um ente federativo a outro e delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro. Art. 6º: Ações de cooperação • 1 2 3 4 5 6 1 2 7 8 9 10 1 2 11 12 1 2 3 4 13 14 15 1 2 16 17 1 2 3 4 18 19 1 2 3 4 20 21 22 23 24 25 26 27 28
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