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5 - Casos clínicos em bacteriologia clínica

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Casos clínicos em bacteriologia clínica
Apresentação
As infecções causadas por bactérias são responsáveis por um significativo número de casos 
clínicos, que apresentam diversas características a serem consideradas para o diagnóstico da 
doença e do agente etiológico. As manifestações clínicas e a comunicação da avaliação diagnóstica 
presuntiva do médico, junto à equipe laboratorial, são fundamentais para o sucesso do diagnóstico 
e do tratamento da doença. O estudo de casos clínicos é uma prática eficaz e recorrente que 
enriquece o aprendizado das técnicas diagnósticas e das características das infecções bacterianas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá casos clínicos relacionados aos principais tipos 
de infecções causados por bactérias, bem como os principais métodos diagnósticos disponíveis na 
bacteriologia clínica.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as principais infecções causadas por bactérias gram-positivas. •
Reconhecer situações clínicas causadas por bactérias gram-negativas. •
Avaliar os principais métodos diagnósticos utilizados em bacteriologia clínica. •
Infográfico
As principais bactérias, que causam infecções e complicações locais ou sistêmicas em seres 
humanos, são representadas em alguns grupos bem definidos.
No Infográfico a seguir, conheça mais sobre os principais grupos de bactérias patogênicas e alguns 
de seus representantes.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9bc804c1-7560-43e7-9b17-21bef277fd83/aa3e7645-850c-46f9-b66b-4df2074752f8.png
Conteúdo do livro
Infecções causadas por bactérias, adquiridas em comunidade ou em ambientes hospitalares, são um 
grave problema de saúde. Relatos de caso são utilizados para compreender essas infecções e a 
melhor maneira de diagnosticá-las.
No capítulo Casos clínicos em bacteriologia clínica, da obra Bacteriologia clínica, base teórica desta 
Unidade de Aprendizagem, conheça mais sobre as principais infecções causadas por bactérias e os 
principais métodos de diagnóstico utilizados para detecção e identificação dos agentes etiológicos.
Bons estudos.
BACTERIOLOGIA 
CLÍNICA 
César Henrique Yokomizo
Casos clínicos em 
bacteriologia clínica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as principais infecções causadas por bactérias gram-positivas.
 � Reconhecer situações clínicas causadas por bactérias gram-negativas.
 � Avaliar os principais métodos diagnósticos utilizados em bacteriologia 
clínica.
Introdução
Neste capítulo, você vai saber mais sobre casos clínicos causados por 
bactérias gram-positivas e gram-negativas, bem como metodologias 
de diagnóstico e tratamento nesses casos. As patologias apresentam 
quadros clínicos peculiares, dependendo do agente etiológico, que pode 
ser local ou sistêmico.
Diagnósticos clínicos representam uma etapa inicial dentro do pro-
cesso investigativo de doenças infecciosas, que posteriormente passa 
por validação por meio de diversos métodos diagnósticos laboratoriais.
Casos clínicos de infecções causadas por 
bactérias gram-positivas
Casos clínicos de infecções ocasionadas por bactérias gram-positivas são 
comuns. A seguir veremos alguns exemplos.
Enterococcus faecium
I.V.M.C, dois anos, sexo feminino, admitida na enfermaria de hospital pedi-
átrico, onde a mãe relatou febre persistente (20 dias), rinorreia purulenta e 
episódios de convulsões, com diagnostico inicial de pneumonia. 
 � Manifestações clínicas, resultados diagnósticos e tratamento: ini-
ciou-se tratamento de antibioticoterapia com meropenem em função do 
histórico hospitalar. Após cinco dias de internação, a paciente continuava 
hipersecretiva, apresentando episódios de cianose central e queda de 
saturação de oxigênio, com evolução do quadro para insuficiência 
respiratória aguda e síndrome do desconforto respiratório agudo, sendo 
realizada intubação orotraqueal e mantida sob ventilação mecânica. 
A paciente precisou ser transferida para unidade de terapia intensiva 
(UTI) pediátrica, onde evoluiu para choque séptico descompensado por 
microrganismos multirresistentes, até então não identificados. Recebeu 
doses de drogas vasoativas concomitante à múltipla antibioticoterapia, 
vancomicina, inclusive. O quadro teve nova evolução para insuficiência 
renal aguda, sendo realizada diálise peritoneal durante 10 dias, mas 
interrompida em função de infecção de líquido peritoneal por micróbio 
multirresistente. Após, foi realizado novo período de hemodiálise por 
10 dias. Após período de 40 dias, iniciou tratamento com linezolida 
empiricamente, resultando em melhora clínico-radiológica após dois 
dias de início do uso do antibiótico. A hemocultura e a cultura de 
ponta de cateter femoral deram positivas para a bactéria Enterococcus 
faecium, cepa com resistência à vancomicina. Realizou-se, então, um 
eletrocardiograma (ECG) transtorácico que acusou vegetação no átrio 
direito, indicativo de endocardite. A antibioticoterapia com linezolida 
foi mantida por 42 dias e a paciente permaneceu entubada sob venti-
lação mecânica durante aproximadamente 72 dias. Após o período, a 
paciente evoluiu com progressiva regressão de vegetação atestada por 
ECGs transtorácicos seriados até o ponto de não ser mais possível a 
detecção, ao fim do tratamento, com hemocultura negativa após sete 
dias do início do tratamento, recebendo alta hospitalar após o longo 
período de 130 dias de internação (FEITOSA et al., 2015). 
Staphylococcus aureus 
F.M., mulher, 50 anos, dá entrada no setor de emergência e é internada em 
razão de febre alta, dispneia e perda ponderal involuntária. A acompanhante 
da paciente relata que esta apresentou sudorese e calafrios nas últimas duas 
semanas, além de dificuldade de se alimentar, causando anorexia. Houve 
aumento progressivo da dispneia na última semana. Por fim, apresentou sopro 
cardíaco. 
Casos clínicos em bacteriologia clínica2
 � Manifestações clínicas: temperatura corporal de 38,5 °C, pulsação e 
respiração baixas, 88/min e 18/min, respectivamente, e pressão arterial 
normal, 120/80 mmHg. Exame físico indicou progressiva dificuldade 
respiratória e manchas de Roth nos olhos. Há pequenas lesões nas 
extremidades da mão direita e presença de nódulos de Osler (Figura 1). 
Ainda, é perceptível o aumento no tamanho do baço. 
 � Resultados diagnósticos: radiografia torácica não apontou alterações no 
coração ou nos pulmões. Hematócrito de 30 % (nível baixo), contagem 
de leucócitos alta (10.000/µl), sendo 70% de polimorfonucleares (PMN), 
26% de linfócitos e 4% de monócitos. Foram realizadas hemoculturas 
que apontaram para a presença de cocos gram-positivos, posteriormente 
identificados como S. aureus. 
 � Tratamento: paciente diagnosticada com endocardite da valva mitral, 
sendo tratada com penicilina G e gentamicina por três semanas. A febre 
cessou após quatro dias de tratamento. Manteve um tratamento adequado 
da cardiopatia após o fim da antibioticoterapia (BROOKS et al., 2014). 
Figura 1. Nódulos de Osler típicos de pacientes com endocardite.
Fonte: Galindo (2010, documento on-line).
3Casos clínicos em bacteriologia clínica
Streptococcus pneumoniae 
A.C.S, homem, 42 anos, dá entrada no pronto-socorro do hospital apresentando 
febre, dor intensa no lado direito do tórax ao tossir e hemoptise (sangue no 
escarro). O paciente relata que, na noite do dia anterior, acordou em decorrência 
de calafrio e sudorese intensa e, ainda, que é etílico, nível moderado a intenso, 
e já passou por internação há três anos por conta de bronquite. 
 � Manifestações clínicas: temperatura de 39,5 °C, pulso de 135/min, 
respiração a 30/min e pressão arterial a 130/90 mmHg. Exame físico 
apontou sobrepeso, tosse persistente com escarro apresentando sinais de 
hemoptise e endurecimento na região direita do tórax,além da presença 
de muco viscoso nas vias respiratórias superiores. 
 � Resultados diagnósticos: realizada radiografia torácica que apontou 
infiltrados multinodulares (Figura 2) no lado direito. Contagem leu-
cocitária de 17.000/µl, com 85% de células PMN, 10% de linfócitos e 
5% de monócitos. A amostra de escarro obtida apresentava-se amarela, 
ferruginosa (indicativo da presença de sangue), espessa e purulenta. 
Coloração de Gram para escarro mostrou alta quantidade de PMN e 
diplococos gram-positivos, indícios de S. pneumoniae, confirmada 
depois pela hemocultura e pela cultura do escarro. 
 � Tratamento: após a confirmação de pneumonia bacteriana por 
S. pneumonia, iniciou-se o tratamento com penicilina G, concomitante 
à ingestão de líquidos por via parenteral. Após 72 horas, o paciente 
estabilizou e eliminou grandes quantidades de escarro purulento. 
Manutenção da penicilina G por sete dias e após seis semanas realiza-
ção de nova radiografia do tórax, que não apontava mais infiltrados. 
Os exames de sangue apresentaram resultados dentro da normalidade 
(BROOKS et al., 2014).
Casos clínicos em bacteriologia clínica4
Figura 2. Radiografia de tórax apontando infiltrados na região direita.
Fonte: Tomatheart/Shutterstock.com.
Clostridium difficile
J.A.P., mulher, 80 anos, hospitalizada apresentando distensão e de dor abdo-
minal e diarreia mucosa, evoluindo para choque séptico. 
 � Manifestações clínicas: ao realizar o exame físico, constatou-se a 
presença de celulite nos membros inferiores, com manifestações de 
hipertermia, rubor e dor no local.
 � Resultados diagnósticos: realizada retossigmoidoscopia, que mos-
trou diversas áreas contendo placas recobertas por secreção purulenta 
(Figura 3), circundadas por um edema mucoso, aspecto endoscópico 
compatível com colite pseudomembranosa de grau severo, causada 
por Clostridium difficile. Coletadas amostras de biópsias locais para 
histopatológico, estas mostraram inflamação crônica ulcerada. Exa-
mes de sangue iniciais resultaram em hemoglobina glicosilada: 10,8; 
hematócrito: 32,0; leucócitos: 33.200; e bastonetes: 18%.
5Casos clínicos em bacteriologia clínica
 � Tratamento: tratamento inicial com metronidazol 400 mg de 8/8 horas, 
associado à vancomicina 500 mg de 6/6 horas, todos por via oral, com 
evolução favorável (clínica e laboratorial). Após tratamento inicial, 
paciente tratada por sete dias com ciprofloxacino 500 mg de 12/12 
horas com boa evolução, melhora no padrão inflamatório da mucosa 
do sigmoide, visualizada por novo exame de retossigmoidoscopia após 
sete dias de tratamento. Após 35 dias a partir da primeira entrada, a 
paciente retorna com o mesmo quadro inicial (distensão, dor abdominal 
e diarreia mucosa) (CARVALHO; ANDREANI; PERAZZOLI, 2017).
Figura 3. Retossigmoidoscopia inicial 
mostrando placas purulentas.
Fonte: Adaptada de Carvalho, Andreani e 
Perazzoli (2017).
Listeria monocytogenes
C.Z.F., 31 anos, sexo feminino, na 22ª semana da segunda gestação, relatando 
dispneia, cefaleia, dor retro-orbitária e mialgia, que tiveram início há aproxi-
madamente 20 dias. Negou uso de medicação diária, doenças crônicas, etilismo 
e/ou tabagismo. Relatou internação prévia na qual recebeu o diagnóstico de 
insuficiência cardíaca congestiva e lúpus eritematoso sistêmico, sendo recei-
tada digoxina 0,25 mg/dia, espironolactona 25 mg/dia e prednisona 20 mg/
dia. Recebeu alta hospitalar em uso dessas medicações, mas com manutenção 
do quadro febril. 
Casos clínicos em bacteriologia clínica6
 � Manifestações clínicas: à internação, a paciente apresentava-se pros-
trada, desidratada e com mucosas hipocoradas e anictéricas, pressão 
arterial sistêmica de 100 × 60 mmHg, frequência cardíaca de 100 bpm 
e temperatura axilar de 39,1 °C. O exame do aparelho respiratório 
apresentou sons respiratórios diminuídos bilateralmente e sem ruídos 
adventícios. Abdome globoso, com ruídos hidroaéreos presentes, in-
dolor e com útero palpável no nível da cicatriz umbilical. O feto está 
em boas condições. 
 � Resultados diagnósticos e tratamento: os exames laboratoriais 
resultaram em: hemácias: 3,06 × 106/mm3; hemoglobina glicosilada: 
9,2%; hematócrito: 26,4%; global de leucócitos: 12.400/mm3 com 
9% de bastonetes, 84% de segmentados, 4% de linfócitos e 3% de 
monócitos; plaquetas: 242.000/mm3; velocidade de hemossedimen-
tação: 95 mm; e exame de urina dentro da normalidade. Coleta de 
amostras para hemocultura e urocultura. Durante a internação, a 
paciente evoluiu com quadro súbito de taquidispneia e dor abdominal 
com cólica, com interrupção dos movimentos fetais. A avaliação 
obstétrica mostrou o colo pérvio (1 cm), posterior, com ausência 
de sangramentos e secreção brancacenta em quantidade moderada. 
Batimentos cardiofetais em 140 bpm. No quinto dia de internação, a 
febre cessou, mas a paciente apresentou sangramento vaginal intenso 
e dor em cólica de forte intensidade. À avaliação, a equipe obstétrica 
constatou que a paciente estava em trabalho de parto pré-termo com 
contrações uterinas efetivas e colo dilatado (9 cm). O neonato morreu 
após o nascimento. A hemocultura da paciente evidenciou crescimento 
do bacilo gram-positivo Listeria monocytogenes (Figura 4), presente 
provavelmente em função da diminuição da imunidade celular da 
gestante. Iniciou-se ampicilina endovenosa na dose de 1 g, quatro vezes 
ao dia, por 10 dias. A paciente manteve melhora clínica, recebendo 
alta hospitalar com uso de ampicilina oral durante 11 dias (SOUZA; 
ARAÚJO; FERREIRA, 2010).
7Casos clínicos em bacteriologia clínica
Figura 4. Ilustração de Listeria monocytogenes.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock.com.
Mycobacterium tuberculosis
C.J.S., sexo masculino, 43 anos, portador de HIV, relatando visão turva no 
olho esquerdo, acompanhada de cefaleia na região frontotemporal e dispneia. 
 � Manifestações clínicas: o exame oftalmológico inicial mostrou: acui-
dade visual corrigida no olho direito (1,0) e no olho esquerdo visão 
apenas de vultos; tonometria de 14 mm HgAO e granuloma coroidiano 
na região macular do olho esquerdo.
 � Resultados diagnósticos: realizado teste de Ziehl-Neelsen, que iden-
tificou M. tuberculosis (Figura 5), com diagnóstico de tuberculose 
pulmonar miliar e lesões nodulares no lobo temporal direito visualizadas 
por tomografia computadorizada de crânio, bem como nas regiões 
temporo-occipital e parietal à esquerda. Realizada biópsia das lesões, 
apontando para processo inflamatório crônico granulomatoso indicativo 
de tuberculoma cerebral. Realização de outros exames diversos: quan-
tificação de CD4 = 88 cels/mm3; carga viral < 80 cópias/ml; venereal 
desease research laboratory (VDRL) negativo; teste tuberculínico não 
reagente; sorologia para toxoplasmose imunoglobulina G (IgG) positivo 
e imunoglobulina G (IgM) negativo; e sorologia para citomegalovírus 
IgG positivo e IgM negativo. 
Casos clínicos em bacteriologia clínica8
 � Tratamento: esquema de antibioticoterapia RIP (rifampicina, isoniazida 
e pirazinamida), clássico para tuberculose, prontamente iniciado, mas 
modificado após um mês para a associação de estreptomicina, etambu-
tol e ofloxacina, em função de interação com a terapia antirretroviral 
(Biovir, Ritonavir e Saquinavir). Após dois meses de tratamento, novos 
exames foram realizados e o paciente apresentava CD4 = 141 cels/mm3, 
carga viral < 80 cópias/ml, além da completa cicatrização do granuloma 
coroidiano e manutenção da acuidade visual do olho esquerdo, com a 
visualização apenas de vultos (COSTA et al., 2003).
Leitores do material impresso, para visualizar as figuras 
deste capítulo em cores, acessem o link a seguir ou o 
código QR ao lado.
https://qrgo.page.link/UM6x3
Figura 5. Pontos vermelhos representativos de M. 
tuberculosis corada pela técnica de Ziehl-Neelsen.
Fonte: OneMashi/Shutterstock.com.
9Casos clínicos em bacteriologia clínica
Casos clínicos de infecções causadas por 
bactérias gram-negativas
A seguir, são apresentados diversos casos clínicos de doençasinfecciosas 
causadas por diferentes espécies de bactérias gram-negativas. 
Helicobacter pylori
 A.F.T., 13 anos, sexo feminino, dá entrada no setor de alergia e imunologia 
do hospital, apresentando urticária há um mês. Uso prévio de desloratadina 
(5 mg/dia) por sete dias e usando prednisona (40 mg/dia) há mais de 15 dias, 
apresentando discreta melhora no quadro clínico. Paciente com histórico de 
rinite alérgica intermitente leve e dor epigástrica acompanhada de queimação e 
sensação de plenitude gástrica há dois meses, sendo que esta última melhorava 
após uso de omeprazol (20 mg/dia). A paciente relata asma na idade escolar.
 � Manifestações clínicas, resultados diagnósticos e tratamento: exame 
físico apontou lesões urticariformes no dorso do tronco. Tratamento 
com hidroxizina (50 mg/dia), desloratadina (5 mg/dia) e ranitidina (300 
mg/dia) por quatro meses. Posteriormente, a ranitidina foi trocada 
por prednisona (40 mg/dia) por cinco dias, sem apresentar melhoras. 
Acrescentou-se montelucaste (10 mg/dia) e rupatadina (10 mg/dia), 
sem alteração do quadro. Realizada extensa investigação laboratorial 
para identificação etiológica, mas sem sucesso, e uma vez que não foi 
verificada melhora significativa no quadro de urticária e em razão 
da piora progressiva dos sintomas gastrintestinais, foi solicitada uma 
endoscopia digestiva alta (EDA) com pesquisa para o Helicobacter 
pylori, com resultado evidenciando gastrite crônica ativa moderada 
associada ao Helicobacter pylori. Iniciado tratamento com amoxacilina 
(2 g/dia), claritromicina (1 g/dia) e omeprazol (40 mg/dia) por sete dias. 
Paciente orientada a manter uso de rupatadina por mais sete dias. Após 
25 dias, já sem usar anti-histamínico, sem queixas gastrintestinais e com 
o quadro urticariforme discreto, a paciente foi submetida ao teste do 
soro autólogo, que se mostrou não reativo. O quadro evoluiu para lesões 
ocasionais que, após um período, cessaram. Uma nova EDA com biópsia 
foi realizada após nove meses, para ter um controle do tratamento, e 
demonstrou mucosa gástrica normal e ausência de Helicobacter pylori 
(BRUSCKY; ROCHA; COSTA, 2013).
Casos clínicos em bacteriologia clínica10
Treponema
C.H.Y., 37 anos, sexo masculino, é atendido no serviço de emergência. Relata 
de dor em peso no andar superior do abdome com irradiação para região 
torácica dorsal há 15 dias. Amenização da dor ao adotar a posição ortostática 
e agravamento em decúbito lateral. Surgimento de lesões cutâneas há 10 dias 
e picos febris de 38 °C há sete dias. 
 � Manifestações clínicas: ao exame clínico, o paciente apresentou estado 
geral regular, anictérico, acianótico, taquipneico, com gânglios palpá-
veis na cadeia inguinal esquerda, endurecidos e dolorosos. Ausculta 
pulmonar diminuída bilateralmente, com sibilos em terços superiores 
e crepitações na base pulmonar esquerda.
 � Resultados diagnósticos: radiografia torácica mostrou diminuição da 
transparência no terço inferior do pulmão esquerdo e provável nódulo 
pulmonar à esquerda. Hemograma completo apontou leve neutrofilia e 
bioquímica normal. Internação na enfermaria do setor de pneumologia. 
Realizada pesquisa de bactérias álcool-ácido resistentes (BAAR) e fun-
gos no escarro, que resultaram negativas, e realizado teste de ensaio de 
imunoabsorção enzimática (ELISA) para HIV não reagente. Tomografia 
computadorizada do tórax apontou múltiplos nódulos pulmonares, sendo 
dois deles com tamanhos superiores a 2 cm, com área de necrose central 
e continuidade com a pleura. O exame dermatológico evidenciou lesões 
papulosas, eritemato-rosadas (Figura 6), com halo eritematoso na base 
e distribuição no tórax e abdome. Somando-se às outras, presença de 
lesões papulosas, achatadas, um pouco pálidas, localizadas na região 
anal e sugestivas de condiloma plano. Solicitada sorologia para sífilis 
e biópsia de lesão cutânea. VDRL positivo a 1/1024 e fluorescent tre-
ponemal antibody absorption test (FTA-ABS) reagente. Presença de 
infiltrado inflamatório na parede de pequenos vasos exibindo células 
ativadas, histopatológico dos vasos compatível com sífilis. 
 � Tratamento: paciente tratado com penicilina G benzatina 2.400.000 UI 
via intramuscular, em duas sessões semanais. Administração de predni-
sona 40 mg, via oral, duas horas antes da administração de penicilina, 
para evitar a reação de Jarisch-Hexheimer. Paciente obteve melhora 
satisfatória, com desaparecimento das lesões cutâneas e anais. Por 
fim, VDRL negativo e regressão dos achados radiológicos, bem como 
normalização do líquido cerebrospinal (LCS) (OLIVEIRA et al., 2007).
11Casos clínicos em bacteriologia clínica
Figura 6. Lesões eritemato-papulosas disseminadas 
no tronco.
Fonte: Adaptada de Oliveira et al. (2007).
Neisseria meningitidis
Uma criança, sexo masculino, cinco anos de idade, histórico de desenvolvi-
mento normal, chega ao serviço de emergência do hospital acompanhado pelos 
pais, que relatam febre intensa, vômitos e falta de apetite.
 � Manifestações clínicas: temperatura de 39 °C, pressão arterial de 
110/60 mmHg, desenvolvimento normal, peso e altura compatíveis, 
sonolência, positivo para sinal de Brudzinski e fortes indicativos de 
inflamação das meninges.
 � Resultados diagnósticos: coleta de amostra de sangue para hemocultura 
e hemograma, punção lombar realizada, indicando aumento de pressão 
intracraniana, e LCS com aspecto turvo. Amostra de LCS utilizada para 
coloração de Gram que mostrou diplococos gram-negativos, indicativos 
Casos clínicos em bacteriologia clínica12
de infecção por N. meningitidis. Resultados dos exames realizados 
com as amostras de sangue dentro da normalidade, mas a hemocultura 
apontou N. meningitidis, assim como a cultura de LCS (Figura 7). 
Proteína no LCS elevada (100 mg/dl) e nível de glicose baixo (15 mg/
dl), corroborando a suspeita de meningite. 
 � Tratamento: cefotaxima e dexametasona intravenosas logo após a 
entrada do paciente. Tratamento durante duas semanas com antibiotico-
terapia, paciente reestabelecido sem sequelas aparentes. Como medida 
profilática, recomendou-se o uso de rifampicina para as crianças da 
escola do paciente (BROOKS et al., 2014).
Figura 7. Neisseria meningitidis infectando células do líquido cerebrospinal.
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock.com.
Pseudomonas aeruginosa 
J.B.S., 62 anos, homem, diabético (diabetes melito tipo II), apresentando dor 
perianal durante sete dias. Após esse período, notou o aparecimento de um 
abaulamento com hiperemia e edema. Apresentava-se lúcido, hipocorado, 
eupneico, febril, prostrado e hemodinamicamente estável no momento da 
internação. 
13Casos clínicos em bacteriologia clínica
 � Manifestações clínicas: no exame físico foi detectada área de necrose, 
com secreção purulenta, edema e eritema que atingiam o saco escrotal, 
a região perianal e a região perineal.
 � Resultados diagnósticos: ao exame laboratorial sanguíneo apresentou 
38.000 leucócitos e 58% de bastonetes. A cultura da secreção mostrou 
crescimento de Pseudomonas aeruginosa. 
 � Tratamento: uso inicial de insulina regular subcutânea no controle 
do diabetes, sendo depois substituída por hipoglicemiantes orais até a 
alta hospitalar. Realizado desbridamento cirúrgico extenso do tecido 
necrótico no primeiro dia e colostomia em alça para desvio de trânsito 
intestinal. Iniciado tratamento com sulbactam sódico 3 g/dia e ampicilina 
sódica 6 g/dia, associado a metronidazol 500 mg/dia, com interrupção 
após 25 dias em razão de melhora clínica e laboratorial. No 24º dia de 
internação foi submetido à enxertia de pele parcial obtida das coxas. 
Alta após 38 dias de internação (HOFFMANN et al., 2009).
Mycoplasma pneumoniae
H.I.S, 14 anos, sexo feminino, dá entrada no Centro de Terapia Intensiva 
Pediátrica com histórico de tosse há sete dias. Relatou febre e desconforto 
respiratório no dia anterior à admissão. História pregressa da paciente mostrou 
duas ocorrências de pneumonia confirmadas. 
 � Manifestações físicas: no exame físico,a paciente apresentava fre-
quência respiratória de 50 rpm, frequência cardíaca de 140 bpm+ e 
temperatura de 37 °C. Ausculta pulmonar com estertores crepitantes 
na região direita.
 � Resultados diagnósticos e tratamento: exames laboratoriais apre-
sentaram hemoglobina 11,5 g/dl, leucócitos 12.500/µl, neutrófilos 55% 
e proteína C reativa 445 mg/dl. Radiografa de tórax com infiltrados 
difusos bilaterais. Iniciou tratamento com ceftriaxona e oxigenioterapia. 
Após 24 horas, os quadros clínico e respiratório pioraram. Radiografia 
e tomografia computadorizada de tórax mostraram derrame pleural 
bilateral (maior à esquerda) e aumento bilateral do infiltrado. Paciente 
Casos clínicos em bacteriologia clínica14
foi intubada e iniciou ventilação mecânica. Alterado o esquema de 
antibióticos para teicoplanina e imipenem. Após sete dias de anti-
bioticoterapia, a paciente permaneceu febril, sem melhora na PaO2/
FiO2. Hemocultura e pesquisa para P. carinii e tuberculose negativas. 
Sorologia para Mycoplasma pneumoniae (aglutinina indireta de mi-
cropartículas) e teste para aglutininas frias positivas, dando indício de 
pneumonia. Tratamento com claritromicina iniciado imediatamente. 
No 14º dia, a paciente foi extubada e transferida para a unidade pe-
diátrica. Interrompeu o uso de claritromicina após 14 dias e de metil-
prednisolona após sete dias (ALMEIDA; STAPE; TROSTER, 2011).
Escherichia coli 
G.L.S., mulher, 23 anos, buscou serviço médico em decorrência de aumento 
incomum na frequência urinária, observada nos últimos quatro dias, acompa-
nhado de disúria (dor ao urinar). A paciente observou alteração da coloração 
da urina para tom rosado, dando a impressão de presença de sangue.
 � Manifestações clínicas: temperatura corporal de 38 °C, pulsação 
normal (100/min), respiração baixa em 18/min e pressão arterial em 
110/70 mmHg. Durante o exame físico, demonstrou sensibilidade na 
área suprapúbica.
 � Resultados diagnósticos: amostra de sangue coletada apresentou 
contagem de leucócitos alta, 14.000/µl, nas proporções de 68% de 
PMN (também elevada), 22% de linfócitos e 10% de monócitos. Níveis 
de ureia, creatinina, glicose e eletrólitos no sangue, todos dentro da 
normalidade. Sedimento urinário foi examinado, apresentando grande 
quantidade de leucócitos, quantidade normal de eritrócitos e alta quan-
tidade de bactérias E. coli (Figura 8), sendo realizada uma cultura que 
produziu 106 unidades formadoras de colônias (CFU)/ml de cultura, 
demonstrando infecção do trato urinário.
 � Tratamento: a paciente foi medicada com sulfametoxazol e trimeto-
prima e eliminou a infecção dentro de quatro dias (BROOKS et al., 
2014). 
15Casos clínicos em bacteriologia clínica
Figura 8. Microscopia eletrônica de colônia de Escherichia coli.
Fonte: Carr (2016, documento on-line).
Klebsiella (caso com KPC+)
U.A.F., 73 anos, sexo masculino, dá entrada no hospital relatando dor abdo-
minal, náuseas, vômitos, abdome flácido e doloroso à palpação. 
 � Manifestações clínicas: dois dias após a admissão, iniciou-se antibio-
ticoterapia com ciprofloxacina e metronidazol em razão de desvio à 
esquerda no hemograma, considerado como indício de infecção bacte-
riana. Posteriormente, foram realizadas enterectomia e peritoniostomia. 
Paciente dá entrada na UTI, entubado com ventilação mecânica mantida 
até o dia seguinte, quando é realizada a primeira e única cultura de 
vigilância que teve resultado negativo. No mesmo dia foi detectada a 
presença de ferida operatória abdominal, local onde o paciente relatava 
dores. Paciente passou por cirurgia para fechamento de peritoniostomia 
e posteriormente foi transferido para a ala de clínica médica e cirúrgica 
com aspecto emagrecido e fraco e com dor abdominal, sendo realizadas 
drenagens diárias da secreção de ferida operatória. 
Casos clínicos em bacteriologia clínica16
 � Resultados diagnósticos e tratamento: exame laboratorial mostrou 
proteína C reativa elevada à 52,8 md/dl, com suspeita de foco infeccioso 
por presença de bactérias. No mesmo dia, foram coletadas duas hemo-
culturas de sangue periférico, que acusaram presença de K. pneumoniae 
resistente aos carbapenêmicos (KPC+), após teste de sensibilidade aos 
antimicrobianos representado pela concentração inibitória mínima. 
O paciente foi isolado e iniciou-se tratamento com associação de ami-
cacina, colistina, tigeciclina e meropenem, visando a reverter o quadro. 
A bactéria persistiu na corrente sanguínea, visualizada após a realização 
de novas hemoculturas. O paciente apresentou agravamento do quadro, 
liberando secreção em ferida operatória, causando nova transferência 
para a UTI. Alguns dias após a transferência, o paciente apresentou 
leucocitose intensa com desvio à esquerda extremo e presença elevada 
de procalcitonina sérica no valor de 27,58 ng/ml, com forte risco de 
choque séptico. Após um mês e meio do avanço do quadro clínico, o 
paciente evoluiu para choque séptico e óbito (PICOLOTTO, 2018).
Salmonella sp.
R.A.L., 22 anos, sexo masculino, com retrovirose há cinco anos e tratamento 
irregular, internado após chegar ao pronto-socorro com queixa de diarreia, 
astenia, febre, odinofagia e perda ponderal há três meses. 
 � Manifestações clínicas: no dia seguinte à entrada, evoluiu com perda 
súbita de força de membros inferiores, com evolução para redução da 
força de membros superiores e de musculatura orofacial, também com 
insuficiência respiratória aguda. 
 � Resultados diagnósticos: tomografia de crânio normal e LCS sem 
alterações. Suspeita de síndrome de Guillain-Barré não confirmada. 
Realizado exame de imunoglobulinas por quatro dias. Exames labora-
toriais apontavam para potássio de admissão de 3,7 mEq/L chegando a 
1,7 mEq/L, mesmo com reposição constante do eletrólito. A hemocultura 
do paciente mostrou infecção por Salmonella sp. 
 � Tratamento: administração de cefepime associado à melhora na con-
centração de potássio de 2,4 mEq/L para 3,3 mEq/L, com posterior 
normalização, concomitante à extubação do paciente por recuperação 
completa da força muscular corporal. Reposição de cálcio também 
realizada para resolução do quadro clínico (MACEDO; MONTEIRO; 
JOÃO, [2016]).
17Casos clínicos em bacteriologia clínica
Acesse o link a seguir e saiba mais sobre as principais síndromes infecciosas causadas 
por bactérias nesse manual de microbiologia clínica organizado pela Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária.
https://qrgo.page.link/9dQgs
Principais métodos diagnósticos em 
bacteriologia clínicos
A principal função das metodologias de diagnóstico em bacteriologia clínica 
é a detecção e a identificação do agente etiológico nas amostras coletadas. 
As principais técnicas e os principais métodos utilizados em microbiologia 
diagnóstica consistem em: 
 � amostras de fluídos ou tecidos coletados em que se busca identificação 
da morfologia do patógeno (microscopia e coloração de Gram); 
 � crescimento do agente etiológico em meios de cultura;
 � ensaios baseados em princípios imunológicos, nos quais antígenos dos 
agentes infecciosos são detectados; 
 � ensaios baseados em técnicas de biologia molecular, como a hibridização 
de DNA-DNA, DNA-RNA, amplificação de genes por reação em cadeia 
da polimerase (PCR);
 � observação de respostas imunológicas ou celulares em resposta à ex-
posição ao agente infeccioso ou uma parte deste.
Microscopia e coloração
A microscopia é provavelmente o exame mais simples e com menor custo na 
investigação de agentes etiológicos em infecções, podendo usar amostras co-
radas ou não coradas. A técnica oferece uma desvantagem que é a necessidade 
de os microrganismos estarem na concentração mínima de 105 células/ml. 
A coloração de Gram é muito utilizada para a distinção de bactérias gram-
-positivas (coloração púrpura-azulada) e gram-negativas (coloração vermelha), 
além de permitir a visualização da morfologia bacteriana e de células PMN.
Casos clínicos em bacteriologia clínica18
A detecção de BAAR não permite o uso de coloraçãoGram em função 
de características bioquímicas das bactérias, para tanto, é usada a coloração 
de Ziehl-Neelsen ou a coloração de Kinyoun, que são sensíveis à detecção 
de micobactérias. Os materiais e os procedimentos dessas técnicas estão 
expostos na Figura 9. 
Figura 9. Métodos de coloração de Gram e álcool-ácidos.
Fonte: Adaptada de Brooks et al. (2014, p. 755).
19Casos clínicos em bacteriologia clínica
A coloração de auramina-rodamina também é utilizada para detecção de 
BAAR, porém, é necessário um microscópio de fluorescência no laboratório. 
Por fim, existe a coloração com anticorpo imunofluorescente, que é bastante 
sensível e permite a detecção de uma vasta gama de microrganismos, porém, 
é uma técnica bastante trabalhosa e de alto custo (BROOKS et al., 2014). 
Meios de cultura
Os sistemas de cultura permitem inúmeras possibilidades para o diagnós-
tico bacteriológico, obtidas em função dos meios de cultura existentes e das 
amostras passíveis de serem cultivadas (sangue, urina e LCS). O ágar sangue 
é o meio de cultura padrão em sistemas de cultura, podendo ser usado tanto 
em estado sólido com em culturas líquidas, o meio é preparado geralmente 
com 5% de sangue de carneiro. O ágar chocolate, outro meio muito usado 
que supre as necessidades nutricionais para o crescimento dos microrganis-
mos, contém sangue aquecido que pode ser suplementado ou não. Patógenos 
responsáveis por meningite, por exemplo, crescem em ágar chocolate, mas 
não crescem em ágar sangue. O meio de ágar eosina azul de metileno é outro 
meio extensamente utilizado em sistemas de cultura. Amostras de LCS e de 
tecidos obtidos de biópsia usam caldos (caldo tríptico de soja) em meios que 
são altamente suplementados (BROOKS et al., 2014). 
Detecção de antígenos
A detecção de antígenos dos patógenos são realizadas por meio de ensaios 
imunoenzimáticos ou ELISA. O teste consiste basicamente da ligação de 
um anticorpo especifico a um antígeno proveniente do patógeno, a mistura é 
realizada geralmente em placas com diversos poços, permitindo realizar vários 
testes num mesmo ensaio. Os passos seguem da seguinte forma (BROOKS 
et al., 2014): 
1. adição das amostras contendo os antígenos e os anticorpos primários 
nos poços, seguida de um período de incubação;
2. realização de uma lavagem nos poços; 
3. adição de um segundo anticorpo conjugado a uma enzima, que irá se 
ligar ao anticorpo primário; 
4. adição do substrato da enzima, que irá reagir e causar uma mudança 
colorimétrica indicativa da presença do antígeno.
Casos clínicos em bacteriologia clínica20
Western blot
O princípio do teste western blot tem como base o teste imunológico ELISA, 
com a ligação de anticorpos primários e secundários aos antígenos do agente 
etiológico. A diferença fundamental é que as amostras são aplicadas em gel 
de poliacrilamida para serem separadas eletroforeticamente. As proteínas são 
então transferidas para fitas de nitrocelulose, que é incubada com os anticor-
pos e são detectados os antígenos após a ocorrência de reação enzimática 
(BROOKS et al., 2014). 
Diagnóstico molecular
A maioria dos testes moleculares usa o princípio da hibridização de DNA para 
detectar a presença de genes específicos em amostras de DNA provenientes dos 
patógenos. O teste utiliza uma sonda (fragmento) de DNA que é complementar 
à região do DNA ou RNA do patógeno a ser investigada. Essa sonda está mar-
cada com enzimas e, ao ocorrer a hibridização, ocorre a ativação da enzima 
e a atividade é detectada por quimioluminescência (BROOKS et al., 2014). 
Os diagnósticos moleculares também utilizam muito a técnica de PCR. 
A técnica consiste basicamente na síntese de oligonucleotídeos (primers) que 
são complementares a regiões flanqueadoras do gene de interesse e servem 
como iniciadores (primers) na reação da enzima polimerase. A enzima irá 
catalisar a replicação do gene de interesse e sua amplificação pode ser confir-
mada posteriormente com a aplicação da PCR em um gel de agarose. 
ALMEIDA, J. F. L. DE; STAPE, A.; TROSTER, E. J. Síndrome do desconforto respiratório 
agudo causada por Mycoplasma pneumoniae em uma criança: o papel da metil-
prednisolona e claritromicina. Einstein, v. 9, n. 3, parte 1, p. 386−388, 2011. Disponível 
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S1679-45082011000300386/1679-4508-eins-S1679-45082011000300386-pt.x26000.
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21Casos clínicos em bacteriologia clínica
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PICOLOTTO, M. K. da S. Isolamento da primeira cepa de Klebsiella pneumoniae pro-
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SOUZA, A. P. O.; ARAÚJO, G. M. B.; FERREIRA, M. J. Listeriose na gravidez. Revista Médica 
Minas Gerais, v. 20, n. esp., p. 432−434, 2010.
Casos clínicos em bacteriologia clínica22
 
Dica do professor
A bacterioscopia é um exame relativamente simples, rápido e que fornece valiosas informações 
diagnósticas. É muito importante na microbiologia clínica. É realizado por meio da observação 
direta, com auxílio do microscópio, do material recolhido.
Nesta Dica do Professor, você saberá mais sobre boas práticas e recomendações, para realização 
de bacterioscopia em casos de suspeita de infecção por Neisseria.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou cliqueno código para acessar.
 
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/877d7aeacaaf1383d657b4a94db12eb1
Na prática
Relatos de casos são poderosas ferramentas para compreender diagnósticos presuntivos, 
fornecidos por médicos, e planejar os exames laboratoriais mais adequados; estes serão realizados 
para obtenção de resultados diagnósticos laboratoriais, que comprovem a avaliação inicial.
Neste Na Prática, você conhecerá o relato de caso de um paciente acometido de uma da Síndrome 
de ativação macrofágica (SAM), e os métodos diagnósticos que a equipe de saúde utilizou para 
identificar o agente etiológico da doença e recomendar o tratamento mais adequado.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à 
assistência à saúde. Módulo 3: Principais Síndromes 
Infecciosas.
Neste guia, elaborado pela Anvisa, você poderá saber mais sobre diversos aspectos das principais 
síndromes infecciosas causadas por bactérias e outros agentes etiológicos. O guia reúne conteúdo 
sobre epidemiologia, patogênese, fatores de risco e diagnósticos laboratoriais.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Discussão de casos clínicos - Infecção do trato urinário - Dr. 
Gustavo Prata
Acesse o site Edisciplinas da USP e assista à vídeo-aula do Prof. Dr. Gustavo Prata, da FMRP-USP; 
são apresentados diversos casos clínicos de infecção do trato urinário.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Recomendações da sociedade brasileira de patologia 
clínica/medicina laboratorial (SBPC/ML): boas práticas em 
Microbiologia clínica
Neste guia da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica, você terá acesso a diversas recomendações 
de boas práticas em Microbiologia clinica, abrangendo diversos métodos de rotina, mais 
especializados.
https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/modulo-3---principais-sindromes-infecciosas.pdf
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1239714
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/Microbiologia.pdf

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