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1 1. Conhecer os diagnósticos diferenciais da dor torácica de origem infecciosa. Mediastinite: é uma inflamação do mediastino. A mediastinite aguda geralmente resulta de perfuração do esôfago ou esternotomia mediana. Os sintomas incluem dor torácica intensa, dispneia e febre. O diagnóstico é confirmado por radiografia de tórax ou TC. O tratamento é com antibióticos (p. ex., clindamicina mais ceftriaxone) e, algumas vezes, cirurgia. Pericardite: é a inflamação do pericárdio, geralmente com acúmulo de líquido. Pode ser causada por muitos distúrbios (p. ex., infecção, infarto do miocárdio, trauma, tumores e distúrbios metabólicos), mas com frequência é idiopática. Os sintomas incluem dor ou compressão torácica exacerbada muitas vezes por respiração profunda. O débito cardíaco pode ser significativamente reduzido se houver tamponamento cardíaco ou pericardite constritiva. O diagnóstico baseia-se em sintomas, atrito, alterações no ECG e evidências de acúmulo de líquido pericárdico em radiografia ou ecocardiograma. A identificação da causa requer avaliação adicional. O tratamento depende da causa, mas as medidas gerais incluem analgésicos, anti-inflamatórios, colchicina e, raramente, cirurgia. Herpes Zoster: é uma infecção que resulta da reativação do vírus da varicela zóster de seu estado latente em um gânglio da raiz dorsal posterior. Os sintomas geralmente começam com dor ao longo do dermátomo afetado, seguida por uma erupção vesicular em 2 a 3 dias que, com frequência, fornece o diagnóstico. O tratamento é feito com fármacos antivirais administradas em 72 h após o início das lesões cutâneas. Tuberculose: é infecção crônica e progressiva, frequentemente com um período de latência seguindo a infecção inicial. A tuberculose afeta mais comumente os pulmões. Os sintomas incluem tosse produtiva, febre, perda ponderal e mal- estar. O diagnóstico é na maioria das vezes por baciloscopia e cultura e, cada vez mais, por testes rápidos de diagnóstico molecular. O tratamento é feito com múltiplos agentes antimicrobianos, administrados por pelo menos 6 meses. Pneumopatias intersticiais: resultam em acúmulo anormal de células inflamatórias no tecido pulmonar, causam falta de ar e tosse e tem aparência semelhante em exames de imagem, porém, não estão relacionadas de outra forma. São um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas por espessamento dos septos alveolares, proliferação fibroblástica, deposição de colágeno e, se o processo permanecer descontrolado, fibrose pulmonar. Pode-se classificar as doenças pulmonares intersticiais de acordo com vários critérios (p. ex., aguda versus crônica, não granulomatosa versus granulomatosa, causa conhecida versus desconhecida, doença pulmonar primária versus. secundária à doença sistêmica, histórico de tabagismo versus histórico de não tabagismo). Entre as inúmeras causas possíveis estão a maioria das doenças do tecido conjuntivo e exposições pulmonares ocupacionais, além de diversos fármacos. Uma série de doenças intersticiais de etiologia desconhecida tem histologia, características clínicas ou manifestações particulares e, portanto, são consideradas doenças únicas, incluindo • Doenças pulmonares eosinofílicas • Histiocitose pulmonar de células de Langerhans (granulomatose) • Linfangioliomiomatose • Proteinose alveolar pulmonar • Sarcoidose • Pneumonias intersticiais idiopáticas (30%) Todas levam a uma redução da capacidade de transferir oxigênio para o sangue e também provocam rigidez e retração dos pulmões, o que dificulta a respiração e causa tosse. No entanto, ser capaz de eliminar dióxido de carbono do sangue em geral não é um problema. Traqueobronquites (virais): A bronquite aguda é a inflamação da árvore traqueobrônquica, geralmente depois de uma Infecção das vias respiratórias superiores que ocorre em pacientes sem doenças pulmonares crônicas. A causa quase sempre é uma infecção viral. O patógeno raramente é identificado. O sintoma mais comum é tosse, com ou sem febre, e possivelmente produção de escarro. O diagnóstico baseia-se em achados clínicos. O tratamento é de suporte; antibióticos normalmente são desnecessários. O prognóstico é excelente. 2. Entender a epidemiologia; fatores de risco, etiopatogenia da pneumonia (típica e atípica). Conceito: Pneumonia é um quadro de inflamação do parênquima pulmonar, causado geralmente por agentes infecciosos. Outras causas não infecciosas incluem: aspiração de alimento e/ou suco gástrico, corpos estranhos e pneumonite induzida por drogas ou radiação. A pneumonia também pode complicar um episódio de bronquiolite. DISPNEIA, DOR TORÁCICA E EDEMA https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-ambientais/asma-ocupacional https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/doen%C3%A7a-pulmonar-induzida-por-f%C3%A1rmacos https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/vis%C3%A3o-geral-das-doen%C3%A7as-pulmonares-eosinof%C3%ADlicas https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/histiocitose-pulmonar-de-c%C3%A9lulas-de-langerhans https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/linfangioliomiomatose https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/proteinose-alveolar-pulmonar https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/sarcoidose/sarcoidose 2 Epidemiologia: É uma doença responsável por 19% das mortes em crianças menores de 5 anos, o que acontece principalmente em países em desenvolvimento. Quando acontece em neonato ou em hospedeiros comprometidos, é mais grave do que em lactentes e crianças maiores sadias. Dentre as pneumonias, a PAC persiste como a de maior impacto e é a terceira causa de mortalidade no nosso meio. Embora o número absoluto de mortes no Brasil tenha crescido devido ao aumento da população e ao seu envelhecimento, quando a taxa de mortalidade por PAC é padronizada por idade, observa-se uma queda de 25,5% no período compreendido entre 1990 e 2015. A melhora da situação socioeconômica, o maior acesso a cuidados de saúde, a disponibilidade nacional de antibióticos e as políticas de vacinação explicam em parte a redução das taxas de mortalidade em nosso meio. Fatores de risco: • Idade menor que nove meses; • número grande de pessoas no domicílio, menor escolaridade e ausência paterna; • idade materna menor que 20 anos; • frequência de berçário e creches; • peso ao nascer menor que 2.500g; • desnutrição (peso/idade); • falta de aleitamento materno; • história prévia de pneumonia; • poluição de combustíveis de biomassa (madeira ou esterco); • doenças pulmonares preexistentes (asma, fibrose cística); • tabagismo passivo; • alterações anatômicas, como fístulas traqueoesofágicas; refluxo gastroesofágico; • doenças neurológicas (encefalopatia crônica não progressiva) ou miopatias; • imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Definição etiológica: em apenas 30 a 40% dos casos. • Streptococcus pneumoniae (pneumococo), estando envolvido em 30 a 70% dos casos; • Bactérias atípicas (Mycoplasma, Chlamydia e Legionella) em 8 a 48 % dos casos; Infecções mistas, envolvendo uma bactéria e um agente atípico ou viral, têm sido relatadas em até 38% dos pacientes; • Haemophilus influenzae em 4 a 18% dos casos (principalmente em pacientes com DPOC); • Enterobactérias (Klebsiela sp., Escherichia coli, Proteus sp., Enterobacter sp.) entre 2 e 10% dos casos, cada agente; • Staphylococcus aureus, entre 2 e 10% dos casos; • Pseudomonas aeruginosa (1 a 4% dos casos). Observação: Embora os patógenos virais estejam se tornando uma causa cada vez mais comum de PAC, as novas diretrizes recomendam que todos os pacientes com PAC sejam tratados empiricamentepara infecção bacteriana. A base para essa recomendação é que não existe nenhum teste diagnóstico rápido e específico para confirmar que a doença de um paciente é devida apenas a um vírus no momento da apresentação, e pacientes com PAC causada por um vírus geralmente apresentam uma coinfecção bacteriana. São condições de risco para pneumonia por Pseudomonas sp.: • Bronquiectasias; • Fibrose cística; • Tratamento crônico com corticoides em dose superior a 10mg/dia; • Tratamento antibiótico de amplo espectro no mês anterior (por mais de sete dias); • Desnutrição. A pneumonia bacteriana atípica é causada por organismos atípicos que não são detectáveis à coloração de Gram e não podem ser cultivados por meio dos métodos padrão. Os organismos mais comuns são o Mycoplasma pneumoniae, a Chlamydophila pneumoniae e a Legionella pneumophila. Em geral, a pneumonia bacteriana atípica é caracterizada por um complexo de sintomas que inclui cefaleia, febre baixa, tosse e mal-estar. Os sintomas constitucionais geralmente são predominantes em relação aos 3 achados respiratórios. Embora na maioria dos casos a apresentação possa estar no espectro mais brando da pneumonia adquirida na comunidade, alguns casos, especialmente se causados por L pneumophila, podem se manifestar como pneumonia grave, exigindo internação em unidade de terapia intensiva (UTI). Outros possíveis patógenos incluem espécies de Chlamydophila, espécies de Legionella, Coxiella burnetii (febre Q) e vírus respiratórios. Fisiopatologia: O desenvolvimento da pneumonia se dá pelas seguintes situações: aspiração de microrganismos da orofaringe, infecção por aerossóis infecciosos, disseminação hematogênica, penetração exógena ao tecido (ferimentos tórax, intubação). Outros fatores: diminuição do estado de consciência, aspiração, alterações esofagianas. Os microrganismos penetram nas vias aéreas superiores, passa pelos cílios de defesa da traqueia e invadem a via área baixa (estéril) chegando ao parênquima pulmonar. A pneumonia se manifesta pois o macrófago, identificando o agressor via parede celular e quimiotaxia não consegue combatê-lo. Libera-se no tecido produtos celulares digeridos, disseminando para o sangue e via mediadores químicos é solicitado mais células de defesa. Prostaglandina ativa o hipotálamo (aumenta temperatura), resposta inflamatória com neutrófilos, aumenta a liberação de células imunológicas. Por diapedese o monócito adentra ao local e vira macrófago que faz a fagocitose. Os sinais de inflamação se apresentam como dor (“pontada”), hiperemia (vasodilatação), dispneia e ortopneia, aumento da tosse com muco purulento, edema (tecido alveolar com plasma – exsudato inflamatório) apresentando o infiltrado pulmonar. As complicações da doença incluem insuficiência respiratória aguda. Processo infeccioso das vias aéreas inferiores através da aspiração ou inalação de microrganismos patogênicos. Ao chegar ao pulmão, os microrganismos envolvidos colonizam e invadem a região. Em indivíduos imunocomprometidos, até mesmo bactérias de média e baixa virulência podem estar relacionadas. Assim, levam a um quadro de infecção do parênquima pulmonar, região importante para as trocas gasosas de competência do sistema respiratório. Logo, os bronquíolos e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, dificultado a hematose e levando ao quadro clássico de insuficiência respiratória. Elementos estruturantes das bactérias, como flagelo, fímbrias e polissacarídeos, tornam o processo de adesão mais ágil e preciso. No epitélio do sistema respiratório, levam a adesão e, em alguns casos, a consecutiva infecção. Em geral, esses agentes patogênicos originam-se principalmente da microbiota endógena do paciente e de indivíduos próximos a ele. Quando oriundos de outras fontes, advém especialmente das mãos dos profissionais de saúde e materiais/equipamentos hospitalares não estéreis. 3. Discutir o quadro clínico e diagnóstico da pneumonia (exames complementares). Diagnóstico clínico Considera-se pneumonia em paciente com evidência radiológica de pneumonia, com pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: • Tosse; • Dor pleurítica; • Febre>38ºC; • Escarro purulento; • Frequência respiratória>25 rpm; • Ausculta pulmonar compatível (estertores, roncos ou macicez à percussão do tórax). Demais sintomas: cefaleia, mialgia, fadiga, taquicardia, hipoxemia, dispneia. Pacientes idosos podem apresentar mal-estar, anorexia, confusão mental em vez de sintomas pulmonares proeminentes, e o RX de tórax pode ser relativamente normal, sendo classificada como PNM Atípica. Em lactentes, geralmente há infecção do trato respiratório superior antes, com obstrução nasal, irritabilidade e inapetência. Dura vários dias e termina com o início abrupto de febre de 39ºC ou mais, inquietude, apreensão e dispneia, com batimento de asa do nariz, retrações intercostais e subcostais, taquicardia e taquipneia. Pode apresentar ainda distensão abdominal devido à dilatação gástrica por ar deglutido ou íleo paralítico. Rigidez de nuca sem infecção meníngea também pode estar presente, principalmente se envolvimento do lobo superior direito. Em crianças e adolescentes, os sinais e sintomas são parecidos com os dos adultos. Após infecção respiratória alta, há início de calafrio, seguido de febre alta (até 40,5ºC). Pode haver retração torácica, batimento de asas do nariz, macicez, murmúrio vesicular diminuído e estertores crepitantes no lado afetado. Pode haver derrame pleural concomitante. A pneumonia atípica, pode ser dividida em pneumonia afebril do lactente, e pneumonia atípica que acomete crianças de idade escolar e adolescentes. Pneumonia afebril do lactente: É causada pela Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum, sendo a primeira o principal agente etiológico. É um germe que pode estar presente no trato genital feminino, a transmissão é vertical e acontece no momento do parto. É mais comum acontecer em parto vaginal, mas também pode se dar em parto cesáreo com bolsa rota prévia. No recém-nascido, pode haver infecção em outros sítios, como na conjuntiva, na nasofaringe, no 4 reto e na vagina. Quadro Clínico: O recém-nascido apresentará inicialmente conjuntivite, e também pode apresentar infecção nasofaríngea. Uma parte das crianças com infecção nasofaríngea desenvolverá o quadro de pneumonia. O período de incubação da conjuntivite é de 5 a 14 dias, já o da pneumonia é entre 1 a 3 meses. É um quadro insidioso, cujas primeiras manifestações são coriza e obstrução nasal, seguidas de tosse seca, taquipneia e manutenção de bom estado geral. O paciente não apresentará febre. Também pode haver infecção vaginal e retal, que, além da infecção nasofaríngea, podem persistir por muito tempo. Ao exame físico podemos encontrar estertores, mas é rara a presença de sibilos. Quando presentes, serão de pequena intensidade. No exame laboratorial verificaremos eosinofilia (mais de 400 céls/mm³). Na radiografia de tórax, infiltrado intersticial bilateral e até hiperinsuflação. O diagnóstico definitivo é pela identificação de C. trachomatis em material da nasofaringe ou conjuntiva através de cultura e técnicas imunoenzimáticas. O tratamento consiste em eritromicina 50 mg/kg/dia durante 14 dias, ou azitromicina 20 mg/kg/dia durante 3 dias. A mãe do lactente também deve ser tratada. OBS: O uso de eritromicina nas primeiras semanas de vida está associado à maior risco de desenvolvimento de estenose hipertrófica de piloro. Pneumonia atípica de crianças e adolescentes: É causada principalmente pelo Mycoplasma pneumoniae e pela Chlamydia pneumoniae, sendo o primeiro germe o mais comum. Também é caracterizada por um quadro arrastado. Acontece mais comumente a partir dos 4 a 5 anos de idade. Geralmente a doença é leve, com rara necessidade de hospitalização. A infecção por M. pneumoniae ocorre por meio de gotículas na via respiratória, e seu período de incubação é de 1 a 3 semanas. É comumque outros membros da família, como irmãos por exemplo, apresentem a mesma doença. Quadro Clínico: A doença é caracterizada por início gradual de cefaleia, mal-estar, febre, rinorreia, dor de garganta e até coriza, que evoluirá com o aparecimento de sintomas respiratórios baixos, como rouquidão e tosse. A tosse geralmente piora nas primeiras semanas da doença, e os outros sintomas remitem em até 4 semanas. A evolução é de 7 a 21 dias, mas a tosse e expectoração duram por mais tempo. Complicações: Algumas complicações podem ocorrer, como a otalgia (já que o micoplasma pode causar miringite bolhosa), pericardite, miocardite, meningoencefalite, eritema nodoso e síndrome de Stevens-Johnson. Avaliação Complementar: Laboratorialmente, os leucócitos geralmente estarão normais, mas haverá elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS). Também pode haver anemia por hemólise, que é induzida por crioaglutininas, após a melhora das manifestações respiratórias, geralmente na 2ª semana da doença. Os primeiros anticorpos detectados são as crioaglutininas inespecíficas, com aumento dos títulos até a 3ª semana de doença, e que desaparecem em cerca de 6 semanas. A elevação dos títulos é proporcional à intensidade da doença. O diagnóstico específico será por meio de avaliação sorológica. Na radiografia de tórax os achados são inespecíficos. Geralmente há pneumonia intersticial ou broncopneumonia, com infiltrados unilaterais na maioria dos pacientes. Acomete principalmente os lobos inferiores. Pode haver linfadenopatia hilar e derrame pleural, que é menos comum e caracteriza doença mais grave. Tratamento: O tratamento pode ser feito com eritromicina, claritromicina ou azitromicina, sendo os dois últimos mais efetivos na resolução do quadro causado por M. pneumoniae. Bacteriana típica Viral Atípica • Pródomo viral – tosse seca, coriza nasal e febre; • Persistência da febre <72h; • Prostração; • Tosse produtiva; • Desconforto respiratório; • Taquipneia e dispneia *não é comum a sibilância*; • Insuficiência respiratória; • Toxemia; • Hipoxemia; Aspectos radiológicos: Sinais de consolidação com ou sem atelectasias; pode ocorrer derrame pleural. • Idade <2 anos; • Febre <38,5°; • Tosse seca; • Sibilância; • Hipoxemia; Aspectos radiológicos: Hiperinsuflação pulmonar; Consolidações. Mycoplasma pneumoniae • Crianças em idade escolar; • Início gradual com mal-estar, cefaleia, febre e tosse; • Tosse coqueluchoide (persistente); • Relato de contactantes na família ou na escola; • Ausência de resposta ao tratamento haitual (B- lactâmicos); Aspecto radiológico: • Infiltrado inflamatório para-hilar peribrônquico ou área de condensações alveolares; Chlamydia trachomatis (P. Atípica afebril) • Lactentes menores de 4 meses de vida nascidos de parto normal; • Tosse coqueluchoide; • Taquipneia; • Estertores finos bilaterais; • Relato materno de leucorreia na época de parto Aspectos radiológicos: • opacidade alveolares e/ou infiltrado intersticial, comum acometimento subsegmentar de um lobo. Durante o diagnóstico clínico, principalmente voltado à pediatria, observa-se tosse e/ou dificuldade respiratória associada à taquipneia há 7- 10 dias. No exame físico, pode ser avaliado uma queda do estado geral, presença de estertores crepitantes, taquipneia, dificuldade respiratória com ou sem a presença de tiragem e diminuição ou abolição 5 dos murmúrios vesiculares. Além disso, alguns exames de imagem são utilizados para auxiliar o diagnóstico como Raio X, principalmente em casos graves de internação hospitalar, para avaliar complicações e o grau de extensão. Exames laboratoriais, como hemograma, PCR, hemocultura e outros, não são específicos e não são indicados como exame de rotina, devem ser indicados apenas em casos graves e para avaliar complicações desta doença. Por fim, alguns métodos invasivos, são indicados em situações excepcionais da evolução da PAC de forma desfavorável, são eles: broncoscopia, lavado broncoalveolar e biópsias pulmonares. EXAMES (Protocolo Assistencial Pronto Socorro - HCOR) Radiografia de tórax: A radiografia de tórax (incidência póstero-anterior e em perfil) constitui o método de imagem de escolha na abordagem inicial da Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade, pela sua ótima relação custo-efetividade, baixas doses de radiação e ampla disponibilidade. Além de ser essencial para o diagnóstico, auxilia na avaliação da gravidade, identifica o comprometimento multilobar e pode sugerir etiologias alternativas, tais como abscesso e TB. • A radiografia de tórax deve ser realizada, em incidência póstero-anterior e em perfil, na abordagem inicial de pacientes com suspeita de Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade. • O padrão radiológico não pode ser usado para predizer o agente causal, ou mesmo separar grupos de agentes. • A radiografia de tórax deve ser repetida após seis semanas do início dos sintomas em fumantes com mais de 50 anos e na persistência dos sintomas ou achados anormais no exame físico. • A persistência de achados radiológicos após seis semanas requer investigação adicional. OBS: (2018) Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia diz que quando o clínico está seguro do diagnóstico, a realização da radiografia de tórax não é necessária para dar início ao tratamento, e os antimicrobianos podem ser prescritos adequadamente. Entretanto, menos de 40% dos médicos são capazes de diagnosticar pneumonias com base somente no exame físico. Dentro desse contexto, a radiografia deveria ser obrigatória para pacientes com suspeita de PAC. Na bacteriana, a radiografia revela presença de infiltrado persistente de caráter recente ou progressivo, cavitação pulmonar ou consolidação. Na pediatria, geralmente o padrão radiográfico é de pneumonia lobar com hepatização, podendo haver disseminação pela parede bronquiolar ou por via hematogênica. O pneumococo é o principal causador de derrame pleural, que é parapneumônico na maioria dos casos. Empiema geralmente aparece quando o início da antibioticoterapia é retardado. Também pode haver pneumatocele. Rápida progressão de broncopneumonia para derrame ou piopneumotórax com ou sem pneumatoceles é altamente sugestiva de pneumonia estafilocócica. Pode haver ainda formação de abscesso pulmonar. Tomografia de tórax e ultrassom de tórax: É útil quando há dúvidas sobre a presença ou não de infiltrado radiológico, na presença de um quadro clínico exuberante associado à radiografia normal, na detecção de complicações, tais como derrame pleural loculado e abscesso ainda não aberto nas vias aéreas, assim como para diferenciar infiltrado pneumônico de massas pulmonares. • A tomografia deve ser realizada quando houver dúvidas sobre a presença de infiltrado pneumônico, para a detecção de complicações e na suspeita de neoplasia. • Derrames pleurais significativos (com 5 cm ou mais, identificado na projeção lateral em ortostatismo a partir do sulco posterior) devem ser puncionados. A ultrassonografia é útil nos derrames pequenos e suspeitos de loculação. *(adendo da 2018 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia): A ultrassonografia de tórax (UST) apresenta maior sensibilidade e maior acurácia do que a radiografia de tórax na identificação de alterações parenquimatosas. Os principais achados ultrassonográficos na PAC são consolidações, padrão intersticial focal, lesões subpleurais e anormalidades na linha pleural. A especificidade para consolidações é de 100%, enquanto a radiografia de tórax alcança somente 94% de sensibilidade nesse tipo de alteração. Deve-se ressaltar a sua utilidade em gestantes e em indivíduos restritos ao leito, onde a qualidade da radiografia é inferior à desejada. Adicionalmente, a UST apresenta alto rendimento na detecção de complicações como o derrame pleural, além de permitir a visualização de loculações na cavidade. A orientação para punção de derrame pleural (loculado ou não) constitui umadas indicações do uso da UST. Dessa forma, a necessidade de treinamento específico no método assim como a sua indisponibilidade na atenção primária e em muitas unidades de saúde do Brasil restringem seu uso, atualmente, a centros de maior complexidade. A TC de tórax é o método mais sensível na identificação de acometimento infeccioso do parênquima pulmonar, em que pese a seu alto custo e alta exposição à radiação. Trata-se de exame útil principalmente nos casos em que a acurácia da radiografia de tórax e da UST é baixa, como em pacientes obesos, imunossuprimidos e indivíduos com alterações radiológicas prévias. Além disso, a TC de tórax está indicada na suspeita de infecções fúngicas e para auxiliar na exclusão de outros diagnósticos em casos selecionados. Em função da alta exposição radiológica pela TC, alguns autores têm sugerido o uso da UST como teste auxiliar intermediário antes do uso da TC no diagnóstico em casos difíceis de 6 diagnosticar. Ressalta-se ainda a importância da TC de tórax para a avaliação de complicações da PAC, como abscesso de pulmão e derrame pleural loculado, e a investigação de motivos da falta de resposta clínica ao tratamento. * Saturação periférica de oxigênio e gasometria arterial: • A SpO2 deve ser observada na rotina, antes do uso eventual de oxigênio. • A gasometria arterial deve ser realizada na presença de SpO2 ≤ 90% em ar ambiente e em casos de pneumonia considerada grave. • A presença de hipoxemia indica o uso de oxigênio suplementar e admissão hospitalar. Exames Laboratoriais: • O resultado de dosagem de uréia acima de 65mg/dL (correspondente a um valor igual ou superior a 11 mmol/L) constitui um forte indicador de gravidade; • O hemograma tem baixa sensibilidade e especificidade, sendo útil como critério de gravidade e de resposta terapêutica. Leucocitose (maior que 12000 cel /mm3) com predomínio de polimorfonucleares. Leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm3) denota mau prognóstico; • Dosagens de glicemia, de eletrólitos e de transaminases não têm valor diagnóstico, mas podem influenciar na decisão da hospitalização, devido à identificação de doenças associadas; • A Proteína C Reativa é um marcador de atividade inflamatória e pode ter valor prognóstico no acompanhamento do tratamento. A manutenção de níveis elevados após 3-4 dias de tratamento e uma redução inferior a 50% do valor inicial sugere pior prognóstico ou surgimento de complicações. Não há dados consistentes para utilizá-la como um guia na decisão da utilização ou não de antibióticos; • A hemocultura deve ser reservada para a Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade grave e no caso de pacientes internados não-respondedores à terapêutica instituída, pois normalmente apresenta baixo rendimento. Resultados falso positivos são comuns, especialmente se houve uso prévio de antibióticos, e raramente resultam em mudança de conduta. As amostras devem ser coletadas antes do início ou da modificação do tratamento e não devem retardar a administração da primeira dose de antibiótico; • A procalcitonina é um marcador melhor de gravidade do que a proteína C reativa e lactato. Níveis séricos elevados também são vistos em outras doenças pulmonares, como na pneumonite química e na lesão por inalação em queimados. Escarro: Embora o exame de escarro seja frequentemente utilizado na busca do diagnóstico etiológico, o benefício dessa prática no manejo inicial da Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade ainda é controverso. Sorologia: Testes sorológicos não devem ser rotineiramente solicitados. • Dosagens de glicemia, eletrólitos e de transaminases não têm valor diagnóstico, mas podem influenciar na decisão da hospitalização, devido à identificação de doenças associadas; • As hemoculturas devem ser reservadas para a Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade grave e no caso de pacientes internados não-respondedores à terapêutica instituída, pois normalmente têm baixo rendimento; • Testes sorológicos não são úteis para o tratamento dos pacientes individualmente, mas para se estabelecer o perfil epidemiológico de uma determinada região ou um surto epidêmico; • A pesquisa do agente etiológico deve ser iniciada nos casos de Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade grave ou nos casos de pacientes internados com falha do tratamento inicial; • Nos casos de Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade grave, recomenda-se a investigação microbiológica através da hemocultura, cultura de escarro, aspirado traqueal ou amostras obtidas por broncoscopia nos pacientes sob ventilação mecânica; • A pesquisa de antígeno urinário de S. pneumoniae deve ser realizada em pacientes com Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade grave, e a pesquisa de antígeno urinário de L. pneumophila especifi camente em todos os pacientes não-responsivos ao tratamento prévio. Diagnóstico etiológico (guideline ATS - 2019) Para pacientes ambulatoriais, o painel não recomenda a coleta de amostras biológicas para cultura, tanto amostras de escarro quanto hemoculturas. Essa recomendação é baseada na falta de evidências demonstrando melhora no desfecho individual de pacientes nesse contexto quando coleta de escarro e hemoculturas são feitos de rotina. Por outro lado, há recomendação de coleta de amostras de escarro para realização de bacterioscopia e cultura e de hemoculturas pré-tratamento em pacientes internados com quadro de pneumonia grave, que estão sendo tratados empiricamente para MRSA ou Pseudomonas aeruginosa ou que tenham história prévia de infecção do trato respiratório inferior por essas bactérias, ou em pacientes que tenham sido hospitalizados ou que tenham recebido antibioticoterapia parenteral nos últimos 90 dias. Durante períodos de circulação de Influenza, recomenda-se a realização de testes moleculares, como PCR, no lugar de testes rápidos, os quais detectam antígenos, em pacientes com suspeita de gripe. Essa recomendação está alinhada 7 com as recomendações para pacientes com suspeita de Influenza na população geral. Entretanto, o painel faz a ressalva de que não foram encontrados estudos que avaliassem o impacto da realização de testes diagnósticos para Influenza no desfecho de pacientes com pneumonia comunitária. Outro ponto abordado no guideline é o uso de procalcitonina como marcador para definição de início ou atraso de antibioticoterapia empírica. Os autores recomendam que o tratamento empírico seja iniciado em pacientes com suspeita clínica de pneumonia ou com pneumonia radiologicamente confirmada independente dos valores séricos iniciais de procalcitonina. Essa recomendação é baseada no fato de que, apesar de valores mais elevados de procalcitonina estarem mais associados à infecção bacteriana, um estudo recente em pacientes hospitalizados com pneumonia comunitária não foi capaz de identificar um ponto de corte de procalcitonina que adequadamente diferenciasse entre etiologias virais e bacterianas. Além disso, a sensibilidade da procalcitonina para detectar infecções bacterianas é amplamente variável entre os estudos (38-91%), o que impossibilita seu uso isolado como ferramenta para justificar o adiamento do início de antibióticos. 4. Compreender a CURB-65; PSI-Pneumonia. A American Thoracic Society (ATS) publicou recentemente um novo guideline sobre a pneumonia. Para auxílio ao clínico, visando a decisão quanto à internação hospitalar, investigação etiológica e escolha de antibióticos frente a um quadro de pneumonia, foram organizados índices que estabelecem escores de gravidade, facilitando esta decisão. Os autores recomendam preferencialmente o uso do Pneumonia Severity Index (PSI) em relação ao CURB-65, uma vez que o primeiro tem maior poder discriminatório para predizer mortalidade. Destaca-se que o PSI – Pneumonia Severity Index (classificados em cinco faixas correlacionando com mortalidade) é pouco usado por apresentar muitas variáveis, e especialmente, pode subestimar a gravidade doquadro clínico em pacientes mais jovens e simplificar a interpretação de variáveis clínicas contínuas (como pressão arterial), uma vez que não considera as características individuais do paciente (como a pressão arterial basal). Além disso, outros fatores podem interferir com a capacidade e segurança do tratamento ambulatorial, como fatores socioeconômicos, incapacidade de terapia oral, presença de déficit cognitivo, comorbidades, história de uso de substâncias ilícitas, entre outros. Por esse motivo, tanto PSI como o CURB-65 devem ser utilizados em conjunto com o julgamento clínico para determinar se há indicação de hospitalização ou não. CURB 65: Proposto pela British Thoracic Society (BTS), o CURB-65 ou a sua simplificação (CRB-65), é atualmente o índice recomendado para utilização na prática clínica. Baseia-se na elaboração de cinco variáveis estabelecendo 1 ponto para cada uma delas: C = confusão mental; U = ureia > 50 mg/dL; R = frequência respiratória >30 ciclos/min; B = pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou pressão arterial diastólica < 60 mmHg; 65 = idade > 65 anos. A maior limitação desses escores é a falta de inclusão de comorbidades que podem acrescentar maior risco de complicações na PAC, como alcoolismo, insuficiência cardíaca ou hepática e neoplasias, fazendo com que seu valor preditivo negativo de mortalidade seja um pouco inferior ao do PSI. Entretanto, eles se qualificam pela simplicidade, aplicabilidade imediata 8 e facilidade de uso, em ambientes hospitalares ou não. forma simplificada (CRB-65), sem a dosagem de ureia, é útil em ambientes nos quais exames laboratoriais não estão disponíveis, como na atenção primária (Figura 2). 5. Elucidar os sinais de gravidade e os critérios de internação na pneumonia. O painel da ATS recomenda que pacientes com necessidade de vasopressores ou de ventilação mecânica sejam admitidos diretamente em unidades de terapia intensiva. Para os demais pacientes, recomenda-se que pacientes classificados como tendo pneumonia grave sejam internados em UTI. Essa classificação considera a presença de critérios maiores e menores. Assim, são considerados quadros graves de pneumonia os que se apresentam com pelo menos um critério maior ou três ou mais critérios menores →→→ Sinais de gravidade da PAC Existem alguns sinais de gravidade bastante marcantes da PAC, são eles: tiragem subcostal; dificuldade para ingerir líquidos; sinais de dificuldade respiratória mais grave como movimentos involuntários da cabeça, gemência e batimentos de asa do nariz; cianose central; saturação periférica de oxigênio (SpO2) abaixo de 92%. 9 Além disso, também podem ser considerados sinais de gravidade da PAC, como: febre > 38,5°C e sinais de infecção grave, como tempo de enchimento capilar lento, rebaixamento do nível de consciência, sonolência, recusa alimentar. Escore de gravidade da doença da British Thoracic Society Sugerido pela British Thoracic Society, este escore baseia-se em variáveis representativas da doença aguda na Pneumonia Bacteriana Adquirida na Comunidade. O nome desse escore é um acrônimo, em inglês, de cada fator de risco medido (CURB-65), podendo ser apresentado de forma mais simplificada (CRB-65), sem a dosagem de ureia. 10 RESUMO DOS SCORES: 6. Conhecer o tratamento da pneumonia (ambulatorial e hospitalar). Tratamento A terapia antimicrobiana é dirigida contra o patógeno presumido como causador da pneumonia. De modo geral, a terapia VO é recomendada para pacientes sem critérios de gravidade, capazes de ingerir/absorver fármacos VO. Quando a terapia IV está indicada, ela costuma ser substituída para VO após a melhora clínica, em geral dentro de 72 horas. O guideline considera que os patógenos mais comumente associados à pneumonia comunitária são Streptococcus penumoniae, Haemophilus influenzae, Mycoplasma pneumoniae, Staphylococcus aureus, Legionella spp., Chlamydia penumoniae e Moraxella catarrhalis, semelhante ao que é encontrado no Brasil. Entretanto, é importante lembrar que os perfis de sensibilidade aos antimicrobianos são diferentes e que nem todas as recomendações podem ser prontamente extrapoladas para o contexto brasileiro. O exemplo mais prático talvez seja o S. pneumoniae, o agente mais prevalente de pneumonia em ambos os países, mas com maior resistência a macrolídeos no Brasil. A sensibilidade às penicilinas, por outro lado, permite o uso de amoxicilina em seu tratamento na maioria das situações. As recomendações de tratamento são baseadas na gravidade (e por consequência o local de tratamento), na presença de comorbidades e na presença de fatores de risco para patógenos específicos. O guideline não recomenda cobertura adicional para anaeróbios em casos suspeitos de pneumonia associada à broncoaspiração, exceto se houver suspeita de abscesso pulmonar ou empiema, já que estudos recentes sugerem pouca participação dessas bactérias na etiologia de pneumonias mesmo após eventos de broncoaspiração. Da mesma forma, não há recomendação para uso de corticoides, exceto em casos de choque séptico. 11 Para pacientes com teste positivo para Influenza, a ATS recomenda terapia específica com oseltamivir, independente do tempo de doença e do local de tratamento. O uso de antivirais está associado com redução na duração dos sintomas e na probabilidade de complicações do trato respiratório inferior, principalmente se iniciados nas primeiras 48h de sintomatologia. Entretanto, os autores ressaltam que, mesmo esses pacientes, devem receber tratamento antibiótico, já que coinfecções virais e bacterianas são comuns. Se não houver evidências de infecção bacteriana, se o paciente apresentar um teste de Influenza positivo e houver melhora clínica precoce, antibioticoterapia poderia ser suspensa em 48 a 72 horas. Em relação ao tempo de tratamento, recomenda-se que a terapia seja mantida por no mínimo 5 dias e até que o paciente apresente estabilidade clínica. A ausência de melhora em cinco dias deve levar à investigação de patógenos resistentes, complicações ou de fontes alternativas de infecção. Para casos de pneumonia por MRSA ou P. aeruginosa, a recomendação é de manter antibioticoterapia por sete dias. Por fim, pacientes com evolução clínica favorável com cinco a sete dias de tratamento não necessitam de imagens radiográficas de controle. Tratamento (mais detalhado) As diretrizes recomendam diferentes esquemas de tratamento para pacientes com PAC dependendo do local de tratamento (internado ou ambulatorial), se a pneumonia é classificada como grave e se o paciente tem comorbidades ou algum fator de risco para resistência a medicamentos patógenos. Os fatores de risco para MRSA e P aeruginosa incluem isolamento respiratório prévio do patógeno ou hospitalização com uso de antibióticos parenterais nos últimos 90 dias, com fatores de risco validados localmente para esses patógenos. De acordo com as diretrizes, o processo de validação local envolve a obtenção de dados locais sobre a prevalência de MRSA ou P aeruginosa em pacientes com PAC e determinando fatores de risco para infecção por esses patógenos em nível local e sistêmico. As diretrizes reconhecem que os dados de prevalência local podem não ser conhecidos em todos os locais, portanto, recomenda-se a obtenção de escarro e hemoculturas quando houver fatores de risco para esses patógenos, a fim de gerar dados locais. Qualquer paciente com PAC que tenha sido recentemente exposto a uma classe de antibióticos deve ser tratado com um esquema antibiótico envolvendo uma classe diferente. Considerações adicionais na escolha de um regime empírico para um paciente com PAC incluem alergias existentes no paciente, estados de doença comórbida e efeitos adversos. Tanto os macrolídeos quanto as fluoroquinolonas têm prolongamento do intervalo QT listado nas advertênciase precauções das informações de prescrição, e as fluoroquinolonas têm várias advertências adicionais, incluindo aneurisma da aorta, tendinite ou ruptura do tendão, neuropatia periférica e efeitos no sistema nervoso central. Ambiente ambulatorial: Para pacientes sem comorbidades ou fatores de risco para patógenos resistentes a medicamentos, recomenda-se a monoterapia com amoxicilina, doxiciclina ou um macrolídeo (azitromicina ou claritromicina). No entanto, devido a fatores relacionados à resistência, a monoterapia com macrolídeos deixou de ser uma forte recomendação nas diretrizes anteriores para uma recomendação condicional nas novas diretrizes. Um macrolídeo não deve ser usado se a taxa local de resistência do pneumococo for superior a 25% e, nos EUA, a taxa média de resistência pneumocócica aos macrolídeos é de cerca de 30%. Para pacientes com comorbidades, as diretrizes recomendam cobertura de espectro mais amplo, consistindo em monoterapia com fluoroquinolona respiratória (levofloxacina, moxifloxacina ou gemifloxacina) ou terapia combinada com amoxicilina-clavulanato ou cefalosporina mais um macrolídeo ou doxiciclina. A justificativa para o uso de cobertura de espectro mais amplo em pacientes com comorbidades é que esses pacientes provavelmente já apresentam fatores de risco para resistência a antibióticos devido ao contato anterior com o sistema de saúde ou uso de agentes antibióticos, e são mais vulneráveis a resultados ruins se a cobertura inadequada for parte do regime empírico inicial. 12 Ambiente de internação: O regime empírico padrão recomendado para pacientes internados com pneumonia não grave é um beta-lactâmico mais um macrolídeo ou uma fluoroquinolona respiratória isolada. Em pacientes nos quais o uso de macrolídeos e fluoroquinolonas é contraindicado, um betalactâmico pode ser usado em combinação com doxiciclina como regime empírico alternativo. O regime empírico recomendado para pacientes internados com diagnóstico de pneumonia grave é a terapia combinada com betalactâmicos mais macrolídeos ou betalactâmicos mais fluoroquinolonas. Um agente antimicrobiano empírico com atividade contra MRSA e/ou P aeruginosadeve ser adicionado em todos os pacientes internados com isolamento respiratório prévio do patógeno, bem como em pacientes com pneumonia grave com internação recente e uso de antibióticos parenterais (nos últimos 90 dias), além da presença de fatores de risco validados localmente. Para pacientes com pneumonia não grave que foram recentemente hospitalizados e receberam antibióticos parenterais (e fatores de risco validados localmente para esses patógenos), recomenda-se obter culturas e iniciar antibióticos com atividade contra MRSA e/ou P aeruginosasomente se os resultados da cultura forem positivos. Para instituições que apresentam reação em cadeia da polimerase nasal (PCR) rápida, a terapia contra MRSA pode ser adicionada se os resultados da PCR forem positivos, com terapia ajustada de acordo com os resultados das culturas. Em todos os casos, a terapia antimicrobiana pode ser desescalada após 48 horas (com descontinuação da cobertura para MRSA ou P aeruginosa ) se as culturas para esses patógenos permanecerem negativas. Embora a omadaciclina, um derivado da tetraciclina, tenha sido aprovada para o tratamento da PAC em outubro de 2018, ela não foi incluída como agente alternativo nas diretrizes atualizadas devido à falta de informações sobre eficácia e segurança em comparação com outros agentes. Agentes recém-aprovados: Lefamulina, o primeiro antibiótico sistêmico de pleuromutilina, foi aprovado pelo FDA em agosto de 2019 (após a aprovação das diretrizes pelas sociedades) para o tratamento de adultos com PAC causada por S pneumoniae, S aureus sensível à(MSSA), H influenzae, Legionella pneumophila , M pneumoniae e C pneumoniae. A lefamulina atua como um inibidor da síntese de proteínas bacterianas, visando o centro da peptidiltransferase da subunidade ribossômica bacteriana 50S. Pode ser administrado por via intravenosa ou oral na dose de 150 mg IV a cada 12 horas ou 600 mg por via oral a cada 12 horas, sendo necessário ajuste de dose para pacientes com insuficiência hepática. A lefamulina pode prolongar o intervalo QT e seu uso deve ser evitado em pacientes com prolongamento QT conhecido ou que estejam tomando outros agentes de prolongamento QT. Lefamulin tem várias outras interações medicamentosas. Seu uso deve ser evitado (devido ao potencial de eficácia reduzida) com indutores fortes ou moderados de CYP3A ou indutores de glicoproteína-P (Pgp). A formulação oral de lefamulina não deve ser usada com agentes que são fortes inibidores do CYP3A ou inibidores da Pgp ou com substratos do CYP3A4 que prolongam o intervalo QT. A delafloxacina, um antibiótico fluoroquinolona, foi aprovada em outubro de 2019 (após a publicação das diretrizes) para o tratamento de adultos com PAC causada por S pneumoniae, MSSA, patógenos gram-negativos selecionados (Klebsiella pneumoniae , Escherichia coli , P aeruginosa , H influenzae , Haemophilus parainfluenzae ) e microrganismos atípicos (C pneumoniae , L pneumophila , M pneumoniae ). Pode ser administrado por via intravenosa ou oral na dose de 300 mg IV a cada 12 horas ou 450 mg por via oral a cada 12 horas, com ajuste necessário para pacientes com insuficiência renal grave. A delafloxacina tem as mesmas advertências e precauções que outros agentes da classe antimicrobiana das fluoroquinolonas. Tratamento direcionado A resposta clínica do paciente deve ser avaliada após o início da terapia antimicrobiana. Nos casos em que culturas de sangue e/ou escarro são recomendadas, uma vez que a cultura microbiológica e os resultados de sensibilidade estejam disponíveis, a cobertura antibiótica deve ser reduzida e a terapia deve ser direcionada ao(s) patógeno(s) que causa(m) a doença. Duração da Terapia A duração recomendada da antibioticoterapia não mudou em relação às diretrizes publicadas anteriormente. Pacientes com PAC devem ser tratados por um período mínimo de 5 dias, com antibioticoterapia continuada até que o paciente atinja a estabilidade clínica. Medidas validadas de estabilidade clínica incluem resolução de anormalidades de sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio e temperatura); capacidade de comer; e estado mental normal. Dado que a maioria dos pacientes atinge a estabilidade clínica dentro de 48 a 72 horas após o início da terapia, um curso de 5 dias normalmente é suficiente. Por causa de sua meia-vida longa e altas concentrações no tecido pulmonar, alguns médicos administram azitromicina por 3 dias (um total de 1,5 g) em pacientes sem pneumonia causada por Legionella. A PAC por suspeita ou comprovação de MRSA ou P aeruginosa deve ser tratada por 7 dias. Em pacientes com PAC cujos sintomas desaparecem em 7 dias, não é recomendada a realização de exames de imagem de tórax de acompanhamento de rotina. 13 7. Compreender as possíveis complicações na pneumonia. Principalmente na pediatria, as complicações incluem derrame pleural (DP), empiema (EMP), pneumonia necrotizante (NEC) e abscesso pulmonar (ABS). O DP e o EMP são considerados diferentes estágios de uma mesma fisiopatologia cujo processo de inflamação pleural ocasiona o acúmulo de líquido na cavidade pleural. A NEC resulta da liquefação tecidual, deve ser considerada nos casos de febre prolongada e aparência séptica, e o diagnóstico pode ser confirmado através de tomografia computadorizada ou radiografia de tórax. O ABS resulta do acúmulo de células inflamatórias acompanhada de destruição tecidual ou necrose, resultando em uma ou mais cavidades pulmonares. O derrame pleural e o empiema são as complicações mais comuns, enquanto a necrose pulmonar é a mais severa complicação, associada a internação hospitalar prolongada. Choque séptico: Costuma complicar a pneumonia adquirida na comunidade (PAC) grave. Os pacientes apresentamfebre, leucocitose, taquipneia e taquicardia. Pode evoluir rapidamente para insuficiência de múltiplos órgãos e choque. Geralmente é fatal, e a sobrevida depende de um alto índice de suspeita, reconhecimento precoce e intervenção imediata. A prevalência de sepse em pacientes com idade muito avançada (≥80 anos) com PAC foi de 71% Os fatores de risco incluíram: sexo masculino, doença renal crônica e diabetes mellitus. A antibioticoterapia antes da internação foi associada a um risco mais baixo de sepse. As taxas de mortalidade no hospital e após 1 ano foram mais altas nesses pacientes, quando desenvolveram sepse. Síndrome do desconforto respiratório: A pneumonia pode ser complicada pela SDRA, que é uma condição de edema pulmonar não cardiogênico e inflamação pulmonar grave. Relatada em 2% dos pacientes com PAC hospitalizados e 13% dos pacientes com PAC internados na unidade de terapia intensiva. Ocorre em 29% dos pacientes com PAC ventilados mecanicamente, com mortalidade de 25% em 30 dias. Associada a uma mortalidade de 30% a 50%, e é tratada com ventilação mecânica com pressão de platô limitada e baixo volume corrente. Colite do clostridium difficile associada à antibiótico: Pode resultar da interrupção da flora intestinal normal em decorrência do uso de antibióticos. Os pacientes geralmente apresentam diarreia, dor abdominal e leucocitose. O imunoensaio de fezes para enzimas de C difficile tem valor diagnóstico. O ideal é interromper o uso dos antibióticos causadores e iniciar a antibioticoterapia de acordo com as orientações locais atuais. Insuficiência cardíaca: A incidência de insuficiência cardíaca em um estudo de pacientes hospitalizados com PAC foi de 14.1%. Há poucas informações sobre os fatores de risco para a ocorrência de complicações cardíacas em pacientes com PAC. Idade avançada, insuficiência cardíaca congestiva preexistente, gravidade da PAC e uso de insulina com base em escalas móveis de glicose em pacientes hospitalizados são possíveis fatores de risco. Em pacientes com doença cardiovascular conhecida, o uso de vacina pneumocócica e contra a gripe (influenza) pode reduzir os índices de morbidade e mortalidade. Síndrome coronariana aguda: A incidência em um estudo em pacientes hospitalizados com PAC foi de 5.3%. Arritmia cardíaca: A incidência em um estudo em pacientes hospitalizados com PAC foi de 4.7%. Pneumonia necrosante: Considerada uma complicação rara da PAC em adultos. Associada a patógenos como Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, espécies de Nocardia, Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae. Tabagismo, alcoolismo, idade avançada, diabetes mellitus, doenças pulmonares crônicas ou doença hepática são fatores de risco associados à pneumonia necrosante. Derrame pleural: Pode ocorrer em até 57% dos pacientes com pneumonia hospitalizados. Cerca de 1% a 2% dos casos de PAC com derrame pleural são complicados por empiema. O derrame pleural é considerado um indicador de gravidade da pneumonia e está claramente associado a um aumento do risco de fracasso do tratamento. Abscesso pulmonar: Uma complicação rara, que frequentemente requer antibioticoterapia prolongada e, em alguns casos, drenagem cirúrgica. 8. Estudar as políticas públicas para prevenção de doenças respiratórias. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos próximos dez anos as doenças respiratórias crônicas representarão a terceira causa de mortalidade no mundo. Em alguns países, como no caso do Brasil, a estimativa é de que o índice será alcançado antes desse prazo. De acordo com o dr. Paulo Camargos, os programas de acesso a medicamentos considerados essenciais a preços mais baixos são algumas das boas iniciativas mantidas pelos governos para facilitar o tratamento das doenças respiratórias crônicas. No entanto, são necessárias outras medidas para o fortalecimento da assistência, em especial para diagnóstico e acompanhamento. VER: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_cronicas.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_cronicas.pdf 14 FONTEs: https://www.hcor.com.br/area-medica/wp- content/uploads/sites/3/2021/12/PROTOCOLOS_PRONTO_SOCORRO_PNEUMONIA_BACTERIANA_ADQUIRIDA- web.pdf https://jaleko-files.s3-sa-east-1.amazonaws.com/apostila-web/5f69206fac9cb_pneumonia.pdf https://cdn.publisher.gn1.link/jornaldepneumologia.com.br/pdf/Cap_Suple_98_1.pdf https://www.uspharmacist.com/article/updated-clinical-practice-guidelines-for-communityacquired-pneumonia Pneumonia bacteriana: aspectos epidemiológicos, fisiopatologia e avanços no diagnóstico. Bacterial pneumonia: epidemiological aspects, physiopathology and advances in diagnosis. Raíssa Guará Assunção1, Wellison Amorim Pereira1, Afonso Gomes Abreu3. https://gestaoemsaude.net/resumo-sobre-pneumonia/ https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/18 https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional https://www.sanarmed.com/resumo-pneumonia-ligas https://pebmed.com.br/novo-guideline-para-diagnostico-e-tratamento-da-pneumonia/ https://jaleko-files.s3-sa-east-1.amazonaws.com/apostila-web/5f692071b0ecb_pneumonia-atipica.pdf https://www.jornaldepneumologia.com.br/details/2853/pt-BR/recomendacoes-para-o-manejo-da-pneumonia- adquirida-na-comunidade-2018 https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/17/complications https://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/pprint237.pdf https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/especialista-defende-politicas-publicas-para-controle-de-doencas- respiratorias-cronicas-em-encontros-com-gestores-de-saude/ https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/sites/3/2021/12/PROTOCOLOS_PRONTO_SOCORRO_PNEUMONIA_BACTERIANA_ADQUIRIDA-web.pdf https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/sites/3/2021/12/PROTOCOLOS_PRONTO_SOCORRO_PNEUMONIA_BACTERIANA_ADQUIRIDA-web.pdf https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/sites/3/2021/12/PROTOCOLOS_PRONTO_SOCORRO_PNEUMONIA_BACTERIANA_ADQUIRIDA-web.pdf https://jaleko-files.s3-sa-east-1.amazonaws.com/apostila-web/5f69206fac9cb_pneumonia.pdf https://cdn.publisher.gn1.link/jornaldepneumologia.com.br/pdf/Cap_Suple_98_1.pdf https://www.uspharmacist.com/article/updated-clinical-practice-guidelines-for-communityacquired-pneumonia https://gestaoemsaude.net/resumo-sobre-pneumonia/ https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/18 https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional https://www.sanarmed.com/resumo-pneumonia-ligas https://pebmed.com.br/novo-guideline-para-diagnostico-e-tratamento-da-pneumonia/ https://jaleko-files.s3-sa-east-1.amazonaws.com/apostila-web/5f692071b0ecb_pneumonia-atipica.pdf https://www.jornaldepneumologia.com.br/details/2853/pt-BR/recomendacoes-para-o-manejo-da-pneumonia-adquirida-na-comunidade-2018 https://www.jornaldepneumologia.com.br/details/2853/pt-BR/recomendacoes-para-o-manejo-da-pneumonia-adquirida-na-comunidade-2018 https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/17/complications https://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/pprint237.pdf https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/especialista-defende-politicas-publicas-para-controle-de-doencas-respiratorias-cronicas-em-encontros-com-gestores-de-saude/ https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/especialista-defende-politicas-publicas-para-controle-de-doencas-respiratorias-cronicas-em-encontros-com-gestores-de-saude/
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