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Limite e Continuidade Aula 4 Cálculo A Professora: Fernanda Kruger Tomaschewski email: fernanda.tomaschewski@ifsc.edu.br Continuidade Observe que a Definição implicitamente requer três coisas para a continuidade de 𝑓 em 𝑎: 1. 𝑓(𝑎) está definida (isto é, 𝑎 está no domínio de 𝑓 ) 2. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) existe 3. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) ➢ Assim, uma função contínua 𝑓 tem a propriedade que uma pequena mudança em 𝑥 produz somente uma pequena alteração em 𝑓(𝑥). ➢ Se falhar uma ou mais das condições dessa definição, então dizemos que 𝑓 tem uma descontinuidade em 𝒙 = 𝒂 ➢ Se 𝑓 está definida próximo de 𝑎 (em outras palavras, 𝑓 está definida em um intervalo aberto contendo 𝑎, exceto possivelmente em 𝑎), dizemos que 𝑓 é descontínua em 𝒂 (o que 𝑓 tem uma descontinuidade em 𝑎) se 𝑓 não é contínua em 𝑎. O gráfico de uma função pode ser descrito como uma curva contínua se não apresentar quebras ou buracos. Nas figuras, podemos ver que o gráfico de uma função tem uma quebra ou buraco se ocorrer alguma das seguintes condições: ➢ A função 𝑓 não está definida em 𝑎 (Figura 𝑎). ➢ O limite de 𝑓(𝑥) não existe quando 𝑥 tende a 𝑎 (Figura b, Figura c). ➢ O valor da função e o valor do limite em 𝑎 são diferentes (Figura d). Cada função esboçada na Figura ilustra uma descontinuidade em 𝑥 = 𝑎. ➢ Na Figura (𝑎), a função não está definida em 𝑎, violando a primeira condição da Definição 1. ➢ Na Figura (b), existem ambos os limites laterais de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende a 𝑎, mas não são iguais. Portanto, não existe lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) , violando a segunda condição da Definição 1. Diremos que uma função como a da Figura (b) tem uma descontinuidade de salto em 𝑎. ➢ Na Figura (c), os limites laterais de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende a 𝑎 são infinitos. Portanto, não existe lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥), violando a segunda condição da Definição 1. Diremos que uma função como a da Figura (c) tem uma descontinuidade infinita em 𝑎. ➢ Na Figura (d), a função está definida em 𝑎 e o limite lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) existe, mas esses dois valores não são iguais, violando a terceira condição da Definição 1. Diremos que uma função como a da Figura (d) tem uma descontinuidade removível em 𝑎. Exemplos: 1) Em quais números 𝑓 e descontínua? Solução: Tem uma descontinuidade quando 𝑎 = 1, pois a o gráfico tem um buraco. 𝑓 é descontínua em 1 pois 𝑓(1) não esta definida. Em 𝑎 = 3 , 𝑓(3) esta definida, mas lim 𝑥→3 𝑓(𝑥) não existe (pois o limites esquerdo e direito são diferentes). Logo 𝑓 e descontínua em 3. Em 𝑎 = 5 , 𝑓(5), esta definida e lim 𝑥→5 𝑓(𝑥) existe (pois o limite esquerdo e o direito são iguais). Mas lim 𝑥→5 𝑓(𝑥) ≠ 𝑓(5) Logo,𝑓 é descontínua em 5. 2) A função é continua em 𝑥 = 0? Solução: Aqui 𝑓 0 = 1 está definida, mas lim 𝑥→0 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→0 1 𝑥2 não existe. Então 𝑓 é descontínua em 0. A descontinuidade é denominada descontinuidade infinita. 3) Encontre os pontos nos quais f é descontínua Solução: 4) Determine se as seguintes funções são contínuas no ponto 𝑥 = 2 Solução: Em cada caso, devemos determinar se o limite da função quando 𝑥 → 2 é o mesmo que o valor da função em 𝑥 = 2. Em todos os três casos, as funções são idênticas, exceto no ponto 𝑥 = 2 portanto, todas as três têm o mesmo limite em 𝑥 = 2, isto é: lim 𝑥→2 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→2 𝑥2 − 4 𝑥 − 2 = A função f está indefinida em 𝑥 = 2 e, portanto, não é contínua em 𝑥 = 2. A função g está definida em 𝑥 = 2, mas o valor 𝑔(2) = 3 difere do limite naquele ponto; portanto, g não é contínua em 𝑥 = 2. O valor da função h em 𝑥 = 2 é ℎ(2) = 4, que é o mesmo que o limite naquele ponto. Portanto, h é contínua em 𝑥 = 2 5) Encontre um valor para a constante k, se possível, que faça a função ficar contínua em toda parte. Continuidade em um Intervalo Exemplo: Mostre que a função 𝑓 𝑥 = 1 − 1 − 𝑥2 e continua no intervalo [−1,1]. Solução: Se −1 < 𝑎 < 1 lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑎 1 − 1 − 𝑥2 = 1 − 1 − 𝑎2 = 𝑓 𝑎 Agora, vamos analisar os extremos do intervalo. Desta forma, lim 𝑥→−1+ 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→−1+ 1 − 1 − 𝑥2 = 1 = 𝑓 −1 lim 𝑥→1− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1− 1 − 1 − 𝑥2 = 1 = 𝑓 1 logo, 𝑓 e continua a direita em −1 e continua a esquerda em 1. Então 𝑓 e continua em [−1,1]. Propriedades da Funções Continuas O conhecimento de quais funções são contínuas nos permite calcular muito rapidamente alguns limites, como no exemplo a seguir Exemplo: 𝑓 𝑥 = 𝑥3+2𝑥2−1 5−3𝑥 é continua em 𝑥 = −2? Solução: A função 𝑓 𝑥 = 𝑥3 + 2𝑥2 − 1 5 − 3𝑥 é racional, assim pelo teorema 5 é continua em seu domínio que é 𝑥 ≠ 5 3 . Logo 𝑓 𝑥 é continua em 𝑥 = −2. Mais ainda lim 𝑥→−2 𝑥3 + 2𝑥2 − 1 5 − 3𝑥 = 𝑓 −2 = − 1 11 Exemplos: 1) Onde a função 𝑓 𝑥 = ln 𝑥+𝑡𝑔−1𝑥 𝑥2−1 é continua? Solução: A função 𝑦 = ln 𝑥 e continua para 𝑥 > 0 𝑦 = 𝑡𝑔−1𝑥 é continua em ℝ Assim, 𝑦 = ln 𝑥 + 𝑡𝑔−1𝑥, é continua em 0,∞ . O denominador 𝑦 = 𝑥2 − 1 é um polinômio, portanto e continuo em toda parte. Assim, f e continua em todos os números positivos 𝑥, exceto onde 𝑥2 − 1 = 0 ⇒ 𝑥 = ±1. Logo, 𝑓 é continua nos intervalos (0, 1) 𝑒 (1,∞). 2) Calcule lim 𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑛 𝑥 2 + cos 𝑥 Solução: A função 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛 𝑥 é continua em todos ℝ. A função no denominador 𝑦 = 2 + cos 𝑥 é a soma de duas funções continuas e, portanto, é continua. Observe que esta função 𝑦 = 2 + cos 𝑥 nunca é 0, pois −1 ≤ cos 𝑥 ≤ −1 para todo 𝑥 e assim 2 + cos 𝑥 ≠ 0 em toda parte. Logo 𝑓 é sempre continua. Portanto, pela definição de função continua, lim 𝑥→𝜋 𝑠𝑒𝑛 𝑥 2 + cos 𝑥 = 𝑓 𝜋 = 𝑠𝑒𝑛 𝜋 2 + cos 𝜋 = 0 2 − 1 = 0 Outra forma de combinar as funções contínuas f e g para obter novas funções contínuas é formar a função composta 𝑓 ∘ 𝑔. Esse fato é uma consequência do seguinte teorema. Exemplo: Calcule lim 𝑥→1 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 1− 𝑥 1−𝑥 Solução: Uma vez que 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 e uma função continua, podemos aplicar o Teorema acima: lim 𝑥→1 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 1 − 𝑥 1 − 𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 lim 𝑥→1 1 − 𝑥 1 − 𝑥 = Exemplo: Onde a função ℎ 𝑥 = sen 𝑥2 é continua? Solução: Temos ℎ 𝑥 = 𝑓(𝑔(𝑥)), onde 𝑔(𝑥) = 𝑥2 e 𝑓(𝑥) = sen 𝑥. Agora, g é continua em ℝ, pois é um polinômio, 𝑓 também é continua em ℝ . Logo, ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑔 𝑥 ) é continua em ℝ. Teorema do Valor Intermediário O Teorema do Valor Intermediário afirma que uma função continua assume todos os valores intermediários entre os valores da função 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏). Isso está ilustrado na Figura. Observe que o valor 𝑁 pode ser assumido uma vez [como na parte (a)] ou mais [como na parte (b)]. Uma das aplicações do Teorema do Valor Intermediário e a localização das raízes de equações, como no exemplo a seguir. Exemplo: Mostre que existe uma raiz da equação 4𝑥3 − 6𝑥2 + 3𝑥 − 2 = 0 entre 1 e 2 Solução: Seja 𝑓 𝑥 = 4𝑥3 − 6𝑥2 + 3𝑥 − 2. Estamos procurando por uma solução da equação dada, isto é, um numero 𝑐 entre 1 e 2 tal que 𝑓(𝑐) = 0. Portanto, tomamos 𝑎 = 1, 𝑏 = 2 e 𝑁 = 0 no Teorema do Valor Intermediário. Temos 𝑓 1 = 4.13 − 6.12 + 3.1 − 2 = −1 < 0 𝑓 2 = 4.23 − 6.22 + 3.2 − 2 = 12 > 0 Logo 𝑓(1) < 0 < 𝑓(2), isto é, 𝑁 = 0 é um numero entre 𝑓(1) e 𝑓(2). Como 𝑓 e continua, por ser um polinômio, o Teorema do Valor Intermediário temos que existe um numero 𝑐 entre 1 e 2 tal que 𝑓(𝑐) = 0. Em outras palavras, a equação 4𝑥3 − 6𝑥2 + 3𝑥 − 2 = 0 tem pelo menos uma raiz 𝑐 no intervalo (1,2). De fato, podemos localizar mais precisamente a raiz usando novamente o Teorema do Valor Intermediário. Uma vez que 𝑓 1,2 = −0,128 < 0 𝑒 𝑓 1,3 = 0,548 > 0 uma raiz deve estar entre 1,2 e 1,3. Uma calculadora fornece, por meio de tentativa e erro, 𝑓 1,22 = −0,007008 < 0 𝑒 𝑓 1,23 = 0,056068 > 0 assim, uma raiz está no intervalo 1,22; 1,23 . Podemos usar uma calculadora gráfica ou computador para ilustrar o uso do Teorema do Valor Intermediário nesse exemplo. A Figura 10 mostra o gráfico de f em uma janela retangular [−1,3] por [−3,3], e você pode ver o gráficocruzando o eixo 𝑥 entre 1 e 2. A Figura 11 mostra o resultado ao se aplicar o zoom, obtendo a janela retangular 1,2; 1,3 por [−0,2; 0,2].