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Apostila de CÁLCULO I Introdução O considerável avanço na ciência durante os últimos séculos procede em grande parte do desenvolvimento da Matemática. Por exemplo, o ramo da Matemática conhecida comoCálculo é um instrumento natural e poderoso para atacar múltiples problemas que surgem em F́ısica, Astronomı́a, Engenharia, e em outras áreas, incluindo recentemente alguns problemas de ciências sociais. Conjuntos Em Matemática, a palavra conjunto é usada para representar uma coleção de objetos considerada como um único ente ou entidade. As coleções desig- nadas com nomes tais como “rebanho”, “tribo”, “multidão” e “eleitores”são todas exemplos de conjunto. Os objetos que conformam a coleção se llaman elementos ou membros do conjunto. Usualmente conjuntos são designadas com letras maiúsculas: A, B, C, ..., X, Y , Z: e os elementos com minúsculas: a, b, c, ..., x, y, z. Usamos a notação x ∈ S para indicar que “x é um elemento de S” ou que “x pertence a S”. Se x não pertence a S escrevemos x /∈ S. Sempre que necessário, designaremos conjuntos escrevendo os elementos en- tre colchetes; por exemplo, o conjunto dos inteiros positivos pares e menores que 10 se expressa com o śımbolo {2, 4, 6, 8} enquanto que o conjunto de to- dos os inteiros positivos se representa com {1, 2, 3, ...}; os três pontos indicam “e assim por diante”. O método de citar explicitamente os elementos de um conjunto entre colchetes é muitas vezes chamado a notação em lista. Igualdade de Conjuntos Se diz que dois conjuntos A e B são iguais (ou idênticos) se compreendem exatamente os mesmos elementos, em cujo caso escrevemos A = B. Se um dos conjuntos contém qualquer elemento que não esteja no outro, dizemos que os conjuntos são diferentes e escrevemos A ̸= B. Exemplo 1. A partir da definição, os dois conjuntos {2, 4, 6, 8} e {2, 8, 4, 6} são iguais, dado que ambos estão conformados de quatro elementos 2, 4, 6 e 8. Assim, quando usamos a notação em lista para expressar um conjunto, a ordem em que os elementos aparecem é indiferente. 1 2 Exemplo 2. Os conjuntos {2, 4, 6, 8} e {2, 2, 4, 4, 6, 8} são iguais mesmo que no segundo conjunto os elementos 2 e 4 estejam listados duas vezes. Ambos os conjuntos contém quatro elementos 2, 4, 6, 8 e não outros, assim a partir da definição estes conjuntos são considerados iguais. Este exemplo mostra que não devemos exigir que os elementos mencionados na notação lista sejam todos diferentes. Da mesma forma o conjunto de letras na palavra Mississipi é idêntico ao conjunto {M, i, s, p} que consiste em quatro letras diferentes M, i, s, e p. A partir de um determinado conjunto pode-se formar novos conjuntos, cha- mados subconjuntos desse conjunto. Por exemplo, o conjunto dos inteiros posi- tivos menores que 10 e diviśıvel por 4 (que é o conjunto {4, 8}) é um subconjunto dos inteiros positivos pares e menores que 10. Em geral, nós damos a seguinte definição. Subconjunto Dizemos que um conjunto A é um subconjunto do conjunto B, e escrevemos A ⊆ B quando todo elemento de A também pertence a B. Dizemos também que A está contido em B ou B contém A. O śımbolo ⊆ é usado para representar a relação de inclusão de conjuntos. Por exemplo, sejam os conjuntos A = {2, 4} e B = {2, 2, 4, 4}, logo, notamos que A ⊆ B. A relação A ⊆ B não exclui a possibilidade de que B ⊆ A. Na realidade, podemos ter as duas relações A ⊆ B e B ⊆ A porém este ocorre apenas se A e B têm os mesmos elementos. Em outras palavras, A = B se e somente se A ⊆ B e B ⊆ A Se A ⊆ B porém A ̸= B, dizemos que A é um subconjunto próprio de B; indicamos isso escrevendo A ⊂ B. Em muitas aplicações irá ocorrer que tendo fixado antecipadamente um determinado conjunto S, temos interesse apenas nos subconjuntos de aquele. Aquele conjunto S será considerado com o conjunto universal. E a notação {x |x ∈ S e x satisfaz P} designa o conjunto cujos elementos x pertencem a S e satisfazem a propriedade ou condição P . Por exemplo, o conjunto, {x |x ∈ Inteiros e x < 10}. Quando o conjunto universal a que nos referimos é sobreentendido, omi- tiremos de citar-lho e abreviamos a notação colocando {x |x satisfaz P}. Os conjuntos representados desta forma são caracterizados por uma propriedade definidora, e dizemos que está na notação construtora de conjuntos. Pode ser que um conjunto não contenha elementos. Um tal conjunto é chamado conjunto vazio, e é representado pelo śımbolo ∅. Frequentemente nos ajudamos de diagramas para representar conjuntos. Por exemplo, podemos pensar que o conjunto universal S é uma região no plano, e cada um de seus elementos um ponto. Os subconjuntos de S podem ser imaginados como coleções de pontos interiores a S. As ajudas gráficas deste tipo se chamam diagramas de Venn. 3 União A partir de dois conjuntos A e B, sempre podemos formar um novo conjunto chamado união de A e B. Esse novo conjunto se representa pelo śımbolo A∪B (se lê: “A união B”) e se define como o conjunto de elementos que pertencem a A ou a B ou a ambos. Interseção A interseção de A e B que se representa pelo śımbolo A ∩ B (se lê: “A interseção B”) se define como o conjunto de elementos comuns a A e a B. Dois conjunto se chamam disjuntos se A ∩ B = ∅ (é dizer que A e B não têm elementos comuns). Diferença Se define a diferença A − B (que também se chama complemento de B relativo a A) como o conjunto de elementos de A que não pertencem a B. Assim, na notação construtora de conjuntos temos A−B = {x |x ∈ A e x /∈ B} Exerćıcio 1. Utilizar a notação em lista para representar os seguintes con- juntos de números reais. (a) A = {x |x2 − 1 = 0} (b) B = {x |x3 − 2x2 + x = 2} (c) C = {x |x+ 8 = 9} (d) D = {x | (x+ 8)2 = 92} Números Reais A noção de número é uma das mais fundamentais da matemática. Elaborada na antiguidade, ela sofreu no decurso dos séculos um longo processo de extensão e de generalização, por exemplo, começando desde a noção de números naturais até a noção de números complexos. Os números inteiros Z = {−∞, ...,−2,−1, 0, 1, 2, ...,+∞}, e os números fra- cionários positivos e negativos (compreendendo o número zero), são chamados números racionais, e conformam o conjunto de números racionais, que sim- bolizamos com a letra Q. Qualquer número racional pode ser posto na forma de quociente p q de dois números inteiros p e q, onde q ̸= 0. Por exemplo, 0, 5 = 1 2 − 1, 25 = −5 4 Em part́ıcular, todo número inteiro p pode ser considerado como quociente dos números inteiros p e 1, é dizer p1 . Por exemplo, 6 = 6 1 , e 0 = 0 1 . 4 Os números racionais podem ser postos na forma de decimais limitadas ou ilimitadas periódicas, por exemplo 1 2 = 0, 5000... = 0, 50 2 3 = 0, 6666... = 0, 6 157 495 = 0, 3171717... = 0, 317 9 7 = 1, 285714285714... = 1, 285714 a barra indica que a sequência de d́ıgitos se repete indefinidamente (periódica). Os números expressados mediante decimais ilimitadas não periódicas, são denominados números irracionais, e conformam o conjunto de números ir- racionais, que simbolizamos com a letra I. Por exemplo, os seguintes números são irracionais √ 2 = 1, 414213562373095... π = 3.141592653589793... A união dos conjuntos de números racionais e de irracionais (Q ∪ I) confor- mam o conjunto de números reais, denotado pela letra R. Os números reais podem ser representados por pontos sobre uma reta, como na Figura 1. -3 -2 -1 0 1 2 3 −37 √ 2 π 1 2−2, 63 Figura 1: Eixo real A direção positiva (à direita) é indicada por uma flecha. Escolhemos um ponto de refêrencia arbitrário, O, denominado origem, que corresponde ao número real 0. Dada qualquer unidade de medida, cada número positivo x é representado pelo ponto da reta que está a x unidades, à direita da origem, e cada número negativo −x é representado pelo ponto sobre a reta que está x unidades de distância, à esquerda, da origem. Assim, todo númeroreal é representado por um único ponto sobre a reta, e a todo ponto P sobre a reta corresponde exatamente um único número real. O número real associado ao ponto P é chamado coordenada de P , e a reta é dita então eixo coordenado, ou eixo dos números reais, ou simples- mente eixo real. Frequentemente identificamos o ponto com sua coordenada e pensamos em um número como sendo um ponto no eixo real. Os números reais constituem um conjunto ordenado, isto é, estão ordenados de forma crescente sobre o eixo real (na direção da flecha). Dizemos que a é menor que b e escrevemos a < b se b − a for um número positivo. Geometri- camente, isso significa que a está à esquerda de b sobre o eixo real. De maneira equivalente, podemos dizer que b é maior que a e escrevemos b > a. O śımbolo a ≤ b (ou b ≥ a) significa que ou a < b ou a = b e deve ser lido como “a é menor que ou igual a b”. Por exemplo, são verdadeiras as seguintes desigualdades: 7 < 7, 4 < 7, 5 − 3 > −π √ 2 < 2 √ 2 ≤ 2 2 ≤ 2 Intervalos Certos conjuntos de números reais, denominados intervalos, ocorrem fre- quentemente no cálculo e correspondem geometricamente a segmentos de reta. 5 Por exemplo, se a < b, o intervalo aberto de a até b consiste em todos os números entre a e b e é denotado pelo śımbolo ]a, b[. Usando a notação cons- trutora de conjuntos, podemos escrever ]a, b[= {x | a < x < b} a b Figura 2: Intervalo aberto ]a, b[ Note que os pontos extremos do intervalo (isto é, a e b) estão exclúıdos. Isso é indicado pelos colchetes abertos “] [” e pelas bolinhas vazias na Figura 2. O intervalo fechado de a até b é o conjunto [a, b] = {x | a ≤ x ≤ b} a b Figura 3: Intervalo fechado [a, b] Aqui os pontos extremos do intervalo estão inclúıdos, e isso é indicado pelos colchetes fechados “[ ]” e pelas bolinhas cheias na Figura 3. É necessário também considerar os intervalos infinitos, como ]a,+∞[= {x |x > a} Isso não significa que +∞ (“mais infinito”) seja um número. A notação ]a,+∞[ representa o conjunto de todos os números maiores que a; dessa forma, o śımbolo +∞ indica que o intervalo se estende indefinidamente na direção positiva. Desigualdades Para trabalhar com as desigualdades devemos observar as seguintes regras: (I) Se a < b, então a+ c < b+ c; (II) Se a < b e c < d, então a+ c < b+ d; (III) Se a < b e c > 0, então ac < bc; (IV) Se a < b e c < 0, então ac > bc; (V) Se 0 < a < b, então 1a > 1 b . Exerćıcio 2. Resolva as seguintes desigualdades (a) 1 + x < 7x+ 5 (b) 4 ≤ 3x− 2 < 13 6 Exemplo 3. Resolva a seguinte desigualdade x2 − 5x+ 6 ≤ 0. Solução. Primeiro vamos fatorar o lado esquerdo, é dizer (x− 2)(x− 3) ≤ 0 esta desigualdade é satisfeita, se (i) (x− 2) ≥ 0 e (x− 3) ≤ 0 ou se (ii) (x− 2) ≤ 0 e (x− 3) ≥ 0 42 310-1 Figura 4: Intervalo fechado [2, 3] Simplificando a desigualdade (i) obtemos a primeira solução (veja a Figura 4) R1 = {x |x ≥ 2} ∩ {x |x ≤ 3} ⇒ R1 = {x | 2 ≤ x ≤ 3} Simplificando a desigualdade (ii) obtemos a segunda solução R2 = {x |x ≤ 2} ∩ {x |x ≥ 3} ⇒ R2 = ∅ Juntando ambos os soluções obtemos R = R1 ∪R2 ⇒ R = {x | 2 ≤ x ≤ 3} Valor Absoluto O valor absoluto de um número a, denotado por |a|, é a distância de a até 0 sobre o eixo real. Como as distâncias são sempre positivas ou 0, então temos |a| ≥ 0 para todo número a Por exemplo, |3| = 3 | − 3| = 3 |0| = 0 | √ 2− 1| = √ 2− 1 |3− π| = π − 3 Em geral, temos |a| = { a se a ≥ 0 −a se a < 0 Exerćıcio 3: Expresse |3x− 2| sem usar o śımbolo de valor absoluto. Lembre-se de que o śımbolo √ significa “raiz quadrada positiva de”. Logo, √ r = s significa s2 = r e s ≥ 0. Portanto a equação √ a2 = a não é sempre verdadeira. Só é verdadeira quando a ≥ 0. Se a < 0, então −a > 0; portanto, temos √ a2 = −a. Assim em vista da definição de valor absoluto, temos então a equação √ a2 = |a| que é verdadeira para todos os valores de a. 7 Propriedades do Valor Absoluto. Suponhamos que a e b sejam números reais e n um número inteiro. Então (I) |a · b| = |a| · |b| (II) ∣∣a b ∣∣ = |a||b| (b ̸= 0) (III) |an| = |a|n Agora suponhamos que a ≥ 0, então (IV) |x| = a se e somente se x = ±a (V) |x| ≤ a se e somente se −a ≤ x ≤ a (VI) |x| ≥ a se e somente se x ≥ a ou x ≤ −a Exerćıcio 4: Resolva a seguinte igualdade e desigualdade (a) |2x− 5| = 3 (b) |x− 5| < 2 A Desigualdade Triangular. Se a e b forem quaisquer números reais, então |a+ b| ≤ |a|+ |b| Prova. Dado que a = |a| ou a = −|a|, se têm −|a| ≤ a ≤ |a|, da mesma foma −|b| ≤ b ≤ |b|. Somando ambas desigualdades se têm −(|a|+ |b|) ≤ a+ b ≤ |a|+ |b| e portanto em virtude da propriedade (V) (substitúındo x por a+ b) conclui-se que: |a+ b| ≤ |a|+ |b| que é o que queremos mostrar. Caṕıtulo 1 Funções As funções são o objeto fundamental do cálculo, por isso a importância de estudar elas. As funções surgem quando uma quantidade depende de outra. Consideremos as seguintes situações: (a) A área A de um ćırculo depende de seu raio r. A lei que conecta r e A é dada pela equação A = πr2. A cada número r positivo existe associado um único valor de A, e dizemos que A é uma função de r. (b) O custo C de enviar uma carta pelo correio depende de seu peso w. Embora não haja uma fórmula simples conectando w e C, o correio tem uma fórmula que permite calcular C quando é dado w. É dizer C é uma função de w. 1.1 Grandezas Variáveis e Grandezas Constan- tes Quando medimos certas grandezas f́ısicas, tais como o tempo, o compri- mento, o volume, a velocidade, etc., estabelecemos os valores numéricos destas grandezas f́ısicas. As matemáticas estudam as grandezas sem ter em conta o seu conteúdo concreto. No que segue, quando falarmos de grandeza, teremos em vista os seus valores numéricos unicamente. Chama-se grandeza variável ou variável uma grandeza suscept́ıvel de to- mar diferentes valores numéricos, por exemplo, o tempo. A uma grandeza cujos valores numéricos não mudam chama-se grandeza constante ou constante, por exemplo, a razão do comprimento de uma circunferência com o seu diâmetro é uma constante cujo valor é π ≈ 3, 14159. 1.2 Domı́nio de Definição de uma Variável Uma variável é suscept́ıvel de tomar valores numéricos diferentes. O conjunto destes valores pode variar segundo o carácter do problema considerado. Por exemplo, a temperatura da água aquecida nas condições normais pode variar desde a temperatura ambiente, 15 ◦C ou 18 ◦C, até o ponto de ebulição, 100 ◦C. 8 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 9 Definição 1.1. Chama-se domı́nio de definição de uma variável ao conjunto dos valores numéricos que ela é suscept́ıvel de tomar. Exemplo 1.1. O domı́nio de definição da variável x = cosα, para todos os valores de α, é o intervalo fechado [−1, 1]; pode-se também expressar mediante as desigualdades −1 ≤ x ≤ 1. Definição 1.2. Chama-se vizinhança de um ponto x0, a todo intervalo aberto ]a, b[ contendo este ponto, isto é, um intervalo ]a, b[ para o qual sejam verificadas as desigualdades a < x0 < b. Escolhe-se muitas vezes a vizinhança de modo que o ponto x0 se encontre no meio. O ponto x0 é então chamado o centro de vizinhança e o número b−a2 o raio de vizinhança. A Figura 1.1 mostra a vizinhança ]x0 − ϵ, x0 + ϵ[ de centro x0 e de raio ϵ. x0 + ϵ x 0 ϵ ϵ x0x0 − ϵ Figura 1.1: Vizinhança de centro x0. 1.3 Função Definição 1.3. Diremos que y é uma função de x e escrevemos y = f(x), se a cada valor da variável x pertencendo a um certo domı́nio, corresponde um único valor da variável y. A variável x é chamada variável independente, e a variável y é chamada variável dependente. A letra f que aparece na dependência funcional y = f(x), indica que é necessário aplicar certas operações a x para obter o valor correspondente de y. As vezes simplesmente escrevemos y = y(x). Definição 1.4. O conjunto dos valores numéricos de x para os quais o va- lor númerico da função y = f(x) exista é chamadodomı́nio de existência da função (ou domı́nio de definição da função). E o conjunto dos valores numéricos da função y = f(x) é chamado imagem da função. Exemplo 1.2. A função y = senx é definida para todos os valores de x. Logo, o seu domı́nio de existência é o intervalo infinito −∞ < x < ∞. E a imagem da função é o intervalo fechado −1 ≤ y ≤ 1. Exemplo 1.3. A função y = √ x é definida para valores não negativos de x, é dizer x ≥ 0, assim seu domı́nio de existência é o intervalo semi-aberto [0,∞[. E a imagem é também o intervalo semi-aberto [0,∞[. Exerćıcio 1.1. Encontre o domı́nio e imagem de cada função. (a) f(x) = √ x+ 2 (b) g(x) = 1x2−x CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 10 (c) h(x) = x+1x−1 (d) f(x) = √ 1− x2 Definição 1.5. A função y = f(x) diz-se crescente se a um maior valor da variável independente corresponde um maior valor da função. É dizer, se para todo x2 > x1, se cumpre f(x2) > f(x1), então a função é crescente. Define-se duma maneira análoga a função decrescente. Exemplo 1.4. A função A = πR2 é uma função crescente para 0 < R < +∞; porque a um maior valor de R corresponde um maior valor de A. 1.4 Representação das Funções 1.4.1 Representação via Tabelas Neste processo dispõe-se em uma certa ordem os valores da variável inde- pendente x1, x2, ..., xn e os valores correspondentes da função y1, y2, ..., yn. x x1 x2 xn y y1 y2 yn Tais são, por exemplo, as tabelas das funções trigonométricas, as tabelas de logaŕıtmos, etc. A representação das funções via tabelas é muito usual no estudo experimental de certos fenómenos da natureza. Por exemplo, as variações da temperatura do ar em uma estação metereológica durante um dia dá-nos o quadro seguinte: t [horas] 1 2 3 4 5 6 7 8 9 T [◦C] 0 -1 -2 -2 -0,5 1 3 3,5 4 Este quadro define a temperatura T em função do tempo t. 1.4.2 Representação Gráfica O método mais comum de visualizar uma função consiste em fazer seu gráfico. Consideremos no plano um sistema de coordenadas rectangulares. Se f for uma função com domı́nio A, então seu gráfico será o conjunto de pontos sobre o plano coordenado, com coordenadas (x, f(x)), em que x pertence ao domı́nio A, é dizer, o conjunto dos pontos do plano cujas abcissas são os valo- res da variável independente e as ordenadas são os valores correspondentes da função. O gráfico de uma função f nos dá uma imagem proveitosa do comportamento ou da “história de vida” de uma função. Uma vez que a ordenada y de qualquer ponto (x, y) sobre o gráfico é y = f(x), podemos entender o valor f(x) como a altura do ponto no gráfico acima de x (veja a Figura 1.2). O gráfico de f também nos permite visualizar o domı́nio sobre o eixo x e a imagem sobre o eixo y, como na Figura 1.3. CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 11 1 20 f (1) f (2) f (x) (x, f (x)) x y x Figura 1.2: 0 x y y = f (x) imagem domı́nio Figura 1.3: Teste da Reta Vertical. Uma curva no plano xy é o gráfico de uma função de x se e somente se nenhuma reta vertical corta a curva mais de uma vez. Exerćıcio 1.2. Esboce o gráfico e encontre o domı́nio e a imagem de cada função. (a) f(x) = 1− x (b) g(x) = x2 Exerćıcio 1.3. O gráfico de uma função f está na Figura 1.4. (a) Encontre os valores de f(1) e f(5). (b) Como são o domı́nio e a imagem de f? 1.4.3 Representação Anaĺıtica Precisamos em primeiro lugar entender o que é uma “expressão anaĺıtica”. Chamaremos expressão anaĺıtica à notação simbólica do conjunto de operações matemáticas conhecidas (adição, subtração, raiz quadrada, etc.) que se deve CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 12 0 1 1 y x Figura 1.4: aplicar em uma certa ordem aos números ou a letras que representam grandezas constantes ou variáveis. Consideremos exemplos de expressões anaĺıticas: 4× 52 − 7; x4 − 2; log x− cosx 5x2 + 1 ; 2x − √ 5 + 3x, etc. Se a dependência funcional y = f(x) é tal que f é uma expressão anaĺıtica, então dizemos que a função y de x é dada anaĺıticamente. Por exemplo: y = x4 − 2; y = x+ 1 x− 1 ; y = cosx; A = πR2, etc. Nestes exemplos as funções estão expressas anaĺıticamente por uma única fórmula. Chama-se fórmula à igualdade entre duas expressões anaĺıticas. 1.5 Funções Definidas por Partes A função no exemplo a seguir é definida por fórmulas diversas em diferentes partes de seu domı́nio. Exemplo 1.5. Seja f a função definida pelas fórmulas f(x) = { 1− x se x ≤ 1 x2 se x > 1 Calcule f(0), f(1) e f(2) e esboce o gráfico. Solução. Lembre-se de que toda função é uma regra. Para essa função em particular a regra é a seguinte: Se tivermos que x ≤ 1, então o valor de f(x) será 1− x. Por outro lado, se x > 1, então o valor de f(x) será x2. • Uma vez que 0 ≤ 1, temos f(0) = 1− 0 = 1. CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 13 • Uma vez que 1 ≤ 1, temos f(1) = 1− 1 = 0. • Uma vez que 2 > 1, temos f(2) = 22 = 4. Como fazer o gráfico de f? Observamos que se x ≤ 1, então f(x) = 1 − x, assim, a parte do gráfico de f à esquerda da reta vertical x = 1 deve coincidir com a reta y = 1−x. Se x > 1, dáı f(x) = x2, e, dessa forma, a parte do gráfico de f à direita da reta x = 1 deve coincidir com o gráfico de y = x2, que é uma parábola. Tudo isso nos permite esboçar o gráfico da Figura 1.5. O pontinho cheio indica que o ponto (1,0) está incluso no gráfico, e pontinho vazio indica que o ponto (1,1) está exclúıdo do gráfico. 1 1 y x Figura 1.5: Exerćıcio 1.4. Esboce o gráfico da função valor absoluto f(x) = |x|. Exerćıcio 1.5. Encontre uma fórmula para a função f cujo gráfico está na Figura 1.6. y x1 1 0 Figura 1.6: CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 14 Exerćıcio 1.6. Seja a função custo C(w) do envio pelo correio de uma carta com peso w, definida por partes da seguinte forma C(w) = 0, 3 se 0 < w ≤ 1 0, 6 se 1 < w ≤ 2 0, 8 se 2 < w ≤ 3 1, 0 se 3 < w ≤ 4 e chamada função escada, esboce o gráfico desta função. 1.6 Principais Funções Elementares Existe uma série de tipos importantes de funções que frequentemente encon- tramos em cálculo. Vamos identificá-los e resumi-los brevemente nesta seção. 1.6.1 Funções Lineares Uma função com a forma f(x) = mx+ b, para constantes m e b, é chamada função linear. A Figura 1.7 mostra um conjunto de retas f(x) = mx, onde b = 0, de modo que todas passam pela origem. A constante m representa a inclinação da reta, pode-se mostrar quem é igual a tangente do ângulo que forma a reta com o eixo x, por esta razão m é muitas vezes chamada de coeficiente angular. 1 y x m = −3 m = 2 m = 1 m = 12 1 m = −1 y = −x y = x y = 12x y = 2x y = −3x Figura 1.7: O conjunto de retas y = mx tem coeficiente angular m e todas as retas passam pela origem. Funções constantes ocorrem quando o coeficiente angular m = 0, por exem- plo, veja a Figura 1.8), onde apresentamos a função constante y = 32 , o gráfico de esta função é uma reta paralela ao eixo x. O gráfico de qualquer função linear y = mx+ b cruza o eixo y no ponto (0, b). CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 15 x 2 1 1 2 y 0 y = 32 Figura 1.8: Uma função constante tem coeficiente angular m = 0. 1.6.2 Funções Potências Uma função f(x) = xa, onde a é uma constante, é chamada função potência. Existem vários casos importantes a considerar. (a) Se a = n, um inteiro positivo: Os gráficos de f(x) = xn, para n = 1, 2, 3, 4, são mostrados na Figura 1.9. Essas funções são definidas para todos os valores reais de x. Observe que, à medida que a potência n fica maior, as curvas tendem a se achatar sobre o eixo x no intervalo ]-1,1[ e também a subir e/ou descer mais repentinamente em |x| > 1. Todas as curvas passam pelo ponto (1,1) e pela origem. y 1-1 -1 1 1 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 y yy = x2 y = x3 y = x4 x x x x yy = x Figura 1.9: Gráficos de f(x) = xn, n = 1, 2, 3, 4, definidos para −∞ < x < +∞. (b) Se a = −1 e a = −2: Os gráficos das funções f(x) = x−1= 1/x e g(x) = x−2 = 1/x2 são mostrados na Figura 1.10. As duas funções são definidas para todos os x ̸= 0 (nunca se pode dividir por zero). O gráfico de y = 1/x é a hipérbole xy = 1, que se aproxima dos eixos das coordenadas longe da origem. O gráfico de y = 1/x2 também se aproxima dos eixos das coordenadas. (c) Se a = 12 e a = 1 3 : As funções f(x) = x 1/2 = √ x e g(x) = x1/3 = 3 √ x são as funções raiz quadrada e raiz cúbica, respectivamente. O domı́nio da função raiz quadrada é [0,∞[, mas a função raiz cúbica é definida para todos os x reais. Seus gráficos são mostrados na Figura 1.11. 1.7 Funções Pares e Ímpares: Simetria CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 16 x x yy 1 1 y = 1x y = 1x2 1 1 -1 -1 -1 -1 Imagem: y ̸= 0 Domı́nio: x ̸= 0 Domı́nio: x ̸= 0 Imagem: y > 0 Figura 1.10: Gráfico das funções potência f(x) = 1/x e f(x) = 1/x2. x x yy 1 1 Domı́nio: x ≥ 0 Imagem: y ≥ 0 Imagem: −∞ < y < ∞ 1 1 y = √ x Domı́nio: −∞ < x < ∞ y = 3 √ x Figura 1.11: Gráfico das funções potência f(x) = x1/2 e f(x) = x1/3. Definição 1.6. Uma função y = f(x) é uma • função par de x se f(−x) = f(x) • função ı́mpar de x se f(−x) = −f(x) para qualquer x dentro do domı́nio da função. Os nomes par e ı́mpar vêm das potências de x. • Se y é uma potência par de x, como em y = x2 ou y = x4, então é uma função par de x [pois (−x)2 = x2 e (−x)4 = x4]. • Se y é uma potência ı́mpar de x, como em y = x ou y = x3, então é uma função ı́mpar de x [pois (−x)1 = −x e (−x)3 = −x3]. O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo y. Uma vez que f(−x) = f(x), um ponto (x, y) estará no gráfico se e somente se o ponto (−x, y) estiver no gráfico (veja a Figura 1.12). Uma reflexão ao longo do eixo y não altera o gráfico. O gráfico de uma função ı́mpar é simétrico em relação à origem. Uma vez que f(−x) = −f(x), um ponto (x, y) estará no gráfico se e somente se o ponto (−x,−y) estiver no gráfico (veja a Figura 1.12). Uma rotação de 180◦ em relação à origem não altera o gráfico. Observe que as definições implicam que x e −x estejam ambos no domı́nio de f . CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 17 x yy y = x2 x (x, y) (x, y) (−x, y) y = x3 (−x,−y) Figura 1.12: Esquerda: O gráfico de y = x2 (função par) é simétrico em relação ao eixo y. Direita: O gráfico de y = x3 (função ı́mpar) é simétrico em relação à origem. Exerćıcio 1.7. Diga se as seguintes funções são par, ı́mpar ou nenhuma delas. (a) f(x) = x2 + 1 (b) f(x) = 1x2−1 (c) g(x) = xx2−1 (d) g(t) = 1t−1 1.8 Funções Compostas Definição 1.7. Se f e g são duas funções, a função composta f ◦ g (“ f composta com g”) é definida por (f ◦ g)(x) = f(g(x)) O domı́nio de f ◦g consiste nos valores de x do domı́nio de g para os quais g(x) fica no domı́nio de f . A definição diz que f ◦ g pode ser formada quando a imagem de g fica no domı́nio de f . Para determinar (f ◦ g)(x), primeiro devemos determinar g(x) e, depois, f(g(x)). A Figura 1.13 mostra a composição como um diagrama de setas. Exemplo 1.6. A função y = √ 1− x2 pode ser pensada calculando-se, primeiro, 1−x2 e, depois, tomando a raiz quadrada do resultado. A função y é a composta da função g(x) = 1 − x2 com a função f(x) = √ x. Note que 1 − x2 não pode ser negativa, assim o domı́nio da função composta fica [−1, 1]. Exerćıcio 1.8. Se f(x) = √ x e g(x) = x+ 1, determine (a) (f ◦ g)(x) CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 18 f ◦ g g(x) f (g(x)) x g f Figura 1.13: Diagrama de setas para f ◦ g. (b) (g ◦ f)(x) (c) (f ◦ f)(x) (d) (g ◦ g)(x) 1.9 Translação de um Gráfico Para transladar o gráfico de uma função y = f(x) para cima, adicione uma constante positiva no lado direito da fórmula y = f(x). E para transladar para baixo, adicione uma constante negativa no lado direito da fórmula y = f(x). Para transladar o gráfico de y = f(x) para a esquerda, adicione uma cons- tante positiva a x. E para transladar para a direita, adicione uma constante negativa a x. Translação vertical: y = f(x) + k Se k > 0, translada o gráfico de f(x) k unidades para cima. Se k < 0, translada o gráfico de f(x) |k| unidades para baixo. Translação horizontal: y = f(x+ h) Se h > 0, translada o gráfico de f(x) h unidades para a esquerda. Se h < 0, translada o gráfico de f(x) |h| unidades para a direita. 1.10 Funções Exponenciais A função f(x) = 2x é chamada função exponencial, pois a variável x, é o expoente. Ela não deve ser confundida com a função potência g(x) = x2, na qual a variável é a base. Em geral, uma função exponencial é uma função da forma f(x) = ax onde a é uma constante positiva. O gráfico de uma função exponencial deve cruzar o eixo y no ponto (0,1), pois a0 = 1 sempre. CAPÍTULO 1. FUNÇÕES 19 y = 2x m ≈ 0, 7 y x 1 0 y x 1 0 y = 3x m ≈ 1, 1 Figura 1.14: Função exponencial y = 2x e y = 3x. 1.10.1 O Número e Dentre todas as bases posśıveis para uma função exponencial, há uma que é mais conveniente para os propósitos do cálculo. Na escolha de uma base a pesa muito a forma como a função y = ax cruza o eixo y [é dizer o ponto (0,1)]. A Figura 1.14 mostra as retas tangentes ao gráfico de y = 2x e y = 3x no ponto (0,1). Se medirmos as inclinações das retas tangentes em (0,1), encontraremos m ≈ 0, 7 para y = 2x e m ≈ 1, 1 para y = 3x. Quando escolhemos para a base o número de Euler e = 2, 71828..., a reta tangente de y = ex em (0,1) tem uma inclinação de exatamente 1 (veja Fi- gura 1.15). A função exponencial com base e é chamada função exponencial natural, esta é a mais importante função exponencial para a modelagem ou estudo de fenómenos naturais, f́ısicos e econômicos. y x 1 0 m = 1 y = ex Figura 1.15: A função exponencial natural cruza o eixo y com uma inclinação igual a 1. Exerćıcio 1.9. Começando com o gráfico de y = ex, encontre as equações dos gráficos que resultam de (a) deslocar 2 unidades para baixo (b) deslocar 2 unidades para a direita Caṕıtulo 2 Limite e Continuidade das Funções 2.1 Limite de uma Grandeza Variável Definição 2.1. O número constante a chama-se o limite da grandeza variável x, se, para todo o número arbitrariamente pequeno ϵ > 0, se pode indicar um valor da variável x tal que todos os valores consequentes da variável verifiquem a desigualdade |x− a| < ϵ Se o número a é o limite da variável x, diz-se que x tende para o limite a e escreve-se: x → a ou limx = a É dizer, o número constante a é o limite da variável x, se para toda vi- zinhança dada, por mais pequena que seja, de centro a e de raio ϵ, se pode encontrar um valor de x tal que todos seus valores consequentes pertençam a esta vizinhança. Por exemplo, a Figura 2.1 mostra os valores de x em sequência: x1; x2; x3; ...; xn−1; xn; xn+1; ..., todos os valores de x que seguem a xn−1 (in- dicado por uma seta) pertençam a vizinhança de centro a e raio ϵ (|x− a| < ϵ), assim podemos dizer que a constante a é o limite da variável x. 2ϵ ϵϵ xn xn+1 |xn − a| ax1 x 0 x3 x2xn−1 Figura 2.1: Limite de uma grandeza variável 20 CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 21 Exemplo 2.1. A variável x toma sucessivamente os valores x1 = 1 + 1; x2 = 1 + 12 ; x3 = 1 + 1 3 ; · · · ; xn = 1 + 1 n ; · · · . Mostre que limx = 1 ou x → 1. Solução: Vamos construir a seguinte tabela com os valores da variável x n x 1 x1 = 2 2 x2 = 1, 5 3 x3 = 1, 333... 4 x4 = 1, 25 ... ... 10 x10 = 1, 1 ... ... 20 x20 = 1, 05 ... ... 100 x100 = 1, 01 ... ... Dado que o valor de ϵ pode ser escolhido arbitrariamente, então nós esco- lhemos ϵ = 0, 5, agora devemos encontrar o valor de x tal que seus valores consequentes pertençam a vizinhança |x− 1| < ϵ = 0, 5. A partir da tabela an- terior, notamos que os valores que seguem a x2 = 1, 5 pertençam a vizinhança, por exemplo, para x3 obtemos |x3 − 1| = |1, 333...− 1| = 0, 333.. assim |x3 − 1| < ϵ assim podemos mostrarsucessivamente também para x4, x5, · · · . A continuação mostremos que a variável x tem um limite igual à unidade para qualquer valor de ϵ. Temos |xn − 1| = |(1 + 1 n )− 1| = 1 n logo a partir da definição de limite |xn − 1| < ϵ ⇒ 1 n < ϵ ⇒ 1 ϵ < n ⇒ n > 1 ϵ é dizer que valores de n maiores que 1/ϵ verificam a desigualdade |xn − 1| < ϵ Nota 1 O limite de uma grandeza constante é igual a essa constante, é dizer lim c = c Nota 2 Uma grandeza variável não pode ter dois limites. Definição 2.2. A variável x tende para o infinito (+∞ ou -∞), se para cada número positivo dado M se pode indicar um valor de x a partir do qual todos os valores consequentes da variável verificam a desigualdade |x| > M . CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 22 Se a variável x tende para o infinito, diz-se que é uma variável infinitamente grande e escreve-se x → ∞. • A variável x tende para mais infinito ou x → +∞ se para M > 0 arbitrário, a partir de um certo valor, todos os valores consequentes da variável verificam a desigualdade x > M . Por exemplo, se o valores da variável x toma os valores x1 = 1; x2 = 2; · · · ; xn = n; · · · , então x → +∞. • A variável x tende para menos infinito ou x → −∞ se para M > 0 arbitrário, a partir de um certo valor, todos os valores seguintes da variável verificam a desigualdade x < −M . Assim, por exemplo, se o valores da variável x toma os valores x1 = −1; x2 = −2; · · · ; xn = −n; · · · , então x → −∞. 2.2 Limite de uma Função Nesta seção vamos ver como surgem os limites quando tentamos encontrar a tangente a uma curva ou a velocidade de um objeto. 2.2.1 O Problema da Tangente A palavra tangente vem do latim tangens, que significa “tocando”. Assim, uma tangente a uma curva é uma reta que toca a curva. Ou seja, uma reta tangente deve ter a mesma inclinação que a curva no ponto de contato. Para um ćırculo a tangente é uma reta que intercepta o ćırculo uma única vez, conforme a Figura 2.2(a). Para as curvas mais complicadas essa definição é inadequada. A Figura 2.2(b) mostra duas retas, l e t, passando por um ponto P sobre uma curva C. A reta l intercepta C somente uma vez, mas certamente não aparenta ser uma reta tangente. A reta t, por outro lado, aparenta ser uma tangente, mas intercepta C duas vezes. (a) (b) t l t P C Figura 2.2: No exemplo a seguir vamos examinar o problema de encontrar uma reta tangente t à parábola y = x2. Exemplo 2.1. Encontre uma equação da reta tangente à parábola y = x2 no ponto P (1, 1). CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 23 Solução: Se soubermos como encontrar a inclinação m da reta tangente t, seremos capazes de achar a equação desta reta. A dificuldade está em termos somente um ponto P , sobre t, e para calcular a inclinação são necessários dois pontos. Porém, podemos encontrar um valor aproximado de m escolhendo um ponto próximo Q(x, x2) sobre a parábola (veja a Figura 2.3) e computando a inclinação mPQ da reta secante PQ. y = x2 y 0 x Q(x, x2) P (1, 1) t Figura 2.3: Vamos escolher x ̸= 1 de forma que Q ̸= P . Então mPQ = x2 − 1 x− 1 Por exemplo, para o ponto Q(1, 5; 2, 25), temos mPQ = 2, 25− 1 1, 5− 1 = 1, 25 0, 5 = 2, 5 As seguintes tabelas mostram os valores de mPQ para vários valores de x, cada vez mais próximos de 1 x mPQ 2 3 1,5 2,5 1,1 2,1 1,01 2,01 1,001 2,001 x mPQ 0 1 0,5 1,5 0,9 1,9 0,99 1,99 0,999 1,999 CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 24 Quanto mais próximo Q estiver de P , mais próximo x estará de 1, e fica evidente que mPQ estará mais próximo de 2. Isso sugere que a inclinação da reta tangente t deva serm = 2. Assim, dizemos que a inclinação da reta tangente é o limite das inclinações das retas secantes, e expressamos isso simbolicamente escrevendo que lim Q→P mPQ = m e lim x→1 x2 − 1 x− 1 = 2 A equação de qualquer reta pode-se escrever como y = mx+ b, onde m é a inclinação da reta e b é ordenada do ponto na qual a reta cruza o eixo y. Em nosso casso, a reta tangente t à parábola no ponto (1,1) tem inclinação m = 2, assim, sua equação fica y = 2x+ b como o ponto (1,1) pertence a reta tangente t, então, este ponto deve resolver a equação da reta t, assim substituindo, obtemos 1 = 2 · 1 + b ⇒ b = −1 Finalmente y = 2x− 1 é a equação da reta tangente à parábola no ponto (1,1). Exerćıcio 2.1. [O Problema da Velocidade] Suponha que uma bola é solta a partir de uma altura de 20 m do solo. Encontre a velocidade da bola após 2 segundos. A lei de Galileu para a queda livre de um objeto é s(t) = 4, 9t2, onde s(t) é a distância percorrida em metros após t segundos. 2.2.2 O Limite de uma Função Na seção anterior explicamos como surgem os limites, por exemplo, quando queremos encontrar as retas tangentes a uma curva, agora vamos voltar nossa atenção para os limites em geral. Vamos investigar o comportamento da função f definida por f(x) = x2 + 2 para valores de x próximos de 2. A tabela a seguir fornece os valores de f(x) para valores de x próximos de 2, mas não iguais a 2. x f(x) x f(x) 1,0 2,000000 3,0 8,000000 1,5 2,750000 2,5 5,750000 1,8 3,440000 2,2 4,640000 1,9 3,710000 2,1 4,310000 1,99 3,970100 2,01 4,030100 1,999 3,997001 2,001 4,003001 Da tabela e do gráfico de f mostrado na Figura 2.4 vemos que quando x estiver próximo de 2 (de qualquer lado de 2), f(x) estará próximo de 4. De fato, é evidente que podemos tornar os valores de f(x) tão próximos de 4 quanto quisermos tornando x suficientemente próximo de 2. Expressamos isso dizendo que “o limite da função f(x) = x2 − x + 2 quando x tende a 2 é igual a 4”. A notação para isso é lim x→2 (x2 − x+ 2) = 4 CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 25 0 4 2 y x Quando x tende a 2 y = x2 − x + 2 tende a 4 f (x) Figura 2.4: Definição 2.3. Escrevemos lim x→a f(x) = L e dizemos “o limite de f(x), quando x tende a a, é igual a L”, se pudermos tornar os valores de f(x) arbitrariamente próximos de L (tão próximos de L quanto quisermos), tornando x suficientemente próximo de a (por ambos os lados de a) mas não igual a a. Preste atenção na frase “mas x ̸= a” na definição de limite. Isso significa que ao procurar o limite de f(x) quando x tende a a nunca consideramos x = a. Na realidade, f(x) não precisa sequer estar definida quando x = a. A única coisa que importa é como f está definida próximo de a. y x0 a L y x0 a L y x0 a L Figura 2.5: lim x→a f(x) = L nos três casos A Figura 2.5 mostra os gráficos de três funções. Note que, na parte direita, f(a) não está definida e, na parte centro, f(a) ̸= L. Mas em cada caso, não importando o que acontece em a, lim x→a f(x) = L. Exerćıcio 2.2. Encontre o valor de lim x→1 x− 1 x2 − 1 . CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 26 Exerćıcio 2.3. Encontre lim x→0 senx x . 2.2.3 Limites Infinitos Exemplo 2.2. Encontre se existir o lim x→0 1 x2 Solução À medida que x se aproxima de 0, x2 também se aproxima de 0, e 1/x2 fica muito grande, como pode ver na seguinte tabela x 1x2 ±1 1 ±0, 5 4 ±0, 2 25 ±0, 1 100 ±0, 05 400 ±0, 01 10000 ±0, 001 1000000 Assim, os valores de f(x) não tendem a um número, e não existe lim x→0 (1/x2), e usamos a notação lim x→0 (1/x2) = +∞ Isso não significa considerar +∞ com um número. Tampouco significa que o limite exista. É simplesmente uma maneira de expressar uma forma particular de não existência do limite. Exerćıcio 2.4. Encontre se existir o lim x→0 1 x 2.2.4 Limites Laterais A função de Heaviside, H, é definida por H(t) = { 0 se t < 0 1 se t ≥ 0 Essa função pode ser usada para descrever uma corrente elétrica que é estabe- lecida em t = 0, seu gráfico está na Figura 2.6. Quando t tende a 0 pela esquerda, H(t) tende a 0. Quando t tende a 0 pela direita, H(t) tende a 1. Indicamos essa situação simbolicamente escrevendo lim t→0− H(t) = 0 e lim t→0+ H(t) = 1 O śımbolo“t → 0−” indica que estamos considerando somente valores de t menores que 0. Da mesma forma, “t → 0+” indica que estamos considerando somente valores de t maiores que 0. Não há um número único para o qual H(t) tende quando t tende a 0. Portanto, lim t→0 H(t) não existe. Definição 2.4. Se o limite pela esquerda e o limite pela direita (limites laterais) são ambos iguais a L, então existe limite e seu valor é L, é dizer, simbolicamente Se lim x→a− f(x) = lim x→a+ f(x) = L, então lim x→a f(x) = L CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 27 0 1 H t Figura 2.6: A função de Heaviside 2.3 Cálculo de Limites Na seção anterior empregamos gráficos e calculadoras para fazer uma conje- tura sobre o valor de limites, mas vimos que esses métodos são bastante tediosos. Nesta seção usaremos as seguintes propriedades dos limites, chamadas leis do limite, para calculá-los. Seja c uma constante e suponha que existam os limites lim x→a f(x) e lim x→a g(x) Então (1) lim x→a [f(x) + g(x)] = lim x→a f(x) + lim x→a g(x) (2) lim x→a [f(x)− g(x)] = lim x→a f(x)− lim x→a g(x) (3) lim x→a [cf(x)] = c lim x→a f(x) (4) lim x→a [f(x) · g(x)] = lim x→a f(x) · lim x→a g(x) (5) lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f(x) lim x→a g(x) se lim x→a g(x) ̸= 0 Exerćıcio 2.5. Use as leis do limite e o gráfico de f e g na Figura 2.7 para calcular os seguintes limites, se eles existirem . (a) lim x→−2 [f(x) + 5g(x)] (b) lim x→1 [f(x) · g(x)] (c) lim x→2 f(x) g(x) Usamos a lei (4) (lei do produto) repetidamente com g(x) = f(x) para obter a seguinte lei: (6) lim x→a [f(x)]n = [ lim x→a f(x)]n onde n é um inteiro positivo Ao aplicar essas seis leis, vamos precisar usar dois limites especiais: (7) lim x→a c = c CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 28 0 y x 1 1 g(x) f (x) Figura 2.7: (8) lim x→a x = a Se pusermos agora f(x) = x na lei (6), e usando a lei (8), vamos obter outro útil limite especial: (9) lim x→a xn = an Finalmente temos a lei para a ráız n-ésima de uma função: (10) lim x→a n √ f(x) = n √ lim x→a f(x) onde n é um inteiro positivo, se n for par, supomos que lim x→a f(x) > 0 Exerćıcio 2.6. Calcule os limites a seguir justificando cada passagem. (a) lim x→5 (2x2 − 3x+ 4) (b) lim x→−2 x3 + 2x2 − 1 5− 3x Exerćıcio 2.7. Encontre lim x→1 x2 − 1 x− 1 . Exerćıcio 2.8. Mostre que lim x→0 |x| = 0. Exerćıcio 2.9. Prove que lim x→0 |x| x não existe. Teorema 2.1. Se f(x) ≤ g(x) quando x está próximo de a (exceto possivel- mente em a) e os limites de f e g existem quando x tende a a, então lim x→a f(x) ≤ lim x→a g(x) CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 29 Teorema 2.2. [Teorema do Confronto] Se f(x) ≤ g(x) ≤ h(x) quando x está próximo de a (exceto possivelmente em a) e lim x→a f(x) = lim x→a h(x) = L então lim x→a g(x) = L f (x) g(x) x0 h(x) L a y Figura 2.8: O Teorema de Confronto, algumas vezes chamado Teorema do Sandúıche ou Teorema da Espremedura, está ilustrado na Figura 2.8. Ele diz que se g(x) ficar espremido entre f(x) e h(x) nas proximidades de a, e se f e h tiverem o mesmo limite L em a, então g será forçado a ter o mesmo limite L em a. Exerćıcio 2.10. Mostre que lim x→0 x2 sen 1 x = 0. 2.4 Continuidade Seja y = f(x) uma função definida para o valor x = x0 e em uma certa vizinhança de centro x0. Seja y0 = f(x0). Se se dá à variável x um acréscimo ∆x positivo ou negativo, ela fica x0 + ∆x, e a função y sofre igualmente um acréscimo ∆y. O acréscimo da função é dado pela fórmula ∆y = f(x0 +∆x)− f(x0) Definição 2.5. A função y = f(x) diz-se cont́ınua para o valor x = x0 (ou no ponto x = x0) se ela está definida em uma certa vizinhança do ponto x0 (e igualmente no ponto x0) e se lim ∆x→0 ∆y = 0 (2.1) ou, o que é o mesmo, lim ∆x→0 [f(x0 +∆x)− f(x0)] = 0 (2.2) CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 30 Exerćıcio 2.11. Prove que a função y = x2 é cont́ınua em qualquer ponto x0. Fazendo x0+∆x = x, temos ∆x = x−x0, logo, se ∆x → 0, então x−x0 → 0, é dizer x → x0. Utilizando este último resultado a condição de continuidade (2.1) pode escrever-se como segue: lim x→x0 [f(x)− f(x0)] = 0 ⇒ lim x→x0 f(x)− lim x→x0 f(x0) = 0 ⇒ lim x→x0 f(x)− f(x0) = 0 por conseguinte lim x→x0 f(x) = f(x0) (2.3) isto é, se a função f(x) é cont́ınua em x0, para encontrar o limite desta função quando x → x0, basta substituir a variável x na expressão de f(x) pelo seu valor x0. Exemplo 2.3. A função y = x2 é cont́ınua em todo ponto x0 e, por con- sequência, lim x→x0 x2 = x20, lim x→3 = 32 = 9 A equação (2.3) nos leva a uma definição alternativa da continuidade de funções. Definição 2.6. Uma função f é cont́ınua em um número a se lim x→a f(x) = f(a) Note que esta definição implicitamente requer três condições para a conti- nuidade de f em a: (1) f(a) está definida (isto é, a está no domı́nio de f) (2) lim x→a f(x) existe (3) lim x→a f(x) = f(a) Se uma das condições que exige a continuidade não é satisfeita no ponto x = a, então diz-se descont́ınua no ponto x = a (ponto de descontinuidade da função). Uma função é dito cont́ınua, se ela é continua em todo seu domı́nio. Geome- tricamente, você pode pensar em uma função cont́ınua como sendo uma função cujo gráfico não se quebra, é dizer, o gráfico pode ser desenhado sem remover sua caneta do papel (veja a Figura 2.9). Definição 2.7. Uma função f é cont́ınua à direita de um número a se lim x→a+ f(x) = f(a) e f é cont́ınua à esquerda de a se lim x→a− f(x) = f(a) Exerćıcio 2.12. Determine se a função H(t) de Heaviside é cont́ınua à direita do número 0, e se é cont́ınua à esquerda de 0. CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 31 x0 f (a) a Quando x tende a a f (x) aproxima-se de f (a) y = f (x) y Figura 2.9: Definição 2.8. Uma função f é cont́ınua em um intervalo se for cont́ınua em todos os números do intervalo. Se f for definida somente de um lado do ex- tremo do intervalo, entendemos continuidade no extremo como continuidade à direita ou à esquerda. Exemplo 2.4. Mostre que a função f(x) = 1− √ 1− x2 é cont́ınua no intervalo [−1, 1]. Solução Se −1 < a < 1, então, usando as leis do limite, temos lim x→a f(x) = lim x→a ( 1− √ 1− x2 ) = 1− lim x→a √ 1− x2 = 1− √ lim x→a (1− x2) = 1− √ 1− a2 = f(a) Assim, pela definição 2.6 de continuidade, f é cont́ınua em a se −1 < a < 1. Cálculos análogos mostram que lim x→−1+ f(x) = 1 = f(−1) e lim x→1− f(x) = 1 = f(1) logo, f é cont́ınua à direita em -1 e cont́ınua à esquerda em 1. Consequente- mente, de acordo com a definição 2.8, f é cont́ınua em [−1, 1]. 2.4.1 Propriedades das Funções Cont́ınuas Teorema 2.3. Toda função cont́ınua no intervalo fechado a ≤ x ≤ b atinge pelo menos uma vez sobre este intervalo, o seu valor máximo M e o seu valor mı́nimo m (veja a Figura 2.10). CAPÍTULO 2. LIMITE E CONTINUIDADE DAS FUNÇÕES 32 a M bx1 x2 M x y y = f (x) m Figura 2.10: y ba y = f (x) c µ = f (c) B A B x A µ Figura 2.11: Teorema 2.4. [Teorema do Valor Intermediário] Seja y = f(x) uma função cont́ınua sobre o intervalo fechado [a, b]. Se os valores desta função nas extremidades deste intervalo não são iguais f(a) = A, f(b) = B, então, qualquer que seja o número µ compreendido entre os números A e B, pode-se encontrar um ponto x = c compreendido entre a e b tal que f(c) = µ (veja a Figura 2.11). Exerćıcio 2.13. Use a definição de continuidade e as leis de limites para provar que a função é cont́ınua em um dado número. (a) f(x) = x2 + √ 7− x, a = 4 (b) g(x) = x+12x2−1 , a = 2 Exerćıcio 2.14. Use a definição da continuidade e as leis de limites para mos- trar que a função é cont́ınua no intervalo dado. (a) f(x) = 2x+3x−2 , ]2,∞[ (b) g(x) = 2 √ 3− x, ]−∞, 3] Caṕıtulo 3 A Derivada 3.1 Tangentes Se uma curva C tiver uma equação y= f(x) e quisermos encontrar a tan- gente a C em um ponto P (a, f(a)), consideramos um ponto vizinho Q(x, f(x)), onde x ̸= a, e calculamos a inclinação da reta secante PQ: mPQ = f(x)− f(a) x− a Então fazemos Q aproximar-se de P ao longo da curva C ao obrigar x tender a a. Se mPQ tender a um número m, então definimos a tangente t como a reta que passa por P e tem inclinação m. Isso implica dizer que a reta tangente é a posição limite da reta secante PQ quando Q tende a P (veja a Figura 3.1). y x− a Q(x, f (x)) a x x0 f (x)− f (a) P (a, f (a)) y x0 P Q Q Q t Figura 3.1: Definição 3.1. A reta tangente a uma curva y = f(x) em um ponto P (a, f(a)) é a reta que passa por P e tem a inclinação ou coeficiente angular m = lim x→a f(x)− f(a) x− a desde que esse limite exista. 33 CAPÍTULO 3. A DERIVADA 34 Exerćıcio 3.1. Encontre o coeficiente angular da reta tangente à parábola y = x2 nos pontos P1(1, 1) e P2(0, 0). Há outra expressão para a inclinação da reta tangente, às vezes mais fácil de ser usada. Seja h = x− a Então x = a+ h, logo a inclinação da reta secante PQ é mPQ = f(a+ h)− f(a) h Veja a Figura 3.2, na qual está ilustrado o caso h > 0 e Q está à direita de P . No caso de h < 0, o ponto Q estará à esquerda de P . y x0 t a a + h h Q(a + h, f (a + h)) P (a, f (a)) f (a + h)− f (a) Figura 3.2: Observe que quando x tende a a, h tende a 0 (pois h = x − a); assim, a expressão para a inclinação da reta tangente fica m = lim h→0 f(a+ h)− f(a) h (3.1) Exerćıcio 3.2. Encontre a inclinação da reta tangente (a) à hipérbole y = 3/x no ponto (3, 1) (b) ao gráfico da função f(x) = √ x no ponto (1, 1) 3.2 Derivadas Definição 3.2. A derivada de uma função f em um número a, denotada por f ′(a), é f ′(a) = lim h→0 f(a+ h)− f(a) h (3.2) se o limite existe. CAPÍTULO 3. A DERIVADA 35 Exerćıcio 3.3. Encontre a derivada da função f(x) = x2 − 8x + 9 em um número a. Comparando as equaçãoes (3.1) e (3.2), reconhecemos que a derivada de f em a (f ′(a)) é a inclinação da reta tangente a y = f(x) em (a, f(a)). 3.2.1 Interpretação da Derivada como uma Taxa de Va- riação Seja y uma função de x, então escrevemos y = f(x). Se x variar de x1 para x2, então a variação de x (também chamada incremento de x) é ∆x = x2 − x1 e a variação correspondente de y é ∆y = f(x2)− f(x1) O quociente de diferenças ∆y ∆x = f(x2)− f(x1) x2 − x1 é denominado taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [x1, x2]. Fazendo x2 tender a x1 e, portanto, fazendo ∆x tender a 0. O limite dessa taxa média de variação é chamado taxa (instantânea) de variação de y em relação a x em x = x1, que é interpretada como a inclinação da tangente à curva y = f(x) em P (x1, f(x1)), assim taxa instantânea de variação = lim ∆x→0 ∆y ∆x = lim x2→x1 f(x2)− f(x1) x2 − x1 (3.3) Da equação (3.3) reconhecemos esse limite como sendo a derivada de f em x1, isto é, f ′(x1). Isso fornece uma segunda interpretação da derivada: A derivada f ′(a) é a taxa instantânea de variação de y = f(x) em relação a x quando x = a. 3.3 A Derivada como uma Função Se substituirmos a na equação (3.2) por uma variável x, obteremos f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h (3.4) Logo podemos considerar f ′ como uma nova função, chamada derivada de f e definida pela equação (3.4). Sabemos que o valor de f ′ em x, f ′(x), pode ser interpretado geometricamente como a inclinação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (x, f(x)). A função f ′ é denominada derivada de f , pois tem sido “derivada” de f pela operação limite na equação (3.4). O domı́nio de f ′ é o conjunto {x | f ′(x) existe} e poderia ser menor que o domı́nio de f . Exerćıcio 3.4. (a) Se f(x) = x3 − x, encontre uma fórmula para f ′(x). CAPÍTULO 3. A DERIVADA 36 (b) Ilustre comparando os gráficos de f e f ′. Exerćıcio 3.5. Se f(x) = √ x− 1, encontre a derivada de f . Estabeleça o domı́nio de f ′. Se usarmos a notação tradicional y = f(x) para indicar que a variável in- dependente é x, enquanto y é a variável dependente, então, algumas notações alternativas para a derivada são como segue f ′(x) = y′ = dy dx = df dx = d dx f(x) = Df(x) = Dxf(x) Os śımbolos D e d/dx são chamados operadores diferenciais, pois indicam a operação de diferenciação, que é o processo de cálculo de uma derivada. O śımbolo dy/dx, introduzido por Leibniz, não deve ser encarado como um quociente (por ora); trata-se simplesmente de um sinônimo para f ′(x). Para indicar o valor de uma derivada dy/dx na notação de Leibniz em um número espećıfico a, usamos a notação dy dx ∣∣∣∣ x=a ou dy dx ] x=a que é um sinônimo para f ′(a). Definição 3.3. Uma função f é diferenciável em a se f ′(a) existir. É dife- renciável em um intervalo aberto ]a, b[ (ou ]a,∞[ ou ]−∞, a[ ou ]−∞,∞[) se for diferenciável em cada número do intervalo. Exemplo 3.1. Onde a função f(x) = |x| é diferenciável? Solução Se x > 0, então |x| = x e podemos escolher h suficientemente pequeno tal que x+h > 0 e ainda |x+h| = x+h. Consequentemente, para x > 0 temos f ′(x) = lim h→0 |x+ h| − |x| h = lim h→0 (x+ h)− x h = lim h→0 h h = lim h→0 1 = 1 assim f é diferenciável para qualquer x > 0. Analogamente, para x < 0 temos |x| = −x e podemos escolher h suficiente- mente pequeno tal que x+ h < 0 e, assim, |x+ h| = −(x+ h). Portanto, para x < 0, temos f ′(x) = lim h→0 |x+ h| − |x| h = lim h→0 −(x+ h)− (−x) h = lim h→0 −h h = lim h→0 (−1) = −1 e dessa forma f é diferenciável para qualquer x < 0. Para x = 0 temos de verificar que f ′(0) existe, assim, calculamos f ′(0) = lim h→0 f(0 + h)− f(0) h = lim h→0 |0 + h| − |0| h = lim h→0 |h| h CAPÍTULO 3. A DERIVADA 37 vamos calcular o limite esquerdo e o direito lim h→0− −h h = lim h→0 (−1) = −1 lim h→0+ h h = lim h→0 1 = 1 Uma vez que esses limites são diferentes, f ′(0) não existe. Portanto, f é dife- renciável para todo x, exceto em 0. Uma fórmula para f ′ é dada por f ′(x) = { 1 se x > 0 −1 se x < 0 e seu gráfico está ilustrado na Figura 3.3(b). O fato de que f ′(0) não existe está refletido geometricamente no fato de que a curva y = |x| não tem uma reta tangente em (0,0) (veja a Figura 3.3(a)). y 0 0 -1 1 (a) y = f (x) = |x| (b) y = f ′(x) y x x Figura 3.3: Teorema 3.1. Se f for diferenciável em a, então f é cont́ınua em a. Prova Para provar que f é cont́ınua em a, temos de mostrar que lim x→a f(x) = f(a). Se f é diferenciável em a, então existe o limite f ′(a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a Dividamos e multipliquemos f(x)− f(a) por x−a (o que pode ser feito quando x ̸= a): f(x)− f(a) = f(x)− f(a) x− a (x− a) logo calculando o limite quando x → a, obtemos lim x→a [f(x)− f(a)] = lim x→a f(x)− f(a) x− a (x− a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a lim x→a (x− a) = f ′(a) · 0 = 0 (3.5) CAPÍTULO 3. A DERIVADA 38 dado que f ′(a) existe, é dizer tem um único valor finito. Manipulando o resul- tado (3.5), encontramos lim x→a f(x)− lim x→a f(a) = 0 lim x→a f(x)− f(a) = 0 lim x→a f(x) = f(a) Consequentemente, f é cont́ınua em a. NOTA A rećıproca do Teorema 3.1 é falsa, isto é, há funções que são cont́ınuas, mas não são diferenciáveis. Por exemplo, a função f(x) = |x| é cont́ınua em 0, pois lim x→0 f(x) = lim x→0 = 0 = f(0) Mas no exemplo anterior mostramos que f não é diferenciável em 0. Exerćıcio 3.6. (a) Se f(x) = √ 3− 5x, use a definição de derivada para encontrar f ′(x). (b) Encontre os domı́nios de f e f ′. (c) Faça os gráficos na mesma tela de f e f ′. Compare os gráficos para ver se sua resposta da parte (a) é razoável. 3.4 Regras de Diferenciação Anteriormente usamos a definição de uma derivada para calcular as derivadas de funções. Mas seria tedioso se sempre usássemos a definição; logo, neste caṕıtulo apresentaremos regras para encontrar as derivadas sem ter queusar a definição. 3.4.1 Função Constante Vamos iniciar com a função mais simples, a função constante, f(x) = c. O gráfico dessa função é uma reta horizontal, cuja inclinação é 0; logo, devemos ter f ′(x) = 0, a prova formal disto é f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 c− c h = lim h→0 0 = 0 • Derivada de uma função constante d dx (c) = 0 3.4.2 Função Potência Vamos olhar a função f(x) = xn, onde n é um inteiro positivo. Se n = 1, o gráfico de f(x) = x é uma reta cuja inclinação é 1, assim d dx (x) = 1 CAPÍTULO 3. A DERIVADA 39 a qual pode-se verificar também usando a definição de derivada. Usando a definição de derivada é posśıvel determinar d dx (x2) = 2x d dx (x3) = 3x2 d dx (x4) = 4x3 • Regra da Potência Se n for um inteiro positivo, então d dx (xn) = nxn−1 O que podemos dizer sobre as funções potências com os expoentes negativos? Utilizando a definição de derivada encontramos d dx ( 1 x ) = − 1 x2 ou d dx (x−1) = (−1)x−2 logo, a Regra da Potência é também verdadeira quando n = −1. E se o expoente for uma fração? Usando a definição encontramos d dx √ x = 1 2 √ x ou d dx (x1/2) = 1 2 x−1/2 Isso mostra que a Regra da Potência é verdadeira também quando n = 12 . Na realidade, é posśıvel mostrar que ela é verdadeira para todo número real n. • Regra da Potência (Versão Geral) Se n for um número real qualquer, então d dx (xn) = nxn−1 Exerćıcio 3.7. Derive (a) f(x) = 1x2 (b) y = 3 √ x2 • A Regra do Múltiplo Constante Se c for uma constante e f uma função diferenciável, então d dx [cf(x)] = c d dx f(x) Exerćıcio 3.8. Determine (a) ddx (3x 4) (b) ddx (−x) • A Regra da Soma Se f e g forem ambas diferenciáveis, então d dx [f(x) + g(x)] = d dx f(x) + d dx g(x) • Regra da Diferença Se f e g forem ambas diferenciáveis, então d dx [f(x)− g(x)] = d dx f(x)− d dx g(x) CAPÍTULO 3. A DERIVADA 40 Exerćıcio 3.9. Determine ddx (x 8 + 12x5 − 4x4 + 10x3 − 6x+ 5) Exerćıcio 3.10. Ache os pontos sobre a curva y = x4 − 6x2 + 4 onde a reta tangente é horizontal. • Derivada da Exponencial Natural d dx (ex) = ex sua derivada é ela mesma. O significado geométrico desse fato é que a inclinação da reta tangente à curva y = ex no ponto P é igual à coordenada y do ponto P . Exerćıcio 3.11. Se f(x) = 3ex − 2x, ache f ′(x). 3.5 As Regras do Produto e do Quociente • A Regra do Produto Se f e g forem diferenciáveis, então d dx [f(x)g(x)] = g(x) d dx [f(x)] + f(x) d dx [g(x)] Em palavras, a derivada de um produto de duas funções é a segunda função vezes a derivada da primeira função mais a primeira função vezes a deri- vada da segunda função. Exerćıcio 3.12. (a) Se f(x) = xex, encontre f ′(x). (b) Se f(t) = √ t(1− t), encontre f ′(t). • A Regra do Quociente Se f e g forem diferenciáveis, então d dx [ f(x) g(x) ] = g(x) ddx [f(x)]− f(x) d dx [g(x)] [g(x)]2 Em palavras, a derivada de um quociente é o denominador vezes a deri- vada do numerador menos o numerador vezes a derivada do denominador, todos divididos pelo quadrado do denominador. Exerćıcio 3.13. Seja y = x 2+x−2 x3+6 , encontre y ′. 3.6 Derivada de Funções Trigonométricas • Função Seno d dx (senx) = cosx Exerćıcio 3.14. Derive y = x2senx. CAPÍTULO 3. A DERIVADA 41 • Função Cosseno d dx (cosx) = −senx Exerćıcio 3.15. Determine (a) ddx (tg x) (b) ddx (cotg x) (c) ddx (cossecx) (d) ddx (secx) Exerćıcio 3.16. Derive (a) f(x) = sec x1+tg x . (b) f(x) = x− 3 senx (c) y = xcos x (d) f(θ) = sec θ1+sec θ 3.7 Regra da Cadeia Se f e g forem diferenciáveis e F = f ◦ g for a função composta definida por F (x) = f(g(x)), então F é diferenciável e F ′ é dada pelo produto F ′(x) = f ′(g(x))g′(x) Na notação de Leibniz, se y = f(u) e u = g(x) forem funções diferenciáveis, então dy dx = dy du du dx Exerćıcio 3.17. Derive a função F (x) = √ x2 + 1. Exerćıcio 3.18. Derive (a) y = sen (x2) (b) y = sen2 x (c) y = (x3 − 1)100 (d) y = ( t−2 2t+1 )9 Lembre-se que a = eln a, logo ax = (eln a)x = e(ln a)x e a Regra da Cadeia dá d dx (ax) = d dx [ e(ln a)x ] = e(ln a)x d dx [(ln a)x] = e(ln a)x · ln a = ax ln a CAPÍTULO 3. A DERIVADA 42 dado que ln a é uma constante. Portanto, obtemos a fórmula d dx (ax) = ax ln a Em particular, se a = 2, obtemos d dx (2x) = 2x ln 2 3.8 Derivadas Superiores Se f for uma função diferenciável, então sua derivada f ′ é também uma função, logo f ′ poderia ter sua própria derivada, denotada por (f ′)′ = f ′′. Essa nova função f ′′ é chamada derivada segunda de f , pois é a derivada da derivada de f . Usando a notação de Leibniz escrevemos a derivada segunda de y = f(x) como d dx ( dy dx ) = d2y dx2 Outra notação é D2f(x). Exerćıcio 3.19. Se f(x) = x cosx, encontre f ′′(x). Podemos interpretar uma derivada segunda como uma taxa de variação da taxa de variação, geometricamente é a taxa de variação da inclinação da curva y = f(x), ou é a inclinação da curva y = f ′(x). A derivada terceira f ′′′ é a derivada da derivada segunda: f ′′′ = (f ′′)′. Logo f ′′′(x) pode ser interpretada como a inclinação da curva y = f ′′(x), ou como a taxa de variação de f ′′(x). Se y = f(x), então as notações alternativas para a derivada terceira são y′′′ = f ′′′(x) = d dx ( d2y dx2 ) = d3y dx3 = D3f(x) O processo pode ser continuado. A derivada quarta f ′′′′ é geralmente denotada por f (4). Em geral, a derivada n-ésima de f é denotada por f (n) e é obtida de f diferenciando n vezes. Se y = f(x), escrevemos y(n) = f (n)(x) = dny dxn = Dnf(x) Exerćıcio 3.20. Determine y′, y′′, e y′′′ se (a) y = x3 − 6x2 − 5x+ 3 (b) y = θ sen θ 3.9 Derivada de Funções Logaŕıtmicas • Derivada de uma função logaŕıtmica d dx (loga x) = 1 x ln a (x > 0) CAPÍTULO 3. A DERIVADA 43 • Se a = e, obtemos a derivada do logaritmo natural (logaritmo com base e) d dx (lnx) = 1 x (x > 0) Exerćıcio 3.21. Diferencie y = ln(x3 + 1). Exerćıcio 3.22. Encontre f ′(x) se f(x) = ln |x|. Rpta: ddx ln |x| = 1 x para qualquer x diferente de zero. Exerćıcio 3.23. Encontre y′ e y′′ se (a) y = x lnx (b) y = ln xx2 3.9.1 Diferenciais Se y = f(x), onde f é uma função diferenciável, então a diferencial dx é uma variável independente; isto é, a dx pode ser dado um valor real qualquer. A diferencial dy é então definida em termos de dx pela equação dy = f ′(x)dx Assim dy é uma variável dependente; ela depende dos valores de x e dx. Se a dx for dado um valor espećıfico e x for algum número espećıfico no domı́nio de f , então o valor numérico de ∆y está determinado. dy y = f (x) x +∆xx dx = ∆x S ∆y x R Q P 0 y Figura 3.4: O significado geométrico de diferenciais está na Figura 3.4. Seja P (x, f(x)) e Q(x + ∆x, f(x + ∆x)) pontos sobre o gráfico de f e façamos dx = ∆x. A variação correspondente em y é ∆y = f(x+∆x)− f(x) A inclinação da reta tangente PR é a derivada f ′(x). Assim, a distância direta de S a R é f ′(x)dx = dy. Consequentemente, dy representa a distância que a reta tangente sobe ou desce, enquanto ∆y representa a distância que a curva y = f(x) sobe ou desce quando x varia por uma quantidade dx. Exerćıcio 3.24. Compare os valores de ∆y e dy se y = x3 + x2 − 2x + 1 e x varia (a) de 2 para 2,05 e (b) de 2 para 2,01. Caṕıtulo 4 A Integral Um engenheiro que pode medir a taxa de variação segundo a qual a água está escoando de um tanque quer saber a quantidade escoada durante um certo peŕıodo. Neste caso, o problema é encontrar uma função F cuja derivada é uma função conhecida f . Se a função F existir, ela é chamada antiderivada de f . 4.1 Antiderivadas Definição 4.1. Uma função F é denominada uma antiderivada de f sobre um intervalo I se F ′(x) = f(x) para todo x em I. Por exemplo, seja f(x) = x2. Não é dif́ıcil descobrir uma antiderivada de f se mantivermos a Regrada Potência em mente. De fato, se F (x) = 13x 3, então F ′(x) = x2 = f(x). Mas a função G(x) = 13x 3 + 100 também satisfaz G′(x) = x2. Consequentemente, F e G são antiderivadas de f . Na verdade, qualquer função da forma H(x) = 13x 3 + C, onde C é uma constante, é uma antiderivada de f . Teorema 4.1. Se F (x) for uma antiderivada de f(x) em um intervalo I, então a antiderivada mais geral de f em I é F (x) + C onde C é uma constante arbitrária. Voltando à função f(x) = x2, vemos que a antiderivada geral de f é x3/3+C. Atribuindo os valores espećıficos para a constante C obtemos uma famı́lia de funções cujos gráficos são verticais transladados uns de outros (veja a Figura 4.1). Exerćıcio 4.1. Encontre uma antiderivada mais geral de cada uma das seguin- tes funções. (a) f(x) = senx (b) f(x) = 1/x (c) f(x) = xn, para n ̸= −1 44 CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 45 0 x y y = x 3 3 − 1 y = x 3 3 y = x 3 3 + 1 y = x 3 3 + 2 Figura 4.1: Membros da famı́lia de antiderivadas de f(x) = x2 A seguinte tabela lista algumas antiderivadas particulares. Cada fórmula na tabela é verdadeira, pois a derivada da função na coluna direita aparece na coluna esquerda. Função Antiderivada particular cf(x) cF (x) f(x) + g(x) F (x) +G(x) xn (n ̸= −1) x n+1 n+1 1/x ln |x| ex ex cosx senx senx − cosx sec2 x tgx secx tgx secx Exerćıcio 4.2. Encontre todas as funções g tal que g′(x) = 4 senx+ 2x5 − √ x x Exerćıcio 4.3. Encontre f se f ′(x) = ex + 20x3 e f(0) = 2. 4.2 O Problema da Área Seja S a região limitada pelo gráfico de uma função f (onde f(x) ≥ 0), pelas retas verticais x = a e x = b, e pelo eixo x (veja a Figura 4.2). Para um retângulo a área é definida como o produto do comprimento e da largura. A área de um triângulo é a metade da base vezes a altura. A área de um poĺıgono pode ser encontrada dividindo-o em triângulos e a seguir somando-se as áreas dos triângulos. Porém, não é tão facil, encontrar a área de uma região com lados curvos. CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 46 y = f (x) S x = b b x0 x = a a y Figura 4.2: S = {(x, y) | a ≤ x ≤ b, 0 ≤ y ≤ f(x)} Como exemplo, vamos usar retângulos para estimar a área sob a parábola y = x2 de 0 até 1 (a região parabólica S ilustrada na Figura 4.3). y x (1,1) S 1 x = 1 y = x2 0 1 Figura 4.3: Notamos primeiro que a área de S deve estar em algum valor entre 0 e 1, pois S está contida em um quadrado com comprimento de lado 1, mas certamente podemos melhorar isso. Suponha que S seja dividida em quatro faixas S1, S2, S3 e S4, traçando as retas verticais x = 1 4 , x = 1 2 e x = 3 4 como na Figura 4.4(a). Podemos aproximar cada faixa por um retângulo com base igual à largura da faixa e altura igual ao lado direito da faixa (veja a Figura 4.4(b)). Em outras palavras, as alturas desses retângulos são os valores da função f(x) = x2 nos extremos direitos dos subintervalos [0, 14 ], [ 1 4 , 1 2 ], [ 1 2 , 3 4 ], [ 3 4 , 1]. Cada um dos retângulos tem largura 14 e as alturas são ( 1 4 )2 , ( 1 2 )2 , ( 3 4 )2 e 12. Se chamarmos R4 a soma das áreas desses retângulos aproximantes, obteremos R4 = 1 4 · ( 1 4 )2 + 1 4 · ( 1 2 )2 + 1 4 · ( 3 4 )2 + 1 4 · 12 = 15 32 = 0, 46875 CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 47 (1,1) (1,1) S2 S4 S3S1 y = x2 yy x x 1 4 1 2 3 4 10 0 (a) (b) 1 4 1 2 3 4 1 Figura 4.4: Da Figura 4.4(b) vemos que a área A de S é menor do que R4, logo A < 0, 46875 Em vez de usar os retângulos na Figura 4.4(b) podemos usar os retângulos menores na Figura 4.5, cujas alturas são os valores de f nos extremos esquerdos dos subintervalos (o retângulo mais à esquerda desapareceu, pois sua altura é 0). A soma das áreas desses retângulos aproximantes é L4 = 1 4 · 02 + 1 4 · ( 1 4 )2 + 1 4 · ( 1 2 )2 + 1 4 · ( 3 4 )2 = 7 32 = 0, 21875 (1,1) y x0 14 1 2 3 4 1 y = x2 Figura 4.5: CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 48 A partir da Figura 4.5 notamos que a área de S é maior que L4; assim, temos estimativas inferior e superior para A: 0, 21875 < A < 0, 46875 Podemos repetir esse procedimento com um número maior de faixas, e assim obter melhores estimativas. A seguinte tabela mostra os resultados de cálculos similares (com um computador) usando n retângulos cujas alturas são encon- tradas com os extremos esquerdos (Ln) ou com os extremos direitos (Rn). n Ln Rn 10 0,2850000 0,3850000 20 0,3087500 0,3587500 50 0,3234000 0,3434000 100 0,3283500 0,3383500 1000 0,3328335 0,3338335 Em particular vemos que usando 50 faixas a área está entre 0,3234 e 0,3434. Com 1000 faixas conseguimos estreitar a desigualdade ainda mais: A está en- tre 0,3328335 e 0,3338335. Uma boa estimativa é obtida fazendo-se a média aritmética desses números: A ≈ 0, 3333335. Dos valores na tabela parece que Rn aproxima-se de 1 3 à medida que aumen- tamos n. Isto é confirmado calculando o limite lim n→∞ Rn, que resulta sendo igual a 1/3. Exemplo 4.1. Para a região S da Figura 4.3, mostre que a soma das áreas dos retângulos aproximantes superiores tende a 13 , isto é lim n→∞ Rn = 1 3 Solução Rn é a soma das áreas dos n retângulos. Cada retângulo dever ter uma largura 1/n, e as alturas são os valores da função f(x) = x2 nos pontos 1/n, 2/n, 3/n, ..., n/n: isto é, as alturas são (1/n)2, (2/n)2, (3/n)2, ..., (n/n)2. Assim Rn = 1 n ( 1 n )2 + 1 n ( 2 n )2 + 1 n ( 3 n )2 + · · ·+ 1 n (n n )2 = 1 n · 1 n2 · (12 + 22 + 32 + · · ·+ n2) = 1 n3 (12 + 22 + 32 + · · ·+ n2) = 1 n3 · n(n+ 1)(2n+ 1) 6 = (n+ 1)(2n+ 1) 6n2 onde usamos a fórmula para a soma dos quadrados dos n primeiros inteiros positivos: 12 + 22 + 32 + · · ·+ n2 = n(n+ 1)(2n+ 1) 6 CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 49 Logo temos lim n→∞ Rn = lim n→∞ (n+ 1)(2n+ 1) 6n2 = lim n→∞ 1 6 ( n+ 1 n )( 2n+ 1 n ) = lim n→∞ 1 6 ( 1 + 1 n )( 2 + 1 n ) = lim n→∞ 1 6 · lim n→∞ ( 1 + 1 n ) · lim n→∞ ( 2 + 1 n ) = 1 6 · 1 · 2 = 1 3 Pode ser mostrado que as somas aproximantes inferiores também tendem a 1 3 , isto é lim n→∞ Ln = 1 3 Portanto definimos a área A como o limite das somas das áreas dos retângulos aproximantes, isto é A = lim n→∞ Rn = lim n→∞ Ln = 1 3 Podemos aplicar a mesma idéia anterior para regiões mais gerais, por exem- plo, a região S da Figura 4.6. Começamos por subdividir S em n faixas S1, S2, ..., Sn de igual largura, como na Figura 4.6. A largura do intervalo [a, b] é b−a; assim, a largura de cada uma das n faixas é ∆x = b− a n x x10 ba xi−1 xi xn−1 y = f (x) y x2 · · ·· · · S1 S2 Si Sn Figura 4.6: Essas faixas dividem o intervalo [a, b] em n subintervalos [x0, x1], [x1, x2], · · · , [xn−1, xn] onde x0 = a e xn = b. Os extremos direitos dos subintervalos são x1 = a+∆x, x2 = a+ 2∆x, · · · CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 50 Vamos aproximar a i-ésima faixa Si por um retângulo com largura ∆x e altura f(xi), que é o valor de f nos extremos direitos dos subintervalos (veja a Figura 4.7). Então a área do i-ésimo retângulo é f(xi)∆x. O que pensa- mos intuitivamente como a área de S é aproximado pela soma das áreas desses retângulos, que é Rn = f(x1)∆x+ f(x2)∆x+ · · ·+ f(xn)∆x x x10 ba xi−1 xi xn−1 y x2 · · ·· · · ∆x y = f (x) Si f (xi) Figura 4.7: No anterior exemplo, mostramos que essa aproximação aparenta tornar-se cada vez melhor à medida que aumentamos o número de faixas, isto é, quando n → ∞. Portanto, vamos definir a área A da região S da seguinte forma. Definição 4.2. A área A da região S que está sob o gráfico de uma função cont́ınua f é o limite das somas das áreas dos retângulos aproximantes: A = lim n→∞ Rn = lim n→∞ [f(x1)∆x+ f(x2)∆x+ · · ·+ f(xn)∆x] x x10 ba y x2 y = f (x) xi ∆x x∗1 x ∗ 2 x∗nx∗i f (x∗i ) xi−1 xn−1 Figura 4.8: Pode ser provado que o limite na definição anterior sempre existe, uma vez que estamos supongo que f seja cont́ınua. Pode também ser provado que obte- remos o mesmo valor se usarmosos extremos esquerdos dos subintervalos: A = lim n→∞ Ln = lim n→∞ [f(x0)∆x+ f(x1)∆x+ · · ·+ f(xn−1)∆x] CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 51 De fato, em vez de usar os extremos esquerdo ou direito, podemos tomar a altura do i-ésimo retângulo como o valor de f em qualquer número x∗i no i-ésimo subintervalo [xi−1, xi]. Chamamos os números x ∗ 1, x ∗ 2, ..., x ∗ n de pontos amostrais. A Figura 4.8 mostra os retângulos aproximantes quando os pontos amostrais não foram escolhidos como os extremos. Logo uma expressão mais geral para a área de S é A = lim n→∞ [f(x∗1)∆x+ f(x ∗ 2)∆x+ · · ·+ f(x∗n)∆x] = lim n→∞ n∑ i=1 f(x∗i )∆x onde usamos a notação somatória (notação sigma) para escrever a soma de muitos termos de maneira mais compacta. 4.3 A Integral Definida Vimos na seção anterior que um limite da forma lim n→∞ n∑ i=1 f(x∗i )∆x = lim n→∞ [f(x∗1)∆x+ f(x ∗ 2)∆x+ · · ·+ f(x∗n)∆x] aparece quando computamos uma área. Resulta que esse mesmo tipo de limite ocorre em uma grande variedade de situações mesmo quando f não é necessari- amente uma função positiva, por exemplo, quando tentamos achar a distância percorrida por um objeto, ou quando queremos encontrar o comprimento de curvas, volumes de sólidos, centros de massas, etc. Daremos, portanto, a esse tipo de limite um nome e notação especial. Definição 4.3. [Definição de Integral Definida] Se f é uma função cont́ınua definida para a ≤ x ≤ b, dividimos o intervalo [a, b] em n subintervalos de com- primentos iguais ∆x = (b − a)/n. Seja x0 (= a), x1, x2, ..., xn (= b) os ex- tremos desses subintervalos e vamos escolher os pontos amostrais x∗1, x ∗ 2, ..., x∗n nesses subintervalos de forma que x ∗ i está no i-ésimo subintervalo [xi−1, xi]. Então a integral definida de f de a até b é∫ b a f(x)dx = lim n→∞ n∑ i=1 f(x∗i )∆x • A soma n∑ i=1 f(x∗i )∆x é chamada soma de Riemann, em homenagem ao matemático Bernhard Riemann (1826-1866). • O śımbolo ∫ foi introduzido por Leibniz e é denominado sinal de integral. Ele é um S alongado e foi assim escolhido porque uma integral é um limite de somas. • Na notação ∫ b a f(x)dx, f(x) é chamado integrando, a e b são ditos li- mites de integração, a é o limite inferior, b é o limite superior, e o śımbolo dx por si só não tem um significado oficial; ∫ b a f(x)dx é todo um śımbolo. • O processo de calcular uma integral é conhecido como integração. CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 52 4.3.1 Propriedades da Integral Definida Quando definimos a integral definida ∫ b a f(x)dx, implicitamente assumimos que a < b. Mas a definição como o limite de somas de Riemann faz sentido mesmo que a > b. Observe que se invertermos a e b, então ∆x mudará de (b− a)/n para (a− b)/n, e como (a− b)/n = −(b− a)/n, então∫ a b f(x)dx = − ∫ b a f(x)dx Se a = b, então ∆x = 0, e ∫ a a f(x)dx = 0 Vamos desenvolver agora algumas propriedades básicas das integrais que nos ajudarão a calcular as integrais de uma forma mais simples. Vamos supor que f e g sejam funções cont́ınuas. (1) ∫ b a cdx = c(b− a), onde c é qualquer constante (2) ∫ b a [f(x) + g(x)]dx = ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx (3) ∫ b a cf(x)dx = c ∫ b a f(x)dx, onde c é qualquer constante (4) ∫ b a [f(x)− g(x)]dx = ∫ b a f(x)dx− ∫ b a g(x)dx (5) ∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx = ∫ b a f(x)dx Exerćıcio 4.4. Use as propriedades das integrais para calcular ∫ 1 0 (4 + 3x2)dx. Exerćıcio 4.5. Se ∫ 10 0 f(x)dx = 17 e ∫ 8 0 f(x)dx = 12, ache ∫ 10 8 f(x)dx As propriedades a seguir, nas quais comparamos os tamanhos de funções e os de integrais, são verdadeiras somente se a ≤ b. (6) Se f(x) ≥ 0 para a ≤ x ≤ b, então ∫ b a f(x)dx ≥ 0 (7) Se f(x) ≥ g(x) para a ≤ x ≤ b, então ∫ b a f(x)dx ≥ ∫ b a g(x)dx (8) Se m ≤ f(x) ≤ M para a ≤ x ≤ b, então m(b− a) ≤ ∫ b a f(x)dx ≤ M(b− a) Teorema 4.2. [Teorema da média] Sendo a função f(x) cont́ınua sobre o segmento [a, b], existe sobre este segmento um ponto ϵ tal que se tem:∫ b a f(x)dx = (b− a)f(ϵ) CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 53 4.3.2 O Teorema Fundamental do Cálculo O Teorema Fundamental do Cálculo estabelece uma conexão entre os dois ramos do cálculo: o cálculo diferencial e o cálculo integral. Teorema 4.3. [Teorema Fundamental do Cálculo, Parte 1] Se f for cont́ınua em [a, b], então a função g definida por g(x) = ∫ x a f(t)dt a ≤ x ≤ b é cont́ınua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[ e g′(x) = f(x). Xy = f (t) g(x) x ϵ x +∆x f (ϵ) t y ∆g a A Figura 4.9: Prova Dando à variável x um acréscimo arbitrário ∆x positivo ou negativo, tem-se (tendo em atenção a propriedade (5) da integral definida) g(x+∆x) = ∫ x+∆x a f(t)dt = ∫ x a f(t)dt+ ∫ x+∆x x f(t)dt assim, o acréscimo da função g(x) é ∆g = g(x+∆x)− g(x) = ∫ x a f(t)dt+ ∫ x+∆x x f(t)dt− ∫ x a f(t)dt = ∫ x+∆x x f(t)dt Apliquemos a este último integral o Teorema da média (veja a Figura 4.9), então ∆g = f(ϵ)(x+∆x− x) = f(ϵ)∆x em que ϵ está compreendido entre x e x + ∆x. Formemos o quociente do acréscimo da função pelo acréscimo da variável: ∆g ∆x = f(ϵ)∆x ∆x = f(ϵ) CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 54 logo, fazendo o limite ∆x → 0, escrevemos g′(x) = lim ∆x→0 ∆g ∆x = lim ∆x→0 f(ϵ) Mas como ϵ → x quando ∆x → 0, tem-se lim ∆x→0 f(ϵ) = lim ϵ→x f(ϵ) e como f(x) é cont́ınua, obtemos lim ϵ→x f(ϵ) = f(x) Assim, tem-se, g′(x) = f(x) e o teorema está provado. Exerćıcio 4.6. Ache a derivada da função g(x) = ∫ x 0 √ 1 + t2dt. Exerćıcio 4.7. Ache ddx ∫ x4 1 sec tdt. Teorema 4.4. [Teorema Fundamental do Cálculo, Parte 2] Se f for cont́ınua em [a, b], então ∫ b a f(x)dx = F (b)− F (a) onde F é qualquer antiderivada de f , isto é, uma função tal que F ′(x) = f(x). Prova Seja F (x) uma antiderivada de f(x). Segundo o Teorema Fundamental do Cálculo, Parte 1, a função ∫ x a f(t)dt é também uma antiderivada de f(x). Ora, duas antiderivadas arbitrárias de uma dada função diferem por uma cons- tante C∗. Pode-se escrever, por conseguinte∫ x a f(t)dt = F (x) + C∗ Sendo C∗ adequadamente escolhido, esta igualdade é verdadeira para todos os x; é, então, uma identidade. Para determinar a constante C∗, façamos nesta identidade x = a, então, ∫ a a f(t)dt = F (a) + C∗ ou 0 = F (a) + C∗ ⇒ C∗ = −F (a) Por conseguinte ∫ x a f(t)dt = F (x)− F (a) fazendo x = b, obtém-se a fórmula de Newton-Leibniz:∫ b a f(t)dt = F (b)− F (a) CAPÍTULO 4. A INTEGRAL 55 ou, voltando à variável de integração x, obtemos∫ b a f(x)dx = F (b)− F (a) Note que a diferença F (b)−F (a) não depende da escolha da antiderivada F , porque todas as antiderivadas se distinguem umas das outras por uma constante que desaparece na substração. Introduzindo a notação F (b)− F (a) = F (x)|ba pode-se pôr a fórmula de Newton-Leibniz sob a forma∫ b a f(x)dx = F (x)|ba A Parte 2 do Teorema Fundamental estabelece que se conhecermos uma an- tiderivada F (x) de f(x), então podemos calcular ∫ b a f(x)dx simplesmente sub- traindo os valores de F nos extremos do intervalo [a, b]. É muito surpreendente que ∫ b a f(x)dx, definida por um procedimento complicado envolvendo todos os valores de f(x) para a ≤ x ≤ b, pode ser encontrado sabendo-se os valores de F (x) em somente dois pontos, a e b. Exerćıcio 4.8. Calcule a integral (a) ∫ 1 0 x2dx (b) ∫ 3 1 exdx (c) ∫ 6 3 dx x Exerćıcio 4.9. Ache a área sob a curva y = cosx de 0 até b, onde 0 ≤ b ≤ π/2. 4.4 Integrais Indefinidas Vimos na seção anterior que a Parte 2 do Teorema Fundamental do Cálculo fornece um método muito poderoso para computar a integral definida de uma função, desde que possamos encontrar uma antiderivada da função. Nesta seção vamos introduzir uma notação para antiderivadas, rever as fórmulas para as antiderivadas e então usá-las para computar as integrais definidas. Em virtude da relação dada pelo Teorema Fundamental entre as antideri- vadas e as integrais, a notação ∫ f(x)dx é tradicionalmente usada para uma antiderivada
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