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Universidade de Caxias do Sul 
Curso: Direito 
Disciplina: Direito Penal III 
Professor Bruno Rigon 
Aluno: Jhon W L Uchoa 
 
Controle Social através da exclusão 
 
 Michel Foucault quer nos mostrar no seu texto o porquê de certos grupos ou indivíduos 
tinham esse status. Ele percebeu que em todas as sociedades haviam pessoas com 
comportamentos diferentes. Foucault pontuou quatro categorias de atividades humanas: 
trabalho, sexualidade/família, linguagem/fala, atividades lúdicas. O autor percebeu que as 
pessoas com comportamento diferente que não seguiam esses quatro domínios, que não tinham 
um comportamento comum, eram tidas como indivíduos marginais, ou seja, eram excluídos e 
tratados como loucos. Os tidos como loucos, os que não seguiam os quatro domínios segundo 
o autor, os loucos eram inaptos a trabalhar. Também eram aquelas pessoas que não falavam a 
linguagem popular ou ainda aqueles que tinham uma linguagem literária. Além disso o louco 
era tido na Idade Média como animador de festas perante os ávidos expectadores e esses loucos 
tinham suas festas para aflorar suas loucuras, ou seja, a inversão das convenções sócias para 
aquela época. 
 Contudo para Foucault, com a chegada da era industrial outras categorias se juntaram 
aos loucos, os desempregados, os ociosos, as prostitutas, todos aqueles que se encontravam fora 
da ordem social, os chamados vagabundos. 
A partir dos hospitais psiquiátricos, esses loucos, foram conceituados como alguém doente, a 
medicina começou a ganhar muita força. Os loucos foram sendo usados pela medicina, pela 
indústria farmacêutica, por grupos ideológicos e políticos, pelo Estado. Tem-se a percepção que 
o autor quer nos mostrar uma espécie de instituição parasitária sobre os denominados loucos. 
Percebe-se claramente que esses loucos antes em povos primitivos eles andavam livremente e 
à partir de era industrial eles foram trancados em estabelecimentos que mais tarde passaram a 
ser manicômios, mas que a situação pouco mudou, sendo eles livres ou presos, eles continuam 
excluídos. 
 Mais tarde, essa “loucura”, para a medicina classificada como doença, também foi 
interesse do Direito Penal. Pois os loucos também cometiam ilícitos e a pena para esses tinha 
como destino hospitais de custódia. Para Salo de Carvalho há uma justificativa que direciona 
a sanção à recuperação, mas pouco eficaz de fato. No Brasil desde o código criminal de 1830 
até a legislação atual percebe-se nos legisladores um falso interesse, uma falsa preocupação de 
melhorar as condições desses loucos e trazê-los de volta ao convívio social. Percebe-se no autor 
a preocupação canalizada à medicina para cuidar desses loucos, invadindo a seara jurídica. Se 
destinou muito poder nas decisões da medicina classificando esses loucos e dando destino a 
eles. 
 Paralelamente autor nos apresenta que a prisão e o manicômio são fenômenos 
institucionais idênticos. O autor enfatiza que essas duas instituições criam um ambiente 
deletério para a recuperação dos presos e loucos. Ainda que algum progresso foi visto em 
relação aos manicômios/ hospitais de custódia dando aos “loucos” uma certa autonomia de 
escolha e não somente o médico decidir no tratamento, enquanto nas prisões a segregação é 
potencializada. A necessidade de humanizar mais o ambiente manicomial, surgiu um 
movimento antipsiquiátrico servindo de exemplo ao sistema carcerário atual. 
 
 Consoante Thayara Castelo Branco, faz duras críticas ao Estado, esse que usa a 
medicina e ciência em nome do bem estar social. A medicina já não cumpre seu papel de 
restaurar a saúde das pessoas, mas foi se deturpando de sua função de origem. Percebe-se que 
autora quer nos passar como a imagem da medicina foi sendo aranhada ao longo do tempo, essa 
mesma se associando a interesses comerciais, econômicos, políticos. Além disso, mais uma vez 
esse grupo dos loucos e perigosos foi utilizado pela medicina e pelo Estado, tudo em nome de 
uma suposta proteção da sociedade dita normal. Acrescenta-se ainda, como medidas de 
segurança a prescrição para esses loucos de medicações desnecessárias, os tratamentos 
psiquiátricos sem eficiência, sempre alimentando a indústria farmacêutica, interesses políticos 
e estatais. 
 É notório a indignação por parte da autora como os loucos e os presos são tão pouco 
humanizados, não considerados em seu sofrimento físico e psíquico. Nem mesmo as crianças 
não escapam dos interesses dessa trinca, sendo alvos de prescrição medicamentosa cada vez 
mais cedo, para que esse doente perigoso venha crescer numa sociedade controlada. A autora 
mostra claramente que a medicação e psiquiatrização do cotidiano serve para controle social, 
mas antes disso serve ao capital financeiro, sustentado pelos ativistas, vítimas e marqueteiros 
das drogas, isso tudo para legitimar as supostas enfermidades. 
 Muito bem exemplificado no vídeo A Casa dos Mortos, em plena atualidade existir um 
lugar como aquele, muda-se o discurso, muda-se o tempo, mas nada é feito para mudar a 
realidade cruel desses excluídos sociais. O Estado não tem interesse de socializar, de investir, 
de capacitar esses invisíveis, dar-lhes uma vida digna. Essa categoria será sempre usada como 
bode expiatório pelo Estado ou por grupos políticos ideológicos. Pode-se perceber nos textos 
e nos vídeos indicados, os loucos ou também conhecidos como as páreas sociais; incapazes, 
pobres, doentes mentais, negros, homossexuais, encarcerados, entre outros, não trazem lucro 
ao Estado, então pouco importa para o Estado investir nessa categoria. Para o Estado eles são 
invisíveis, mantendo-os “vivos”, fazendo o mínimo para não entrar em conflito com a 
constituição ou com acordos internacionais já está de grande feitio. 
 Além disso, nos vídeos percebe-se um padrão de tratamento quanto as esses excluídos, 
usava-se da violência física, da desumanização, eram tratados simplesmente como animais, 
muito claro visto no vídeo Holocausto Brasileiro, pode-se fazer uma comparação com o 
holocausto nazista, o padrão de tratamento era o mesmo que os alemães usavam contra os 
judeus. Além disso, outra semelhança com o holocausto era a forma como chegavam ao campo 
de extermínio, por trens, o mesmo que ocorria em Barbacena. Outro fator relevante que 
acontecia em Barbacena que também acontecia no holocausto. 
 Fica claro a exclusão dessas páreas sócias que não se encaixam em padrões morais, 
padrões estéticos, como a cor da pele, vide negros, ou ainda em padrões econômicos, padrões 
sexuais, perante uma sociedade dita como normal, tudo em nome da proteger essa mesma 
sociedade dos excluídos perigosos. Nota-se que no percurso da história sempre teve os 
excluídos e que apesar dos esforços da sociedade atual de inserção social dos diferentes, 
efetivamente é feito muito pouco, são pequenos os resultados significativos. A priori, é inerente 
as pessoas serem diferentes umas da outras, perante o complexo que é chamado o ser humano, 
mas o que se tem visto é uma necessidade ilusória de uma padronagem social e quando essa 
padronagem não acontece na régua social traçada, a exclusão social é inevitável. 
O filme "Nise: Coração da Loucura”, conta uma história que começa em 1944, e não apenas 
Nise aparece, mas seus pacientes também. A primeira cena do filme apresenta o protagonista 
em frente ao Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. No entanto, ela teve 
muita dificuldade para entrar no local, pois eles demoraram muito para abrir a porta. Lá dentro, 
Nise vê um lugar onde os doentes estão em estado sub-humano, afinal esse lugar é insalubre e 
as pessoas ficam presas como animais. Um dos pensamentos que vem à mente é que ninguém 
tem direito à dignidade. Os psiquiatras sempre colocam o bem-estar de seus pacientes em 
primeiro lugar, especialmente os pacientes de maior risco. Com essa sensibilidade, ela consegue 
salvar sua humanidade mesmo depois de tanto sofrimento. Nisee seus colegas montaram um 
pequeno estúdio de arte para ajudar na comunicação com seus pacientes.

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