Buscar

Livro Completo - Currículo, Programas e Projetos Educacionais

Prévia do material em texto

CURRÍCULO, 
PROGRAMAS 
E PROJETOS 
EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA
Prof. Nathália Delgado
CURRÍCULO, 
PROGRAMAS 
E PROJETOS 
EDUCACIONAIS 
Marília/SP
2022
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
06
17
28
38
53
65
73
85
93
100
106
112
120
127
134
CURRÍCULO: CONCEITOS, TEORIA E PRÁTICA
O CURRÍCULO NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
PRESSUPOSTOS CURRICULARES PARA A 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
PRESSUPOSTOS CURRICULARES PARA O 
ENSINO FUNDAMENTAL
PRESSUPOSTOS CURRICULARES PARA O 
ENSINO MÉDIO
CURRÍCULO FORMAL, REAL, OCULTO E TEORIA 
CRÍTICA DO CURRÍCULO
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
PROJETO INOVADOR NO BRASIL: A REALIDADE 
DE UMA ESCOLA PÚBLICA
CURRÍCULO, PROJETOS E AVALIAÇÕES 
EXTERNAS
PROGRAMAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA 
PROGRAMA BRASIL NA ESCOLA 
A PEDAGOGIA DE PROJETOS
CURRÍCULO, PROFESSORES E SUA FORMAÇÃO
CURRÍCULO, PROJETOS E A EDUCAÇÃO 
ESCOLAR NO PERÍODO DE PANDEMIA-COVID 19
PARA FINALIZAR…
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
CAPÍTULO 1
CURRÍCULO: CONCEITOS, 
TEORIA E PRÁTICA
1.1 Introdução
Na presente aula iremos discutir o conceito de currículo, bem como, relacioná-lo em 
seus aspectos teóricos e práticos! Quanta coisa para uma primeira aula, não é mesmo? 
Fiquem tranquilos que todo o seu conhecimento sobre o assunto será construído por 
partes, mas, é importante que desde o primeiro momento você já perceba o quanto 
lidar com o currículo, no campo da educação, é algo extremamente relevante!
O currículo está presente em todo o processo educacional e no decorrer das aulas 
isso ficará muito claro para você! Em todos os processos? Sim! Ele está nas políticas, 
nos sistemas de ensino, além de estar na escola, nos conhecimentos e também 
manifestando-se nas relações. 
Para iniciar você entrará em contato com o seu conceito em uma perspectiva histórica 
e também do senso comum, chegando às diferentes explicitações que representam 
o currículo nos dias de hoje. Já vou adiantar que não há unanimidade acerca deste 
conceito, bem como, que é muito difícil defini-lo, justamente, por tudo que ele engloba, 
mas, há elementos a serem explorados para que possamos compreendê-lo e são 
estes que discutiremos nesta aula.
Desta forma, seus conceitos levarão aos aspectos teóricos e práticos que perpassam 
o currículo, que já de imediato merecem destaque! 
Aproveitem a aula!
1.2 Compreendendo o(s) conceito(s)
Definir currículo não é muito fácil, aliás, definir algo não é um exercício fácil. Já pensou 
em se definir, por exemplo? É muito difícil limitar determinadas coisas a apenas um 
conceito. Com o currículo não é muito diferente, o seu significado, o que ele abrange 
é bem amplo, desta forma, não há um consenso de definição no campo acadêmico 
e teórico, nem mesmo no campo prático.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7
Já de início é bom você saber essa informação. Irá encontrar diferentes conceitos 
e significados referindo-se ao currículo, porém, não necessariamente algum deles 
estará errado, pois, currículo é amplo, há conceitos e significados possíveis. Este 
fato é histórico tratando-se de currículo e a utilização de sua nomenclatura. Aliás, no 
decorrer da disciplina você vai entendendo os motivos….
O termo currículo deriva da palavra latina curriculum, cuja raiz é a mesma de cursus 
e currere- “lugar onde se corre”. Na Roma antiga falava-se de cursos honorum, que era a 
soma das honras que o indivíduo acumulava em seus cargos eletivos e judiciais. Assim, 
o título determinava a carreira e a representação de seu percurso. Na Idade Média, o 
currículo estava atrelado ao conhecimento. Havia o trivium - gramática, retórica, dialética, 
que hoje chamamos de disciplinas instrumentais. E o cuadrivium, trazendo disciplinas mais 
práticas, como astronomia, geometria, aritmética e música. Essas sete constituíram a 
primeira organização do conhecimento nas universidades européias (SACRISTÁN, 2013).
Tanto nos períodos mencionados como em outros períodos históricos, o currículo 
representa a organização de conteúdos ou ordenação de episódios isolados, 
apresentando desta forma uma dupla função: organizadora e unificadora. Isso é 
importante para você perceber como a configuração atual não é por acaso, aliás, as 
configurações atuais são sempre frutos do processo, fiquem atentos a isso! Tratando-
se de currículo, ou, outros conteúdos. O hoje não é isolado!
Se você procurar a palavra currículo em dicionários da língua portuguesa, também 
irá visualizar diferentes sentidos. No dicionário online, por exemplo, ele refere-se à 
programação total ou parcial de um curso ou matéria ou a um documento que reúne 
dados, articulando-se ao conhecido curriculum vitae.
Sacristán (2013), menciona que hoje, na educação, o currículo é polivalente, fruto 
de um processo histórico e está relacionado aos conteúdos, seja em sua ordenação, 
quanto, na organização. Aliás, o autor pontua que em um primeiro momento ele pode 
parecer algo simples, pois é traçado como os conteúdos que o aluno irá estudar, 
porém, suas implicações vão se revelando, assim como, se revelarão nesta aula e 
disciplina como um todo!
O currículo determina que conteúdos serão abordados e, ao 
estabelecer níveis e tipos de exigências para os graus sucessivos, 
ordena o tempo escolar, proporcionando os elementos daquilo que 
entenderemos como desenvolvimento escolar e daquilo em que 
consiste o progresso dos sujeitos durante a escolaridade. Ao associar 
conteúdos, graus e idades dos estudantes, o currículo também se 
torna um regulador das pessoas (SACRISTÁN, 2013, p.18).
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8
A fala supracitada é fundamental para compreender do que se trata o currículo, 
bem como, do motivo de seu conceito ser amplo. Vamos por partes ok? 
Quando o autor menciona que o currículo determina “que conteúdos serão abordados 
e, ao estabelecer níveis e tipos de exigências para os graus sucessivos, ordena o tempo 
escolar” ele está se referindo às séries e anos escolares. Isto fica mais evidente no 
final, ao pontuar que assim, “estabelece níveis e tipos de exigência, bem como, ordena 
o tempo escolar”. Na prática quer dizer o que? 
Bom, que há um currículo específico para o primeiro ano, para o segundo, e assim 
sucessivamente, bem como, que além deste currículo definir e delimitar os níveis, ele 
também expressa os conteúdos que serão abordados ali. Daí o caráter polivalente do 
termo. Os conteúdos definem o currículo, ou seja, o currículo trata dos conteúdos, porém, 
também refere-se a ordenação dos mesmos, pois está vinculado aos progressivos 
níveis escolares.
Pensando em termos práticos, para além das séries mencionadas, o currículo 
também é definido por níveis. Ou seja, há currículos específicos ao tratar da educaçãoinfantil, ensino fundamental, médio e superior. E dentro de cada nível, também há 
currículos referentes às variadas séries e disciplinas que englobam. 
Se você reparar ao final da fala do autor, ele vai além, fazendo uma reflexão crítica 
acerca do currículo e chegando à conclusão que: “Ao associar conteúdos, graus e 
idades dos estudantes, o currículo também se torna um regulador das pessoas”. 
Ou seja, se é ele que determina, ele controla, ele regula. Olha só como o currículo é 
relevante! Tanto no ambiente escolar, como, para a educação como um todo! Aliás, o 
autor explica isso muito bem, ao evidenciar que:
[...] o currículo delimitou as unidades ordenadas de conteúdos e 
períodos que tem um começo e um fim, com um desenvolvimento 
entre esses limites, impondo uma norma para a escolarização. Não 
é permitido fazer qualquer coisa, fazer de uma maneira qualquer, ou 
fazê-la de modo variável (SACRISTÁN, 2013, p.18).
Refletir o conceito de currículo de modo articulado às suas consequências, bem 
como, articulações, é já de início tratar o tema com o senso crítico aguçado. É pensar 
para além do superficial, é sair do senso comum. Se você pensa apenas no currículo 
como um agrupamento de conteúdos, você deixa em segundo plano o significado 
deste agrupamento, por exemplo. Sim, ele refere-se a isso, mas, possui um começo, 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9
meio e fim, ou seja, possui uma intenção, ele está lidando com a educação, então, há 
algo a ser ensinado, transmitido, há um conhecimento em jogo, correto?
Uchôa e Chacon (2021) reforçam e ampliam essa reflexão ao pontuar que o currículo 
não se apresenta apenas como um rol de conteúdos, mas, uma carta de intenções 
para a educação. Percebe como este conceito articula-se ao que foi mencionado 
anteriormente? Eles também mencionam sobre ele estar em constante movimento e 
transformação. Aliás, essa última fala, sobre movimento e transformação, ficará mais 
clara no desenvolver da aula, pois, você perceberá que o currículo se expressa em 
diferentes camadas e assim como é influenciado, também influencia.
Desta maneira pode-se pontuar também que o currículo não é atemporal, ou seja, se 
ele possui intenções ele está articulado com algo e assim consequentemente está em 
um contexto temporal, em um recorte de tempo específico. Desta forma, representa 
um interesse daquele momento e que posteriormente poderá ser substituído por outro.
O currículo não é um elemento inocente, nem de transmissão 
desinteressada do conhecimento social, que tem uma história que precisa 
ser estudada e compreendida, pois não é um elemento transcendental, 
nem atemporal (PRADOS, RAMIREZ, 2020, p.1107).
Saviani (2016), ao tratar de currículo, nos propõe um conceito ampliado, mencionando 
que inclui um conjunto de atividades que se cumprem visando determinado fim, sendo 
estas atividades material, físico e humano na qual se destinam. 
Poderíamos dizer que, assim como o método procura responder à 
pergunta: como se deve fazer para atingir determinado objetivo, o 
currículo procura responder à pergunta: o que se deve fazer para atingir 
determinado objetivo. Diz respeito, pois, ao conteúdo da educação e 
sua distribuição no tempo e espaço que lhe são destinados (SAVIANI, 
2016, p. 55).
Assim, buscando sintetizar o que você já viu até aqui, pode-se afirmar que: o 
currículo refere-se ao agrupamento de conteúdos, bem como, sobre a ordenação dos 
mesmos, mas, não para por aí! Ele não é neutro, ele possui começo, meio e fim, há 
intencionalidade, diferentes conhecimentos, buscando e representando algo, tornando-
se desta forma, um aspecto relevante na Educação como um todo e perpassando 
ela como um todo!
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10
Desta forma, vamos ampliar nossa discussão? No próximo item você irá compreender 
como o currículo está presente tanto no campo teórico como no prático!
1.3 Currículo, teoria e prática
Você já pode perceber que se o currículo é compreendido apenas como um 
agrupamento de conteúdos, por exemplo, ele torna-se um conceito raso e que não 
expressa a realidade. Na utilização do termo no senso comum, no dia a dia, há essa 
menção, que não está necessariamente errada, mas, que não pode parar por aí, certo? 
Quando buscamos um conceito rápido e prático para currículo está ok mencionar 
isso, mas, deixando claro que ele vai além! 
Sacristán(2013) traz importantes reflexões acerca do conceito de currículo, nos 
fazendo pensar cada vez mais e mais…Ele garante que não é apenas um conceito 
teórico, mas, ferramenta de regulação das práticas escolares. Também aponta para 
um conceito com capacidade de inclusão, instrumento essencial tanto para pensar 
o hoje como para o futuro. 
Levando a fala do autor para o campo da prática podemos entender que: a 
capacidade de inclusão acontece quando eu penso em um currículo que abrange 
diferentes potencialidades dos alunos, por exemplo, eu busco incluir todos, ao invés 
de segregar. O instrumento “essencial para pensar o hoje e o futuro”, pois, também por 
meio de suas propostas, a escola irá se nortear. Quando uma lei determina a inclusão 
de determinado conteúdo por exemplo e fixa que as instituições escolares possuem 
um prazo de dois anos para garantir, está acontecendo uma projeção futura. 
Desta forma, pode-se compreender que o currículo possui uma capacidade imensa 
dentro do campo da educação e também do campo escolar. É por meio dele, que 
diferentes práticas podem acontecer, como por exemplo, práticas inclusivas, interativas, 
valorização de determinados aspectos…. Vocês verão em aulas posteriores, por 
exemplo, que há na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a lei maior da educação, 
várias menções curriculares que norteiam a educação de todo o país. Aliás, há vários 
documentos das políticas educacionais que norteiam os currículos da educação básica, 
fundamental e superior.
A partir de então, é importante refletir o caráter de mão dupla acerca do currículo: 
formador da realidade do sistema de educação, dando forma à educação, porém, 
também é condicionado pelas práticas dominantes. Assim, ele transforma a prática 
e também é transformado por ela!
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11
Essas peculiaridades, entre outras, fazem o conceito do currículo se referir 
a uma realidade difícil de explicar por meio de uma definição simples, 
esquemática e esclarecedora, devido à própria complexidade do conceito 
[...] Por hora, dar-lhe um significado simples: “ o conteúdo cultural que 
os centros educacionais tratam de difundir naqueles que o frequentam, 
bem como os efeitos que tal conteúdo provoca em seus receptores. A 
escola sem conteúdos culturais é uma ficção, uma proposta vazia, irreal 
e irresponsável. O currículo é a expressão e a concretização do plano 
cultural que a instituição escolar torna realidade dentro de determinadas 
condições que determinam esse projeto” (SACRISTÁN, 2013, p.10).
Da mesma forma que o currículo influencia a escola, pois, muitos de seus aspectos 
são frutos de uma exigência de uma lei ou outro órgão maior, a escola também 
influencia o currículo, pois, a forma de trabalho dos professores, a relação entre os 
alunos e demais aspectos também são influenciados pela realidade em que se vive, 
assim, são a partir dessas ações que o currículo se expressa.
Há diferentes níveis e camadas que o currículo engloba na educação. É relevante 
você saber que: o currículo se expressa tanto nas práticas escolares, por meio do 
planejamento dos professores, como nas políticas educacionais, por exemplo, por meio 
da normatização de conteúdos específicos a cada série, dentre outros. A imagem abaixo 
ilustra o que foi mencionado, acerca das camadas, demonstrando detalhadamente 
os processos na qual o currículo perpassa.
Título: O currículoem seus diferentes aspectos
Fonte: (SACRISTÁN, 2013, p.26).
Este processo é de importante visualização neste momento, pois, nos auxilia a 
compreender um dos motivos da conceituação de currículo abranger diversas nuances. 
Além de facilitar o entendimento de seu próprio conceito. 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12
O plano 1 abrange o currículo em seu caráter da lei, sua expressão nos documentos, 
como: diretrizes, parâmetros, seja de cunho nacional ou estadual e municipal. Já o plano 
2 abrange a interpretação destes na escola. O professor recebe esses documentos e 
interpreta de que maneira? Já o terceiro plano expressa justamente a prática, a partir 
do corpo teórico e da interpretação de que forma será realizado? O quarto e quinto 
plano dizem respeito às possíveis consequências do currículo, ou seja, a partir de sua 
concretização, o que aconteceu?
Estes planos evidenciam de modo bem completo o currículo em seu processo. 
Você compreendê-los facilita para as suas reflexões em aulas posteriores, pois, agora 
já consegue ter um olhar ampliado acerca do que seja o currículo. Você sabe por 
exemplo que ele trata da organização de conteúdos, conforme mencionado, porém, você 
também reflete que a maneira que chega na escola é a partir de uma interpretação, 
ou até mesmo, que terão consequências práticas, ou seja, o currículo não é estático. 
Ficou mais claro o fato do currículo influenciar a escola, porém, a escola também 
influenciar o currículo? Bem como, de seu conceito não ser estático? Além de abranger 
diferentes partes da educação? Qualquer dúvida, retome a leitura do material com 
calma, pois, está tudo bem explicado e é relevante que você esteja construindo o seu 
conhecimento para ir agregando nas aulas posteriores.
Ao tratar da vida escolar, por exemplo, Uchôa e Chacon (2021) apontam que essa 
é marcada pelas escolhas curriculares, justamente, pois, são estas que delimitam 
o processo formativo. Desta forma, mas com outras palavras, os autores estão 
relacionando o currículo com os processos expressos na figura. Assim, pode-se afirmar 
que: o currículo está presente em todo o processo escolar, mas, não apenas pelo 
agrupamento de conteúdos. 
Pacheco (2017) reforça estas questões ao evidenciar que explicar o conceito 
de currículo em sua forma objetiva implica em evidenciar as diferentes dimensões 
que compõem o próprio currículo, justamente, pois ele [...] representa um campo 
impregnado de ideologias, valores, forças, interesses e necessidades que, diretamente 
ou indiretamente, formam a visão de mundo dos sujeitos envolvidos em sua estrutura 
(PACHECO, 2017, p. 2797).
Ele representa um campo de ideologias, valores, interesses, por que motivo? 
Justamente, pois o currículo refere-se, em algum momento, sobre os conteúdos 
escolares e sendo assim, eles possuem estes elementos pois há uma base de 
pensamento específica. Por exemplo, se você aprendeu na escola que os índios 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13
precisavam ser catequizados, pois eram folgados, a visão da história que te ensinaram 
era da vertente dos índios? Obviamente que não, pois, esse conceito de folgado já foi 
desconstruído e avançado, chegando a conclusão que sua organização é diferente 
e não necessariamente pior. Ou seja, os conteúdos são norteados por determinadas 
bases de pensamento e consequentemente o currículo também. O foco aqui é que 
você perceba isso!
Pensando na educação em um contexto geral, uma das tentativas das políticas 
educacionais é selecionar para o currículo dos diferentes níveis uma gama de conteúdos 
mais críticos sobre a história do país, por exemplo, justamente, para combater 
determinadas visões equivocadas e que foram implementadas durante anos. E o 
que isso tem a ver nesse momento? Bom, nós vimos que o currículo está presente 
em todo o processo escolar, que ele influencia e também é influenciado, bem como, 
que ele representa elementos, como ideologias, valores. Desta forma, é preciso que 
você tenha essas questões bem compreendidas!
Todas essas questões também evidenciam o caráter político do currículo, político 
no sentido de possuir intencionalidade e determinar uma série de questões, tanto no 
âmbito dos documentos, quanto no âmbito da prática da escola e consequentemente 
na formação de indivíduos. Se é o currículo que define conteúdos, é ele que se expressa 
nessa formação, não é mesmo? Olha só como o currículo é complexo e interessante! 
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Você já viu que o currículo influencia a escola, porém, que a escola influencia o 
currículo, certo? Um exemplo prático dessa relação de mão dupla diz respeito a 
algumas alterações que ocorreram nas escolas, a partir da Pandemia do COVID. 
O estado de São Paulo, visando combater a evasão no ensino médio, no contexto 
após pandemia, faz alterações curriculares neste nível de ensino. Ou seja, eles 
constataram um problema nas escolas de sua rede estadual e a partir de então, 
realizaram alterações nos currículos escolares.
A proposta tenta atrair estudantes, após um ano letivo marcado pela pandemia. A 
nova proposta curricular já foi aprovada pela nova lei do ensino médio, em 2017, 
segue a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), porém, o estado de São Paulo 
será o primeiro a executá-la. A mudança aconteceu em 2021, começando pelo 
primeiro ano de cada escola e será de forma progressiva, ano a ano, englobando as 
demais turmas. 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14
“O novo currículo do ensino médio de São Paulo terá 12 opções de curso que 
permitirá aos alunos a escolha da disciplina ou das disciplinas com as quais eles 
mais se identificam. O objetivo é criar uma escola que dialogue com a realidade atual 
da juventude, que se adapte às necessidades dos estudantes e os prepare para viver 
em sociedade e enfrentar os desafios de um mercado de trabalho dinâmico”
Para além da formação básica geral, os alunos optam pelos itinerários formativos, 
tendo também as opções relacionadas à formação técnica e profissional. A imagem 
a seguir expressa bem as etapas:
Título: Organização do ensino médio nessa nova perspectiva.
Fonte:https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/03/estado-de-sp-muda-curriculo-do-ensino-medio-e-tenta-conter-evasao-escolar-apos-
pandemia.ghtml
Antes de visualizar este exemplo que acontece na prática, estávamos falando do 
aspecto político do currículo, ou seja, ampliando ainda mais os seus conceitos. A 
este respeito, autores argumentam que o currículo é seleção, ou seja, não é neutro, é 
resultado de contextos culturais, sociais e políticos, além de que [...] nunca é apenas 
um conjunto de conhecimentos, é sempre parte de uma tradição seletiva, da 
visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo (FONSECA;LIMA, 
2018, p.546).
Lembram do exemplo do índio que foi mencionado anteriormente? Da maneira 
que aprendemos sobre ele nos conteúdos escolares? É exatamente sobre isso a 
fala supracitada, que o currículo expressa uma seleção de conteúdos baseados em 
determinada base de pensamento. Por este e outros motivos, devemos compreendê-
lo em sua complexidade. 
Todas essas falas articulam-se ao esquema da figura anteriormente fixada, acerca 
dos planos na qual o currículo perpassa. Quando a discussão remete-se aos conteúdos, 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15
suas intenções e seleção, dizem respeito aos planos 2, 3 e 4, pois, fundamentam-
se na interpretação dos professores e recaem nos efeitos de tais conhecimentos. 
No entanto, reparem que o primeiro plano ao invés de tratar especificamente sobre 
documentos legais que implementam currículos, neste caso refere-se à materiais e 
conteúdos didáticos utilizados nas escolas. 
Reflita a fala a seguir: 
O currículoconsegue se expressar como síntese de elementos 
culturais que dá forma a certa proposta político-educacional, pensada 
e elaborada no sentido de sustentar os diversos setores sociais que 
também possuem interesses diferentes e contraditórios. Por isso 
sua elaboração implica em disputa, visto que a educação é entendida 
como formadora de sujeitos e identidades. Os conhecimentos que 
são vivenciados nas instituições de ensino, legitimados no currículo, 
é que são socialmente considerados (CUNHA; DA SILVA, 2016, p. 
1241).
A supracitada fala reforça elementos já discutidos, porém, amplia a reflexão, olhem 
só: ao mencionar que o currículo se expressa como síntese de elementos culturais, 
que dão forma a certas políticas que são pensadas no sentido de sustentar interesses, 
ele eleva a reflexão a outro patamar, justamente, pois, envolve currículo, política e 
conteúdos. Também traz o conceito de disputas ao mencionar a elaboração, ou seja, 
quando eu escolho determinado conteúdo para compor o meu currículo eu viso a 
formação de determinados sujeitos. 
Os autores vão além ao mencionar que: se eu opto por este currículo é necessariamente 
este que será considerado socialmente, deixando os demais à margem. Assim, há 
disputa, há escolha e há intenções, que são manifestas por meio dos currículos e 
consequentemente nas práticas escolares.
Agora que você está por dentro das principais discussões acerca do currículo, bem 
como, dos conceitos que norteiam este tema, vamos um pouco mais além. Sabe os 
processos expressos na figura? Os processos na qual o currículo perpassa, então, há 
algumas nomenclaturas para tais processos ou tipos de currículos, como mencionam 
alguns autores. Entraremos nesse tema especificamente em outras aulas, mas, para 
finalizar este conteúdo, é importante que você esteja ciente.
Há os chamados: currículo oficial, currículo real e currículo oculto. Os nomes são 
bem auto explicativos e a partir das discussões fica mais fácil entendê-los. Vamos lá! 
Tomaremos por base os conhecimentos de Fonseca e Lima (2018). O currículo oficial 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16
refere-se àquele representado pelos documentos, que é expresso por meio das leis, 
diretrizes e bases, indo ao encontro do plano 1 expresso na figura, ok? Já o currículo 
real envolve as práticas, o que de fato acontece na realidade e o currículo oculto, é 
aquele que não está nos documentos e muitas vezes nem aos nossos olhares, mas, 
que influencia tanto os alunos quanto os professores. 
Finalizamos a primeira aula por aqui e com a garantia de que você está pronto 
para encarar as demais! Espero que tenham aproveitado o conteúdo e até a próxima!
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17
CAPÍTULO 2
O CURRÍCULO NAS 
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
2.1 Introdução
Você já viu na aula passada que o currículo está presente na educação em diferentes 
momentos, sendo um deles, nas políticas educacionais. Isto acontece, pois, há nestas 
políticas propostas curriculares para os diferentes níveis de ensino.
Na presente aula estudaremos as propostas curriculares presentes na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/1996, LDB que é a lei maior da 
educação no país, bem como, o que é previsto na Base Nacional Comum Curricular, 
documento que segue a LDB e norteia os currículos de toda a educação básica no 
país: educação infantil, ensino fundamental e médio.
Nesta aula você encontrará toda a base teórica que precisa acerca do currículo em 
uma proposta institucionalizada para a educação do país. Você irá se situar acerca do 
que é obrigatório, ou não, em termos curriculares, para os diferentes níveis de ensino. 
Aproveite a aula!
2.2 Propostas curriculares na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
LDB/1996
Para iniciar o estudo do currículo nas políticas, nada melhor que estabelecer a Lei 
9.394/1996, de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional como o pontapé inicial, 
aliás ela é a base legal da educação como um todo. 
Você viu no capítulo anterior, que dentre as especificações que conceituam o 
currículo, uma delas diz respeito aos conteúdos escolares, o agrupamento dos mesmo 
nas determinadas séries. É justamente esse trato com o currículo que é determinado 
nas políticas educacionais. 
A primeira especificação direta a este respeito, aparece no artigo 26 da LDB/1996, 
ao pontuar que:
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18
[...] os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do 
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, 
em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, 
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais 
e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos 
(BRASIL, 1996, [s.p]).
Já de início podemos afirmar que a lei pressupõe uma base curricular para toda 
educação básica, ou seja, há conteúdos a serem respeitados tratando-se da educação 
infantil, ensino fundamental e médio. No entanto, a lei também menciona que os 
sistemas de ensino deverão considerar suas especificidades e complementar tais 
conteúdos. 
Consegue imaginar quais conteúdos serão taxados como obrigatórios para a 
educação básica? Faça esse exercício de você para você mesmo….Com toda a certeza 
há conteúdos básicos que você já está esperando, mas, garanto que também terão 
aqueles que você vai se surpreender, pois a lei considera aspectos bem amplos… 
Vamos lá, agora você saberá de todos eles!
O artigo supracitado é complementado pelo seu parágrafo primeiro, que traz as 
disciplinas que devem estar presentes nesta educação básica em comum, sendo elas: 
estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e 
natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
O ensino da arte também é mencionado como obrigatório para a educação básica, 
sendo ela voltada principalmente às expressões regionais e a partir da linguagem das 
danças, música e teatro. A educação física e a língua inglesa também estão previstas, 
porém, esta última a partir do sexto ano do ensino fundamental. Mas, não para por aí!
É especificado que as integralizações curriculares poderão incluir temas transversais, 
ficando estes a critério dos sistemas de ensino. No entanto, há temas transversais 
obrigatórios para compor os currículos, sendo eles: direitos humanos e a prevenção 
de todas as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher. Focando 
apenas o ensino fundamental, também é previsto o estudo sobre os símbolos nacionais. 
Para além dos mencionados, outros componentes curriculares são taxados como 
obrigatórios para a educação básica, sendo eles: a exibição de filmes de produção 
nacional, como complementar à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição 
obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. Você sabia disso? Muito interessante 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19
esta menção! Vai ao encontro das propostas de valorização da nossa cultura e produção 
nacional!
Prosseguindo com as demandas obrigatórias, tratando-se dos componentes 
curriculares para a educação básica fica instituído que os conteúdos referentes à história 
e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros deverão estar presentes em 
todo o currículo escolar, especialmente nas áreas de educação artística e de literatura 
e história brasileiras. 
Repararam quantos elementos são obrigatórios no currículo básico da educação 
nacional? Você esperava tudo isso? E te adianto que não param por aí, pois, neste 
documento em específico, na LDB/1996 suas menções são pontuais e diretas, havendo 
outros documentos que trazem os elementos e componentes curriculares de forma 
mais esmiuçada, e para cada nível em específico,veremos em aulas posteriores. 
Para além dos conteúdos instituídos, também são fixadas cinco diretrizes 
relacionadas aos componentes curriculares. São apontamentos para serem levados 
em conta independente do conteúdo ou nível de ensino. São elas: 1) a difusão de 
valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de 
respeito ao bem comum e à ordem democrática. Este elemento é básico dentro de 
uma escola, não é mesmo? 
Outro ponto diz respeito à consideração das condições de escolaridade dos alunos 
em cada estabelecimento. Ou seja, os conteúdos curriculares deverão respeitar essas 
condições, justamente para não exigir além ou aquém do necessário. A partir do 
momento que este item é incluído como diretriz, pode-se entender que ao chegar nas 
escolas, os profissionais deverão ficar atentos às especificidades dos alunos e das 
turmas no momento de levar os componentes previamente previstos. A orientação 
para o trabalho e a promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas 
não-formais também são incluídas nestas diretrizes, pressupondo articulação entre 
o currículo e o trabalho, bem como, demais práticas.
 Ao trazer elementos curriculares para a educação básica, você deve compreender 
que abordam tanto a educação básica pública como privada, ok? Não há, pelo menos 
no corpo da lei, diferenciação neste quesito. A diferenciação entra ao tratar da educação 
básica para a população rural, neste caso é previsto que os conteúdos curriculares 
sejam adaptados às suas realidades e necessidades.
Até então, estudamos as questões curriculares apontadas no corpo da lei referentes 
à educação básica, ou seja, são questões que perpassam a educação infantil, ensino 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20
fundamental e ensino médio. Quando houve delimitação específica foi mencionado. 
Interessante observar que há propostas curriculares adequadas aos três níveis, né? 
Por este motivo, estudar a documentação legal torna-se relevante. Na prática, muitas 
vezes, não conseguimos ter contato com todos os níveis, ou até mesmo, quando 
pensamos que cada nível aborda uma faixa etária seria confuso pensar em um primeiro 
momento que haveria pontos em comum entre eles, e na verdade há! Tanto no que 
diz respeito a conteúdos em específico, quanto, no pano de fundo de suas propostas 
curriculares, quando há orientações que não especificam conteúdos, por exemplo. 
Vale mencionar que não é somente a LDB/1996, no âmbito das políticas educacionais, 
que garante especificações acerca do currículo. Aliás, esse documento é bem pontual ao 
tratar deste tema, justamente, pois há outros documentos que abordam as propostas 
curriculares de forma específica a cada nível de ensino.
Tratando-se do ensino médio, a LDB traz especificações articulando com as presentes 
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), apontando que será este documento que 
definirá os direitos e objetivos de aprendizagem deste nível e nas seguintes áreas do 
conhecimento: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias; 
III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas. 
Vale destacar que estes itens foram incluídos na LDB/1996 em 2017, no ano em que 
a BNCC foi promulgada. 
Ainda que os documentos estejam articulados acerca da proposta curricular, a 
LDB/1996 traz atribuições à própria BNCC. Vocês verão este tema em aula específica, 
tratando-se de políticas educacionais, porém, é relevante você situar neste momento que 
a LDB/1996 é a lei maior da educação no cenário nacional, por este motivo, todas as 
outras regulamentações devem estar alinhadas com o que ela propõe. Hierarquicamente, 
a LDB/1996 se mantém no topo! Desta forma, há especificações em comum, tanto na 
LDB/1996 quanto na BNCC por exemplo, assim como, há especificações diferentes, 
mas, sempre alinhadas e articuladas. 
Atribuindo responsabilidade acerca de sua proposta curricular, a LDB/1996 menciona 
que a BNCC deverá obrigatoriamente incluir no ensino médio estudos e práticas de 
educação física, arte, sociologia e filosofia, além do ensino da língua portuguesa e da 
matemática nos três anos do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, 
também, a utilização das respectivas línguas maternas. O ensino da língua inglesa 
também é obrigatório no currículo do ensino médio, podendo também haver outras 
línguas estrangeiras optativas, preferencialmente o espanhol. 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21
Todo o currículo do ensino médio é voltado para a formação integral do aluno, 
sendo pontuados os aspectos: cognitivos, sócio emocionais e físicos. Tal formação 
deve adotar um trabalho voltado para a construção do projeto de vida do próprio 
aluno. Estes pontos estão especificados no parágrafo sétimo do artigo 35-A. A partir 
do momento que a LDB/1996 traz essas especificações há um pano de fundo para 
os sistemas educacionais organizarem suas instituições de ensino.
O mais interessante da proposta curricular para o ensino médio, é que além desta 
formação básica e comum, há também a proposta dos itinerários formativos, que são 
diferentes arranjos curriculares que variam de acordo com o contexto na qual a escola 
está inserida. Este item é muito interessante nessa proposta curricular e você entrará 
em contato de forma mais esmiuçada na aula acerca do currículo articulado a BNCC.
Encerramos o presente item por aqui, pois, esgotam-se as questões relacionadas ao 
currículo e à LDB/1966 tratando-se da educação básica. Aliás, há outras especificações 
sobre currículo, relacionadas com a educação superior, ensino profissional e também 
educação de jovens e adultos. 
2.3 Propostas curriculares na BNCC- Base Nacional Comum Curricular
Primeiramente vamos entender: o que é de fato a BNCC e qual o motivo de ser um 
documento extremamente relevante para a educação do nosso país ?
Como o próprio nome já diz, ela traz as bases educacionais, é um documento 
normativo, ou seja, garante normas e define o conjunto de aprendizagens essenciais que 
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação 
Básica. Desta forma, ela é a base dos pressupostos curriculares para os diferentes 
níveis de ensino. Em cada nível há as competências, objetivos a serem alcançados, 
certo? Onde eles são definidos? Na BNCC. 
Este documento trata da educação básica: educação infantil, ensino fundamental 
e médio. Desta forma, é por meio dele que os sistemas de ensino estruturam as 
demandas de suas escolas. Sem perder de vista, é claro, a LDB/1996. Pode-se perceber 
que o conceito de currículo atribuído neste caso, refere-se aos conteúdos a serem 
ministrados nos diferentes níveis de ensino. 
Conforme pontuado anteriormente, estudar currículo no âmbito das políticas 
educacionais, é compreendê-lo neste aspecto. Vale a pena relembrar que o currículo 
não é um conceito estático, e perpassa diferentes momentos da educação e seus 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22
processos. Neste caso, o próprio termo “Base Nacional Comum Curricular”, refere-
se a uma base de conteúdos, competências, objetivos e aprendizagens em comum, 
todos estes elementos, havendo outros afins, são nomeados pelo documento de base 
curricular. 
Cabe relembrar que vivemos em um país que há autonomia dos entes federados, 
diversidade cultural e profundas desigualdades, desta forma, organizar um currículo 
base é uma tentativa de igualdade na educação.
Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental, pois 
explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem 
desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional sobre a 
qual as singularidades devem ser consideradas e atendidas. Essa 
igualdade deve valer também para as oportunidades de ingresso e 
permanência em uma escolade Educação Básica, sem que o direito 
de aprender não se concretize (BRASIL, 2017, p. 15).
Segundo o seu site oficial, a base [...] deverá nortear a formulação dos currículos 
dos sistemas e das redes escolares de todo o Brasil, indicando as competências 
e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da 
escolaridade (BRASIL, 2017). Conforme pontuado na fala do parágrafo anterior, ainda 
que o pressuposto seja de uma base em comum, as devidas especificidades regionais 
e locais são consideradas. No item anterior, ao tratar de currículo e a LDB/1996, este 
elemento fica bastante evidente.
No esquema a seguir, que refere-se à BNCC e sua estrutura, há a organização geral 
acerca das competências articuladas aos níveis de ensino. São estas que nortearão 
os currículos bases.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23
Título:Competências gerais da educação básica
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base
Sendo uma referência nacional para a educação e seu currículo escolar, compreender 
os elementos da BNCC é primordial. É por meio dela, que você ficará ciente de como 
deve configurar-se os currículos básicos nas escolas. Conforme você viu no item 
anterior, há especificações que são próprias dos sistemas de ensino, considerando 
suas particularidades, porém, deve haver uma base nacional de conteúdos e estes 
estão previstos em tal documento. 
Além de seguir os pressupostos da LDB/1996, a BNCC também contempla as 
DCN (2010), que são Diretrizes Curriculares Nacionais, havendo específicas para os 
respectivos níveis de ensino, além do PNE, Plano Nacional de Educação, sendo o último 
instituído em 2014. Aliás, no PNE é afirmada a importância de uma base nacional 
comum curricular no país, com o foco na aprendizagem como estratégia para fomentar 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24
a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-
se a direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento (BRASIL, 2017, p. 12).
Tratando-se dos pressupostos pedagógicos previstos nas composições curriculares 
da BNCC, é utilizado o conceito de competência, também previsto na LDB/1996, em 
seus artigos 32 e 35, ao tratar das finalidades gerais do ensino fundamental e médio.
Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo deste 
início do século XXI9, o foco no desenvolvimento de competências 
tem orientado a maioria dos Estados e Municípios brasileiros e 
diferentes países na construção de seus currículos10. É esse também 
o enfoque adotado nas avaliações internacionais da Organização 
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que 
coordena o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, 
na sigla em inglês), e da Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), que 
instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade 
da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla em espanhol) 
(BRASIL, 2017, p.13).
O documento também articula o ensino por competências com a realidade prática 
das escolas e demais instituições que diretamente influenciam a educação no país. 
Segundo a BNCC, este enfoque traz indicações claras sobre o que os alunos devem 
saber, bem como, o que devem saber fazer. 
É importante salientar, que o próprio documento da BNCC aponta que a materialização, 
a prática, ou seja, a maneira de levar esse currículo base para as escolas, bem como, 
para o processo ensino aprendizagem, será determinante para que ela se concretize 
de maneira significativa ou não. Portanto, visando consolidar-se para além do plano 
escrito, do documento, apresentam alguns pressupostos a serem considerados e 
trabalhados. Vamos por partes para compreender cada um deles, pois, são eles, que 
segundo o documento, que irão garantir ou não que os pressupostos curriculares 
saiam do papel e aconteçam na prática conforme planejado. 
O primeiro ponto refere-se à contextualização dos conteúdos e demais componentes 
curriculares, de modo a criar estratégias para torná-los significativos e conectá-los à 
realidade dos alunos. O documento reforça o fato de considerar a realidade do lugar 
e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas. Percebem a relevância deste 
item? Uma transmissão meramente burocrática e desconsiderando o contexto dos 
alunos, remete-se a uma aprendizagem vazia, ou até mesmo, nenhuma aprendizagem.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25
Como a BNCC tem por foco instituir essa base comum curricular, preocupar-se com 
estes elementos é primordial, pois, também auxilia proporcionando mais ferramentas 
para possíveis concretizações do previsto para os sistemas de ensino e escolas.
Outro item diz respeito à valorização do trabalho de forma interdisciplinar, focando 
este pressuposto ao tratar dos componentes curriculares, ou seja, um trabalho 
menos separado entre os conteúdos e disciplinas. A interdisciplinaridade pressupõe, 
justamente, trabalho alinhado entre eles, de modo que o todo fique mais orgânico. De 
forma alinhada, também são sugeridas o uso de metodologias diversificadas, buscando 
conteúdos complementares aos curriculares básicos, caso necessário, visando alcançar 
as diferentes necessidades dos alunos.
Focando especificamente nos alunos, também é concebido como pressuposto 
o uso de procedimentos diferenciados para motivá-los e engajá-los nos conteúdos, 
favorecendo assim, o processo ensino e aprendizagem. 
A parte da gestão escolar não fica de fora, é mencionado o fortalecimento das equipes 
escolares para a adoção de estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas 
na gestão do ensino. Além disso, tratando-se dos professores, criar e disponibilizar 
materiais de orientação e formação continuada para os mesmos. 
Você sabe o que é formação continuada? Trata-se da valorização de um trabalho 
sempre fundamentado. É manter, de forma permanente, a formação do professor, 
é renovar e reciclar os seus princípios e formação pedagógica, afinal, o tempo vai 
trazendo e mostrando situações novas e adversas, não é? O conhecimento está sempre 
avançando, testando novas hipóteses, anulando e adaptando o que antes não deu 
certo, então, estimular esse estudo constante dos professores é algo que favorece 
todo o sistema de ensino.
Relacionando esta aula com a anterior, fica fácil de entender o motivo de o currículo 
estar presente em diferentes nuances da educação. Estamos tratando da BNCC, por 
exemplo, que estabelece uma base comum aos sistemas de ensino do país, porém, 
de maneira agregada, ela também oferece pressupostos didáticos, metodológicos, 
ferramentas e instrumentos para que o seu currículo tente ser concretizado. É um 
trabalho amplo e complexo que articula a educação como um todo, pois, não tem 
como pensar currículo e conteúdos sem pensar suas formas de execução, bem como, 
na própria organização da escola não é mesmo?
A avaliação também é lembrada neste itens, sendo valorizada a de caráter formativo 
[...] ou de resultado que leve em conta os contextos e as condições de aprendizagem, 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26
tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos 
professores e dos alunos (BRASIL, 2017, p. 17).
O documento enfatiza que estes itens devem ser levados em conta na organização 
dos currículos e propostas, porém, que a variedade de culturas nas diferentes regiões e 
produções próprias de currículos no interior das escolas também devem ser valorizados 
e levados em conta. Essa fala é bastante expressiva, olha só:
É também da alçada dos entes federados responsáveis pela 
implementação da BNCC o reconhecimento da experiência curricular 
existente em seu âmbito de atuação. Nas duas últimasdécadas, 
mais da metade dos Estados e muitos Municípios vêm elaborando 
currículos para seus respectivos sistemas de ensino, inclusive para 
atender às especificidades das diferentes modalidades. Muitas 
escolas públicas e particulares também acumularam experiências 
de desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio ao 
currículo, assim como instituições de ensino superior construíram 
experiências de consultoria e de apoio técnico ao desenvolvimento 
curricular. Inventariar e avaliar toda essa experiência pode contribuir 
para aprender com acertos e erros e incorporar práticas que 
propiciaram bons resultados (BRASIL, 2017, p.18).
Ainda que este documento seja de caráter normativo, fica evidente que há a 
consideração de demandas particulares tanto tratando-se das práticas no interior 
das escolas, quanto das diferentes culturas presentes no país. 
ACONTECEU NA PRÁTICA
Na aula você viu que as políticas educacionais interferem diretamente nos currículos 
da escola e desta forma, no trabalho dos professores, certo? 
Hoje você verá uma ação muito pertinente que aproxima uma política educacional 
no âmbito do município, dos professores de sua rede. Visando orientar e 
fundamentar a sua rede de professores, a secretaria municipal de Juruti, que fica no 
oeste do Pará, criou um fórum de discussão que merece reconhecimento. Foram 
apresentados documentos preliminares acerca do currículo municipal, visando 
propiciar o diálogo com estes profissionais que estão diretamente em sala de aula, 
podendo dar suas opiniões e sanar dúvidas.
Para o professor mestre Walter Gomes Rodrigues, o fórum é um momento de 
extrema relevância para os profissionais de educação: “Discutimos sobre currículo, 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27
formação de professores para ele (documento) chegue às escolas, mas que seja de 
forma conversada, dialogada e qualificada via documento municipal”, disse. 
“Esse momento é para recebermos as orientações, pois estamos diariamente em 
sala de aula, e através desse fórum é que vamos adquirir conhecimentos para nosso 
trabalho na escola”, completou Josivaldo Canto Gomes, professor na Escola Maria da 
Saúde Pinheiro.
Quando a secretaria do município estabelece esse diálogo antes de mandar as 
normas curriculares para a escola de maneira imposta, ela aproxima toda a rede 
escolar de seu currículo, bem como, de sua construção. É um aspecto muito 
positivo tratando-se da educação, pois garante aos professores a oportunidade de 
participarem da elaboração de uma política pública.
Você pode conferir a matéria completa no link: https://g1.globo.com/pa/santarem-
regiao/noticia/2020/03/14/forum-sobre-documento-da-bncc-e-realizado-com-
profissionais-da-educacao-de-juruti.ghtml 
Na presente aula você refletiu os aspectos curriculares presentes em duas políticas 
educacionais, a LDB/1996 e a BNCC/2017. Na aula seguinte, você entrará em contato 
com as questões específicas referentes aos pressupostos curriculares dos diferentes 
níveis de ensino: educação infantil, ensino fundamental e médio.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28
CAPÍTULO 3
PRESSUPOSTOS 
CURRICULARES PARA A 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
3.1 Introdução
Na presente aula você entrará em contato com os pressupostos curriculares, em 
âmbito nacional, para a educação infantil. É muito relevante conhecê-los, pois, são 
eles que nortearão as práticas escolares para este nível de ensino.
Estudaremos este conteúdo na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e 
também nas Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Lembrando que 
os documentos são articulados entre eles, além da Lei de Diretrizes e Bases, na qual 
você estudou na aula passada, e outros também, como por exemplo o Plano Nacional 
de Educação.
Estudaremos especificamente a BNCC e as DCNEI, pois, são as que diretamente 
instituem de forma normativa o currículo para a educação básica. 
Aproveitem a aula!
3.2 O que está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
Acerca deste nível de ensino, antes de entrar propriamente no conteúdo da aula, 
é importante relembrar que: engloba crianças de zero a cinco anos de idade, porém, 
é obrigatório no país a partir dos 4 anos. Desta forma, faz parte da educação básica 
obrigatória, que compreende alunos de 4 à 17 anos de idade. Para além destes elementos 
burocráticos do ensino, é importante relembrar que para este nível consolidou-se 
durante os anos a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado 
como algo indissociável do processo educativo. 
A BNCC parte destes pressupostos ao organizar sua base curricular para a educação 
infantil, além de considerar: a importância da família e das demais experiências das 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29
crianças nesta faixa etária e contexto, bem como, a relevância do brincar para a 
aprendizagem infantil. 
O currículo base para a educação infantil é norteado por seis princípios que o 
documento aponta como: direitos de aprendizagem e desenvolvimento. O entendimento 
é que a partir deles, fica assegurada à criança condições para que aprendam em 
situações nas quais [...] possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as 
convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais 
possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BRASIL, 
2017, p.37).
Os direitos de aprendizagem são: 1)conviver; 2)brincar; 3)participar; 4)explorar; 5)
expressar; 6)conhecer-se. Eles são autoexplicativos e servirão como princípios para os 
demais apontamentos a este nível. É importante você compreender neste momento, que 
o currículo base para a educação infantil, ao partir destes pressupostos, possui uma 
concepção de criança e aluno como ser social ativo e com potencial transformador.
Essa concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta 
hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói 
conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio 
da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar no 
confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento 
natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe a necessidade de imprimir 
intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil, 
tanto na creche quanto na pré-escola (BRASIL, 2017, p.38).
A fala supracitada foi retirada da BNCC na íntegra e nos faz refletir acerca da criança 
na qual o currículo foi pensado. Não trata-se de uma criança em específico, mas, de 
crianças, pois engloba a criança em suas particularidades, como ser que questiona, 
observa, enfim, ser ativo. O ponto forte da fala apresenta-se no final, ao mencionar a 
intencionalidade, pois, é este elemento que deve nortear todo o trabalho nas instituições 
de ensino, além de estar intimamente relacionado ao currículo neste contexto.
 Práticas sem intenções, são práticas vazias e que pouco ou nada acrescentam 
aos alunos. Por este motivo a relevância do currículo e planejamento prévio. Quer um 
exemplo prático? Eu posso dar uma folha em branco para meus alunos desenharem, 
por exemplo, uma atividade simples de executar e que em um primeiro momento pode 
aparentar não possuir finalidade nenhuma, mas, se eu tenho a intenção de captar 
sentimentos dos alunos, irei norteando essa prática no decorrer, e ao final posso obter 
desenhos significativos acerca de suas realidades.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30
Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo 
educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e 
ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, 
com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas 
práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se,higienizar-se), 
nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na 
aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas (BRASIL, 
2017, p.39).
Partindo dos seis princípios e dos pressupostos mencionados, a base curricular 
para a educação infantil é organizada por meio dos campos de experiência. Eles 
constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas 
da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos 
que fazem parte do patrimônio cultural (BRASIL, 2017). Tanto a definição quanto o 
conceito de campo foi pautado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (DCNEI). 
Você tinha ideia que o currículo base para a educação infantil pautava-se em campos 
de experiências? É uma organização bem interessante e adequada ao nível de ensino, 
pois, articula-se as características principais das crianças, não perdem de vista suas 
peculiaridades em detrimento de disciplinas rígidas e burocráticas.
Os campos são: 1) O eu, o outro e o nós; 2) Corpo, gestos e movimentos; 3)Traços, 
sons, cores e formas; 4)Escuta, fala, pensamento e imaginação; 5)Espaços, tempos, 
quantidades, relações e transformações. Desta forma, o currículo da educação infantil 
deve ser estruturado a partir destes campos, sendo eles que irão nortear as práticas 
escolares, sem perder de vista os pressupostos da LDB/1996, por exemplo, pois há 
aqueles em comum para todos os níveis.
Cada campo da experiência possui os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento 
que são norteados a partir das faixas etárias que englobam este nível de ensino. É 
importante compreender cada campo, pois, eles serão a base curricular para o referido 
nível, é a partir dos mesmo que serão buscados os conhecimentos e aprendizagens. 
Pensando no concreto, quando o professor for fazer o seu plano de aula e planejamento, 
deverá basear-se nos campos das experiências considerando as aprendizagens de 
cada um. 
O eu, o outro e o nós foca o trabalho em relação à criança e os pares, além dela 
consigo mesma. É criar oportunidades para que as crianças descubram outros 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31
modos de vida, outros grupos sociais, bem como, perceber as particularidades que o 
constituem, valorizando a sua identidade e respeitando as diferenças.
O corpo, gestos e movimentos dizem respeito ao explorar formas de expressões 
que valorizam estes elementos que estão intimamente relacionados às crianças. Além 
de propiciar oportunidades que ampliem estas questões.
Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas 
para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e 
na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório 
de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para 
descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o 
corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, 
caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, 
equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017, 
p. 41).
Os traços, sons, cores e formas estão relacionados ao anterior, porém, referindo-
se ao mundo das artes. Prevê valorizações artísticas e formas de expressões que 
utilizem esses pressupostos [...] Essas experiências contribuem para que, desde muito 
pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si 
mesmas, dos outros e da realidade que as cerca (BRASIL, 2017, p.41). 
A comunicação oral, verbal entra de forma mais enfática no campo a seguir: Escuta, 
fala, pensamento e imaginação. Assim como os demais, é auto explicativo e refere-se 
à valorização destes que tendem a ir evoluindo de forma progressiva ao modo que 
a criança vai crescendo. Já parou para refletir como a nossa fala está mudando no 
decorrer dos anos? Estamos sempre incorporando novos elementos e abrindo mão 
de outros. 
Outros elementos relevantes a serem incorporados ao currículo estão presentes 
no campo: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. É o situar a 
criança no seu espaço físico e temporal, além das questões naturais que acontecem 
no país, bem como, questões relacionadas ao ensino de matemática.
Vale relembrar que os campos estão presentes na BNCC ao englobar a educação 
infantil como um todo, desta forma, considerando as peculiaridades das diferentes 
faixas etárias, há diferentes objetivos de aprendizagens em cada campo e relacionados 
com as idades. 
Vamos ver na íntegra? É relevante você observar neste momento que os objetivos 
dizem respeito à criança, são os objetivos que elas deverão cumprir. Você se lembra 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32
que na aula anterior foi mencionado o fato da BNCC prever para além dos conteúdos 
e currículos, disponibilizando também ferramentas e pressupostos para a possível 
concretização de seus itens? Ou seja, ao ver os objetivos em si, fica mais fácil 
articular com esta questão, pois, sabendo onde os alunos devem chegar, facilita para 
a organização de meu planejamento e demais atividades.
Título: Campo1. Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
Fonte:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
Você pode visualizar na imagem acima um exemplo de como a BNCC expõe os 
objetivos relacionados às idades e referidos campos da experiência. São estes itens 
que definirão os currículos da educação infantil, ou seja, é a partir destes objetivos 
que os sistemas de ensino criarão os seus devidos currículos, bem como, que os 
professores organizarão o seu plano de aula. 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33
ESTÁ NA REDE
Você pode acessar, na íntegra, todas as tabelas referentes aos campos de 
experiência e seus objetivos relacionados às idades! 
Aliás, vale a pena fazer uma consulta neste material, pois, é através dele que você 
saberá os objetivos a serem alcançados a cada ano com os alunos! Sendo assim, 
ficará por dentro de forma integral do que é previsto para o currículo básico na 
educação infantil.
Neste link você tem o devido acesso: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
abase/#infantil/os-campos-de-experiencias
3.3 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
Este documento foi fixado pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, tendo 
por objetivo estabelecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 
(DCNEI) a serem observadas na organização de propostas pedagógicas deste nível. 
Vale lembrar que é articulada ao documento mencionado anteriormente, além de 
que, as DCNEI vieram antes, na linha temporal. Sendo também, articulada à LDB/1996 
e demais políticas educacionais. Sem perder de vista, as especificidades dos sistemas 
de educação e suas devidas políticas internas.
Este documento é bem prático e didático para consulta! Vale a pena dar uma 
olhada na íntegra! Na aula discutiremos seus principais pontos relacionados ao tema 
da disciplina - currículo.
Logo em seu início, conceitua: educação infantil, criança, currículo, entre outros. Este 
ato é relevante porque? Pois a conceituação é a base de pensamento que irá nortear 
todo do documento e consequentemente os seus aspectos curriculares. Por exemplo, 
se eu entendo que a criança é uma “tábula rasa”, sem conhecimentos prévios, eu vou 
organizar o meu ensino de determinada maneira, agora, se eu considero a criança em 
suas múltiplas facetas, meus delineamentos serão outros.
Aliás, a concepção de criança prevista no documento é bastante ampla, considerando 
um sujeito histórico e de direitos, além de ser capaz de produzir culturas e diferentes 
sentidos sociais. Já o currículo, é delimitado como um conjunto, vamos ver na íntegra?
Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os 
saberes das crianças com os conhecimentos quefazem parte do 
patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de 
modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 
anos de idade (BRASIL, 2010, p. 12).
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34
Reparem que o conceito de currículo estabelecido na DCNEI traz apontamentos 
interessantes, pois, considera as experiências práticas e saberes das crianças, também 
como currículo. Acrescenta mais ainda nossa discussão acerca deste assunto! 
Desta forma, o currículo constitui um conjunto de práticas que buscam articular duas 
instâncias, sendo elas: 1) experiências e saberes das crianças; 2) e os conhecimentos 
historicamente acumulados, na qual nomearam de patrimônio cultural. 
Este conceito é tão amplo que além de especificar o conjunto de práticas que 
considera currículo, também finaliza demonstrando o seu objetivo, o de promover o 
desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. 
Por todo o documento, são expressas concepções relacionadas à educação e a 
partir destas que vai ficando clara as diretrizes a serem cumpridas e respeitadas. Você 
precisa compreender neste momento que o documento como um todo expressa o 
currículo! É só não perder de vista a conceituação dada a este termo anteriormente. 
Inicia-se pelos princípios pedagógicos a serem respeitados na Educação infantil, 
sendo eles três: os princípios éticos, que dizem respeito aos bens comuns, bem como, 
as diferentes culturas e identidades; os princípios políticos, que expressam os direitos 
à cidadania, criticidade e democracia e os princípios estéticos, que dizem respeito à 
liberdade de expressão e sensibilidade, além da ludicidade (BRASIL, 2010). 
A partir de tais princípios, fica mencionado que as instituições devem garantir 
propostas pedagógicas que cumpram alguns requisitos, como: condições e recursos para 
as crianças usufruírem de seus direitos; assumir a responsabilidade de complementar a 
educação da família; possibilitar a convivência das crianças com os pares, promovendo 
a sociabilidade, bem como, acesso à bens culturais, além de promover um ensino 
igualitário à diferentes classes sociais.
Percebem que ambos os documentos: a DCNEI e a BNCC tratam do currículo, porém, o 
abordando de diferentes maneiras. Claro, que cada documento possui um fim específico 
na educação e garante lugar diferenciado nas políticas educacionais, no entanto, é 
importante vocês notarem como o trato com o conteúdo vai sendo estabelecido de 
forma diferenciada, porém, visando um mesmo objetivo: o desenvolvimento integral 
da criança.
Um item mencionado na DCNEI e que aparece de forma tímida na BNCC, em alguns 
objetivos, refere-se à organização do tempo, espaço e materiais. São itens que afetam 
diretamente o trabalho em sala de aula. Interessante pensá-los no currículo, não é 
mesmo? É afirmado que [...] para efetivação de seus objetivos, as propostas pedagógicas 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35
das instituições de Educação Infantil deverão prever condições para o trabalho coletivo 
e para a organização de materiais, espaços e tempos que assegurem [...] (BRASIL, 
2010).
A partir de então, são especificados oito itens relacionados, que no caso, as instituições 
devem assegurar: o cuidar como indissociável ao educar; a relevância dos diferentes 
aspectos da criança, sem perder de vista um ou outro; a participação, o diálogo e 
a escuta, como elementos cruciais; o reconhecimento de especificidades etárias; 
deslocamento amplo das crianças nas partes interna e externa, ou seja, ambiente 
com espaço para não cercear sua liberdade, além de acessibilidade; e para finalizar, 
a apropriação pelas crianças da cultura indígena, afrodescendente e de outros países 
da América (BRASIL, 2010).
O respeito à diversidade é tratada com destaque no documento, ganhando item 
específico na qual traz apontamentos inter relacionados, como a valorização das 
histórias afrodescendentes, combate ao racismo, e a dignidade da criança a ser 
protegida, combatendo a negligência. Fica ainda mais evidente a valorização de um 
currículo que considere tais aspectos, quando, em itens específicos, são mencionadas 
as propostas pedagógicas às crianças indígenas e do campo. Há pressupostos 
específicos a serem considerados na educação de ambos.
ANOTE ISSO
Você viu aí nos conteúdos que há pressupostos específicos a serem considerados 
na educação da criança indígena e da criança do campo, não é mesmo? Estes 
nortearão, por exemplo, os currículos escolares quando receberem estas crianças! 
Desta forma, vamos ver os itens que estão garantidos?
Crianças indígenas:
1) Proporcionar uma relação viva com os conhecimentos, crenças, valores, 
concepções de mundo e as memórias de seu povo; 
2) Reafirmar a identidade étnica e a língua materna como elementos de 
constituição das crianças; 
3) Dar continuidade à educação tradicional oferecida na família e articular-se às 
práticas socioculturais de educação e cuidado coletivos da comunidade;
4) Adequar calendário, agrupamentos etários e organização de tempos, atividades 
e ambientes de modo a atender as demandas de cada povo indígena.
 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36
Crianças do campo (filhos de agricultores, extrativistas, pescadores artesanais, 
ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária, quilombolas, caiçaras, 
povos da floresta):
1) Reconhecer os modos próprios de vida no campo como fundamentais para a 
constituição da identidade das crianças moradoras em territórios rurais;
2) Ter vinculação inerente à realidade dessas populações, suas culturas, tradições 
e identidades, assim como a práticas ambientalmente sustentáveis;
3) Flexibilizar, se necessário, calendário, rotinas e atividades respeitando as 
diferenças quanto à atividade econômica dessas populações;
4) Valorizar e evidenciar os saberes e o papel dessas populações na produção de 
conhecimentos sobre o mundo e sobre o ambiente natural;
5) Prever a oferta de brinquedos e equipamentos que respeitem as características 
ambientais e socioculturais da comunidade.
A partir dos itens já mencionados, as DCNEI apontam dois eixos norteadores do 
currículo que são previstos para as práticas pedagógicas da educação infantil: as 
interações e as brincadeiras. Segue essa parte na íntegra, para melhor entendimento: 
As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil 
devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira (BRASIL, 2010, p. 25). 
Neste momento é importante você situar que: em toda a prática pedagógica deverá 
haver estes eixos como pano de fundo, além, dos pressupostos a serem considerados, 
como os princípios anteriormente mencionados, dentre outros. 
A partir dos eixos fica proposto que a educação infantil deve garantir várias 
experiências aos alunos, sendo trazidos elementos que reforçam e ampliam os já 
mencionados, como por exemplo, o conhecimento de si e dos pares, o contato com as 
diferentes artes, diferentes linguagem, bem como, ampliação de seu vocabulário, dentre 
outros. As menções são amplas, abordando tanto aspectos individuais da criança, 
quanto com os pares e também com aspectos exteriores. Segundo o documento 
[...] As creches e pré-escolas, na elaboração da proposta curricular, de acordo com 
suas características, identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades 
pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas experiências (BRASIL, 2017, 
p. 27).
A avaliação não passa despercebida pelo documento, tratando-se de um nível 
de ensino este item é relevante, porém, considerando as especificidades deste nível 
a avaliação deve ser articulada e coerente. No caso, a avaliação visa dois aspectos: 
acompanhamento do trabalho da criança e seu desenvolvimento, não objetivando a 
seleção, promoção ou classificação.CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37
ANOTE ISSO
Há cinco itens específicos que direcionam a avaliação na educação infantil, segundo 
as DCNEI. Vamos ver na íntegra? São aspectos relevantes, pois influenciam 
diretamente no currículo. Desta forma, as instituições, a partir dos pressupostos 
mencionados devem criar estratégias de acompanhamento, garantindo:
1) A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das 
crianças no cotidiano; 
2) Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, 
fotografias, desenhos, álbuns etc.); 
3) A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de 
estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela 
criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior 
da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino 
Fundamental);
4) Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho 
da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e 
aprendizagem da criança na Educação Infantil (BRASIL, 2010, p.25).
Além de atentar-se à questão da avaliação, as Diretrizes também preocupam-se 
com a não antecipação dos conteúdos referentes ao ensino fundamental. Há um item 
específico mencionando este fator. 
Para finalizar, vamos relembrar que: há questões curriculares específicas a serem 
consideradas ao lidar com a educação infantil. Na presente aula estudamos estas 
questões na BNCC e nas DCNEI. Ambas visam o mesmo ponto: a formação integral do 
aluno, porém, por tratarem-se de documentos diferentes, as especificações também 
acontecem de forma diferenciada. 
A BNCC traz aspectos normativos como os campos das experiências, bem como, 
alguns pressupostos que vão ao encontro dos previstos na DCNEI, que é composta por 
princípios e demais diretrizes. Desta forma, é possível compreender de que maneira 
o currículo para a educação infantil deve ser composto.
Na aula seguinte, você estudará sobre os pressupostos curriculares para o ensino 
fundamental!
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38
CAPÍTULO 4
PRESSUPOSTOS 
CURRICULARES PARA O 
ENSINO FUNDAMENTAL
4.1 Introdução
Na presente aula, você entrará em contato com os pressupostos curriculares para o 
ensino fundamental. Tomaremos por base a Base Nacional Comum Curricular, BNCC, 
pois, é o documento normativo que direciona o currículo dos sistemas e instituições 
escolares.
Para o ensino fundamental como um todo, a BNCC trabalha com o conceito de Áreas 
do conhecimento, são elas: 1) Área de linguagem;2) Área de matemática; 3)1) Área 
de ciência da natureza; 4)1) Área de ciências humanas; 5)1) Área de ensino religioso. 
Nesta aula você conhecerá os principais pontos que correspondem às áreas, visando 
possuir os instrumentos de articulação para o entendimento do currículo articulado 
a cada uma delas.
Tratando-se do ensino fundamental, é relevante relembrar que é a fase da educação 
básica na qual os alunos ficam mais tempo, nove anos. Além, de entrarem crianças 
e saírem adolescentes, perpassando diferentes momentos de sua vida. O ensino 
fundamental é dividido em dois momentos: anos iniciais, que englobam do primeiro 
ao quinto ano, e os anos finais, que englobam do sexto ao nono ano.
Aproveitem a aula!
4.2 O ensino fundamental
Sendo o período que recebe as crianças da educação infantil, os anos iniciais do 
ensino fundamental, tem este elemento bastante valorizado pela BNCC. Desta forma, é 
enfatizada a inserção da criança, propiciando novas experiências de modo progressivo, 
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39
enfatizando a relevância de situações lúdicas de aprendizagem, além da necessária 
articulação com o nível anterior. 
Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização 
dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de 
novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler 
e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-
las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de 
conhecimentos (BRASIL, 2017, p. 58).
Neste momento, a criança está ampliando a sua linguagem e formas de expressão, 
além de suas relações com o mundo. Todas estas questões se fazem relevantes pois 
afetam diretamente o que é previsto para o currículo deste nível. Aliás, tratando-se 
dos dois primeiros anos, o documento enfatiza a necessidade da alfabetização como 
foco das ações pedagógicas, visando que o aluno se aproprie e amplie sua escrita 
alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e 
de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos (BRASIL, 
2017, p. 59).
Desta forma, nos anos iniciais a progressão do conhecimento ocorre pelas ampliações 
das práticas e consolidação de aprendizagens anteriores. A autonomia intelectual da 
criança se amplia, junto com o seu interesse pela vida social, assim, partindo das 
características desta faixa etária, a BNCC aponta que o trabalho no ambiente escolar que 
se organize em torno dos interesses manifestos pelas crianças, para que a partir de suas 
vivências, elas possam progressivamente ampliar seus conhecimentos, aprendendo 
o mundo, expressando-se e também atuando de maneira ativa e consciente.
Além de tais elementos, também devem ser considerados na elaboração dos 
currículos e das propostas pedagógicas estratégias de encaminhamento do aluno 
para os anos finais do ensino fundamental, visando maior integração entre elas. Afinal, 
essa transição se caracteriza por mudanças pedagógicas na estrutura educacional, 
decorrentes principalmente da diferenciação dos componentes curriculares (BRASIL, 
2010, p. 59).
Estão lembrados que nos anos iniciais os alunos costumam possuir um professor 
principal e alguns esporádicos em determinadas disciplinas, já nos anos finais do 
ensino fundamental, há professores específicos em cada disciplina? É uma mudança 
brusca para a criança neste período de transição, por este motivo tal consideração.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40
No ensino fundamental, tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais, os conteúdos 
estão organizados por Áreas, sendo elas: 1) A área de linguagens; 2) A área de 
matemática; 3)A área de ciência da natureza; 4)A área de ciências humanas; 5)A 
área de ensino religioso. Ou seja, são estes os elementos norteadores do currículo 
para este nível de ensino.
4.2.1 Currículo e a Área de Linguagens
A área de linguagens aborda os seguintes componentes curriculares: Língua 
Portuguesa, Arte, Educação Física e, no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua 
Inglesa (BRASIL, 2010, p. 63). Esta área visa que a criança participe de diferentes 
experiências com linguagens diversificadas, compreendendo que a linguagem é 
dinâmica e que todos participam deste processo de transformação. Também é relevante 
que as crianças se apropriem de diferentes linguagens.
ANOTE ISSO
Há competências específicas a serem desenvolvidas nesta área, mas claro! 
Considerando os pressupostos mencionados, as faixas etárias e as características 
pertinentes aos anos iniciais e finais. 
Anotem aí as competências!
 
Título: Competências específicas de linguagens para o ensino fundamental
Fonte: BRASIL, 2017, p. 65.
CURRÍCULO, PROGRAMAS E 
PROJETOS EDUCACIONAIS 
PROF. NATHÁLIA DELGADO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41
Tratando-se da língua portuguesa, a BNCC aponta para o aprofundamento das 
experiências com a língua oral e escrita já iniciadas na família e na Educação Infantil. 
Pensando especificamente na prática, há o eixo da oralidade, com o aprofundamento 
do conhecimento e de seu uso, de modo que a criança busque estratégias. Há também 
o eixo da análise linguística/semiótica,

Continue navegando

Outros materiais