Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
42 É o que Galian (2016b) chama de equilíbrio instável, um documento que precisará ser revisto, criticado e sempre ampliado para ser adaptado às necessidades de formação humana de cada época. Esse é um processo natural, visto que as escolhas de hoje podem não ser mais imprescindíveis daqui a um ou cinco anos (por exemplo, aulas de latim, moral e cívica, datilografia, entre outras). A conversa sobre currículo e política envolve formação de identidade, não é neutra. Assim, embora não seja o ideal fazer escolhas, que eliminam outras possibilidades, é essa a única maneira de elaborá-lo. 4 A RELAÇÃO ENTRE CURRÍCULO ESCOLAR E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL O currículo escolar, em linhas gerais, define o que será aprendido pelos alunos em cada etapa da sua formação, definindo os conteúdos e as atividades a serem executadas pelo estudante durante seu percurso educativo. No entanto, é necessário que as instituições elaborem e adotem seus currículos com base no que rege a legislação e o planejamento educacional no seu sentido mais amplo. Neste texto será aprofundada, especificamente, a relação entre o planejamento educacional no âmbito dos sistemas e redes de ensino, aqui representados pelo documento que norteia os rumos da educação no país, o Plano Nacional de Educação (PNE), e o currículo escolar implementado pelas instituições de acordo com as diretrizes educacionais que emanam a necessidade de uma organização escolar que proporcione a humanização dos sujeitos e a diminuição da desigualdade cultural. Para iniciar a discussão sobre a relação existente entre currículo e planejamento é importante revisitar alguns pressupostos legais. Primeiro, o que fundamenta o planejamento educacional, a Constituição Federal, em seu artigo 214, a partir da Emenda Constitucional nº. 59/2009, prevê o PNE, de duração decenal, como uma exigência para garantir uma política de Estado que ofereça o direito à educação básica de qualidade, cujo objetivo é articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, 43 metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas (BRASIL, 2016). De acordo com informações que norteiam os estudos acerca do PNE, ele se caracteriza como: “[…] um instrumento de planejamento do nosso Estado democrático de direito que orienta a execução e o aprimoramento de políticas públicas do setor [...]” (BRASIL, 2014, documento on-line). O documento que apresenta o PNE destaca que o “[...] planejamento envolve um esforço metódico e consciente ao selecionar e orientar os meios e as estratégias para atingir os fins previamente definidos, com o objetivo de aproximar a realidade do ideal expresso pelo modelo [...]” (BRASIL, 2014, documento on-line). Além disso, o documento destaca que são estabelecidos prioridades e procedimentos de ação voltados à promoção da interação entre os diversos setores para um processo de intervenção da realidade, a partir da criação de 20 metas nacionais para garantir a qualidade da educação no país. O PNE, por intermédio destas 20 metas propostas, deve servir de base para a elaboração dos planos estaduais e municipais. Partindo deste pressuposto, as instituições escolares também devem estar adequadas, trabalhando em consonância com este plano maior e buscando atender e garantir uma educação pautada nos princípios propostos pelo PNE. A partir da elaboração e implementação das 20 metas apresentadas pelo PNE, voltamos ao segundo pressuposto legal, agora fundamentando os currículos escolares, a BNCC, representada como uma importante estratégia para alcançar algumas metas apresentadas pelo PNE. Entre elas, destacam-se as metas um, dois, três e sete, que tratam sobre a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, bem como sobre a melhoria da qualidade da educação em todas as etapas e modalidades da educação básica, com o objetivo de atingir as médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), e elevar os padrões de ensino em todas as regiões do Brasil. De acordo, com a Lei nº. 13.005/2014, que aprova o PNE, e apresentado no documento que regulamenta a BNCC, é fundamental reiterar a necessidade de estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativo, ou seja, entre União, estados, Distrito Federal e municípios, diretrizes pedagógicas para a educação básica 44 e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitadas as diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014). A BNCC é um documento criado de forma articulada e integrada e contou com a participação de profissionais do ensino e da sociedade civil, visando definir: [...] o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2018, documento on-line). Neste sentido, a Base servirá de instrumento para alinhar os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros deverão ter acesso e se apropriar. As instituições, por sua vez, estão em fase de implementação da BNCC. O documento foi aprovado em dezembro de 2017 e as redes de ensino têm até 2019 para implementar e adequar seus currículos, revisar materiais didáticos e rever as competências trabalhadas e os processos avaliativos. Segundo o documento elaborado, o principal objetivo da BNCC é promover o desenvolvimento integral dos estudantes em suas dimensões cognitiva, social, emocional, cultural e física. Por esse motivo, é possível afirmar que a BNCC está fundamentada no artigo 205 da Constituição Federal, quando diz: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho [...] (BRASIL, 2018, documento on-line). Com isso, a BNCC estabelece 10 competências gerais que se inter-relacionam nas três etapas da educação básica e articulam-se na construção dos conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, propostos pela Lei de Diretrizes e Bases. A seguir, estão descritas estas 10 competências gerais (EDUCADOR 360, 2017): 1. Valorização e utilização de conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social e cultural; 45 2. Exercício de curiosidade intelectual e uso de abordagem própria das ciências para investigar e elaborar hipóteses; 3. Desenvolvimento de senso estético para reconhecer e valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais; 4. Utilização de conhecimento das linguagens verbal, multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital; 5. Utilização de tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética; 6. Compreensão das relações do mundo do trabalho e tomada de decisões alinhadas ao projeto de vida pessoal, profissional e social; 7. Argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e defender ideias e pontos de vista; 8. Autoconhecimento e reconhecimento de suas emoções e dos outros com capacidade de lidar com elas e com a pressão do grupo; 9. Exercício da empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação, fazendo-se respeitar e promover respeito ao outro; 10. Ação pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência edeterminação. Estas competências essenciais visam, além do desenvolvimento integral do sujeito, a formação de cidadãos mais críticos, com capacidade para resolver problemas, trabalhar em equipe, respeitar as diversidades, tomar decisões com autonomia, argumentar, dialogar e defender seu ponto de vista. De acordo com a Base, competência é definida como a: [...] mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e sócio emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho [...] (BRASIL, 2018, documento on-line). Ao observar as 10 competências presentes na BNCC e relacionando à nova proposta de currículo, algumas questões importantes podem ser levantadas. A primeira, a importância de incluir o aprendizado de habilidades sócio emocionais como disciplina obrigatória das instituições, visto que estão presentes na maioria das competências básicas apresentadas. A segunda, no que diz respeito à educação integral dos sujeitos. Segundo o documento da Base, isso significa: 46 [...] assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades [...] (BRASIL, 2018, documento on-line). Mas, afinal, como será a construção dos currículos a partir da BNCC? O Ministério da Educação aposta na adequação dos currículos sob a perspectiva do trabalho colaborativo, em que estados e municípios possam potencializar boas práticas e minimizar as desigualdades a partir da construção autônoma e conjunta, contando com a participação dos educadores e gestores, que poderão trazer suas experiências e servirão como referência para todas as etapas e modalidades de ensino. Com base nas constatações levantadas até aqui acerca da relação entre currículo e planejamento educacional, entre BNCC e PNE, é possível afirmar que ambas são fruto de uma gestão compartilhada e construídas de forma colaborativa, contando com a participação da sociedade neste processo. Além disso, uma questão que se torna fundamental é que as instituições construam seu currículo, respeitando e se adequando à realidade na qual está inserida. Vasconcellos (2009, p. 134) destaca: É da maior importância que a escola se fortaleça, resista, e elabore o seu currículo, dialogando criticamente com as orientações e cobranças, tendo como referência básica a realidade concreta em que se encontra, fazendo suas opções e assumindo seus compromissos. O movimento de conquista da autonomia da escola deve se efetivar também no campo curricular [...]. Neste sentido, o processo de elaboração do currículo, a partir da BNCC, visa garantir o ensino de conteúdos considerados essenciais nas escolas de todo o Brasil, sem, contudo, deixar de dar autonomia às instituições para que tragam inovações e conteúdos diferenciados a seus currículos. 47 4.1 As contribuições do currículo no planejamento pedagógico interdisciplinar e transdisciplinar www.e-sanar.com.br/ A partir da construção e implementação das metas dispostas no PNE e da elaboração da BNCC, o próximo passo é que as escolas estejam adequadas com a nova proposta de currículo. Para isso, é fundamental que a instituição faça as readequações necessárias na sua proposta pedagógica, a partir da atualização do Projeto Político-Pedagógico (PPP) que a fundamenta, apresentando as concepções de currículo, avaliação, metodologia e sistematizando os esforços pedagógicos realizados pela escola, a partir de reflexões e discussões que norteiam o fazer pedagógico. Após a reestruturação do PPP, cabe aos professores incluir o currículo proposto no seu planejamento pedagógico. Contudo, é fundamental conhecer a estrutura da composição curricular para que o planejamento diário se torne efetivamente significativo. Por esse motivo, o professor deve tomar o currículo como ponto de partida para o seu planejar. Conforme afirma Libâneo (1994, p. 222) o planejamento: “[...] é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social [...]”. http://www.e-sanar.com.br/ 48 O mesmo autor ainda complementa dizendo que a ação de planejar deve estar fundamentada em opções político-pedagógicas, tendo como referência as situações didáticas concretas, tais como a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola e todos sujeitos que interagem no processo de ensino. Vasconcellos (2006, p. 36) aponta que o ato de planejar remete a: 1) querer mudar algo; 2) acreditar na possibilidade de mudança da realidade; 3) perceber a necessidade da mediação teórico-metodológica; 4) vislumbrar a possibilidade de realizar aquela determinada ação. Para que a atividade de projetar seja carregada de sentido, é preciso, pois, que, a partir da disposição para realizar alguma mudança, o educador veja o planejamento como necessário (aquilo que impõe, que deve ser, que não se pode dispensar) e possível (aquilo que não é, mas poderia ser, que é realizável). Cabe destacar que o planejar consiste na forma em como o professor irá organizar e reorganizar o seu trabalho, levando em consideração aspectos referentes à realidade da turma e a forma como ela é composta. Neste sentido, o planejamento deve ser flexível, claro, objetivo e coerente, uma vez que a educação está em constante movimento, assim como o currículo, os conteúdos, os saberes e as habilidades que precisam ser desenvolvidos estão sempre sujeitos a alterações. Porém, para que o plano proposto pelo professor seja realmente significativo, é necessário que ele esteja intimamente ligado à prática diária, de maneira que sejam registradas as situações, conhecimentos e experiências relevantes durante cada etapa deste processo. Libâneo (1994, p. 225) destaca que “Agindo assim, o professor usa o planejamento como oportunidade de reflexão e avaliação da sua prática [...]”. Outra questão extremamente importante dentro do planejamento e do currículo escolar é a possibilidade de um trabalho conjunto entre as diferentes áreas do conhecimento, na medida que promove a interação, colaboração e participação entre os envolvidos num processo coletivo de saberes. Corsino (2007, p. 59) destaca que “[...] o conhecimento é uma construção coletiva e é na troca dos sentidos construídos, no diálogo e na valorização das diferentes vozes que circulam nos espaços de interação que a aprendizagem vai se dando [...]”. 49 Seguindo este pensamento, para que haja melhor fundamentação sobre o trabalho conjunto curricular e sobre as estratégias de integração, serão aprofundados, ao longo deste texto, conceitos como interdisciplinaridade e transdisciplinaridade no planejamento docente diário. 4.2 Interdisciplinaridade www.infoescola.com/ Recorrendo ao Dicionário Online de Português (c2018a, documento on-line), o termo interdisciplinaridade significa a “[Capacidade] de estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas, ou áreas do conhecimento, com o intuito de melhorar o processo de aprendizagem, estreitando a relação entre professor e aluno. ” Desta forma, a interdisciplinaridade nasce como uma proposta pedagógica cujo objetivo é envolver, dialogar e intercomunicar as diferentes áreas do currículo de forma integrada, estabelecendo relações entre as áreas do conhecimento, com o propósito de aprimorar o processo de aprendizagem. 50 É um trabalho onde mais de uma disciplina se unem com o mesmo propósito em um projeto comum. Estas áreas, por sua vez, trocam conhecimentos, abrindo novas possibilidades de aprendizado que acontecem de forma dinâmica e articulada.Silva (2010, p. 54) aponta mais uma característica do trabalho interdisciplinar: “A interdisciplinaridade implica trabalhar as dimensões social e cultural dos conteúdos, observando-se que cada conteúdo está inserido numa rede de relações [...]”. Souza (2012, p. 9) destaca que uma abordagem interdisciplinar no tratamento da diversidade de temáticas relacionadas às diversas áreas do saber constitui, portanto, algo de extrema relevância e tal concepção propicia a concordância de que o tempo escolar não deve ser dividido por áreas de conhecimento. O desejo é a integração dessas diferentes áreas. Sem dúvidas, pensar a interdisciplinaridade como um processo de integração recíproca entre as disciplinas e áreas do conhecimento é uma tarefa que demanda um grande esforço da escola. Contudo, é necessário ter em mente que o processo de construção do conhecimento se dá de forma contínua e inacabada, que pretende superar a fragmentação dos conteúdos e favorecer a relação epistemológica entre as disciplinas. Neste sentido, as atividades devem ser organizadas de forma a expandir o conhecimento do aluno e promover o seu desenvolvimento. Entretanto, para que um trabalho interdisciplinar contemple a todos, ele deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos em explicar algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, ou seja, um projeto que possa ser descrito, explicado e solucionado. Contextualizar o conteúdo significa assumir que todo o conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto, sendo o recurso que a escola disponibiliza para retirar o aluno da condição de espectador passivo, permitindo que o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas. Desta maneira, a interdisciplinaridade e a contextualização dos conteúdos e da realidade da instituição são recursos fundamentais para ampliar as possibilidades de intercâmbio entre as disciplinas, possibilitando ao estudante a construção coletiva do 51 conhecimento, o desenvolvimento de uma aprendizagem sistêmica, a busca de soluções para os problemas e a integração dos resultados obtidos. 4.3 Transdisciplinaridade A transdisciplinaridade, de acordo com o Dicionário Online de Português (c2018b, documento on-line), significa a “Interação disciplinar que possibilita um diálogo entre campos do saber que, para além da disciplina em si, busca a construção do conhecimento que influencia diretamente o comportamento e a cognição do sujeito”. Ela representa um nível de integração curricular que vai além da interdisciplinaridade, onde a fragmentação do conhecimento e a divisão das disciplinas, hoje implementadas pelas escolas, deixam de existir. O termo foi enunciado pela primeira vez por Jean Piaget, em 1970, quando apresentou em um colóquio, a transdisciplinaridade como continuidade dos estudos interdisciplinares. 52 Guedes et al. (2010) destacam que a transdisciplinaridade surgiu para acabar com a fraqueza dos elos existentes na interdisciplinaridade que, por meio da ligação entre as disciplinas, podiam ser facilmente quebrados. A transdisciplinaridade veio, neste sentido, para acabar com os limites entre as disciplinas, com o objetivo de transpassá-las, fazendo com que fossem axiomaticamente dependentes entre si. Além da transdisciplinaridade, existem outras denominações que têm como denominador comum uma visão abrangente da realidade, sob a perspectiva da integração entre o todo e as partes. Libâneo (2005), nesta concepção, apresenta o holismo. Para o autor: [...] ter uma visão holística significa ter o sentido de total, de conjunto, de inteiro (holos, do grego), em que o universo é considerado como uma totalidade formada por dimensões interpenetrantes: as pessoas, as comunidades, unidas no meio biofísico [...]” (LIBÂNEO, 2005, p. 31). A partir deste pressuposto, o autor complementa dizendo que “[...] a educação holística não rejeita o conhecimento racional e outras formas de conhecimento, mas insiste em considerar a vida como uma totalidade [...]” (LIBÂNEO, 2005, p. 31). Seguindo este mesmo pensamento, Morin (1991) traz o conceito de complexidade, a partir do princípio que afirma que a parte não somente está dentro do todo, como o próprio todo também está dentro das partes. Libâneo (2005, p. 32) destaca que: A inteligibilidade complexa, ou o pensar mediante a complexidade, significa apreender a totalidade complexa, as inter-relações das partes, de modo a se travar uma abertura, um diálogo entre diferentes modelos de análise, diferentes visões das coisas [...]. Voltando ao conceito transdisciplinar, Guedes et al. (2010, p. 30) apontam: a partir do momento em que o sistema educacional absorver, de fato, o pensamento transdisciplinar, o aprendizado desde criança será otimizado, pois levará em consideração as diferenças entre cada estudante e cada professor, proporcionando um encontro de conhecimentos diversos que influenciam e são influenciados pelas disciplinas, transpassando as ideias que as formam. Ela busca, portanto, ultrapassar a barreira da fragmentação disciplinar, para relacionar os diversos saberes existentes dentro do currículo escolar, sob a 53 perspectiva de uma democracia cognitiva, onde todas as áreas, conhecimentos e saberes são igualmente importantes. Neste sentido, é de extrema importância que o currículo escolar esteja aberto à integração, tendo como compromisso a formação e desenvolvimento do sujeito enquanto ser integral, autônomo, crítico e participativo. A BNCC define algumas ações importantes que devem ser consideradas pelas instituições escolares ao elaborar seu currículo. Entre elas, destaca-se a que se refere à organização curricular interdisciplinar como uma forma de diversificar o conteúdo e tornar a aprendizagem mais dinâmica e significativa. Assim, é imprescindível: [...] decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem [...] (BRASIL, 2018, documento on-line). 4.4 Identidade, diversidade, alteridade e o currículo contemporâneo www.acordacultura.org.br Para que tenhamos melhores condições de analisar como o currículo escolar causa impacto na formação das identidades dos estudantes que frequentam a escola, precisamos conhecer mais detalhadamente o mecanismo de formação da identidade e suas características recorrentes. Para isso, precisamos retomar o conceito de cultura, que, neste caso, pode ser utilizado “[...] para se referir a tudo o que seja característico sobre o ‘modo de vida’ de um povo, de uma comunidade, de uma nação ou de um grupo social” (HALL, 2016, p. 19). http://www.acordacultura.org.br/ 54 Isso nos remete à reflexão sobre os vários aspectos antropológicos e sociológicos presentes na cultura que não a restringem exclusivamente a “[...] um conjunto de coisas — romances e pinturas ou programas de TV e histórias em quadrinhos — mas, sim, a um conjunto de práticas” (HALL, 2016, p. 20). Dessa forma, podemos considerar a escola como uma instituição social que faz parte do universo cultural da grande maioria da população e afirmar que os indivíduos que partilham da mesma cultura tendem a apresentar uma interpretação do mundo semelhante, uma atribuição de sentido sobre as coisas similar, pois aprenderam no interior das práticas cotidianas dos grupos sociais e instituições nas quais interagem a respeito desses conceitos e seus significados. Para compreender melhor como ocorre a formação das identidades, podemos analisar algumas características inerentes a esse processo, conforme esquematiza a Figura 1. É interessante constatar que constituímos nossa identidade a partir da negação daquelesque não somos, ou seja, sou “branco”, porque não sou “negro” ou “amarelo”; sou um sujeito “calmo”, pois não sou “nervoso” ou “agressivo”. Esse mesmo mecanismo que me faz definir quem eu sou (ou pretendo ser) exclui as demais possibilidades de minha existência, normalmente inserindo-me dentro de um sistema de classificação social que tem representações simbólicas sobre essas diferentes categorias. Ou seja, quando minha identidade se posiciona como a de alguém “branco”, por exemplo, assumo todos os significados que essa classificação me proporciona, incluindo as questões de ter historicamente mais privilégios, de me encontrar em uma posição que simbolicamente denota maior confiança ou que associa minha cor às questões de competência profissional, dentre outras. 55 O segundo ponto é que a identidade é produzida também a partir da marcação da diferença. Assim, sou da forma como sou porque sou diferente dos demais, com os quais não me enquadro ou identifico. Aqui, o exercício da alteridade, da percepção do outro, da experiência atravessada pelo outro é fundamental. Dessa forma, a identidade “[...] não é o oposto da diferença: a identidade depende da diferença” e demonstra como as diferenças se estabelecem por meio de sistemas classificatórios (WOODWARD, 2000, p. 40). É importante salientar que “[...] a diferença é um elemento central dos sistemas classificatórios por meio dos quais os significados são produzidos” (WOODWARD, 2000, p. 68). O problema com a questão da diferença ocorre quando ela é utilizada dentro desse sistema classificatório para realizar juízo de valor e construir representações ruins, negativas e que inferiorizem algumas identidades. As diferenças são marcadores que nos constituem, tornam-nos seres singulares e especiais e, dessa forma, deveriam ser reconhecidas, valorizadas socialmente e fazer-se presentes nos currículos escolares e suas práticas. O terceiro componente é o caráter relacional da identidade: nossa identidade é produzida a partir das relações que temos nos grupos sociais e nas instituições que fazem parte de nossas experiências como seres humanos. Assim, “[...] participamos dessas instituições ou ‘campos sociais’, exercendo graus variados de escolha e autonomia, mas cada um deles tem um contexto material e, na verdade, um espaço e um lugar, bem como um conjunto de recursos simbólicos (WOODWARD, 2000, p. 29). Ao falarmos sobre esses campos sociais que são importantes e decisivos para que as relações e interações sociais ocorram e, assim, contribuam para que possamos produzir nossas identidades, temos que marcar a escola como importante instituição que as crianças frequentam de forma obrigatória a partir dos quatro anos de idade no Brasil e que acolhe os mais diversos grupos étnicos e culturais. Assim, as escolas também possuem seus contextos particulares e seus simbolismos — por exemplo, uma escola pública pode apresentar-se muito diferente de uma escola privada nas questões estruturais, curriculares e, até mesmo, em relação ao público que atende. 56 Ao reforçarmos a importância do outro para a formação da identidade, convém marcarmos que “[...] é apenas por meio da relação com o Outro, da relação com aquilo que não é, com precisamente aquilo que falta, com aquilo que tem sido chamado de seu exterior constitutivo, que o significado ‘positivo’ de qualquer termo — e, assim, sua ‘identidade’ — pode ser construído” (HALL, 2000, p. 110). Pensando sobre os mecanismos de constituição das identidades que viemos analisando, fica fácil perceber como a alteridade é importante para a nossa formação humana, afinal, como seríamos sem a convivência, a interação e a interdependência social que experienciamos cotidianamente nos grupos culturais dos quais participamos? Ao refletir sobre o currículo escolar na perspectiva de experiências que propiciassem um encontro com os desejos dos estudantes, Paraíso (2009, documento on-line) esclarece que “[...] a experiência é algo que se dá solitariamente, mas que outros vêm cruzá-la, atravessá-la, compor com ela. Na experiência saímos sempre transformados; e o mundo também se transforma”. Dessa forma, ainda que a experiência seja subjetiva, tenha efeitos internos, muitas vezes depende de um exercício de alteridade, do apoio ou oposição do outro para que ocorra. Assim, que bom seria que os estudantes experienciassem no currículo escolar oportunidades de realizar trocas com os múltiplos aspectos da diversidade que habita a escola, seja ela étnica, religiosa, de gênero, de classe social ou orientação sexual — com isso, certamente, o mundo poderia vir a transformar-se em algo melhor e mais humano. É importante, portanto, que possamos colocar em prática nas escolas o exercício da alteridade, do reconhecimento da importância do outro, com a potência de suas diferenças e semelhanças para a formação de todos ali presentes; que o outro possa deixar de ser visto como nas visões modernas do currículo, das quais Skliar (2003, documento on-line) alerta: As conclusões, já conhecidas, sobre a relação entre modernidade, educação e escola são evidentes: o tempo da modernidade e o tempo da escolarização insistem em ser, como decalques, temporalidades que só desejam a ordem, que teimam em classificar, em produzir mesmidades homogêneas, íntegras, sem fissuras, a salvo de toda contaminação do outro; espacialidade da modernidade e o espaço escolar insistem em ser, como irmãs de sangue, espacialidades que só buscam restringir o outro para longe de seu território, de sua língua, de sua sexualidade, de seu gênero, de sua idade, de sua raça, etc. 57 Dessa forma, se queremos investir em um currículo que possa formar os estudantes para um convívio social condizente com as características da sociedade contemporânea, em que todos os grupos culturais e identitários tenham espaço igual de aceitação e oportunidades, temos que propor discussões e práticas nas quais o outro seja percebido em toda a sua diversidade. Skliar (2003) 4.5 Um currículo voltado para a formação da identidade www.pt.slideshare.net/pjwier/identidade Aprendemos anteriormente que o currículo escolar não é um terreno neutro, uma vez que é fruto de conflitos, tensões e disputas em torno dos signos, símbolos de significados que farão parte da formação da identidade dos alunos. Logo, cabe dizer que existe um jogo de poder envolvido com a questão curricular, poder daqueles grupos que podem determinar e impor como regra os saberes a serem aprendidos, a forma como isso será feito e o projeto de pessoa que será a partir dessas práticas curriculares, constituída. Vamos analisar, agora, como deveria ser um currículo pós-moderno, que se preocupe com a formação das identidades de seus estudantes. Esse currículo deveria conter elementos como, por exemplo: 58 Alteridade; Empatia; Diversidade cultural; Colonialidade; Interculturalidade; Diferenças; Inclusão; Experiência; Resistência; Resiliência; Criticidade; Dialogicidade. Embora possa parecer algo simples, é preciso entender que a alteridade é fundamental para o despertar, para o reconhecimento de quem nós somos a partir do outro. Esse exercício de alteridade apresenta uma resistência por parte de muitos grupos culturais que ainda endossam as características da busca por um ser padronizado típico da modernidade. Ao analisar a alteridade e sua relação com a diversidade, Duschatzky e Skliar (2001, p. 120) destacam três versões discursivas que são utilizadas para tratar o tema nos dias atuais: “[...] o outro como fonte de todo o mal”, “[...] o outro como sujeito pleno de um grupo cultural”, “[...] o outro como alguém a tolerar” Muitas vezes, no interior das escolas, temos a oportunidade de levar os alunos a experienciar a alteridade, fazendo com que se relacionem,interajam e produzam algo junto a seus colegas a partir da percepção de seus traços culturais, de suas marcas identitárias. No entanto, acabamos fixando-nos nos livros didáticos e em seus conteúdos ou nos conhecimentos dos quais temos que dar conta ao longo de um dia letivo, não é mesmo? Assim, podemos estar reduzindo o conceito da alteridade a simples exercícios de empatia, que também são importantes, porém, incapazes de produzir sozinhos uma sociedade melhor e mais igualitária. 59 A diversidade cultural surge na contemporaneidade como um grande enunciado que passa a constituir as políticas públicas educacionais, sobretudo com a intenção de criar uma escola universal, que todos possam frequentar sem distinções ou problemas de nenhuma ordem. (Duschatzky e Skliar, 2001) Embora essa possa ser a intenção dos discursos das políticas educacionais, as práticas escolares nem sempre se apresentam dessa maneira, e a diversidade pode acabar por ofuscar as discussões em torno das diferenças entre as pessoas. Assim, a diversidade cultural não deve reduzir-se à falta existente nos outros, ao déficit que possuem em comparação com os demais; pelo contrário, deve buscar a problematização das assimetrias de poder e saber existentes nos grupos culturais, reivindicando seu equilíbrio, conforme o que aspira a interculturalidade. 4.6 Inovação curricular — rumo à aprendizagem significativa www.educacao.estadao.com.br O conceito de currículo escolar mudou bastante com o decorrer do tempo, acompanhando a transformação ocorrida na sociedade e os significados atribuídos à educação e à escolarização. https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-rio-branco/bncc-e-a-inovacao-curricular-no-rio-branco/ https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-rio-branco/bncc-e-a-inovacao-curricular-no-rio-branco/ 60 Portanto, antes de tratar da importância de um currículo inovador, você deve entender quais condições políticas, econômicas e culturais possibilitaram a construção do conceito de currículo atual. Sempre foi uma preocupação social definir o que, dentro da cultura humana, deveria ser ensinado de uma geração para outra. Geralmente, esses ensinamentos procuravam associar-se à construção de um modelo de sociedade almejado, bem como se alinhavam com os pensamentos que as classes dominantes e os governos de determinadas regiões consideravam os mais corretos ou o padrão a ser repassado à população. No início do século XX, surgiu uma teoria do currículo, na qual, de forma sistemática, os discursos acerca do termo eram associados aos sentidos específicos que projetam como as instituições de ensino deveriam desenvolver suas atividades. Quando se trata de currículo, logo se pensa nas disciplinas das matrizes curriculares e nos conteúdos que devem ser ensinados aos estudantes quando você exerce sua prática docente. Porém, entendê-lo dessa forma é uma visão reducionista, empregada na sua teoria tradicional, pois envolve a produção de subjetividades, ou o sujeito que está em formação, bem como o poder exercido no processo de seleção e classificação dos saberes que comporão o processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Moreira e Silva (2001, p. 7), “o currículo é considerado um artefato social e cultural. O currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares”. Um artefato social e cultural é construído pelo ser humano a partir das suas relações, bem como da interação com os grupos sociais e culturais dos quais participa. Já a escola se alinha com essa ideia ao exercer uma grande contribuição para que a identidade seja produzida. Segundo Silva (2007), o currículo em ação contempla entender que ele envolve os pontos apresentados na Figura 1. 61 Pensar em um currículo inovador é entender como se seleciona os saberes que serão ensinados nas salas de aula e o que se propõe que seja aprendido pelos estudantes. Questiona-se, ainda, sobre quais os tipos de pessoa que estão sendo produzidos a partir da escola e quais as implicações desta no projeto de sociedade almejado, refletindo sobre as relações de poder entre aqueles que definem o que deve ou não ser ensinado e o sujeito ideal a ser formado a partir das práticas escolares. O termo inovação é amplamente utilizado em diversas áreas do conhecimento e remete a uma mudança específica, à criação de algo que ainda não foi proposto ou a uma nova maneira de fazer algo. Ao aplicá-lo ao currículo, entende-se que a inovação curricular leva, necessariamente, a repensar as práticas cotidianas e a relação de ensino e aprendizagem, em que o professor é peça essencial. Assim, os processos e as práticas que buscam inovação constituirão estratégias que determinem a melhoria da qualidade do ensino do sistema educativo e, consequentemente, a aprendizagem dos estudantes. Segundo Masetto (2011, p. 15), um currículo inovador exige: [...] uma gestão diferenciada, com valorização da mudança favorecendo a aprendizagem dos participantes e do compromisso dos docentes com esse novo projeto, com reorganização de tempo e espaço para aprendizagem, com revisão da infraestrutura para apoio do projeto, com formação continuada dos professores, com investimento em condições favoráveis aos trabalhos dos docentes. Como você pode perceber a partir dessa citação, o compromisso com a mudança e a busca pela inovação curricular parte do entendimento e do foco da gestão da instituição de ensino. Essa inovação também propõe a quebra dos paradigmas da própria didática, que, por muitas décadas, enfatizou um currículo baseado no ensino e nas técnicas 62 que promoviam o professor como o centro do processo educativo realizado juntamente aos alunos. Considerando o currículo alinhado com as demandas atuais, o professor é considerado o grande agente dessa mudança e precisa, obrigatoriamente, rever suas práticas em sala de aula, reinventando formas de conduzir suas aulas, focando no aluno, promovendo seu protagonismo e fomentando sua aprendizagem. Já os projetos educacionais inovadores passam pela readequação das estruturas nas escolas, por exemplo, conduzir um currículo híbrido, que tenha atividades realizadas on-line com os estudantes, sem possuir um laboratório de informática bem estruturado ou sem uma conectividade com a internet disponível a todos na instituição. Da mesma forma, buscar práticas complementares à aprendizagem dos alunos, como promover momentos em que façam atividades fora do tempo presencial na escola, requer uma estrutura de ambientes virtuais, que devem ser planejados e estruturados por professores, exigindo uma formação voltada ao ensino híbrido para a construção de materiais instrucionais digitais, o uso de metodologias ativas de aprendizagem, entre outros. Portanto, toda inovação curricular demanda uma série de procedimentos e investimentos de várias ordens, sendo a formação desses docentes fundamental para que ela se constitua. A inovação curricular remete ao foco no sujeito que está sendo produzido a partir das práticas escolares, entendendo que estas envolvem mais do que conteúdos, pois a frequência à escola trata-se do preparo para a vida e as exigências que cada época tem sobre os estudantes. Assim, no contexto atual, por exemplo, no qual toda gama de informações é disponibilizada no universo digital, apresentar práticas escolares que não contemplem essa possibilidade seria, no mínimo, retrógrado. (Masetto, 2011) Já em relação ao papel do professor, a situação se agrava ainda mais, pois quem ainda não percebeu que a mudança na vida social realizada pelo contexto digital pode ser um grande instrumento de trabalho para as aulas, fica aquém e é considerado desatualizado pelos estudantes, com aulas desinteressantes. De acordo com Masetto (2011,p. 6), ao analisar projetos curriculares que funcionam de forma inovadora, na Faculdade de Medicina de Harvard, as estratégias pedagógicas: 63 [...] são selecionadas de forma a privilegiar a participação dos alunos (debates, observação com discussão, leituras, pesquisas, atividade prática com pacientes, atividades em ambientes de simulação da realidade, discussão de casos após observá-los por circuito interno de TV). Não há mais aulas expositivas para grandes turmas. Perceba que, ao promover práticas que coloquem os alunos em atividade, a universidade rompe com as aulas consideradas tradicionais e retira o professor da centralidade do processo, utilizando as estratégias de aprendizagem que promovam a reflexão, interação, análise e colaboração dos estudantes. Inclusive, as aulas expositivas usadas há muitas décadas podem ser reinventadas, tornando-se mais atrativas e dinâmicas ao serem exercidas de forma dialogada e interativa, alternando a aplicação de técnicas interativas e de recursos audiovisuais pelo docente. Destes pontos iniciais, você pode entender que a inovação curricular passa necessariamente pelo repensar da práxis docente e pela busca de novos enfoques didáticos, em que o estudante e sua aprendizagem sejam enfatizados. Aliado a isso, esteja atento às mudanças sociais, culturais e tecnológicas para que a escola não se distancie do que pode gerar sentido aos estudantes. 4.7 Currículo por projetos de trabalho www.sistemasmartcare.com.br 64 Um dos aspectos importantes da inovação curricular está relacionado à busca de práticas educativas que se desenvolvam quebrando a lógica da segmentação dos conhecimentos e produzam uma aprendizagem mais globalizada pelos estudantes. Para atingir tal nível de reestruturação da aprendizagem que ocorre na escola, uma ótima estratégia é desenvolver o currículo por projetos de trabalho, conforme você pode ver na Figura 2. O projeto de trabalho organiza como os conhecimentos escolares serão aprendidos pelos estudantes, para que possam se apropriar da grande quantidade de informações sobre os temas ou os problemas abordados, interpretando-as e encaixando-as no local em que contribuam para se consolidarem como conhecimento. É importante notar que “a informação necessária para construir os Projetos não está determinada de antemão, nem depende do educador ou do livro-texto, está sim em função do que cada aluno já sabe sobre um tema e da informação com a qual se possa relacionar dentro e fora da escola” (HERNÁNDEZ; VENTURA, 2017, p. 62). Ele também permite que se envolva diferentes conteúdos, de diversas disciplinas, para que se tenha uma aprendizagem mais significativa a partir de uma postura interdisciplinar. Para que você possa aplicar um projeto de trabalho com os seus alunos, deve seguir alguns passos: definir um eixo ou problema que será o objeto de estudo do projeto; estruturar a forma como as informações sobre o objeto que conduzirá o projeto serão coletadas pelos estudantes; e estabelecer quais procedimentos serão utilizados para o tratamento das informações adquiridas e sua conversão para conhecimentos que se aliem aos conteúdos disciplinares desenvolvidos. Na Figura abaixo, as bases teóricas que, em geral, fundamentam a organização curricular a partir dos projetos de trabalho. 65 Uma aprendizagem se torna significativa quando consegue se conectar aos conhecimentos prévios dos estudantes, remete aos princípios práticos de sua vida pessoal e suas rotinas cotidianas, bem como se associa às suas hipóteses sobre o problema e o mundo. Uma atitude favorável ao conhecimento, por sua vez, refere-se a um tema ou problema que desperte o interesse dos alunos e os faça se engajar nas atividades de pesquisa e nos procedimentos que o professor adotará durante o projeto, por isso, a escolha do tema que será objeto de estudo deve ser feita com cuidado, partindo dos interesses da turma. (HERNÁNDEZ, 2017) Em geral, um projeto de trabalho apresenta uma sequência estruturada, planejada pelo professor para que os alunos desencadeiem durante o tempo em que seja realizado, porém, deve ser flexível, pois as situações de sua aplicação podem variar e exigir adaptações para contemplar novas informações, ou novos interesses e pontos que tangenciem o tema e ampliem sua discussão. Esses projetos possuem uma funcionalidade e uma intenção pedagógica, que é buscada a partir dos procedimentos planejados pelo docente e das técnicas e estratégias de aprendizagem que ele colocará em prática neles. Os projetos de trabalho desenvolvem a memória compreensiva, fazendo os estudantes perceberem como as informações coletadas e tratadas servem de base para estruturar novos conhecimentos, aprendizagens e suas possíveis relações. 66 Já a avaliação tem como principal objetivo analisar todo o processo percorrido ao longo do projeto, notando como as aprendizagens ocorrem e propondo a tomada de decisões quanto ao seu desenvolvimento ou possíveis adaptações para que os alunos consolidem ao máximo suas aprendizagens. 4.8 Currículo globalizado www.veja.abril.com.br/ Os pensamentos em busca de um currículo globalizado surgiram nas últimas décadas, visando propor uma inovação curricular que quebrasse o paradigma da segmentação de conhecimentos e disciplinas cartesianas ainda tão amplamente aplicado nas escolas atuais. Gallo (2011, p. 40), ao referir-se ao filósofo, geômetra e matemático René Descartes e à criação de sua árvore dos saberes, esclarece que: Nessa imagem as raízes da árvore representariam o mito, como conhecimento originário; o tronco representaria a filosofia, que dá consistência e sustentação para o todo; os galhos, por sua vez, se subdividem em inúmeros ramos. Interessante notar que a imagem da árvore, por mais que dê vazão ao recorte, à divisão e às subdivisões, remete sempre de volta a totalidade, pois há uma única árvore, e para além do conhecimento das partes, podemos chegar ao conhecimento do todo, isto é, tomando distância podemos ver a árvore em sua inteireza. 67 Se você realizar uma analogia da imagem da árvore com um currículo disciplinar, poderá perceber suas falhas, pois a divisão em disciplinas (ramos da árvore) e seu estudo sistemático de forma compartimentada prejudicam e impedem a visualização do conhecimento como um todo, além das múltiplas e ricas relações de reciprocidade, simultaneidade e complementaridade entre as disciplinas nos fatos cotidianos. A globalização tem como grande objetivo levar o aluno a aprender a interpretar a realidade que vivencia, já sua concepção e práticas, em geral, associam-se a três eixos principais, conforme você pode ver na Figura abaixo: A globalização como forma de sabedoria remete à utilização dos conhecimentos e suas múltiplas relações para uma melhor compreensão do mundo diante de sua complexidade. Já a referência epistemológica leva à busca de operações de pensamento que possibilitem “abordar e pesquisar problemas que vão além da compartimentação disciplinar” (HERNÁNDEZ, 1998, p. 34). Como concepção curricular, por sua vez, ela busca entender o currículo da escola para promover a relação dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Zabala (1998) associa os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais às perguntas “o que se deve saber?”, “o que se deve saber fazer?” e “como se deve ser?”. Assim, você pode perceber que os conteúdos escolares devem envolver mais do que saber sobre o caráter disciplinar do currículo, atentando-se também à forma, aos métodos e estratégias para promoção de ensino, aprendizagem (procedimentos), 68 constituição da subjetividade dos alunos, bem como de quem eles se tornarão por meio do desenvolvimento de valores e da ética (atitudes). Este caráter que amplia a função da escola e a dimensão do currículo,fazendo- o inovar a partir de uma visão globalizada, bem como ressignificar as práticas docentes e o papel do professor, será reforçado nos quatro pilares da educação propostos por Delors et al. (1998), no relatório feito para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), intitulado “Educação: Um futuro a descobrir”. Veja na Figura a seguir os quatro pilares considerados, na época, como a base para os processos educacionais no século XXI. O aprender a conhecer remete à aquisição dos conhecimentos necessários ao seu uso na vida cotidiana, que servem para sua leitura de mundo e para alcançar uma condição de vida mais digna. Por meio dele, se garante melhores condições de desenvolvimento profissional, de comunicação e compreensão do ambiente em que se vive. Além disso, o “aprender para conhecer supõe, antes tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Desde a infância, sobretudo nas sociedades dominadas pela imagem televisiva, o jovem deve aprender a prestar atenção às coisas e às pessoas” (DELORS et al., 1998, p. 92). Embora o aprender a conhecer e o aprender a fazer sejam indissociáveis, este se relaciona mais com as questões de formação profissional e, na atualidade, cada vez mais, se exige competências no mercado de trabalho para que se tenha empregabilidade ou trabalhos a fazer. O aprender a viver juntos, ou conviver, se refere a uma aprendizagem que “representa, hoje em dia, um dos maiores desafios da educação. 69 O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança posta por alguns no progresso da humanidade” (DELORS et al., 1998, p. 96). Ao olhar ao redor, você percebe na cidade, no interior da escola e nos noticiários locais como essa questão, sobretudo no Brasil, é urgente na contemporaneidade. A violência de todas as ordens, como doméstica, de gênero, racista, sexista, homofóbica, xenofóbica, bullying, entre outras, deve encontrar na instituição escolar um espaço de reflexão, discussão e práticas que possam reconstruir esse cenário. As escolas podem contribuir para que a sociedade reconheça o outro, respeitando e tratando todos com equidade e justiça. O aprender a ser remete ao desenvolvimento total da pessoa, o que envolve “espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade” (DELORS et al., 1998, p. 99). Assim, a partir da educação que receberam em sua juventude, em que a escola tem papel primordial, os indivíduos podem estar preparados para exercer sua autonomia de pensamento e estabelecer juízos de valor necessários para que decidam sobre as questões que a vida impõe a todos. Pensar em um currículo globalizado é entender a instituição de ensino se empenhando nas suas práticas educativas para a promoção de aprendizagens que capacitem os alunos para sua vida plena, o que envolve o conhecer, o fazer, o conviver e o ser. Para que isso seja possível, obrigatoriamente, deve-se repensar as práticas escolares e o próprio percurso da didática. Sacristán (2000, p. 47), ao referir-se ao discurso da didática sobre a prática escolar, relembra que: O discurso em didática sobre a prática escolar se desenvolveu fragmentando o processo global do ensino-aprendizagem. Em primeiro lugar, desligando conteúdos de métodos, ensino de aprendizagem, fenômenos de aula em relação aos contextos nos quais se produzem, decisões técnico-pedagógicas de decisões políticas e determinantes exteriores à escola e à aula, etc. Em segundo lugar, por depender de determinadas metodologias de pesquisa pouco propensas à compreensão da unidade que se manifesta na prática entre todos estes aspectos. 70 Caso você faça o caminho contrário ao percurso discursivo da didática citado pelo autor, encontrará a globalização e a inovação curricular, que busca uma aprendizagem significativa por intermédio de práticas pedagógicas contextualizadas e que se aliem à realidade social e cotidiana dos estudantes, logo, despertando seu interesse e participação. Assim, segundo Zabala (1998, p. 144), [...] os métodos globalizados nascem quando o aluno se transforma no protagonista do ensino; quer dizer, quando se produz um deslocamento do fio condutor da educação das matérias ou disciplinas como articuladoras do ensino para o aluno e, portanto, para suas capacidades, interesses e motivações. Ao estudar sobre os modelos que associam os conteúdos curriculares de forma globalizada, Zabala (1998) destacou alguns métodos desenvolvidos historicamente, conforme você pode conferir no Quadro 1. Percebe-se que, embora as discussões sobre um currículo globalizado não sejam recentes, hoje existe um consenso de que a inovação curricular está, obrigatoriamente, no debate sobre a ampliação da função social da escola e dos ajustes necessários para que os estudantes possam acompanhar as mudanças socioculturais, econômicas, políticas e tecnológicas que ocorreram no mundo nas últimas décadas e que ainda continuam desafiando as instituições de ensino e todos os professores. Para que se consiga contemplar essas questões, é imprescindível propor novas práticas educativas que tenham como centro o aluno e sua aprendizagem, bem como atribuam significado ao que se aprende. 71 REFERENCIAS APPLE, M. Ideologia e currículo. Porto Alegre: Artmed, 2016. BERNSTEIN, B. A estruturação do discurso pedagógico. Petrópolis: Vozes, 1996. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. BRASIL. Lei n. 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, 2003. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 23 jan. 2020. BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2008/Lei/ L11645.htm. Acesso em: 23 jan. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9394.htm. Acesso em: 23 jan. 2020. BRASIL. Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. 2014. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 1996. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre currículo: currículo e desenvolvimento humano. Brasília: MEC, 2007. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEF, 2018. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. CALDAS, L. A. M.; VAZ, M. R. T. Michael Apple: As contribuições para a análise de políticas de currículo. Espaço do Currículo, João Pessoa, v. 9, n. 1, p. 149-157, jan./abr. 2016 Disponívelem: . Acesso em: 08 ago. 2018. 72 CAVALCANTE, M. Interdisciplinaridade: um avanço na educação. Nova Escola, 2018. Disponível em: .Acesso em: 08 ago. 2018. CAVALCANTI, A. S. Currículo e diversidade cultural: uma abordagem a partir do ensino religioso nas escolas públicas. Fundamento – Revista de Pesquisa em Filosofia, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 172-186, ago. 2011. Disponível em: .Acesso em: 08 ago. 2018. CORSINO, P. As crianças de seis anos e as áreas do conhecimento. In: BEAUCHAMP, J.; PAGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. (Org.). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: MEC, 2007. DELORS, J. et al. Educação, um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 1998. 288 p. Disponível em: http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_ educ_tesouro_descobrir.pdf. Acesso em: 23 jul. 2019. DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Interdisciplinaridade. 2018a. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Transdisciplinaridade. 2018b. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. EDUCADOR 360. Socioemocionais e a BNCC: como adequar a sua escola?. 2017. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. GALIAN, C. V. A. A seleção do conhecimento em documentos curriculares: ciências naturais e arte. Revista Brasileira de Educação, v. 21 n. 67, out. /dez. 2016b. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 24782016000400989&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 23 jan. 2020. GALIAN, C. V. A. Currículo e conhecimento escolar na perspectiva da educação integral. Cadernos Cenpec, v. 6, n. 1, jan./jun. 2016a. Disponível em: http://cadernos.cenpec.org. br/cadernos/index.php/cadernos/article/view/347. Acesso em: 23 jan. 2020. GALLO, S. A orquídea e a vespa: transversalidade e currículo rizomático. In: PEREIRA, M. Z. C.; GONSALVES, E. P.; CARVALHO, M. E. P. (org.). Currículo e contemporaneidade: questões emergentes. 2. ed. Campinas: Alínea, 2011. p. 37–50. GIROUX, H. Os professores como intelectuais: rumo a uma nova pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. GUEDES, C. O. et al. Importância das aplicações da transdisciplinaridade na educação humana. Revista Graduando, Feira de Santana, n. 1, p. 21-32, jul./dez. 2010. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. 73 HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998. 150 p. HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. 198 p. JESUS, A. R. Currículo e educação: conceito e questões no contexto educacional. [2018?]. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. LIBÂNEO, J. C. As teorias pedagógicas modernas revisitadas pelo debate contemporâneo na educação. In: LIBÂNEO, J. C.; SANTOS, A. (Org.). Educação na era do conhecimento em rede e transdisciplinaridade. Campinas: Alínea, 2005. p. 19- 63. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001. MASETTO, M. T. Inovação curricular no ensino superior. e-Curriculum – Programa de Pós Graduação em Educação: Currículo, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 1–20, ago. 2011. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/6852. Acesso em: 23 jul. 2019. MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. (org.). Currículo, cultura e sociedade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 154 p. MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1991. PACHECO, M. M. D. R. Currículo, interdisciplinaridade e organização dos processos de ensino. Araras: Fundação Hermínio Ometto, 2007. SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 352 p. SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. São Paulo: Autêntica, 2007. 158 p. SANTOS, A. Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco princípios para resgatar o elo perdido. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, p. 71-83, jan./abr. 2008. SILVA, M. O trabalho articulador do coordenador pedagógico: a integração curricular. In: PLACCO, V. M. N. S.; ALMEIDA, L. R. O coordenador pedagógico e os desafios da educação. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2010. SILVA, T. T. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996. SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita. São Paulo: Cortez, 2003. 74 SOUZA, I. P. Relações entre apropriação do Sistema de Escrita Alfabética e letramento nas diferentes áreas do conhecimento. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejando a alfabetização; integrando diferentes áreas do conhecimento: projetos didáticos e sequências didáticas: ano 1, unidade 6. Brasília: MEC, 2012. TROQUEZ, M. C. C. Conceituações de Raymond Williams sobre cultura como fundamento para o currículo comum. [2018?]. Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2018. VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 12. ed. São Paulo: Liberdad, 2009. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político pedagógico. 16. ed. São Paulo: Libertad, 2006. VEIGA, I. P. Projeto político- pedagógico da escola: uma construção coletiva. Campinas: Papirus, 1998. p. 11-35. YOUNG, M. F. D. Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Cadernos de Pesquisa, v. 44, n. 151, mar. 2014. Disponível em: Acesso em: 23 jan. 2020. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 224 p. ZOTTI, S. A. Currículo. In: GLOSSÁRIO HISTEDBR. São Paulo: UNICAMP, [2006]. Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_curriculo.htm. Acesso em: 23 jan. 2020.
Compartilhar