Buscar

VIROLOGIA-E-MICOLOGIA-3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

VIROLOGIA E MICOLOGIA 
2 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Sumário 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 
FUNGOS .............................................................................................................. 5 
Características gerais .................................................................................... 6 
Aspectos microbiológicos .................................................................................. 7 
Citologia dos fungos .......................................................................................... 9 
Fisiologia e metabolismo ............................................................................. 10 
Patogenia por fungos ...................................................................................... 11 
Classificação das micoses humanas ......................................................... 12 
O gênero Candida ........................................................................................ 12 
Diagnóstico laboratorial do gênero Candida ............................................. 14 
Interpretação das provas bioquímicas ....................................................... 16 
Crescimento a temperatura de 42°C ......................................................... 17 
Procedimento para coleta de amostras ..................................................... 20 
Processamento de amostras ...................................................................... 23 
VÍRUS ................................................................................................................. 28 
Características gerais .................................................................................. 29 
Replicação de vírus ...................................................................................... 32 
Maturação e Liberação Viral ....................................................................... 34 
Vírus DNA ...................................................................................................... 36 
Vírus RNA ...................................................................................................... 36 
INFECÇÕES E HEPATITES VIRAIS .................................................................. 39 
Características do vírus da Hepatite .......................................................... 42 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além 
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
INTRODUÇÃO 
 
É verdade que por um tempo os microrganismos foram considerados 
somente objetos de especulação, mas a contribuição, a persistência, o 
comprometimento e os esforços de inúmeros pesquisadores somaram-se para 
percebermos a sua importância (positiva e negativa) na vida dos seres humanos, 
animais e plantas de maneira geral. 
Calcula-se que em cada indivíduo existem 100 trilhões de microrganismos, 
que os fungos estão dispersos no meio ambiente, em vegetais, ar atmosférico, solo 
e água, algo em torno de 200 mil espécies de fungos (menos de 150 descritas pelo 
homem); bactérias estimam-se 10 mil espécies e atualmente já foram identificados 
pelo menos 3600 tipos de vírus. 
É verdade também que as micoses durante anos não foram consideradas 
pela área médica com a atenção necessária, possivelmente pela falta de 
diagnóstico adequado, no entanto, o aumento do número de pacientes suscetíveis 
aos mais variados tipos de infecções tem aumentado, igualmente as infecções 
fúngicas. 
Pois bem, veremos neste módulo as características gerais de fungos e vírus, 
aspectos microbiológicos, morfologia, citologia, classificação, com foco nas 
técnicas de identificação e diagnóstico laboratorial para algumas espécies ou 
gêneros de maior interesse. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo 
lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários 
autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, 
de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão 
expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
5 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
FUNGOS 
 
Os fungos constituem um grupo de organismos com cerca de 200.000 
espécies, das quais, aproximadamente 100 são patogênicas e estão agrupadas no 
Reino Fungi. O termo fungo provém do latim fungus e significa cogumelo. 
Segundo Koga-Ito e Jorge (2010), consistem numa forma antiga de vida com 
cerca de 400 milhões de anos. Juntamente com as bactérias, são considerados os 
principais responsáveis pela manutenção da estabilidade geoquímica da biosfera. 
Os fungos são distribuídos amplamente na natureza, seja em ambientes 
aquáticos como em terrestres. Crescem em ambientes com temperaturas 
elevadas, assim como em regiões com temperaturas muito baixas. A maioria das 
espécies cresce por extensão contínua e ramificações de estruturas filiformes 
denominadas hifas. 
Alguns fungos possuem grande valor comercial graças ao seu importante 
papel na fermentação de bebidas, alimentos e produção industrial de antibióticos. 
Por outro lado, estão também relacionados com muitas patologias em plantas, 
animais e em seres humanos. 
O Reino Fungi engloba organismos com morfologias distintas uni ou 
multicelulares e podem ser classificados em: 
Leveduras: fungos unicelulares microscópicos, que podem ser patogênicos. 
Bolores: também denominados fungos filamentosos, são multicelulares, 
constituídos de células microscópicas cilíndricas ligadas nas extremidades, 
formando um filamento denominado hifa. Quando grande quantidade de hifas 
estão agrupadas, estas são visíveis a olho nu e são denominadas de micélio. 
Podem ser patogênicos. 
Cogumelos: organismos macroscópicos, não patogênicos. 
Os fungos apresentam semelhanças com organismos do Reino Animal, tais 
como presença de quitina em sua parede celular e o armazenamento de 
glicogênio. Do mesmo modo, compartilham com as bactérias a função de 
manutenção da estabilidade geoquímica da biosfera e também a capacidade de 
causar doenças infecciosas, além de terem métodos semelhantes de isolamento e 
culturas. Por outro lado, estes apresentam características próprias e diferençasem 
6 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
relação aos outros Reinos, o que permitiu seu agrupamento em um Reino distinto 
o Reio Fungi Confome abaixo: 
 
 A dicariose é uma característica peculiar dos fungos nos quais a fase dicariótica é 
prolongada, com presença de dois núcleos haplóides sexualmente opostos, em 
citoplasma comum. 
 
Características gerais 
Além da importância ecológica dos fungos como limpadores do solo e 
manutenção da estabilidade química da biosfera, estes também apresentam 
grande importância econômica. 
Os fungos causam imensas perdas econômicas, pois são responsáveis pela 
deterioração de alimentos e materiais, tais como matéria têxtil e madeira. 
Além disso, causam doenças em plantas que implicam em grandes perdas 
na agricultura. Muitas doenças no homem e em animais também são causadas por 
fungos. 
7 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Por outro lado, os efeitos benéficos dos fungos também apresentam 
importância econômica. Estes são utilizados como alimento e no processamento 
de alimentos, bebidas e drogas. Os fungos utilizados como alimentos são os 
cogumelos que apresentam alto teor de proteínas e sais minerais, como ferro e 
fósforo, e vitaminas como a niacina, riboflavina e tiamina. Os fungos são 
mundialmente utilizados na fabricação de pães, queijos, cervejas e vinhos. Estão 
também envolvidos na produção industrial de antibióticos, vitaminas e enzimas, 
principalmente com o desenvolvimento cada vez maior da área de biotecnologia 
(KOGA-ITO; JORGE; 2010; COSTA; PEREIRA; JORGE, 2012). 
 
Aspectos microbiológicos 
 
Morfologicamente, os fungos podem ser classificados em unicelulares 
(leveduras), multicelulares (bolores) e dimórficos. 
As leveduras são células isoladas, esféricas ou ovais, medindo de 2 a 5 µm de 
diâmetro, por 5 a 30 µm de comprimento. Podem formar cadeias pela união de células 
individuais. A este agrupamento de leveduras denomina-se pseudomicélio. Dividem-se 
por brotamento ou cissiparidade e desenvolvem colônias circulares, cremosas, opacas 
ou brilhantes em ágar Sabouraud. 
Os bolores são fungos filamentosos ou miceliais que tem como principal forma 
vegetativa as hifas. As hifas são tubos ramificados medindo de 2 a 10 mm de diâmetro, 
cujo crescimento se dá pela produção de ramificação lateral ou por prolongamento. À 
medida que as hifas crescem, formam uma rede entrelaçada que recebe o nome de 
micélio ou talo, cujo crescimento permite a formação de colônias. As estruturas do 
fungo, morfologia dos esporos e aparência da colônia em meio de cultura, além da 
atividade bioquímica, são dados importantes para a identificação dos fungos 
filamentosos. 
O micélio pode ser classificado em: a) micélio vegetativo: hifas que penetram 
no meio de cultura; b) micélio aéreo: hifas que se desenvolvem acima do meio de 
cultura; c) micélio reprodutivo: micélio aéreo que dá origem a células reprodutivas; 
d) haustórios: ramos especiais de hifas que penetram no hospedeiro a fim de 
conseguir alimento. 
8 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
A hifa pode apresentar parede transversal, denominada septo, e é chamada 
de hifa septada. Hifas que não apresentam septos são chamadas de cenocíticas. 
 
Estruturas microscópicas básicas de fungos: a, b, c - filamentosos, d - 
leveduras 
 
Os fungos dimórficos apresentam-se sob duas formas diferentes em 
condições ambientais diversas. Geralmente, apresentam-se sob a forma de 
leveduras nos tecidos vivos e quando cultivados em profundidade em meios 
líquidos de cultura a 35-37°C. A temperatura ambiente (25-30°C) e na superfície de 
meios de cultura sólidos aparecem geralmente na forma micelial, ou seja, 
apresentando micélio. 
Esta característica de alguns fungos parece exercer importante papel para a 
sua virulência. A fase hifal apresenta aderência maior às células e outras 
estruturas (plástico) em relação à fase leveduriforme (Olsen, 1990 apud KOGA-
ITO; JORGE; 2010). A aderência à superfícies é um importante fator de virulência, 
em particular para microrganismos que causam patologias na cavidade bucal, já 
que esta é frequentemente banhada por fluxo salivar. 
9 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Estudos conduzidos por Pugh e Cawson (1977 apud KOGA-ITO; JORGE; 
2010) demonstraram que a produção de fosfolipase é particularmente concentrada 
nas pontas das hifas, o que pode indicar que a transformação da forma 
leveduriforme para a forma hifal facilite a penetração do fungo através da mucosa. 
Tanto a forma leveduriforme quanto a forma hifal são capazes de produzir 
infecção (Ghannoum e Abu-Elteen, 1986 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010), porém, 
as hifas parecem conseguir escapar mais facilmente da ação do sistema 
imunológico do hospedeiro. 
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2005), esses conceitos 
fundamentais representam a base para a identificação de um fungo, pois a 
classificação de filamentosos é feita, em regra, pelas características morfológicas, 
tanto macroscópicas (cor, aspecto, textura da colônia, etc.), quanto microscópicas 
(forma e cor da hifa, presença ou não de septos, tipo e arranjo de esporos, etc.), 
além da velocidade de crescimento (lenta, moderada ou rápida). A identificação de 
leveduras, ao contrário, é feita, principalmente, por características fisiológicas, 
desde que, a morfologia destes fungos não é muito variada e não permite distinção 
entre espécies e, em regra, entre gêneros. 
 
Citologia dos fungos 
Os fungos assemelham-se às células de plantas superiores e de animais na sua 
complexidade anatômica, pois são eucarióticas e possuem vários cromossomos 
diferentes. Os principais constituintes destas células, além dos constituintes essenciais 
de uma célula eucariótica, são: 
 Parede celular – constituída de duas ou várias camadas de material 
fibrilar com organização característica – 90% é constituídode 
hexoses e hexosaminas, e 10% de proteínas, carboidratos e lipídeos. Em 
muitos fungos, a molécula estrutural é a quitina, constituída de resíduos de 
N-acetil- glicosamina; 
 Lomassomos – são agregados de membrana citoplasmática localizados 
entre a parede celular e a membrana; 
10 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 Núcleo – de forma irregular e tamanho reduzido. Durante a divisão, ocorre a 
presença do fuso mitótico ou meiótico no interior do núcleo, sem 
desorganização da carioteca; 
 Capa nuclear – estrutura conspícua envolvendo parcialmente o núcleo. 
Constitui um intenso aglomerado de ribossomos revestidos por um duplo 
sistema de membranas; 
 Organelas – apresentam mitocôndrias, complexo de Golgi, retículos 
(granular e liso), etc. Os fungos patogênicos geralmente não apresentam 
flagelos ou outros órgãos de locomoção. 
Fisiologia e metabolismo 
Os fungos são imóveis em sua maioria. Não possuem clorofila ou qualquer 
outro pigmento fotossintético. Deste modo, dependem de produtos orgânicos de 
outros organismos, sejam estes vivos ou mortos, como fonte de energia. São, 
portanto, heterotróficos. 
A maioria é aeróbio, alguns são anaeróbios facultativos, porém nenhum é 
anaeróbio. Os processos empregados na obtenção de energia são respiração e 
fermentação, sendo o último mais característico das leveduras. Apresentam 
existência saprofítica ou parasitária. Todos são Gram-positivos, corando-se 
intensamente também pelo Ácido Periódico de Schift (PAS). 
A maioria dos fungos têm como necessidades nutricionais, os elementos C, 
O, H, N, P, K, Mg, S, B, Mn, Cu, Mo, Fe e Zn. Muitas espécies não necessitam de 
luz para seu desenvolvimento, já outras necessitam para formar suas estruturas 
de reprodução, podendo ser consideradas fototróficas (que buscam a luz) 
(MORAES; PAES; HOLANDA, 2009). 
Os fungos crescem bem em temperatura ambiente (25-30ºC). Os 
patogênicos ao homem se desenvolvem à temperatura de 37°C. Existem fungos 
que crescem à temperatura de 50ºC e outros ao redor de 42°C (KOGA-ITO; 
JORGE; 2010). 
11 
 
 
 
 
 
Faculdade deMinas 
Patogenia por fungos 
Os fungos apresentam vários mecanismos de patogenia, podendo causar 
diferentes efeitos sobre os seres humanos, dentre eles as micotoxicoses e 
hipersensibilidade. 
As micotoxicoses são causadas pelos metabólitos tóxicos produzidos pelos 
fungos. Decorrem da ingestão, por vezes acidental, de fungos produtores de 
toxinas. Uma das micotoxicoses mais conhecidas e economicamente importantes 
é aquela relacionada à contaminação de grãos e sementes por Aspergillus 
flavus e a produção de aflatoxina por estes microrganismos. Essa toxina foi 
relacionada em animais à degeneração das células hepáticas, além disso, discute-
se também seu poder carcinogênico, embora ainda não tenha sido comprovado 
cientificamente o seu papel específico na carcinogênese humana. 
Os fungos, naturalmente presentes no ar, também podem constituir um 
estímulo antigênico e levar a estados de hipersensibilidade em seres humanos. As 
doenças fúngicas mais comumente encontradas no homem são as micoses, que 
são classificadas de acordo com os tecidos do hospedeiro que estão 
comprometidos pela infecção. 
Geralmente as micoses que acometem o indivíduo saudável são leves e 
autolimitadas, porém a incidência de infecções fúngicas graves e oportunistas tem 
aumentado dramaticamente nas últimas décadas devido ao aumento no número 
de pacientes imunodeprimidos, em particular, aqueles infectados pelo vírus da 
imunodeficiência humana, pacientes com câncer sob tratamento quimioterápico e 
transplantados (COLEMAN et aI., 1998 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010). 
Além disso, estudos multicêntricos, em vários países do mundo, têm 
demonstrado a crescente preocupação com o aumento significativo na prevalência 
de infecções hospitalares causadas por fungos (Raymond e Aujard, 2000 apud 
KOGA-ITO; JORGE; 2010). Um estudo realizado em 8 países europeus, 
analisando as infecções hospitalares em 20 instituições pediátricas, encontraram 
9% destas causadas por leveduras do gênero Candida. Na Argentina, as 
espécies mais frequentemente relacionadas com infecções hospitalares fúngicas 
ocorridas em 12 instituições hospitalares foram Candida albicans, C. tropicalis, C. 
12 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
parapsilosis, C. krusei e C. glabrata (RODERO et aI., 1999 apud KOGA-ITO; 
JORGE; 2010). 
Outro estudo sobre epidemiologia das micoses nos Estados Unidos 
concluíram que as espécie do gênero Candida são importantes patógenos 
relacionados com infecções hospitalares na unidade de terapia intensiva neonatal. 
(Saiman et aI., 2000 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010). No Brasil, estudos 
realizados em hospitais de São Paulo e Rio de Janeiro mostraram que as 
infecções hospitalares fúngicas eram causadas predominantemente por outras 
espécies de Candida que não C. Albicans. Os principais fungos atualmente 
relacionado com infecções hospitalares são Candida ssp, Aspergillus ssp, 
Pneumocystis carninii, Cryptococcus neoformans. 
 
Classificação das micoses humanas 
As micoses são classificadas de acordo com os tecidos do hospedeiro que 
estão sendo acometidos pela infecção. Didaticamente temos: 
Micoses superficiais – limitadas às camadas mais externas da pele e pelos 
(Pitiríase versicolor; Piedra branca; Piedra negra); 
Micoses cutâneas – estendem-se pela epiderme, incluem doenças 
invasivas dos pelos e unhas (Dermatofitoses; Candidíase); 
Micoses sistêmicas – podem disseminar-se por muitos sistemas do 
organismo (Paracoccidioidomicose; Histoplasmose); 
Micoses oportunistas – infecções fúngicas causadas por fungo de 
virulência intrínseca baixa ou originalmente comensais e que pode produzir 
infecções subcutâneas e disseminadas em indivíduos debilitados (Criptococose; 
Aspergilose) (ALMEIDA, 2000; MORAES; PAES; HOLANDA, 2009; KOGA- ITO; 
JORGE; 2010). 
O gênero Candida 
 
O gênero Candida compreende aproximadamente duzentas espécies de 
leveduras não produtoras de endosporos. Devido à inabilidade do gênero em 
apresentar formas sexuadas, são classificados como fungos imperfeitos da classe 
Deuteromycetes. A espécie de maior importância médica é C. albicans seguida por C. 
13 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
tropicalis e C. glabrata, que perfazem cerca de 80% do isolamento 
emcandidoses. C. parapsilosis, C. stellatoidea, C. guilliermondii, C. krusei e C. kefyr 
são também isoladas de diferentes patologias médicas. C. stellatoidea é diferenciada 
da C. albicans por não assimilar sacarose. Devido à identidade entre as bases de DNA 
dessas duas espécies, C. stellatoidea tem sido considerada atualmente como uma 
variante sacarose negativa de C. albicans. C. dubliniensis apresenta muitas 
semelhanças fenotípicas com C. albicans. Técnicas de biologia molecular permitiram a 
diferenciação genética e a descrição dessa nova espécie. 
As espécies de Candida são distinguidas entre os demais Deuteromycetes 
pela habilidade em formar pseudo-hifas, sendo C. glabrata a única exceção. As 
demais espécies do gênero podem ser identificadas através de morfologia colonial 
e pela capacidade de assimilação e fermentação de carboidratos. As leveduras do 
gênero Candida encontram-se amplamente espalhadas na Natureza, sendo que 
algumas espécies vivem como saprófitas ou parasitas no homem e em outras 
espécies animais. C. albicans, associada obrigatoriamente aseres humanos ou 
outros animais homotermos, vive normalmente na orofaringe, naboca, nas dobras 
da pele, na secreção brônquica, na vagina, urina e fezes de humanos. Sua 
ocorrência na água e no solo é relativamente rara e está ligada à contaminação 
desses elementos da Natureza pelos seres humanos e animais.Aspectos 
imunológicos do gênero Candida 
A imunidade das infecções por Candida spp. em humano é bastante 
complexa devido aos diferentes tipos de candidose e à inter-relação entre os 
sistemas imunes sistêmico e secretório. Considerando-se que leveduras do gênero 
Candida estão presentes como comensais na cavidade bucal em 
aproximadamente 40% dos indivíduos saudáveis, pode-se inferir que em pacientes 
sadios imunocompetentes, os mecanismos locais de defesa do hospedeiro são 
suficientes para prevenir infecções por Candida. Por outro lado, quando as defesas 
locais ou sistêmicas estão diminuídas, Candida tem a capacidade de invadir os 
tecidos e causar doença, sendo, portanto, sua virulência determinada mais pelo 
hospedeiro do que pelo fungo. 
Infecção por C. albicans caracteriza-se no principal achado em pacientes 
com imunodeficiência celular severa, não sendo, entretanto, de importância em 
pacientes que apresentam deficiências apenas de linfócitos B. Pacientes com 
14 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
AIDS apresentam acentuada ocorrência de candidose (KOGA-ITO; MARTINS; 
JORGE, 2010). 
Diagnóstico laboratorial do gênero Candida 
Segundo Koga-Ito; Martins e Jorge (2010), as amostras podem ser colhidas 
da saliva, de lavabos bucais e da mucosa: 
Saliva – coletar aproximadamente 2 mL de saliva, sem estimulação, em 
Coletor universal descartável. Fazer diluições em solução fisiológica (NaCl 
0,85%) esterilizada (1:10 e 1:100); 
Lavados bucais – colocar 10 mL de solução fisiológica tamponada (PBS, 0,1 M, 
pH 7,4) esterilizada na cavidade bucal, bochechar por sessenta segundos e verter o 
conteúdo em coletor universal descartável. Diluir 1:10 e 1:100 em 
Solução fisiológica (NaCl 0,85%) esterilizada e semear em placas 
contendo meio de cultura apropriado; 
Mucosa – coletar com swab esterilizado, esfregando o mesmo sobre a 
mucosa, ou no caso de lesões, sobre as mesmas. Colocar o swab em tubo de 
ensaio contendo salina (10 ml), agitar, fazer diluições (1:10) e semear em placas 
contendo meio de cultura apropriado.O meio mais utilizado para a cultura é o ágar 
Sabouraud Dextrose. 
Para coleta de amostras de cavidade bucal, adiciona-se cloranfenicol para 
proporcionar seletividade ao meio. Incubação por 24/48 horas até uma semanaa 
37°C ou a temperatura ambiente. 
Semear 0,1 mL das diluições e do material puro na superfície do ágar, 
espalhar com alça de Drigalski. Após período de incubação, observar crescimento 
de colônias características: esféricas, branco-foscas, com aparência de porcelana, 
de 4 a 8 mm de diâmetro, bordos lisos e odor característico. 
Uma alternativa para o isolamento de leveduras do gênero Candida é o uso 
de CHROMagar Candida, que é um meio seletivo utilizado também para identificar 
culturas mistas. Preparar o meio de cultura de acordo com as instruções do 
fabricante. Após incubação a 30°C por 48 horas, as colônias de C. albicans 
apresentam coloração verde-clara; C. dubliniensis, verde-escura; C. tropicalis, 
azul- acinzentada; C. krusei, C. glabrata, C. kefyr, C. guilliermondii, rosa e C. 
parapsilosis e C. lipolytica, creme. 
15 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
A partir das colônias características, fazer esfregaço e coloração de Gram 
para confirmação microscópica. As colônias que em microscopia apresentarem 
células ovalares, grandes, Gram-positivas, com ou sem brotamentos, semear em 
tubos contendo ágar Sabouraud, para posterior identificação. 
Os mesmos autores sugerem o seguinte roteiro para identificação das 
amostras e suas provas: 
Formação de tubo germinativo 
Em tubo de ensaio (13 x 17 mm) contendo 0,5 mL de soro estéril de coelho, 
adicionar uma alçada da cultura de 24 horas da levedura, colocar em banho-maria 
a 37°C, por até três horas. A formação de tubo germinativo é observada em 
microscopia de luz, colocando-se uma gota da suspensão entre lâmina e lamínula, 
no período de duas até três horas da incubação. 
Produção de pseudo-hifas e clamidoconídeos (microcultivo) 
Para se verificar a produção de clamidoconídeos, utiliza-se o meio ágar fubá 
tween 80 ou ágar-corn mealacrescido de 1% de Tween 80. 
Cada amostra de levedura a ser testada é semeada em estria única na 
superfície do meio e coloca-se uma lamínula no centro da lâmina. Incubar por 48 a 72 
horas em temperatura ambiente. Fazer a leitura em microscopia de luz, observando-se 
a presença de pseudo-hifas e clamidoconídeos (clamidósporos).Fermentação de 
açúcares (Zimograma) 
Utiliza-se caldo vermelho de fenol distribuído em tubos de ensaio, com tubos 
de Duhran em seu interior e autoclavados a 120°C por quinze minutos. 
Cada açúcar (glicose, maltose, sacarose, galactose e lactose), esterilizado 
por filtração, é adicionado de forma a obter concentração de 1%. Os tubos são 
semeados a partir de uma cultura pura de 24 horas da levedura em ágar 
Sabouraud dextrose. A leitura é feita após 48 horas e uma semana de incubação a 
37°C, considerando-se a produção de ácido evidenciada pela viragem da 
coloração do meio de cultura de vermelho para amarelo e a produção de gás no 
interior dos tubos de Durhan. 
Assimilação de açúcares (Auxonograma) 
Para verificação da assimilação de carboidratos pelas amostras de Candida, 
utiliza-se meio mínimo, quimicamente definido, sem fontes de carbono. Para cada 
amostra a ser testada, obtém-se uma suspensão da levedura com turvação 
16 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
equivalente ao tubo número 10 da escala de MacFarlane, a qual é semeada em 
pour plate. A seguir, colocam-se discos de papel de filtro embebidos numa solução 
a 1% dos seguintes açúcares: glicose, galactose, lactose, maltose e sacarose na 
superfície do meio. O crescimento da amostra nas proximidades do açúcar 
significa que o microrganismo assimila aquele açúcar como fonte de carbono. 
 
Interpretação das provas bioquímicas 
As amostras são caracterizadas em espécies de acordo 
com as características de produção de tubo germinativo em soro estéril de coelho, 
produção de pseudo-hifas e clarnidoconídeos em ágar-fubá tween 80, fermentação e 
assimilação de carboidratos, baseando-se em Sandvén (1990 MARTINS; JORGE, 
2010). 
O quadro abaixo apresenta características culturais, simulação 
e fermentação de carboidratos pelas amostras de Candida. 
17 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Crescimento a temperatura de 42°C 
 
Para identificação presuntiva das amostras de C. dubliniensis, as amostras 
devem ser semeadas em ágar Sabouraud dextrose (Difco) e incubadas a 42°C por 
48 horas. Ao contrário de C. albicans, C. dubliniensis não se desenvolve ou cresce 
escassamente a essa temperatura. 
Prova da atividade de beta-glucosidase intracelular 
Para identificação da atividade de beta-glucosidase intracelular, a amostra a 
ser testada deve ser ressuspendida em acetato de sódio contendo 1mg de 
metilumbeliferil-b-glucosidase. Após reação, observar em transiluminador sob luz 
ultravioleta. Amostras de C. dubliniensis são positivas para esse teste e 
apresentam fluorescência. 
Fluxograma para identificação das espécies de leveduras do gênero 
Candida 
18 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Esquema simplificado para identificação de alguns gêneros de leveduras 
 
 
19 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Quanto às toxinas Killer, a sua biotipagem de sensibilidade é realizada de 
acordo com Polonelli et al. (1983 apud KOGA-ITO; MARTINS; JORGE, 2010). 
Cada amostra é semeada em pour plate e, a seguir, as leveduras produtoras de 
toxinas killer são inoculadas na superfície do meio de cultura. As placas são 
incubadas por 72 horas em temperatura ambiente. Para leitura do teste são 
consideradas sensíveis as amostras que produzem halo de inibição de 
crescimento ao redor das cepas padrão e resistentes àquelas que apresentam 
crescimento em torno das mesmas. Após a leitura do teste para verificação do 
fator killer, os resultados são apresentados de acordo com esquema proposto por 
Polonelli composto por três dígitos. et al. (1993), Os dois quadros abaixo 
representam as cepas padrão utilizadas para a verificação do fator killer e os 
modelos de biótipo killer. 
Cepas padrão e sua procedência, utilizadas para verificação do fator killer 
 
Modelo de biótipo killer segundo Polonelli et al. (1983). Cada código é constituído por 
três dígitos 
 
 
20 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Procedimento para coleta de amostras 
No Manual de ‘Detecção e Identificação dos Fungos de Importância Médica’, 
elaborado pela ANVISA (2005), estes são os procedimentos para coleta de 
amostras de fungos: 
 Escarro – recolher, de preferência, a primeira 
expectoração da manhã, após gargarejo com água limpa 
ou fervida, em frasco de boca larga, esterilizado. Não 
deve conter saliva; 
 aspirado gástrico – aspirar cerca de 5 a 10 ml de suco 
gástrico, através de sonda nasogástrica, pela manhã, em 
jejum; 
 aspirado traqueal e secreção obtida por broncoscopia – 
procedimento 
realizado por médico treinado. O material colhido deve 
ser colocado em recipiente estéril; 
 sangue e aspirado de medula óssea – fazer assepsia rigorosa 
no local da 
punção e coletar cerca de 5 a 6 ml de sangue venoso, 
que deverá ser injetado diretamente, em frasco contendo 
meio de cultura. A última gota de material deve ser 
distendida em uma lâmina de microscopia, para 
coloração de Giemsa; 
 líquor – fazer assepsia rigorosa no local da punção. Coletar 2 
ml ou mais, 
para exame microscópico e cultura para fungos. Os tubos 
na rotina hospitalar, devem ser usados na seguinte 
sequência: 1º exame bioquímico; 2º exame de 
celularidade; 3º microbiológico, reduzindo assim a 
possibilidade de isolamento de contaminantes da pele. 
Entretanto, a coleta da amostra em tubos específicos 
21 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
para cada um desses exames, aumenta a sensibilidade do 
exame micológico e, por isso, deve ser recomendada; 
 tecido obtido por biópsia, necropsia e peças operatórias –
colher 
assepticamente, utilizando instrumentos estéreis e 
colocar o material em recipiente estéril, com salina. Não 
adicionar nenhum líquido fixador; 
 urina – a amostra biológica mais apropriada para o 
diagnóstico de micose do trato urinário é obtida porsondagem ou citoscopia. Quando não for possível, e para 
evitar contaminação com microrganismos presentes nas 
áreas vizinhas, fazer limpeza prévia da região perineal 
com água e sabão, desprezar o primeiro jato de urina da 
manhã, e colher 3 a 5 ml de urina em tubo de ensaio 
estéril. Coleções de 24 horas, não têm valor para 
diagnóstico micológico; 
 fezes – fazer lavagem prévia da região anal com água e sabão, 
coletar 
porções de fezes em recipiente estéril com tampa ou 
“swab” anal, mergulhar o “swab” em salina estéril e enviar 
o tubo ao laboratório; 
 secreção ou pele de conduto auditivo externo – colher 
material por curetagem da lesão ou com swab estéril. 
Mergulhar o swab umedecido em salina estéril e enviar o 
tubo ao laboratório; 
 material de micose ocular – o melhor método para 
recuperação de fungos, 
requer raspado de córnea, aspiração de líquido 
intraocular ou biópsia. A coleta com auxílio de swab não é 
indicada em local de drenagem; 
 lesão de nariz e seios paranasais – coletar secreção, material 
22 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
necrótico ou 
tecido obtido por biópsia em recipiente estéril; 
 mucosa oral e orofaringe – coletar com swab estéril o 
material de lesão de mucosa jugal, papilas linguais ou 
região tonsilar. Mergulhar o swab umedecido em salina 
estéril e enviar o tubo ao laboratório; 
 Modelo de biótipo killer segundo Polonelli et al. (1983). Cada código 
é constituído por três dígitos 
 secreção vaginal – com auxílio de espéculo, coletar material da 
lesão ou do fundo de saco vaginal com swab estéril. Mergulhar o 
swab umedecido em salina estéril e enviar o tubo ao laboratório; 
 líquidos corporais (pleural, ascítico, pericárdico, sinovial)– fazer 
assepsia rigorosa no local da punção. Coletar cerca de 5 a 10ml de 
líquido em tubo de ensaio estéril; 
 pus e material de abscesso – devem ser colhidos de 
preferência, por aspiração de abscessos fechados, com 
seringa e agulha estéril. Se a lesão for aberta, limpar o 
local com gaze esterilizada embebida em salina estéril, 
para eliminar os exsudatos superficiais que são altamente 
contaminados com bactérias. A seguir, colher o material 
com swab. Mergulhar o swab umedecido em salina estéril 
e enviar o tubo ao laboratório; 
 pele e pelos – se possível, descontaminar a pele com 
álcool 70% antes da coleta. Raspar com lâmina de bisturi 
as escamas cutâneas da borda das lesões. Pode-se 
utilizar também, uma lâmina de microscopia. Colocar o 
material entre duas lâminas limpas, de preferência 
esterilizadas, vedando-se 
as bordas das lâminas com fita adesiva para evitar perda 
do material. Os pelos tonsurados devem ser retirados 
com pinça estéril e acondicionados entre lâminas ou em 
potes, de preferência esterilizados; 
23 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 unhas – fazer limpeza prévia das unhas, escovando com água e 
sabão. 
Cortar com tesoura e desprezar a parte descolada da unha e, com lâmina de 
bisturi, raspar as áreas mais profundas e pulverulentas. Colocar este material entre 
lâminas e vedá-las com fita adesiva. 
Processamento de amostras 
O sucesso na visualização e isolamento do agente etiológico depende, além 
da coleta e transporte adequados e volume suficiente da amostra, de seu 
processamento correto antes do exame micológico. 
As seguintes recomendações devem ser cuidadosamente, seguidas para 
boa resolução diagnóstica: 
 pelos, cabelos, escamas de unha e pele – devem ser 
aliquotadas para exame microscópico e cultura, pois, para 
exame, são clarificadas com solução aquosa de KOH a 
20% e, para cultura, não podem sofrer nenhum 
tratamento prévio, sendo por isso, inoculadas diretamente 
na superfície do meio de cultura; 
 líquor, secreções e fluídos corporais – (líquido pleural, 
ascítico, sinovial, pericárdico, aspirado transtraqueal, 
lavado gástrico e broncoalveolar [BAL]) devem ser 
concentrados por centrifugação (1500 a 2000 rpm por 10 
minutos). Os materiais coletados com swabs devem ser 
eluídos em solução salina e também devem ser 
centrifugados. O sedimento obtido é o material adequado 
para o exame microscópico e semeadura em meios de 
cultura; 
 escarro – pode ser digerido com enzima (v/v) N-acetil-L-
cisteina (250 mg de enzima dissolvidas em 1 L de 
solução-tampão citrato ou solução fisiológica), que 
fluidifica e facilita a manipulação da amostra e formação 
de sedimento após centrifugação. Porém, não foi 
24 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
comprovado que esse tratamento melhore a recuperação 
de fungos da amostra sendo, portanto, opcional. Pode-se 
utilizar, como alternativa, para digestão da amostra, 
solução de KOH 20%. A porção purulenta da amostra é 
preferível e porções liquefeitas não são adequadas para 
isolamento do agente. A porção da amostra tratada com 
KOH, porém, só pode ser usada para exame 
microscópico, pois a potassa destrói, após algumas 
horas, as estruturas do fungo, inviabilizando seu 
isolamento em meio de cultura. Neste caso, outra porção 
da amostra deve ser centrifugada e o sedimento usado 
para cultura; 
 tecidos obtidos por biópsia – requerem fragmentação, 
com o auxílio de um bisturi estéril ou maceração (gânglio) 
com pistilo em almofariz; pode ser feito dentro de uma 
placa de Petri estéril. Esse procedimento visa aumentar a 
área de superfície e expor o microrganismo ligado ao 
tecido, ao maior contato com o meio de cultura; 
sangue e aspirado de medula óssea – não necessitam 
preparação, sendo que o exame microscópico tem baixa 
sensibilidade e, portanto a cultura é importante para 
identificação do agente. Para cultura, as amostras são 
semeadas imediatamente, após a coleta, em frascos 
contendo meio de cultura. O meio pode ser bifásico (15 ml 
de ágar inclinado sob 50 ml de caldo) composto de 
infusão de cérebro-coração (meio BHI) ou Sabouraud. 
Meios contendo saponina para lise e posterior 
centrifugação da amostra são indicados. Na prática, 
frascos para hemocultura bacteriológica (simples ou 
automatizada), proporcionam isolamento adequado de 
fungos, desde que respeitado os períodos necessários ao 
seu desenvolvimento. Para fungos dimórficos, de 
crescimento lento (>15 d), muitos autores consideram o 
25 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
método de lise-centrifugação o mais sensível. O sangue e 
medula óssea não devem ser coletados em seringas 
contendo EDTA, pois esta substância se combina com 
elementos da parede dos fungos, diminuindo a 
sensibilidade do exame. Um dos procedimentos 
recomendados para é a inoculação de 5 a 6 ml da 
amostra no frasco com meio bifásico sendo, uma parte 
para 10 partes do meio líquido, que deve ser então, 
incubado à temperatura de 30°C. 
 
 
Exame microscópico de amostra e interpretação dos aspectos 
morfológicos 
A observação de um fungo na amostra biológica tem grande valor 
diagnóstico, pois demonstra a invasão do fungo no tecido e permite uma 
informação imediata ao médico, a qual pode ser crucial para determinar a terapia 
apropriada ao paciente. No entanto, se a quantidade da amostra biológica for 
insuficiente para o exame microscópico e cultura do material, a cultura, na maioria 
das amostras, tem prioridade sobre o exame microscópico, desde que é método 
mais específico e em muitos casos, mais sensível. O exame microscópico da 
amostra é realizado por várias técnicas, dependendo do tipo da amostra e suspeita 
clínica (ANVISA, 2005). 
Exame microscópico direto com hidróxido de potássio (KOH) a 20% 
É usado para exame de pelos, pele, unha, tecido obtido por biópsia, 
exsudatos espessos e outros materiais densos. Colocar uma gota de KOH 
(aquoso a 20%) em uma lâmina de microscopia e sobre esta, uma porção da 
amostra a ser examinada. Cobrir a preparação com uma lamínula e, para 
intensificar a clarificação, aquecer ligeiramente, sobre a chama de um bico de 
Bunsen, sem deixar ferver a mistura. Examinar a preparação após 20 minutos, em 
microscópioóptico comum, inicialmente, com objetiva de 10x, seguida de 40x. 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Exame microscópico direto com tinta nanquim (tinta da china) 
Utilizada em amostras de líquor, urina, secreções ou exsudatos, para 
visualização de leveduras capsuladas do gênero Cryptococcus, que se tornam 
mais evidentes contra o fundo negro proporcionado pela tinta. 
Colocar uma gota de tinta nanquim e uma gota do sedimento da amostra 
centrifugada, sobre uma lâmina. Cobrir a preparação com lamínula e observar ao 
microscópio óptico (objetivas de 10x e 40 x). 
Nesta técnica, um erro bastante frequente é confundir linfócitos com células 
de leveduras. A diferenciação é feita pela refringência da parede celular e das 
inclusões no citoplasma das leveduras, além da presença de brotamentos. 
Exame microscópico com coloração pelo método de gram 
Todos os fungos são Gram-positivos, assim a utilização da coloração não 
visa a diferenciação dos microrganismos, mas possibilita discriminar elementos 
fúngicos de artefatos existentes em urina, secreções e fezes. A amostra é 
espalhada de modo homogêneo, em movimentos circulares, em uma lâmina de 
microscopia, fixada com calor e submetida à coloração. 
Exame microscópico com coloração panótica (giemsa, leishman ou 
wright) 
Essas colorações são usadas para pesquisa de Histoplasma capsulatum em 
diversas amostras biológicas: medula óssea, sangue, aspirados e secreção 
cutânea. Nesses casos, faz-se um esfregaço semelhante ao usado para coloração 
de Gram. Fixa-se com metanol e cora-se segundo o método escolhido. Podem ser 
usadas ainda para corar imprints de tecidos obtidos por biópsia. 
A seguir estão esquematizados os principais aspectos morfológicos 
observados ao exame microscópico e os possíveis agentes etiológicos de acordo 
com a amostra biológica. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
VÍRUS 
 
Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios cujo genoma é constituído por 
um só tipo de ácido nucléico DNA ou RNA e que utiliza os sistemas enzimáticos 
celulares para síntese de elementos que fazem parte de sua estrutura. 
Vírus, do latim virus, significa veneno ou fluido venenoso. A palavra vírus foi 
usada desde a antiguidade até o final do século passado para designar vários tipos 
de agentes nocivos ou venenosos. A partir de 1850, cientistas observaram que 
algumas doenças apresentavam várias características de doenças infecciosas, 
porém sem o isolamento de microrganismos, o que os levou a pesquisar a 
existência de agentes nocivos diferentes dos já conhecidos. 
A partir de 1881, Pasteur colocou a raiva entre os parâmetros da teoria 
microbiana das doenças, tornando possível seu estudo experimental e controle 
através de inoculação em cérebro de cães e coelhos (JORGE, 2010). 
A primeira descrição parcial de vírus foi feita pelo cientista russo Dmitrii 
Ivanowski, em 1892, que relatou que o agente da doença vegetal mosaico do 
tabaco poderia passar livremente por filtros bacteriológicos. Loefler e Frosch, em 
1898, comprovaram a filtrabilidade dos vírus com experimentos com o agente 
etiológico da febre aftosa. Esses filtrados, apesar de reproduzirem a doença, não 
cresciam em meios artificiais como bactérias e fungos. 
Após esses achados, iniciou-se nova fase na microbiologia: o estudo de 
agentes infecciosos invisíveis, mesmo com os mais potentes microscópios da 
época. Inicialmente, os pesquisadores demonstraram existência de vírus animais e 
vegetais, e, posteriormente, vírus com capacidade de infectar as bactérias; os 
bacteriófagos. 
Roehe (2008) sintetiza que vírus são microrganismos que se replicam 
sempre dentro de células vivas; utilizam (em maior ou menor grau) o sistema de 
síntese das células e induzem a síntese de proteínas capazes de transferir o 
genoma viral para outras células. 
Os vírus, apesar de possuírem a capacidade de, a partir de uma unidade, 
originarem outras (mesmo que dentro de células), diferem dos demais seres vivos 
nas seguintes características: a) não apresentam a célula como unidade estrutural 
básica/como os demais seres vivos; b) apresentam apenas um tipo de ácido 
29 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
nucléico: DNA ou RNA; c) apresentam como constituintes orgânicos básicos o 
ácido nucléico e as proteínas; d) podem conter uma ou mais enzimas, 
entretanto seu conteúdo enzimático não é suficiente para reproduzir outro vírus; e) 
são inertes no ambiente extracelular; f) replicam-se somente em células vivas, 
sendo parasitas genéticos (JORGE, 2010). 
As viroses representam a principal causa de doenças em seres humanos, 
sendo responsáveis desde resfriados comuns até hepatites, encefalites fatais e 
pela síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). 
 
Características gerais 
Antes que fosse possível estudar a morfologia dos vírus no microscópio 
eletrônico, os pesquisadores tinham observado estruturas intracelulares 
associadas com infecções por vírus, as quais foram chamadas de corpúsculos de 
inclusão. São partículas arredondadas no citoplasma ou núcleo das células 
infectadas por alguns vírus. Atualmente, foi demonstrado que representam 
agregados ou colônias de vírus, contendo subunidades virais incompletas e vírus 
inteiros. Como exemplos de corpúsculos de inclusão citoplasmática pode-se citar 
os da varíola (corpúsculo de Guarniere) e da raiva (corpúsculo de Negri). Na 
varicela e herpes, os corpúsculos de inclusão são nucleares. 
Os menores vírus têm somente 17 nm de diâmetro e os maiores chegam a 
1000 nm (1 micrômetro). Mesmo os maiores têm uma pobre visibilidade ao 
microscópio óptico. A maioria dos vírus só pode ser detectada usando microscopia 
eletrônica de alta resolução (BOSSOLAN, 2002). 
Jorge (2010) fala em dimensões que variam de 20 a 300 nm, os maiores 
conhecidos seriam da varíola e da vacínia (200-300nm) e entre os menores, o da 
febre aftosa (10 nm) e poliomielite (28 nm). 
Microfotografias das imagens virais em microscopia eletrônica revelaram a 
forma, dimensões e estruturas internas dos vírus, demonstrando que cada vírus 
apresenta características próprias. A estrutura viral completa é denominada vírion. 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Cada partícula viral (ou vírion) pode ter as seguintes estruturas: 
 
Capsídio e envelope – o capsídio é uma capa protéica que circunda o ácido 
nucléico, e é composto de subunidades de proteína, os capsômeros, que são 
responsáveis pela especificidade viral. Todos os vírions possuem uma simetria de 
estrutura, podendo ou não apresentar um envoltório (envelope)contendo lipídeos ou 
lipoproteínas. Assim, os vírions com envelope são sensíveis aos solventes de lipídeos, 
tais como o éter, o clorofórmio e agentes emulsificantes (sais biliares e detergentes); 
Ácidos nucléicos – os vírus podem ter DNA ou RNA, mas nunca são 
encontrados os dois juntos no mesmo vírion. A estrutura dos ácidos nucléicos nos 
vírions pode ser linear ou circular; alguns vírus apresentam enzimas em sua 
constituição. Polimerases e transcriptases presentes em alguns vírus atuam em 
seu mecanismo de infeccionalidade (JORGE, 2010). 
 
Morfologicamente (com ilustração a seguir), os vírus podem ter: 
 
Simetria cúbica – são icosaédricos, apresentando vinte faces triangulares 
constituídas por proteínas (protômeros). Exemplos: vírus da poliomielite, 
adenovírus, herpesvírus; 
Simetria helicoidal – apresentam simetria tubular ou helicoidal. Exemplo: 
mosaico do tabaco, vírus vegetais (batata), influenza e caxumba; 
Complexos – possuem envelope e são geralmente pleomórficos, pois o 
envelope não é rígido. Exemplos: esféricos (arbovírus e arboencefalites), 
paralelepípedos (poxvírus e varíola) e bacteriófagos. 
31 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Sobre a taxonomia viral, Stephens et al. (2009) colocam ilustradamente a 
proposta do International Committee on Taxonomy of Viruses(ICTV) que vem 
aprimorando as normas de classificação viral passo a passo, estabelecendo, assim, 
uma taxonomia exclusiva para a organização dos vírus. O mais importante de todo 
esse princípio é que os vírus podem ser agrupados de acordo com as suas 
propriedades físicas, químicas e biológicas, assim como as das células que infectam. 
Dessa forma, os vírus podem ser classificados de acordo com o tipo de ácido 
nucléico, simetria do capsídeo, presença ou ausência do envelope, tamanho e 
sensibilidade às substâncias químicas. 
32 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
 
Replicação de vírus 
Bossolan (2008) explica que antes que qualquer vírus possa infectar uma 
célula animal, ele primeiro deve ligar-se a um receptor específico na membrana 
celular, provavelmente uma glicoproteína. Como já foi dito, muitos vírus podem ter 
um envelope rico em lipídeo envolvendo o capsídio. Do envelope de muitos vírus 
projetam-se “pontas” que podem conter glicoproteínas e lipídeos. As propriedades 
das moléculas que constituem o envelope estão relacionadas com a adesão do 
vírus a vários substratos. Se o envelope não está presente, as propriedades do 
capsídio determinam as características adesivas do vírus. 
A multiplicação dos vírus se faz por replicação, na qual as porções protéica e 
nucléica aumentam no interior das células hospedeiras sensíveis. Este processo 
pode ser dividido em etapas, que são comuns a todas as infecções virais: 
Adsorção 
A adsorção envolve a participação de receptores específicos na superfície 
da célula hospedeira (receptores glicoprotéicos) e das macromoléculas dos vírus. 
O processo parece ocorrer na superfície da célula hospedeira em duas fases: a 
primeira compreende adsorção preliminar por ligações iônicas e é facilmente 
33 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
reversível por alterações do pH ou da concentração salina do meio; a segunda 
fase parece ser mais firme e irreversível (JORGE, 2010). 
Penetração 
A penetração do vírus nas células pode ser por invaginação da membrana 
celular (endocitose mediada pelo receptor), por fusão do invólucro viral com a 
membrana celular e através da penetração viral através da membrana. Os vírus 
nus (sem envelope) parecem penetrar pelo mecanismo de fagocitose 
(BOSSOLAN, 2008). 
 
Desnudamento 
 É a remoção do envoltório protéico do vírus, pela ação de enzimas da célula 
parasitada. Após penetração, ocorre período durante o qual não há evidência 
de replicação (período de eclipse). Durante esse período, possivelmente 
ocorre desintegração do vírus, cujo ácido nucléico se torna, então disponível e apto 
a transmitir informação genética. 
 
Transcrição, Tradução e Replicação 
Ocorre de acordo com o vírus. Nas viroses animais, os vírus são 
classificados em seis classes, de acordo com o ácido nucléico que o constitui e a 
forma de replicação do mesmo. 
Explique-se que esta classificação viral foi definida por David Baltimore, em 
1971, a fim de correlacionar as características do ácido nucléico com as 
estratégias de replicação. Essa classificação não tem finalidade taxonômica, uma 
vez que o autor utiliza a já existente (STEPHENS et al., 2009). 
Classe I – vírus DNA de fita dupla – o DNA do vírus transcreve RNAm, que 
inicialmente produz enzimas para síntese do DNA que ocorre no citoplasma. 
Posteriormente, ocorre síntese das proteínas virais. São vírus de classe I os 
Herpesvírus, Poxvírus, Adenovírus e Papovírus. 
Classe II – vírus DNA de fita simples – o DNA do vírus é duplicado no 
núcleo da célula, juntamente com o genoma da mesma, através dos mecanismos 
celulares. A partir da sequência do DNA do vírus é sintetizado RNAm, que é 
traduzido em proteínas virais. São vírus classe II os Parvovírus. 
34 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Classe III – vírus RNA de fita dupla – o RNA viral de fita dupla é 
constituído por segmentos distintos, os quais são copiados em RNAm e traduzidos 
em proteínas virais. O RNA viral é sintetizado no citoplasma, sendo copiada 
apenas uma fita do RNA, a qual, a seguir, é complementada, formando RNA de fita 
dupla. Os Reovírus são de classe III. 
Classe IV – vírus RNA de fita simples positiva – o próprio RNA viral é o RNA 
mensageiro. Quando o RNA de fita única do vírus atua diretamente como RNAm, 
são chamados de vírus de cadeia positiva (Fita +). O RNAm do vírus contém 
informação genética para produção da RNA polimerase própria. A replicação 
ocorre no citoplasma através de um processo complexo. São vírus classe IV os 
Picornavírus e Togavírus. 
Classe V – vírus RNA de fita simples negativa e enzima polimerase – RNA- 
dependente – o RNA viral é copiado em fitas simples de RNA através da enzima 
polimerase-RNA-dependente de origem viral. A replicação se faz através dessas 
fitas simples de RNA, que servem de molde para o genoma viral e para a síntese 
de RNAm. Os vírus, que devem replicar seu RNA primeiro para depois formar o 
RNAm, são chamados de vírus de cadeia negativa (fita -). São classe V os 
Paramixovírus e Rabdovírus. 
Classe VI – vírus RNA de fita simples com presença de DNA complementar 
– são chamados retrovírus e possuem como parte de sua estrutura a enzima 
transcriptase reversa, a qual possui ação na síntese de DNA complementar 
intermediário ao RNA viral; ação de nuclease, digerindo o RNA das moléculas 
híbridas (RNA-DNA) e síntese de fitas duplas de DNA, o qual transcreve para o 
RNA viral e para o RNAm. A síntese dos ácidos nucléicos virais ocorre tanto no 
núcleo como no citoplasma. Em geral, a replicação do DNA ocorre no núcleo 
(exceto para poxvírus) e a replicação do RNA no citoplasma. 
 
Maturação e Liberação Viral 
A maturação representa o acoplamento das subunidades formando o vírus 
completo. O processo de liberação é diferente conforme o agente viral. Em alguns 
casos, a lise celular resulta na liberação concomitante das partículas virais. Em 
35 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
outros, a maturação e a liberação são relativamente lentas e os vírus são liberados 
sem a destruição da célula hospedeira (exocitose). 
Bossolan (2008) explica que os vírus são capazes de dirigir a síntese dos 
componentes essenciais para sua progênie e de acoplar estes materiais sob a 
forma de vírions maduros, no núcleo e/ou no citoplasma da célula infectada. 
Vírus bacterianos - bacteriófagos 
Bacteriófago significa comedor de bactérias. Vírus que infectam bactérias 
foram observados, independentemente, por Twort (1915) na Inglaterra e por 
d'Herelle no Instituto Pasteur de Paris, em 1917. Cada um desses pesquisadores 
verificou que culturas jovens de bactérias entéricas podiam ser dissolvidas pela 
adição de filtrados assépticos de certas amostras de esgoto. O caldo claro, outra 
vez filtrado e acrescentado a culturas de bacterianas suscetíveis, repetia o efeito. 
Esse fato tornou-se conhecido como fenômeno de Twortd'Herelle, sendo o fator 
lítico chamado de bacteriófago por d'Herelle. 
Os vírus das bactérias são amplamente distribuídos na Natureza, existindo 
fagos para a maioria, senão a totalidade das bactérias. Estruturalmente, 
assemelham-se aos demais vírus, sendo constituídos por ácido nucléico 
circundado por uma camada protéica (JORGE, 2010). 
Os bacteriófagos têm o cerne de ácido nucléico envolvido por um capsídeo 
de natureza protéica, como os outros vírus. Existem 3 formas básicas de 
bacteriófagos: cabeça icosaédrica sem cauda, cabeça icosaédrica com cauda e 
filamentosa. Com relação ao ciclo de vida, os bacteriófagos podem ser líticos (ou 
virulentos) e temperados (ou avirulentos). 
No ciclo lítico, os fagos líticos destroem as células hospedeiras bacterianas. 
No processo infeccioso lítico, após a replicação do vírion, a célula 
hospedeira rompe-se, liberando nova progênie de fagos para infectar 
outras células hospedeiras. 
Os fagos temperados não destroem suas células hospedeiras. Em vez disso, 
o ácido nucléico viral é integrado ao genoma da célulahospedeira e replica-se na 
célula bacteriana hospedeira de uma geração a outra, sem que haja lise celular. 
Este processo é denominado lisogenia e é realizado somente pelos fagos que 
possuem DNA de fita dupla (BOSSOLAN, 2008). 
 
36 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
Vírus de doenças humanas 
Os vírus infectam diferentes hospedeiros, desde microrganismos 
intracelulares, como micoplasmas, bactérias e algas até todas as plantas e animais 
superiores. São conhecidos mais de trezentos vírus que infectam seres humanos, 
os quais produzem diversas doenças (em torno de cinquenta síndromes distintas já 
foram caracterizadas) com diversas manifestações clínicas. 
Em relação às doenças produzidas por vírus, é importante salientar: 
 Muitas são subclínicas. 
 A mesma doença pode ser produzida por vários tipos de vírus, assim 
como o mesmo vírus pode produzir diferentes doenças. 
 A doença produzida não tem relação com a morfologia do vírus. 
 A evolução da doença é determinada pela constituição genética do vírus e do 
hospedeiro (JORGE, 2010). 
Vírus DNA 
Os vírus animais são divididos em vírus DNA e vírus RNA. Vírus DNA que 
produzem doenças em seres humanos incluem: parvovírus, papovavírus, 
adenovírus, herpesvírus e poxvírus. 
 
Vírus RNA 
Vírus RNA que causam doenças em seres humanos incluem: picornavírus, 
togavírus, paramixovírus, ortomixovírus, rabdovírus, reovírus e retrovírus. 
Os quadros abaixo mostram as principais doenças produzidas por vírus no 
ser humano, com base na sintomatologia que apresentam e as principais classes 
de vírus DNA e RNA que produzem doenças em seres humanos e as doenças que 
causam. 
Principais doenças humanas produzidas por vírus, de acordo com a 
sintomatologia e com o(s) tecido(s) que afeta(m) 
 
37 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
 
Principais classes de vírus DNA que produzem doenças em seres 
humanos e as doenças que causam 
 
38 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Principais classes de vírus RNA que produzem doenças em seres 
humanos e as doenças que causam 
 
39 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
INFECÇÕES E HEPATITES VIRAIS 
A doença viral ocorre em consequência da infecção viral em um hospedeiro, 
o qual pode apresentar ou não sinais e sintomas clínicos. Em muitos casos, a 
infecção viral não é capaz de causar alterações clínicas visíveis no indivíduo, 
infecção inaparente ou subclínica. Entretanto, quando observamos alterações 
clínicas no hospedeiro, chamamos de infecção sintomática ou aparente. 
Algumas infecções virais podem causar o que chamamos de síndrome, que 
consiste em um grupo de sinais (é o que o médico ou pessoas próximas ao 
paciente observam, como lesões na pele, vômito e diarreia) e sintomas (é o que o 
paciente relata como dor no corpo, tontura) específicos, caracterizando uma 
determinada infecção. Sendo assim, podemos considerar que um mesmo vírus 
pode causar sintomas clínicos diferentes (STEPHENS et al., 2009). 
40 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
O quadro abaixo mostra uma correlação entre alguns sintomas clínicos da 
via respiratória e o agente viral: 
 
Os diferentes sinais e sintomas da doença viral observados em um 
hospedeiro são determinados por características específicas do agente, e também 
do hospedeiro, as quais são influenciadas por fatores genéticos de ambos. 
A patogênese viral refere-se à interação de fatores virais e do hospedeiro, 
que levam à produção de doença. Um vírus patogênico tem que ser capaz de 
infectar e causar sinais da doença em um hospedeiro suscetível. 
No processo da patogênese viral, podemos observar doenças mais severas 
ou mais brandas. Isso ocorre devido à existência de cepas virais mais ou menos 
virulentas, ou às diferentes respostas imunológicas do hospedeiro. 
As respostas das células dos hospedeiros suscetíveis às infecções virais 
podem ocorrer através de três caminhos diferentes: ausência de alterações 
aparentes, efeito citopático (CPE) seguido de morte e transformação celular 
(crescimento alterado) (STEPHENS et al., 2009). 
Na infecção localizada, a replicação viral permanece próxima ao sítio de 
entrada do vírus. Exemplo: pele, tratos respiratório e gastroentérico. Na infecção 
sistêmica ou disseminada, o espalhamento do agente pelo organismo ocorre em 
várias etapas, como entrada, disseminação para os linfonodos regionais, viremia 
41 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
primária e disseminação para órgãos suscetíveis. Após a viremia secundária, os 
vírus são disseminados para outros órgãos, como cérebro, pulmão, pele, etc. 
Existe uma predileção dos vírus para determinados órgãos. Os vírus das 
hepatites, por exemplo, atingem principalmente o fígado. É o que chamamos de 
tropismo viral. 
Falando em hepatite viral... 
O termo hepatite viral é usado para designar alterações hepáticas, 
associadas a agentes infecciosos virais. Vários são os vírus que podem afetar o 
fígado, como o vírus da hepatite A, B, C, D, E, Herpes simples, Epstein-
Barr, Citomegalovírus e febre amarela. O vírus da hepatite B (HBV) destaca-
se dos demais não só por alta prevalência entre profissionais de saúde, como 
também por provocar lesões como cirrose e câncer hepático. Além 
disso, o HBV é presentemente a única forma que pode ser prevenida por 
vacinação efetiva e sem efeitos colaterais (JORGE, 2010). 
Nos quadros a seguir teremos a descrição sucinta dos principais tipos de 
hepatites virais, bem como as principais características, nomenclatura, antígenos e 
anticorpos dos vírus da hepatite. 
42 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Características do vírus da Hepatite 
 
 
Nomenclatura, definições, antígeno e anticorpos dos vírus da Hepatite 
43 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
 
Em se tratando da Hepatite B, o teste deve ser realizado quando houver 
evidências sorológicas de infecção por HBV. A interpretação dos testes sorológicos 
para Hepatites se encontra no quadro a seguir: 
 
 
44 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
Lee, J.J.; Leedale, G.F.; Bradbury, P.C. An Illustrated Guide To The Protozoa. 
Blackwell Pub. Patterson, D. J. Free-Living Freshwater Protozoa: A Colour Guide. ASM 
Press and Manson Publishing.223 pages. 1996. John J. K. Lee ; Gordon F. Leedale; 
Phyllis C. Bradbury (Editores) An Illustrated Guide to the Protozoa: Organisms 
Traditionally Referred to as Protozoa, or Newly Discovered Groups. 
Blackwell Publishers.689 pages. 2000. Ruppert, E.E.; R.S. Fox; R.D. Barnes.Zoologia 
dos invertebrados. Editora: Roca. 1168p. 2005 Menezes, M. (Org); Bicudo, C.EM. 
(Org.). 
Gêneros de Algas de Águas Continentais do Brasil: chave para identificação e 
descrições. 2a.ed. São Carlos: Rima, 2006. v. 1. 502pp. 
Brock, t. D.; Madigan, m. T.; Martinko, j. M. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo: 
Prentice Hall. 608 p. 2004. Neder, R. N.. Microbiologia: manual de laboratório. São 
Paulo: Nobel. 138 p. 1992. 
Moreira, F. M. S.; Siqueira, J.O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. 2 ed. Editora 
UFLA,. 729p. 2006. 
Pelczar Jr., J. M. Microbiologia: critérios e aplicações vol 1 e 2. 2ºed. São Paulo: 
Makron Books , 1996. 
 Ribeiro, M. C. Microbiologia pratica: roteiro e manual: bactérias e fungos. São Paulo: 
Atheneu,. 112 p. 2000. 
Strohl, W. A.; Rouse, H.; Fischer, B. D.; Harvey, R. A (Coord.). Microbiologia ilustrada. 
Porto Alegre: Artmed. 531 p. 2004.

Outros materiais