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FÁRMACOS DE ATUAÇÃO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Enf. Thiago Souza Sistema Nervoso Central • A função cerebral define a diferença entre os seres humanos e as outras espécies; • Alterações da função cerebral, sejam primárias ou secundárias, levam a disfunções de outros sistemas e, muitas vezes, exigem intervenções farmacológicas; • O cérebro controla as principais funções em escalas de tempo que variam de milissegundos através da liberação de mediadores; • Os processos básicos da transmissão sináptica, no sistema nervoso central, são similares aos que operam na periferia. � Doenças neurodegenerativas • Erros no dobramento (misfolding) e agregação proteicas são a primeira etapa em muitas doenças degenerativas; • O dobramento significa a adoção de conformações anômalas por certas proteínas normalmente expressas, de maneira que elas tendem a formar grandes agregados insolúveis. • Doença de Alzheimer (DA) � Degeneração de neurônios hipocampais e do prosencéfalo basal, circuitos que apresentam a acetilcolina como molécula transmissora e é responsável pela formação de memória de curta duração. A perda de neurônios colinérgicos é responsável pela redução progressiva da memória de curta duração, maior sintoma da patologia. • Dois aspectos microscópicos são característicos da doença: • Placas amiloides, que são depósitos extracelulares amorfos da proteína Beta-amiloide; • Aglomerados que são neurofibrilares intraneuronais de filamentos de uma forma fosforilada da proteína associada ao microtúbulo. � Esses dois depósitos resultam da enoveladura errada das proteínas nativas que � aparecem em cérebros normais, porém em menor número. � O aparecimento precoce da proteína amiloide pressagia o desenvolvimento da DA, embora os sintomas possam não se desenvolver por muitos anos. Medicamentos Anticolinesterásicos � Atuam inibindo a enzima de degradação da acetilcolina (acetilcolinesterase), aumentando a quantidade deacetilcolina disponível na sinapse colinérgica. � Exemplos: • Tacrina – Fisiostignina, melhora de 40% na memória de curta duração e cognição; • Não melhora as alterações funcionais que afetam a qualidade de vida; • Apresentam efeitos indesejáveis com náuseas, cólicas abdominais e hepatoxicidade; • Donepezil – apresenta menor hepatotoxicidade; • Rivastignina – duração mais longa e seletivo para SNC, menos efeitos periféricos; • Galantamina – alcaloide de plantas, promove também ativação alostérica dos receptores colinérgicos • nicotínicos cerebrais. � Efeitos colaterais: • Efeitos periféricos, midríase, boca seca, aumento da frequência cardíaca, inibição de peristalse e retenção urinária. � Medicamentos que reduzem a formação das placas amiloides: • Ibuprofeno e indometacina – promovem um efeito não relacionado com o bloqueio da COX; • Vasodilatadores como a hidroergotamina, agonistas muscarínicos como a pilocarpina e arecolina; • Agentes como quelantes de metais (amebecida clioquinol) como zinco e chumbo também são utilizados, experimentalmente, para reduzir a neurodegeneração. � Efeitos indesejáveis: • Alterações mentais como alucinações e delírios, com duração de 48 horas; • Alterações na percepção de cores/sons; • Sensações de estranheza, medo, confusão mental, ideias de perseguição, dificuldades de memória, síndrome que adota a forma de um surto psicótico agudo; • Os delírios e as alucinações dependem bastante da personalidade da pessoa e de sua condição. DOENÇA DE PARKINSON � Alteração progressiva dos movimentos que ocorre, principalmente, em idosos. � Sintomas: • Supressão dos movimentos voluntários (hipocinesia), devida parcialmente à rigidez muscular e à inércia inerente do sistema motor, que dificultam o início e o término dos movimentos; • Tremor em repouso, com início nas mãos (tremor do tipo “contar dinheiro”), que tende a diminuir durante a atividade voluntária; • Rigidez muscular, detectável como o aumento na resistência passiva ao movimento do membro; • Grau variável de comprometimento cognitivo. MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS � Fármacos que substituem a dopamina: Levodopa; � Fármacos inibidores da dopa-descarboxilase: Carbidopa, benzerazida; � Fármacos inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT); � Fármacos agonistas dopaminérgicos D2 e D3: Bromocriptina, pergolida, lisurida, pramipexol; � Fármacos inibidores da MAO-B: Selegilina; � Fármacos que liberam dopamina: Amantidina; � Fármacos antagonistas muscarínicos: Bezatropina � Tratamento de primeira escolha • Levodopa (L-dopa) — precursor da dopamina e sintetizada pela ação da enzima dopa descarboxilase. � Drogas associadas: • Inibidores da dopa descarboxilase — não penetram a barreira hematoencefálica e reduzem os efeitos indesejáveis periféricos; • Inibidores da degradação da dopamina — meia vida curta, melhora inicial de 80% dos pacientes, reduz rigidez e hipocinesia; � Carbidopa — eficácia se reduz com tempo (média de 10 anos de uso), com o tempo, ocorre dessensibilização do receptor e down regulation de sua síntese; pode estar envolvida na aceleração do processo de degeneração, mas aumenta a expectativa de vida dos pacientes. � Efeitos indesejáveis • Discinesia, movimentos corporais não habituais e incontrolados; • Redução da eficácia; • Aumento da dose com aumento de efeitos indesejáveis; � rigidez potente e inesperada que impossibilita a marcha e o movimento com causa desconhecida, talvez relacionada à dificuldade de armazenar ou liberar dopamina na fenda sináptica; • Náuseas e anorexia, revertidos com domperidona, antagonista periférico; • Hipotensão postural em associação com anti-hipertensivos; • Efeitos psicológicos como produzir síndrome semelhante à esquizofrenia, com alucinações, confusão mental, desorientação insônia ou pesadelos. Distúrbios afetivos � Ansiedade — evento normal, em determinados episódios como resposta reflexa a momentos de stress, medo, espera (vigília), perigo iminente, entre outras possíveis situações de tensão. Entretanto, a ansiedade, deve ser um evento passageiro, relacionado à gravidade da situação. Posteriormente, temos que voltar a nosso estado de normalidade, equilíbrio neuroafetivo e fisiológico; � Ansiedade crônica — permanece exacerbada, gera complicações de somação afetiva (psicossomáticas), alterando sentimentos, e leva à perda de controle emocional, manias e alucinações. Afeta o sistema límbico, SNA simpático, sistema motor, entre outras áreas encefálicas. � Sintomas: Modificação do ciclo circadiano gerando insônia ou mesmo dormindo por todo o dia, inquietação, alterações no apetite, pânico, fobias, manias, alucinações e convulsões; Aumento da atividade simpática, efeitos cardiovasculares, como taquicardia, hipertensão � Fármacos ansiolíticos � Os medicamentos procuram reduzir a hiperatividade cerebral através da hiperpolarização, gerada pelo aumento do influxo de cloro ou alterações no sódio e potássio. � Os mecanismos inibitórios são: • aumento no influxo do cloro; • redução da entrada de sódio; • aumento da polaridade intracelular. � Efeitos desejados: • induzem o sono; • geram sedação e acalmam; • minimizam processos convulsivos � Fármacos benzodiazepínicos (BZD) o Eles podem gerar quatro atividades fundamentais: • Ansiolítico; • Hipnótico; • Anticonvulsivante e; • Relaxante muscular. o Alguns também apresentam um efeito de amnésia anterógrada; o Essa classe apresenta efeito de indução do sono e do coma sendo indicado em pacientes em UTIs; o O clordiazepan foi sintetizado na década de 1960, tornou-se o ansiolítico mais utilizado clinicamente. � Amnésia anterógrada � Esse efeito parece estar relacionado com a redução da atividade neurológica hipocampal, devido a processo hiperpolarizante, que reduz a formação da memória de curto prazo. � Dormonid/Midazolan promovem esses efeito que ocorrem quando o paciente ainda está sobre o efeito do fármaco. Os efeitos indesejáveis são muito pouco observados, quando utilizados devidamente. Os mais comuns são resultantes de superdosageme interação medicamentosa com etanol, tolerância e dependência � Barbitúricos — potentes depressores do sistema nervoso central, que atuam reduzindo a ansiedade, gerando sedação. Atua exacerbando a atividade do receptor gabaérgico, através de uma ligação de difícil reversibilidade, o que torna o fármaco muito perigoso em dose elevada, gerando inconsciência e morte por falência respiratória, seguida de parada cardíaca. � Atualmente, os barbitúricos só são utilizados em processos anestésicos, no tratamento de epilepsia, não sendo mais indicados no tratamento da ansiedade. � Exemplos: • Fenobarbital (Gardenal) – anticonvulsivante; • Tiopental – pré-anestésico; • Pentobarbital (Hypnol) – hipnótico. � Depressão � É um evento que acontece com a perda de um objeto ou pessoa, entretanto quando isso ocorre, por longo tempo ou sem uma causa aparente, torna-se uma patologia que deve ser tratada. � Causas: • Envolvem fatores genéticos que provocam alterações na transmissão sináptica, podendo ser ativados por eventos traumáticos; stress; consumo de drogas lícitas e ilícitas; doenças como hipotireoidismo, também podem ser um fator desencadeador; • As mulheres parecem ser mais vulneráveis aos distúrbios afetivos em virtude de alterações hormonais. � Processos convulsivos � A epilepsia é um distúrbio que acomete desde crianças recém-nascidas até adultos em todas as idades. Ela ocorre por diversas causas, podendo surgir sintomas congênitos, além da exacerbação de distúrbios ansiolíticos, de traumas ou mesmo uso de drogas � Fármacos anticonvulsivantes � São drogas que bloqueiam canais de sódio e cálcio ou ativam a transmissão gabaérgica. � Principais classes de anticonvulsivantes: • Potencialização do GABA • Benzodiazepínicos (Rivotril); • Barbitúricos (Gardenal); • Inibição de canais de sódio: • Carbamazepina (Tegretol); • Oxcarbazepina (Trileptal); • Fenitoína (Hidantal); • Inibição de canais de cálcio: • Gabapentina
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