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3- FÁRMACOS DE ATUAÇÃO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

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FÁRMACOS DE ATUAÇÃO
NO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
Enf. Thiago Souza
Sistema Nervoso Central
• A função cerebral define a diferença entre os seres humanos e as outras espécies;
• Alterações da função cerebral, sejam primárias ou secundárias, levam a disfunções de
outros sistemas e, muitas vezes, exigem intervenções farmacológicas;
• O cérebro controla as principais funções em escalas de tempo que variam de
milissegundos através da liberação de mediadores;
• Os processos básicos da transmissão sináptica, no sistema nervoso central, são similares
aos que operam na periferia.
� Doenças neurodegenerativas
• Erros no dobramento (misfolding) e agregação proteicas são a primeira
etapa em muitas doenças degenerativas;
• O dobramento significa a adoção de conformações anômalas por certas
proteínas normalmente expressas, de maneira que elas tendem a formar
grandes agregados insolúveis.
• Doença de Alzheimer (DA)
� Degeneração de neurônios hipocampais e do prosencéfalo basal, circuitos que apresentam a
acetilcolina como molécula transmissora e é responsável pela formação de memória de curta duração. A
perda de neurônios colinérgicos é responsável pela redução progressiva da memória de curta duração,
maior sintoma da patologia.
• Dois aspectos microscópicos são característicos da doença:
• Placas amiloides, que são depósitos extracelulares amorfos da proteína Beta-amiloide;
• Aglomerados que são neurofibrilares intraneuronais de filamentos de uma forma fosforilada da proteína
associada ao microtúbulo.
� Esses dois depósitos resultam da enoveladura errada das proteínas nativas que
� aparecem em cérebros normais, porém em menor número.
� O aparecimento precoce da proteína amiloide pressagia o desenvolvimento da DA, embora os sintomas
possam não se desenvolver por muitos anos.
Medicamentos Anticolinesterásicos
� Atuam inibindo a enzima de degradação da acetilcolina (acetilcolinesterase),
aumentando a quantidade deacetilcolina disponível na sinapse colinérgica.
� Exemplos:
• Tacrina – Fisiostignina, melhora de 40% na memória de curta duração e cognição;
• Não melhora as alterações funcionais que afetam a qualidade de vida;
• Apresentam efeitos indesejáveis com náuseas, cólicas abdominais e hepatoxicidade;
• Donepezil – apresenta menor hepatotoxicidade;
• Rivastignina – duração mais longa e seletivo para SNC, menos efeitos periféricos;
• Galantamina – alcaloide de plantas, promove também ativação alostérica dos
receptores colinérgicos
• nicotínicos cerebrais.
� Efeitos colaterais:
• Efeitos periféricos, midríase, boca seca, aumento da frequência cardíaca, inibição de
peristalse e retenção urinária.
� Medicamentos que reduzem a formação das placas amiloides:
• Ibuprofeno e indometacina – promovem um efeito não relacionado com
o bloqueio da COX;
• Vasodilatadores como a hidroergotamina, agonistas muscarínicos como a
pilocarpina e arecolina;
• Agentes como quelantes de metais (amebecida clioquinol) como zinco e
chumbo também são utilizados, experimentalmente, para reduzir a
neurodegeneração.
� Efeitos indesejáveis:
• Alterações mentais como alucinações e delírios, com duração de 48 horas;
• Alterações na percepção de cores/sons;
• Sensações de estranheza, medo, confusão mental, ideias de perseguição,
dificuldades de memória, síndrome que adota a forma de um surto
psicótico agudo;
• Os delírios e as alucinações dependem bastante da personalidade da
pessoa e de sua condição.
DOENÇA DE PARKINSON
� Alteração progressiva dos movimentos que ocorre, principalmente, em
idosos.
� Sintomas:
• Supressão dos movimentos voluntários (hipocinesia), devida parcialmente
à rigidez muscular e à inércia inerente do sistema motor, que dificultam o
início e o término dos movimentos;
• Tremor em repouso, com início nas mãos (tremor do tipo “contar dinheiro”),
que tende a diminuir durante a atividade voluntária;
• Rigidez muscular, detectável como o aumento na resistência passiva ao
movimento do membro;
• Grau variável de comprometimento cognitivo.
MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS
� Fármacos que substituem a dopamina: Levodopa;
� Fármacos inibidores da dopa-descarboxilase: Carbidopa, benzerazida;
� Fármacos inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT);
� Fármacos agonistas dopaminérgicos D2 e D3: Bromocriptina, pergolida,
lisurida, pramipexol;
� Fármacos inibidores da MAO-B: Selegilina;
� Fármacos que liberam dopamina: Amantidina;
� Fármacos antagonistas muscarínicos: Bezatropina
� Tratamento de primeira escolha
• Levodopa (L-dopa) — precursor da dopamina e sintetizada pela ação da
enzima dopa descarboxilase.
� Drogas associadas:
• Inibidores da dopa descarboxilase — não penetram a barreira
hematoencefálica e reduzem os efeitos indesejáveis periféricos;
• Inibidores da degradação da dopamina — meia vida curta, melhora
inicial de 80% dos pacientes, reduz rigidez e hipocinesia;
� Carbidopa — eficácia se reduz com tempo (média de 10 anos de uso),
com o tempo, ocorre dessensibilização do receptor e down regulation de
sua síntese; pode estar envolvida na aceleração do processo de
degeneração, mas aumenta a expectativa de vida dos pacientes.
� Efeitos indesejáveis
• Discinesia, movimentos corporais não habituais e incontrolados;
• Redução da eficácia;
• Aumento da dose com aumento de efeitos indesejáveis;
� rigidez potente e inesperada que impossibilita a marcha e o movimento
com causa desconhecida, talvez relacionada à dificuldade de
armazenar ou liberar dopamina na fenda sináptica;
• Náuseas e anorexia, revertidos com domperidona, antagonista periférico;
• Hipotensão postural em associação com anti-hipertensivos;
• Efeitos psicológicos como produzir síndrome semelhante à esquizofrenia,
com alucinações, confusão mental, desorientação insônia ou pesadelos.
Distúrbios afetivos
� Ansiedade — evento normal, em determinados episódios como resposta
reflexa a momentos de stress, medo, espera (vigília), perigo iminente,
entre outras possíveis situações de tensão. Entretanto, a ansiedade, deve
ser um evento passageiro, relacionado à gravidade da situação.
Posteriormente, temos que voltar a nosso estado de normalidade,
equilíbrio neuroafetivo e fisiológico;
� Ansiedade crônica — permanece exacerbada, gera complicações de
somação afetiva (psicossomáticas), alterando sentimentos, e leva à
perda de controle emocional, manias e alucinações. Afeta o sistema
límbico, SNA simpático, sistema motor, entre outras áreas encefálicas.
� Sintomas: Modificação do ciclo circadiano gerando insônia ou mesmo
dormindo por todo o dia, inquietação, alterações no apetite, pânico,
fobias, manias, alucinações e convulsões; Aumento da atividade
simpática, efeitos cardiovasculares, como taquicardia, hipertensão
� Fármacos ansiolíticos
� Os medicamentos procuram reduzir a hiperatividade cerebral através da
hiperpolarização, gerada pelo aumento do influxo de cloro ou alterações
no sódio e potássio.
� Os mecanismos inibitórios são:
• aumento no influxo do cloro;
• redução da entrada de sódio;
• aumento da polaridade intracelular.
� Efeitos desejados:
• induzem o sono;
• geram sedação e acalmam;
• minimizam processos convulsivos
� Fármacos benzodiazepínicos (BZD)
o Eles podem gerar quatro atividades fundamentais:
• Ansiolítico;
• Hipnótico;
• Anticonvulsivante e;
• Relaxante muscular.
o Alguns também apresentam um efeito de amnésia anterógrada;
o Essa classe apresenta efeito de indução do sono e do coma sendo
indicado em pacientes em UTIs;
o O clordiazepan foi sintetizado na década de 1960, tornou-se o ansiolítico
mais utilizado clinicamente.
� Amnésia anterógrada
� Esse efeito parece estar relacionado com a redução da atividade
neurológica hipocampal, devido a processo hiperpolarizante, que reduz a
formação da memória de curto prazo.
� Dormonid/Midazolan promovem esses efeito que ocorrem quando o
paciente ainda está sobre o efeito do fármaco. Os efeitos indesejáveis
são muito pouco observados, quando utilizados devidamente. Os mais
comuns são resultantes de superdosageme interação medicamentosa
com etanol, tolerância e dependência
� Barbitúricos — potentes depressores do sistema nervoso central, que atuam reduzindo
a ansiedade, gerando sedação. Atua exacerbando a atividade do receptor
gabaérgico, através de uma ligação de difícil reversibilidade, o que torna o fármaco
muito perigoso em dose elevada, gerando inconsciência e morte por falência
respiratória, seguida de parada cardíaca.
� Atualmente, os barbitúricos só são utilizados em processos anestésicos, no tratamento
de epilepsia, não sendo mais indicados no tratamento da ansiedade.
� Exemplos:
• Fenobarbital (Gardenal) – anticonvulsivante;
• Tiopental – pré-anestésico;
• Pentobarbital (Hypnol) – hipnótico.
� Depressão
� É um evento que acontece com a perda de um objeto ou pessoa, entretanto
quando isso ocorre, por longo tempo ou sem uma causa aparente, torna-se
uma patologia que deve ser tratada.
� Causas:
• Envolvem fatores genéticos que provocam alterações na transmissão sináptica,
podendo ser ativados por eventos traumáticos; stress; consumo de drogas lícitas
e ilícitas; doenças como hipotireoidismo, também podem ser um fator
desencadeador;
• As mulheres parecem ser mais vulneráveis aos distúrbios afetivos em virtude de
alterações hormonais.
� Processos convulsivos
� A epilepsia é um distúrbio que acomete desde crianças recém-nascidas
até adultos em todas as idades. Ela ocorre por diversas causas, podendo
surgir sintomas congênitos, além da exacerbação de distúrbios ansiolíticos,
de traumas ou mesmo uso de drogas
� Fármacos anticonvulsivantes
� São drogas que bloqueiam canais de sódio e cálcio ou ativam a transmissão gabaérgica.
� Principais classes de anticonvulsivantes:
• Potencialização do GABA
• Benzodiazepínicos (Rivotril);
• Barbitúricos (Gardenal);
• Inibição de canais de sódio:
• Carbamazepina (Tegretol);
• Oxcarbazepina (Trileptal);
• Fenitoína (Hidantal);
• Inibição de canais de cálcio:
• Gabapentina

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