Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NEUROFARMACOLOGIA – RESUMO GERAL – JOÃO VITOR DUARTE ANTIDEPRESSIVOS Introdução • Os fármacos antidepressivos não são usados apenas na patologia da depressão; ou seja, têm indicação múltipla: (1) depressão; (2) transtornos de ansiedade (TAG, fobia social, etc); (3) dores crônicas; e (4) hiperssexualidade. • Entretanto, a aula foca o contexto da depressão; Etiologia • A depressão possui etiologia desconhecida. Sabe-se, porém, que a sua origem é multifatorial (emocional, ambiental, estressores, e vulnerabilidade genética); • A Tristeza Normal difere da Depressão, pois possui fator causal, melhora com o tempo, reage a estímulos, prejuízo funcional limitado, menos duradoura, sem lentificação psicomotora (fadiga). • A mulher é 3x mais propensa ao desenvolvimento de depressão; Hipóteses sobre a patogênese da depressão 1. Teoria das monoaminas • A depressão seria causada por déficit de monoaminas (sobretudo NA e 5-HT) em certos locais do cérebro; • Com base nisso, questiona-se: por que os fármacos elevam as concentrações de NA e 5-HT quase de imediato, mas os efeitos antidepressivos só surgem após algumas semanas? • Logo, monoaminas devem ser pensadas como reguladoras de efeitos tróficos a longo prazo e ñ como causadoras diretas da depressão em caso de déficit. • Obs: Não há como diferenciar se há falta de NA, DA ou 5-HT (não há “marcadores” para isso); dessa forma, o tratamento é empírico, pois os fármacos têm mais ou menos ação em cada um desses neurotransmissores, de modo que os pacientes podem responder melhor a um ou outro fármaco. 2. Relação Eixo-HHA – Neurogênese • Os fatores estressores ativam o eixo HHA, elevando os níveis de cortisol – o qual tem o efeito de “matar” (Felipe usou esse termo) neurônios, sobretudo no Hipocampo e CPF. • O efeito neuroquímico agudo (curto-prazo) dos AD é a elevação das monoaminas. • Entretanto, a longo prazo, induzem neurogênese (formação de novos circuitos, conexões etc), pois os AD estimulam a produção de BDNF (justificando a demora no efeito, visto que é necessário a síntese proteica, etc...) Por isso, há correntes que dizem que o uso crônico de corticoides pode elevar a propensão à depressão! 3. Processo inflamatório • É possível que os transtornos psiquiátricos tenham relação com processos inflamatórios (interleucinas, ROS...) tanto centrais quanto periféricos. • Fármacos atuais ñ tem ação qualquer nesse processo. 4. Teoria da Dessensibilização dos Receptores • ??? Não há teoria correta, e sim um mix delas! Os fármacos ADTs (Tricíclicos) (Felipe chama 1ªG) • Mecanismo: bloqueiam as proteínas de recaptação de NA e 5-HT (NAT e SERT); ou seja, não são seletivos! • Elevado perfil de efeito colateral: São inespecíficos e também agem bloqueando H1, M1 e α1; ▪ H1 (efeito fisiológicos → alerta e vigília // saciedade): sedação e ganho de peso. ▪ M1: Boca seca (xerostomia), visão turva, constipação e retenção urinária. ▪ α1: Hipotensão ortostática. Outros efeitos: ▪ Efeito sobre canais de Na+ voltagem- dependentes: ➢ No coração → leva a arritmias; ➢ No SNC → coma e convulsões. ▪ Disfunção sexual: aumentam a prolactina, que reduz a testosterona. Inibidores da MAO (IMAOs) • Os 2 subtipos de MAO têm preferências de ação diferentes: ▪ MAOA: 5-HT e NA ▪ MAOB: DA Imipramina Menos sedativo; t1/2 = 13h Clomipramina Amitriptilina Mais sedativo, devido ao maior efeito em H1 e M1 • Há duas classes de fármacos: A. Irreversíveis não-seletivos: ▪ Ação em MAOA e MAOB. ▪ Lig. covalente c/ a enzima = duração de ação longa ▪ E.C: similar aos ADTs (exceto sedação e ganho de peso, pois não agem em H1). B. Reversível seletivos: ▪ Age na MAOA; ▪ Ligação mais fraca: ação mais curta; ▪ Reação ao queijo e outras interações são menos intensas! Fármacos de 2ª Geração (há algumas subcategorias) ISRS (1ª ESCOLHA) • Mecanismo: inibição da SERT! • Efeitos adversos: ▪ Náuseas e vômitos (elevação de 5-HT na área póstrema); ▪ Cólica e diarreias (elevação de 5-HT no TGI); ▪ Disfunções sexuais: Ação na porção 5-HTérgica no sistema límbico; Ação periférica (NOS), no caso da paroxetina. ▪ Perda de Peso. • Síndrome 5-HTérgica (ocorre sobretudo quando são combinados aos IMAOs): 1. Alterações do estado mental; 2. Alterações neuromusculares; 3. Hiperatividade autonômica – flutuações da PA! • Outros usos: bulimia, TOC, ansiedade, pânico, hiperssexualidade. IRSN • Mecanismo: bloqueio de SERT e NAT (assim como ADTs); • Entretanto, NÃO AGE age em H1, M1, α1 ↓↓↓ Efeitos colaterais!!! • Efeitos adversos Semelhantes aos ISRS; + Hipertensão (pois ↑ [NA] periférica). IRND • Mecanismo: inibição da captura de NA e DA; Antidepressivos Atípicos Outras Opções Antidepressivos Novos (s/ classificação) Tranilcipromina Crises hipertensivas: qnd usada c/ simpaticomiméticos, pode causar crises hipertensivas, visto que a Tranilcipromina já possui certo efeito simpaticomimético (provoca relativa agitação). Dentre eles: “reação ao queijo”: alimentos ricos em tiramina (queijo, vinho, cerveja) Efedrina (descongestionante nasal). Fluoxetina ▪ t1/2 = 3 a 5 dias; ▪ Metabólito Ativo (norfluoxetina): 7 a 10 dias; ▪ Em doses altas, pode ter efeito sobre IRN (inibe recaptação de NA: agitação) e 5-HT2C (pode ajudar no tratamento de anorexia e bulimia); Paroxetina ▪ Embora classificado como seletivo: Efeito antimuscarínico; Inibe a NOS (gera disfunção sexual acentuada). ▪ Tempo de meia-vida menor! Sertralina, Citalopram, Escitalopram Não detalhou muito... Venlafaxina Metabólito Ativo: desvenlafaxina Duloxetina Menos efeitos adversos cardiovasculares do que o anterior, pois tem alta ligação (80%) a proteínas plasmáticas. Bupropiona ▪ Diferencial: melhora a função sexual, pois ↑ DA no SNC; ▪ Tratamento: dependência de NICOTINA. Mirtazapina • Antagonista α2 e 5-HT2C (receptores pré- sinapticos); • Portanto, atua: ↑ NA e ↑ 5-HT; • Nos neurônios 5-HTérgicos também há receptores α2; antagonizando-os, também eleva-se a [5-HT]. Mianserina • Bloqueia 5-HT2 e 5-HT3... mecanismo pouco esclarecido, mas melhora a depressão; • Antagoniza H1 e α2. Trazodona • IRS, Antagonista (5HT2, 5HT3, H1 e α1); • Atentar p/ os efeitos adversos causados por bloqueio de α1 (nos dois anteriores é α2): hipotensão, sedação e arritmias. • PRIAPISMO Nefazodona • Desuso – hepatoxicidade Agomelatina (Valdoxan) • Agonista dos receptores de melatonina (MT1 e MT2) → efeitos sobre o sono e humor (melhora) • Antagonista 5HT2C; • Eficaz no tratamento da depressão grave; • Monitoramento hepático! ALPRAZOLAM!!!!!!!!! (VAI COBRAR) • Único ansiolítico BDZ c/ propriedade A.D; • Modulador alosterico+ GABA-A; • Não sabe-se a razão da eficácia... Vilazodona • Mecanismo: APIRS: ▪ Agonista parcial do 5-HT1A – esse receptor tem função inibitória (tal como o alfa 2) e esse fármaco o dessensibiliza; ▪ Inibe a SERT (recapt de 5-HT). Vortioxetina • Mecanismo “multimodal”: ▪ Inibe a SERT; ▪ Agonista total de 5-HT1A; ▪ Antagonista 5HT7 (ligado à eliminação de memorias aversivas que poderiam exacerbar a depressão) e 5HT3 (minimiza E.C gástricos!). Moclobemida Síndrome da Descontinuação (efeito rebote) • Acontece sobretudo (mas não só) c/ AD que antagonizam H1 e M1. Por que? • Os receptores estavam “acostumados” c/ o antagonista. Quando esses são retirados, a ACh e Histamina vêm “com tudo”; ou seja, exacerba-se os efeitos colinérgicos e histaminérgicos... sintomas do tipo gripe! Efeito colinérgico → ACh → ↑ secreção das vias aéreas; Efeito histaminérgico → Histamina → ↑ Permeabilidade Vascular → ↑ Secreção das Vias Aéreas... ↑ Secreção das Vias Aéreas (causada p/ ambos os efeitos) → Rinorreia, Congestão Nasal, Lacrimejamento... etc Considerações Finais • 67%respondem // 33% refratários; • NÃO HÁ AD MAIS EFICAZES DO QUE OUTROS!!! Há respostas diferentes! Mas TODOS têm comprovação de eficácias máximas. • Não causam síndrome de abstinência (não causam dependência, diferente dos BDZ), mas sim de descontinuação. • Não causam tolerância; • Devem ser usados em doses e tempos adequados! ESTABILIZADORES DO HUMOR • Uso: transtorno bipolar (mania-depressão); Fisiopatologia (visão bem simplista) • Polo depressivo: ↓ 5-HT; • Polo maníaco: ↑ NA e ↑ DA. Lítio (Carbonato de Lítio) • Único fármaco definido como estabilizador do humor • Período de latência: 1 a 3 semanas (um pouco + rápido do que os A.D); • Índice Terapêutico Baixo: quanto maior ou menor a dosagem (em relação à faixa terapêutica), é mais propicio a gerar efeitos adversos. • Faixa terapêutica estreita... 0,6-1,4 mEq/L • Quando usado em concentrações altas (> 1,4 mEq/L) tem efeitos tóxicos: ▪ Lesão Neuronal/Convulsões; ▪ Dano Renal ▪ Por isso, é preciso monitorar a sua concentração plasmática. Efeitos Adversos • Boa parte dos efeitos adversos advêm do fato de que o Lítio (Li+) pode simular o papel ou competir c/ o Na+ em alguns tecidos: ↓ Atividade de Marcapasso (NSA): há dano à atividade marcapasso pois o Li+ é capaz de permear os canais de Na+ voltagem-dependentes; contudo, não é capaz de ser bombeado para fora pela Bomba Na+/K+, tendendo a acumular dentro das células excitáveis. Isso leva à perda parcial de K+ intracelular e à despolarização da célula. Poliúria/Polidipsia/Natriurese: Li+ é reabsorvido no lugar do Na+, levando à maior eliminação de Na+ e à maiores volumes de urina. Inibe o ADH (também aumenta diurese); Inibe liberação de T3/T4 → Leva ao Hipotireoidismo, associado ao aumento de volume da tireoide. Mecanismos 1) ↑↑↑ Captação de Triptofano (5-HT); ▪ Melhora o polo depressivo 2) Inibe liberação de NA/DA; 3) Inibe Adenilil Ciclase; ▪ 2 e 3 devem ser pensados em conjunto; ▪ ↓NA → receptor β-ad → AC → ↓ AMP ▪ ↓DA → receptor D2 → AC → ↓ AMP 4) Inibe IMPase / Inibe PKC; ▪ Li inibe proteínas pró-apoptóticas (que induzem morte neuronal), tais como MARKs, GSK-3β, p53... etc; ▪ Isso eleva atividade antiapoptótica (Blc2); ▪ Melhora polo depressivo E maníaco 5) Inibição dos canais de Na+ voltagem-dependentes. ▪ Responsável pelos efeitos colaterais citados! Responsividade • 70% dos pacientes são bons respondedores... E os 30% que não respondem? Pelo que entendi da aula, esses fármacos não têm relação direta c/ a mania-depressão, mas servem para estabilizar o humor: 1) Anticonvulsionantes : ▪ Valproato (Ac. Valpróico); ▪ Carbamazepina; ▪ Lamotrigina; ▪ Compartilham a atividade bloqueio de canais de Na+; ▪ Menos efeitos adversos q o Li+. 2) Antipsicóticos Atipicos (2ª G): ▪ Olanzapina; ▪ Risperidona; ▪ Quetiapina... ▪ Antagonistas D2 e 5-HT2A 3) BDZ ▪ Funcionam como adjuvantes! Obs: Li+ + Anticonvulsionantes = teratogênicos. Mania ▪ Extremo bem-estar, aceleração do pensamento e fala, agitação, ↓ sono, desinibição, impulsividade, ↓ concentração. ▪ “Demais”: gastos, impulsos sexuais, drogas, ideias de grandiosidade, suicídio (altas taxas).... Depressão Já visto Considerações • Li+; • Valproato; • Carbamazepina; • Antipsicoticos Atipicos • Lamotrigina Obs: todos agem sobre a depressão e a mania – aqui pontua-se apenas a PREVALÊNCIA de efeito Reversão Maníaca • Uso de Antidepressivos pode gerar o efeito de Reversão Maníaca; • Ocorre sobretudo quando há ausência do uso de estabilizadores; • Por isso, é comum associar: ANSIOLÍTICOS O que é ansiedade? • “Emoção desagradável vivenciada c/ a qualidade subjetiva de medo ou de uma emoção semelhante ao medo”; • Ansiedade fisiológica → Benéfica! • Ansiedade patológica → precisa ser tratada. • Há grande comorbidade Ansiedade-Depressão. Indicação Clínica dos Fármacos • TAG, Síndrome do Pânico, Fobia Social, Ansiedade por Separação, etc. • OBS!!! Ansiolíticos não agem em fobias específicas (eritrofobia, aracnofobia, etc) nem em ansiedade induzida por substâncias! Fisiopatogenia Categorias de Fármacos A. BDZ (“Tarja preta”); • Durante muito tempo, critério de 1ª escolha; hoje, na medida do possível, são substituídos por A.D, pois levam à dependência. B. Não-BDZ • Buspirona (eficácia apenas no TAG). Critério de 1ª Escolha → A.D!!! Benzodiazepínicos (BDZ) • Por que tão prescritos? Tem ação extremamente rápida!!! – efeito agudo; • Causam dependência; Mecanismo • Modulação alostérica positiva do receptor GABAA; • O receptor possui o sítio ortostérico (onde se liga o GABA) e os sítios alóstericos p/ diversas substâncias (incluindo os BDZ, etanol, barbitúricos). • Lembrar: a ação do GABA no seu receptor leva à entrada de Cl- e consequente hiperpolarização; • Ação dos BDZ: os BDZ se ligam ao seu sítio alostérico específico. Isso faz com que o receptor aumente sua afinidade pelo GABA (ou seja, o receptor ortosterico passa a ter maior afinidade pelo GABA), levando à maior entrada de GABA e, consequentemente, maior hiperpolarização e depressão do SNC (acalma). BDZ versus Barbitúricos • BDZ são mais seguros do que barbitúricos, pois a corrente de Cl- é muito maior quando se usa barbitúricos do que com os BDZ. • Efeito na Frequência/Tempo de Abertura do Canal: 1. Barbitúricos: • Em baixas concentrações: aumenta a frequência de abertura do canal; • Em altas concentrações: aumenta o TEMPO DE ABERTURA do canal de Cl-. 2. BDZ • Aumenta apenas a FREQUÊNCIA de abertura [MAIS SEGURO] Indicações Clínicas dos BDZ Apesar de estarmos falando de ansiolíticos, vamos detalhar, nesse tópico, todos os usos dos BDZ: Sistema Límbico: ▪ Ansiolítico; ▪ Amnésia (levam à amnésia anterógrada – esquecimento do que ocorreu após a ingesta) Maior efeito sobre a Mania Maior efeito sobre Depressão Li+ + ISRS Valproato + ISRS Formação Reticular: ▪ Hipnosedativo; Anticonvulsionante: ▪ Córtex/mesencéfalo Medula: ▪ Miorrelaxante (atua no receptor GABA do corno da medula e ñ na placa motora!). Os fármacos a. predominantemente ansiolíticos b. predominantemente hipnóticos Obs: α1 e 2 são subtipos da subunidade α encontrada no receptor GABAA. A predominância de um ou outro subtipo varia de acordo c/ o local etc; Os predominantemente hipnóticos são mais propensos a levar à amnésia anterógrada. Farmacocinética (tópicos importantes) • Midazolam ▪ Menor tempo de meia-vida: 1,5-2h; ▪ Latência: 5 a 10 min; ▪ Uso: procedimentos endoscópicos • Demais ▪ Em geral, têm tempo de meia-vida mais elevado, sobretudo por causa da produção de metabólitos ativos (Desmetildiazepam = Nordiazepam); ▪ Obs: não são todos que produzem metabólitos ativos; entretanto, o professor disse que não precisa decorar, não quer tão especifico... só quer a ideia de que há produção desses metabólitos! Síndrome de Abstinência(!!!!!) ▪ A síndrome de abstinência é inversamente proporcional ao t1/2; ▪ Ou seja, o Midazolam seria o “pior” Efeitos Adversos a) Sonolência; b) Amnesia Anterográda; c) Potenciação do efeito de depressores do SNC (álcool, anti-histamínico 1ª G); d) Tolerância (sobretudo os mais hipnóticos); e) Dependência (Síndrome de Abstinência); f) Efeito Paradoxal (é a reação inversa – aumento da ansiedade. Mais comum em crianças e idosos); g) Incoordenação motora; Não-BDZ (Buspirona) • Agonista parcial 5-HT1A (pré-sináptico); Mecanismo • Efeito tanto agudo quanto à longo prazo (crônico) explicam a sua eficácia, PORÉM: É apenas durante o efeito crônico que ocorre a ação ansiolítica! Efeito Agudo • A buspirona estimula 5-HT1A (pré-sináptico), levando à menor liberação de 5-HT; • Nessa fase, não há melhora clínica! Efeito Crônico (3-4 semanas) • À longo prazo,há dessensibilização do receptor 5- HT1A → ↑ 5-HT; • O ↑ 5-HT leva à dessensibilização de 5-HT2 e 5-HT3 (pós-sinápticos). • Nessa fase ocorre o efeito ansiolítico!!! Vantagens: ▪ ↓ Efeito Sedativo; ▪ ↓ Interação c/ o Alcool; ▪ Não causa dependência. E.C: Tontura, Cefaleia, Náusea... Considerações Finais • Os fármacos de primeira escolha são os A.D; Sobretudo os ISRS e IRSN • PROPRANOLOL: não é classificado como ansiolítico e sim como Antagonista β-adrenérgico não seletivo! Maior afinidade por α2 (sistema límbico → ansiedade) A Alprazolam B Bromazepam C Clonazepam / Clobazam / Clorazepato D Diazepam Maior afinidade por α1 (modulação do sono) E Estazolam F Fluvazepam / Flunitrazepam M Midazolam (endoscopia!) HIPNOSEDATIVOS Neuroquímica da Insônia (hipóteses) • ↑Eixo HPA → ↑CRH → Promotor da vigília. • ↑Simpático → ↑ Catecolaminas → ↑NA → Vasoconstrição Periférica → ↑ Temp. Corpórea. • ↑ Ativação SARA (Hipocretinas, Histamina, ACh, NA, 5-HT, etc); ↓ Atividade da Área VLPO (GABA, neuroesteroides)... Obs: melatonina e adenosina (cafeína a antagoniza) induzem o sono. Fatores – “3 Ps” • Fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes. Tipos de Insônia • Latência do sono longa (demora p/ induzir o sono); • Despertar frequente; • Despertar precoce ao amanhecer; • Sono não-reparador. Caracterização da Insônia • Alterações do Sono < 3 meses – Aguda // >3 meses – Crônica • Para caracterizar insônia, é preciso ainda 1 ou mais prejuízos diurnos (fadiga, sonolência diurna, ↓atenção/concentração/memória). Fármacos • Atuam ↓ latência/indução OU ↑ Duração; • BDZ Novos fármacos não-BDZ Alternativos BDZ • Não são fármacos de 1ª escolha devido à dependência; • Alteram muito a arquitetura do sono; - Isso é muito danoso... por exemplo, a diminuição da duração do sono REM leva à diminuição da tradução de proteínas p/ formar memórias! • Apesar dessas alterações da arquitetura, eles, em geral, aumentam a duração do sono. Usos baseados nas características ➢ Midazolam e fármacos com tempo de meia-vida mais curtos... ▪ São usados p/ pacientes com problemas de indução do sono. ➢ Fármacos c/ tempo de meia-vida mais longos... ▪ Usados p/ problemas de manutenção do sono e/ou despertar cedo. Idosos e Hepatopatas ➢ É importante lembrar que muitos BDZ produzem metabólitos ativos que prolongam a sua ação... ➢ Por causa disso, em idosos e hepatopatas, usa-se (pois tem menos metabolismo hepático, etc): CLONAZEPAM, LORAZEPAM e OXAZEPAM Obs (Clonazepam): o professor repetiu que esse fármaco é mais ansiolítico do que hipnótico...! Porém, ao deixar o paciente menos ansioso/preocupado, ele ajuda na indução do sono (apesar de não ser o efeito principal) Novos hipnóticos Não-BDZ (1ª escolha) Também atuam em GABA e c/ mais seletividade do que os BDZ; Pouca alteração da arquitetura do sono; Não induzem tolerância; Mínima atividade relax muscular e anticonvulsivante (BDZ têm tais atividades). ***Obs: não levam à dependência/abstinência // ressalva em relação ao Stilnox 12,5mg. Zolpidem Mais usado p/ pacientes com problema de indução do sono devido a meia-vida curta e latência. Seletivo RGABAAα1. OBS!!! – formulações do Zolpidem a) Lioram: é o Zolpidem s/ adjuvantes; b) Stilnox: formulação que possui grânulos de liberação rápida e outros de liberação lenta (prolonga a duração. - Por isso, serve tanto p/ induzir quanto manter - Vendido em 6,25mg ou 12,5mg (↑ chance de abuso/dependência). Zopiclona Meia-vida um pouco mais longa... usado p/ manutenção, mas também p/ indução. RGABAAα1 α2. Alternativas i. Antidepressivos: Agomelatina (agonista MT1/T2) ADTs (Amitriptilina) AA (Mirtazapina) ii. Antipsicóticos: iii. Anti-histamínicos. Em geral, essas outras alternativas são aqueles que acabam tendo efeito em H1... (mirtazapina ñ age em H1, mas seda). ANTIPSICÓTICOS São fármacos usados p/ tratamento da esquizofrenia; Antes chamados de neurolépticos. Esquizofrenia Caracterizada por sintomas positivos e negativos: Positivos (mais evidentes): ➢ Alucinações: alterações de sentidos (ver/ouvir coisas) ou alteração de percepção interna (achar que a motilidade do TGI é um demônio dentro de si). ➢ Delírios: atribuição de significado às alucinações (paranoia) construção de enredo). Negativos: ➢ Isolamento social; ➢ Anedonia; ➢ Aparência Descuidada; ➢ Embotamento Afetivo Também é comum: fala e comportamento desorganização; alteração cognitiva; ansiedade, distorções da realidade, agressividade etc. Etiologia: multifatorial • Envolve a combinação de fatores genéticos e ambientais: indivíduo pode possuir predisposição genética (isso é provado), mas é preciso exposição a fatores ambientais... - Gêmeos univitelinos: 48% de • Biológicos: maturação cerebral, complicações no parto, hipóxia, infecções intrauterinas... etc Evolução • Doença progressiva, costuma ser crônica, extremamente incapacitante; • Há uma fase pró-dromica (que antecede de fato a esquizofrenia). Fase pro-drómica → Fase Avançada. Patogênese (substrato neural da esquizofrenia) 1) Hipótese DAérgica • Via Mesolímbica VTA (área tegmentar ventral) → núcleo accumbens; Os sintomas positivos estão associados a hiperatividade da via mesolímbica, que ativa os receptores D2 de dopamina. • Via Mesocortical VTA → CPF (córtex pré-frontal); Os sintomas negativos estão associados à hipoatividade da via mesocortical, onde predomina receptores D1. • Via Túbero-Infundibular*; Fisiologicamente, a DA inibe a produção de prolactina (por meio de receptores D2). Os fármacos, ao aumentar essa atividade, “inibem a inibição”, causando hiperprolactinemia. • Via Nigro-Estriatal* Responsável pelos efeitos extrapiramidais (SEP). *Essas vias não estão alteradas na esquizofrenia. Entretanto, acabam também sofrendo os efeitos dos fármacos e, por isso, são responsáveis por gênese dos efeitos colaterais. 2) Hipótese 5-HTérgica • Receptores 5-HT2A: quando estimulados, causam delírios e alucinações (é esse que o LSD estimula). • Supõe-se, então, que está envolvida na esquizofrenia (↑ atividade). Com base nessas hipóteses: • É desejável inibir a transmissão DAérgica no sistema límbico e aumentar a transmissão DAérgica no C.P.F. • Para isso, surgiram os fármacos de: 1ª Geração (típicos ou clássicos): o Antagonistas D2; Melhoram os efeitos + Pioram os efeitos – 2ª Geração (atípicos): o Antag 5-HT2A >>> Antag. D2: isso quer dizer que eles antagonizam muito mais o receptor 5-HT2A mas também antagonizam o receptor D2. o Obs: a ligação ao receptor D2, no caso dos atípicos, é “mais fraca”, com menor % de receptores bloqueados (portanto, há menor perfil de efeitos colaterais ligados a esse receptor D2: ↓ Hiperprolactinemia e ↓ SEP). o O Antagonismo 5-HT2A DIRETO é responsável por tratar os sintomas positivos; entretanto, os atípicos também tratam os sintomas negativo. Como isso ocorre? Tratamento de Sintomas Negativos Pelos Atipicos – Mecanismo: Situação Normal: • Os receptores 5-HT2A da via mesocortical estão presentes em neurônios gabaérgicos. • Quando estimulados, libera-se GABA na fenda sináptica, causando hiperpolarização de neurônios DAérgicos do C.P.F. • Hiperpolarizados, liberam menos DA, que ativará menos os receptores D1 Quando antagonizamos os receptores 5-HT2A • Os fármacos que possuem a propriedade de antagonista de 5-HT2A aumentam a liberação de DA no circuito mesocortical (D1), melhorando os sintomas positivos. Fármacos de 1ª Geração (típicos ou clássicos) • Antagonistas D2; • Melhoram os sintomas + // pioram os – • Efeitos Adversos: maiores Sedação/Ganho de Peso (H1); Efeitos Anticolinérgicos (Xerostalmia, visão turva, retenção urinária, constipação); Hipotensão postural (α1); Hiperprolactinemia ↑↑↑ SEP ↑↑↑ Fármacos de 2ª Geração (atípicos) • Antag 5-HT2A >>> Antag. D2 • Efeitos Adversos Efeitos mACh; Sedação (H1); Ganho de Peso (OBS!) → é pior em relação aos de 1ª geração, pois envolve H1 + 5-HT2C → ↑ Apetite. Síndrome Metabólica → ganho de peso; ↑ resistência à insulina; e ↑ T.G. ↓ Hiperprolactinemia; ↓ SEPs Comentários sobre Hiperprolactinemia e SEP Hiperprolactinemia ▪ Via Túbero-Infundibular; ▪ Ginecomastia (homens); ▪ Galactorreia e Amenorreia (mulheres); ▪ ↓ libido e ↑ disfunções sexuais (H e M). SEPs ▪ Via Nigro-Estriatal; ▪ Parkinsonismo Farmacológico; ▪ Distonia (membros e cervical) → contração e retração; ▪ Acatasia (inquietação); ▪ DISCINESIA TARDIA → IRREVERSÍVEL (Movimentos Orofaciais). ▪ Síndrome Neuroléptica (rara, mas fatal – ocorre em 0,7% dos casos). Obs: SEPs estão ligados à taxa de ocupação dos receptores D2 (> 78% de ocupação causa SEP). Administração • Em crises agudas → (oral) → haloperidol, clorpromazina, olanzapina, etc; • P/ manutenção (ação prolongada) → I. muscular. FÁRMACOS USADOS NO PARKINSON E ALZHEIMER Parkinson Introdução • Doença neurológica degenerativa progressiva; • Alterações motoras: rigidez muscular em membros, tremor, bradicinesia, etc. • Etiologia: bioquímica + genética + ambiental. Substrato Neural • Hipoatividade DAérgica (degeneração das células DAérgicas da SNC → ↑ via indireta e ↓ via direta. • Hiperatividade Colinérgica (é uma hiperatividade “relativa”, que existe “por causa” da hipoatividade DAérgica). Lógica do tratamento: ↑ Dopamina; ou ↓ Acetilcolina. Fármacos que restauram a função da Dopamina Levodopa (L-DOPA) É um pró-fármaco que precisa ser metabolizado à própria Dopamina; DDC é a enzima que converte L-DOPA → DA; É de interesse que a DDC Central converta L-DOPA em DA; mas não é interessante que a DDC Periférica faça o mesmo; Isso porque a DA, se convertida perifericamente, não consegue atravessar a BHE, ao passo que a L- DOPA consegue; A conversão periférica de L-DOPA em DA pode causar os efeitos adversos. Por isso, usa-se inibidores de DDC periférica associados à L-DOPA: Carbidopa e Benserazida É o fármaco mais eficaz na maioria dos pacientes; O tempo de meia-vida quando não associado à inibidores de DDC periférica é curto (1-2h contra 10-12 quando em associação); Há perda de sua eficácia após ~ 2 anos de tratamento, pois chega um ponto em que a perda neuronal é tão expressiva que é ineficaz elevar os níveis de DA. Efeitos Adversos Agudos (duram poucas semanas) TGI + ZGQ → Elevação de DA periférica causa náuseas e vômitos; CV: taquicardia, hipotensão (secundária à taquicardia... ou seja, reflexa); Central: delírios e alucinações (↑ DA na via mesolímbica) Efeitos adversos tardios Discinesia tardia (~2anos) → mov. orofaciais; Efeito on-off. Haloperidol Menos sedativo (s/ efeito em H1) e Menos Efeitos Anticolinérgicos (não age em mACh). Levomepromazina Clorpromazina Mais sedativo, Mais Efeito mAch e Baixa o Limiar p/ convulsão Clozapina ▪ Última escolha, pois causa agranulocitose – ↓ leucócitos ▪ Mais destinado aos refratários ▪ ↓ Limiar p/ convulsão. Risperidona X Olanzapina X Selegilina e rasagilina Inibidores irreversíveis da MAOB Relativo efeito neuroprotetor; Efeito adverso: insônia (por isso, é usado pela manhã). Entacapona e Tolcapona COMT metaboliza a L-DOPA à 3-OMD e a DA à 3- MT Tolcapona: inibição de COMT periférica e central Entacapona: inibição apenas COMT periférica Tolcapona: hepatotoxicidade; t1/2 = 1-2h (ambas) Stalevo Ação tripla (L-DOPA + Carbidopa + Entacapona) Agonistas DAérgicos D2 ou D3 Lisurida; t1/2 > L-DOPA; Menor flutuação da resposta (menor on/off)/Discinesia; Efeitos Adversos similares à L-DOPA Podem ser usados em hiperprolactinomas. Amantadina Antiviral Mecanismo múltiplo 1. ↑ Liberação de DA; 2. Inibe recaptação de DA; 3. Inibe receptores NMDA; 4. Anticolinérgico. Efeitos: tontura, letargia, náuseas, vômitos, efeito anticolinérgicos etc. Fármacos que reduzem a função da Acetilcolina • Benzatropina; • São antagonistas muscarínicos; • Efeitos periféricos: anticolinérgicos; Centrais → sonolência, confusão, prejuízo da memória. • Contra-indicação: Glaucoma: aumenta ainda mais a P.I.O Prostatismo: visto que, no prostatismo, há dificuldade de urinar, esse fármaco causa ainda mais retenção. Alzheimer Estratégia terapêutica: • Aumento da função colinérgica; • Diminuição da atividade glutamatérgica. Fármacos Anticolinérgicos • Usado em estágios leves à moderados. Fármacos Antagonistas NMDA MEMANTINA - Fármaco de última escolha; - ESTÁGIO MODERADO A SEVERO Fármaco Características RIVASTIGMINA (8h) Seletivo p/ SNC - Atua na AChE e BChE. - Inibidor pseudo-irreversível (pois liga-se fortemente à enzima e mesmo após os níveis da droga baixarem, continua agindo). GALANTAMINA (8h) Seletivo p/ SNC - Inibidor reversível seletivo da AChE; - Modulador alostérico positivo do nAChR. DONEPEZILA (24h) Seletivo p/ SNC - Inibidor reversível seletivo da AChE; - Duração do efeito por 24h.
Compartilhar