Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
QUEIMADURAS Choque do Queimado ● ↑ Histamina e Serotonina ● ↑ Permeabilidade vascular perda de líquido p/ 3º espaço ● Conduta: evitar coloides nas primeiras 24h! Predisposição a infecções ● Causa de morte tardia ● Focos: cutâneo e pulmonar antibiótico tópico reduz focos cutâneos, aumentando focos pulmonares Primeiro atendimento – Pré-hospitalar ● Garantir a segurança da cena! ● ABCDE (trauma) “esquecer” a queimadura! ● Afastar o paciente da fonte de calor – retirar roupas, joias... ● Resfriar a lesão – água até 15-30min após o trauma (água em T° ambiente ou > 12°C) ● Prevenção de hipotermia – envolver em lençóis ou cobertores limpos e secos ● Decidir se precisa de CETQ – “grande queimado” necessita de cuidado especializado! Decidir se precisa de CETQ 1 - Estimar a SCQ ● Adultos: regra dos nove (Wallace) o 9 (cabeça e MMSS) / 18 (pernas) / 36 (tronco + abdome) o Palma da mão do paciente aberta (com os dedos espalmados): 1% o Genitália: 1% o Região cervical: 1% ● Crianças: Lund e Browder adaptado por Berkow 2 – Indicação de transferência para centro de tratamento de queimados (“grande queimado”): ● Segundo grau (espessura parcial): > 10% de SCQ em crianças e adultos com > 20% de SCQ ● Terceiro grau qualquer % ● Queimaduras em face, mão/pé, genitália, períneo ou sobre grandes articulações ● Lesões por inalação ● Comorbidades que podem ser agravadas pela queimadura ● Atendimento de criança em hospital não qualificado ● Necessidade de intervenção especial ● Queimadura química ou elétrica grave * O grande queimado é aquele com grande área queimada, ou que queimou um local especial, ou é um paciente especial! Na sala de emergência ● A – Coluna e vias aéreas o Avaliar rouquidão/estridor e nível de consciência ● B – Complicações respiratórias o São 4 complicações divididas em 2 cenários (tabela abaixo) ● C – Acesso e Reanimação volêmica o TODO paciente com > 20% de SCQ tem que receber reposição volêmica com Ringer lactato o 2 acessos periféricos ou 1 central ou safena, mesmo sobre região de queimadura o Escolha do volume administrado: Ringer Lactato aquecido. NÃO usar coloide nas primeiras 24h, pois ele pode extravasar para o terceiro espaço e puxar mais líquido para esse espaço o Tem que descontar o volume que foi feito no pré hospitalar da conta para a reposição que vou fazer no hospital o Primeiras 24h: ▪ ATLS: ● Lesão térmica: o Adultos: 2mL x peso (kg) x SCQ o Criança < 14 anos: 3mL x Peso x SCQ o Criança < 30 Kg: 3mL x Peso x SCQ de Ringer Lactato + 5% desse volume com dextrose ● Lesão elétrica: o Para todas as idades: 4ml x peso (kg) x SCQ ▪ Metade nas primeiras 8h a partir do horário do trauma e a outra metade nas próximas 16h ▪ É um valor inicial, deve ser corrigido caso diurese não adequada! ▪ Essa é uma fórmula atualizada pelo ATLS 10a edição, a fórmula de Parkland, que é mais clássica é: 4ml x peso (kg) x SCQ o Avaliar pela diurese ▪ Adulto: ≥ 0,5ml/kg/h ▪ Criança: ≥ 1,0 ml/kg/h ▪ Queimadura elétrica: 1 - 1,5 mL/Kg/h ● D – Disfunção neurológica ● E – Exposição ● Profilaxia para tétano: sempre deve ser analisado a necessidade ● NÃO faz antibiótico profilático venoso Cenário 1: incêndio em recintos fechados com queimadura em face e pescoço Proximidade com fonte de calor, com inalação de fumaça quente e suja (não queima pulmões, apenas VAS) Lesão Térmica das VAS ● Lesão direta pelo calor - queimadura ● Local mais acometido: Via aérea superior ● Alteração / lesão IMEDIATA → Insuf. respiratória mais imediata ● Quando suspeitar: o Ambiente fechado, fumaça, vapor o Rouquidão, broncoespasmo, taquipneia, escarro carbonáceo, chamuscamento de pelos, queimadura de face, cervical → pode evoluir com insufuciência respiratória imediata ● Diagnóstico: clínico + laringoscopia ● Tratamento: Laringoscopia + IOT o Indicações de IOT precoce ▪ Sinais de obstrução: rouquidão, estridor, edema de VAS ▪ Queiamdura extensa em face ou cavidade oral (presença de bolhas) ▪ Queimadura circunferencial ou edema cervical importante ▪ Dificuldade para engolir ▪ Rebaixamento de consciência ▪ Hipoxemia: PaO2 < 60, PaCO2 > 50 (agudo); PaO2/FiO2 < 200 ▪ SCQ: > 40 - 50% Lesão Pulmonar por Inalação ● Inalação de conteúdo tóxico ● Local mais acometido: Via aérea inferior ● Alteração / lesão mais TARDIA (após 24 - 48h) → pneumonite química - Insuf. respiratória mais tardia ● Clínica: sibilos, escarro carbonáceo, - insuficiência respiratória ± 24h ● Diagnóstico: broncoscopia (usar tubo ≥ 8 no grande queimado, que permite passar broncoscópio) o Permite a identificação de achados que sugerem a inalação, como presença de partículas de carbono ou sinais de inflamação o Se você não tem siponibilidade ou o paciente não tolera a broncoscopia, uma alternativa é a Cintilografia, que me mostra redução da ventilação ● Tratamento: o Fornecimento de oxigênio a 100% o NBZ com broncodilatadores o Toalete pulmonar: lavagem do parênquima pulmonar através da broncoscopia o NBZ com heparina (deixa secreção fluída) o Avaliar necessidade de IOT: ▪ PaO2 < 60mmHg; PaCO2 > 50 mmHg (agudo); PaO2/FiO2 < 200 Cenário 2: incêndio em recintos fechados com ou sem queimadura em face e pescoço Fumaça menos quente/suja Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO) ● Formação de carboxihemoglobina (hemoglobina + monóxido de carbono) → ocupa a hemoglobina com CO, impedindo a ligação do oxigênio, já que a hemoglobina tem maior afinidade por CO do que por O2 ● Clínica: cefaleia, náusea, vômito, ↓consciência, coma ● Diagnóstico: o Solicitar dosagem de carboxihemoglobina! o SatO2 não ajuda no diagnóstico! Já que o oxímetro não diferencia carboxihemoglobina de oxihemoglobina. Vai haver dissociação entre a saturação no oxímetro, que estará alta, e a PaO2 na gasometria, que estará baixa ● Tratamento: o Tratamento empírico o Fornecer O2 a 100%: ↑ FiO2 o Medicina hiperbárica Intoxicação por Cianeto ● Fisiopatologia: inibição do metabolismo aeróbio, impedindo a oxigenação ● Clínica: ↓ consciência, pele vermelho-cereja (cianeto impede utilização tecidual de O2) ● Diagnóstico: o Lactato > 90 mg/dL ou 10mmol/L o Cianeto > 0,5mg/L ● Tratamento: o Administração de Hidroxicobalamina ou tiossulfato de sódio → formando respectivamente cianocobalamia e tiocianato, substâncias que conseguem ser eliminadas do organismo Indicações de IOT: ● Sinais de obstrução: rouquidão, estridor, musculatura acessória ● Queimaduras extensas na face ou cavidade oral, circunferencial ● Redução do nível de consciência ● Hipóxia ou hipercarbia QUEIMADURAS QUEIMADURA DE 1º GRAU ● Profundidade: restrita à epiderme ● Características: o Coloração: eritema o Sensibilidade: dor / ardência ● Ex: queimadura solar ● Tratamento: limpeza, analgesia, hidratantes ● Não entra no cálculo de SCQ! ● Resultado estético bom QUEIMADURA DE 2º GRAU (Espessura parcial) ● Profundidade: toda a epiderme e algum nível derme o Superficial: toda a epiderme e a derme papilar ▪ Ao comprimir empalidece e depois volta ▪ Muito dolorosa; bolhas o Profundo: toda a epiderme e a derme reticular ▪ Derme reticular é responsável pela reepitelização ▪ Ao comprimir não empalidece ▪ Dor moderada; bolhas ● Tratamento o Superficial: limpeza, curativo + ATB tópico o Profunda: curativo + ATB tópico ± enxerto o ATB tópico: ▪ Mafenida ● Acidose metabólica – dolorosa ● Penetra na escara ▪ Sulfadiazina de prata – mais usada ● Leucopenia – indolor ● Não penetra na escara QUEIMADURA DE 3º GRAU (Espessura total) ● Profundidade: acomete toda a epiderme e derme e expõe o subcutâneo (espessura total da pele) ● Coloração: marrom (aspecto de couro) ● Sensibilidade: indolor, aspecto em couro (formação de escara) ● Tratamento: enxertia precoce ● Retração da “pele dura” / escara: ↓expansibilidade, compressão vascular o Conduta: escarotomia! QUEIMADURA DE 4º GRAU ● Queima de “dentro para fora” – exposição de ossos, tendões e músculos ● Geralmente ocorre no local de contato da queimadura elétrica ● Queima músculo: lesão renal aguda por rabdomiólise o Conduta: forçar diurese > 2ml/kg/h(manitol) + alcalinização (bicarbonato de sódio) ● Queima músculo: síndrome compartimental o Dor ao estiramento passivo do músculo o Conduta: fasciotomia COMPLICAÇÕES DAS QUEIMADURAS ● Úlcera de Curling (HDA) ● Lesão de Marjolin (neoplasia cutânea maligna) o Biopsiar após 10 anos toda cicatriz de queimadura ● Queimadura de espessura total circunferencial: o Muito comum em tórax o Tratamento: escarotomia (incisão até o subcutâneo) ● Síndrome compartimental: o Cumum em queimadura elétrica, pela intensa lesão muscular o Tratamento: fasciotomia IMPORTANTE ● Essa classificação é pelo o Sabisson ● Pelo ATLS: ○ Não há queimadura de 4º grau ○ A queimadura de 2º grau é chamada que queimadura de espessura parcial e a de 3º grau é chamada de queimadura de espessura total ● Queimadura elétrica: ○ O dano é maior do que a lesão de pele visível, isso pois a corrente elétrica sempre percorre o meio de menor resistência, e a nossa pele tem resistência muito maior que nossa musuclatura e estruturas nervosas ○ Frequentemente evolui com síndrome compartimental e insuficência renal (rabdomiólise → NTA por mioglobinúria) ○ Reposição volêmica: sempre utilizar 4mL x peso (Kg) x SCQ, para estimular a diurese, previnindo lesão renal aguda ○ Meta de diurese: 1 - 1,5 mL/Kg/h ○ Alteração de ECG: ■ Manter em monitorização contínua por no mínimo 24h se: alteração no ECG inicial ou lesão por alta voltagem (> 1000 volts) ○ Complicação tardia mais comum (1 - 2 anos): catarata → até 30% dos pacientes ● Queimadura química: ○ Ácido: lesão devido a necrose por coagulação → menos grave ○ Básico: necrose por liquefação → mais grave ○ Tratamento: ■ Lavar: 15 - 20 L, até atingir o Ph fisiológico (7 - 7,5) ■ Se for por pó, retirar o material antes de lavar ■ NÃO realizar neutralização ■ Queimadura por ácido fórmico (trabalhador que meche com couro): risco de acidose metabólica e insuficência renal ■ Queimadura por ácido fluorídrico: risco de hipocalcemia (fluoreto quela o cálcio)
Compartilhar