Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SÍNDROMES ICTÉRICAS Anatomia e Funcionamento Hepático ● Suprimento hepático: a. hepática (30%) e v. Porta (70%) o O fígado depura o sangue que vem dos intestinos pela v. Porta, que ramifica para participar, com a a. hepática, da perfusão do fígado o A veia porta é formada pela união da veia esplênica e a veia mesentérica superior ● Organização hepática: o Unidade funcional: LÓBULO HEPÁTICO o Em cada vértice do lóbulo existe um ESPAÇO PORTA: a. hepática + v. Porta + ducto biliar → o sangue sai desse espaço, percorre pelos hepatócitos e chega à v. Centro-lobular ● Funções hepáticas: o Depuração: toxina (amônia), bilirrubina indireta (capta, conjuga em direta e excreta) o Síntese: Glicose (glicogenólise, gliconeogênese), albumina, fatores de coagulação (↑INR, ↑TAP) ICTERÍCIA ● Definição de icterícia: Bilirrubina > 2,5-3,0 mg/dL (esclera → língua → pele) ○ Bilirrubina indireta → insolúvel ○ Bilirrubina direta → solúvel ○ BI → captação pelo hepatócito → ação da glicuronil-transferase → conjugação → BD → excreção (gasto de ATP) ● Causas: ○ Aumento de bilirrubina indireta: ■ Hemólise ● Achados laboratoriais: anemia, reticulocitose (ret. >2%), aumento de LDH, redução de haptoglobina (proteína que se liga às cadeias de globina para retirar esse produto tóxico do sangue → esse complexo chega no fígado e é destruído) ■ Distúrbios do metabolismo - na fase de conjugação ● Geralmente o aumento de bilirrubina é um achado isolado ○ Aumento de bilirrubina direta (acolia fecal, colúria, prurido): ■ Hepatite ● Elevação de AST/TGO → TGP/ALT (transaminases) ○ TGO e TGP > 1000 - hepatite viral AGUDA ○ ALT: é mais específica para o fígado que o AST. Por isso geralmente ALT/TGP se elevada mais, com exceção da hepatite alcoólica, que TGO/AST se eleva mais ● FAL e GGT tocadas (enzimas canaliculares) ■ Colestase ● Aumento de FAL e GGT mais expressivo ● TGO/TGP tocadas ■ Distúrbios do metabolismo Distúrbios do metabolismo da Bilirrubina DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA BILIRRUBINA INDIRETA Síndrome de Gilbert Mecanismo: Glicuronil-transferase trabalha mais lentamente Bilirrubina < 4 Fatores precipitantes: estresse, jejum, exercício físico extenuante, álcool Fatores de melhora: evitar fatores precipitantes, fenobarbital, dieta hipercalórica Síndrome de Crigler-Najjar Mecanismo: Glicuronil-transferase mais deficiente Manifestação com 3 dias de vida Tipo 1: deficiência total (kernicterus) Tratamento: transplante Tipo 2: deficiência parcial Tratamento: manejo com fenobarbital BILIRRUBINA DIRETA Síndrome de Dubin Johnson Problema na excreção da bilirrubina direta, porém o hepatócito consegue armazenar a bilirrubina Síndrome de RotorProblema na excreção da bilirrubina direta e o hepatócito NÃO consegue armazenar a bilirrubina, assim, tudo retorna para a circulação Hepatites Virais ● Classificação: o Aguda: < 6 meses o Crônica: > 6 meses (B e C); risco → cirrose o Fulminante: encefalopatia em < 8 semanas (principalmente B); dica: ↑TAP, ↑INR; resposta imune exagerada ● O que justifica a evolução do quadro é a competência da resposta imunológica o ↓competência = ↑risco de cronificar o ↑competência = ↑risco de fulminar ● História natural: CONTÁGIO → INCUBAÇÃO (variável 4-12 semanas) → SINTOMAS (fase clínica → anticorpos): o PRODRÔMICA (dias-semanas): febre/fadiga, ↑transaminases (TGO/AST e TGP/ALT) → TGP é mais específica pois TGO também está presente no músculo o ICTÉRICA (dias-semanas): ↑Bb direta, colúria, acolia fecal, ↑↑transaminases (>10x nas agudas) ▪ Em qualquer agressão hepática, a 1ª função a parar é a excreção → ↑Bb direta na circulação (icterícia/colúria), ↓Bb nas fezes (acolia fecal) ▪ BB direta elevada pensar em colestase ou lesão de hepatócito o CONVALESCENÇA (dias-semanas): melhora/cura ou cronifica (B e C) ● Vias de transmissão: o Fecal-oral: hepatite A e E o Parenteral: hepatite B, C e D; A* (via menos comum) ● Complicações: o Colestase (A) o Fulminante (B) o Recorrência o Crônica (B/C/D) o Autoimune (B/C) DEFINIÇÕES IMPORTANTES EM HEPATITE VIRAL Imunotolerância: O sistema imune ainda não reconheceu o vírus, que se multiplica de forma intensa. HBeAg positivo, Anti HBe negativo, DNA viral > 20000 com aminotransferases normais Imunoeliminação: O sistema imune passa a reconhecer o vírus e ocorre elevação das transaminases Soroconversão: O HBeAg fica negativo, assim como a carga viral, embora o HBsAg possa permanecer positivo Reativação: Representado por novo ataque imune aos hepatócitos devido à reativação viral Hepatite A: ● Formas clínicas: o Assintomática (maioria) o Sintomática (10%) o Fulminante (0,35%) o Nunca cronifica! ● Particularidades: o Transmissão: fecal-oral o Anticorpo (anti-HAV): IgM (4-6 meses) e IgG (para sempre positiva → cicatriz imunológica) ● Tratamento: sintomáticos / afastar das atividades por 2 semanas o Não se justifica o uso de antivirais devido aos efeitos adversos e o fato de não cronificar ● Profilaxia: o Pré exposição: dose única aos 15 meses de vida(MS), pode fazer até 5 anos de idade o Pós-exposição: ▪ Vacina: indicação: ● Não previamente vacinados e imunocompetentes → até 14 dias pós exposição ▪ Imunoglobulina: ● Se < 1 ano ou imunodeprimidos Hepatite B: ● Transmissão: sexual (mais comum), vertical, percutânea ● Todos os vírus hepatotrópicos causadores de Hepatite tem como material genético RNA, com exceção do vírus B, que é um DNA vírus ● Estrutura molecular: é o único DNA-HBV (os outros são RNA) o HBsAg (antígeno de superfície viral → marca a presença do vírus) o HBcAg (antígeno “escondido” dentro do vírus, core/núcleo) → não é detectado no exame de sangue o HBeAg (antígeno que é secretado na replicação viral) o Anticorpos criados contro esses antígenos: ▪ HBsAg → Anti-HBs = garante imunidade (garante proteção); ÚNICO anticorpo que positiva com vacinação ▪ HbcAg →Anti-HBc = marca que já houve contato ou está com a doença → IgM (agudo) e IgG (crônico) ▪ HBeAg → Anti-Hbe = aparece quando o vírus para de replicar AGUDA CRÔNICA não replicativa CURA VACINA SUSCEPTÍVEL HBsAg + + - - - HBeAg + - - - Anti HBc IgM + - - - - Anti HBc IgG -/+ + + - - Anti HBe - + - - - Anti HBs - - + + - o Observações: ▪ Se só IgM + = aguda fase inicial ▪ Se IgM e IgG + = aguda fase tardia ▪ Se só IgG+ = fase crônica ▪ Se HBeAg+ = em fase de replicação ▪ Se HbsAg –, anti-Hbe + e IgG + = teve contato, mas curou ▪ Só anti-HBs + = imunização prévia (vacina) ● “Mutante pré-core”: vírus B que se replica sem liberar HBeAg, sendo assim a única forma de descobrir é dosando a carga viral (HBV DNA) o Conceito: falha na síntese do HBeAg (replica sem demonstrar) o Lab: HBeAg – HbsAg + ↑↑↑transaminases (agressão hepática sem atividade da doença?) → Confirmação: ↑HBV-DNA (dosa carga viral) o Variante agressiva → mais risco de fulmonar, cirrose, câncer o Sempre que estiver tratando um paciente com hepatite b crônica e o HBeAg vier negativo eu tenho que dosar o HBV DNA ● História natural: Hepatite B aguda → o Fulminante (1%) o Hepatite B crônica ▪ A hepatite pode cronificar ● Pode evoluir com cirrose e posteriormente para carcinoma hepatocelular. Porém, também pode ocorrer uma evolução direta da hepatite crônica para o CHC, sem passar pela cirrose. isso ocorre pois o DNA do vírus pode se agregar ao DNA do hepatócito, que causa desarranjo molecular no hepatócito. Isso não ocorre com o vírus C ● Estatísticas: o Cronificação: ▪ 1 a 5% dos adultos cronificam; 20-30% das crianças cronificam; 90% dos RN cronificam ▪ 20-50% dos pacientes com hepatite B crônica podem evoluir para cirrose ▪ 10% dos pacientes com cirrose evoluem para CHC ● Manifestações extra hepáticas: o PAN: poliarterite nodosa o Glomerulonefrite membranosa o Síndrome de Gianotti-Crosti: pápulas eritematosas não pruriginosas. Ocorre na pediatria ● Algoritmo diagnóstico: basicamente usamos 3 marcadores → HBsAg; Anti HBs; Anti HBc o Primeiro passo: HBsAg ▪ Se positivo: paciente tem hepatite B, podendo ser aguda ou crônica ▪Se negativo: paciente sem infecção ou paciente em uma fase muito inicial o Segundo passo: Anti HBc → podendo ser fornecido como total ou nas frações IgM e IgG. Importante: NÃO positiva com a vacina ▪ Se negativo: nunca teve contato com hepatite B ▪ Se positivo: ● IgM: hepatite B aguda ● IgG: hepatite B antiga (podendo ser curada ou não) o Terceiro passo: Anti HBs. Importante: ÚNICO que positiva com a vacina ▪ Se positivo: marca imunidade; cura ou vacina ▪ Se negativo: hepatite B crônica ● Profilaxia: o Pré exposição: ▪ Adultos e crianças: 3 doses com intervalos de 6 meses entre elas ▪ Imunodeprimido e renal crônico: 4 doses com intervalo de 6 meses entre elas → doses dobradas em cada aplicação ▪ Anti HBs negativo após 3 doses: ● < 2 meses: repetir esquema ● > 2 meses: 1 dose de reforço o Pós exposição (pérfuro cortante, abuso sexual, RN de mão HBsAg) ▪ Se já foi vacinada confiar na vacina; se não foi vacinada dar imunoglobulina e depois vacinar também ▪ Imunoglobulina: ● Padrão: em até 7 dias da exposição ● Se vítima de abuso sexual: em até 14 dias ● Imunodeprimido: dar Ig mesmo se paciente vacinado ▪ CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE: ● RN de mãe HBsAg: o RN: Vacinação + Imunoglobulina em até 12 horas de nascimento o Mãe: Tenofovir no terceiro trimestre para reduzir carga viral o NÃO há indicação de cesárea eletiva o Aleitamento permitido QUANDO TRATAR HEP. B ? Replicação Viral + Lesão hepática HbeAg + ou ↑HBV-DNA > 2000 → mutante pré core ↑ ALT > 2x Fibrose comprovada por Biópsia (METAVIR ≥ A2F2) ou Elastografia (> 7 KPa) Cirrose Manifestações Extra-hepáticas PAN, GN membranosa... Fatores de risco: Imunossupressão Coinfecção com HCV, HIV História familiar de CHC ● Obs: ○ A2: atividade Inflamatória moderada ○ F2: fibrose portal + septos Tratamento Hepatite B Objetivo: negativar HBeAg, ou, pelo menos, anti-HBeAg + HbeAg (+) ALPHA PEGINTERFERON Via SC 48 sem Contraindicação: disfunção hepática ou cardíaca, gestante, citopenias, câncer, doença autoimune HbeAg (-) TENOFOVIR Via oral, tempo indefinido Contraindicação: doença renal Indicação: HBeAg - (mutante pré core); coinfecção com HIV, sem resposta ao interferon CIRROSE DOENÇA RENAL IMUNOSSUP / QT ENTECAVIR Via oral, tempo indefinido Indicação: paciente nefropata ou hepatopatia grave, imunossuprimido, quimioterapia Hepatite C: ● Conceitos gerais: o Vírus RNA, com genótipos (Brasil: genótipos 1, 2, 3, 4 e 5) → define tratamento ▪ 1 e o 3 são os mais prevalentes no Brasil ● Principal forma de contágio: parenteral → principalmente drogas injetáveis ● Não há vacina contra o vírus C ● Algoritmo diagnóstico: o Anti HCV ▪ esse anticorpo isoladamente positivo NÃO CONFIRMA diagnóstico, tem que solicitar carga viral o HCV RNA ● História natural: Hepatite C aguda → o Fulminante (~0%) o Hepatite crônica (80%) → cirrose (10%) → CHC (10%) ● Manifestações extra-hepáticas: o Crioglobulinemia o Glomerulonefrite mesangiocapilar/membranoproliferativa o Associação com Anti-LKM1 → desordem autoimune ● Tratamento: o Indicações: tratamento para todos os pacientes! o Objetivo: “Resposta viral sustentada” = vírus indetectável TRATAMENTO HEPATITE C CRÔNICA REGRA 1 Todos os genótipos - esquema Pan Genótipo SOFOSBUVIR + (LEDIPASVIR ou VELPATASVIR) → para gravar: SOLE ou SOVE REGRA 2 Tratamento = 12 semanas, exceto... HIV / CIRROSE Child B e C = 24 sem REGRA 3 Opcional para melhorar resposta RIBAVIRINA (cuidado com hemólise - acompanhar) o Obs: geralmente NÃO tratamos hepatite viral aguda, somente casos graves de hepatite B e TODOS os casos de hepatite C, independente de ser aguda ou crônica Hepatite D: ● “Vírus delta” ● Regiões endêmicas: Mediterrâneo e Amazônia ● A hepatite D só existe em paciente com HBsAg positivo, ou seja, tem que ter hepatite B ativa o Coinfecção: adquire as duas juntas → D e B agudas = não aumenta o risco de cronificação da hepatite B o Superinfecção: paciente já possuía hepatite B e adquiriu posteriormente hepatite D (lembrar: adquiriu sobre a hepatite B → super) → B crônica ▪ Maior risco de hepatite fulminante e cirrose → lembrar que se o paciente evoluiu para hepatite crônica é porque o sistema imune já não era muito bom, por isso o maior risco de se tornar fulminante Hepatite E: ● Similar à A ● Fulmina mais em gestantes (20% dos casos em gestante fulmina) ● Transmissão fecal-oral IMPORTANTE: Relação albumina/proteína ● A fração proteína contém albumina e globulina ● Geralmente, albumina é maior do que as globulinas ● A fração globulina contém as gama globulinas, que são os anticorpos. ● Conclusão: sempre que houver inversão da relação albumina/globulina, ou seja, globulina > albumina, devemos pensar que há um grande número de anticorpos → pensar em mecanismo autoimune Colangite biliar primária (antiga “Cirrose biliar primária”) ● Mulher 40-60 anos ● Fisiopatologia: Imunoglobulina IgM – lesão imune em ducto biliar (espaço porta - via biliar microscópica) → ↑sal biliar (tóxico para o hepatócito) → desfecho é cirrose ● Manifestações: o Assintomático o Prurido (sal biliar), xantelasma (colesterol), icterícia (fígado) o Associação com Síndrome de Sjogren, Tireoidite de Hashimoto e AR ● Diagnóstico: o ↑Fosfatase alcalina o Anticorpo anti mitocôndria (AMA) ● Tratamento: ácido ursodesoxicólico (sal biliar não-tóxico, sintético → ai é produzido menos sal biliar tóxico endógeno) / trasplante Hepatite auto-imune ● Mulher jovem ● Fisiopatologia: Imunoglobulina IgG – agressão auto-imune contra fígado: o TIPO 1: FAN, anticorpo antimúsculo liso o TIPO 2: anti-LKM1 ● Manifestações: o Assintomática o Doença hepática (aguda/crônica/cirrose) ● Tratamento: Prednisona + Azatioprina (pode usar prednisona pois a disfunção hepática não é tão grave) Hepatite medicamentosa ● SÍNDROMES COLESTÁTICAS ● Vias biliares extra-hepáticas: o Função: coletar bile e levar ao TGI o Ducto hepático direito + Ducto hepático esquerdo → Ducto hepático comum o Vesícula armazena bile → ducto cístico + ducto hepático comum → ducto colédoco (ducto hepático principal → contato com a cabeça do pâncreas; entra no duodeno, mas antes se junta com o ducto pancreático principal (Wirsung) e desembocam na ampola de Vater (esfíncter de Oddi) na segunda porção do duodeno o Quando o esfíncter está fechado, ocorre retroalimentação de bile para dentro da vesícula o Se obstrução dos ductos hepáticos → colestase → ↑Bb → icterícia o Triângulo de Calot → dentro passa a artéria cística (irriga vesícula e deve ser ligada na colectomia) ▪ Borda hepática ▪ Ducto Cístico ▪ Ducto hepático Comum SÍNDROMES COLESTÁTICAS ● Causas ○ Doença calculosa biliar ○ Neoplasia maligna ○ Doença autoimune de via biliar ● Investigação inicial: ULTRASSONOGRAFIA DE VIAS BILIARES Doença Calculosa Biliar: ● Tipos de cálculos: TIPOS PARTICULARIDADES FATOR DE RISCO AMARELO: (Colesterol) - Mais comum (75%) - Não pigmentado - Vesícula radiotransparente → NÃO é visto no RX ↑Colesterol ou ↓bile: Mulher (estrogênio) Idade Obesidade - Formado na vesícula Emagrecimento rápido Drogas (ciprofibrato) Doenças ileais (Crohn, ressecção → ↓reabsorção enterohepática de bile → precipitação do colest.) PRETO - 2º mais comum (15%) - Pigmentado - Vesícula com bilirrubinato de Ca++ - Formado na vesícula Hemólise crônica (↑Bb): A. hemolítica Prótese valvar mecânica Cirrose (↓conjugação) CASTANHO - Mais raro (5%) - Pigmentado - Formado na via biliar (único que NÃO forma na vesícula) - Bilirrubinato de Ca++ (primário) Obstrução da VB E colonização bacteriana (tumor, parasitas) 1. Colelitíase: ● Definição: presença de cálculo dentro da vesícula ● Clínica: o Assintomático (80-85%) o “Cólica biliar” (15%): DOR < 6 HORAS + NADA (não tem icterícia) → geralmente ocorre após libação alimentar de alimentos gordurosos (libera colecistoquinina que é um hormônio que promove a contração da vesícula) ● Diagnóstico: o USG abdominal (PADRÃO OURO): imagem hiperecóica + sombra acústica posterior ▪ OBS: Pólipo de VB pode dar imagem semelhante, mas não é móvel, diferentedo cálculo ● Tratamento: CVL – Colecistectomia videolaparoscópica o Assintomático: NÃO OPERA! Operar apenas se: ▪ “Vesícula em porcelana” → calcificação na vesícula (FR para CA) ▪ Cálculo > 2,5 -3,0 cm (FR para CA) ▪ Cálculo + pólipo (cálculo pode induzir transf. maligna do pólipo) ▪ Anemia hemolítica ▪ Anomalia da vesícula (ex: vesícula dupla) o Sintomático: OPERA! Não operar se elevado risco cirúrgico ou recusa do paciente ▪ Opção: Ácido ursodesoxicólico (pouca evidência) o Contra-indicação para videoparoscopia: INSTABILIDADE HEMODINÂMICA! Múltiplas cirurgias prévias ou peritonite estável não contra-indicam 2. Colecistite Aguda: ● Definição: inflamação por cálculo obstruindo a vesícula ● Clínica: DOR ABDOMINAL > 6 HORAS + FEBRE + MURPHY SEM ICTERÍCIA o Sinal de Murphy: interrupção súbita da inspiração profunda durante a palpação do ponto cístico o Obs: no exame laboratorial encontramos leucocitose, porém não é visto elevação das bilirrubinas, pois não há obstrução da drenagem da bile. Isso só ocorre na Síndrome de Mirizzi, ou seja, quando há colecistite aguda e há compressão do ducto colédoco → nesse caso há elevação da bilirrubina ● DIAGNÓSTICO: TOKYO GUIDELINE (TG-18) → CLÍNICA, LABORATÓRIO E IMAGEM o A: Sinais de inflamação local ▪ Sinal de Murphy + Dor em quadrante superior direito + Massa palpável o B: Sinais de inflamação sistêmica ▪ Febre, leucocitose, PCR elevada o C: Achados ultrassonográficos o Conclusão: ▪ Suspeita diagnóstica: A + B ▪ Diagnóstico: A + B + C o Classificação de gravidade: ▪ Grau I (LEVE): sem critérios para moderada e grave → COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA PRECOCE + ATB ▪ Grau II (MODERADO): algum dos achados, mas sem disfunção orgânica → INICIA COM ATB E INDICA A COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA PRECOCE ● Leucocitose > 18.000 ● Massa palpável e dolorosa em QSD ● Evolução > 72h ● Sinais de complicação local ▪ Grau III (GRAVE): Disfunção orgânica → INICIA COM ATB PARA ESFRIAR O PROCESSO E ESTABILIZAR E POSTERIORMENTE COLECISTOSTOMIA ● Exames de imagem: 1. USG abdome: cálculo impactado no infundíbulo + parede espessada (>3mm) + “Murphy” sonográfico (sinal de Murphy feito com transdutor) 2. Cintilografia biliar (padrão-ouro): contrasta com tecnécio → ausência de contraste na VB ▪ Na prática não é feito ● Tratamento: o Medidas gerais + antibioticoterapia (E. coli, Klebsiella, Enterococos) → esfria o processo → Na colecistite aguda SEMPRE faz ATB o Colecistectomia videolaparoscópica precoce (até 72h → padrão-ouro) até 1 semana ▪ Casos graves sem condição de cirurgia: colecistectomia percutânea ou drenagem percutânea o Grau III: estabilizar o paciente com tratamento conservador e posteriormente fazer colecistectomia ou colecistostomia se ele tolerar ● Complicações: o Perfuração: ▪ Localizada: perfuração bloqueada (abscesso) ● Tratamento: avaliar colecistostomia (drenagem do abscesso) ▪ Livre: peritonite (febre alta, ↑↑leucocitose) ● Tratamento: CIRURGIA DE URGÊNCIA o Se estável hemodinamicamente videolaparoscopia, se instável cirurgia aberta ▪ Fístula: ● Íleo biliar → geralmente é uma fístula colecistoduodenal → impactação de cálculo no íleo o Tríade de Rigler: Cálculo ectópico – Pneumobilia (ar do TGI volta para as vias biliares)– Obstrução do delgado o Colecistite enfisematosa: ▪ Definição: Infecção pelo Clostridium: gás na parede da vesícula ▪ 1% dos casos ▪ Quadro mais grave, idosos (60 anos), DM ▪ Diagnóstico: TC é o grande exame nesse caso ▪ Tratamento: cirurgia não está indicada para o paciente diabético a) Síndrome de Mirizzi: ● Colecistite aguda (cálculo no infundíbulo ou ducto cístico) → vesícula causa compressão e obstrução do ducto hepático comum → Colecistite aguda + icterícia ● Classificação: o I – Sem fístula o II, III e IV – com fístula biliobiliar: ▪ Tipo II: fístula de até 1/3 do ducto hepático comum ▪ III até 2/3 do ducto ▪ IV toda a circunferência ● Diagnóstico: geralmente ocorre durante o ato cirúrgico para colecistite aguda b) Colecistite alitiásica: Colecistite acalculosa 5-10% ● Fator de risco: pacientes graves (CTI), jejum, Nutrição parenteral (NTP) ● Clínica: o Igual calculosa o Febre + leucocitose no CTI = USG! ● Tratamento: Igual calculosa → colecistectomia videolaparoscópica ou colecistostomia por punção se paciente não suporta a cirurgia 3. Coledocolitíase: ● Definição: cálculo no colédoco ● Classificação: o Primária: cálculo formou dentro do colédoco → cálculo marrom (Obstrução da VB E colonização bacteriana (tumor, parasitas) o Secundária: cálculo da vesícula migrou para o colédoco → cálculo de colesterol ▪ Mais comum ● Clínica: o Assintomático: 50% o Sintomático: ▪ Icterícia flutuante/intermitente ▪ Vesícula não palpável (vesícula escleroatrófica → vesícula não distende devido ao histórico de colelitíase que vai lesionando a vesícula ao longo do tempo). Como a obstrução é flutuante não dá tempo da vesícula dilatar ● Diagnóstico: o 1º passo – Ultrassonografia de vias biliares o Para confirmar: → CPRE, colângioRM (falha no enchimento do contraste) → MAIOR ACURÁCIA QUE USG ▪ A CPRE é diagnóstica e terapêutica (papilotomia) mas pode complicar com perfuração e pancreatite hemorrágica. É mais invasivo ▪ ColangioRM não é terapêutica, apesar de ser manos invasiva que a CPRE ● IMPORTANTE: em pacientes com COLELITÍASE com indicação de videolaparoscopia, antes de fazer a cirurgia deve investigar coledocolitíase, pois pode ser necessário incrementar o tratamento. o Como investigar a possibilidade de coledocolitíase em uma pessoa que eu já planejo operar para colelitíase? USG + Bilirrubinas + FAL/GGT + transaminases (TGO/TGP) RISCO DE COLEDOCOLITÍASE EM PCT COM COLELITÍASE CARACTERÍSTICAS: CONDUTA: ALTO Icterícia flutuante, USG com cálculo no colédoco, colestase CPRE (exame confirmatório e terapêutico) e posteriormente é feito colecistectomia MÉDIO USG com colédoco > 5mm + sem cálculo + 2 critérios: ↑Bb, ↑FAL, ↑Transaminases HPP de colelitíase Pancreatite Colangite ColângioRM (exame confirmatório e de baixo risco) Primeiro confirma se tem coledocolitíase, se tiver intervêm e só depois realiza a colecistectomia BAIXO Idem médio risco + Colédoco < 5mm Colecistectomia + Colangiografia intra-operatória (injeta contraste intra-operatório) → o correto é retirar o cálculo intraoperatório se for encontrado, mas muitas vezes é feito posteriormente uma CPRE MUITO BAIXO Nenhum dos fatores Colecistectomia videolaparoscópica ● Tratamento: SEMPRE o Se cálculo descoberto antes da colecistectomia videolaparoscópica → CPRE: papilotomia endoscópica o Se cálculo no colédoco descoberto durante a colecistectomia videolaparoscópica → exploração cirúrgica e retirada do cálculo 4. Colangite Aguda: ● Definição: OBSTRUÇÃO de vias biliares + INFECÇÃO (enterobactérias) ● Classificação: o “Não” Grave: restrita às vias biliares ● Tríade de Charcot: Febre com calafrio – Icterícia – Dor abdominal ● Tratamento: ATB + Drenagem eletiva o ATB: Ceftriaxona + Metronidazol → tem que pegar gram negativo e anaeróbio ▪ Resposta muito boa à ATB o Drenagem da via biliar: drenagem eletiva, já que costuma ter uma boa resposta ao ATB e dar uma esfriada no processo ▪ Ideal: CPRE, se não, percutânea o Grave (supurativa): Tóxica/supurativa → infecção não está restrita às vias biliares ● PÊNTADE DE REYNOLDS: Tríade de Charcot (febre, calafrio e dor abdominal) + hipotensão e depressão SNC ● Tratamento: ATB + drenagem imediata o ATB: resposta não é muito boa ou suficiente o Drenagem da via biliar: imediata → ideal: CPRE, se não, percutânea Tumores periampulares ● Tipos: o CA de cabeça de pâncreas: mais comum, CA19.9 elevado o CA da ampola de Vater (papila) o Colangiocarcinoma distal o CA duodeno ● Clínica: o Icterícia progressiva (diferente da icterícia flutuante da coledocolitíase), acolia, colúria, prurido o Vesícula de Courvoisier: vesícula palpável e indolor o Síndrome consumptiva o CA de ampola/papila: períodos de atenuação da icterícia + melena (vascularização não acompanha crescimento → necrose daponta do tumor → abre espaço para drenagem da bile → ↓bile e sangramento = alívio da icterícia/icterícia flutuante + melena ● Tratamento: o Curativo (raro) → Cirurgia de Whipple o Alívio da icterícia: ▪ Endopróteses (força um pouco a abertura da via biliar) ou derivação bíleo-digestiva ou punção ● Complicação: Colangite Tumor de Klatskin: ● Definição: Colangiocarcinoma peri-hilar (obstrução proximal → confluência do ducto hepático direito e esquerdo - hepático comum) ● Clínica: icterícia progressiva + vesícula impalpável ● Diagnóstico: USG: vesícula murcha + dilatação de vía biliar intrahepática ● Classificação de Bismuth: o TIPO I: Hepático comum o TIPO II: Junção dos hepáticos o TIPO IIIa: hepático direito o TIPO IIIb: hepático esquerdo o TIPO IV: ambos os hepáticos Doença Hepática Gordurosa Alcoólica ● Limites seguros de ingestão alcoólica: o Homem: 21 UI/semana o Mulher: 14 UI/semana → 1 lata de cerveja = 1,7UI ● Abuso de álcool: o Questionários → CAGE/AUDIT o Laboratório: ↑Gama GT, ↑VCM (macrocitose por álcool), elevação TGO>TGP ● Curso da doença: o ESTEATOSE ALCOÓLICA: libação alcoólica mesmo em indivíduo não alcoólatra o HEPATITE ALCOÓLICA: libação no bebedor crônico ■ Culpado = acetaldeído → o álcool é metabolizado em acetaldeído, e os bebedores crônicos têm enzimas hiperfuncionantes tem a capacidade de fazer o metabolismo de grande quantidade de álcool. Pessoas que não bebem cronicamente não tem enzimas hiperfuncionantes, então não há tanta produção de acetaldeído): ■ Achados: ● Febre, icterícia, dor, TGO>TGP (AST>ALT) ● Leucocitose intensa: reação leucemóide ■ Tratamento: ● Se caso leve: abstinência alcoólica ● Se caso grave (índice de Maddrey > 32): o Corticóide por 4 semanas (prednisolona) + abstinência alcoólica. Não se usa prednisona pois ela deve ser convertida à prednisolona no fígado, que encontra-se insuficiente. o Alternativa: Pentoxifilina o CIRROSE ALCOÓLICA: etilista crônico Doença autoimune da via biliar ● Clínica: icterícia colestática + prurido/Cirrose ● Colangite Biliar Primária (CBP): Cirrose biliar primária ○ Local de acometimento: Ductos do espaço porta ○ Mulher ○ Relação com: AR, Sjogren, Hashimoto ○ Anticorpo: anti mitocôndria ● Colangite Esclerosante Primária (CEP): ○ Local de acometimento: Grandes vias biliares ○ Homem ○ Relação com: Retocolite ulcerativa ○ p- ANCA ● Tratamento: ○ Retardo da evolução: Ácido ursodesoxicólico (comprovação na CBP, na CEP não tem) ○ Caso avançado: transplante hepático VIDEOLAPAROSCOPIA COMPONENTES ● Monitor ● Fonte de luz ● Insuflador ○ Pressão desejada: 10-15 ○ Fluxo: baixo no início da cirurgia 1-3L/min; com o passar da cirurgia vai aumentando o fluxo. Se o fluxo for muito alto no início da cirurgia pode gerar um reflexo vagal e culminar em uma bradicardia ● Câmera/óptica CONTRAINDICAÇÕES: ● Instabilidade hemodinâmica: paciente instável geralmente tem que fazer cirurgia aberta, como laparoscopia exploradora ● Doença cardiopulmonar grave GÁS IDEAL: ● CO2: ○ Elevada solubilidade ○ Inibe combustão ○ Barato e disponível REPERCUSSÕES: ● Respiratória: redução do volume intrapulmonar, devido à elevação do diafragma, que culmina em redução da complacência pulmonar → hipoxemia e hipercapnia ● Cardíaca: ○ Elevação da FC: como ocorre redução do retorno venoso e aumento da resistência vascular periférica → há uma tendência a aumentar o débito cardíaco e para isso acontecer o paciente eleva a FC ○ Bradicardia: no início da cirurgia, ao iniciar o pneumoperitônio, se o fluxo for muito alto, pode ocorrer um reflexo vagal, culminando em uma bradicardia. Por isso, essa tende a ser a principal arritmia na videolaparoscopia ■ Para evitar: colocar um fluxo baixo inicialmente → se mesmo assim fizer bradicardia desfazer o pneumoperitônio por uns instantes → se mesmo assim manter a bradicardia administrar atropina ● Urinária: como ocorre aumento da resistência vascular periférica, pode ocorrer uma vasoconstrição renal, e consequentemente queda da TFG e oligúria ● SNC: como há redução do retorno venoso, com aumento da pressão no átrio direito, a veia jugular não consegue retornar o volume, sendo assim há acúmulo de volume → turgência jugular. Esse aumento de fluxo também pode ocorrer devido à hipercapnia (como tem redução da complacência pulmonar, ele tem dificuldade de eliminar CO2), que faz uma vasodilatação cerebral → aumento da PRESSÃO INTRACRANIANA
Compartilhar