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APOSTILA Direito Militar CFP 2022 2

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DIREITO PENAL MILITAR
Curso de Formação de Praças
DIREITO PENAL MILITAR
Belém/PA
2021
Direito Penal Militar. CH: 50 h/a
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Esquematizado
Art. 9º, I, do CPM: Crime definido apenas no CPM, ou
também na Legislação Penal Comum só que de modo
diverso + agente é qualquer pessoa.
Art. 9º, II do CPM: os crimes previstos neste código e os previstos na legislação penal,
quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou
assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado,
ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar,
ou a ordem administrativa militar;
Cuidado!!!!
STF e STJ vêm restringindo o alcance desse dispositivo
STJ (Informativo n° 553)
Compete à Justiça Comum Estadual (e não à Justiça Militar Estadual) processar e julgar suposto crime de
desacato praticado por policial militar de folga contra policial militar de serviço em local estranho à
administração militar. Isso porque essa situação não se enquadra em nenhuma daquelas previstas no art.
9º, II, do CPM.
STJ (Informativo n° 667)
DIREITO PENAL, DIREITO PENAL MILITAR TEMA - Homicídio envolvendo policias militares de
diferentes unidades da federação. Policiais fora de serviço ou da função. Discussão iniciada
no trânsito. Contexto fático que não se amolda ao disposto no art. 9º, II, a, e III, d, do CPM.
Competência da Justiça comum. STJ CC 170.201-PI/2020, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 3ª
Seção.
Cuidado!!!!!
Segundo melhor doutrina, Guilherme Rocha, aduz:
“Conforme jurisprudência do STF, nem sempre será de natureza militar o delito perpetrado
por militar da ativa contra militar da ativa, nos termos do artigo 9°, II, (a) CPM, havendo
crime comum se estiverem cumulativamente presentes os seguintes requisitos:”
 Os sujeitos ativo e passivo não estarem em serviço; e
 Os sujeitos ativo e passivo estarem fora de lugar sujeito à administração militar;
 O motivo do crime não estar ligado à caserna; e
 Não se tratar de crime militar próprio.
Novidade Legislativa.
Com o advento da Lei n° 13.491/17 os crimes que eram considerados crimes de natureza comum, devido
à redação anterior definir os crimes militares como sendo somente os que estavam previsto no código
penal militar, embora, com redação idêntica a lei penal comum, a partir do advento da referida lei,
preenchido os requisitos do artigo 9, II, do CPM, tais delidos, podem ser considerados crimes militares,
atraindo assim, em regra, a competência da justiça militar, seja, da união ou dos estados.
Cuidado!!!
Segundo a melhor doutrina, embora o referido artigo 9, II do CPM ao fazer referência aos crimes previstos
na legislação penal, não trás qualquer exceção, podendo em uma interpretação mais singela, concluir,
então que qualquer crime previsto na legislação penal seria considerado militar, ainda que tal crime
tivesse como destinatário outra justiça competente para o processo e julgamento, essa não seria a melhor
interpretação de tal dispositivo, tal norma, advinda da inovação legislativa, deve observar competências
estabelecidas na constituição e/ou na Lei, quando estas têm outorgas conferidas a outras justiças,
distintas da militar. Ex: O processamento dos crimes eleitorais que tem a previsão na constituição, em seu
artigo 121 CF/88, que determina à competência a justiça eleitoral.
Esquematizado
Art. 9º, II, do CPM: Crimes definidos no CPM ou na
Legislação Penal Comum são denominados de crimes
militares impróprios + Agente é somente militar da
ativa.
Comentários!!!
Segundo Lobão, para efeito de aplicação da norma, entende que a alínea c e a alínea d se confundem,
sendo similares, porém, escritas de outra forma. Na alínea (c) estamos diante do militar atuando
em comissão militar ou em formatura, agindo basicamente contra qualquer pessoa, mesmo em local fora
da jurisdição militar. Na alínea (d) fala-se do militar em período de manobras ou exercício.
Cuidado!!!
Não devemos nos preocupar com os conceitos (comissão de natureza militar, formatura, manobra ou
exercício), previstos neste artigo, pois em qualquer destas situações o militar estará de serviço ou atuando
em razão da função.
Art. 9°, III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou
contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração,
exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou
no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Comentários:
Competência excepcional da justiça militar, seja da união ou dos estados. Estaremos diante
de crimes praticados por militar da reserva, reformado ou civil.
 Na alínea a temos o caso, por exemplo, do civil que não comunica o óbito de seu familiar militar
da reserva, para continuar recebendo indevidamente a pensão.
 Na alínea b a conduta precisa ser praticada em lugar sujeito à administração militar. Os órgãos
da justiça militar, por obvio, pertencente ao Poder Judiciário, e por isso não é considerado lugar
sujeito à administração militar. O mesmo se aplica às dependências do Ministério Público Militar.
 Quanto à alínea c e a alínea d, não costumam aparecerem em provas, contudo, é importante,
sempre ter conhecimento da literalidade do texto, eventualmente pode ser cobrado.
Novidade Legislativa.
Art. 9, § 1° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
Art.9, § 2° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo
Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição
subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma
dos seguintes diplomas legais:
a) Lei n° 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; b) Lei Complementar
n° 97, de 9 de junho de 1999;c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo
Penal Militar; e d) Lei n° 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
Comentários:
Mesmo com o advento da Lei n° 13.491/17, segundo a melhor doutrina, a competência para processar e
julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares(Federais ou Estaduais) continua
sendo, em regra, da justiça comum, especificamente do tribunal do júri, conforme, preceitua o artigo 9º, §
1º do CPM.
Contudo, temos como exceção, os crimes dolosos contra a vida praticados por militares das forças
armadas contra civil, serão, excepcionalmente da competência da justiça militar da união, conforme,
preceitua o artigo 9º, § 2º do CPM.
 Regra Geral: Crimes Comuns, da competência do Tribunal do Júri.
 Exceções: Crimes Militares, da competência da Justiça Militar da União.
 Concurso entre Militar Federal & Militar Estadual em Crime Doloso contra a Vida de Civil:
 Regra Geral: Unidade de Processo no Tribunal do Júri.
 Excepcionalmente: Separação Obrigatória de Processos (Processo Comum no Tribunal do Júri e
Processo Militar na Justiça da união).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7565.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp97.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp97.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1002.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4737.htm
Crimes contra a autoridade militar; revolta e motim - Artigos 149 a 156.
MOTIM & REVOLTA MOTIM
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra
superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer
deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles
locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem
superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, com aumento de 1/3 (um terço) para os cabeças.
Revolta
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de
um terço para os cabeças.
Comentários:
a) Objetividade jurídica: Sem dúvida o objeto jurídico é a disciplina militar que com a conduta dos
agentes é gravemente ofendida, pois, é inaceitável que grupo de militares se volte contra a ordem
superior e a ordem pública, também, se tutela a autoridade militar, tanto a do superior que teve sua
determinação descumprida, bem como, a norma que venha a ser violada.
b) Sujeito ativo: Só pode ser perpetrado por militares da ativa, em regra, trata-se de crime de concurso
necessário, sendo bastante, no mínimo 2(dois) militares da ativa, eventualmente, pode ser praticado por
militares da reserva ou civil, contudo, quando em concurso com militares da ativa, pela regra do artigo 53,
§ 1º CPM.
c) Sujeito Passivo: Estado.
d) Aspectos Objetivos: a conduta principal é reunirem-se, militares (juntar-se, realizar uma reunião),
voltados à realização de quatro finalidades (agir contra ordem superior ou negar a cumpri-la (omissão em
relação à ordem); rejeitar (seguimento ao comando dado), agindo contrário a ordem ou praticando
violência que pode ser moral ou física; concordar em não aceitar ordem superior, ou seja, não são os
cabeças, contudo, são aqueles que aderem a eles, fortalecendo o quantitativo de militares, ou seja, na
modalidade em análise existe a mera concordância na prática da recusa coletiva, na violência ou
resistência contra superior; ocupar(ingressar) unidades militares, com a finalidade de praticar ação militar
violenta ou não, contra ordem superior ou contra a disciplina.
d) Crime Propriamente Militar
e) Crime Formal
f) Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
g) Causa de Aumento: Em relação aos lideres (cabeças) do motim.
h) Forma Qualificada do Tipo Penal Militar: Militares amotinados armados com armas próprias ou
impróprias, segundo a melhor doutrina, bastando que os militares estejam armados, ainda que não
utilizem as armas efetivamente.
Organização de grupo para a prática de violência
Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou material bélico, de
propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não
à administração militar: Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar.
Sujeito Ativo: Militares (crime de concurso necessário).
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: a conduta principal é reunirem-se, militares (juntar-se, realizar uma reunião),
desde que, portanto, não necessariamente empregando, armamento ou material bélico, pertencente ao
Estado, executando atos violentos em desfavor de pessoas ou coisas, de natureza pública ou privada.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Material.
Crime Propriamente Militar
Omissão de lealdade militar
Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de
cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu
alcance para impedi-lo: Pena — reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: Militares.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: trata-se de crime omissivo, que estará consumado no momento em que militar ou
militares, têm ciência da preparação do motim ou revolta, não participa de imediato ao seu superior, de
outro giro, quando o militar ou militares, não buscam impedir, desde que sem risco, a realização do motim
ou revolta, estando presente quando da sua deflagração.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Omissivo.
Crime Propriamente Militar.
Cuidado!!!
Como o civil não tem o dever de lealdade para com a administração militar, não possui, desta forma,
dever de ação, não podendo configurar como coautor no crime em tela.
Conspiração
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
Isenção de pena
Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível
evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou.
Cumulação de penas
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar, tendo em vista que ao se
reunirem para realizarem planos para a prática de motim, ferem a estrutura do órgão militar.
Sujeito Ativo: Militares.(concurso necessário)
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: O núcleo do tipo penal militar e “concertar”, ajustar, combinar. O objeto do crime
militar é a prática do crime de motim. Portanto, busca-se punir a preparação do delito. Se houver a
conspiração e, na sequência, o motim, este último absorve o primeiro. Não cabe tentativa para o
delito em estudo, tendo em vista que o crime é de consumação instantânea.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Formal.
Crime Propriamente Militar.
Causa de extinção da punibilidade: Para (Nucci, 2014): “prestigia-se, neste caso, a delação, que
ocorre quando o integrante de um delito (como coautor ou partícipe), entrega-se e também a outro(s)
membro(s) do ajuste. Estipula-se, como condição para extinguir a punibilidade do agente da conspiração,
o seguinte: a) narrar o ajuste a quem possa impedi-lo, o que significa tratar-se de superior; b) ter tomado
parte no planejamento do motim; c) delatar o preparo antes do início da execução; logo, pode dar-se
depois de consumada a conspiração, embora antes do motim; d) não haver qualquer consequência do
preparo do motim, o que nos parece óbvio, pois nem mesmo teve início da execução, preservando-se o
bem jurídico tutelado.”
Aliciação para motim ou revolta
Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes previstos nocapítulo
anterior:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, incluindo o civil.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: “Aliciar” significa atrair alguém a alguma coisa. O objeto da conduta é o militar,
buscando-se convencê-lo à prática dos crimes de motim e revolta, ou seja, o crime militar em tela se
consuma quando o militar aliciado, se deixa seduzir e concorda com o autor.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Formal.
Crime Impropriamente Militar.
Incitamento
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à
administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que
se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: Qualquer Pessoal
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: O escopo do delito em tela é instigar, incentivar, que o militar, desobedeça ordem,
a disciplina, ou até mesmo, realize a prática de crime militar, desta feita, o tipo penal militar em comento,
abrange não só condutas que possam caracterizar crimes de natureza militar, como também,
transgressões disciplinares, desta feita, para a melhor doutrina, o crime se consuma com a anuência do
militar instigado.
Incitamento por equiparação: Para melhor doutrina, como podemos citar, (NUCCI, 2014) “considera-
se, também, incitamento a introdução, afixação ou distribuição de qualquer material, contendo mensagem
de instigação aos atos previstos no caput. O parágrafo único somente menciona papéis (impressão, escrita,
mimeografia), pois o Código Penal Militar data de 1969. Atualmente, pode-se acrescentar, em
interpretação extensiva, qualquer base material disposta a conter a mensagem de incitamento, como e-
mail, SMS, rede social etc.”
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Formal
Crime Impropriamente Militar.
Apologia de fato criminoso ou do seu autor
Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito
à administração militar:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Comentários:
Objetividade Jurídica: perturba essencialmente a disciplina, pois se exalta o criminoso da lei penal
castrense ou o próprio crime militar, o que afeta a normal regularidade da atividade militar.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: fazer apologia é exaltar, elogiar, engrandecer fato considerado crime militar ou o
autor de crime militar, não sendo necessário para a configuração do delito se o autor já foi condenado ou
não, tendo em vista que o tipo penal em apreço não exige tais elementos para a sua configuração.
Segundo (Neves, 2013): “O elemento espacial em lugar sujeito à administração militar é exigido
para as duas modalidades, ou seja, o enaltecimento do crime militar ou de seu autor, para se
configurarem delito, hão de ser em espaço sob a Administração Militar; fora desse limite, o delito será
comum.”
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso, não sendo previsto modalidade culposa.
Crime Impropriamente Militar.
Crimes de Violência e Desrespeito contra superior, Desrespeito a símbolo nacional ou farda e
Insubordinação - Artigos 157 a 176
Violência contra superior
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Formas qualificadas
§ 1º. Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 9 (nove) anos.
§ 2º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a
pessoa.
§ 4º. Se da violência resulta morte:
Pena — reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º. A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: inferior hierárquico ou funcional, nos termos do artigo 24 CPM.
Sujeito Passivo: Estado, como sujeito passivo imediato, e o superior agredido como sujeito passivo
mediato.
Aspectos Objetivos: o tipo penal militar consiste em praticar força física empregada, contra o corpo do
superior, ou seja, executar qualquer ato de coação físico, mediante emprego de força, nesta toada, STM:
“O crime de violência contra superior não exige a ocorrência de lesão corporal para sua
configuração, bastando o emprego de violência física” (RSE 0000035- 52.2010.7.01.0401/RJ,
Plenário, rel. Cleonilson Nicácio Silva, 07.02.2012).
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime material.
Crime Propriamente Militar.
Violência contra militar de serviço
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou
plantão:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
Formas qualificadas
§ 1º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§ 2º. Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a
pessoa.
§ 3º. Se da violência resulta morte:
Pena — reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: A conduta violenta é direcionada a militar de serviço, nas funções grafadas no tipo
penal em comento, ou seja, contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou
plantão.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime material.
Crime Impropriamente Militar.
Ausência de dolo no resultado
Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de
metade.
Comentários:
Segundo, (Neves, 2013): “Aqui se abranda o rigor da punição daquele que tinha, sim, a intenção de
agredir, o dolo de atacar fisicamente o superior hierárquico ou o militar em serviço; entretanto, a
apuração demonstra que ele, autor, não queria o resultado lesão corporal ou morte (dolo direto) nem
assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual). Dessa forma, como reconhecimento de que o dolo do
agente se restringiu à investida, e não ao resultado, o legislador concedeu a aplicação da pena do crime
contra a pessoa diminuída pela metade”. Assim pra uma parte da doutrina, estamos diante de uma figura
preterdolosa.
Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-
general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: inferior hierárquico ou funcional, nos termos do artigo 24 CPM.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: O verbo nuclear do tipo é desrespeitar, compreendido como a falta de
consideração, de respeito, de acatamento, o que pode ser realizado de diversas formas: de palavras,
gritos, desenhos, escritos, imitação e até caricaturas, etc. para (NUCCI, 2014): “O objeto é o superior,
exigindo-se que a conduta se desenvolva na presença de outro militar. Nota-se a importância conferida à
tutela da disciplina, pois o desrespeito somente ganha relevo quando visto por outros”, para o STM:
“Incorre no crime de desrespeito o militar que, durantea lavratura do auto de prisão em flagrante,
responde as indagações do respectivo encarregado em língua estrangeira, além de afirmar, em tom de
menosprezo e depreciativo, na presença de outros militares, que o aludido Oficial da Aeronáutica não sabe
falar nem digitar em inglês.” Ap. 0000028- 20.2010.7.10.0010/CE
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Propriamente Militar.
Cuidado!!!!
Para (Neves, 2013): “Nitidamente o delito de desrespeito é um delito subsidiário, isso de forma
expressa, como se denota do texto do preceito secundário (se o fato não constitui crime mais grave). Com
efeito, essa subsidiariedade se dá em relação ao delito de desacato a superior, grafado no art. 298 do
Código Castrense, Por ora, a título de distinção, tenhamos o desrespeito como a mera desconsideração,
enquanto o desacato como conduta que vai além do desrespeito, chegando ao menoscabo, menosprezo
da autoridade representada pelo superior”.
Desrespeito a símbolo nacional
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se traduza
em ultraje a símbolo nacional:
Pena — detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Despojamento desprezível
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprezo ou
vilipêndio:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em público.
Insubordinação
Recusa de obediência
Art. 163. Recusar obedecer à ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a
dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena — detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar e a autoridade militar.
Sujeito Ativo: inferior hierárquico ou funcional, nos termos do artigo 24 CPM.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: trata-se de crime , segundo a melhor doutrina de mão própria, não admitindo
assim, coautoria, de mais a mais, o verbo nuclear do tipo penal militar é “recursar a obedecer à ordem”
desobedecer, negar o acatamento, podendo ser por omissão ou por ação, além disso, para (NEVES,
2014): “Exige-se o enfrentamento, ainda que em silêncio, deprimindo a autoridade e lesando a disciplina.
Dessa forma, o militar que simplesmente recebe ordem de seu superior para abastecer a viatura antes de
deixar o serviço mas não a cumpre, fato que, porém, só é notado apenas posteriormente, quando outro
motorista assume o serviço, não estará incorrendo no delito, mas apenas em transgressão disciplinar”.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime Propriamente Militar.
Oposição à ordem de sentinela
Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Reunião ilícita
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou
assunto atinente à disciplina militar:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano a quem promove a reunião; de 2 (dois) a 6 (seis)
meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.
Publicação ou crítica indevida
Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar
publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do
Governo:
Pena — detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Usurpação e Excesso ou Abuso de Autoridade
Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia
Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de posto ou
graduação superior:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por qualquer pessoa.
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não tenha direito:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses.
Abuso de requisição militar
Art. 173. Abusar do direito de requisição militar, excedendo os poderes conferidos ou recusando cumprir
dever imposto em lei:
Pena — detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Rigor Excessivo
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o
por palavra, ato ou escrito:
Pena — suspensão do exercício do posto, por 2 (dois) a 6 (seis) meses, se o fato não constitui crime mais
grave.
Violência contra inferior
Art. 175. Praticar violência contra inferior:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Resultado mais grave
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada a pena do crime
contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159.
Ofensa aviltante a inferior
Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se
considere aviltante:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior.
Crimes contra o serviço e o dever militar; crimes de deserção - Artigos 183 a 203.
Insubmissão
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou,
apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação:
Pena — impedimento, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Caso assimilado
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, dispensado temporariamente da incorporação, deixa de se
apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Diminuição da pena
§ 2º. A pena é diminuída de um terço:
a) pela ignorância ou a errada compreensão dos atos da convocação militar, quando escusáveis;
b) pela apresentação voluntária dentro do prazo de um ano, contado do último dia marcado para a
apresentação.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é o serviço militar.
Sujeito Ativo: civil, convocado á incorporação às forças armadas, nos termos da lei.
Sujeito Passivo: Estado
Aspectos Objetivos: A primeira conduta é omissiva, praticada num único ato, portanto, segundo a
melhor doutrina, sem possibilidade de tentativa. A segunda é de mera conduta também não admitindo a
tentativa.
No § 1 o do artigo em estudo consagrou-se um caso assimilado, dispondo que incorrerá na mesma pena
aquele que, dispensado temporariamente da incorporação, deixa de se apresentar, injustificadamente,
findo o prazo de licenciamento. Já em relação ao § 2°, prevê minoração da pena em um terço, Segundo
(NEVES, 2013): “com base na ignorância ou errada compreensão dos atos da convocação militar, quando
escusáveis ou quando há o arrependimento posterior do agente, que se apresenta voluntariamente dentro
do prazo de um ano, contado do último dia marcado para a apresentação. No primeiro caso vemos a
plena materialização do princípio ignorantia legis neminen excusat, ou seja, o dogma de que a ignorância
da lei é inescusável e, ainda que o seja, a culpabilidade do agente não estará afastada”.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime propriamente Militar.
Criação ou simulação de incapacidade física
Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o serviço militar:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Substituição de convocado
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apresentação ou na inspeção de saúde.
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem substitui o convocado.
Favorecimento a convocado
Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte
ou meio que obste ou dificulte a incorporação, sabendo ou tendo razão para saber que cometeu qualquer
dos crimes previstos neste capítulo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena.
Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, daunidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; se oficial, a pena é agravada.
Comentários:
Objetividade Jurídica: O bem jurídico protegido é o serviço militar, bem como, o dever militar, o
comprometimento com sua profissão.
Sujeito Ativo: militar em situação de atividade.
Sujeito Passivo: Estado.
Aspectos Objetivos: o verbo do tipo penal militar em apreço é “ausentar-se”, que significa afastar-se,
do lugar em que deveria estar, contudo, esse afastamento ou ausência deve ser de forma injustificada,
considerando que o tipo penal militar, estabelece um prazo para sua consumação, chamado de prazo de
graça. O crime não admite tentativa, por ser crime unissubsistente, também é crime de mão própria, não
admite coautoria.
Aspectos Subjetivos: Crime Militar Doloso.
Crime formal.
Crime propriamente Militar.
Cuidado!!!
Para o STF o Crime de Deserção é permanente, HC112511/PE, 2/10/2012.
Casos assimilados
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;
II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade.
Deserção
Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
Atenuante especial
I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito dias após a consumação do crime, a pena é
diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta;
Agravante especial
II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de
um terço.
Deserção especial
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é
tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que serve:
Pena — detenção, até 3 (três) meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar, dentro de 24
(vinte e quatro) horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
comunicada a apresentação ao comando militar competente.
§ 1º. Se a apresentação se der dentro de prazo superior a 24 (vinte e quatro) horas e não excedente a 5
(cinco) dias:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 8 (oito) meses.
§ 2º. Se superior a 5 (cinco) dias e não excedente a 8 (oito) dias:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 2º-A. Se superior a oito dias:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Aumento de pena
§ 3º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se se tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de
metade, se oficial.
Concerto para deserção
Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da deserção:
I - se a deserção não chega a consumar-se:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Modalidade complexa
II - se consumada a deserção:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Deserção por evasão ou fuga
Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou fugir em
seguida à prática de crime para evitar prisão, permanecendo ausente por mais de oito dias:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Favorecimento a desertor
Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou
meio de ocultação, sabendo ou tendo razão para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste
capítulo:
Pena — detenção, de 4 (quatro) meses a 1 (um) ano.
Isenção de pena
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena.
Omissão de oficial
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre os
seus comandados:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Abandono de posto
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o
serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Descumprimento de missão
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º. Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º. Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.
Modalidade culposa
§ 3º. Se a abstenção é culposa:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Retenção indevida
Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função, ou quando lhe é exigido, objeto,
plano, carta, cifra, código ou documento que lhe haja sido confiado:
Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código, ou documento envolve ou constitui segredo
relativo à segurança nacional:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Omissão de eficiência da força
Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência:
Pena - suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano.
Omissão de providências para evitar danos
Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para evitar perda, destruição
ou inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou engenho de guerra motomecanizado em perigo:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Omissão de providências para salvar comandados
Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro perigo
semelhante, de tomar todas as providências adequadas para salvar os seus comandados e minorar as
consequências do sinistro, não sendo o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o quartel ou sede
militar sob seu comando:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Omissão de socorro
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou
estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro:
Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos ou reforma.
Embriaguez em serviço
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Dormir em serviço
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação
equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda
ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Conceito de Polícia Judiciária Militar e autoridade de PJM - Artigo 1º ao 8º do CPPM
Fontes de Direito Judiciário Militar
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz
como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável.
Divergência de normas
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que
o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.
Aplicação subsidiária
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos regulados em leis especiais.
Interpretação literal
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os
termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados com
outra significação.
Interpretação extensiva ou restritiva
§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto,no
primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua
intenção.
Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal
§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
Suprimento dos casos omissos
Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole
do processo penal militar;
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.
Aplicação no espaço e no tempo
Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas
deste Código:
Tempo de paz
I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que
atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou
tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar brasileira,
ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional
ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem,
ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utilizados ou
ocupados por ordem de autoridade militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a
infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;
Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou estrangeira que lhe
seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito
daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.
Aplicação intertemporal
Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes,
ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
da lei anterior.
Aplicação à Justiça Militar Estadual
Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto
à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça Militar Estadual,
nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos
de Bombeiros, Militares.
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar (atribuições de PJM):
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e
sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles
lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do
indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade,
bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações
penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao
complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou
funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido.
Quem exerce a atribuição de PJM?
Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em
relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter,
desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal,
estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que
lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades
compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos
respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos
órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de
organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;
OBS!!!!
Hoje não há mais ministérios para cada uma das forças armadas. Há apenas um Ministro da Defesa,
que congrega as três forças, e os comandantes de cada uma delas, que para várias finalidades gozam de
status ministerial. Inicialmente, portanto, a função Polícia Judiciária Militar é exercida pelos comandantes
de cada uma das forças armadas. O Ministro da Defesa atualmente não exerce essa função, até porque
normalmente se trata de um civil.
Também não existe mais a figura do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Quem exerce essas
funções é o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Em seguida, o CPPM começa a
conceder o poder investigativo para autoridades de escalão intermediário: os chefes de Estado-Maior de
cada uma das forças, seguidos dos comandantes de Região Militar (Exército), Distrito Naval (Marinha) ou
Zona Aérea (na realidade hoje as regiões da Aeronáutica são chamadas de Comandos Aéreos).
Resumidamente podemos dizer, portanto, que, em geral, militares que exercem funções de
comando ou chefia detêm poder investigativo próprio de Polícia Judiciária Militar.
Tais funções podem ser delegadas?
“Art. 7º. (...)
§ 1º. Obedecidas às normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições
enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por
tempo limitado.
§ 2º. Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá
aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da
reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º. Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de
oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
§ 4º. Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a
antiguidade de posto.
§ 5º. Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro
oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro competente à designação de oficial da reserva
de posto mais elevado
Princípios do IPM e suas características; Medida preliminar de Inquérito - Art 9º ao 28 do
CPPM
Finalidade do inquérito
Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime
militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar
elementos necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios daação penal os exames, perícias e avaliações
realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades
previstas neste Código.
Modos por que pode ser iniciado
Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração
penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de urgência, poderá ser
feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25;
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de
representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja repressão
caiba à Justiça Militar;
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência de infração
penal militar.
Superioridade ou igualdade de posto do infrator
§ 1º Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de órgão ou serviço, em
cujo âmbito de jurisdição militar haja ocorrido a infração penal, será feita a comunicação do fato à
autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegação, nos termos do § 2° do art. 7º.
Providências antes do inquérito
§ 2º O aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, direção ou chefia,
ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam
tomadas imediatamente as providências cabíveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento
de infração penal que lhe incumba reprimir ou evitar.
Infração de natureza não militar
§ 3º Se a infração penal não for, evidentemente, de natureza militar, comunicará o fato à autoridade
policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a
apresentação será feita ao Juiz de Menores.
Oficial general como infrator
§ 4º Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e ao chefe de Estado-
Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares.
Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do inquérito
§ 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios contra oficial de posto
superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências necessárias para que as suas funções sejam
delegadas a outro oficial, nos termos do § 2° do art. 7º.
Escrivão do inquérito
Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido
feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente,
se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.
Compromisso legal
Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente
as determinações deste Código, no exercício da função.
Medidas preliminares ao inquérito
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a
autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto
necessário; (Vide Lei nº 6.174, de 1974)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6174.htm
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Formação do inquérito
Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e
perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual
houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando
coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a
realização de perícias ou exames.
Reconstituição dos fatos
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de determinado modo, o
encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie
a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.
Assistência de procurador
Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação,
o encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-geral a indicação de procurador que lhe dê
assistência.
Encarregado de inquérito. Requisitos
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de pôsto não inferior ao de capitão ou
capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que
possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.
Sigilo do inquérito
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dêle tome conhecimento o
advogado do indiciado.
Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares
figurarem como investigados em inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo
objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional,
de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei nº
1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do
procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a
contar do recebimento da citação.(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a
autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado
à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor
para a representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
preferencialmente à Defensoria Pública e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a
Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado
deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à
defesa administrativa do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação
de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição
para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da
Administração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses do
investigado nos procedimentos de que trata esse artigo correrão por conta do orçamento próprio da
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1001.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1001.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
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instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados às instituições
dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões
para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.
Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que estiver legalmente
preso, por três dias no máximo.
 Mesmo que decretada pelo juiz e por apenas três dias constitui crime de abuso de autoridade, sendo o
art. 17 do CPPM considerado inconstitucional por força do 5º, LXII e 136, § 3º, IV, da CF. Diz o STJ e o
STF: “Se no estado de defesa é vedada a incomunicabilidade de preso, quanto mais no estado
de normalidade”. (Nucci, 2014)
Detenção de indiciado
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações
policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea,
mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou
sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.
Inquirição durante o dia
Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará da respectiva
assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito horas.
Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento
§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou depoimentos; e, da mesma
forma, do seu encerramento ou interrupções, no final daquele período.
Inquirição. Limite de tempo
§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe facultado o
descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimento que
não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora
determinada pelo encarregado do inquérito.
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro dia que o for, salvo caso
de urgência.
Prazos para terminação do inquérito
Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado
estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo
§ 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde
que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência,
indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo
a ser atendido antes da terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a juízo do
ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem
como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao
processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se possível, o
lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§ 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo previsto no § 5º do art.
10.
Reunião e ordem das peças de inquérito
Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e
dactilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas, pelo escrivão.
Juntada de documento
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
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Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá despacho do encarregado do inquérito, o
escrivão lavrará o respectivo termo, mencionando a data.
Relatório
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as
diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde
ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime,
pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do
indiciado, nos termos legais.
Solução
§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á
à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade,
no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Advocação
§ 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução
diferente.
Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição
Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a
infração penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem à sua prova.
Remessa a Auditorias Especializadas
§ 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
atender-se-á, para a remessa, à especialização de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede,
especializada ou não, a remessa será feita à primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os
incidentes ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do
inquérito, por distribuição.
§ 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão remetidos à 1ª Auditoria da
Circunscrição com sede na Capital da União, atendida, contudo, a especialização referida no § 1º.
Arquivamento de inquérito. Proibição
Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da
inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.
Instauração de novo inquérito
Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas provas aparecerem em
relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da
punibilidade.
§ 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao Ministério Público, para os
fins do disposto no art. 10, letra c.
§ 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender inadequada a
instauração do inquérito.
Devolução de autos de inquérito
Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial militar, a não ser:
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas imprescindíveis ao
oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimentode formalidades previstas neste
Código, ou para complemento de prova que julgue necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de vinte dias, para a
restituição dos autos.
Suficiência do auto de flagrante delito
Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito
constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que
deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena.
A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz
competente, nos termos do art. 20.
Dispensa de Inquérito
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1001.htm
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Ação Penal Militar - Artigos 29 ao 33; 54 ao 59; 77 a 81
Promoção da ação penal
Art. 29. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público Militar.
Obrigatoriedade
Art. 30. A denúncia deve ser apresentada sempre que houver:
a) prova de fato que, em tese, constitua crime;
b) indícios de autoria.
Dependência de requisição do Governo
Art. 31. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do Código Penal Militar, a ação penal; quando o agente
for militar ou assemelhado, depende de requisição, que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar,
pelo Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso do art. 141 do mesmo Código, quando o
agente for civil e não houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.
Comunicação ao procurador-geral da República
Parágrafo único. Sem prejuízo dessa disposição, o procurador-geral da Justiça Militar dará conhecimento
ao procurador-geral da República de fato apurado em inquérito que tenha relação com qualquer dos
crimes referidos neste artigo.
Proibição de existência da denúncia
Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Exercício do direito de representação
Art. 33. Qualquer pessoa, no exercício do direito de representação, poderá provocar a iniciativa do
Ministério Publico, dando-lhe informações sobre fato que constitua crime militar e sua autoria, e
indicando-lhe os elementos de convicção.
Informações
§ 1º As informações, se escritas, deverão estar devidamente autenticadas; se verbais, serão tomadas por
termo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério Público, e na presença deste.
Requisição de diligências
§ 2º Se o Ministério Público as considerar procedentes, dirigir-se-á à autoridade policial militar para que
esta proceda às diligências necessárias ao esclarecimento do fato, instaurando inquérito, se houver motivo
para esse fim.
Ministério Público
Art. 54. O Ministério Público é o órgão de acusação no processo penal militar, cabendo ao procurador-
geral exercê-la nas ações de competência originária no Superior Tribunal Militar e aos procuradores nas
ações perante os órgãos judiciários de primeira instância.
Pedido de absolvição
Parágrafo único. A função de órgão de acusação não impede o Ministério Público de opinar pela absolvição
do acusado, quando entender que, para aquele efeito, existem fundadas razões de fato ou de direito.
Fiscalização e função especial do Ministério Público
Art. 55. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o cumprimento da lei penal militar, tendo em atenção especial
o resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como bases da organização das Forças Armadas.
Independência do Ministério Público
Art. 56. O Ministério Público desempenhará as suas funções de natureza processual sem dependência a
quaisquer determinações que não emanem de decisão ou despacho da autoridade judiciária competente,
no uso de atribuição prevista neste Código e regularmente exercida, havendo no exercício das funções
recíproca independência entre os órgãos do Ministério Público e os da ordem judiciária.
Subordinação direta ao procurador-geral
Parágrafo único. Os procuradores são diretamente subordinados ao procurador-geral.
Impedimentos
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Art. 57. Não pode funcionar no processo o membro do Ministério Público:
a) se nele já houver intervindo seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive,
como juiz, defensor do acusado, autoridade policial ou auxiliar de justiça;
b) se ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções;
c) se ele próprio ou seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, for parte
ou diretamente interessado no feito.
Suspeição
Art. 58. Ocorrerá a suspeição do membro do Ministério Público:
a) se for amigo íntimo ou inimigo do acusado ou ofendido;
b) se ele próprio, seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, sustentar
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado pelo acusado ou pelo ofendido;
c) se houver aconselhado o acusado;
d) se for tutor ou curador, credor ou devedor do acusado;
e) se for herdeiro presuntivo, ou donatário ou usufrutuário de bens, do acusado ou seu empregador;
f) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade ligada de qualquer modo ao acusado.
Aplicação extensiva de disposição
Art. 59. Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto nos arts. 39, 40 e 41.
Requisitos da denúncia
Art. 77. A denúncia conterá:
a) a designação do juiz a que se dirigir;
b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;
c) o tempo e o lugar do crime;
d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida,
sempre que possível;
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;
g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua profissão e residência;
e o das informantes com a mesma indicação.
Dispensa de testemunhas
Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério Público dispuser de prova
documental suficiente para oferecer a denúncia.
Rejeição de denúncia
Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:
a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;
b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça Militar;
c) se já estiver extinta a punibilidade;
d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.
Preenchimento de requisitos
§ 1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar a denúncia, mandará, em despacho fundamentado,
remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de três dias, contados da
data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.
Ilegitimidade do acusador
§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o exercício da ação penal,
desde que promovida depois por acusador legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.
Incompetência do juiz. Declaração
§ 3º No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho fundamentado, determinando a
remessa do processo ao juiz competente.
Prazo para oferecimento da denúncia
Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro do prazo de cinco dias,
contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; e, dentro do prazo de quinze dias, se o
acusado estiver solto. O auditor deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias.
Prorrogação de prazo
§ 1º O prazo para o oferecimento da denúnciapoderá, por despacho do juiz, ser prorrogado ao dobro; ou
ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver preso.
§ 2º Se o Ministério Público não oferecer a denúncia dentro deste último prazo, ficará sujeito à pena
disciplinar que no caso couber, sem prejuízo da responsabilidade penal em que incorrer, competindo ao
juiz providenciar no sentido de ser a denúncia oferecida pelo substituto legal, dirigindo-se, para este fim,
ao procurador-geral, que, na falta ou impedimento do substituto, designará outro procurador.
Complementação de esclarecimentos
Art. 80. Sempre que, no curso do processo, o Ministério Público necessitar de maiores esclarecimentos, de
documentos complementares ou de novos elementos de convicção, poderá requisitá-los, diretamente, de
qualquer autoridade militar ou civil, em condições de os fornecer, ou requerer ao juiz que os requisite.
Extinção da punibilidade. Declaração
Art. 81. A extinção da punibilidade poderá ser reconhecida e declarada em qualquer fase do processo, de
ofício ou a requerimento de qualquer das partes, ouvido o Ministério Público, se deste não for o pedido.
Morte do acusado
Parágrafo único. No caso de morte, não se declarará a extinção sem a certidão de óbito do acusado.
Competências da JM - Artigos 85 ao 120
Determinação da competência
Art. 85. A competência do foro militar será determinada:
I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração;
b) pela residência ou domicílio do acusado;
c) pela prevenção;
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.
Na Circunscrição Judiciária
Art. 86. Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será determinada:
a) pela especialização das Auditorias;
b) pela distribuição;
c) por disposição especial deste Código.
Modificação da competência
Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência indicados nos artigos anteriores, em caso de:
a) conexão ou continência;
b) prerrogativa de posto ou função;
c) desaforamento.
Lugar da infração
Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.
A bordo de navio
Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar ou militarmente
ocupado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras, serão, nos
dois primeiros casos, processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um
daqueles lugares; e, no último caso, na 1ª Auditoria da Marinha, com sede na Capital do Estado da
Guanabara.
A bordo de aeronave
Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaço
aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo
território se verificar o pouso após o crime; e se êste se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que
torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a
aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais
próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.
Crimes fora do território nacional
Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em
Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte.
Crimes praticados em parte no território nacional
Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional, a competência do foro
militar se determina de acordo com as seguintes regras:
a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, será competente a
Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia produzir o resultado;
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será competente a
Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou execução.
Diversidade de Auditorias ou de sedes
Parágrafo único. Na Circunscrição onde houver mais de uma Auditoria na mesma sede, obedecer-se-á à
distribuição e, se for o caso, à especialização de cada uma. Se as sedes forem diferentes, atender-se-á ao
lugar da infração.
Residência ou domicílio do acusado
Art. 93. Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela residência ou domicílio
do acusado, salvo o disposto no art. 96.
Prevenção. Regra
Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.
Casos em que pode ocorrer
Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:
a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou mais jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais
jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem vários os acusados e
com diferentes residências.
Lugar de serviço
Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma situação, ou para o funcionário
lotado em repartição militar, o lugar da infração, quando este não puder ser determinado, será o da
unidade, navio, força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção,
salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especialização.
Auditorias Especializadas
Art. 97. Nas Circunscrições onde existirem Auditorias Especializadas, a competência de cada uma decorre
de pertencerem os oficiais e praças sujeitos a processo perante elas aos quadros da Marinha, do Exército
ou da Aeronáutica. Como oficiais, para os efeitos deste artigo, se compreendem os da ativa, os da reserva,
remunerada ou não, e os reformados.
Militares de corporações diferentes
Parágrafo único. No processo em que forem acusados militares de corporações diferentes, a competência
da Auditoria especializada se regulará pela prevenção. Mas esta não poderá prevalecer em detrimento de
oficial da ativa, se os co-réus forem praças ou oficiais da reserva ou reformados, ainda que superiores,
nem em detrimento destes, se os co-réus forem praças.
Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a mesma competência,
esta se fixará pela distribuição.
Juízo prevento pela distribuição
Parágrafo único. A distribuição realizada em virtude de ato anterior à fase judicial do processo prevenirá o
juízo.
Casos de conexão
Art. 99. Haverá conexão:
a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas
reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas,
umas contra as outras;
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de
outra infração.
Casos de continência
Art. 100. Haverá continência:
a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso.
Regras para determinação
Art. 101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes
regras:
Concurso e prevalência
I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará aquela;
II - no concurso de jurisdições cumulativas:
a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas
forem de igual gravidade;
Prevenção
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição especial deste Código;
Unidade do processo