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DISCIPLINA: TEORIA E METODO DO TRABALHO SOCIAL E COMUNITARIO PROFESSOR: ELIAS PINHEIRO DE FREIRES RESUMO CRÍTICO DOS CAPÍTULOS: I E II, DO LIVRO “AMMANN, SAFIRA B. IDEOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADES NO BRASIL”. O Desenvolvimento de comunidade foi oficializado pelo à ONU após a Segunda Guerra Mundial, também acontecia um momento histórico que era a chamada Guerra Fria, liderado pelos Estados Unidos e a Rússia. Sob o argumento de que a pobreza seria uma ameaça tanto para as populações pobres, como para as prósperas, e que com a melhoria das condições sociais e econômicas em qualquer lugar no mundo seria um benefício para os Estados Unidos, iniciaram então um extenso programa de assistência técnica aos países mais pobres, incluindo o Brasil. No Brasil, em 1942, foi celebrado convênio para incrementar a produção de gêneros alimentícios, eles achavam que povos famintos tinham mais receptividade à propaganda comunista. Em 1945 foi firmado acordo sobre a Educação Rural, que propõe estabelecer uma maior aproximação interamericana, por meio de intercâmbio intensivo de educação, ideias e métodos pedagógicos entre os dois países. Dele surge a criação da Comissão Brasileiro-Americana de Educação das Populações Rurais” (CBAR) junto ao Ministério da Agricultura, composta por técnicos americanos e brasileiros responsáveis pela execução do Programa. A Inter-Americam Educactional Foundation, Inc, firma outro acordo com o Ministério da Educação, nos mesmos termos da CBAR, mas destinado à educação Industrial (CBAI). Queriam garantir a veiculação da ideologia e dos interesses americanos tanto no meio rural como nas áreas urbanas. Em 1948, após a visita de Nelson Rockefeller, criador da American International Association for Economic and Social Developmet (AIA), foi criada a Associação de crédito e assistência Rural (ACAR) em Minas Gerais, com o objetivo de ajudar no crescimento das colheitas e da produção pecuária, assim com a melhoria das condições econômico-sociais da população rural, por meio de assistência técnica e financeira. O Desenvolvimento de Comunidade é definido como um processo pelo qual os esforços do próprio povo se unem aos das autoridades governamentais, com o intuito de melhorar as condições econômicas, sociais e culturais das comunidades. Percebeu-se a necessidade de modernizar a agricultura e criar condições favoráveis à consolidação do sistema capitalista. O que une perfeitamente com a política definida em âmbito nacional, que aponta em direção a industrialização do país. Considerando que o analfabetismo representa um fator de desintegração nacional e uma ameaça para a paz social e para a democracia, a educação de adultos foi diretamente associada à solução dos problemas rurais. E em 1950 inicia no Brasil a experiência da Missão Rural de Itaperuna (RJ), inspirada nos princípios e nas técnicas do desenvolvimento comunitário, pretende estruturar as bases do programa nacional de melhoria das condições de vida econômica social nas áreas agrícolas. Em 1952 o Ministério da Agricultura divulgou a primeira produção brasileira de maior relevância, com base na experiência de Itaperuna, representando um ensaio da educação, visando o desenvolvimento de comunidades rurais. A obra teve repercussão no Brasil inteiro, foi referência para o serviço social rural e para as Missões Rurais da Campanha nacional de educação rural. A participação se concretiza pela contribuição que as autoridades locais e o povo dão aos técnicos, no estudo e no tratamento dos problemas da comunidade. O conceito de participação carrega um significado acritica, apolitica e aclassista e toda sua dinâmica se move dentro dos horizontes apertados da pequena localidade. Segundo a proposta de participação de Vieira, a população local deve participar do estudo dos problemas locais e dos recursos locais, na elaboração, execução e interpretação de programas e projetos de melhoria de vida. Criada em maio de 1952 a Campanha nacional de Educação Rural (CNER) é regulamentada em 1956 no Governo de Juscelino Kubitschek, destina-se a levar as comunidades os conhecimentos teóricos e técnicos indispensáveis a um nível de vida compatível com a dignidade humana, orientando as crianças, adolescentes e adultos a compreenderem seus deveres e direitos individuais e cívicos na comunidade em que vivem. Com o surgimento dos centros sociais, acreditava-se que seria possível igualizar todos os habitantes de uma localidade, sem distinção de classe, credo ou raça. O primeiro pensamento era que os centros sociais iriam guiar a comunidade para que ela queira e aprenda a se organizar em torno de motivações que ela própria irá sugerir. Em 1956 a CNER havia criado e orientado 45 centros Sociais em sete estados, grande parte se concentrava no Rio Grande do Norte, sob orientação do Serviço de Assistência Rural, com 16, e na Bahia com 14. O programa desenvolvido pelos mesmo era bastante similar: organização de grupos, cursos de corte e costura, bordado, cozinha, enfermagem, alfabetização de adultos, introdução de novas técnicas agrícolas e organização de hortas e pomares; construção de obras tais como estradas, pontes, esgotos, escolas, igrejas, etc. Alfabetizando as populações rurais, modernizando a agricultura, criando pequenas obras de infraestrutura urbana, sem ônus para os cofres públicos, os centros sociais ofereciam sua parcela de contribuição para uma política de governo interessada em expandir o sistema capitalista no Brasil. Juscelino Kubitschek ao avaliar sua gestão em 1960, tenta justificar a ênfase do seu governo nas variáveis econômicas do desenvolvimento, ele afirma que a valorização do homem foi sua meta acelerar o processo de industrialização, sua “preocupação foi a de vencer o pauperismo, elevar o nível de vida, preparar o nosso povo para usufruir das conquistas da civilização contemporânea”. O plano de governo de JK afirma que o desenvolvimento econômico terá como resultado a eliminação da pobreza e sua perspectiva de mudança se manifesta pelo reconhecimento de que estabelece ampla reforma no sistema educacional do país. A maioria das metas do governo JK foram alcançadas com êxito, algumas delas ultrapassaram as previsões iniciais. Mas por conta da aceleração do crescimento econômico, a inflação se agrava assustadoramente e os salários reais dos trabalhadores tendem a cair, enquanto que a produtividade sobe. Por conta disso a classe operária tenta recuperar seu poder aquisitivo e inicia o movimento de reivindicação por melhores salários. Novas exigências quanto à estrutura do mercado de trabalho surgiram a partir do modelo de desenvolvimento econômico criado pela industrialização, levando JK a defender a formação técnica e profissional e a especialização da mão de obra de grau médio. Então a educação de adultos passa a ser não apenas uma alfabetização, mas pretende formar indivíduos conscientes de sua posição no mundo e da relevância de sua contribuição a mudanças das estruturas socioeconômicas do país e vincula-se à cultura popular. Com a chegada do no presidente Jânio Quadros, que se proclama intérprete da vontade do povo, se diferencia de seus antecessores e pretende apontar caminhos diferentes para o Brasil. Propõe um modelo cujo ponto central seja o homem e não mais o crescimento econômico. Confere grande ênfase na educação, com a reforma do Ministério da educação e cultura, que prima pelo estabelecimento de um sistema de igualdade de oportunidades educacionais. O presidente defende o sindicalismo representativo e independente, propõe a participação efetiva do trabalhador na direção dos sindicatos e das empresas públicas e nos conselhos dos institutos de Previdência Social. Após a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart amplia o espaço concedido à luta pelas transformações estruturais e intencionais da sociedade brasileira, quando propõe as reformas agrária, urbana, tributária, administrativa, política, bancária e universitária. O presidente defende também o voto do analfabeto, a vitaliciedade da cátedra e liberdade docente, no exercício domagistério universitário, dentre outros. Em 1962 houve a greve Geral, que aponta para a luta contra a inflação, reformas agrária, urbana, eleitoral e universitária, o desmascaramento da política do FMI e a aprovação da lei que assegurasse o direito à greve, a participação dos trabalhadores nos lucros da empresa; o 13° salário, a criação da Aerobrás, o fortalecimento da Eletrobras e Petrobras. O desenvolvimento da comunidade é criado sob o prisma da complexidade e apresentado como instrumento para desenvolvimento nacional, de maneira que os problemas são focalizados em sua globalidade, cada comunidade é individualizada em sua história, seus costumes, suas possibilidades, os membros da comunidade são chamados a participar em todos os momentos do processo de desenvolvimento, o que permite um desenvolvimento solidário de todas as comunidades. Ao concluir a leitura dos capítulos, percebe-se a implementação do Projeto Desenvolvimento de Comunidade no Brasil, evocando sempre o benefício das classes atendidas em suas necessidades básicas sem qualquer dano ou prejuízo. A sociedade foi "enganada" e “manipulada”, mesmo que tenha acontecido sem plena consciência. É horrível e até apavorante, observar como o capitalismo se comporta, como se tivesse vida e vontade própria, que ainda se alimenta da exploração e do dinheiro. Podemos perceber que o Desenvolvimento de Comunidade foi uma tática que chegou ao seu objetivo, manipular, explorar e acumular, e de quebra impedir que o comunismo crescesse mais do que o capitalismo. Torcemos para que um novo caminho seja trilhado e que os erros do passado nos ensinem a tomar a direção da crítica e da reflexão. Se o Desenvolvimento das comunidades tivesse sido utilizado a serviço do povo teria, com certeza, modificado a vida de muita gente.