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Introdução à Micologia Médica

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Microbiologia 
Letícia Iglesias Jejesky 
Med 106 
 
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Introdução à micologia 
Micologia: morfologia e classificação das 
micoses 
 
Sistemas de classificação dos organismos vivos 
Nessa parte da disciplina vamos discutir sobre o 
domínio Eukarya. Tratando-se do domínio 
Eukarya, não podemos esquecer que estamos 
falando de seres 
 Eucariontes 
 Unicelulares e multicelulares 
 Protozoários, algas, fungos, plantas e 
animais 
 
Estrutura eucariota 
 Presença de diferentes organelas com 
funções específicas 
 Núcleo individualizado 
 Mitocôndrias 
 Etc 
 
Fungos 
 São eucariotos, ubíquos (amplamente 
difundidos no meio ambiente), 
quimiorganotróficos (assimilação) e a 
maioria é saprofítica. 
Quimiorganotróficos = conseguem produzir 
energia a partir de compostos orgânicos. 
Saprofítica = está presente no ambiente e não 
tem potencial patogênico direto. 
 Devido ao aumento de tratamentos 
imunossupressores teve a importância 
elevada (oportunismo) – dentro de uma 
possibilidade eles podem desenvolver 
processo patogênico. 
 Apenas a minoria causa infecção, que são 
denominadas de micoses. 
 Os fungos podem ser de três tipos: 
Filamentosos (também chamados de 
bolores), Leveduras e Cogumelos 
 Fungos estão presentes em ambientes 
aquáticos – pp. água doce, e ambiente 
terrestre sendo os principais responsáveis 
pela maioria das doenças de vegetais 
economicamente importantes. 
 Mundialmente dispersos. 
 
Morfologia dos fungos 
Existem dois tipos de células 
 Fungos pluricelulares (filamentosos) 
 Fungos unicelulares (leveduras) 
 
Fungos Filamentosos 
 Amplamente disseminados na natureza; 
 Colônias filamentosas multicelulares; 
 Cada filamento cresce principalmente na 
extremidade; 
 Um único filamento – Hifa; 
 Conjunto de hifas que crescem juntas em 
uma superfície formando tufos – micélio; 
 Algumas hifas se dividem internamente 
por paredes transversais – septos 
 A partir do micélio, ramificações das hifas 
podem atingir o ar acima da superfície, e 
nessas ramificações aéreas são formados 
esporos denominados conídios (esporos 
assexuados), altamente pigmentados e 
resistentes ao dessecamento, atuando na 
dispersão do fungo em outros habitats. 
Alguns fungos possuem a capacidade de 
crescer acima de determinadas estruturas. A 
partir da formação desse crescimento, ele 
produz ramificações aéreas que permitem a 
produção de estruturas relacionadas com a 
reprodução assexuada – os conídios. Os 
conídios são pigmentados, resistentes ao 
dessecamento e atuam na dispersão do fundo 
nos diferentes habitats, então, o conídio 
produzido pelo micélio aéreo tem a 
capacidade de disseminar-se pelo ambiente e 
pode, a partir da sua entrada em ambiente 
favorável, dar origem a uma célula fúngica. 
 
Estrutura dos fungos filamentosos 
Constituição das hifas: 
 Membrana = quitina, celulose, 
polissacarídeos, proteínas e lipídeo. 
 Citoplasma = mitocôndrias, núcleos, 
retículo endoplasmático, ribossomos, 
vacúolos, ... 
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Na microscopia – observamos os filamentos (hifa). A 
hifa possui parede celular composta por quitina, 
celulose, polissacarídeos, proteínas e lipídeos. Esses 
compostos conferem a forma à estrutura e protegendo 
ela nos ambientes. No citoplasma tem todas as 
organelas que encontramos na célula eucariota. Nessa 
microscopia há a divisão interna da hifa, que são os 
septos. Alguns fungos apresentam septos e outros não 
– esses septos apresentam poros, que auxiliam no 
transporte de moléculas de uma célula para outra. 
Fungo filamentoso (reprodução anamorfa) 
Hifa 
 Filamentos 
 Forma vegetativa – unidade estrutural, 
com capacidade de fixar o fungo em 
determinado local e assimilar nutrientes. 
Essas hifas de forma vegetativa funciona 
como se fossem raízes. 
 Unidade estrutural 
 Fixa fungo no substrato 
 Assimila nutrientes 
 Geram estruturas 
Quanto à estrutura do fungo filamentoso – ele é 
formado por filamentos e a unidade desses filamentos 
é chamada de hifa. A hifa pode ser de duas formas: hifa 
vegetativa ou uma hifa reprodutiva (relacionada com 
fungos que crescem acima da superfície). 
 
 
 
Estrutura e crescimento de fungos filamentosos 
Na figura, observamos cada componente que 
forma os fungos filamentosos. Abaixo da 
superfície há um único filamento – hifa. O 
conjunto de filamentos é chamado de micélio. 
O micélio que cresce abaixo da superfície tem 
capacidade de fixar e assimilar componentes – 
micélio vegetativo. 
Os fungos que possuem a capacidade de crescer 
acima da superfície apresentam hifas aéreas. Ao 
conjunto dessas hifas aéreas, há micélios 
relacionados com a produção de conídios. 
Conídios são estruturas relacionadas com a 
reprodução assexuada dos fungos. A partir do 
momento que conídio cai em um ambiente com 
condições nutricionais e parâmetros fisiológicos 
adequados, ele germina e origina uma nova célula 
fúngica. 
 
Morfologia dos fungos filamentosos 
 Hifas (septadas ou não septadas) – 
quando são septadas, o septo aparece 
uma frequência dentro da estrutura. As 
não septadas possuem septos, mas a sua 
distribuição é muito irregular, dificultando 
a observação na microscopia, por isso são 
chamadas de não septadas. 
 Micélio (bolor) – o micélio pode ser 
vegetativo ou reprodutivo, que é o 
conjunto de hifas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa microscopia observamos uma hifa na qual 
não observamos a formação de septos, 
chamamos de hifas cenocíticas. Já em outras que 
observamos a formação de septos, chamamos de 
hifas septadas.Em outra imagem observamos 
hifas septadas e a presença de estruturas aéreas 
que culminam em conídios. 
 
 
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Formas das hifas 
 Hifa em espiral 
 
 Hifa em raquete 
 
 
 Hifa em forma de raiz (rizoide) 
 Etc 
 
Micélio = conjunto de hifas. 
 Micélio vegetativo endobiótico = conjunto 
de hifas que infiltram-se no nutriente. (a) 
 Micélio vegetativo epibiótico = conjunto 
de hifas que se desenvolvem na superfície 
do nutriente e, geram as estruturas de 
reprodução. (b) 
 Micélio reprodutivo = conjunto de 
estruturas relacionadas a produção das 
unidades geradoras de colônias. (c) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O micélio pode ser vegetativo ou reprodutivo, 
sendo que o vegetativo pode se dividir em duas 
classes: 
 Endobiótico – relacionado com conjunto 
de hifas relacionadas com assimilação e 
fixação desse fungo; ele cresce dentro do 
meio, abaixo da superfície. 
 Epibiótico – conjunto de hifas com 
capacidade de se desenvolver na 
superfície do nutriente e, a partir desse 
micélio vegetativo que vai brotar o micélio 
reprodutivo (reprodução assexuada). 
 
Morfologia dos fungos filamentosos 
 Estruturas reprodutivas: anamorfas 
(assexuadas) 
Aspergillus – possui peculiaridade quanto a 
composição da estrutura que gera os conídios. Quanto 
encontramos essa estrutura, podemos suspeitar de 
espécies do gênero Aspergillus – uma estrutura 
bisseriada (a partir da vesícula surge a métula e uma 
fiálide  a partir da fiálide os conídios). 
Já quando observamos estrutura monosseriada, ou 
seja, a partir da vesícula observa-se apenas as 
métulas, sem as fiálides. Essa visualização nos 
permite suspeitar de outras espécies. 
 Conídio = unidade formadora de colônias; 
reprodução anamorfa (reprodução 
assexuada) – a partir do momento que os 
conídios caem em ambiente favorável, ele 
vai germinar, formando nova célula 
fúngica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os conídios podem ser de dois tipos: 
 Conídios hialinos 
 Conídios escuros (dematiáceo) – tem 
acúmulo de melanina. 
 c 
 b 
 a 
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O processo de formação de conídio é chamado de 
conidiogênese, que pode ser de dois tipos: 
blástica ou táliica. 
 Blástica – apenas a parte final da célula 
conidiogênica produzconídios. 
Brotamento. 
 
 Tálica – toda a estrutura relacionada com 
produção do conídio é partida, formando 
diferentes conídios. Partição completa do 
segmento. 
 
 
Algumas espécies podem apresentar peculiares, 
como macroconidios ou microconídios, o que nos 
ajudar a identificar o fungo. 
Exemplo: Microsporum canis (possui estrutura 
em forma de barquete, possuindo muitos 
segmentos internos), Alternaria spp, Curvularia 
spp (conídios dematiáceos), Trichophyton spp 
(forma macroconídeos na forma de charuto), 
Nigrospora spp (conídios enegrecidos por conta 
da deposição da melanina), Fusarium spp (possui 
forma de canoa). 
 
 Clamidoconídio (clamidosporos) forma de 
resistência dos fungos – assim como as 
bactérias, os fungos também possuem 
estruturas de resistência (clamidosporos). 
São estruturas circulares que são 
formadas a partir de um ambiente não 
favorável. 
Estudo da colônia dos fungos filamentosos 
Características da colônia fúngica: 
 Algodonosa 
 Aveludada 
 Pulverulenta – como se fosse um pó na 
superfície desse meio. 
 
Identificação de Fungos Filamentosos 
Um conjunto de informações devem ser levadas 
em consideração para identificar um fungo 
filamentoso: 
 Estruturas de ornamentação – hifas. 
Como são as hifas? Tem característica 
peculiar? 
 Estrutura de frutificação – conídios. Qual 
a forma desses conídios? Qual o 
tamanho? 
 Aspectos coloniais – Como esses fungos 
cresceram no ambiente? Como cresceram 
no laboratório? 
 
Conidiogênese 
Importante observar como o conídio é produzido, 
como ele é formado. 
 Célula conidiogênica presente na parte 
terminal da hifa 
 Esporangênicas – esporos presentes no 
interior de bolsas (esporângios) 
 Conidiogênicas – sem estruturas 
envolvendo os conídios – livres 
 Importantes estruturas de identificação 
Existem dois tipos de estruturas de células 
conidiogênicas: esporangênicas e conidiogênicas 
(conídios livres). 
 
Fungos Unicelulares – Leveduras 
 Divisão celular em sua maioria por 
brotamento – uma estrutura (célula mãe) 
forma brotamento (uma célula filha). 
 Algumas espécies produzem brotamentos 
que não se desprendem se alongando e 
formando estruturas denominadas 
pseudohifas; 
 Células bem maiores que as bactérias e 
apresentam estruturas em seu interior. 
 
 
 
 
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Morfologia dos fungos unicelulares aspecto de 
colônia: 
 Cremoso 
 Cerebriforme 
 Mucoide – algumas leveduras, assim 
como as células bacterianas, produzem 
cápsula, dando esse aspecto mucoide da 
colônia. 
 
Morfologia dos fungos unicelulares constituição 
da levedura 
 
Membrana/ parede: 
 Polissacarídeos (glicana e manana) 
 Proteínas 
 Vestígio de quitina 
 Membrana citoplasmática (proteínas, 
lipídeo, polissacarídeo) 
 
Citoplasma: 
Núcleo, ribossomos, vacúolos, mitocôndrias, etc... 
 
Morfologia dos fungos unicelulares 
Leveduras 
 Saccharomyces cerevisiae – leveduras 
unidas umas às outras com brotamentos. 
 Cryptococcus neoformans (Filobasidiella 
neoformans) – possui cápsula 
 Paracoccidioides brasiliensis – levedura 
com vários brotamentos ao redor. 
Existem algumas leveduras que apresentam 
características peculiares que permitem sua 
identificação. 
 
Reprodução anamorfa (assexuada) 
Pode ser de dois tipos: 
 Brotamento ou gemulação 
Dentro do brotamento há uma célula 
duplicando seu material  formando uma 
projeção  projeção se divide formando a 
célula filha. No final, a célula mãe é maior que 
a célula filha. 
 Divisão binária 
Não existe no final do processo a diferença 
quanto ao tamanho, há a duplicação  célula 
cresce e quando não há diferença de tamanho, 
acontece a divisão dessas células. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como identificar as leveduras 
Diferente do que vimos nos fungos filamentosos, 
as informações são mais restritas para as 
leveduras 
 Somente a morfologia, assim como em 
bactérias, muitas vezes não é suficiente 
para identificarmos as espécies 
envolvidas 
 Necessários testes bioquímicos. 
Reprodução teleomorfa 
Tanto fungos filamentosos e quanto as leveduras 
se reproduzem de forma assexuada ou anamorfa. 
Contudo, alguns fungos também possuem a 
capacidade de se reproduzir de forma sexuada ou 
teleomorfa. 
 
Reprodução Sexuada 
Pode acontecer a fusão de gametas ou de hifas 
especializadas, que são chamadas de 
gametângios – promovem variabilidade genética 
– adaptação ao meio. 
Qual o benefício da reprodução sexuada? A partir do 
momento que existe uma variabilidade pela troca de 
material genético, há maior chance de adaptação às 
condições do meio. 
De acordo com o tipo de produção dos esporos: 
 Ascósporos – esporos dentro de um saco 
fechado (asco); 
 Basidiósporos – esporos na extremidade 
de uma estrutura claviforme (basídio). 
 Zigósporos – fusão de hifas. 
 
Fungos perfeitos = fazem reprodução teleomorfa 
e anamorfa. 
Fungos imperfeitos = só fazem reprodução 
anamorfa. 
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Classificação das Micoses 
 Micoses Superficiais; 
 Micoses Cutâneas; 
 Micoses Subcutâneas; 
 Micoses Endêmicas; 
 Micoses Oportunistas; 
 
Micoses superficiais 
Pitiríase versicolor – Micose da Praia 
 Distribuição mundial: mais frequente em 
regiões de clima tropical ou subtropical 
 Infecção crônica da camada córnea da 
pele 
 Agente Etiológico: Malassezia furfur – é 
um fungo leveduriforme 
 Faz parte da microbiota da pele já nas 
primeiras semanas de vida – prevalência 
por áreas seborreicas do corpo 
 Tórax em adultos 
 Couro cabeludo em crianças 
 
Malassezia furfur 
Outras patologias: 
 Dermatite seborréica: caspa (pitiriase 
capitis) 
 Foliculite 
 Onicomicose – infecções nas unhas 
 Infecções sistêmicas (imunodeprimidos) 
– são mais raras; esse fungo é encontrado na 
pele, para ele desencadear um processo 
sistêmico, depende muito das características 
do hospedeiro e do patógeno. 
M. fufur também é encontrada no folículo piloso e 
pode descer ao longo da haste pilosa: recidivas 
(capacidade que o fungo tem ficar no folículo pilosos e 
retornar à superfície, repetindo o processo patológico 
da foliculite). 
 
 
Sinais Clínicos 
 Lesões hipo ou hiperpigmentada – muitas 
vezes chamadas de pano branco. 
 Levemente descamativa; 
 Aparecem nos braços, pescoço, tronco e 
região da cintura; 
 Infecção assintomática. 
 
 
Fatores predisponentes 
 Alta temperatura e alta umidade relativa 
do ar 
 Pele gordurosa – o excesso de gordura é um 
atrativo pois o fungo precisa de gordura para 
crescer. 
 Elevada sudorese 
 Fatores hereditários 
 Gravidez – por conta do desequilíbrio 
hormonal 
 Estado Nutricional precário 
 Uso de hidratantes – o uso exagerado 
dessas substâncias torna a pele mais 
gordurosa. 
 Uso de terapias imunossupressora, 
corticoides. 
 
Diagnóstico Micológico 
Exame direto – observar a amostra do paciente em 
lâmina e leva à microscopia. 
 Observação do material clínico (escama 
da pele). Presença de leveduras esféricas 
ou ovais em forma de cachos de uva e 
fragmentos de hifas (apesar de ser 
leveduriforme é capaz de produzir hifas). 
 Dados morfológicos: 99% das amostras de 
pacientes com pitiríase. 
 
Diagnóstico Micológico 
Isolamento é importante para conhecer a 
epidemiologia da micose e saber a espécie do 
fungo; 
 Fungo lipodependente – necessita de 
lipídeos para crescer, por isso acrescenta-se 
azeite de oliva. 
 Isolamento do fungo: meio Sabouraud 
acrescido de azeite de oliva 
Cultura leveduriforme após 3 dias a 37°C 
Textura cremosa, de cor creme, superfície lisa 
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Micoses Cutâneas 
Dermatofitose 
Epidemiologia 
 Fungos filamentosos, hialinos, septados, 
queratinofílicos e queratinolíticos – tem 
afinidade e tem queratinidase que vai degradar 
a queratina nessas superfícies. 
 Causam lesões em: pele, pelose unhas 
(homens e animais); 
 Gêneros: Trichophyton, Microsporum e 
Epidermophyton 
Habitat 
 Geofílicos – vivem no solo (rico em 
resíduos de queratina humana/animal – 
penas, pelos, escamas, etc) 
 Zoofílicos – animais (Cães, gatos, etc.) • 
Antropofílicos – homem 
Considerados uma das patologias humanas de 
maior ocorrência – 10-15% da população mundial 
pode ser infectado no decorrer de sua vida. 
 
Estabelecimento da Dermatofitose 
 Hifa – habilidade de competição com a 
microbiota residente. Se fragmentam em 
artroconídios. 
 Vencer a barreira do filme de gordura 
sobre a camada córnea. 
 Contato com a queratina do extrato 
córneo. 
O fungo causador dessa patologia é um fungo 
filamentoso, ou seja, ele produz filamentos (hifas). A 
característica desse fungo, é que a própria hifa produz 
conídios, que formam novas células fúngicas. A hifa se 
fragmenta formando conídios específicos, os 
artroconídios. O estabelecimento dessa doença 
acontece da seguinte forma: a hifa ou o conídio tem 
contato com o extrato córneo da pele (deve acontecer 
a capacidade desse fungo competir com a microbiota 
residente da pele, que atua como barreira contra 
agentes). Além disso, ele precisa ser capaz de vencer a 
barreira de gordura que existe na camada córnea, pois 
assim ele consegue ter acesso à queratina e vai 
começar seu crescimento, reprodução e produção de 
toxinas, que geram lesões. 
 Hifas = crescimento longitudinal ao 
extrato córneo. (hifa  artroconídio  hifa 
 artroconídio  hifa...) 
 Intensa produção de queratinase – 
hidrólise da queratina. 
 Produção de metabólitos e produtos de 
excreção – ação irritante, alergênica e 
tóxica. Resposta inflamatória local. 
 Lesões capilares tipo: 
 Ectotrix – artroconídios na superfície do 
pelo 
 Endotrix – artroconídios dentro do pelo 
 Fávico – artroconídios dentro do pelo mas 
em bolsas 
 
Lesões de dermatofitose 
 Tendência a lesão circular: 
 Lesão típica: anel de descamação 
inflamatória – os fungos crescem de forma 
centrífuga (fugindo do centro da lesão), pois 
eles vão utilizando os nutrientes e vão em 
busca de novos nutrientes. A borda da lesão é 
onde tem fungos ativos, por isso a coleta para 
amostra clínica é realizada ali. 
 Dermatófito cresce centrifugamente a 
procura de queratina; 
 “Foge” de áreas de infecção secundária 
por bactérias; 
 
Dermatofitoses 
 Humanas = Tinea 
Tinea cruris/Tinea corporis/ Tinea barbae/ Tinea 
pedis/Tinea captis/Tinea imbricata/Tinea 
unguineum. 
 
Variação clínica: 
 Espécie; 
 Concentração do inóculo; 
 Sítio anatômico; 
 Sistema imunológico do hospedeiro; 
 
Classificação Clínica 
Tinea capitis – couro cabeludo 
Tonsurante Microspórica: 
 Acomete principalmente crianças (4 a 10 
anos); 
 Placas de alopecia (máx. 2 placas); 
 Fluorescentes a Lâmpada de Wood, 
 Parasitismo externo do pelo – ectotrix. 
Lesão microspórica – geralmente associada ao 
M. canis 
 
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Tonsurante Tricofítica 
Várias placas de alopecia descamativas; 
Não fluorescentes a Lâmpada de Wood; 
Parasitismo interno do pelo – endotrix. 
 
Geralmente associada ao Trichophyton tonsurans 
 
 
Tinea cruris: lesões de grandes pregas 
 
T. rubrum e E. floccosum 
 
 
Tinea pedis (Pé de atleta) 
 
E. floccosum 
 
 
 
 
 
 
 
Tinea manum 
Lesões interdigitopalmares 
 
T. rubrum, T. tonsurans e T. mentagrophytes 
 
 
Tinea unguium - Onicomicose 
 
T. rubrum 
 
 
Diagnóstico Micológico 
 Exame direto 
 Elementos com queratina: pele (extrato 
córneo), pelos, unha. 
 Prepara de Lâminas com Clarificante: 
Hidróxido de sódio (10 a 30%) / Hidróxido 
de potássio (10 a 15%) 
 Montagem de Lâmina 
 
Diagnóstico Micológico 
Exame direto de raspado de pele: Microscopia – 
Objetiva 40x – realiza a procura da forma 
infectante do fungo, ou seja, os artroconídios, 
observando se eles estão dentro ou fora do pelo. 
Fora do pelo: ectotrix 
Dentro do pelo: endotrix 
 
 
 
 
 
 
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Diagnóstico Micológico 
Isolamento em meios de cultura seletivos: Ágar 
seletivo para fungo patogênico, Ágar Mycosel. 
 
 
Diagnóstico Micológico 
Montagem de lâminas para microscopia a partir 
da colônia: Utilização de Azul de algodão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo – Anotações da Aula Presencial 
Fungos filamentosos 
 Formado por filamentos (= hifas) – um 
conjunto de filamentos é chamado de 
micélio; um fungo filamentoso é um fungo 
pluricelular 
 A hifa pode ou não apresentar septos 
 Os fungos filamentosos se reproduzem de 
forma assexuada a partir da produção de 
conídios. Dependendo da forma que o 
conídio de apresenta (se é micro ou 
macroconidio ou se tem ou não pigmento) 
é importante para identificação do fungo. 
O conídio está no ambiente junto com o 
fungo filamentoso 
 
 
Dinâmica de um fungo filamentoso 
Conídios: relacionados com a reprodução 
assexuada do fungo – quando são carreados pelo 
vento, ele funciona como semente, pois germina e 
gera novo fungo. 
Estruturas de ornamentação: hifas 
Estruturas de frutificação: conídios 
Quando queremos identificar um fungo 
filamentoso, precisamos juntar as informações 
microscópicas (estruturas de ornamentação e 
frutificação) e associamos com estrutura 
macroscópica (meio de cultura – observamos as 
colônias e seus aspectos). A colônias dos fungos 
filamentosos podem ser de três tipos: 
 Aveludadas 
 Pulverulenta (parece que tem um pó) 
 Algodonosa 
 
Leveduras 
 São unicelulares e, por isso, são 
semelhantes às bactérias. 
 Levedura não produz conídio. 
 A maioria das leveduras não possui 
hifa, algumas produzem hifa no 
processo de parasitismo. 
 Se reproduzem de forma assexuada 
por divisão binária ou brotamento. 
 Brotamento: célula mãe em tamanho 
normal e célula filha em tamanho 
menor. 
 Leveduras podem ser ovais, forma de 
pantufa, circulares e com hifas 
(indicando parasitismo). 
 Uma lâmina com leveduras não auxilia 
no diagnóstico se observamos apenas 
a sua forma. Mas quando se trata de 
identificação: avaliamos a forma, mas 
algumas leveduras possuem 
determinadas particularidades 
(características únicas que nos 
ajudam a identificar qual levedura é). 
 Macroscopia das leveduras – 
semelhante às bactérias – observamos 
colônias que podem ser cremosas, 
mucoide ou cerebriforme. 
 Diferente do fungo filamentoso, para 
diagnóstico de levedura precisa de 
provas complementares.

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