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COMPETÊNCIAS GERAIS E A BNCC Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Professora: Ma. Mônica Maria Baruffi CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. B295c Baruffi, Mônica Maria Competências gerais e a BNCC. / Mônica Maria Baruffi. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 147 p.; il. ISBN 978-85-7141-326-9 ISBN DIGITAL 978-85-7141-327-6 1.Competências gerais. - Brasil. 2. BNCC. – Brasil. II. Centro Uni- versitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Caminhada Histórica Da Construção Da BNCC .......................09 CAPÍTULO 2 Conhecendo A Estrutura E As Competências Da Base Nacional Comum Curricular Junto Aos Componentes Curriculares ...............................................................................51 CAPÍTULO 3 A Estrutura Do Ensino Médio E A Formação Dos Professores Na Bncc .......................................................105 APRESENTAÇÃO Caro Pós-Graduando, seja bem-vindo a esta nova leitura! Neste livro, você é convidado a mergulhar num mundo em que serão discutidas questões relativas à construção de um dos documentos considerados de extrema importância no processo de desenvolvimento da educação em nosso país. Estamos falando da BNCC – Base Nacional Comum Curricular – documento que é uma das raízes da base da educação brasileira, que foi construído com o objetivo de superar a fragmentação das políticas educacionais, fortalecendo o regime de colaboração entre as três esferas (Federal, Estadual e Municipal) em prol da qualidade da educação. Nesse viés, buscando contribuir com a sua formação, a distribuição dos temas correlatos, que abarcam a BNCC, encontra-se assim dispostos neste livro: No primeiro capítulo, estaremos tratando sobre o conceito de BNCC; a caminhada histórica na construção da Base Nacional Comum Curricular; quais os marcos históricos legais na BNCC e as competências gerais e orientações da Base Nacional Comum Curricular, como a Educação Integral e a Educação em Tempo Integral. No segundo capítulo, serão tratados os seguintes assuntos: a estrutura e os fundamentos pedagógicos da BNCC; o desenvolvimento das competências; o pacto Interfederativo e a implementação do BNCC. No terceiro e último capítulo, serão abordados os objetivos e competências da Educação Infantil e do Ensino fundamental na BNCC; o papel do corpo docente da escola na implementação da BNCC no espaço escolar, bem como a formação dos professores neste processo. Assim, caro Pós-Graduando, possuímos nosso roteiro de trabalho. São muitas informações a serem lidas, questionadas e analisadas. Vamos à leitura! CAPÍTULO 1 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: reconhecer os aspectos históricos que envolvem a construção da BNCC; identifi car a caminhada histórica que envolve os marcos legais na BNCC; verifi car quais as competências e orientações que a BNCC apresenta como documento nacional; reconhecer a ideia de Educação Integral e Educação em Tempo Integral; compreender o contexto educacional brasileiro através dos marcos legais e a sua construção, buscando o desenvolvimento das competências e orientações da BNCC. 8 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 9 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste primeiro capítulo, vamos tratar dos aspectos legais na construção da Base Nacional Comum Curricular - BNCC, pois precisamos ter bem clara a ideia de que este documento não foi construído por um mero estalar de dedos. Sua construção advém de outros documentos de maior importância no Sistema Educacional Brasileiro. Estamos falando da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB/96, do Plano Nacional de Educação – PNE e os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais. A Base Nacional Comum Curricular possui em seu núcleo vários documentos para seu embasamento e para nós, profi ssionais da educação, é fundamental que os conheçamos para que possamos agir com sabedoria e propriedade nas áreas educacionais que escolhemos atuar, visto que a BNCC é uma discussão contemporânea e que provocará grandes mudanças no cenário educacional. Observe que dentro desta perspectiva encontraremos os marcos legais e estaremos discutindo como esse documento foi construído; quantas mãos foram necessárias para sua materialização? Que objetivos possui o documento? Entre outros. Caro Pós-Graduando, você poderá se perguntar: Para que necessito possuir conhecimento desse documento na esfera de meu trabalho? Digo para você que é necessário, pois esse documento, a Base Nacional Comum Curricular, é o que norteará toda a educação brasileira no que tange às questões relativas ao currículo educacional. Os temas e os conteúdos serão os mesmos para todo o país, mas as estratégias, as metodologias utilizadas, fi carão sob responsabilidade dos profi ssionais de cada região brasileira, visto que possuímos um país imenso, com uma pluralidade cultural rica e diversifi cada e dá-se a liberdade, pelo que consta na Base Nacional Comum Curricular, da possibilidade de elaborar, a partir das competências, seus planos estaduais, municipais e escolares através do Projeto Político Pedagógico da escola. Observe que esse processo é gradativo e que perguntas como as apresentadas acima serão desveladas no decorrer deste capítulo, como também os desdobramentos das competências e orientações gerais que o documento possui em seu núcleo e que necessitamos estar atentos a sua compreensão para posterior utilização no processo educacional que ocorre cotidianamente em nossas escolas e salas de aula. 10 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Estaremos debatendo nas próximas páginas esses assuntos e tentaremos levar você à refl exão quanto à importância e participação de cada um de nós no processo de reconstrução do currículo nacional. Assim, você está convidado a ampliar seus conhecimentos a respeito desse importante documento para a Educação Brasileira. 2 O QUE É A BNCC? Para respondermos esta pergunta faz-se necessário buscarmos no núcleo do documento qual sua essência, que assim se apresenta: [...] é um documento de caráter normativo que defi ne o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, BNCC, 2018, p. 7). Com base na citação acima, podemos refl etir sobre muitas questões, buscando inicialmente a seguinte frase “[...] é um documento de caráter normativo”. Quando falamos em normativo, estamos nos referindo à regra, padrão, modelo, dando assim um norte para os objetivos previstosno desenvolvimento de ações, que aqui se apresentam relativas às aprendizagens essenciais que os alunos necessitam possuir. A BNCC, nesse viés, tem também como objetivo ser um referencial na elaboração e reformulação dos currículos dos estados brasileiros, do Distrito Federal e dos municípios, contribuindo com a transformação das propostas pedagógicas das redes pública e particular. Tem o documento o intuito também de integrar: [...] a Política Nacional da Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação (BRASIL, BNCC, 2018, p. 8). Nesta perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular busca a participação de todos os segmentos da sociedade e da política nacional para a fomentação deste projeto, pois sem a participação não será possível a implementação do mesmo. Nesta implementação e participação busca-se a superação da [...] é um documento de caráter normativo que defi ne o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, BNCC, 2018, p. 7). 11 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 “fragmentação das políticas educacionais” (BRASIL, BNCC, 2018, p. 8), as quais denotam uma fragilidade no currículo nacional. Para fortalecermos o currículo nacional, de acordo com a BNCC, faz-se necessário alcançarmos um nível comum de aprendizagem para os alunos de todo o país. E para chegarmos a um nível comum de aprendizagem são necessárias várias mãos, incluindo a dos profi ssionais que se encontram no “chão de escola”, os professores e gestores. Podemos verifi car, aqui, que a BNCC integra a política nacional de educação, que em suas entrelinhas confi gura-se como uma política pública que norteará o currículo nacional. O que são políticas públicas? Ao nos questionarmos sobre o que são políticas públicas, utilizamos Azevedo (2008, p. 18), que assim afi rma: “[...] são projetos em construção que dependem da visão de mundo e dos seus promotores”. Podemos compreender então que as políticas públicas são regras de organização e de convivência, para a melhoria da qualidade de vida da população envolvida. Temos outro autor que defi ne política pública como “ações geradas na esfera do estado e que tem como objetivo atingir a sociedade como um todo ou parte dela” (SANTOS, 2012, p. 5). Neste caso, relacionado à BNCC, o objetivo é atingir a todos os alunos do país com excelência. Outro autor que nos remete ao conceito de política pública é Caldas (2008, p. 5), que afi rma: “[...] são a totalidade de ações, metas e planos que os governos traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos selecionam (como prioridades) são as que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade”. Esta citação denota claramente que para a política pública ser elaborada e chegar a sua concretização, depende exclusivamente do poder público (governantes) e que possui etapas para sua elaboração. Pode soar de maneira incômoda a afi rmação acima “depende exclusivamente do poder público” – mas é uma realidade, e possuímos embasamento para tal afi rmação, de acordo, ainda, com Caldas (2008, p. 5), “[...] o bem-estar da 12 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 sociedade é sempre defi nido pelo governo e não pela sociedade”. Por que ocorre desta forma? Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam às demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGs em geral. (CALDAS, 2008, p. 5-6). Com esta afi rmação, podemos perceber que a construção de uma política pública é determinada por necessidades tanto relativas à população, como a interesses, aqui compreendidos como metas ou planos de governo, e que a população pode fazer parte deste movimento organizando-se nas denominadas SCO – Sociedade Civil Organizada – sendo levadas as ideias para os governantes. Com isso, podemos perceber que a dialogicidade se faz necessária no processo de construção das políticas públicas e o processo de discussão, criação e execução necessitam de dois tipos de sujeitos que são, de acordo com Caldas (2008, p. 8), os “estatais e os privados”. Relativos aos sujeitos “estatais”, os mesmos fazem parte do Governo Federal ou do Estado. Já os sujeitos “privados” são os que fazem parte da sociedade civil, sabendo-se que estes não possuem uma ligação direta com o setor administrativo do Estado, que são: [...] a imprensa; os centros de pesquisa; os grupos de pressão, os grupos de interesses e os lobbies; as Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO); as entidades de representação empresarial; os sindicatos patronais; os sindicatos dos trabalhadores e outras entidades representativas da Sociedade Civil Organizada. (CALDAS, 2008, p. 9). Diante do que foi visto até o momento, é possível perceber que as políticas possuem suas nuances, sua organização e participação. Com isso, partimos para os passos que determinam desde o momento da formulação até a sua execução. Quanto a isso, veja a fi gura a seguir com cada fase. A construção de uma política pública é determinada por necessidades tanto relativas à população, como a interesses, aqui compreendidos como metas ou planos de governo, e que a população pode fazer parte deste movimento organizando-se nas denominadas SCO – Sociedade Civil Organizada – sendo levadas as ideias para os governantes. 13 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 FIGURA 1 - FASES DA FORMAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS FONTE: Caldas (2008, p. 10) Essas fases estão apresentadas de maneira hierarquizada pelo fato de ocorrerem em momentos distintos; todavia, precisam acontecer concomitantemente. Desta maneira, vamos verifi car como cada uma se constitui no processo de elaboração da política pública. Vamos levar em conta a formulação da BNCC para melhor compreensão. Na primeira fase, encontramos a Formação da Agenda, na qual são selecionadas as prioridades, nas quais se busca detectar os problemas existentes em determinada área da sociedade, no caso, temos a educação como pano de fundo, com o objetivo de unifi car as políticas educacionais no que tange ao currículo nacional. Na segunda fase, temos a Formulação de políticas, nas quais são apresentadas algumas linhas de ação para serem adotadas na solução do problema. Tomemos como sequência de nosso exemplo a fragmentação do currículo nacional, que é nosso problema e foi detectado na formação da agenda. Agora, nessa segunda fase, esse problema recebe ideias para que o problema seja solucionado. Cabe salientar que, muitas vezes, no decorrer do processo, podem ocorrer divergênciasrelativas às ações a serem empreendidas, sendo que alguns poderão considerá-las favoráveis e outros a considerarem prejudiciais, criando assim um embate político. 14 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Com isso, Caldas (2008, p. 11) nos afi rma que “[...] Esse é o momento em que deve ser defi nido qual é o objetivo da política, quais serão os programas desenvolvidos e as metas almejadas, o que signifi ca a rejeição de várias propostas de ação”. Para tanto, é necessário, neste momento de embate político, buscar o parecer do corpo técnico da administração pública, desfazendo assim as dúvidas apresentadas por ambas as partes. Na terceira fase, temos o processo de Tomada de Decisões, na qual são defi nidas as escolhas das alternativas de ação referente ao problema apresentado na Formação da Agenda. Neste momento são defi nidos os recursos, prazos (temporal) de ação da política (CALDAS, 2008). É nessa fase que são elaboradas as leis, decretos, normas, resoluções que expressem as escolhas feitas dentro da legalidade. Relativo à BNCC, temos o documento constituído, analisado. Na quarta fase, temos a Implementação, é o momento de realizar o projeto, levá-lo à ação. Neste caso, tem-se a necessidade da participação do setor administrativo para executar o projeto. Em relação à BNCC, neste momento entram todas as esferas governamentais, sejam federal, estadual e municipal, com seus interlocutores levando o documento às escolas públicas e particulares. E na quinta fase, a Avaliação, que precisa estar em todos os momentos, da elaboração à execução. A avaliação, assim, tem o papel de dar um feedback aos gestores do que deu certo ou não no processo. No que tange à educação, na elaboração da BNCC ela deve ocorrer em todos os estágios e agora, em sua última versão, verifi car o que pode ou não ser executado na sua totalidade e receber o parecer dos profi ssionais da educação e da comunidade sobre esse documento na sua execução. Conforme Caldas (2008, p. 19): De maneira geral, o processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela política. Além disso, busca determinar sua relevância, analisar a efi ciência, efi cácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas, bem como servir como um meio de aprendizado para os atores públicos. Frente ao exposto, podemos perceber que a construção da Base Nacional Comum Curricular seguiu essas fases, dando assim maior movimento para a participação de muitos sujeitos ou atores, como queiram denominar neste processo de elaboração do documento. Para tanto, vamos agora, seguindo esta linha de pensamento, verifi car quais são os marcos legais na construção da BNCC. De maneira geral, o processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela política. Além disso, busca determinar sua relevância, analisar a efi ciência, efi cácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas, bem como servir como um meio de aprendizado para os atores públicos. 15 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 Antes deixamos dicas para você aprofundar seu interesse sobre políticas públicas. No site <https://www.youtube.com/watch?v=406y7gDN-ZE> encontra-se o vídeo elaborado pela Câmara dos Deputados com maiores informações sobre o que vimos até aqui sobre O que são políticas públicas. Deixamos também a dica de um livro que fala sobre as políticas públicas educacionais, de Pablo Silva Machado Bispo dos Santos. Intitulado: Guia Prático da Política Educacional no Brasil: Ações, Planos, Programas e Impactos (2012). (Disponível em: <https://issuu. com/cengagebrasil/docs/guia_pratico_da_politica_educaciona>). Esse livro é indicado para acadêmicos dos cursos de Pedagogia, Pós-Graduação que contemplem a formação do professor. 16 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 1- De acordo com Santos (2012, p. 5), as políticas públicas são “ações geradas na esfera do estado e que têm como objetivo atingir a sociedade como um todo ou parte dela”. Diante desta afi rmação, podemos compreender que as políticas públicas podem receber o apoio também da sociedade. De que maneira ela pode ocorrer? 2- Do que estudamos até o momento, podemos compreender que as políticas públicas são necessárias para a efetivação de ações necessárias à melhoria da qualidade de vida da população. Assim, indique quais as fases de elaboração de uma política pública? 2.1 Quais Os Marcos Históricos E LeGais Da BNCC? Pelo que vimos até o momento, observa-se que as políticas públicas envolvem signifi cativamente todas as esferas e a educação é uma delas, e a qual estamos debatendo agora. Por isso, não podemos considerar que a BNCC seja algo novo, pois antes de termos este documento materializado outros foram construídos e fazem parte da história das reformas educacionais e dos planos de educação com o intuito de construir uma política educacional efi ciente. Para tanto, faz-se necessário conhecermos na Constituição Federal de 1988, o que ela nos diz na Seção I - Da Educação, em seu Artigo 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 1). Neste artigo, verifi camos que a educação é um direito fundamental e que deve existir um compartilhamento entre Estado e Família para sua concretização. Cabendo ao Estado complementar a educação que a criança recebeu de seus familiares e também a criação de um Sistema Nacional de Educação, juntamente com um currículo nacional. Assim, realizando o cumprimento dessa ação, o Artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional defi niu desta forma que: 17 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 Art. 26 – Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser contemplada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversifi cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, LDB 9394/96, p. 1, grifos do original). Neste processo de o ensino ter “Base Nacional Comum”, muitos foram os desdobramentos e discussões realizadas até que em 1997, surgem os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais, que possuíam a aspiração de se tornarem as Diretrizes Curriculares Nacionais, os quais serviram no fi nal como material de apoio para os profi ssionais da educação. Se buscarmos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 29), os mesmos se constituem como: [...] uma referência nacional para o ensino fundamental; estabelecem uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do Ministério da Educação e do Desporto, tais como os projetos ligados à sua competência na formação inicial e continuada de professores, à análise e compra de livros e outros materiais didáticos e à avaliação nacional. Têm como função subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material de refl exão para a prática de professores. De acordo com Candido e Gentili (2017, p. 325): A construção dos Parâmetros signifi cou um passo considerável em se tratando de seleção de conteúdos válidos nacionalmente. No entanto, essa iniciativa gerou muitas críticas, principalmente em se tratando da falta de participação e atuação dasescolas na escolha dos conteúdos e das metodologias de ensino e aprendizagem. Para melhor compreensão podemos elucidar quais os documentos que garantem a legalidade da Base Nacional Comum Curricular. 18 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 FIGURA 2 – LINHA DO TEMPO DAS LEIS QUE GARANTEM A BNCC FONTE: Adaptado de <http://movimentopelabase.org.br/ linha-do-tempo/>. Acesso em: 16 nov. 2018. Observe que, em 2014, já com a elaboração do Plano Nacional de Educação (2014-2024), o qual determina as diretrizes, estratégias e metas para as políticas educacionais do decênio (dez anos), ocorreram as primeiras reuniões, as quais serviram para debater sobre a BNCC, sendo esta uma necessidade, a qual teve seu início de discussão em 2015, sendo que o MEC institui (Portaria Nº 592), junto ao CONSED e a UNDIME, grupo de redação responsável pela primeira versão da BNCC. Na sequência, no mês de julho de 2015, acontece o seminário Internacional da BNCC, que reúne, em Brasília, diversos especialistas de renome nacional e internacional para debaterem suas experiências na construção de currículo. Nesta perspectiva, após diversos debates, chegou-se à primeira versão da BNCC. Cabe salientar que este documento, a BNCC, a qual já havia mencionado no primeiro parágrafo deste capítulo, é um documento de caráter normativo, o qual busca dar aos alunos uma aprendizagem de qualidade com competências que todos deverão desenvolver ao longo de sua caminha educacional, em todas as modalidades. É importante abrir um espaço para que você, acadêmico, perceba a construção dessa política educacional, lembrando-se do que vimos nas fases de construção de uma política pública. Se buscarmos no site do Governo Federal, encontramos um portal, criado pelo Ministério da Educação para apresentar à população o processo de construção desse documento, buscando estabelecer canais de comunicação e a participação da comunidade nessa ação. O site é: <http://basenacionalcomum. mec.gov.br>. 19 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 No desenvolvimento desse documento, em sua primeira versão foram disponibilizadas mais de 12 milhões de participações da sociedade, os quais deixaram sua contribuição para a melhoria e construção do documento para uma educação de qualidade e equânime. As participações foram de acordo com o portal do Movimento pela Base (2017, s.p.), “A consulta on-line da primeira versão é encerrada com mais de 12 milhões de contribuições da sociedade civil, professores, escolas, organizações do terceiro setor e entidades científi cas.” Com as participações da sociedade, dos meses de março a maio de 2016 as contribuições da sociedade são organizadas por um grupo de profi ssionais da Universidade de Brasília e enviadas aos redatores para sua análise e no fi nal do mês de maio é apresentada a segunda versão para a BNCC, a partir das contribuições da consulta pública. “A consulta on-line da primeira versão é encerrada com mais de 12 milhões de contribuições da sociedade civil, professores, escolas, organizações do terceiro setor e entidades científi cas.” FIGURA 3 – CAPA DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC FONTE: <https://fi les.passeidireto.com/Thumbnail/8a279314-107d- 4dce-85a6-3842e642f5a1/210/1.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2018. Entre os meses de junho e agosto de 2016 são realizados 27 seminários, um em cada estado da federação, em que foram dadas mais de nove mil contribuições entre professores e especialistas, juntamente ao CONSED – Conselho Nacional de Educação e a UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, dando respaldo para a versão fi nal do documento que foi enviado para o CNE - Conselho Nacional de Educação, através de cinco audiências públicas, uma em cada região do país. No mês de julho, o Ministério da Educação institui, através da Portaria Nº 790/2016, o comitê gestor da BNCC e reforma do Ensino Médio, para encaminhamento do processo e proposta fi nal do documento. 20 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 FIGURA 4 – BANNER CONVIDANDO PARA PARTICPAÇÃO NAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS EM CADA REGIÃO DO PAÍS FONTE: <http://portal.mec.gov.br/images/stories/noticias/2017/ bcnn_audiencia.png>. Acesso em: 16 nov. 2018. As audiências públicas (seminários estaduais) contaram com 9.275 participantes, de acordo com o relatório do Seminário do CONSED e UNDIME. (Disponível em: <http://movimentopelabase.org.br/wp-content/ uploads/2016/09/2016_09_14-Relato%CC%81rio-Semina%CC%81rios-Consed- e-Undime.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018). Já em abril de 2017 ocorre a entrega da terceira versão da BNCC para o Conselho Nacional de Educação, com as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental, sendo que o Ensino Médio se encontra em formulação. De junho a setembro de 2017 o CNE realiza consultas públicas em todo o país para saber da sociedade suas opiniões sobre a terceira versão do documento, sendo que as contribuições poderiam ser feitas via e-mail. Após essas consultas, já em agosto, inicia-se a preparação das redes, com o lançamento do Guia de Implementação da BNCC, no qual possui sugestões que apoiam a organização das secretarias para sua prática. Tema que será abordado no terceiro capítulo deste livro. Aguarde! 21 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 FIGURA 5 – CAPA DO GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC PARA GESTORES FONTE: <http://undime-sc.org.br/wp-content/uploads/2018/04/ BNCC-800x498.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2018. Esse material tem como objetivo, de acordo com a UNDIME (2017, s.p.): [...] apoiar gestores estaduais, municipais e escolares no processo de (re)elaboração da proposta curricular de suas redes, com foco no regime de colaboração entre estados e municípios. Ele contempla as etapas de educação infantil e ensino fundamental da educação básica. Posteriormente, serão acrescentadas a etapa do ensino médio e sugestões de ações para outras dimensões da implementação, tais como: formação continuada de professores, revisão dos projetos político- pedagógicos (PPPs) das escolas e orientações tanto sobre materiais didáticos quanto sobre avaliação e acompanhamento das aprendizagens. Observamos que esta política educacional possui a formação de rede, que busca levar a todos os profi ssionais de educação do país esta nova maneira de ver e trabalhar o currículo nacional de forma colaborativa. No dia 15 de dezembro ocorre a aprovação da BNCC pelo Conselho Nacional de Educação; [...] apoiar gestores estaduais, municipais e escolares no processo de (re) elaboração da proposta curricular de suas redes, com foco no regime de colaboração entre estados e municípios. Ele contempla as etapas de educação infantil e ensino fundamental da educação básica. Posteriormente, serão acrescentadas a etapa do ensino médio e sugestões de ações para outras dimensões da implementação, tais como: formação continuada de professores, revisão dos projetos político-pedagógicos (PPPs) das escolas e orientações tanto sobre materiais didáticos quanto sobre avaliação e acompanhamento das aprendizagens. 22 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 FIGURA 6 – CAPA TERCEIRA VERSÃO DA BNCC FONTE: <https://www.google.com.br/CAPA+TERCEIRA+VERSÃO+BNCC>. Acesso em: 16 nov. 2018. Em 20 de dezembro a BNCC é homologada e em 22 de dezembro de 2017 foi realizada a publicação da Resolução CNE/CP nº 2, que encontra-se no site, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/conselho- nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curricular-bncc>. e institui e orienta: [...] a implantação da Base Nacional Comum Curriculara ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. Lembrando que a BNCC aprovada se refere à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental, sendo que a Base do Ensino Médio será objeto de elaboração e deliberação posteriores. Com esta caminhada, temos hoje para estudo a Base Nacional Comum Curricular, que busca amparar, de acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, um currículo comum, buscando assim a recomposição do currículo nacional com suas competências. Em 20 de dezembro a BNCC é homologada e em 22 de dezembro de 2017 foi realizada a publicação da Resolução CNE/CP nº 2. 23 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 Apresentamos para você um recorte do artigo de Fernanda Andreazzi, que se encontra na íntegra disponível em: <https://blog.sae. digital/conteudo/bncc-o-que-e-qual-e-o-seu-objetivo/>. Acesso em: 16 nov. 2018. BNCC: O QUE É A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E QUAL É O SEU OBJETIVO Durante o ano de 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi pauta dos mais importantes debates sobre educação no país. Em trâmite desde abril, o documento da Base foi homologado pelo Ministério da Educação (MEC), em sua terceira versão, no dia 20 de dezembro de 2017 apenas para as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental. A BNCC dessas etapas será implementada nas escolas a partir de 2019 (o prazo máximo é até o início do ano letivo de 2020), mas instituições e sistemas de ensino estão se preparando para a sua chegada desde já: a começar pela adequação dos currículos, capacitação da equipe docente e atualização dos materiais e recursos didáticos utilizados. Já a BNCC do Ensino Médio foi entregue em abril de 2018 ano pelo MEC ao Conselho Nacional de Educação (CNE) para debate em audiências públicas que seguiram até agosto. No entanto, ainda não há data defi nida para ela entrar em vigor. Juntas, a Base da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio integram um único documento: a BNCC da Educação Básica. Se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ainda não está em pauta na sua escola, chegou a hora de se informar. Preparamos este conteúdo especialmente para que você possa entender o que é a Base e quais são os seus objetivos dentro do contexto educacional do país. 24 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Afi nal, o que é a BNCC? A Base Nacional Comum Curricular é um documento que determina as competências (gerais e específi cas), as habilidades e as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver durante cada etapa da educação básica. A BNCC também determina que essas competências, habilidades e conteúdos devem ser os mesmos, independentemente de onde as crianças, os adolescentes e os jovens moram ou estudam. A Base não deve ser vista como um currículo, mas como um conjunto de orientações que irá nortear as equipes pedagógicas na elaboração dos currículos locais. Esse documento deve ser seguido tanto por escolas públicas quanto particulares. Em um primeiro momento, a Base Nacional Comum Curricular será implementada apenas para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. A Base para o Ensino Médio ainda será discutida e votada ao longo do ano de 2018. De que forma a BNCC está relacionada com… A Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE) A criação de uma base comum para a Educação Básica está prevista desde 1988, a partir da promulgação da Constituição Cidadã. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) reforçou a sua necessidade, mas somente em 2014 a criação da Base Nacional Comum Curricular foi defi nida como meta pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Os Currículos Estaduais, Municipais e o Projeto Político Pedagógico das escolas. Reforçamos, anteriormente, que a Base não deve ser entendida como sinônimo de currículo, mas ela está intimamente ligada à construção dos Currículos Estaduais e Municipais, bem como ao Projeto Político Pedagógico e ao currículo das escolas. As equipes pedagógicas devem trabalhar na reestruturação dos seus currículos, tomando como norte os preceitos estabelecidos na BNCC. 25 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 Qual é o objetivo da BNCC? A criação de uma Base Nacional Comum Curricular tem o objetivo de garantir aos estudantes o direito de aprender um conjunto fundamental de conhecimentos e habilidades comuns – de norte a sul, nas escolas públicas e privadas, urbanas e rurais de todo o país. Dessa forma, espera-se reduzir as desigualdades educacionais existentes no Brasil, nivelando e, o mais importante, elevando a qualidade do ensino. A Base também tem como objetivo formar estudantes com habilidades e conhecimentos considerados essenciais para o século XXI, incentivando a modernização dos recursos e das práticas pedagógicas e promovendo a atualização do corpo docente das instituições de ensino. Como funciona a orientação por competências? Para assegurar os direitos de aprendizagem dos estudantes da Educação Básica, a Base Nacional Comum Curricular foi estruturada em competências. O que são consideradas competências? Para a BNCC, competência é a mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver questões do cotidiano, do mundo do trabalho e para exercer a cidadania. Ou seja, é por meio dessas competências que os estudantes desenvolvem as habilidades e aprendizagens essenciais estabelecidas pela Base. Ao todo foram estipuladas dez competências gerais para a etapa da Educação Básica. O que é a parte diversifi cada da BNCC? A BNCC é dividida entre a Base Comum e a parte diversifi cada. O objetivo da segunda parte é enriquecer e complementar a parte comum. A ideia é inserir novos conteúdos aos currículos que estejam de acordo com as competências estabelecidas pela BNCC e também com a realidade local de cada escola. É importante lembrar que a Base Comum deve ser contemplada, em sua totalidade, nos currículos escolares, enquanto a parte diversifi cada pode corresponder a até 40% dos conteúdos. Quer saber mais sobre a parte diversifi cada da BNCC? 26 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Como implementar a BNCC em minha escola? A partir do próximo ano letivo, a BNCC da Educação Infantil e Ensino Fundamental começará a ser implementada em todo país. Os sistemas de ensino e escolas já estão se atualizando e se preparando para receber a Base, mas como implementá-la? O primeiro passo é reelaborar o currículo escolar e revisar o Projeto Político Pedagógico da instituição. Além disso, nesse processo é mais do que essencial promover a formação continuada do corpo docente e a comunicação clara com os pais e a comunidade escolar. Nesse contexto, a atualização dos materiais didáticos é imprescindível para se adequar às orientações da BNCC. A melhor maneira de atualizá-los pode ser por meio de parceria com um Sistema de Ensino. FONTE: ANDREAZZI, Fernanda. Disponível em: <https://blog.sae.digital/ conteudo/bncc-o-que-e-qual-e-o-seu-objetivo/>. Acesso em: 16 nov. 2018. Depois do estudo realizado até o momento, e do artigo acima, podemos realizar nossa atividade de estudo! 1 Diante do estudado sobre os documentos que alicerçam a Base Nacional Comum Curricular, podemos considerar que todas estão interligadas. Desta maneira, indique quais as leis que dão embasamento para a elaboração da BNCC? 2 Relativo à participação da sociedade na fomentação da primeira, segunda e terceira versão da BNCC, você acredita que tenha sido um movimento democrático? Justifi que.27 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 3 COMPETÊNCIAS GERAIS E ORIENTAÇÕES NA BNCC Antes de apresentarmos as competências gerais da BNCC, precisamos primeiramente compreender o que signifi ca a palavra competência. Competência, na Base Nacional Comum Curricular é defi nida como: [...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, BNCC, 2017, p. 8). Com isso podemos compreender que as competências aqui denotam o desenvolvimento do educando em todas as áreas, levando este conhecimento para o seu cotidiano, sempre respeitando os direitos humanos, a sustentabilidade do meio ambiente, a ética, levando também ao desenvolvimento intelectual, social, emocional e físico, além do cultural, caminhando para uma educação integral. Cabe ressaltar que existe uma diferenciação das habilidades, as quais são focadas com maior princípio no desenvolvimento cognitivo do educando. De acordo com a BNCC (2017, p. 8): Ao defi nir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afi rmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza” (BRASIL, 2013), mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o que afi rma a BNCC, a mesma encontra-se alinhada com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, a qual possui como título Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o desenvolvimento Sustentável, com dezessete objetivos. 28 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 FIGURA 7 – OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ONU FONTE: <https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2014/11/ grid-global-goals-header.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2018. Dentre estes objetivos encontramos o quarto objetivo, que é assim determinado pela Organização das Nações Unidas, no site <https://nacoesunidas. org/pos2015/ods4/>: “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”. Este objetivo foi subdividido em seções: 4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e efi cazes. 4.2 Até 2030, garantir que todos(as) meninas e meninos tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré- escolar, de modo que eles estejam prontos para o ensino primário. 4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profi ssional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade. 4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profi ssionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo. 4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profi ssional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com defi ciência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade. 4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática. 29 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável 4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis às defi ciências e ao gênero, e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e efi cazes para todos. 4.b Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de bolsas de estudo para os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior, incluindo programas de formação profi ssional, de tecnologia da informação e da comunicação, técnicos, de engenharia e programas científi cos em países desenvolvidos e outros países em desenvolvimento. 4.c Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de professores qualifi cados, inclusive por meio da cooperação internacional para a formação de professores, nos países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento. FONTE: <https://nacoesunidas.org/pos2015/ods4/>. Acesso em: 16 nov. 2018. Diante destes objetivos, percebe-se que as competências apresentadas na BNCC estão condizentes com o que a Organização das Nações Unidas propõe alcançar até 2030, pois, nosso país possui um défi cit relacionado à alfabetização, sendo isso um dos fatores que a Organização das Nações Unidas, no seu Capítulo 4, apresentado no quadro acima, quer modifi car buscando uma educação de qualidade para todos, a qual está inserida na seção 4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e efi cazes. Este objetivo condiz com o que está expresso em nossa Constituição Federal de 1988. Temos também, nas demais seções, ações que necessitam ser implementadas em nosso país, as quais ainda se encontram em defasagem e, assim, quiçá, ao fi nal de 2030, tenhamos um avanço positivo junto ao que é posto pela ONU e pela BNCC. 4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e efi cazes. 30 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Ainda neste capítulo daremos ênfase na questão de dados relacionados à educação brasileira e seus avanços e retrocessos. Aguarde! Então, vamos apresentar as competências da BNCC e você poderá realizar uma análise com o que se relaciona ao quarto artigo de “Educação de Qualidade” da ONU. Vamos à leitura! COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refl exão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversifi cadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemáticae científi ca, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, signifi cativa, refl exiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar- se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 31 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confi áveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confl itos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, fl exibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. FONTE: Base Nacional Comum Curricular (2017, p. 9-10) Na leitura destas competências observamos que estão incutidas aqui todas as necessidades do envolvimento didático das etapas da Educação Básica. Se buscarmos na legislação, mais precisamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nos artigos 32 e 35, verifi camos que o artigo 32 nos apresenta a obrigatoriedade do Ensino Fundamental, com a duração prevista de nove anos, de maneira gratuita na escola pública, tendo seu início aos seis anos de idade e terá por objetivo a formação básica do cidadão. No que tange ao artigo 35, o mesmo trata do Ensino Médio, com duração mínima de três anos e tendo como fi nalidades a consolidação dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental e aprimorando-os, como também a preparação para o trabalho e a cidadania do educando; o aperfeiçoamento do educando como pessoa humana, incluindo aqui a ética, a autonomia intelectual e a criticidade, além de buscar a compreensão dos fundamentos científi co-tecnológicos. Encontramos nesses artigos uma linha de pensamento que se insere nas competências; não distante, temos também pesquisas que foram realizadas pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Educação que indicam que: [...] das 16 Unidades da Federação cujos documentos curriculares foram analisados, 10 delas explicitam uma 32 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 visão de ensino por competências, recorrendo aos termos “competência” e “habilidade” (ou equivalentes, como “capacidade”, “expectativa de aprendizagem” ou “o que os alunos devem aprender”) (CENPEC, 2015, p. 75). Esse fato ocorre, de acordo com o que se expressa na Base Nacional Comum Curricular (2017), por esses profi ssionais terem como base os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, que trazem em suas páginas a denominação de competências, a qual já se encontra inserida no contexto curricular nacional das escolas. Quando apresentamos os objetivos da ONU, não é por acaso, pois outras organizações, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tem por objetivo atuar na organização não apenas no setor econômico, como também na saúde, educação, ambiental e a geração de empregos de muitos países, entre eles o Brasil, o qual faz parte. Esta organização coordena também: [...] o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla em espanhol) (BRASIL, BNCC, 2017, p. 13). Esses programas desenvolvidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) possuem como objetivo: PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos: produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da educação nos países participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico. A avaliação procura verifi car até que ponto as escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na sociedade contemporânea. (<http://portal.inep.gov.br/pisa>. Acesso em: 19 nov. 2018). Essas avaliações buscam verifi car se o educando, aos 15 anos de idade, possui condições de levar os conhecimentos para seu cotidiano e sua aplicabilidade nesta idade por estar próximo ao fi nal de sua formação básica. Os dados apresentados pelo OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - fi cam assim expressos, quando se trata do programa PISA, que se realiza a cada três anos. Os dados a seguir são relativos ao relatório da OCDE enviado para nosso país, após análise dos dados. 33 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 FIGURA 8 – ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO FONTE: <http://forumcompetitividade.org/wp-content/ uploads/2014/10/OECD.jpg>. Acesso em: 19 nov. 2018. RESULTADOS PRINCIPAIS NO BRASIL JUNTO AO PISA • O desempenho dos alunos no Brasil está abaixo da média dos alunos em países da OCDE em ciências (401 pontos, comparados à média de 493 pontos), em leitura (407 pontos, comparados à média de 493 pontos) e em matemática (377 pontos, comparados à média de 490 pontos). • A média do Brasil na área de ciências se manteve estável desde 2006, o último ciclo do PISA com foco em ciências (uma elevação aproximada de 10 pontos nas notas - que passaram de 390 pontos em 2006 para 401 pontos em 2015 – não representa uma mudança estatisticamente signifi cativa). Estes resultados são semelhantes à evolução histórica observada entre os países da OCDE: um leve declínio na média de 498 pontos em 2006 para 493 pontos em 2015 também não representa uma mudança estatisticamente signifi cativa. • A média do Brasil na área de leitura também se manteve estável desde o ano 2000. Embora tenha havido uma elevação na pontuação de 396 pontos em 2000 para 407 pontos em 2015, esta diferença não representa uma mudança estatisticamente signifi cativa. Na área de matemática houve um aumento signifi cativo de 21 pontos na média dos alunos entre 2003 a 2015. Ao mesmo tempo, houve um declínio de 11 pontos se compararmos a média de 2012 à média de 2015. • O PIB per capita do Brasil (USD 15 893) corresponde a menos da metade da média do PIB per capita nos países da OCDE (USD 39 333). O gasto acumulado por aluno entre 6 e 15 anos de idade no Brasil (USD 38 190) equivale a 42% da média do gasto por aluno em países da OCDE (USD 90 294). Esta proporção correspondia a 32% em 2012. Aumentos no investimento em educação precisam agora ser convertidos em melhores resultados na aprendizagem dos alunos. Outros países, como a Colômbia, o Méxicoe o Uruguai obtiveram resultados 34 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 melhores em 2015 em comparação ao Brasil, muito embora tenham um custo médio por aluno inferior. O Chile, com um gasto por aluno semelhante ao do Brasil (USD 40 607), também obteve uma pontuação melhor (477 pontos) em ciências. • No Brasil, 71% dos jovens na faixa de 15 anos de idade estão matriculados na escola a partir do 7º Ano, o que corresponde a um acréscimo de 15 pontos percentuais em relação a 2003, uma ampliação notável de escolarização. O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo. • Entre os países da OCDE, o desempenho em ciências de um aluno de nível socioeconômico mais elevado é, em média, 38 pontos superior ao de um aluno com um nível socioeconômico menor. No Brasil, esta diferença corresponde a 27 pontos, o que equivale a aproximadamente ao aprendizado de um ano letivo. • No Brasil, menos de 1% dos jovens do sexo masculino estão entre os alunos com rendimento mais elevado no PISA em ciências (aqueles com pontuação no nível de profi ciência 5 ou superior). Entre os países da OCDE, esta proporção corresponde a 8,9% dos jovens do sexo masculino. Apenas 0,5% do grupo feminino no Brasil alcançou este mesmo nível de desempenho. Entre os países da OCDE, 6,5% das meninas se destacaram neste nível elevado de profi ciência. No Brasil, entre alunos de baixo rendimento em ciências (aqueles com pontuação inferior ao nível básico de profi ciência, o nível 2), uma proporção maior entre o grupo feminino espera seguir uma carreira na área de ciências. • Menos de 10% dos alunos que participaram do PISA 2015 no Brasil são imigrantes (primeira ou segunda geração). Numa comparação entre alunos de mesmo nível socioeconômico, a média dos alunos imigrantes em ciências é 66 pontos inferior à média de alunos não imigrantes. • O Brasil tem um alto percentual de alunos em camadas desfavorecidas: 43% dos alunos se situam entre os 20% mais desfavorecidos na escala internacional de níveis socioeconômicos do PISA, uma parcela muito superior à media de 12% de alunos nesta faixa entre os países da OCDE. Esta proporção, no entanto, é semelhante àquela observada na Colômbia. Apenas dois outros países latino-americanos possuem uma proporção ainda maior de alunos neste nível socioeconômico, o México e o Peru. • Uma parcela muito reduzida de pais de alunos alcançou o nível superior de ensino no Brasil. Menos de 15% dos adultos na faixa etária de 35 a 44 anos de idade possuem um diploma universitário, uma taxa bem menor que a média de 37% observada entre os países da OCDE. Entre os países que participaram do 35 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 PISA 2015, o Brasil está entre os dois países com a menor proporção de adultos com nível superior, fi cando atrás apenas da Indonésia, onde menos de 9% dos adultos nesta faixa etária alcançaram esse nível de escolaridade. A faixa etária entre 35 e 44 anos corresponde aproximadamente à idade dos pais de alunos que participaram do PISA 2015. • No Brasil, 36% dos jovens de 15 anos afi rmam ter repetido uma série escolar ao menos uma vez, uma proporção semelhante à do Uruguai. Entre os países latino-americanos que participaram do PISA 2015, apenas a Colômbia possui uma taxa de repetência escolar (43%) superior à do Brasil. Esta prática é mais comum entre países com um baixo desempenho no PISA e está associada a níveis mais elevados de desigualdade social na escola. No Brasil, altos índices de repetência escolar estão ligados a níveis elevados de abandono da escola. Entre 2009 e 2015, houve um declínio de 6% na taxa de repetência escolar no Brasil, observado principalmente entre os alunos do Ensino Médio. (<http://download. inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/resultados/2015/pisa_2015_brazil_prt.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2018). Com o que se observa, o Brasil ainda busca caminhar junto às demandas observadas em seu sistema educacional, visto que muitas lacunas se encontram no processo de busca da qualidade de ensino, com efi cácia e equidade. Os dados que são levantados e posteriormente apresentados ao governo brasileiro e de seus respectivos países participantes desse programa auxiliam no desenvolvimento de novas políticas públicas, as quais venham sanar suas particularidades. Encontrar caminhos para esse movimento é necessário e a utilização do trabalho em rede, como está se buscando com a BNCC, é uma das formas encontradas pelos especialistas na área educacional. Frente ao que temos apresentado, nos cabe observar que cada movimento realizado possui uma engrenagem que vem pontuando as possibilidades e caminhos a serem seguidos no desenvolvimento da melhoria da educação. E buscar as competências, as quais se apresentam na Base Nacional Comum Curricular, são respeitáveis e necessárias, pois: Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno 36 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais defi nidas na BNCC (BRASIL, BNCC, 2017, p. 13). Caro Pós-Graduando, observe que a Base Nacional Comum Curricular possui em suas linhas a preocupação de ver o educando desenvolvendo-se em sua totalidade, pois o que está em jogo não é somente o “saber”, mas sim o “saber fazer”, completando assim um processo em que o que o educando aprende na escola, passe a servir para seu cotidiano, para sua futura formação profi ssional. Cabe salientar a presença da chamada educação integral. 3.1 Educação InteGral E Educação Em Tempo InteGral A Educação Integral para muitos é considerada como um projeto interativo e integrado, no qual o educando, além de estar quatro horas na escola, pode utilizar-se do contraturno para a realização de outras atividades para seu aperfeiçoamento, mantendo-se ativo no ambiente educacional. De acordo coma página do Ministério da Educação, Educação Integral representa: [...] a opção por um projeto educativo integrado, em sintonia com a vida, as necessidades, possibilidades e interesses dos estudantes. Um projeto em que crianças, adolescentes e jovens são vistos como cidadãos de direitos em todas as suas dimensões. Não se trata apenas de seu desenvolvimento intelectual, mas também do físico, do cuidado com sua saúde, além do oferecimento de oportunidades para que desfrute e produza arte, conheça e valorize sua história e seu patrimônio cultural, tenha uma atitude responsável diante da natureza, aprenda a respeitar os direitos humanos e os das crianças e adolescentes, seja um cidadão criativo, empreendedor e participante, consciente de suas responsabilidades e direitos, capaz de ajudar o país e a humanidade a se tornarem cada vez mais justos e solidários, a respeitar as diferenças e a promover a convivência pacífi ca e fraterna entre todos (<http://educacaointegral.mec.gov. br/>. Acesso em: 19 nov. 2018). Este conceito de educação integral não está distante do que a nova Base Nacional Comum Curricular nos apresenta. Veja como este conceito é visto na BNCC (2017, p. 14): Independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de educaçãointegral com o qual a BNCC está comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, 37 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafi os da sociedade contemporânea. Isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir. Então, podemos perceber que o interesse neste novo olhar para a educação está voltado para uma educação global, que supere as fragmentações que possuímos em nosso sistema educacional, levando o educando a ser o ator principal de sua aprendizagem, levando esta aprendizagem para seu cotidiano. Trazemos um questionamento: Para que a BNCC busca esse compromisso com a Educação Integral? Nos dias atuais estamos envoltos a muitas mudanças, tanto no contexto mundial como a nossa volta, em nosso cotidiano. E estas mudanças são representativas e aceleradas, levando a cada um buscar “reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações” (BRASIL, BNCC, 2017, p.14). Com isso, podemos perceber que as dimensões da educação integral se encontram nessa perspectiva: Para que a BNCC busca esse compromisso com a Educação Integral? Nos dias atuais estamos envoltos a muitas mudanças, tanto no contexto mundial como a nossa volta, em nosso cotidiano. E estas mudanças são representativas e aceleradas, levando a cada um buscar “reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações” (BRASIL, BNCC, 2017, p.14). FIGURA 9 – DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO INTEGRAL FONTE: A autora 38 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 Então, podemos compreender que necessitamos de novas possibilidades, aprender a aprender, buscar compreender como trabalhar com as informações que nos chegam a todo instante, diuturnamente, alcançando assim, de forma ética e com discernimento, atuar junto às novas tecnologias, conseguindo aplicar seus conhecimentos e utilizar as novas TICs de maneira proativa, e ainda mais, ter condições de solucionar problemas de maneira que sejam respeitadas as diferenças e as diversidades de maneira a saber conviver e respeitar cada um. Cabe aqui realizarmos uma análise que algumas pessoas acabam criando uma pequena confusão quando falamos em Educação Integral e Educação em Tempo Integral. Este ponto é importante termos bem claro. Vamos a ele... Vimos até o momento que a Educação Integral corresponde à formação de indivíduos numa educação global, com todas as possibilidades de tornar os educandos críticos de sua realidade, observadores da vivência humana, cidadãos plenos em seus mais diversos aspectos e dimensões. Assim, quando falamos em Educação Integral, acabam surgindo discussões sobre o que é a Educação em Tempo Integral, achando que as nomenclaturas sejam iguais, mas não são. Uma, na realidade, complementa a outra. Deixamos o site <https://www.youtube.com/watch?v=s- iT3PaxraM> como dica, que trata do Programa Entrevista, realizada pelo Canal Futura sobrea Educação em tempo Integral. Já sabemos o que é Educação Integral perante a nova Base Nacional Comum Curricular. Então, para entendermos de onde surgiu esta Educação em Tempo Integral, vamos buscar a Meta 6 do Plano Nacional de Educação que assim se expressa: “Oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da Educação Básica” (BRASIL, PNE 2011-2024). A Meta seis do PNE possui suas nove estratégias, as quais estão assim elencadas no quadro a seguir. 39 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 QUADRO 1 - ESTRATÉGIAS DA META 6 - PNE 6.1 AMPLIAÇÃO DO TEMPO Promover, com o apoio da União, a oferta de Educação Bá- sica pública em tempo integral, por meio de atividades de acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência dos alunos na escola, ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de profes- sores em uma única escola. 6.2 CONSTRUÇÃO DE ESCOLAS Instituir, em regime de colaboração, programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário adequa- do para atendimento em tempo integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em situação de vulne- rabilidade social. 6.3 RECURSOS – INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTOS E MATERIAL DIDÁTICO E FORMAÇÃO Institucionalizar e manter, em regime de colaboração, pro- grama nacional de ampliação e reestruturação das escolas públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para ativida- des culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como de produção de material didático e de formação de recursos humanos para a Educação em tempo integral. 6.4 ARTICULAÇÃO NO TERRITÓRIO Fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos, e equipamentos públicos como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, mu- seus, teatros, cinemas e planetários. 6.5 PARCERIAS COM ENTIDADES PRIVADAS Estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos matriculados nas escolas da rede pública de Educação Básica por parte das entidades priva- das de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino. 6.6 PARCERIA ONG - ESCOLA Orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades de ampliação da jornada escolar de alunos das escolas da rede pública de Educação Básica, de forma concomitante e em ar- ticulação com a rede pública de ensino. 6.7 DIVERSIDADE LOCAL Atender às escolas do campo, de comunidades indígenas e quilombolas, na oferta de Educação em tempo integral, com base em consulta prévia e informada, considerando-se as pe- culiaridades locais. 40 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 6.8 TEMPO INTEGRAL PARA PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAI ESPECIAIS Garantir a Educação em tempo integral para pessoas com defi ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional especializado complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em institui- ções especializadas. 6.9 TEMPO DE PERMA- NÊNCIA Adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreati- vas, esportivas e culturais FONTE: <http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/6- educacao-integral/estrategias/6-1-ampliacao-do-tempo/ indicadores#ampliacao-do-tempo>. Acesso em: 19 nov. 2018. Estas estratégias envolvem a ampliação de horas da criança em atividades pedagógicas e multidisciplinares, recursos fi nanceiros para a construção de novas escolas, para compra de materiais didáticos, a formação dos profi ssionais,além da articulação da escola com outros espaços que existem na comunidade, como museus, bibliotecas, parques, dentre outros. Na Meta seis, podemos perceber que temos dois grandes objetivos a serem alcançados, os quais necessitam das estratégias mencionadas anteriormente. Vamos destrinchar cada um desses objetivos. Primeiro objetivo: “Oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas [...]”. Frente a ele, o OPNE - Observatório do Plano Nacional de Educação – (<http://www.observatoriodopne.org.br/indicadores/ metas/6-educacao-integral/indicadores>. Acesso em: 24 nov. 2018) diz que: “Em 2014, 42% das escolas ofertavam a Educação em Tempo Integral”. Até o ano de 2017 possuíamos 40,1% de alunos matriculados na Educação em Tempo Integral, sendo que até 2024, tem-se como objetivo o alcance de 9,9% de escolas com Educação em Tempo Integral, perfazendo assim os 50% apresentado na meta 6 do Plano Nacional de Educação. Verifi que os dados aqui apresentados: 41 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 FIGURA 10 – PERCENTUAIS DA EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL – META 6 - PNE FONTE: Dados OPNE (2018) No segundo objetivo, inserido na Meta seis do PNE temos: “[...] a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da Educação Básica”. Ainda de acordo com a OPNE, até 2017, 15,5% das matrículas eram em Educação em Tempo Integral, permanecendo até sete horas no espaço escolar. A meta para 2024 é de 25%, sendo que para alcançá- la faltam 9,5%. Ainda de acordo com a OPNE, até 2017, 15,5% das matrículas eram em Educação em Tempo Integral, permanecendo até sete horas no espaço escolar. A meta para 2024 é de 25%, sendo que para alcançá-la faltam 9,5%. 42 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 IGURA 11 – PERCENTUAIS DE MATRÍCULAS EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL FONTE: Dados OPNE (2018) Cabe salientar aqui que, quando falamos em Educação em Tempo Integral, existe um grande desafi o que é de não compreender este “tempo Integral” não como somente mais tempo na escola, mas sim, observar que o foco deve estar na qualidade de ensino, pois o tempo que a criança permanece na escola deve ser otimizado, oportunizando múltiplas aprendizagens, tendo o aluno acesso ao esporte, à ciência, à arte, à cultura, à tecnologia, entre outros. De que maneira poderão ter esse acesso? Através de atividades bem planejadas, que possuam uma intenção pedagógica, alinhada ao PPP - Projeto Político-Pedagógico da Escola e que cada membro deve participar da sua elaboração. Este tema traremos nos próximos capítulos. Caro Pós-Graduando, trazemos para você um recorte do artigo de Elba Siqueira de Sá Barreto, professora da USP e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas. O artigo trata dos desafi os da escola e do Programa Mais Educação relativo à Educação em Tempo Integral. Desafi os da escola em tempo integral no Brasil: concepções contemporâneas e currículo Somos um país de escolarização tardia. Apenas na virada deste século é que toda a população em idade escolar passou a frequentar o ensino obrigatório. À medida que os países avançados 43 CAMINHADA HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA BNCC Capítulo 1 e, posteriormente, os da América Latina, lograram incluir toda a população escolar no ensino compulsório, outro grande desafi o foi posto para as políticas públicas: o de melhorar a qualidade da educação. Desafi o tanto maior quando se considera que a expansão universal da escolaridade veio acompanhada da depreciação da certifi cação que ela oferece e do esmaecimento do seu papel diferenciador no que se refere à inserção dos indivíduos na sociedade contemporânea. [...] O suporte legal, que permite a sustentação do Projeto Mais Educação no Ensino Fundamental e sua extensão para o Ensino Médio é oferecido pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profi ssionais da Educação (FUNDEB) com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O FUNDEB, também instituído em 2007, estipula que os recursos repassados pelo governo federal aos sistemas estaduais e municipais de acordo com o respectivo número de alunos matriculados passam a ser diferenciados para a educação de tempo integral. Isso signifi ca que os sistemas que ampliarem a jornada escolar receberão recursos extras. [...] O próprio nome – Educação em Tempo Integral – requer um esclarecimento: o que se entende por educação integral nas políticas brasileiras? A Constituição Federal de 1988 (art.205) e a LDB 9394/96 (art.2) apoiam-nos ao determinar que o propósito da educação é “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualifi cação para o trabalho”, de sorte que se pode pensar a educação integral como aquela que contempla os diversos aspectos do desenvolvimento humano na esfera individual e na vida em sociedade, abrangendo as dimensões cognitiva, afetiva, social, política, cultural, física, ética e estética. O PME tem por objetivo proporcionar a formação plena dos sujeitos abrangendo as suas múltiplas dimensões, com vistas a constituir uma educação cidadã e a construção de sujeitos autônomos e comprometidos com as transformações da sociedade. Mas ele confere características específi cas às ações propostas. Em primeiro lugar, trata-se de um programa de caráter intersetorial, que deve promover a articulação e a convivência entre diferentes ações e serviços públicos voltados às áreas sociais, e do qual devem participar além do Ministério da Educação (MEC), os Ministérios da Cultura, do Esporte e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e outros, cujas ações tenham afi nidade com os propósitos explicitados. Nessa perspectiva, o programa pareia a contribuição da educação escolar e não escolar na consecução dos objetivos propostos. Ademais, a ampliação dos 44 Competências Gerais e a BNCC Capítulo 1 tempos e espaços da educação integral assume um modelo focal, de tipo compensatório, dirigindo suas ações para populações em situação de risco e a escolas e territórios com vulnerabilidade social (BRASIL, 2007). O PME foi concebido pela Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão (SECAD), novo órgão do MEC com status político idêntico ao da Secretaria de Educação Básica (SEB). A SECAD é incumbida de formular e contribuir para disseminar, em regime de colaboração, as políticas referentes à oferta de ensino que contempla especifi cidades em razão da diversidade das populações atendidas. Entre elas, encontram-se a educação no campo, de adultos, indígena, das pessoas com defi ciência, dos quilombolas, bem como a abordagem das questões de gênero e orientação sexual. O modo preferencial de atuação do órgão no âmbito do MEC é o de estabelecer articulação intensa com entidades e movimentos sociais com experiência no trabalho de resgate de culturas e nas lutas contra os processos de exclusão social em vários desses campos, e que têm como desafi o constituir-se em espaços de diálogo e de negociação de sentidos para as novas propostas. Operando com várias lógicas, que atendem a interesses diversos – e, por vezes, confl ituosos, mesmo no interior das instâncias de formulação, o MEC busca conciliar as políticas universais, dirigidas a todos indistintamente (como as do aumento da duração do Ensino Fundamental e de extensão da faixa de escolaridade obrigatória, identifi cadas como políticas da igualdade), com as políticas compensatórias, de inclusão ou de ação afi rmativa, focalizadas em grupos sociais com desvantagem. Essas são identifi cadas como políticas de atenção às diferenças, ou da equidade. O Programa
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