Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Campo magnético em uma bobina e a permeabilidade magnética no vácuo Andrei Vińıcius Ferreira Batista, Ĺıdia Eduarda Sousa Santos, Lúis Gustavo dos Santo e Marcel Frank Amaral Silva 1. OBJETIVO O presente trabalho, tem por objetivo estudar as bobinas de Helmholtz, analisando o campo magnético produzido por apenas uma delas através dos resultados experimentais demonstrar as deduções matemáticas teóricas envolvidas nas formulas f́ısicas,como verificar o comportamento do campo magnético no centro da bobina ao variar a cor- rente,e também, variar a distância de um dispositivo sensor e analisar se o campo varia, mantendo uma alimentação de corrente constante. 2. FUNDAMENTO TEÓRICO As bobinas de Helmholtz são formadas por duas bobinas idênticas, de raio R, alinhadas paralelamente e separadas por uma distância igual ao raio das mesmas. Essa confi- guração permite a criação de um campo magnético quase uniforme entre as bobinas, ilustrado na Figura 1. Figura 1. ref: Young Freedman (2009) Em 1819, o cientista Hans C. Oersted verificou que a agulha de uma bússola era desviada por um fio conduzindo uma corrente elétrica, assim ele obteve a primeira evi- dencia da relação entre o magnetismo e o movimento das cargas (Young Freedman). O trabalho de Oersted chegou à França e os cientistas Ampère, Biot e Savart estudaram mais a fundo o fenômeno descoberto. Ampère notou força entre fios compridos paralelos com corrente. Biot e Savart mediram o campo magnético na vizinhança de um fio muito comprido e investigaram como a intensidade do campo varia com a distancia do fio. Segundo Halliday (2009), o campo magnético criado por um condutor percorrido por corrente pode ser calculado a partir da lei de Biot-Savart. De acordo com ela, a contribuição d #» B de um elemento de corrente i d #»s para o campo em um ponto P situado a distância r é dado por: d #» B = µ0 i d #»s × #»r 4πr2 (1) Para calcular o campo magnético de uma bobina, deve- se determinar o campo de uma única espira e multipli- car pela quantidade N de espiras. E, separando d #» B em duas componentes: uma paralela ao eixo da espira e uma perpendicular ao eixo da espira e uma perpendicular ao eixo, por simetria soma das componentes perpendiculares produzida por todos os elementos ds é zero. Assim, o modulo do campo resultante tem influência somente das componentes paralelas, dado por: B = ∫ dB∥ = ∫ (dBcos(α)) (2) em que α é o ângulo entre dB e o eixo central da espira. Assim, aplicando a equação 1 na equação 2, tem-se: B = ∫ ( µ0 i d #»s × #»r 4πr2 cos(α) ) (3) Além disso, tem-se que d #»s × #»r = ds sen(90) = ds e que cos(α) = R√ R2+z2 e r = √ R2 + z2. Assim, a equação do campo B (3) pode ser reescrita como: B = ∫ µ0 i R 4π(R2 + z2) 3 2 ds (4) Sendo que, os valores de i, R, µ0 e z são contantes para todos os elementos ds da espira, o campo é reescrito como: B = µ0 i R 4π(R2 + z2) 3 2 ∫ ds (5) Assim, uma vez que ∫ ds é o comprimento da espira (2πR), a equação do campo magnético para uma espira é: B = µ0 i R 2 2(R2 + z2) 3 2 (6) Por fim, a equação do campo magnético produzido por uma bobina em um ponto P no eixo central possui ape- nas componente paralela com módulo multiplicado pelo número de espiras N : B = N µ0 i R 2 2(R2 + z2) 3 2 (7) onde µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo, i é o valor da corrente elétrica, R é o raio da bobina e z é a distância da bobina até o ponto P. As bobinas de Helmholtz são um conjunto de duas bobinas de raio R separadas por uma distância R. Assim, tomando como z a distância de uma bobina a um ponto de interesse P, a distância da outra bobina até esse ponto é (R − z). O campo magnético é dado pela contribuição das duas bobinas, de forma que seu módulo no eixo central, considerando a origem em uma das bobinas, é dado por: B = Nµ0 i R 2 2 ( 1 (R2 + z2) 3 2 + 1 (R2 + (R− z)2) 32 ) (8) Com isso, no ponto médio entre as bobinas, o campo magnético é dado por: B = 8N µ0 i 5 √ 5R (9) No presente trabalho, será usada apenas uma das bobinas e além de determinar o calculo co campo magnético, tem por finalidade calcular a permeabilidade magnética no vácuo através de uma amostra de medições feitas em laboratório. 3. METODOLOGIA Para o bom entendimento da dinâmica do experimento, faz-se necessário conhecer a instrumentação utilizada e as metodologias para projeto. O material utilizado consiste em: • Uma bobina de 200 espiras • Base para encaixe da bobina • Fonte de tensão continua • Mult́ımetro • Gausśımetro • Notebook • Software SciDAVis Para a realização do experimento, inicialmente foi mon- tado um circuito em série utilizando uma fonte de corrente continua, a bobina, um mult́ımetro (na função ampeŕı- metro). A bobina foi ligada em serie na fonte de tensão, conectou-se o gausśımetro à interface de coleta de dados, o aparelho foi ativado e posicionado no ponto central da bobina. Em seguida, o equipamento foi tarado. Com isso, variou-se a corrente no circuito entre 0 e 1, 6A, com o passo de 0, 2A, e mediu-se o campo magnético. Os dados coletados foram organizados em uma tabela (Tabela 1 ) e com eles foi plotado um gráfico do campo magnético e função da corrente elétrica no software SciDAVis (Imagem ** ) com o objetivo de encontar o valor da permeabilidade magnética do vácuo.. A segunda parte do experimento consiste em medir o campo magnético ao longo do eixo de simetria da bobina com uma corrente constante em 1, 0A, variando a distancia do sensor do gausśımetro ao centro da bobina de 0 a 16cm, com o passo de 1cm. Feito isso, os dados obtidos foram inseridos em uma tabela (Tabela 2 ), gerou-se um gráfico no SciDAVis (Imagem ** ) e os pontos foram ajustados à uma função correspondente à equação 7 . 4. RESULTADOS E ANÁLISE Os dados aqui apresentados, são os resultados obtidos com a realização da prática experimental. A Tabela 1 contém os valores de campo magnético medido a partir da variação da corrente em uma escala de 0, 2A variando de 0A ate 1, 6A. Tabela 1. Corrente da Bobina (A) Campo Magnético (gauss) 0 0 0,2 2,55 0,4 5,21 0,6 0,83 0,8 10,75 1 13,34 1,2 16,16 1,4 18,8 1,6 21,4 Os dados foram ajustados para uma função linear do tipo: B(i) = ai+ b (10) em que B(i) é o campo em função da corrente, i é a corrente, e a e b são as duas contantes do ajuste de reta. O ajuste de reta utilizou os dados da tabela coleta no experimento e gerou as constantes a = 13, 462 e b = −0, 077. O resultado do ajuste de reta é apresentado na Figura 2. Figura 2. Campo magnético no centro da bobina Para determinar µ0 a partir da constante a, deve-se comparar o ajuste de reta com a equação do campo produzido nas bobinas de Helmholtz (9).Como na primeira parte do experimento a medição foi feita no centro da bobina, o x vale 0. Logo: B = µ0NR 2I 2(R2) 3 2 = µ0NR 2I 2R3 (11) B = µ0NI 2R (12) Assim, uma vez que R = 10cm, N = 200 e a = 13, 462, o valor aproximado para µ0 é µ0 = 13, 462× 2× 10 200 = 1, 3462 G× cm A (13) Utilizando o método de propagação de incertezas definido pela seguinte equação: ∆f(x, y, z) = √( ∂f ∂x )2 (∆x)2 + ( ∂f ∂y )2 (∆y)2 + ( ∂f ∂z )2 (∆z)2 (14) em que ∆f(x, y, z) é a propagação de incerteza em uma função f(x, y, z). É posśıvel calcular a incerteza do µ0, sendo que µ0 = 2RA/N , ∆R = 0, 05cm, ∆A = 0, 005A ∆µ0(R,A) = √( ∂µ0 ∂R )2 (∆R)2 + ( ∂µ0 ∂A )2 (∆A)2 = √ ( 2AN ) 20, 052 + ( 2RN ) 20, 0052 = √ ( 2∗1200 ) 20, 052 + ( 2∗10200 ) 20, 0052 ∆µ0(R,A) = 0, 00071G× cm/A Além disso, é importante ressaltar que o campo dos dados experimentais foi coletado em Gauss (G) e na equação 9 o campo é dado em tesla (T ). Assim, uma vez que 1G = 10−4T , tem-se que: µ0 = 4π × 10−7H/m ≈ 1, 2566× 10−6T ·m/A G · cm/A104 × 102 = 106 então: µ0 = 1, 2566G · cm/A. Então o µ0 calculado é 1, 3462± 0, 0007G · cm/A Feito isso, com o valor encontrado para a permeabili-dade magnética do ar e o valor fornecido pelo Halli- day (2009) que é de µ0 = 4π10 −7 N A2 , aproximadamente 1, 256610−6 NA2 , foi posśıvel calcular o a taxa de erro do valor determinado no experimento. ξ = 1, 3462− 1, 2566 1, 2566 = 7, 13% Os resultados obtidos com a variação da distancia ao longo do eixo de simetria da bobina, com uma corrente constante de 1A, estão dispostos na Tabela 2. Tabela 2. x (cm) Campo magnético (gauss) 0 13,34 1 13,12 2 12,8 3 11,43 4 10,7 5 9,31 6 8,7 7 7,03 8 6,64 9 5,29 10 4,58 11 3,97 12 3,51 13 2,93 14 2,56 15 2,27 16 2,15 Com isso, usando o software SciDAVis foi plotada uma curva ajustada por uma função dada pela equação (7), em que U = 1, 326±0, 002 assume o valor do µ0 e R = 9, 943± 0, 021 assume o valor do raio. O gráfico está ilustrado na imagem Figura 3. Campo magnético distanciando da bobina REFERÊNCIAS Halliday, D., Resnick, R., e Walker, J. (2009). Fundamen- tos de F́ısica, volume 3: eletromagnetismo. Rio de janeiro: LTC. Resende, Fábio; Marcelino, Rafael (2019). Apostila de Laboratório de F́ısica 1. Departamento de Formação Geral. CEFET-MG. Divinópolis, MG. Young, H. D., e Freedman, R. A. (2009). F́ısica III: eletromagnetismo. São Paulo: Person Education do Brasil. Bartkowiak, R. A. (1995). Circuitos elétricos. Makron Books. Nilsson, J. W., e Riedel, S. A. (2008). Circuitos Elétricos, 8a. Edição. LTC–Livros Técnicos e Cient́ıficos Editora SA. BAUER, Wolfgang; WESTFALL, Gary D.; DIAS, He- lio.(2012) F́ısica Para Universitarios - Eletricidade e Mag- netismo. São Paulo: Mcgraw Hill. Objetivo Fundamento teórico Metodologia Resultados e análise
Compartilhar