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QUIMICA ORG II17-11

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Késia Sabino de Sousa Alves
QUÍMICA ORGÂNICA II
Fonte: https://bit.ly/3kZ5QQ7 (Adaptado) 
ÉTERES E EPÓXIDOS
INTRODUÇÃO 
Desde a disciplina de Química Orgânica I estamos estudando os grupos funcionais orgânicos, na qual iniciamos com os aspectos relativos à química dos hidrocarbonetos (alcanos, alcenos e alcinos) e dos compostos aromáticos. Já na disciplina de Química Orgânica II, estudamos os haletos de alquila e aprendemos sobre os mecanismos de substituição e eliminação eletrofílica, característicos de grupos orgânicos polares. Agora, vamos iniciar nossos estudos referentes a uma outra função orgânica: os éteres. 
Esses compostos são caracterizados por possuírem um átomo de oxigênio ligado aos carbonos da cadeia carbônica principal, fazendo, portanto, que essa cadeia seja classificada como heterogênea. Mais ainda, a presença desse átomo de oxigênio faz com que a própria cadeia tenha um caráter polar (uma vez que a eletronegatividade do oxigênio é bastante distinta da do carbono), além disso, os elétrons isolados do oxigênio influenciam bastante a química desse grupo funcional. 
Assim, a partir de agora, vamos estudar os principais aspectos relacionados à química dos éteres e dos epóxidos (que, como veremos, são éteres cíclicos com anéis de três membros, ou seja, formados por um átomo de oxigênio e dois átomos de carbono). Iniciaremos com alguns exemplos de éteres presentes na natureza e de importância comercial, passaremos para análise da sua estrutura e propriedades e aprenderemos suas regras de nomeação. Por fim, estudaremos a química dos éteres e epóxidos, identificando processos para síntese desses compostos e algumas das suas reações típicas. 
ÉTERES
 Os éteres são caracterizados por possuírem dois grupos orgânicos ligados a um mesmo átomo de oxigênio, tendo, portanto, a fórmula geral R–O–R’ – nos casos em que os dois grupos orgânicos, R e R’, são iguais, o composto é designado como um éter simétrico, enquanto que nos casos em que esses dois grupos são diferentes, o composto é um éter assimétrico. 
Dentre os éteres, pode-se dizer que o mais conhecido é o éter dietílico, que era bastante utilizado como anestésico durante boa parte do século XIX, até mesmo em processos cirúrgicos. No entanto, hoje em dia o éter etílico não é mais utilizado para esse fim, devido à sua alta volatilidade e inflamabilidade (o que aumenta os riscos de explosões) e também porque ele é relativamente tóxico, podendo causar problemas respiratórios, por exemplo. 
Assim, sua maior aplicabilidade atualmente é como solvente, sendo utilizado em processos de extração de óleos, gorduras e essências, por exemplo, de compostos naturais. Outro exemplo de éter bastante utilizado como solvente, tanto em escala industrial como laboratorial, é o tetrahidrofurano (THF), utilizado em vernizes, como solubilizante de diversos polímeros (principalmente o poli (cloreto de vinila), PVC, e o poli (ácido lático), PLA) e para a preparação dos reagentes de Grignard, como vimos anteriormente.
 
O estragol (um isômero do anetol) é outro exemplo de éter aromático de ocorrência natural, extraído do manjericão. Existem ainda exemplos de outros compostos extraídos de fontes naturais que contêm a função éter, além de algumas outras, principalmente o fenol e o aldeído. O eugenol é um exemplo desses compostos, apresentando, além da função éter, a função fenol. 
O eugenol é extraído principalmente do cravo-daíndia e é bastante utilizado como antisséptico, anestésico e no tratamento de náuseas e indigestão. A vanilina apresenta as funções éter, fenol e aldeído, é extraída como um óleo da semente baunilha, sendo muito utilizada na indústria alimentícia como flavorizante. Na figura a seguir são mostradas as estruturas dos éteres discutidos aqui. 
ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS ÉTERES 
Como mencionado, os éteres possuem a fórmula geral R–O–R’. Assim, sabendo que o átomo de oxigênio possui dois pares de elétrons isolados, eles acabam criando um efeito de repulsão sobre os grupos substituintes R e R’, como que os empurrando para baixo, ou seja, fazendo com que a ligação R–O–R’ não seja linear, mas sim angular (com um ângulo típico de 112°). Assim, devido a essa angulação, e pelo átomo de oxigênio ser bastante eletronegativo, há a formação de um momento de dipolo sobre as moléculas de éter, fazendo com que a região sobre o átomo de oxigênio apresente uma alta densidade eletrônica, enquanto que essa densidade diminui sobre os substituintes R e R’. 
De fato, podemos fazer um paralelo entre a estrutura dos éteres com a estrutura da molécula de água, H–O–H, que também é angular e, consequentemente, polar. 
Na figura a seguir são mostradas as estruturas da água e dos éteres simétricos mais simples (o éter dimetílico, o éter dietílico e o éter dipropílico). 
Além disso, são mostradas as estruturas de bolas e varetas, para que possamos perceber que essas moléculas não são lineares e os mapas de potencial eletroestático, nos quais, de modo geral, percebemos uma região avermelhada sobre o átomo de oxigênio, ou seja, uma região rica em elétrons devido ao caráter do oxigênio, que tem dois pares de elétrons isolados e também por ser mais eletronegativo, e regiões mais azuladas e esverdeadas sobre os átomos de hidrogênio da água e sobre os grupos substituintes orgânicos R e R’ nos éteres. 
Observando a figura e verificando a diferença de densidade eletrônica sobre as moléculas, podemos dizer que os éteres têm um caráter polar. No entanto, como confirmado pelas temperaturas de ebulição desses compostos, podemos perceber que à medida que a cadeia carbônica dos grupos substituintes R e R’ aumenta, há uma diminuição no caráter polar dos éteres. Isso porque, se compararmos os éteres e os alcanos correspondentes (éteres e alcanos de massas molares similares), percebemos que a diferença entre seus pontos de ebulição diminui à medida que as cadeias carbônicas dos grupos substituintes R e R’ aumentam. 
Por exemplo, como descrito na tabela a seguir, o éter dimetílico apresenta um ponto de ebulição de -25 °C, um valor relativamente maior do que para o propano (o alcano corresponde ao éter metílico, formado por três átomos na cadeia principal), que apresenta um ponto de ebulição de -45 °C. 
Essa diferença indica que o éter metílico precisa de mais energia para passar do estado líquido para o gasoso em relação ao alcano, devido às interações fortes de dipolodipolo entre as moléculas (lembre-se de que moléculas polares interagem entre si por interações de dipolo-dipolo), enquanto que o propano, por ser apolar, interage apenas por forças de dispersão (as moléculas apolares interagem entre si por forças de dispersão), relativamente mais fracas do que as dipolo-dipolo. 
No entanto, percebemos que a diferença entre os pontos de ebulição do éter dietílico e do pentano é quase nula. Isso ocorre porque o éter dietílico começa a ter uma cadeia carbônica maior, o que faz com que o efeito polar induzido pela diferença de eletronegatividade entre o oxigênio e os grupos R e R’ seja superado pelo aumento das forças de dispersão, que tendem a aumentar à medida que a cadeia carbônica aumenta devido a uma maior área de contato entre elas. 
De maneira geral, os éteres têm pontos de ebulição ligeiramente mais altos do que os alcanos correspondentes, uma vez que as moléculas de éteres interagem tanto por interações de caráter polar (dipolo-dipolo), quanto apolar (forças de dispersão), assim, essas forças se somam e para que o composto passe do estado líquido para o gasoso é preciso fornecer uma quantidade de energia suficiente para superar essas forças. 
Já para os alcanos, há apenas as forças de dispersão, o que diminui a energia necessária para que eles entrem em ebulição, diminuindo, consequentemente, seus pontos de ebulição em relação aos dos éteres. Podemos observar bem essa tendência com os valores comparativos dos pontos de ebulição de alcanos e éteres mostrados a seguir.
Na tabela a seguir são mostrados alguns éteres e suas solubilidadesem água. Repare que os éteres pequenos (de até três carbonos) são completamente solúveis em água. Essa solubilidade é consequência da interação por ligação de hidrogênio entre o átomo de oxigênio do éter e o hidrogênio da água – lembre-se de que uma ligação de hidrogênio é um tipo especial de interação dipolo-dipolo que ocorre entre um átomo de hidrogênio ligado a um outro átomo altamente eletronegativo (o oxigênio, o nitrogênio ou o flúor) e um par de elétrons livres de um outro átomo de oxigênio, ou de nitrogênio ou de flúor de outra molécula. 
No entanto, observamos ainda que à medida que a cadeia carbônica dos éteres aumenta, sua solubilidade em água diminui. Como mostrado a seguir, os éteres de quatro e cinco carbonos apresentam solubilidade limitada em água, enquanto que os de seis ou mais carbonos passam a ser completamente insolúveis. Isso ocorre porque conforme a cadeia carbônica começa a aumentar, o caráter apolar dos éteres passa a dominar, assim, as moléculas de água não conseguem interagir com essas frações apolares, fazendo com que os éteres passem a ser cada vez menos solúveis.
REGRAS DE NOMENCLATURA DOS ÉTERES 
A nomenclatura sistemática dos éteres segue as mesmas regras definidas para as outras moléculas orgânicas, já discutidas, mas com algumas especificidades. Assim, o nome de um éter pode ser definido seguindo as etapas a seguir:
 Etapa 1: identificar a cadeia principal Como dito, os éteres possuem a fórmula geral R–O–R’, assim, no momento em que formos nomear um éter, devemos definir qual dos grupos substituintes R ou R’ é maior, ou seja, qual é a cadeia principal. Definida a cadeia principal, a nomeamos do mesmo modo que os alcanos. 
Etapa 2: identificar o substituinte Definido entre os grupos R e R’ qual a cadeia principal, o outro será entendido como um substituinte, estando ligado ao átomo de oxigênio. Assim, devemos nomear o substituinte do mesmo modo como nomeamos um substituinte alquila, mudando o sufixo -ila pelo sufixo -oxi (vale salientar que o sufixo -oxi é usado em todos os casos em que temos um substituinte do tipo –OR, chamado de alcóxido). 
No entanto, existe ainda uma forma dita comum dos éteres, que de tão usual também é aceita pela IUPAC e serve para nomear éteres simples, ou seja, nos quais não há outro grupo funcional além do éter. 
De acordo com essa nomenclatura, deve-se nomear os dois substituintes R e R’ separadamente, do mesmo modo que um radical alquila, mudando-se o sufixo -ila pelo sufixo -ilíco. 
Assim, o nome do éter consiste nos nomes desses dois substituintes, colocados em ordem alfabética e precedidos pelo termo éter.
SÍNTESE DE ÉTERES
 O método mais usual para a preparação de éteres é por meio da chamada síntese de éteres de Williamson, descoberta em 1850 por Alexander Williamson (químico inglês, 1824-1924), e que consiste na reação entre um haleto de alquila com um alcóxido. Os alcóxidos são caracterizados pela fórmula geral RO-, ou seja, consistem em uma cadeia carbônica ligada a um oxigênio carregado negativamente. 
Eles são obtidos por meio da reação de um álcool com uma base forte (tipicamente o hidróxido de sódio), a qual faz com que o átomo de hidrogênio da hidroxila do álcool seja removido pela reação com o OH- da base (formando uma molécula de água), tornando o átomo de oxigênio negativamente carregado, de acordo com a equação química mostrada a seguir. 
Vale dizer que o alcóxido é um ânion (uma vez que é negativamente carregado), assim, o cátion da base forte age de forma a estabilizá-lo. Assim, nos casos em que a base forte é o hidróxido de sódio, a fórmula geral pode ser escrita como RO-Na+ , e o composto é chamado de alcóxido de sódio.
A seguir é demonstrado o mecanismo de reação entre o íon etóxido (o alcóxido obtido a partir da reação entre o etanol e o hidróxido de sódio, como esquematizado na figura anterior) e o cloroetano para a formação do éter dietílico.
Como mostrado, a síntese de éteres de Williamson é uma reação de substituição nucleofílica, seguindo um mecanismo SN2. Dessa forma, o uso do alcóxido é essencial, pois ele é um ótimo nucleófilo, enquanto que os halogênios são bons grupos de saída. Assim, o íon etóxido desloca o íon haleto (o cloro, no caso), formando o éter como produto. 
É importante salientar que a síntese de Williamson é melhor realizada com haletos de alquila primários, pois caso sejam utilizados haletos de alquila secundários ou terciários pode haver competição com a reação de eliminação E2 caso o íon etóxido seja mais impedido, ou seja, mais volumoso devido a ramificações. 
Assim, é preciso escolher bem os reagentes de partida para se obter corretamente o éter desejado. Por exemplo, se quisermos sintetizar éteres lineares, teremos necessariamente que escolher um haleto de alquila primário e um alcóxido também primário, o que faz com que a reação siga necessariamente um mecanismo SN2 e não traz nenhum problema de competição entre mecanismos de reação. 
Assim, no caso da síntese do éter butílico e propílico, poderíamos escolher tanto entre um haleto de propila primário (como o 1-bromo-propano) e o íon butóxido, quanto um haleto de butila primário (como o 1-bromo-butano) e o íon propóxido.
No entanto, para a síntese de éteres ramificados deve-se tomar um cuidado maior, isso porque para o preparo dos compostos ramificados tem-se reagentes secundários ou terciários para que o produto também tenha esse caráter, o que faz com que haja reação de competição entre os mecanismos de reação SN2 e E2. Assim, ao se fazer uma síntese de éter de Williamson, o grupo alquila menos impedido (ou menos ramificado) deve vir do haleto de alquila (ou seja, o haleto de alquila deve ser necessariamente um haleto primário), fazendo com que o grupo alquila mais impedido (ou mais ramificado) venha do alcóxido, garantindo que a reação se processe via SN2. 
Por exemplo, se quisermos sintetizar o éter terc-butílico e etílico, deveríamos utilizar necessariamente um haleto de alquila primário (como o bromoetano) para garantir que não haja competição com a reação E2, uma vez que o íon alcóxido seria o íon terc-butóxido, ramificado e estericamente impedido. 
Caso partíssemos de um alcóxido primário, o íon metóxido, teríamos que utilizar um haleto ramificado e, consequentemente, mais impedido (o 2-bromo-2-metilpropano, por exemplo), o que levaria, principalmente, à formação dos produtos de eliminação (o 2-metilpropeno e o etanol), obtendo-se quase nada do éter terc-butílico e etílico. Isso porque em reações em que pode haver competição SN2 e E2, se usarmos haletos de alquila terciários obteremos majoritariamente o produto de eliminação. 
REAÇÕES DE ÉTERES 
Tendo estudado o mecanismo e os aspectos principais referentes à síntese de éteres de Williamson, agora veremos algumas das reações típicas desses compostos, a saber: a clivagem ácida de éteres e o rearranjo de Claisen.
Clivagem de éteres catalisada por ácidos 
No início deste tópico dissemos que os éteres são bastante utilizados em processos industriais e laboratoriais como solventes. Isso porque esses compostos não reagem com a grande maioria dos reagentes utilizados em sínteses, o que os qualifica como bons solventes. De fato, os éteres são bastante inertes, reagindo, basicamente, apenas quando tratados com ácidos fortes (especialmente o HI e o HBr), sofrendo o que se chama de clivagem ácida de éteres (ou também de clivagem catalisada por ácidos), originando como produtos um haleto de alquila e um álcool. 
A clivagem ácida de éteres foi descrita pela primeira vez por Alexander Butlerov (químico russo, 1828-1886), que percebeu que o ácido 2-etoxipropanoico (um composto que contém os grupos funcionais ácido carboxílico e éter) reagia com o HI produzindo o iodometano e o ácido lático. Produtos esses que correspondem exatamente à quebra do ácido 2-etoxipropanoico no átomo de oxigênio que caracteriza o grupo éter, como pode ser observado a seguir. 
A clivagem ácida de éteres segue um mecanismo de substituiçãonucleofílica, que pode ser SN2 ou SN1, dependendo das características do éter. Assim, os éteres cujos grupos substituintes R ou R’ são primários ou secundários sofrem clivagem seguindo um mecanismo SN2. Como exemplificado na figura a seguir, que mostra a clivagem do éter etílico e isopropílico pelo HI.
Como mostrado na figura, a clivagem se inicia com a abstração do íon H+ do HI pelo átomo de oxigênio do éter, fazendo com que seja formado um produto protonado (um produto ao qual está ligado um H+). Com isso, o iodeto ataca o éter protonado na região menos impedida, ou seja, menos ramificada, fazendo com que a ligação entre o grupo alquila menos impedido (no caso o grupo etila) e o átomo de oxigênio se quebre, formando um haleto de alquila e um álcool. 
Nesses casos, em que os grupos substituintes R e R’ do éter são um primário e o outro secundário, há sempre a formação de um haleto de alquila primário e de um álcool secundário. Nos casos em que ambos os substituintes R ou R’ são primários há a formação de um haleto de alquila primário e de um álcool primário; do mesmo modo, se ambos os substituintes R ou R’ são secundários, ambos os produtos serão secundários. 
Já quando ao menos um dos grupos substituintes R ou R’ é terciário ou benzílico, a clivagem ácida se processa via um mecanismo SN1, pois tais compostos geram carbocátions terciários bastante estáveis. Esse é o caso da reação entre o éter tert-butílico e propílico com o HBr, mostrada a seguir, em que o haleto de alquila formado vem da fração do carbono terciário (mais impedido) e o álcool da fração do carbono primário (menos impedido).
Rearranjo de Claisen As reações de rearranjo são aquelas em que um único reagente origina um único produto pelo rearranjo de um átomo ou um grupo, ou seja, o reagente tem alguma das suas ligações reorganizada para formar um novo produto. Desse modo, o reagente (o composto antes de se rearranjar) e o produto (o composto rearranjado) são isômeros. 
O rearranjo de Claisen é uma reação característica apenas dos éteres contendo um grupo arila e um grupo alila, tendo, portanto, a seguinte fórmula geral: Ar–O– CH2 CH=CH2 –R (na qual o símbolo Ar indica o grupo arila e R um grupo alquila). 
É importante saber que um grupo arila (também chamado de substituinte arila) é um derivado de um anel aromático, como o fenil e o benzil; já um grupo alila é formado por um grupo vinila (–CH2 =CH2 ), ligado a um grupo –CH2 R, como o propenil. As estruturas do fenil, do benzil e do propenil são mostradas a seguir.
O rearranjo de Claisen ocorre tipicamente quando um éter arila alilia é aquecido (por volta de 250 °C). Esse rearranjo ocorre devido à conformação do composto, que possibilita que a ligação dupla C=C do grupo alila se aproxime do anel benzênico (do grupo arila), fazendo com que haja uma transferência de elétrons e formando um estado de transição, no qual fecha-se um anel de seis membros devido às interações entre os elétrons do anel benzílico e da dupla ligação. Com isso, a ligação se quebra na região do átomo de oxigênio, fazendo com que esse anel do estado de transição se abra, formando um intermediário (o qual é caracterizado por apresentar uma ligação C=O). 
De modo a tornar o composto mais estável, há uma nova reorganização entre os átomos do intermediário, gerando o produto final, um alilfenol, ou seja, um fenol ligado a um grupo alila. A seguir tem-se um exemplo de uma reação de rearranjo de Claisen, na qual o alil fenil éter, ao ser aquecido, origina o ortoalilifenol.
Assim, é importante salientar que um rearranjo de Claisen parte de um éter arila alilia (reagente) e chega em um o alilifenol (produto).
EPÓXIDOS 
Os epóxidos são caracterizados por um anel formado por apenas três átomos: um de oxigênio e dois de carbono. De fato, os epóxidos são éteres cíclicos, mas por apresentarem alta reatividade, eles são considerados uma classe especial dentro dos éteres. Isso porque mesmo os éteres cíclicos de cinco ou seis membros são pouco reativos, assim como os éteres alifáticos. Um indício disso é que o dioxano (anel de seis membros) e o THF (anel de cinco membros) são comumente utilizados como solventes devido, justamente, às suas baixas reatividades químicas.
 Os epóxidos, por sua vez, devido à alta tensão no anel de três membros, acabam reagindo muito mais facilmente do que os outros tipos de éteres. Como exemplos de epóxidos, podemos citar o 1,2-epoxietano e o 1,2-epoxipropano. Observando os mapas de potencial eletroestático para esses compostos, repare que, assim como os outros éteres, existe uma região rica em elétrons em torno do átomo de oxigênio. 
É interessante saber que os epóxidos mais simples são geralmente denominados pelo seu nome comum, que é derivado do nome do alceno correspondente precedido do termo “óxido”. Assim, o 1,2-epoxietano é o epóxido correspondente do eteno (ou etileno), pois é formado também por dois átomos de carbono e pode ser obtido a partir do eteno com a adição de um oxigênio, sendo seu nome comum óxido de etileno. O mesmo vale para o 1,2-epoxipropano, comumente chamado de óxido de propileno. 
O modo sistemático de nomear os epóxidos é tratá-los como um alceno, identificando a cadeia principal como a cadeia carbônica mais longa e colocando o prefixo “epóxi” antes do que seria o nome do alceno. O átomo de oxigênio é visto, portanto, como um substituinte, e sua posição é indicada identificando os dois carbonos aos quais ele está ligado. Assim, o 1,2-epoxietano é denominado assim porque ele é formado por dois carbonos, sendo chamado de epoxietano, e o átomo de oxigênio está ligado aos dois átomos de carbono (posições 1 e 2). Veja na figura mais exemplos, para ficar mais claro. 
SÍNTESE DE EPÓXIDOS 
Os epóxidos mais simples podem ser preparados por meio da reação (conduzida a altas temperaturas) entre um alceno e o gás oxigênio. Epóxidos mais complexos podem ser produzidos pela reação de um alceno com um peroxiácido, que são compostos de fórmula geral RCO3 H que são capazes de transferir o seu átomo de oxigênio da hidroxila ao alceno, quebrando a ligação dupla e formando o anel de três membros típicos dos epóxidos. A seguir são mostrados exemplos dessas reações: a reação entre o etileno e o gás oxigênio para a formação do 1,2-epoxietano e a reação entre o ciclohepteno e o ácido meta-cloroperoxibenzoico para a produção do 1,2-epoxicicloheptano.
REAÇÕES DE EPÓXIDOS 
Os epóxidos também podem sofrer clivagem catalisada por ácidos, assim como os éteres. No entanto, devido à presença do anel de três membros, bastante reativo, a clivagem ácida dos epóxidos ocorre em condições reacionais mais brandas, assim, não é necessário usar ácidos muito fortes (como o HBr ou HI), uma vez que a reação se processa mesmo em meio ácido bastante diluído. Essas reações de clivagem ácida de epóxidos levam à quebra de uma das ligações entre o átomo de oxigênio e o carbono do anel, fazendo com que o elo se abra (assim, essa reação é considerada como uma reação de abertura do anel). Vale ressaltar que as reações de abertura de anel de epóxidos utilizando soluções ácidas diluídas levam à formação de 1,2-diols (compostos contendo dois grupos hidroxila ligados a átomos de carbono vicinais, ou seja, átomos de carbono ligados entre si), como é o caso da reação entre o 1,2-epoxietano que se processa em um meio ácido diluído para a formação do 1,2-etanodiol (comumente chamado de etileno glicol).
Observando a figura, podemos perceber que a abertura do anel do epóxido se processa pelo ataque do nucleófilo (de um par isolado do átomo de oxigênio) ao H+ (o eletrófilo proveniente do meio ácido diluído), formando uma ligação OH deficiente de elétrons, ou seja, positiva. Assim, em uma segunda etapa, um par de elétrons da água ataca um átomo de carbono adjacente à ligação positiva O–H, fazendo com que a ligação C–O se quebre (abrindo o anel), gerando uma nova ligação OH estável e uma ligação C–OH2 + . Por fim, um hidrogênio é abstraído da ligação C–OH2 + pelo ataque nucleofílicodo oxigênio da água, gerando uma segunda ligação OH estável e, consequentemente, o diol. 
Quando os epóxidos reagem com ácidos fortes, o HBr e o HI, formam uma haloidrina, que são compostos que contêm uma ligação C–OH e uma C–X ligadas a carbonos adjacentes. Um exemplo é a reação do 1,2-epoxietano com o HBr.
Na figura podemos observar que na primeira etapa da reação há um ataque nucleofílico do par de elétrons isolados do oxigênio ao H+ proveniente do HBr, formando uma ligação positiva O–H. Em seguida, o brometo ataca o carbono adjacente a essa ligação, fazendo com que o anel se abra, formando uma ligação C–OH e outra C–Br em carbonos adjacentes, originando como produto o 2-bromoetanol. 
O mecanismo das reações de clivagem ácida dos epóxidos é relativamente complicado, mas, basicamente, podemos dizer que os epóxidos primários e/ou secundários, assim como para os éteres, ocorre via um mecanismo semelhante ao SN2, enquanto que a de epóxidos que contêm um grupo terciário ocorre via um mecanismo semelhante ao SN1. 
Um aspecto importante dos epóxidos é que, diferentemente dos éteres, eles podem ser clivados também em meio básico, seguindo um mecanismo SN2. A seguir é mostrada a reação entre o 1,2-epoxipropano em meio catalisado por base (indicado pela presença do íon OH- ).
Devido à tensão no anel de três membros, os epóxidos podem sofrer abertura do anel sem haver uma protonação prévia (o que é necessário para os éteres comuns, cuja reação de clivagem catalisada por ácidos se inicia, justamente, pelo ataque nucleofílico do oxigênio ao íon H+ formando o intermediário protonado). Assim, como observado na figura, o íon OH- ataca um átomo de carbono, o que inicia a quebra da ligação C–O para a abertura do anel e origina o intermediário com uma carga negativa sobre o átomo de carbono. Em seguida, o carbono negativo ataca um H+ presente no meio e forma o produto, um diol. Vale ressaltar que o ataque nucleofílico da base ocorre no carbono menos substituído (o primário no caso do 1,2-epoxipropano), pois ele está mais livre (menos impedido estericamente), o que é característico das reações SN2. 
ÉTERES COROA
 Os éteres coroa são uma classe especial dentro do grupo funcional dos éteres. Eles foram descobertos na década de 1960 por Charles John Pedersen (químico sul-coreano/norueguês/americano, 1904-1989) e têm a especifi cidade de serem estruturas cíclicas que possuem várias junções éteres. A seguir são mostrados os éteres [12]-coroa-4, [15]-coroa-5 e [18]-coroa-8.
É interessante saber que os éteres coroa são nomeados genericamente como [X]-coroa-Y, em que X se refere ao número total de átomos no anel e Y ao número de átomos de oxigênio. Assim, o éter [12]-coroa-4 é formado por 12 átomos no total, sendo quatro de oxigênio.
Um aspecto bastante importante dos éteres coroa é que eles podem solvatar íons metálicos, ou seja, manter o íon metálico no seu centro sem reagir com eles (devido, justamente, à estabilidade química típica dos éteres), o que tem se mostrado uma alternativa bastante válida para promover diferentes reações (isso porque essa solvatação do íon pelo éter coroa pode fazer com que esse íon, antes insolúvel em um meio reacional, passe a ser solúvel nessa condição de solvatado) – nesses sistemas é como que se o éter coroa agisse como um hospede/hospedeiro e o íon metálico como o hospedeiro. Vale dizer que os éteres coroa são específicos para cada tipo de íon, uma vez que íons de diferentes elementos químicos possuem diâmetros diferentes, assim como as cavidades dos diferentes éteres coroas são distintas. Por exemplo, o Li+ é um íon relativamente pequeno que se liga facilmente ao éter [12]-coroa-4, cuja cavidade é menor e acomoda bem esse íon. Por outro lado, o [15]-coroa-5 é usado para solvatar o Na+ e o [18]-coroa-8 o K+ . 
OBRIGADA!
https://www.youtube.com/watch?v=2AGZVepwYCY
Éter Ponto de ebulição Alcano Ponto de ebulição 
CH3OCH3 -25 °C CH3CH2CH3 -45 °C 
CH3OCH2CH3 11 °C CH3CH2CH2CH3 -0,5 °C 
CH3CH2OCH2CH3 35 °C CH3CH2CH2CH2CH3 36 °C 
 
Número de carbonos Éter Solubilidade em água 
dois CH3OCH3 solúvel 
três CH3OCH2CH3 solúvel 
quatro CH3CH2OCH2CH3 ligeiramente solúvel(10g/100g H 2O) 
cinco CH3CH2OCH2CH2CH3 pouco solúvel (1,0g/100g H2O) 
seis CH3CH2CH2OCH2CH2CH3 insolúvel 
 
Vale dizer que a definição do substituinte R ou R’ é arbitrária. Nesse 
caso, definimos R como a cadeia principal e R’ como a do substituinte. Assim, 
a cadeia maior (R) é formada por dois carbonos, sendo denominada “etano”; 
enquanto que a cadeia dita substi tuinte é formada por apenas um carbono, 
sendo denominada como um “metoxi”. Assim, de acordo com as regras da 
IUPAC, esse éter é chamado de metoxietano. 
Por esse éter ser simples, podemos ainda definir ser nome comum. 
Assim, R é nomeado como “etílico” e R’ como “metílico” e o nome do composto 
é éter etílico e metílico (denominado também como éter etilmetílico). 
b) Separando a molécula em duas, temos: 
Substituinte R' 
OCH
3
 
CH
3
CHCH
2
CH
3
 
Substituinte R 
Assim, R é formado por quatro carbonos, sendo um butano, e R’, 
formado por um carbono, é denominado um metoxi. Como o grupo metoxi 
está ligado ao carbono de número dois da cadeia principal, temos que ele tem 
o localizador 2. Assim, o nome do composto é 2 -metoxibutano. 
C) Nesse caso, temos um composto que além do grupo funcional éter, 
tem um grupo funcional de haleto de alquila (devido à ligação C –Br). Nesses 
casos (em moléculas multifuncionais), a cadeia carbônica menor ligada ao 
átomo de carbono é identifi cada como um substituinte alcóxido. Assim, 
“separamos” a cadeia em dois: 
 
 Desse modo, para essa molécula temos que o benzeno é a cadeia 
principal (formada por seis carbonos), enquanto que a cadeia menor tem 
apenas um átomo, sendo identificada como o grupo alcóxido, sendo chamada 
de metoxi. O bromo é visto como um segundo substit uinte do benzeno, assim, 
FIGURA 38 – FORMAÇÃO DO ÍON ETÓXIDO A PARTIR DA REAÇÃO ENTRE O ETANOL E O 
HIDRÓXIDO DE SÓDIO 
 
 
FIGURA 53 – EXEMPLOS DE ÉTERES COROA 
 
 éter[12]-coroa-4 éter[15]-coroa-5 éter[18]-coroa-6 
FONTE: A autora

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