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Livro-Texto - Unidade III - HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO - Gestão de Turismo Unip

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HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Unidade III
5 ASPECTOS HISTÓRICOS DO BRASIL
5.1 Brasil pré-colonial
De 1500 a 1530, Portugal, mais interessado em suas colônias nas Índias, demonstrou pouco ou 
nenhum interesse pelo Brasil. A partir, porém, da perda do monopólio do comércio das especiarias 
para os ingleses, começou a olhar melhor para a sua colônia. Esse primeiro período de nossa história é 
chamado de pré-colonial, nele, só foram enviadas para cá expedições guarda-costas para verificação dos 
produtos existentes e reconhecimento do território. Quando os portugueses estiveram aqui, encontram 
os primeiros habitantes brasileiros.
Primeiros habitantes do Brasil
Os primeiros habitantes do Brasil eram povos nômades que vieram à América por volta de 40 mil anos 
atrás. Um desses povos deu origem ao tupi-guarani, uma das sete grandes famílias que constituíam o 
grupo linguístico macro-tupi. Devido ao crescimento demográfico e à desertificação do território tribal, 
iniciou-se a migração desses povos através do rio Amazonas, chegando ao litoral do Brasil. Expulsaram 
os tapuias (os outros), que eram do grupo linguístico Jê e que também já tinham expulsado os habitantes 
originais do litoral: os chamados homens dos sambaquis. Entre o grupo linguístico Jê, se encontravam as 
etnias dos aimorés, timbiras, caiapós e xavantes.
Os indígenas bacairis e os pimenteiras são da etnia caraíbas; os arauãs, os parecis e os terenas são da 
etnia aruaque. Os tupis eram mais evoluídos do que os tapuias, pois eram agricultores, ao contrário dos 
segundos, que eram caçadores-coletores. Embora descendentes do mesmo tronco familiar, os tupiniquins 
(filhos dos tupi) eram inimigos dos tupinambás (descendentes dos tupi), enfrentando os tamoios (os avós) 
e os caetés (filhos da mata). Os objetivos da guerra entre esses povos era, na maioria das vezes, a captura 
do cativo para a realização do banquete antropofágico.
As etnias indígenas se organizavam em tribos (tabas), isto é, aldeias independentes formadas por 
várias malocas, dispostas em volta de uma praça central. Cada maloca abrigava várias famílias e tinha 
um chefe, o morubixaba. Todos obedeciam a um conselho de pessoas mais velhas e ao chefe religioso, 
chamado de pajé.
As atividades econômicas eram a caça, a pesca, a coleta de frutos e raízes e a agricultura do milho 
e da mandioca. Não praticavam o pastoreio nem o comércio. Fabricavam utensílios de cerâmica, pedra, 
madeira, ossos e fibras vegetais. Muitos grupos praticavam a poligamia e havia divisão sexual do trabalho. 
As etnias indígenas deixaram vasta herança cultural: rede para dormir, mandioca, milho, guaraná, ervas 
medicinais, canoas, jangadas, coivara, cipó, danças, palavras indígenas, cânticos etc.
92
Unidade III
Capitanias hereditárias (1532)
O rei de Portugal doou a 12 donatários ou capitães donatários (ricos portugueses) 15 lotes de terra. 
Os donatários não recebiam a propriedade da terra, apenas a posse e deveriam explorá-la por conta 
própria, era alienável, hereditária e indivisível. Através das cartas de doação e o foral, os donatários 
deveriam cumprir alguns deveres: promover o povoamento, o desmatamento e o preparo da terra 
para o cultivo de cana-de-açúcar, proteção e monopólio do pau-brasil. Era uma tentativa de transferir 
gastos portugueses a particulares. Os fracassos ocasionados devido às capitanias hereditárias foram 
o isolamento, a falta de comunicação, os ataques indígenas, a falta de capital. Os êxitos foram as 
capitanias de São Vicente (Martim Afonso de Souza) e Pernambuco (Duarte Coelho).
Cronologia das descobertas e expedições
• 1500: descoberta intencional do Brasil, chamada pelos indígenas de Pindorama (palavra de origem 
tupi: Pi’dob quer dizer palmeira mais orama, que significa terra, ou seja, terra das palmeiras.
• 1501: primeira expedição exploradora comandada por Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio – 
encontro do pau-brasil.
• 1503: segunda expedição: Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio – contrato entre comerciantes 
(Fernão de Noronha) e o rei para a exploração do pau-brasil.
• 1504: introdução do sistema de capitanias hereditárias. 
• 1515: expedição de reconhecimento da costa brasileira.
• 1516: expedição de defesa de Cristóvão Jacques.
• 1526: segunda expedição de defesa.
5.2 Brasil colonial
Com Martin Afonso de Souza, inicia-se a colonização portuguesa no Brasil. Ele trouxe 400 homens, 
animais e mudas de plantas. Formou a vila de São Vicente e o nosso primeiro engenho de cana-de-açúcar. 
Entrou em contato com os líderes indígenas locais, entre os quais, um português, que se tornou chefe 
de uma aldeia, chamado João Ramalho, que, segundo se conta, já estava em nosso país desde 1497. 
Iniciada a colonização, também começou a escravidão indígena. Muitos colonos, já acostumados com 
o serviço escravo na corte, uma vez que em Portugal, trabalhar era “coisa de escravo” e folgar era “coisa 
de nobre”, quiseram obrigar os indígenas a trabalhar em suas lavouras. Os padres jesuítas interessados 
em sua catequese foram contra. 
Os governadores gerais com mais destaque:
• Tomé de Souza (1549): fundou Salvador e em 1551, criou-se o primeiro bispado, trouxe mil pessoas. 
93
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
• Duarte da Costa (1553): em 1554, houve a fundação do colégio de São Paulo pelos padres José 
de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Em 1554, os franceses invadiram o Rio de Janeiro.
• Mem de Sá (1557): expulsou os franceses do Rio de Janeiro.
Sociedade açucareira no Brasil (1580-1700)
Escolhida devido à sua procura na Europa, a cana-de-açúcar já era produzida nas ilhas do Atlântico 
(Madeira, Açores e Cabo Verde) desde o início do século XV. Os primeiros engenhos foram instalados em 
São Vicente. Com a ocupação do Nordeste, o litoral e seu solo (massapé) tornaram-se excelentes para o 
cultivo da cana-de-açúcar. 
A agroindústria açucareira era formada por casa-grande, capela, senzala e terras. Os holandeses 
financiavam os equipamentos e distribuíam o açúcar na Europa. O produto saía bruto do Brasil em 
direção aos portos portugueses e lá ia para a Holanda para ser refinado e distribuído. 
Os portugueses eram intermediários entre a produção e distribuição do produto. Os holandeses, 
quando foram impedidos de contatar os portugueses para a obtenção do produto, invadiram o Nordeste, 
sendo que o auge da produção açucareira se deu no governo de Maurício de Nassau-Sigen (1624-1654). 
Os holandeses tomaram o tráfico escravo na África dos portugueses e foram expulsos do Nordeste 
na Batalha de Guararapes.
A cana-de-açúcar era colhida e levada para a moenda onde era moída, resultando na garapa. 
A moenda era movida por energia hidráulica (engenho real) ou por trapiches (tração animal). A garapa 
era cozida na fornalha e depois levada à casa de purgar; o açúcar era quebrado e encaixotado. 
Outras atividades econômicas produzidas no latifúndio eram o tabaco, a aguardente, o algodão e a 
pecuária. A sociedade açucareira era considerada patriarcal, imóvel e dividida entre senhores e escravos.
Escravidão negra no Brasil
Devido às lutas internas, as tribos africanas escravizavam os vencidos, que eram vendidos aos 
comerciantes portugueses. O domínio do tráfico de escravos estava com os cristãos-novos. Os escravos 
que abasteciam o Brasil eram controlados de acordo com a necessidade, isto é, com a demanda. 
Diante da enorme necessidade, os navios eram abastecidos com o dobro de sua capacidade real. Para 
os traficantes, não importaria se morressem alguns dos escravos, isso era considerado algo até normal, 
mas se as perdas fossem superiores a 30%, o pensamento era outro. A Companhia das Índias Ocidentais 
era a detentora do tráfico de negros para o Brasil. As condições do transporte de escravos advindos da 
África para o Nordeste brasileiro eram terríveis, e cada viagem durava em média 45 dias.
O latifúndio monocultor no Brasil exigia mão de obra permanente. Era inviável a utilização de 
portugueses assalariados, já que a intenção não era vir para trabalhar,mas sim para enriquecer no Brasil. 
94
Unidade III
O sistema capitalista nascente não tinha como pagar salários para milhares de trabalhadores, além do 
que a população portuguesa, que não chegava aos três milhões, era considerada reduzida para oferecer 
assalariados em grande quantidade. 
Embora o indígena tenha sido um elemento importante para formação da colônia, o negro logo o 
suplantou, sendo sua mão de obra considerada a principal base sobre a qual se desenvolveu a sociedade 
colonial brasileira. Na fase inicial da lavoura canavieira, ainda predominava o trabalho escravo indígena. 
A maior utilização do negro como mão de obra escrava básica na economia colonial deve-se 
principalmente ao tráfico negreiro, atividade altamente rentável, tornando-se uma das principais fontes 
de acumulação de capitais para a metrópole. 
Quanto à procedência étnica do negro, destacaram-se dois grupos importantes: os bantos, capturados 
na África equatorial e tropical provenientes do Congo, Guiné e Angola; e os sudaneses, vindos da África 
ocidental, Sudão e norte de Guiné. 
Entre os elementos desse segundo grupo, destacavam-se muitos negros islamizados, alfabetizados, 
responsáveis posteriormente por uma rebelião de escravos ocorrida na Bahia em 1835, conhecida como 
Revolta dos Malês. 
Quilombos: a resistência
Desde fugas isoladas, passando pelo suicídio, pelo banzo (nostalgia que fazia o negro cair em 
profunda depressão, levando-o à morte) e pelos quilombos, várias foram as formas de resistência do 
negro à escravidão, sendo a formação dos quilombos a mais articulada. 
Os quilombos eram aldeamentos de negros que fugiam dos latifúndios, passando a viver 
comunitariamente. O maior e mais duradouro foi o Quilombo dos Palmares, surgido em 1630 em Alagoas, 
estendendo-se numa área de 27 mil quilômetros quadrados até Pernambuco. Desenvolveu-se através 
do artesanato e do cultivo do milho, feijão, mandioca, banana e cana-de-açúcar, além do comércio com 
aldeias vizinhas. 
Seu primeiro líder foi Ganga Zumba, substituído depois de morto por seu sobrinho Zumbi, que se 
tornou a principal liderança da história de Palmares. Zumbi foi covardemente assassinado em 1695 pelo 
bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado por latifundiários da região. 
Apesar dos muitos negros mortos em Palmares, a quantidade de escravos crescia muito e, em 1681, 
atingia a cifra de 1 milhão de negros trazidos somente de Angola.
Bandeirismo
Fenômeno puramente paulista, surgiu como meio de conseguir recursos e dominar a pobreza que 
abatia a região devido à decadência da economia vicentina, e procurar mão de obra indígena, já que o 
tráfico de escravos negros estava desorganizado na região Sudeste. Fazem parte do bandeirismo:
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HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
• Entradas: expedição oficial que normalmente respeitava a Linha de Tordesilhas. Foi através da 
entrada de Domingos Jorge Velho que o Quilombo dos Palmares foi destruído.
• Bandeiras: de iniciativa particular, normalmente ultrapassava o Tratado de Tordesilhas. Tinham a 
finalidade de caçar indígenas, buscar ouro de lavagem (aluvião) e esmeraldas.
• Monções: expedições que utilizavam os rios como via de penetração no interior (Tietê). Serviam-se 
de canoas e proporcionaram o comércio entre São Paulo e o interior.
Paulistas caçadores de indígenas e expansão territorial
Um grupo de mamelucos paulistas, para compensar a falta de escravos, tornou-se, apoiado pelos 
colonos, caçador de indígenas. Sem respeitar fronteiras, os paulistas avançaram no território espanhol, 
no oeste do continente, dizimando tribos inteiras. Alguns indígenas capturados foram para os engenhos. 
Na região de Guairá, os paulistas capturaram 300 mil indígenas. Alguns jesuítas, para defenderem as 
missões, pegaram em armas, mas foi inútil (Guerras Guaraníticas). Os paulistas ampliaram as fronteiras 
brasileiras, invadindo o território espanhol.
O território brasileiro ampliou-se devido à ocupação do interior realizada pelos paulistas. Partiram 
de São Vicente. Outras ocupações ocorreram em Santo André da Borda do Campo e em São Paulo. 
Com a destruição das missões de Taipe e Guará, o gado existente nessa região se dispersou para o Sul, 
assim, formaram-se as cidades de Paranaguá, Curitiba e Laguna. No Nordeste, a ocupação do interior se 
deu com a pecuária, a expansão das fazendas de gado e as drogas do sertão.
Descoberta do ouro
Os principais descobridores foram Antônio Rodrigues Arzão (cataguases), Borba Gato (Cuiabá) e 
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (Goiás).
Houve a chamada Corrida do Ouro, uma disputa entre os paulistas e os recém-chegados. Teve como 
resultado a Guerra dos Emboabas.
Em 1709, é criada a Capitania Real das Minas Gerais.
A região é ocupada por 600 mil habitantes no início do século XIX. Criou-se a Estrada Geral, que ia 
do Rio de Janeiro às minas de ouro, e a estrada para o Viamão (RS). Surge a figura do tropeiro.
Em 1718, foram descobertas minas na Bahia, Goiás e Mato Grosso.
As formas de exploração são feitas por faisqueiros (nos rios) e lavras (nas minas).
A exploração de diamantes era monopólio da coroa portuguesa (Distrito Diamantino). A Intendência 
das Minas fiscalizava a administração e exploração do ouro. As casas de fundição (1719) fiscalizavam a 
exploração do ouro, tendo como resultado a Revolta de Vila Rica.
96
Unidade III
O quinto era uma taxa que os mineiros deveriam pagar para a coroa portuguesa (que equivale a um 
quinto do ouro descoberto). Isso resultou na Inconfidência Mineira. Também ocorria contrabando de 
ouro para evitar os impostos.
Na sociedade mineradora, havia mobilidade social. Nela, o escravo poderia comprar sua liberdade, 
dependendo da quantidade de ouro que encontrasse. O Tratado de Methuem era a dívida paga em ouro 
dos portugueses para com os ingleses. 
Uma das consequências do período é o aumento das cidades, da população e do consumo, o 
surgimento do patriarcalismo urbano e o desenvolvimento das artes. A descoberta do ouro acabou por 
ter resultados negativos para Portugal. O ouro de Minas Gerais exerceu uma grande atração, o que levou 
muita gente a imigrar para essas terras, enfraquecendo a agricultura no Brasil e despovoando ainda 
mais os campos na metrópole. Portugal ficava cada vez mais dependente da Inglaterra. Dom João V, 
que cobrava um quinto de toda a produção aurífera, utilizou essa riqueza para ostentar uma imagem 
de poder e magnificência, permitindo, entre outras coisas, mandar construir o Convento de Mafra. 
No século XIX, o sistema colonial era tido como inoperante. Em 1776, ocorre a independência da América 
do Norte e o surgimento do republicanismo, que rivalizou com o absolutismo. A Revolução Industrial se 
desenvolve na Inglaterra. Portugal e Espanha, mercantilistas, acabam em decadência.
Estado português no Brasil
Com o Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte (1806), a família real portuguesa, 
dependente da economia inglesa, fura o bloqueio e é obrigada a fugir para o Brasil. Ao chegar no Rio 
de Janeiro em 1808, dom João toma várias medidas, como abertura dos portos, livre estabelecimento de 
fábricas e manufaturas no Brasil, invasão da Guiana Francesa (1808), criação do Banco do Brasil, criação 
do Tratado de Aliança e Amizade, Comércio e Navegação com a Inglaterra, incorporação do Uruguai 
(Província Cisplatina), criação do Jardim Botânico, imprensa real, teatro, escola de medicina, Revolução 
Pernambucana de 1817.
Com a Revolução do Porto, revolução realizada pelos portugueses, dom João VI é obrigado a voltar 
para Portugal em 1821. Seu filho, dom Pedro I, permanece no Brasil.
Cronologia das descobertas
1139: formação de Portugal com o primeiro rei dom Afonso Henrique (Dinastia de Borgonha).
1383: Revolução de Avis – rei dom João de Avis.
1413: Portugal inicia a expansão ultramarina.
1415: os portugueses chegam a Ceuta, ilhas Madeira e Açores no norte da África.
1487: Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo das Tormentas no sul da África.
97
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO1494: Tratado de Tordesilhas – acordo de navegação entre Portugal e Espanha para navegar entre a 
América e a África.
1497: Vasco da Gama chega a Calicute, ponto comercial na Índia.
1500: descoberta do Brasil.
 Observação
O sistema escravista era bastante ineficiente e distinto do sistema 
industrial que estava se formando na Inglaterra: apesar da mais-valia, 
isto é, a exploração do escravo ser bastante parecida com a exploração do 
operário das indústrias inglesas, o escravo não consumia mercadorias, pois 
não ganhava salários. A economia não se movimentava, o capital ficava 
apenas nas mãos dos donos de terras e latifundiários.
Resguardadas as devidas proporções de crueldade em que o escravo 
vivia e, por isso, o sistema escravocrata se constituía em um modo de 
produção extremamente impiedoso, a escravidão africana no Brasil, apesar 
de seu caráter mercantil, não permitia a mobilização do mercado interno, 
nem pelo excedente de capital e pelo afluxo de mercadorias internas, já que 
a logística colonial de acumulação de capital era inexistente. O que se pode 
deduzir que o capital garantido com a venda de mercadorias para os países 
europeus não foi suficiente para mobilizar o mercado interno.
5.3 Brasil imperial
5.3.1 I Reinado: dom Pedro I
O dia 7 de setembro de 1822 não foi um ato isolado do príncipe dom Pedro, mas sim um acontecimento 
que integra o processo de crise do antigo sistema colonial, iniciada com as revoltas de emancipação no 
final do século XVIII. A independência do Brasil restringiu-se à esfera política, mas não alterou em 
nada a realidade socioeconômica, que se manteve com as mesmas características do período anterior. 
A maçonaria, reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes, e a imprensa tiveram um 
papel importante ao se unirem para lutar contra as forças recolonizadoras das cortes portuguesas que 
tinham interesses no Brasil, pretendiam que a colônia não se tornasse independente. 
No dia 7 de setembro de 1822, dom Pedro se encontrava às margens do riacho do Ipiranga, em São 
Paulo, quando foi abordado pelas tropas portuguesas que exigiam sua volta para Portugal. Após a leitura 
de cartas que chegaram em suas mãos, trazidas pelas tropas com pedidos de seu pai para retornar a 
Portugal, dom Pedro bradou: “independência ou morte, estamos separados de Portugal”. Chegando 
no Rio de Janeiro em 14 de setembro de 1822, dom Pedro foi aclamado imperador constitucional do Brasil. 
Iniciava-se um império, embora a sua coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.
98
Unidade III
A primeira tarefa de dom Pedro foi consolidar a independência. Na região Nordeste e Norte do 
país, militares e comerciantes portugueses lutavam contra o governo local. Eles não aceitavam o 
novo imperador, pois queriam a recolonização do Brasil. Sem exército suficiente para combater os 
revoltosos, dom Pedro I contratou os serviços dos mercenários. Durante um ano de confrontos entre 
tropas portuguesas e o governo brasileiro, em meados de 1823, dom Pedro I saiu vencedor.
Com problemas entre os partidos para a elaboração de uma constituição, o imperador nomeou 
dez brasileiros para formar uma nova constituição em quarenta dias. Foi outorgada por dom Pedro I a 
primeira constituição brasileira, em 1824. Como características tinha o voto censitário, isto é, o direito 
eleitoral condicionado a certos níveis de renda. Para votar, a pessoa precisava ter renda anual de 100 
mil-réis. Foram organizados os três poderes:
• Poder Judiciário: composto por juízes e tribunais, seu órgão máximo era o supremo tribunal. 
Tinha funções de aplicar as leis e distribuir a justiça. 
• Poder Legislativo: composto de senadores e deputados. Tinha a função de elaborar as leis 
do império. 
• Poder Executivo: exercido pelo imperador através de seus ministros de estados. Tinha a função 
de garantir o cumprimento das leis.
• Poder Moderador: exclusivo do imperador e definido pela constituição como a chave-mestra de 
toda organização política, estava acima dos demais poderes. 
O autoritarismo de dom Pedro I provocou grande revolta nos políticos de pensamento liberal. 
A resposta mais energética dos liberais às atitudes autoritárias de dom Pedro I explodiu no Nordeste 
com a Confederação do Equador, liderada pela província de Pernambuco. Nessa época, a região 
apresentava uma grande crise econômica devido à queda das exportações do açúcar. Os principais 
focos da revolta eram as cidades de Recife e Olinda, mas ela se espalhou para o Ceará, Rio Grande 
do Norte, Paraíba e Alagoas. As províncias rebeldes pretendiam fundar um novo estado no Nordeste, 
independente do governo imperial. Ele se chamaria Confederação do Equador, e a forma de governo 
seria a república federalista. 
Os líderes democráticos da Confederação também defendiam a extinção do tráfico negreiro. 
Abandonado pela elite, o movimento enfraqueceu e não conseguiu resistir ao ataque das tropas 
imperiais. Atacados por mar e terra, os revolucionários da Confederação do Equador foram derrotados, 
presos e condenados à morte. Um de seus maiores líderes foi Frei Caneca, que foi executado.
Outra grande prova para dom Pedro I foi a Guerra da Cisplatina. O território que corresponde 
ao Uruguai era a antiga Colônia do Sacramento, fundada pelos portugueses e colonizada pelos 
espanhóis. Os habitantes da Cisplatina não aceitavam pertencer ao Brasil, pois tinham idioma e 
costumes diferentes. 
99
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Em 1825, explodiu o movimento de libertação da Cisplatina, apoiado pela Argentina. Reagindo à 
revolta, dom Pedro I atacou a Argentina, o que o obrigou a gastar muito dinheiro público, agravando os 
problemas econômicos do país.
A Guerra da Cisplatina terminou em 1828 quando foi assinado um acordo entre as partes do 
conflito. A Inglaterra agiu como intermediadora. Essa guerra teve um desfecho desfavorável ao Brasil e 
contribuiu para desgastar a imagem política de dom Pedro I. O dinheiro gasto na guerra causou grande 
desequilíbrio à economia. A crise econômica mostrou toda sua força em 1829, quando foi decretada a 
falência do país. 
Vários fatores foram se somando para que o imperador se tornasse impopular, como seu estilo 
autoritário, que gerava reação tanto de políticos liberais quanto de moderados. Além disso, havia o 
conflito entre o partido português e o brasileiro devido ao envolvimento de dom Pedro I com a sucessão 
monárquica portuguesa. Fatores econômicos também contribuíram para a impopularidade de dom 
Pedro I: a balança comercial brasileira acumulava déficits em função do desequilíbrio entre os gastos 
com as importações e a receita declinante das exportações, e a dívida externa aumentou. 
O estopim da crise que agravou a situação foi em novembro de 1830, com o assassinato, em 
São Paulo, do jornalista Libero Badaró, um importante líder da imprensa de oposição. A impunidade 
do mandante do crime provocou uma onda de indignação nacional repercutindo no governo 
imperial. Dessa forma, dom Pedro I não teve alternativa senão abdicar ao trono em 1831 em 
favor de seu filho Pedro II. 
Exemplo de aplicação
Figura 13 – Grito do Ipiranga (1880) de Pedro Américo
O quadro Grito do Ipiranga foi executado por Pedro Américo quando morava em Florença. O artista 
executou a pintura, considerada um dos ícones da academia brasileira, de estilo nacionalista romântico, 
devido às diretrizes estilísticas da época. Pedro Américo procurou ressaltar o ato heroico do príncipe 
regente que depois viraria imperador. A despeito da obra, a independência do Brasil em nada mudou 
100
Unidade III
as estruturas sociais e econômicas brasileiras e principalmente continuou escravista. Apesar da 
monumentalidade do quadro, os mais pobres nem entendiam que o Brasil havia se separado de Portugal. 
Além disso, a independência do Brasil não foi realizada pela população, mas sim pelo filho do rei 
de Portugal.
Reflita sobre o conteúdo da imagem pictórica e faça uma analogia com os fatos representados 
na pintura.5.3.2 II Reinado: dom Pedro II
O século XIX é um período caracterizado pela expansão industrial na Europa, pelo domínio da 
burguesia sobre as decisões econômicas e políticas, pelo republicanismo, pelas democracias e pelo 
ideal socialista e lutas operárias. Entretanto o Brasil continuava a ser uma monarquia centralizada e 
escravista influenciada por uma elite produtora e proprietária que obtinha privilégios concedidos pelo 
imperador. Essa monarquia dos trópicos oferecia títulos de nobreza e protegia os grandes proprietários 
dos imigrantes que viessem a adquirir terras.
Em meados do século XIX, em 1840, ministros liberais anteciparam a maioridade de Pedro de 
Alcântara, então com quatorze anos e meio, a fim de que subisse ao trono rapidamente como estratégia 
para apaziguar os ânimos políticos, as rebeliões existentes e resolver os entraves econômicos. Ao subir 
ao trono em 1840, Pedro de Alcântara, nomeado Pedro II, governou a princípio com a ajuda de seus 
tutores, intelectuais e partidários, aprendendo a lidar rapidamente com os liberais com a finalidade de 
centralizar o poder.
Revoltas de cunho liberal ocorreram em todo o país, tais como a Revolução Liberal em São Paulo 
(1842) e a Rebelião Praieira em Pernambuco (1849), esta influenciada pela Revolução de 1848 na França 
(Primavera dos Povos). O período do Segundo Império foi marcado por várias transformações e rupturas 
fundamentais para a história do Brasil, principalmente pela expansão da cafeicultura, que se constituiu 
em um novo recurso econômico brasileiro, e a abolição da escravidão.
O Brasil continuava com a tradição fortemente agrícola devido à expansão do café. Trazido pelo 
viajante Francisco de Melo Palheta, o café logo se adaptou em terras brasileiras, principalmente na 
região da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro e no oeste do estado de São Paulo, em que predominava 
uma terra fértil de cor avermelhada, chamada de terra roxa, isto é, como os italianos a chamavam: terra 
rossa, terra vermelha (latossolo roxo). 
A princípio, a mão de obra utilizada na cafeicultura foi a escrava, mas com o tempo, foi substituída 
pela do imigrante europeu, principalmente o italiano, devido à iniciativa do senador Vergueiro, 
latifundiário de ideias um pouco mais revolucionárias. Os imigrantes assalariados semeavam a terra, 
plantavam, colhiam e recebiam um salário em troca das sacas de café em grãos que tinham colhido e 
torrado. O café passou a ser plantado e exportado em grande quantidade, gerando muitos lucros para 
a nova elite cafeicultora que estava se formando e enriquecendo (CALDEIRA et al., 1997). 
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HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
A partir da segunda metade do século XIX, a chegada de imigrantes europeus ao Brasil em 
busca de uma vida melhor foi intensificada, já que muitas regiões da Europa estavam em guerra ou 
fragmentadas. Migraram para região Sul imigrantes italianos (Rio Grande do Sul), alemães (Santa 
Catarina), poloneses (Santa Catarina e Paraná). Já na região Sudeste, chegaram muitos europeus, 
sobretudo italianos (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), que foram trabalhar nas fazendas 
de café. No início do século XX, houve a entrada de japoneses, que se dispersaram no interior de São 
Paulo para se dedicarem ao hortifrutigranjeiro. 
Uma das transformações mais importantes do Segundo Império foi a abolição da escravidão. 
A Inglaterra, interessada na libertação dos escravos, pois necessitava de mercados consumidores para 
seus produtos, iniciou a guerra contra o tráfico de escravos com a Lei Bill Aberdeen. O movimento 
abolicionista, liderado por vários intelectuais como Joaquim Nabuco, pressionou a aprovação de outras 
leis, gradualmente, como a Lei Eusébio de Queiróz (1850), contra o tráfico negreiro; Saraiva-Cotegipe 
ou Lei dos Sexagenários (1885), em que estariam libertos todos os escravos com mais de 60 anos; Lei do 
Ventre Livre (1871), em que estariam libertas todas as crianças de mãe escravas nascidas a partir da data 
da lei; e, finalmente, a Lei Áurea (13 de maio de 1888), que libertou todos os escravos. 
Com a libertação dos escravos, ocorreu uma grave crise na qualidade de vida dos ex-escravos, pois 
não foram absorvidos no mercado de trabalho e passaram a viver à margem da sociedade. 
Ao contrário do movimento nacionalista europeu do século XIX, que muitas vezes surgira de 
movimentos populares, aqui, no Brasil, o nacionalismo foi forjado pelo monarca de modo a fazer 
com que as pessoas se identificassem com uma história nacional única, dos grandes personagens, 
para dar a impressão de uma unidade cultural, mas que de fato inexistia devido às distintas 
características da população.
Datas e fatos importantes do Segundo Império
• 1842: Revolução Liberal nas províncias de Minas Gerais e São Paulo.
• 1847: foi instituído o parlamentarismo Brasil.
• 1848-1850: Revolução Praieira, de caráter liberal e federalista, ocorrida na província de 
Pernambuco.
• 1850: Lei Eusébio de Queiróz, que proibia o tráfico de escravos.
• 1854: inauguração da primeira ferrovia brasileira pelo empresário Barão de Mauá, em 30 de abril.
• 1865-1870: ocorre a Guerra do Paraguai: Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai.
• 1870: lançamento do Manifesto Republicano.
• 1871: promulgada a Lei do Ventre Livre.
102
Unidade III
• 1872: fundação do Partido Republicano.
• 1882: a borracha ganha importância no mercado internacional, e o Brasil torna-se um grande 
produtor e exportador.
• 1885: Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais de sessenta anos.
• 1874: chegam a São Paulo os primeiros imigrantes italianos (início da fase de imigração).
• 1888: no dia 13 de maio, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, acabando com a escravidão no país.
• 1889: em 15 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro, sob o comando do Marechal Deodoro da 
Fonseca, ocorreu a Proclamação da República (fim do Brasil Império).
 Saiba mais
Consulte a obra:
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2015. p. 267-317.
5.4 Período republicano: a República Velha 
O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como República Velha. É marcado pelo domínio 
político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de 
café, e a indústria deu um significativo salto. 
Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território 
brasileiro. O estabelecimento da República no Brasil não teve participação popular. A conspiração que 
derrubou a monarquia ficou restrita a poucos republicanos: Rui Barbosa, deputado e jornalista; Aristides 
Lobo e Quintino Bocaiúva, as maiores lideranças republicanas do Rio de Janeiro; Francisco Glicério, 
proeminente chefe do Partido Republicano Paulista; e Benjamim Constant, estadista, militar e professor. 
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República liderada pelo Marechal Deodoro 
da Fonseca.
5.4.1 República da Espada (1889-1894)
Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca tornou-se 
chefe do governo provisório. Em 1891, Deodoro renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente: 
Floriano Peixoto. O militar Floriano em seu governo intensificou a repressão aos que ainda davam 
apoio à monarquia.
103
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Após o início da República, havia a necessidade da elaboração de uma nova constituição, pois a 
antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891 (a primeira republicana) garantiu 
alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois simbolizava os interesses das 
elites agrárias do país. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos (mulheres, 
analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora). A constituição instituiu o presidencialismo e o 
voto aberto.
5.4.2 República das oligarquias (1894-1930)
Esse período, que vai de 1894 a 1930, foi marcado pelo governo de presidentes civis ligados ao setor 
agrário. Esses políticossaíam do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro 
(PRM). Esses dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. 
Dominando o poder, esses presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do 
país, principalmente os fazendeiros de café do oeste paulista.
A seguir, eventos importantes da República das Oligarquias.
• Imigração em grande escala. 
• Domínio dos cafeicultores do âmbito político nacional. 
• Urbanização das grandes cidades, principalmente São Paulo.
• Industrialização: greve de 1917, ideologia anarquista trazida pelos imigrantes.
• Comunistas: Luís Carlos Prestes e Astrogildo Pereira.
• Coronelismo: política café com leite e política dos governadores.
• Planos econômicos: funding loan (no governo de Campos Sales), Convênio de Taubaté (no governo 
de Rodrigues Alves).
• Messianismo: Revolta de Canudos na Bahia (1895-1897), Revolta do Contestado em Santa 
Catarina no governo de Hermes da Fonseca (1910-1914), Revolta de Juazeiro no Ceará, também 
no governo de Hermes da Fonseca.
• Eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
• Semana de Arte Moderna (1922).
• Revoltas urbanas: Revolta da Vacina no Rio de Janeiro (1906).
• Tenentismo, Revolta do Forte de Copacabana (1922), Revolução Paulista (1924), Coluna Prestes 
(1925-1927).
104
Unidade III
Coronelismo
A figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas 
regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico 
para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, o coronel obrigava 
e usava até mesmo de violência para que os eleitores de seu curral eleitoral votassem nos candidatos 
apoiados por ele. 
Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel 
para que votassem nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros recursos para 
conseguir seus objetivos políticos, como compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, 
fraudes eleitorais e violência.
Crise da República Velha e o Golpe de 1930
Em 1930, ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café com leite, era a 
vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o PRP, do presidente Washington Luís, indicou à 
sucessão um político paulista, Júlio Prestes, rompendo com o café com leite. 
Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança 
Liberal) para lançar à presidência o gaúcho Getúlio Vargas. Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de 
abril de 1930, deixando descontentes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. 
Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes provocam a Revolução 
de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.
 Observação
O período da República Velha é caracterizado pela imigração em 
larga escala e principalmente pela industrialização das grandes cidades, 
em especial a cidade de São Paulo. Juntamente com o avanço industrial, 
surgiram as greves, como a de 1917, inspiradas nas ideologias socialistas e 
anarquistas trazidas pelos imigrantes europeus. 
Os ideais socialistas foram plenamente defendidos por Luís Carlos 
Prestes. Surgida por volta de 1840, a indústria brasileira teve seu maior 
apogeu em finais do século XIX, quando, em 1884, foram abertas 150 novas 
fábricas, a maioria concentrada na região centro-sul. Em 1907, apareceram 
3.410 e, em 1929, desenvolveram-se 13.336 novos estabelecimentos 
(SCHWARCZ; STARLING, 2015). É importante salientar que a expansão 
industrial está relacionada com a aplicação de capital pelos cafeicultores 
paulistas nos negócios industriais.
105
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
5.5 Era Vargas (1930-1945)
A Era Vargas tem várias etapas, a seguir, cada uma delas e os principais eventos ocorridos. 
• Governo Provisório (1930-1934):
— Nomeados interventores para governar os estados. 
— Criação de novos ministérios.
— Crise no café devido à queda da bolsa de Nova Iorque (1929). 
— Revolução Constitucionalista de São Paulo (1932).
— Constituição de 1934.
• Governo Constitucional (1934-1937): 
— Organização de partidos: Ação Integralista Brasileira (AIB), de direita; Aliança Nacional 
Libertadora (ANL), de esquerda. 
— Plano Cohen: plano forjado por Getúlio Vargas como pretexto para o golpe de Estado (1937).
• Governo Ditatorial (1937-1945): 
— Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão de censura, e Departamento 
Administrativo do Serviço Público (Dasp).
— Constituição de 1937.
— Criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) com uma equipe que 
incluía Mário de Andrade. 
— 1941: criação do Ministério da Aeronáutica. 
— 1942: criação da Companhia Siderúrgica Nacional; Brasil entra na Segunda Guerra ao lado 
dos aliados.
— 1943: criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
— Manifesto dos mineiros, convocação de eleições.
— Eleição de Dutra: nova constituição (1946), alinhamento do governo brasileiro com os EUA na 
política da Guerra Fria, decretada ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB), rompimento 
do Brasil com os países socialistas.
106
Unidade III
• Retorno de Getúlio Vargas à vida política (1951-1954):
— Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). 
— Criação da Petrobrás, aumento de 100% do salário mínimo.
— Oposição de militares e União Democrática Nacional (UDN). 
— Acidente na Rua Toneleiros no Rio de Janeiro.
— Suicídio de Vargas. 
Os próximos governos são provisórios, com Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos.
5.6 Juscelino, Jânio e Jango
Com Juscelino Kubitschek (1956-1961), Brasília é criada, o desenvolvimentismo é difundido, as 
hidrelétricas são contruídas, o parque industrial automobilístico de energia e transporte é expandido, 
ocorre a entrada de capital estrangeiro, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) 
é formada.
Jânio Quadros assume diante de um quadro inflacionário, desenvolve uma política externa 
independente, não alinhamento com os EUA, renuncia em 1961. O vice Raniere Mazzilli assume a 
presidência, tem início uma crise política.
João Goulart toma posse por meio de um acordo político que institui o parlamentarismo, 
gerando instabilidade política. São realizados o Plano Trienal e as reformas de base, também ocorre 
uma crise política.
5.7 Regime Militar
Após o Golpe Militar em 1964, foram instaurados os Atos Institucionais (AIs). Com o AI 1, ocorreram 
cassações de mandatos, suspensões de direitos políticos e intervenções federais nos estados. Com o 
AI 2, fica instituída a eleição indireta para presidente, a extinção de partidos e o bipartidarismo (Arena e 
MDB); o AI 3 instituiu a eleição indireta para governadores; o AI 5, punições, cassações e prisões.
A constituição 1967 deu plenos poderes ao executivo, aos presidentes militares. Esse período foi 
marcado pela entrada de capital estrangeiro e concentração de renda nas mãos da classe média. O INPS, 
FGTS e BNH foram criados. A política internacional se alinhou aos EUA. Também foi implementada a Lei 
de Segurança Nacional.
Na cultura, a Tropicália surgiu, foram popularizadas as canções de protesto. Também ocorreram 
prisões de jornalistas, artistas e cantores.
107
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Foi a época do chamado Milagre Econômico, do desenvolvimento de obras faraônicas, como a 
Transamazônica, a ponte Rio-Niterói. A primeira transmissão de TV em cores ocorreu em 1969. 
A abertura política se dá no governo Ernesto Geisel. No final do governo Figueiredo, ocorrem as 
eleições diretas, com o movimento Diretas Já.
5.8 Nova República
A Nova República tem início com a eleição de Tancredo Neves para presidente da República em 
1984, porém ele falece no dia da posse. 
Assume o vice José Sarney (1985-1990). Ele estabelece vários planos para recuperar a economia no 
Brasil: Plano Cruzado, PlanoCruzado II, Plano Bresser, Plano Verão; mas a crise econômica permanece. 
A constituição é promulgada em 1988. As eleições municipais diretas acontecem. 
É eleito diretamente Fernando Collor de Mello (1990-1992). Ele realiza o Plano Brasil Novo e sofre 
impeachment pelo Congresso Nacional. Assume o vice Itamar Franco.
No governo Itamar Franco, foram propostas as bases para o programa do Plano Real, desenvolvidas 
pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Esse programa visava a estabilização 
econômica. O Plano Real promoveu o fim da inflação elevada no Brasil e possibilitou a eleição de 
Fernando Henrique Cardoso para presidente da República. 
Fernando Henrique Cardoso (1994-1998) é eleito e reeleito (1998-2002).
Luiz Inácio Lula da Silva também foi eleito e reeleito (2003-2011). Assim como Dilma Rousseff 
(2011-2016). 
 Observação
Para fazer frente ao mundo globalizado, é necessário, antes de tudo, 
o compromisso do governante com o desenvolvimento da sociedade do 
conhecimento. Os novos saberes e competências criam respaldo nas inovações 
tecnológicas, dinamizando a organização do processo produtivo, assim como 
tende a fomentar mecanismos de contestação do poder tanto em escala 
micro (governo local) quanto macro (blocos hegemônicos mundiais).
A sociedade global, apesar de homogeneizada, apresenta regionalismos 
e localidades muito distintas umas das outras. Isso estimula o mundo global 
a dialogar, sobretudo, com as escalas locais e suas identidades, sempre 
lembrando que no mundo globalizado o capitalismo continua a ter suas 
bases nacionais, mas não tão determinantes.
108
Unidade III
 Saiba mais
Pesquise mais a história do Brasil: 
CALDEIRA, J. et al. Viagem pela história do Brasil. São Paulo: Companhia 
das Letras, 1997. 
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002. 
6 PRODUÇÃO CULTURAL E ARTÍSTICA BRASILEIRA COMO ROTEIRO TURÍSTICO 
Vamos conhecer a produção cultural e artística brasileira de acordo com cada época e estilo 
arquitetônico utilizado, assim como os roteiros turísticos correspondentes à história do lugar. 
O período de 1500 e 1531 é marcado pela chegada dos portugueses ao Brasil. 
Principais eventos: 
• Início das expedições exploradoras, de reconhecimento da costa brasileira e de defesa. 
• Primeiras publicações sobre o Brasil, um dos documentos oficiais foi a Carta de Pero Vaz de Caminha. 
• Chegada da frota chefiada por Vicente Yáñez Pinzón no Nordeste brasileiro (1500). 
• Expedição exploradora de Américo Vespúcio pela região do rio São Francisco. Descoberta da Baía 
de Todos-os-Santos (1501). 
• Chegada da frota de Fernando de Noronha a 360 quilômetros de Natal e 545 quilômetros de Recife.
• Frota de André Gonçalves à região de Angra dos Reis (1502). Descoberta da Baía da Guanabara por 
Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio no mesmo ano. 
• Em 1503, viagem de Américo Vespúcio até o estuário do rio da Prata. 
• Em 1514, expedições de dom Nuno Manuel e Cristóvão de Haro ao estuário da Prata. 
• Em 1519, expedição de Fernão de Magalhães pelo porto do Rio de Janeiro como parte de sua 
viagem de circum-navegação. 
• Expedição portuguesa de Aleixo Garcia (1521-1525) pelos rios Iguaçu, Paraná e Paraguai até a 
zona de Potosí na Bolívia.
• Expedição de Sebastião Caboto à região do Prata e Uruguai (1526) e de Cristóvão Jacques, que 
acabou estabelecendo uma feitoria na Ilha de Itamaracá. 
109
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Alguns roteiros turísticos associados ao período podem ser planejados e podem ser chamados de 
rota do descobrimento: Parque Nacional do Monte Pascoal, Prado, Caraíva, Trancoso, Arraial D’Ajuda, 
Cabrália, Porto Seguro (Bahia), nordeste brasileiro, Fernando de Noronha e Rio São Francisco. Outra rota 
provável seria uma viagem costeira até o Rio da Prata (Uruguai, Argentina e Brasil) (TRIGO, 2000).
Em 1532, foi fundada a primeira vila brasileira, São Vicente, em São Paulo, por Martim Afonso de 
Souza. Um roteiro turístico do local é a encenação teatral que ocorre sempre no mês de janeiro sobre a 
fundação da vila de São Vicente, acontece desde 1982, reconstituindo o início da colonização. Em 1532, 
também foi fundada a cidade de Cananeia, no litoral Paulista.
Em relação aos templos religiosos, alguns exemplos de arquitetura religiosa quinhentista estão na 
igreja matriz de São Cosme e São Damião de Igarassu (iniciada em 1535 e depois reformada) e a igreja 
da Graça em Olinda, construídas em Pernambuco no último quartel do século XVI. 
Várias igrejas do século XVII, de caráter maneirista, ainda sobrevivem no Brasil (como a do mosteiro 
de São Bento do Rio de Janeiro, construída entre 1633 e 1677 e baseada num projeto de 1617). 
Para essas construções maneiristas-portuguesas, era utilizada a técnica da taipa. As residências rurais 
primitivas, em geral de taipa, resumiam-se em uma planta básica quadrada com um grande aposento 
de uso múltiplo, podendo contar com um anexo menor para a cozinha. Nas vilas litorâneas, adotou-se 
o modelo europeu de casas construídas lado a lado.
Em 1535, Olinda é fundada. Em 1630, os holandeses invadem-na e conquistam o Nordeste. Alguns 
roteiros turísticos: 
• Cidade de Olinda: tombada como centro histórico pela Unesco e exemplo de arquitetura colonial 
e barroca.
• Bicas de Olinda: construídas nos séculos XVI, XVII e XVIII para suprir a falta de água na Vila 
de Olinda. A Bica do Quatro Cantos, construída em 1602, era chamada de Fonte da Tabatinga. 
A Bica do Rosário ostenta o brasão de Olinda em sua base. A Bica de São Pedro é a que jorra maior 
volume de água. Os locais em que se encontram os manumentos são rua dos Quatro Cantos, 
Amparo; Largo do Rosário, Bonsucesso; rua Henrique Dias, Varadouro. 
• Convento Franciscano: o local do ponto turístico é na rua São Francisco na cidade do Carmo 
em Olinda. 
• Igreja Nossa Senhora das Graças/Seminário de Olinda: construída em 1552, funcionou 
anteriormente como Colégio Arquidiocesano e Seminário da Arquidiocese. Fica na rua Bispo 
Coutinho, Alto da Sé em Olinda. 
• Igreja da Sé (Igreja de São Salvador do Mundo): de 1534. Passou por várias restaurações e 
reformas desde 1631, quando foi incendiada durante a invasão holandesa. Do terraço lateral, 
vê-se Olinda, o mar e Recife ao longe, no Alto da Sé. 
110
Unidade III
• Mosteiro e Igreja de São Bento: datado do século XVI, é o segundo mosteiro beneditino do país. 
Na igreja, destacam-se a sacristia e o altar-mor, verdadeiras obras-primas do barroco brasileiro. 
Corais beneditinos costumam fazer apresentações de cantos gregorianos no local. Fica na rua de 
São Bento, Varadouro em Olinda.
• Museu da Arte Sacra: valioso acervo histórico e coleções de arte sacra. Fica na rua Bispo Coutinho 
no Alto da Sé em Olinda. 
• Museu do Mamulengo: fica na rua do Amparo, Amparo em Olinda. 
• Oficina de Sílvio Botelho: casa dos bonecos gigantes. Fica na rua do Amparo, Amparo em Olinda. 
• Palácio dos Governadores: antigo Paço dos Governadores Gerais do Brasil e atual sede da 
Prefeitura. No segundo andar, funciona a Galeria de Arte Bajado. Fica na rua de São Bento, 
Varadouro em Olinda.
 Saiba mais
Acesse o site oficial da cidade de Olinda:
OLINDA (município). Guia turístico. Olinda, 2019. Disponível em: https://
www.olinda.pe.gov.br/guia-turistico/. Acesso em: 22 out. 2019. 
Em 1537, Recife é fundada. A cidade foi invadida por holandeses em 1630. Até a primeira metade 
do século XVII, grande parte das casas no Recife era construída como no século do descobrimento. 
A casa-fortaleza, como era denominada, utilizava pedra, cal, pau a pique, era telhada e avarandada. 
As cidades de Recife e Olinda seguiam o traçado português, mas com a chegada de João Maurício de 
Nassau-Siegen, em 1637, ocorreu a execução do primeiro plano urbanístico da cidade do Recife, o 
governo holandês ergueu a cidade de Maurícia (Mauritsstadt). Localizada na ilha de Antônio Vaz (atual 
bairro de Santo Antônio e uma parte do bairro de São José), era a sede do governo holandês no Brasil. 
A ilha era basicamenteguarnecida por duas fortalezas: ao norte, pelo forte Ernesto e, ao sul, pelo forte 
das Cinco Pontas. 
A seguir, os pontos turísticos de Recife relacionados aos holandeses: 
• Forte do Brum: construído pelos portugueses em 1629, é um museu militar, exibe armas, canhões, 
fotos e até o esqueleto de um soldado da época da invasão holandesa. Abriga a Capela de São 
João Batista, do século XVII. Fica na praça Luso-brasileira no Cais do Apolo em Recife. 
• Forte das Cinco Pontas: construído em 1630 e reconstruído em 1677. Nele, funciona o Museu 
da Cidade do Recife com mapas do litoral, fotos, peças e armas antigas, maquetes e canhões. 
Uma placa de pedra mostra o lugar em que Frei Caneca foi executado. Fica no Largo das Cinco 
Ponta, São José em Recife. 
111
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
 Saiba mais
Acesse o site oficial da cidade de Recife:
RECIFE (município). Recife: prefeitura da cidade. Recife, s.d. Disponível 
em: http://www2.recife.pe.gov.br/. Acesso em: 22 out. 2019. 
Em 1549, dá-se o início da construção da cidade de Salvador por Tomé de Souza, a primeira capital 
brasileira. No local, há exemplos de arquitetura colonial e barroca. A cidade dividia-se em cidade alta 
e cidade baixa. Na parte mais alta e nobre, ficava o palácio do governador, residências e a maioria das 
igrejas e conventos, construídos sobre um terreno elevado, a 70 metros sobre o nível da praia. Já na parte 
baixa, ficavam as construções dedicadas às atividades comerciais.
Os pontos turísticos de Salvador, considerada patrimônio cultural da humanidade, são Elevador 
Lacerda, Forte São Marcelo, Igreja Nossa Senhora da Conceição, Pelourinho, Praça Cairu, Farol da Barra, 
Igreja São Francisco (considerada um exemplar barroco inigualável), Lagoa do Abaeté, Ponta Humaitá, 
Praça Castro Alves, Farol de Itapuã, Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, Mercado Modelo, Porto Tainheiros.
Em 1553, ocorre a chegada ao Brasil do Padre José de Anchieta, proveniente das Ilhas Canárias. 
Funda, em 1554, o Colégio de Piratininga em São Paulo e, em Vitória, funda o Colégio São Thiago. 
Posteriormente, fundou na região do Espírito Santo as cidades de São Mateus, Conceição da Barra, 
Guarapari e Anchieta. 
Um roteiro turístico é “os passos de Anchieta”, uma peregrinação que inclui várias cidades do litoral 
do Espírito Santo e também um ponto turístico em São Paulo, o Pateo do Collegio. A partir da vinda dos 
primeiros jesuítas com o governador-geral Tomé de Souza e com Manuel da Nóbrega, iniciam-se, no 
século XVII, as construções das missões jesuíticas na região Sul no Brasil. De arte barroco-missioneira, 
esses sítios arqueológicos constituem roteiros internacionais. 
Através do circuito turístico integrado das missões jesuíticas, é possível visitar São Miguel das Missões 
(tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade), Santo Ângelo, São Miguel Arcanjo, São Nicolau, 
São Lourenço Mártir e São João Batista etc. São Miguel das Missões fica cerca de 500 quilômetros de 
Porto Alegre e é onde se encontra a fachada da Catedral de São Miguel Arcanjo de 1735.
As fortificações, além de demarcar território e impedir invasões, exerciam função política e 
administrativa. Eram sinônimo de possessão portuguesa em terras brasileiras. Eram feitas por mestres 
pedreiros a partir de um desenho feito com aprovação do vice-rei e de seu engenheiro mor. Os materiais 
de construção eram, em geral, obtidos na região, como a pedra, utilizada nas paredes, muralhas e 
alvenarias; e a madeira, da mata nativa. As telhas eram trazidas de cerâmicas vizinhas, e a cal era 
produzida das conchas de moluscos queimados nas caieiras da região.
112
Unidade III
Os portugueses ergueram mais de 350 fortificações em dois séculos e meio. Também chamadas de 
fortes, fortins, redutos, redentes, presídios, trincheiras, portões, feitorias, baterias, vigias ou hornaveques, 
concentravam-se em Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belém e Santos.
A primeira fortaleza construída na Amazônia foi em 1616, o Forte do Presépio, em Belém, devido às 
sucessivas incursões de estrangeiros na região.
O Forte dos Reis Magos, construído em Natal no ano de 1598, é uma das fortificações mais antigas. 
O Forte do Brum, em Pernambuco, abriga hoje um museu histórico.
Em 1567, Mem de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A região era ocupada por 
franceses (Nicolau Durand Villegagnon) desde 1555. Essa viria a ser a segunda maior cidade do Brasil. 
Os pontos turísticos relacionados aos franceses estão enumerados a seguir:
• Fortaleza de Santa Cruz: estabelecida por Villegagnon em 1555, foi tomada por Mem de Sá 
doze anos depois. Recebeu o nome de Nossa Senhora da Guia. Localizada na entrada da Baía da 
Guanabara, foi tombada pelo SPHAN em 1939.
• Forte Barão do Rio Branco: provavelmente construído em 1567, na Ponta de Santa Cruz, 
protegeu a região da incursão de piratas franceses.
• Forte São Luiz e Forte do Pico: construção em 1567 como vigilância da Bateria Nossa Senhora 
da Guia. Foram desativados entre 1831 e 1863, quando ocorreu a Questão Christie. Em 1918, foram 
restaurados pelo marechal Hermes da Fonseca e incorporados em 1938 ao Forte Barão do Rio Branco.
• Forte Imbuhy: foi construído em 1863 e ligou-se ao Forte Barão do Rio Branco. Em 1901, o forte 
foi restaurado e, em 1957, desativado. 
Em 1612, ocorre a fundação da cidade de São Luís do Maranhão pelo francês Daniel de La 
Touche. A região era ocupada pelos franceses, que a chamavam de França Equinocial. Os roteiros 
turísticos são Alcântara e São Luís. Situada na ilha de mesmo nome, São Luís é a única capital 
brasileira fundada por franceses, mas curiosamente é a mais lusitana de todas. Os portugueses, 
em quatro séculos, deixaram mais de três mil prédios em estilo barroco colonial, com fachadas de 
azulejos, o que ajudou a conservá-los por mais tempo. No bairro da Praia Grande, 300 casarões 
foram restaurados. Em dezembro de 1997, a cidade foi declarada patrimônio da humanidade pela 
Unesco. São Luís ainda conserva muitas tradições folclóricas, como o Bumba-Meu-Boi e o Tambor 
de Crioula, e é considerada a capital brasileira do reggae. 
Nos séculos XVI e XVII, iniciam-se as expedições bandeirantes para o interior a partir de São Vicente. 
Esses mamelucos utilizaram o indígena como mão de obra. Muitas cidades do interior originaram-se da 
expansão bandeirante, cada qual com sua história: a cidade de Jundiaí, Campinas, Franca, Itu (fundada 
em 1610), Santana do Parnaíba, Porto Feliz etc. No planalto, a partir de Santana do Parnaíba, as trilhas 
levaram à Jundiaí, o oitavo município mais antigo do Vale do Tietê. Na região de Jundiaí, em 1615, o 
113
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
casal de amantes, Rafael de Oliveira e Petronilha Antunes, fugidos da capital após um crime amoroso, 
evocaram a proteção de Nossa Senhora do Desterro, padroeira da capela que teria sido construída nesse 
período. Pela sua região estratégica, Jundiaí abriu as portas para as bandeiras e foi elevada à categoria 
de vila em 1655.
Em 1727, o núcleo bandeirante chamado Barra se transformou em Santana, depois Vila Bueno e 
finalmente Goiás. Bartolomeu Bueno da Silva foi o último bandeirante que desvendou caminhos para 
o oeste, tornando-o conhecido como o alto sertão brasileiro. A partir de 1721 e 1730, surgiu Campinas 
na região conhecida como boca do sertão. Ali instalou-se um pouso chamado de Campinas do Mato 
Grosso. Bartolomeu Bueno da Silva descobriu as minas de Goiás em 1682 a partir do caminho dos 
Goiases, ou Guaiases, aberto pelas trilhas das regiões de Jundiaí e Mogi Mirim. Do Pouso de Bagues, 
acampamento bandeirantes, surgiu a cidade de Franca. 
Há alguns roteiros turísticos ligados a esse período histórico. As rotas bandeirantes podem ser 
históricas ou envolverem competições. A rota histórica da estrada real de Diamantina a Paraty pode 
ser realizada a pé ou a cavalo. A rota bandeirante que envolve competições é a Qualifying Ecomotion, 
Serra do Cipó, em Minas Gerais. São 41 equipes com quatro integrantes que contamcom modalidades 
de trekking, mountain bike, orientação, duck, ride and run, canoa canadense, natação.
Outra atração é o “Roteiro dos Bandeirantes”, que pode ser feito a cavalo ou com veículo. A rota 
tem 180 quilômetros partindo de Santana do Parnaíba, passa pelas cidades Pirapora do Bom Jesus, 
Araçariguama, Cabreúva, Itu, Porto Feliz e Tietê, é realizado para conhecer a história, os habitantes do 
lugar, seus costumes etc.
Em 1681, houve a descoberta do ouro em Cataguases em Minas Gerais, Cuiabá no Mato Grosso e em 
Goiás. Em 1695, chegaram notícias em São Paulo de que os companheiros de Fernão Dias Paes tinham 
achado ouro na região de Minas Gerais. Em 1707, paulistas e os recém-chegados à região das minas 
passaram a se confrontar, o que resultou na Guerra dos Emboabas. O ouro achado era o de aluvião e o 
de lavra. O abastecimento das minas ficou a cargo do tropeiro.
Em 1729, foram descobertos diamantes no Arraial do Tijuco (atual Diamantina). São Paulo começou 
a crescer, pois era caminho para o Mato Grosso. Caminhava-se até a cidade de Porto Feliz, entreposto de 
fabricação de canoas, e seguia-se pelo Rio Tietê. Em Sorocaba, havia uma importante feira de animais e 
outros. O barroco mineiro se constituiu em uma manifestação artística da cultura local. 
Os principais expoentes dessa arte foram o pintor e escultor Aleijadinho e os entalhadores e 
pintores Manuel da Costa Ataíde, Bernardo Pires e José Soares de Araújo. Em Vila Rica, atual Ouro 
Preto, a capital do ouro, ocorreram várias manifestações como a Revolta de Felipe dos Santos e a 
Inconfidência Mineira. Outras cidades importantes: Tiradentes, Mariana, São João del-Rei, Diamantina, 
Congonhas do Campo etc.
114
Unidade III
Barroco no Brasil
O estilo barroco chega ao Brasil no século XVIII, 100 anos depois de seu surgimento na Europa, 
trazido pelos portugueses, permanecendo até as primeiras décadas do século XIX. O barroco 
brasileiro formou-se por volta de 1760 e sofreu influências portuguesas, francesas, italianas e 
espanholas, a Igreja se tornou mecenas da arte barroca. Expandiu-se no Nordeste e no Sudeste. 
Iniciou-se no país misturado com o estilo gótico e românico da arte missionária dos Sete Povos das 
Missões no Rio Grande do Sul.
O barroco brasileiro é marcado pela simplicidade exterior e rica decoração interna. Foi introduzido 
aqui com o barroco joanino (português) através dos artistas portugueses como Manuel de Brito e 
Francisco Xavier de Brito.
Com o período aurífero, o estilo barroco português no Brasil voltou-se para a região de Minas Gerais 
e foi aperfeiçoado por grandes artistas como Mestre Valentim no Rio de Janeiro, Antônio Francisco 
Lisboa (Aleijadinho) e Manuel da Costa Ataíde, na região de Ouro Preto.
Os roteiros turísticos pelas cidades históricas mineiras estão localizados em São João del-Rei, 
Congonhas do Campo, Tiradentes, Ouro Preto, Mariana e Diamantina. Na Igreja da Ordem Terceira de 
São Francisco de Assis da Penitência (Ouro Preto), o frontispício (triângulo formado na extremidade 
da fachada ou frontão), os retábulos (altar) laterais, o altar-mor, os púlpitos e o lavabo são de autoria 
de Aleijadinho. No teto da nave, encontra-se uma pintura ilusionista de um grande pintor barroco: 
Manuel da Costa Ataíde. Esses dois artistas ainda estão representados no Passos da Paixão de Cristo 
no Santuário do Bom Jesus dos Matozinhos em Congonhas do Campo, onde foram esculpidos, por 
Aleijadinho, os 12 profetas, em pedra-sabão.
Em 1808, ocorre a transferência da corte portuguesa ao Brasil. Em 7 de março de 1808, dom João 
desembarcou no Rio de Janeiro acompanhado de nobres e burocratas de seu reino. Dom João VI abriu os 
portos às nações amigas, fundou o Banco do Brasil, criou o Jardim Botânico, a Casa da Moeda, a Escola 
de Medicina, a Imprensa Régia e o Teatro Real. Com a missão artística francesa, contratada por dom 
João VI, o Rio de Janeiro transformou-se em um reduto neoclassicista dos trópicos.
Com a chegada de dom João, rei de Portugal, e a transferência da corte de Lisboa para o Rio de 
Janeiro, ocorrem grandes mudanças no Brasil, inclusive do ponto de vista arquitetônico. Chega ao Brasil 
o neoclassicismo, um estilo artístico que começara a ser difundido na Europa na segunda metade do 
século XVIII e que posteriormente substituiria a tradição barroca em nossa arte. Uma das características 
do neoclassicismo (volta da antiguidade clássica grega e romana) era a presença de poucos ornamentos 
na arquitetura, com colunas mais lisas e linhas retas, quase sem enfeites; diferente do barroco, cheio de 
detalhes e linhas curvas. 
Muitas características da arte neoclássica podem ser percebidas em vários edifícios no Rio de Janeiro, 
como o Teatro de Santa Isabel, o Palácio Itamaraty, a Real Biblioteca, que hoje é a Biblioteca Nacional, e 
a Academia Real de Belas-Artes, por onde passaram muitos artistas brasileiros. A arquitetura neoclássica 
é apresentada como uma arquitetura oficial.
115
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Em 1816, chega ao Rio de Janeiro a chamada Missão Francesa, liderada por Lebreton. O arquiteto 
Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny (1776-1850) introduziu o neoclassicismo no Brasil e 
fez adeptos. Encomendada por dom João, a Academia de Belas-Artes teve suas obras paralisadas 
durante anos por ocasião da morte do Conde da Barca, responsável pela vinda de Grandjean. 
O arquiteto se dedicou a projetos como o edifício da Praça do Comércio, já demolido, a Alfândega, 
o antigo Mercado da Candelária e várias residências, além de ter sido o primeiro professor de 
arquitetura do Brasil. Nessa época, outros arquitetos também atuaram – José da Costa e Silva, 
Manuel da Costa e o mestre Valentim da Fonseca e Silva, autor da ornamentação do passeio 
público do Rio de Janeiro.
Roteiros turísticos no Rio de Janeiro: Neoclassicismo
• Quinta da Boa Vista: local onde se instalaram o Museu Nacional (antigo Paço de São Cristóvão), 
que recentemente foi destruído por um incêndio, e o Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Trata-se 
de um enorme parque com lagos, pontes e cascatas artificiais. O Paço de São Cristóvão foi 
residência de dom Pedro I e dom Pedro II até 1889, o museu conta com coleções arqueológicas, 
etnográficas, antropológicas e de história natural. O Museu Nacional foi o mais antigo instituto 
científico do país, fundado por dom João VI em 6 de junho de 1818 com a denominação inicial de 
Casa dos Pássaros.
• Passeio Público: foi construído no Boqueirão da Ajuda em 1788. Em 1835, o jardim foi cercado 
com grades de ferro, e as varandas e os pavilhões foram reformados. Em 1861, o paisagista francês 
Auguste Glaziou foi contratado para reformá-lo a mando de dom Pedro II. Destacam-se o Chafariz 
dos Jacarés, os obeliscos e o portão de autoria de mestre Valentim. O antigo Passeio Público 
localizava-se no atual centro, Cinelândia.
• Palácio Imperial: com a chegada da corte em 1808, o prédio foi oferecido à família 
imperial tornando-se a residência oficial dos monarcas brasileiros, na Quinta da Boa Vista. 
Em estilo neoclássico, seus jardins foram projetados em 1869 por Auguste Glaziou, diretor 
de parques e jardins da casa imperial. Localiza-se na Quinta da Boa Vista em São Cristóvão 
no Rio de Janeiro
• Largo do Boticário: um complexo de sete casas em estilo colonial, lembrando os tempos de dom 
João VI, uma pracinha com um chafariz, todo o chão coberto com pedras pé de moleque. Lá, viveu 
Joaquim Luís da Silva Souto, que foi boticário (farmacêutico) da família real. Fica na rua Cosme 
Velho em Cosme Velho no Rio de Janeiro.
• Jardim Botânico do Rio de Janeiro: foi criado como Real Horto Botânico em 1809 nos jardins da 
Fábrica de Pólvora, construída na mesma época. De início, foram cultivadas especiarias e plantas 
exóticas e, com o tempo, espécimes de todo o Brasil e do mundo. A área do jardim é integrada à 
mata natural das montanhas circundantes. O pórtico da antiga Imperial Academia de Belas Artes 
foi projeto em 1816 pelo francês Grandjean de Montigny e ficavano centro da cidade. Fica na rua 
Jardim Botânico no Jardim Botânico no Rio de Janeiro.
116
Unidade III
• Conjunto do Parque Nacional da Tijuca: reflorestamento da região determinada por dom 
Pedro II para reparar os danos com o desmatamento. O Barão de Escragnolle, auxiliado 
pelo paisagista francês Glaziou, deu continuidade à obra. Lá, encontra-se a cascatinha 
Taunay, queda d’água surgida do encontro das águas dos rios Tijuca, Caveira e Cascatinha, 
homenageando o pintor francês Nicolas-Antoine Taunay, que veio para o Brasil em 1816 com 
a Missão Artística Francesa contratada por dom João VI. Fica no Parque Nacional da Tijuca no 
Rio de Janeiro.
• Automóvel Clube do Brasil: antiga sede do Cassino Fluminense, em estilo neoclássico, foi 
construído em 1855. O edifício conserva seus luxuosos salões da época em que foi cassino e 
recebia figuras ilustres como o Imperador dom Pedro II e sua família. Fica na Rua do Passeio no 
centro no Rio de Janeiro. 
• Casa França Brasil: construída por Grandjean de Montigny, em 1824, como prédio da Alfândega, 
em 1852, foi remodelada. Em 1980, foi decidido utilizar o prédio com fins culturais visando o 
intercâmbio entre os dois países e, em 1990, a Casa França Brasil foi, então, inaugurada. Fica na 
rua Visconde de Itaboraí no centro no Rio de Janeiro.
• Arcos da Lapa: conhecido inicialmente como Arcos da Carioca, o Aqueduto da Lapa foi construído 
em 1724 com a finalidade de levar as águas do Rio Carioca até o centro do Rio. Em 1896, passou a 
ser utilizado como viaduto para o bondinho de Santa Teresa. Localizado na Praça Cardeal Câmara, 
tem o estilo romano de aqueduto e possui 42 arcos de alvenaria.
• Palácio do Catete: de arquitetura neoclássica, foi a sede dos governos republicanos entre 1897 
e 1960, quando a capital brasileira se transferiu para Brasília. O local foi o auge do Estado Novo. 
Getúlio Vargas se suicidou no Catete. Fica na Rua do Catete, no Catete no Rio de Janeiro.
 Lembrete
No Forte das Cinco Pontas, funciona o Museu da Cidade do Recife, o 
lugar onde Frei Caneca foi executado. Lembrando que Frei Caneca foi um 
dos protagonistas da Confederação do Equador ocorrida em 1824. Frei 
Caneca foi executado após tentativas frustradas de enforcá-lo.
6.1 Arquitetura na época imperial
Com a chegada dos imigrantes europeus e com o início do trabalho remunerado, aperfeiçoaram‐se 
as técnicas construtivas. As residências eram dotadas de serviços de água e esgoto. Sob inspiração do 
ecletismo e com o surgimento de novos hábitos das massas urbanas, apareceram as primeiras residências 
citadinas que exigiam modificações nos espaços e nas construções. As residências maiores continham 
jardins ao lado.
117
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
A casa conservava os compartimentos: a parte fronteira era reservada para as salas de visitas e 
abria-se para a rua. Os quartos e uma sala de almoço ficavam em um corredor; na parte central, ficava 
a cozinha; e o banheiro, ao fundo.
Com o calçamento da via pública, foram incorporados pequenos jardins fronteiros aos velhos 
sobrados de frente à rua, provando que as transformações na vida urbana forçaram novas intervenções 
na planta arquitetônica e nos lotes urbanos.
Ecletismo
O ecletismo é a mistura de estilos europeus arquitetônicos do passado, principalmente dos 
estilos surgidos durante o século XIX, que resultou na criação de uma nova linguagem arquitetônica. 
Em geral, a arquitetura eclética propunha o “uso livre do passado” e se caracterizou pela simetria, 
busca de grandiosidade, rigorosa hierarquização dos espaços internos e riqueza decorativa no exterior 
dos edifícios. O ecletismo é marcado pelo aparecimento dos novos (neos) e pela mistura dos estilos: 
neogótico, neorrenascentista e neoclássico. 
No Brasil, a arquitetura eclética foi propagada a partir do academicismo formado na Academia 
Imperial de Belas-Artes e pela sua sucessora, a Escola Nacional de Belas-Artes, ao longo do século XIX. 
Assim, o ensino arquitetônico acadêmico no Rio de Janeiro, que inicialmente privilegiou o neoclassicismo, 
mais tarde adotou o ecletismo de origem europeia, principalmente o francês. O Liceu de Artes e Ofícios 
de São Paulo também disseminou o estudo da arte eclética e a formação de profissionais.
Em São Paulo, o ecletismo arquitetônico foi representado por Ramos de Azevedo, que projetou e 
construiu, para sua filha, a atual Casa das Rosas, em São Paulo. Em Porto Alegre, o ecletismo encontrou 
um grande representante na figura de Theodor Wiederspahn.
A cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, é dos grandes exemplos de arte eclética mais bem 
conservados do país. Seu centro histórico possui edifícios tombados pelo patrimônio histórico. 
Outros exemplos de arquitetura eclética: Edifício Ely em Porto Alegre (1923), Teatro Municipal do Rio de 
Janeiro (1909) e Teatro Municipal de São Paulo (1903).
Art nouveau
No início do século XX, o art nouveau chega ao Brasil importado da França, apresentando novos 
elementos arquitetônicos de ferro forjado e desenvolvimento da decoração de interiores. Segundo as 
características desse estilo, as formas vegetais da natureza foram transportadas com os novos materiais 
de construção, vidro e ferro, como também com a utilização dos materiais tradicionais como o tijolo, a 
pedra aparelhada ou o mármore.
Como exemplos, temos edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras (1868-1933); as construções 
do sueco Karl Ekman (1866-1940), como a Vila Penteado, em São Paulo; e em gradis, portas e móveis 
produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No Rio de Janeiro, um grande exemplo é o interior 
da confeitaria Colombo e as cerâmicas e cartazes do pintor Eliseu Visconti (1866-1944).
118
Unidade III
Arquitetura do ferro
Com a Revolução Industrial e a utilização do ferro na confecção de máquinas industriais, surgiram 
conceitos em todo o século XIX que aproveitavam diferentes tipos de ferro na arquitetura. A técnica 
do ferro foi ainda empregada como elemento decorativo. Esse elemento apresentava vantagens e 
desvantagens em sua utilização. Havia uma ilusão de que resistia mais à combustão do que a madeira, 
era possível também a flexibilização do ferro em grandes vãos. 
Nas cidades, é visível a utilização do ferro nas estações, pontes e malha ferroviária. As construções 
de ferro atingiram seu auge com os 300 metros de altura da torre Eiffel e os 115 metros de vão livre do 
pavilhão de Exposição de Máquinas, ambos construídos por ocasião da Exposição Universal de Paris 
de 1889. 
No Brasil, exemplos de arquitetura do ferro são encontrados nas Plataformas de Embarque na 
Estação do Bananal (São Paulo – 1882), nos mercados públicos de Manaus e Belém (Ver-o-Peso – 1883), 
nas estações ferroviárias em São João del-Rey e Estação da Luz, em São Paulo, nos armazéns do Porto, 
em Porto Alegre e nos coretos em Paranaguá e Manaus.
6.2 Modernismo
Na primeira metade do século XX, as características arquitetônicas mais modernas eram 
encontradas nos edifícios de concreto, nos arranha-céus, na verticalização, na proliferação 
dos bairros proletários, no surgimento dos bairros-jardins e cidades-jardim, nos minipalacetes 
(residências menores, pequenos palácios), nas residências de concreto (Victor Dubugras), no 
desaparecimento dos porões habitáveis, nos edifícios comerciais – padrões de Paris de 1870 etc.
O pensamento modernista foi incorporado aqui no Brasil pelos arquitetos Gregori Warchavchik, Rino 
Levi, Lucio Costa, Flávio de Carvalho. Os modernistas buscavam integrar a arquitetura com a paisagem. 
Eles seguiam a estética racional e funcional, formas geométricas definidas, sem ornamentos, uso de 
pilotis (pilares) a fim de liberar o espaço sob o edifício, superfícies de vidro contínuos nas fachadas em 
vez de janelas tradicionais.
Para Lucio Costa, a arquitetura modernista no Brasil incorporava os princípios europeus com os da 
cultura nacional brasileira. Le Corbusier era considerado um vetor para a difusão de ideias modernas 
da Europa, trazidas para o Brasilem 1936. Ele trabalhou com um grupo de brasileiros durante os 
estudos preliminares no projeto do Ministério da Educação e Saúde em 1936. 
Exemplos de arquitetura modernista no Brasil são a casa de Mina e Gregori Warchavchik, em São 
Paulo; o conjunto habitacional Pedregulho, de Affonso Reidy, no Rio de Janeiro; o Palácio do Planalto, de 
Oscar Niemeyer, em Brasília; a Casa de Vidro, da arquiteta Lina Bo Bardi, em São Paulo; o Museu de Arte 
Moderna, de Affonso Reidy, no Rio de Janeiro; o Parque do Ibirapuera, de Oscar Niemeyer, em São Paulo; 
o edifício Gustavo Capanema no Rio de Janeiro, projeto de Niemeyer e Lúcio Costa com assessoria de 
Le Corbusier.
119
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Figura 14 – Bananal (1927) de Lasar Segall
 Saiba mais
Leia as obras a seguir:
KOCH, W. Dicionário dos estilos arquitetônicos. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
LEMOS, C. A. C. O que é patrimônio histórico. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
6.3 Fazendas de café e engenhos de açúcar 
As fazendas de café situadas em várias regiões do Brasil são importantes atrativos histórico-culturais. 
Relacionadas ao segmento do turismo rural, elas podem ser visitadas temporária ou permanentemente, 
com pernoite, pois muitas delas foram transformadas em hotéis-fazendas. Nelas, o turista pode entrar 
em contato com a vida no campo das pequenas populações rurais a fim de conhecer culturalmente 
determinada época. 
Existem várias rotas turísticas que contemplam as fazendas de café. Na rota turística do norte do 
Paraná, que conta com a visitação em nove diferentes cidades, o turista pode conhecer desde o processo 
de plantação até o produto degustado. 
No sul de Minas Gerais, é possível conhecer a rota especial, que possibilita o passeio em vários 
cafezais. No Espírito Santo, existe a rota dos vales e do café, que passeia pelas cidades de Marataízes, 
Vargem Alta, Mimoso, Muqui e Cachoeiro de Itapemirim, entrando em contato com antigas tradições 
de imigrantes italianos.
O vale do café, no Rio de Janeiro, é um destino para quem busca história, pois a região é produtora 
de café desde 1860. Esse roteiro passa por 15 municípios, incluindo Vassouras, Valença, Barra Mansa, 
Volta Redonda, Resende, entre outros.
120
Unidade III
Em São Paulo, é possível encontrar muitos atrativos cafeeiros, uma vez que o estado foi um grande 
produtor de café, principalmente no século XIX. As fazendas Santa Cecília, em Cajuru; Fazenda Vila 
Rica, em Itatiba; Fazenda Mandaguahy, em Jaú; Fazenda Nova, em Mococa; e Hotel-Fazenda Salto 
Grande, em Araraquara são exemplos de ótimos atrativos culturais. No museu Major Novaes, localizado 
no prédio da Fazenda Boa Vista, na cidade de Cruzeiro, encontram-se móveis e objetos relacionados à 
casa do patrono e de famílias de cafeicultores do século XIX e o arquivo particular da Fazenda Boa Vista, 
contendo cartas enviadas pela família imperial e um amplo arquivo histórico.
Como recurso histórico turístico de engenhos de açúcar no Nordeste, existe o “Roteiro Integrado 
da Civilização do Açúcar”, que reúne diferentes pontos turísticos entre Pernambuco, Paraíba e 
Alagoas. Esse roteiro oferece ao viajante o contato com as referências históricas da chamada 
civilização do açúcar.
Além da visitação aos engenhos, a rota promove a degustação de cachaça artesanal, rapadura, 
açúcar mascavo, além de uma visita aos vestígios onde era o Quilombo dos Palmares em Alagoas.
Em Alagoas, os engenhos mais visitados são Caraçuipe, Gogó da Ema, Brejo dos Bois, entre outros. 
Em Pernambuco, temos os engenhos Cordeiro (do século XVII), Poço Comprido (século XVIII), Água Doce 
e Jundiá. 
 Saiba mais
Pesquise sobre as fazendas de café: 
PIRES, T. F.; PRIORE, M.; CANDURU, R. Fazendas do império. Rio de 
Janeiro: Fadel, 2010. v. 1.
6.4 Origens do turismo no Brasil
O histórico das viagens no Brasil remonta às viagens exploratórias dos portugueses e de 
reconhecimento dos espaços a partir do século XVI quando ocorreu a descoberta do Brasil. A presença 
dos viajantes em terras brasileiras colaborou para que o país fosse desvendado tanto do ponto de 
vista natural quanto cultural.
Os componentes fundamentais dessas experiências se encontravam no instinto de sobrevivência 
e na perspectiva aventureira que essas terras hostis inspiravam. Esse período foi marcado por 
naufrágios e conflitos com os primeiros habitantes do Brasil.
O primeiro relato de um viajante e navegador, Pero Vaz de Caminha, ao rei português dom 
Manuel, foi fundamental para o reconhecimento das terras brasileiras. 
121
HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
No século XVI, de acordo com cartas e relatos dos jesuítas que vieram ao Brasil durante a época 
dos governos gerais, na campanha de catequização, as viagens manifestavam o caráter de obediência 
e resignação que devia acompanhar esses religiosos em seus encargos (ASSUNÇÃO, 2012).
Através dos relatos, crônicas e narrativas dos viajantes e aventureiros, podemos conhecer como 
era a vida social, política e cultural na história do Brasil colônia e como se estabeleceu o contato 
entre viajantes, portugueses e nativos. A presença de viajantes estrangeiros em terras brasileiras 
nos permite entender como ocorreu o “olhar sobre o outro”. 
Alguns desses viajantes do século XVI, que escreveram obras como Hans Staden (Viagem ao 
Brasil, de 1557), André Thévet (As singularidades da França Antártica, de 1557) e Jean de Léry 
(Viagem à terra do Brasil, de 1574), foram fundamentais para a compreensão dos costumes e da vida 
social dos habitantes locais. Os relatos demonstravam a valorização da cultura local.
Assim, apesar de a viagem ser tortuosa, com várias apreensões de outros navios, chuvas 
torrenciais, vermes que surgiram com o apodrecimento do alimento, o itinerário era confortado 
pela recompensa que estava por vir. Os aborrecimentos foram relatados por Jean de Léry em seu 
livro Viagem à terra do Brasil: 
Para cúmulo de nossa aflição na zona tórrida, as contínuas chuvas levaram 
água até os paióis, estragando e mofando a nossa bolacha. E tão pequena 
era a nossa ração, que nos víamos obrigados a comê-la apodrecida sem 
sequer desperdiçar os vermes que entravam por metade, fazendo de tudo 
sopas ou bolos a fim de não morrermos de fome (LÉRY, 1961, p. 68). 
Esses relatos continham impressões e imagens que reforçaram o imaginário nas novas terras 
recém-descobertas. As ilustrações que acompanhavam as narrativas valorizavam o espaço, a fauna e a 
flora e se transformavam em grande compêndio da história do Brasil.
Em períodos intermediários da história, navegadores europeus do século XV, entre eles, Pedro Álvares 
Cabral, Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo e outros, desbravadores do recém-descoberto continente, 
assim como os viajantes europeus que aportaram no Brasil no século XVI, como o cartógrafo alemão Georg 
Marcgraf e os botânicos austríacos Martius e Spix (século XIX), deixaram riquíssimas provas materiais de 
suas práticas de viagem e de suas aventuras nos territórios desconhecidos por onde andaram. 
Théodore de Bry, gravador francês, recolheu todas as imagens e registros publicados nas viagens 
de Staden e Léry, transcreveu os textos e ilustrações desses viajantes e os publicou em Frankfurt no 
ano de 1592. Essa publicação dá uma outra tonalidade às imagens daqueles registros, reforçando 
ainda mais a aceitação da diversidade indígena. De Bry, ao revelar a memória dos viajantes, 
engendra uma nova técnica capaz de desconstruir o imaginário europeu a partir de novos aspectos 
da corporalidade indígena. 
Com os viajantes holandeses, o entendimento do mundo perceptível se distancia cada vez mais das 
concepções cristãs medievais e se aproxima de ideais capazes de unir a arte com a ciência.
122
Unidade III
O conde João Maurício de Nassau-Siegen, quando controlou o Nordeste e administrou Recife (1637), 
trouxe ao Brasil uma comitiva de 46 artistas, cientistas, sábios e artífices para compor o seu governo 
e descobrir, catalogar e preservar espécimes da fauna e flora brasileira, além

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