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SUSEPE Agente Penitenciário UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA 1ª Edição ISBN:978-65-5432-009-2 Todos os direitos desta edição são reservados a Uol Cursos Tecnologia Educacional Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, sem autorização escrita da empresa. Uol Cursos Tecnologia Educacional Ltda. Al: Barão de Limeira, 425 –7º andar 01202-000 São Paulo -SP www.acasadoconcurseiro.com.br ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS VIDEOAULA PROF. FABRICIO MULLER www.acasadoconcurseiro.com.br ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS 3 PROGRAMA: Cultura popular, personalidades, pontos turísticos, organização política e territorial, divisão política, regiões administrativas, regionalização do IBGE, hierarquia urbana, símbolos, estrutura dos poderes, fauna e flora locais, hidrografia e relevo, matriz produtiva, matriz energética e matriz de transporte, unidades de conservação, história e geografia do Estado, do Município e da região que o cerca. Porto Alegre - Novo Hamburgo - Caxias do Sul - Santa Maria - Passo Fundo - Pelotas Tópicos atuais, internacionais, nacionais, estaduais ou locais, de diversasáreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, desenvolvimento sustentável e ecologia. Cultura popular Porto Alegre MÚSICA NATIVISTA No final dos anos 1970 a música nativista havia se expandido para o Brasil com os CTG’s (Centro de Tradições Gaúchas) e Os Almôndegas era um nome consagrado no centro do país. Na época os músicos do estado enfrentavam a dificuldade de que não contavam com uma gravadora de discos local, de forma que os artistas tinham que se deslocar até o eixo Rio - São Paulo, para poderem fazer os seus registros. Em 1978 o Estúdio ISAEC de Porto Alegre adquire uma mesa de gravação de 16 canais com o objetivo de lançar um selo (a gravadora ISAEC) e, no mesmo ano, lança a coletânea Paralelo 30, considerado um marco na música urbana do Rio Grande do Sul. O álbum, produzido pelo jornalista e crítico musical Juarz Fonseca,, reuniu seis compositores/ intérpretes: Bebeto Alevs, Carlinhos Hartlieb, a Raul Ellwanger, Cláudio vera Cruz, Nando D’Ávila e Nelson Coelho de Castro, cada um com duas canções registradas. Esse álbum foi o início de uma experiência no desenvolvimento de uma indústria fonográfica na capital do Rio Grande do Sul, voltada, no primeiro momento, para o registro sonoro da música urbana.Em setembro de 1982 o produtor Ayrton "Patineti" dos Anjos criou o Festival Música Popular Gaúcha Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O show foi uma resposta a uma provocação de um produtor carioca ao ver um show nativista, perguntando o que mais havia em Porto Alegre. Respondeu Patineti que havia a MPG, se referindo aos músicos da cidade. Durante cinco noites de shows se apresentaram Carlinhos Hartlieb, Jerônimo Jardim, Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro, Geraldo Flach, Raul Ellwanger, Marulo Kwitko, Pery Souza, Galileu Arruda e Berenice Azambuja, e o festival foi responsável por apresentar a MPG para o Brasil e por abrir portas no centro do país para muitos desses artistas. O festival ainda seria realizado em Porto Alegre, Santa Maria e Tramandaí. Em 1985 o espetáculo também virou disco. ROCK No início dos anos 1980 o rock do Brasil, começa a se popularizar com bandas como a carioca BLITZ, o que abriu espaço para o gênero se desenvolver no Rio Grande do Sul. Artistas como Alemão Ronaldo, Fughetti Luz (ambos do 4 Bixo da Seda), Joe Euthanásia e Júlio Reny fazem a transição do rock dos anos 70 para os 80, criando bandas como Taranatiriça, Bandaliera, Guerrilheiro Anti-nuclear, Expresso do Oriente, entre outras, assim como os veteranos do Grupo Impacto, que emplacaram alguns hits nas rádios locais. Em 1980 começou a funcionar um dos principais espaços do rock alternativo em Porto Alegre, o Bar Ocidente , e foi também um canal para a introdução de novas tendências internacionais. Ele atraiu a maior parte do público intelectual e universitário, da boêmia e de grupos contestadores que eram marginalizados e haviam perdido seus pontos de encontro favoritos. Entre 1984 e 1985 se deu a chamada explosão do rock gaúcho.Com o advento da Ipanema FM como a rádio rock de Porto Alegre, o gênero encontrou espaço para crescer e foram formadas novas bandas, como Taranatiriça, Garotos da Rua, Os Replicantes e Astaroth.Essas bandas fariam parte da coletânea Rock Garagem, de 1984, produzida pela rádio e que serviu de cartão entrada para a nova geração, e encontraram espaço para apresentarem trabalhos autorais em bares e danceterias que foram surgindo na capital gaúcha voltados especificamente ao público jovem, como Taj Mahal, Bar Ocidente, Porto de Elis, Opinião, Rocket 88, dentre outros. O dia 11 de Setembro de 1985, é considerado um dia histórico para o rock gaúcho. Pela primeira vez, com o festival Rock Unificado, bandas da cena local foram atração principal no ginásio Gigantinho, até então palco de estrelas nacionais e internacionais. Apresentaram-se na ocasião 10 bandas que incluíam desde Garotos da Rua, que já se destacava na Capital e também pelo Interior, a formações mais recentes, como Engenheiros do Hawaii e TNT. SAMBA O samba também tem um espaço importante na cultura popular de Porto Alegre. O primeiro Carnaval de Corso, em Porto Alegre, foi em 1874, segundo narra Athos Damasceno em sua obra O Carnaval Porto-alegrense no Século XIX. Mas, antes disso, já se fazia alguma coisa. No livro de Athos, encontra-se a afirmação sobre os fundadores da cidade: "Nosso ancestral açorita tratou de trazer para cá – e trouxe mesmo – todos os teres e haveres de seu afamado tesouro cultural". O acervo português, trazido de além-mar, incluiu as festas populares. Em 1946, houve a fundação da primeira tribo carnavalesca, exclusividade gaúcha, Os Caetés. Depois, vieram Xavantes, Tapuias, Bororós, Aimorés e Araxaneses. Foi categoria de muito brilho, atraindo turistas dos países vizinhos, que tinham preferência pelas lendas, hinos e coreografias de nossos índios carnavalescos. Hoje, duas apenas são ativas: Guaianazes e Comanches. A Rainha do Carnaval, Raquel Sampaio, é uma índia bonita dos Guaianazes. Outro ponto forte da Cultura Popular de Porto Alegre, são as feiras feiras de rua, que vendem desde alimentos, até artesanato e os Briques (do francês bric-à-brac, às vezes chamado brique- a-braque ou apenas brique, se refere a coleções de diversos e velhos objetos de artesanato ou arte, tais como antiguidades, bijuterias, móveis, vestuários, entre outros). Há inclusive um órgão da Prefeitura, A Divisão de Fomento ao Artesanato da SMDE (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico) que promove a organização de feiras e briques em Porto Alegre CULTURA AFRO Foi nas cidades, especialmente em Porto Alegre, que os negros começaram a ensaiar formas de resistência ao domínio branco, e os quilmbos, formados com escravos fugidos, teriam um papel importante na preservação da sua história, cultura e identidade e nas lutas pela liberdade. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 5 Há na capital, o Percurso Negro, que evoca a presença, a memória, o protagonismo social e cultural dos africanos e descendentes no Centro Histórico da cidade de Porto Alegre, cuja pesquisa histórico antropológica indicou os lugares vivenciados pelos negros, a fim de elaborar objetos de arte representativos, como no Cais do Porto e antigos Ancoradouros; no Largo da Quitanda (Praça da Alfândega); no Pelourinho (Igreja das Dores); no Largo da Forca (Praça Brigadeiro Sampaio) e Esquina do Zaire (Av. Borges de Medeiros com Rua da Praia). No entorno, a partir das redes de relações sociais dos negros cativos e livres, temos a Igreja da Nossa Senhora do Rosário, o Mercado Público e a Santa Casa de Misericórdia, a Colônia África e o Areal da Baronesa. Negros do Rio Grande do Sul em 1852 aquarela de Hermann Wendroth Nossa Senhora dos Navegantes A Igreja de Nossa Senhora dosNavegantes é um dos templos católicos mais populares da cidade de Porto Alegre. É o foco de uma das maiores procissões da cidade no dia 2 de fevereiro. Mosaico assinalando a entronização do Bará (orixá) do Mercado Público de Porto Alegre. 6 Criada por iniciativa dos livreiros e editores gaúchos com apoio do jornalista Say Marques, diretor-secretário do Diário de Notícias, a Feira do Livro de Porto Alegre foi inaugurada em 1955. O evento é considerado referência no país por seu caráter democrático e pela consistência do trabalho que desenvolve na área da formação de leitores e de mediadores da leitura, além de programação cultural 100% gratuita. Ela é realizada desde sua primeira edição na Praça da Alfândega, Centro Histórico da capital gaúcha. A Feira na Praça é dividida em Área Geral, Área Internacional e Área Infantil e Juvenil. Centenas de escritores, ilustradores, contadores de histórias e outros profissionais participam do evento, que conta com sessões de autógrafos, mesas-redondas, oficinas, palestras e programações artísticas, entre outras atividades. Alguns desses eventos são realizados no Memorial do Rio Grande do Sul, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Auditório da Livraria Paulinas, Auditório do Margs e Auditório da Inspetoria da Receita Federal. Em 2020, em função da pandemia, a Feira acontece, excepcionalmente, em ambiente virtual. Em 2006, a Feira do Livro de Porto Alegre recebeu a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República, que a reconheceu como um dos mais importantes eventos culturais do Brasil.Um ano antes, havia sido declarada bem do Patrimônio Cultural Imaterial do Estado e, em 2010, foi o primeiro bem registrado, pela Prefeitura de Porto Alegre, como integrante do Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da cidade. A 66ª edição ocorre de 30 de outubro a 15 de novembro de 2020, por meio da plataforma on-line, preservando com inovação o maior evento cultural do Estado do Rio Grande do Sul. PERSONALIDADES DE PORTO ALEGRE: Osvaldo Aranha: nascido em 1894, o alegretense foi um dos políticos brasileiros mais influentes do século 20. Ministro da Fazenda e das Relações Exteriores em governos de Getúlio, ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 7 como presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (1947/48), dirigiu os trabalhos da sessão que aprovou a criação do estado de Israel. Landell de Moura: nascido em 1861, o padre católico porto-alegrense se notabilizou como cientista. Ficou conhecido por seus experimentos em telecomunicação e foi pioneiro ao conseguir a transmissão de som e sinais telegráficos sem fio, por meio de ondas eletromagnéticas, origem do telefone e do rádio. Sarmento Leite: nascido em 1868, o médico porto-alegrense foi um dos fundadores, com Protásio Alves, da atual Faculdade de Medicina da Sarmento Leite: nascido em 1868, o médico porto-alegrense foi um dos fundadores, com Protásio Alves, da atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1898. Foi professor catedrático de anatomia e tornou-se patrono,depois de ser diretor da faculdade por 20 anos., em 1898. Foi professor catedrático de anatomia e tornou-se patrono,depois de ser diretor da faculdade por 20 anos 8 Mário de Miranda Quintana: Apesar de não ter nascido em Porto Alegre, é uma figura muito presente na história da Capital Gaúcha. Foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Mário Quintana fez as primeiras letras em sua cidade natal (Alegrete-RS), mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo e depois na farmácia paterna. Elis Regina: Nasceu em 17 de março de 1945 em Porto Alegre, RS. Foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Com técnica e garra, lançou alguns dos principais compositores brasileiros, como João Bosco e Aldir Blanc, Renato Teixeira, Fátima Guedes entre outros. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 9 Lupicínio Rodrigues: Lupi, como era chamado desde pequeno, compôs marchinhas de carnaval e sambas-canção, músicas que expressam muito sentimento, principalmente a melancolia por um amor perdido. Foi o inventor do termo dor-de-cotovelo, que se refere à prática de quem crava os cotovelos em um balcão ou mesa de bar, pede um uísque duplo, e chora pela perda da pessoa amada. Ronaldo de Assis Moreira: Mais conhecido como Ronaldinho Gaúcho ou simplesmente Ronaldinho. Nascido em Porto Alegre em 21 de março de 1980. É um ex jogador de futebol que atuava como meia-atacante. Venceu o prêmio Melhor Jogador de Mundo em 2004 e 2005, época em que viveu o grande auge de sua carreira. Foi o primeiro futebolista na história a ter conquistado a Champions League, a Libertadores, a Copa do Mundo e a também ter sido eleito o Melhor do Mundo. Pontos turísticos Porto Alegre 10 Usina do Gasômetro: Usina do Gasômetro, ou simplesmente Gasômetro, é uma antiga usina brasileira de geração de energia localizada na Orla do Rio Guaíba. Casa de Cultura Mario Quintana: Originalmente Hotel Majestic, é um prédio histórico brasileiro e um centro cultural da cidade de Porto Alegre, um dos maiores e melhor aparelhados do Brasil. A Casa foi nomeada em homenagem a um dos maiores poetas brasileiros,Mário Quintana, nascido na cidade gaúcha de Alegrete, mas que adotou Porto Alegre como sua cidade de coração. O escritor viveu no hotel entre 1968 e 1980, no apartamento 217. Teatro São Pedro: O Teatro São Pedro é um teatro brasileiro localizado na cidade de Porto Alegre, e é o teatro mais antigo da cidade. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 11 Igreja da Dores: A Igreja Nossa Senhora das Dores é uma igreja católica localizada na cidade de Porto Alegre, à Rua dos Andradas,587. É a mais antiga igreja da cidade ainda de pé. Mercado Público: O Mercado Público de Porto Alegre é um centro de abastecimento no coração da cidade. Inaugurado em 1869, sobre o primeiro aterro da cidade, conta com 106 estabelecimentos com um mix diferenciado de atividades. Com um diferencial de atendimento, não existe nenhuma loja com o sistema de auto serviço. Por conta disso, somos aproximadamente 1200 pessoas trabalhando diretamente no local. O Mercado Público também atua como espaço para manifestações culturais e comunitárias da cidade, sendo cultuado por religiões afro por ter um importante assentamento de Bará. Orla do Guaíba: Nos fins de semana, a avenida que costeia o lago, a Beira-Rio, é fechada para carros e dá espaço a ciclistas, skatistas, pedestres e moradores em geral, que munidos de uma garrafa térmica e uma cuia de chimarrão, contemplam o sol desaparecer no horizonte. 12 Museu Iberê Camargo: Projetado pelo famoso arquiteto português Álvaro Siza, a Fundação Iberê Camargo, reúne obras do importante artista plástico gaúcho Iberê Camargo, além de abrigar exposições itinerantes. De dentro, os blocos de concreto que forma o moderno prédio são recortados por pequenas janelas de vidro, de onde é possível ver o Guaíba, logo à frente. Parque da Redenção: Está entre os espaços públicos mais movimentados está o Parque Farroupilha, mais conhecido como Redenção.Aos sábados de manhã, uma feira orgânica toma conta de uma das ruas laterais do parque, a Rua José Bonifácio. Aos domingos, é a vez do Brique da Redenção,, a mais famosa feira da cidade, que reúne artesanato e antiguidades. Arena Grêmio: Inaugurada em 2012, a Arena do Grêmio está localizada em uma região próxima ao Aeroporto Salgado Filho e tem capacidade para mais de 55 mil torcedores. Na Arena é possível visitar o Museu do Grêmio e também fazer um tour de bastidores pelos vestiários, corredores e interior do estádio ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 13 Estádio Beira-Rio: A casa do Internacional, fica às margens do Guaíba (bem próximo ao Museu Iberê Camargo). O estádio também oferece visita guiada e há um museu e uma loja de artigos colorados.Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa - Abrange todos os setores de comunicação, da imprensa escrita, à publicidade e propaganda, televisão, vídeo, cinema, rádio e fonografia. Promove cursos, palestras e exposições temporárias. Rua dos Andradas, 959. De segundas a sextas, das 14h às 19h; sábados, das 9h às 14h. Tel: (051) 224-4252. Museu de Porto Alegre - (Solar Lopo Gonçalves) O acervo conta com 357 peças catalogadas, com 39 coleções, 5 mil fotografias da cidade, acervo arqueológico com 6 mil evidencias, miniaturas de antigas residências açorianas. Rua João Alfredo, 582. Tel: (051) 221-6622. De terça à Domingo das 9h às 12h e das 12h30 às 18h. Brique da Redenção - Tradicional feira da cidade que acontece aos domingos, das 9h às 16h. Antigüidades, artesanatos, artes plásticas e eventos culturais paralelos. Av. José Bonifácio (junto ao Parque Farroupilha). Brique da Tristeza - Artesanato e artes plásticas, com área infantil e shows. Aos sábados, das 10h às 18h Av. Wenceslau Escobar, 1886 (ao lado do Supermercado Nacional). Casa do Artesão - Cursos, comercialização de artesanatos, exposições e cadastramento de artesões. Rua Dr. Flores, 455. fone: 226-3055, das 9h às 18h. Arte na Praça - Integrado ao Brique, uma galeria ao ar livre com comercialização de telas, esculturas, fotografias, aquarelas, desenhos, caricaturas, xilogravuras entre outros. Apresentações de dança, música, teatro e declamação poética. Feira da Praça da Alfândega - Exposição de objetos em couro, bijuterias de metal, prata, alpaca, latão, tecido, entalhe em madeira e pintura a óleo. De segunda a sábado, das 9h às 19h, na Praça da Alfândega. Feira da Cidade Antiga - Oferece culinária típica afro-brasileira, alemã, russa, chilena, peruana, italiana, comida campeira e peixe na taquara. Aos sábados, das 10h às 17h. Praça Brigadeiro Sampaio (Início da Rua dos Andradas) Feiras Ecológicas - Aos sábados, das 7h 30 às 12h 30. Av. José Bonifácio (Feira Coolméia - Junto ao Parque Farroupilha) e Av. Princesa Isabel (Esquina com Gomes Jardim) Museu do Exército - Rua dos Andradas em frente a Igreja Nossa Senhora das Dores. A entrada é franca e funciona de segunda a sexta das 09:00 as 17:00. Museu do Banco Meridional - Construção em estilo neoclássico (1927/1932). Apresenta a história do dinheiro e dos bancos, com coleção de cédulas antigas, moedas, máquinas utilizadas 14 em bancos. Rua 7 de setembro, 1028. Tel: (051) 287-5000 ramal 5269. Segunda à sexta das 10h às 16h. Museu do Trabalho - Inaugurado em dezembro de 1982, apresenta acervo composto por equipamentos e materiais que retratam a evolução das atividades produtivas no RS e sua dimensão sociológica. Rua dos Andradas, 230 - Centro -Tel.: (051)227.1450. De terças a domingos, das 13h às 18h Laçador - Estátua em bronze que representa o gaúcho em sua vestimenta típica campeira. Foi executada pelo escultor Antônio Caringi e inaugurada em 1954. Na Praça do Bombeador, bairro São João, na entrada da cidade para quem vem da BR-116. Monumento à Júlio de Castilhos - Com 22,5m de altura, foi executado na França pelo escultor brasileiro Décio Villares e inaugurado em janeiro de 1913. Praça Mal. Deodoro (Praça da Matriz). Fonte Talavera de La Reina - Foi doada à cidade pela colônia espanhola de Porto Alegre em 1935, por ocasião do Centenário da Revolução Farroupilha. Sinaliza o marco zero da cidade. Praça Montevidéo, em frente à Prefeitura Municipal. Monumento ao Expedicionário - Construído em granito, apresenta-se como um duplo Arco do Triunfo e foi inaugurado em 1953 numa homenagem à Força Expedicionári Brasileira. Parque Farroupilha (Redenção). Ponte de Pedra - A ponte, de três arcos planos, concluída em 1854, permitia a ligação viária do centro com as antigas chácaras da cidade. Foi tombada pelo município em 1979. Parque dos Açorianos - Centro. Organização política e territorial Porto Alegre A cidade de Porto Alegre, apresenta a maior densidade demográfica no estado e maior dinâmica econômica entre as demais. Seu prefeito é Nelson Marchezan Júnior, que será sucedido por Sebastião Melo e janeiro de 2021. Área Territorial: 495,390 km² População Estimada: 1.488.252 pessoas Densidade Demográfica: 2.837,53 hab/km² Escolarização: 6 a 14 anos 96,6 % IDHM (Índice de desenvolvimento humano municipal): 0,805 O estado do Rio Grande do Sul, conforme os ditames contidos na Carta Constitucional da República Federativa do Brasil, é governado por três poderes, o Executivo, representado pelo Governador, o Legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, e o Judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e outros tribunais e juízes. Além dos três poderes, o estado também permite a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. O Poder Executivo, gaúcho está centralizado no governador do Estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto pela população para mandatos de até quatro anos de duração, ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 15 podendo ser reeleito para mais um mandato. Sua sede é o Palácio Piratini, que desde 1921, é a sede do governo gaúcho. A maior corte do Poder Judiciário Estadual é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, localizada no Centro de Porto Alegre. Há também um Tribunal de Justiça Militar. O Poder Legislativo do Rio Grande do Sul é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, localizado no Palácio Farroupilha. Ela é constituída por 55 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação gaúcha é de 3 senadores e 31 deputados federais. O Rio Grande do Sul está dividido em 496 municípios. O mais populoso deles é a capital, Porto Alegre, com 1,4 milhões de habitantes, sendo a cidade mais rica do estado. Sua região metropolitana, possui aproximadamente 4,1 milhões de habitantes. A geografia de Porto Alegre é, como na maioria das grandes cidades, heterogênea. A maior parte da cidade de Porto Alegre é cercada por prédios. A área do município de Porto Alegre é de 470,25 km² (Censo IBGE/2000). Destes, 44,45 km² estão distribuídos nas 16 ilhas do Delta do Jacuí sob jurisdição do município. Atualmente a cidade conta com 94 bairros. Possui um relevo montanhoso na região mais ao sul, apresentando morros, sendo o mais alto deles o Morro Santana, com 311 metros de elevação acima do nível do mar. A cidade ainda possui 70 km de margens banhadas pelo Lago Guaíba. Ainda existem algumas áreas do território sem denominação oficial (zona indefinida) e que são conhecidas por "apelidos", como é caso do Morro Santana, Passo das Pedras e Aberta dos Morros. Atualmente a cidade conta com 94 bairros oficiais. Os cinco mais populosos e suas respectivas áreas, segundo dados do censo do IBGE de 2010, recalculados pelo ObservaPoa, são: ● Sarandi: 59 711 moradores ● Lomba do Pinheiro: 58 106 moradores ● Restinga: 53 508 moradores ● Paternon: 48 160 moradores ● Santa Tereza: 39 577 moradores Regiões administrativas Porto Alegre Territorialização da Cidade ● Cidade de Porto Alegre sem Contornos; ● Regiões de Planejamento da Cidade; ● Regiões dos Orçamento Participativo; ● Bairros de Porto Alegre. Serviços Municipais Regionalizados na Cidade 16 ● Região 1 - Ilhas e Humaitá/Navegantes; ● Região 2 - Norte e Nordeste; ● Região 3 - Leste; ● Região 4 - Paternon; ● Região 5 - Glória, Cruzeiro e Cristal; ● Região 6 - Sul e Centro Sul; ● Região 7 - Restinga e Extremo Sul; ● Região 8 - Centro; ● Região 9 - Lomba do Pinheiro; ● Região 10 - Eixo Baltazar e Nordeste. Regionalização do IBGE Divisão política Porto Alegre Limites do Município de Porto Alegre Norte: Canoas Nordeste: Cachoeirinha e Alvorada Leste:Viamão e Oeste: Eldorado do Sul Região Geográfica Intermediária Porto Alegre Região Geográfica Imediata Porto Alegre Novo Hamburgo-São ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER17 Leopoldo Tramandaí-Osório Taquara-Parobé-Igrejinha Camaquã Charqueadas-Triunfo-São Jerônimo Montenegro Torres Número de municípios por Região Geográfica 90 23 22 10 06 09 06 07 07 Hierarquia urbana Porto Alegre A hierarquia urbana é a maneira como as cidades organizam-se dentro de uma escala de subordinação. Na prática, ocorre quando vilas e cidades menores subordinam-se às cidades médias, e estas se subordinam às cidades grandes. Por meio da hierarquia urbana, pode-se conhecer a importância de uma cidade e a sua relação de subordinação ou influência sobre as outras que estão à sua volta. Essa teoria não é estabelecida apenas pelo tamanho da cidade ou pelo contingente populacional, mas especialmente pela quantidade e variedade de bens e serviços oferecidos. Quanto maior é a sua importância no processo produtivo, maior é a sua colocação na hierarquia urbana. A ideia de hierarquia urbana, especialmente na atualidade, está vinculada ao conceito de rede urbana, que nada mais é do que a rede de relações econômicas, sociais e culturais que integram as cidades. A rede urbana apresentada neste item é resultado do estudo Rede de Influência das Cidades do IBGE. Nesse estudo, o IBGE atualiza o quadro de referência da rede urbana brasileira de estudos já realizados e publicados em 1972, 1987, 2000 e 2008. Nele, a rede urbana está estruturada em duas dimensões: a hierarquia dos centros urbanos, dividida em cinco níveis; e as regiões de 18 influência, identificadas pela ligação das cidades de menor para as de maior hierarquia urbana. O elo final de cada rede são as Metrópoles, para onde convergem as vinculações de todas as Cidades presentes no Território Nacional. As cidades brasileiras foram classificadas em cinco grandes níveis e estes subdivididos em dois ou três subníveis: 1. Metrópoles – centros urbanos que caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área de influência direta. Possui três sub-níveis: Grande Metrópole Nacional, Metrópole nacional e Metrópole. 2. Capitais Regionais – centros urbanos com alta concentração de atividades de gestão, mas com alcance menor em termos de região de influência em comparação com as Metrópoles. Possui também três subdivisões: Capital Regional A, Capital regional B e Capital Regional C. 3. Centro Sub-Regionais – centros com atividades de gestão menos complexas, com áreas de influência de menor extensão que as das Capitais Regionais. Subdivididos em dois grupos: Centro Sub-Regional A e Centro Sub-Regional B. 4. Centros de Zona – nestas as cidades caracterizam-se por menores níveis de atividades de gestão, polarizando um número inferior de Cidades vizinhas em virtude da atração direta da população por comércio e serviços baseada nas relações de proximidade. Estão subdivididos em Centro de Zona A e Centro de Zona B. 5. Centros Locais – cidades que exercem influência restrita aos seus próprios limites territoriais, apresentam fraca centralidade em suas atividades empresariais e de gestão pública, geralmente tendo outros centros urbanos de maior hierarquia como referência para atividades cotidianas de compras e serviços de sua população, bem como acesso a atividades do poder público e dinâmica empresarial. No Rio Grande do Sul a capital representa o mais alto nível nesta classificação. A rede de Porto Alegre se caracteriza por uma importante centralidade da Capital dentro de seu Estado, mas também por um número expressivo de níveis hierárquicos intermediários. No total, a rede de Porto Alegre possui seis Capitais Regionais: as Capitais Regionais B do Arranjo Populacional de Caxias do Sul/ RS e do Município de Passo Fundo (RS), acompanhadas pelas Capitais Regionais C dos Arranjos Populacionais de Lajeado/RS, Santa Cruz do Sul/RS, Santa Maria/RS e Pelotas/RS. Há ainda um número elevado de Centros Sub-Regionais (39 centros urbanos). A rede da Capital gaúcha apresenta uma série de Centros Sub-Regionais e mesmo Centros Locais que se reportam diretamente à Capital, ignorando as Cidades de centralidade intermediária. Essa situação é particularmente pronunciada na metade sul do Estado, caracterizada por uma densidade populacional mais baixa. Na porção norte, de maior fragmentação territorial dos Municípios, ainda há redes de Centros Locais subordinados a Centros Sub-Regionais. Contudo, estes últimos – como o Arranjo Populacional de Santo Ângelo/RS e os Municípios de Santa Rosa (RS), Ijuí (RS) e Cruz Alta (RS) – se ligam a Porto Alegre contornando as Capitais Regionais mais próximas. A rede de Porto Alegre se restringe ao território do próprio Estado. Símbolos Porto Alegre ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 19 Brasão de Porto Alegre Bandeira de Porto Alegre Hino de Porto Alegre Porto Alegre Valerosa Porto Alegre "Valerosa" Com teu céu de puro azul És a jóia mais preciosa Do meu Rio Grande do Sul Tuas mulheres são belas Têm a doçura e a graça Das águas, espelho delas, Do Guaíba que te abraça E quem viu teu sol poente Não esquece tal visão Quem viveu com tua gente Deixa aqui teu coração. Estrutura dos Poderes Porto Alegre 20 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 21 TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DO RS TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4 REGIÃO TRIBUNAL JUSTIÇA CÂMARA MEDIAÇÃO ARBITRAGEM DA CENTRAL VALORES DO MERCOSUL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PORTO ALEGRE JUSTIÇA FEDERAL 1ª VARA CRIMINAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4 REGIÃO TRIBUNAL JUSTIÇA TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO Fauna e flora locais Porto Alegre Considerada a cidade mais arborizada do Brasil, ostenta cerca de 1.000.000 de árvores em vias públicas, de 189 espécies, sendo as mais frequentes a extremosa, ligustro, jacarandá, ipês, jacarandás e flamboyãs. Há espécies ameaçadas de extinção protegidas em Unidades de Conservação municipais de Porto Alegre, tais como o Bugio (Alouatta guariba), um macaco que alimenta-se de folhas e frutos e que necessita de amplas áreas de vegetação florestal para sobreviver. Da mesma forma, proteger os processos ecológicos é importante, porque a manutenção dos mesmos propicia condições para que haja vida neste planeta.Um dos objetivos da preservação é prevenir a simplificação dos sistemas naturais decorrente da perda de biodiversidade, resultante da ocupação humana do território e de suas atividades. Para citar um impacto negativo da perda de biodiversidade sobre nossa sociedade, pode-se dizer que plantas com potencial farmacológico deixam de ser conhecidas e pesquisadas, e remédios deixam de ser produzidos por consequência disso. Ao redor de Unidades de Conservação existem zonas de amortecimento, as quais tem o objetivo de evitar, minimizar e compensar impactos negativos sobre elas. Para atingir esse objetivo, nestas zonas as atividades humanas estão sujeitas às normas, restrições e usos específicos. Estes itens, fazem parte de um documento técnico intitulado “Plano de Manejo” da Unidade de Conservação. No Plano de Manejo se estabelecem o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais. Nas páginas das Unidades de Conservação de Porto Alegre é possível obter cópias digitais dos Planos de Manejo já instituídos. As áreas naturais preservadas em cidades constituem um importante indicador de qualidade de vida para a população, bem como um abrigo para a fauna. Em Porto Alegre, as áreas preservadas abrigam diferentes espécies da flora nativa, inclusive várias ameaçadas de extinção. 22 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 23 24 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 25 26 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 27 28 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 29 30 Hidrografia e relevo Porto Alegre Geologicamente a estruturado terreno portoalegrense é muito antiga. A cidade está localizada dentro dos limites da Bacia do Paraná, uma extensa bacia sedimentar que se estende para o norte até o centro do Brasil, cujos primeiros sedimentos foram depositados no Paleozóico, com vários acúmulos posteriores. Localmente o relevo da cidade é dominado pelo Maciço de Porto Alegre, parte do Cinturão Dom Feliciano, formado entre 2 e 2,4 bilhões de anos atrás e responsável pela existência da cadeia de morros que circunda a cidade. Os morros mais elevados são o Morro Santana, com 331m, o Morro da Polícia, com 291m, e o Morro Pelado, com 298m. A altitude média da cidade é de 10 m acima do nível do mar. Na hidrografia local a formação mais importante é o lago Guaíba, popularmente chamado "rio Guaíba", que limita a cidade a oeste e cujas águas se acumulam no recesso de uma falha geológica que tem origem na cidade de Osório e termina na região de Guaíba, e que são contidas por uma barragem natural na altura da ponta de Itapuã. No lago deságuam os rios acima citados, recebendo também outros tributários menores. A região litorânea possui várias praias, mas sua balneabilidade é comprometida pela poluição. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 31 32 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 33 Matriz produtiva Porto Alegre Número de empregados, massa salarial e média salarial Porto Alegre é a 6ª maior economia do Brasil 34 ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 35 Matriz Energética Porto Alegre 36 A oferta de energia no Estado provém de usinas hidrelétricas, de termoelétricas a óleo combustível, a gás natural e a carvão mineral, e de fontes alternativas de energia como eólica e pequenas centrais termo e hidrelétricas. O Rio Grande do Sul vem investindo, ainda, no desenvolvimento de biocombustíveis como biodiesel, etanol e biogás. O Estado já conta, em 2015, com nove usinas para a fabricação de biodiesel, com produção anual de 606 milhões de litros e capacidade nominal anual para produzir 1.363 milhões de litros, sendo o maior produtor nacional (ANP, 2015). Unidades de conservação Porto Alegre As Unidades de Conservação administradas pelo município de Porto Alegre são: o Parque Natural Municipal Saint´Hilaire, o Parque Natural Morro do Osso, a Reserva Biológica do Lami e o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro. Parque Natural Municipal Saint’Hilaire O Parque Natural Municipal Saint’Hilaire é uma Unidade de Conservação da Natureza do grupo de Proteção Integral de 1.148 ha, cujos objetivos de proteção da área estão contidos no Decreto 14.289, de 16 de setembro de 2003, que o enquadrou no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e mais recentemente no Sistema Municipal de Unidades de Conservação do Município de Porto Alegre. Os objetivos legais do Parque são: I - proteção e preservação dos ecossistemas e da diversidade biológica; II - obtenção de conhecimentos científicos básicos e incentivo à pesquisa; ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 37 III - integração da Unidade de Conservação com o entorno; IV - educação sócio-ambiental continuada; V - operacionalização da Unidade de Conservação; VI - revisão periódica do Plano de Manejo. Histórico Desde 1898, a antiga Companhia Hidráulica Porto Alegrense, proprietária de grande parte da área, captava água com fins de distribuição à população. Na década de 1940, foi construída a Barragem da Lomba do Sabão, um reservatório para captação de Água com 75 ha de lâmina d'água. A água, captada e tratada, era bombeada para a Hidráulica Moinhos de Vento em Porto Alegre, para distribuição à população. O recalque da água utilizava a madeira para gerar energia, motivo pelo qual a Companhia plantou eucaliptos no local. A importância hídrica foi o motivo pelo qual a Prefeitura de Porto Alegre adquiriu a área em 1944, com fins de proteção da qualidade ambiental da bacia hidrográfica e suas águas. Pela Lei 16, de 29 de novembro, de 1947, passou a ser denominado “Jardim Botânico Municipal Parque Saint’Hilaire”. O nome homenageava o conhecido naturalista e viajante francês Augustin François Cesar Provensal Saint´Hilaire, que deixou um vivo relato sobre aspectos sociais e naturais do Rio Grande do Sul em seu livro Viagem ao Rio Grande do Sul, de 1820. O Jardim Botânico era administrado pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). Com a criação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (Smam), em 1977 o então Jardim Botânico passou a ser administrado por esta secretaria sob a denominação de “Parque Saint’Hilaire”, sendo separado em duas áreas: uma de Preservação Permanente com 950 ha e outra de 230 ha destinada à recreação pública. Em 2003 o Parque foi enquadrado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, passando a denominar-se Parque Natural Municipal Saint’Hilaire. Seu espaço foi dividido em 8 zonas de uso pelo Plano de Manejo elaborado em 2002, zoneamento este que passou a valer em relação à subdivisão em áreas de preservação e recreação determinada anteriormente. Parte do espaço é considerado área de uso intensivo onde é permitida a visitação, havendo ainda áreas intangíveis, dentre outras caracterizadas no zoneamento do Plano de Manejo. A área de uso intensivo conta com churrasqueiras, quiosques e canchas esportivas. Importância Ambiental O Parque abriga mais de 50 nascentes, as mais distantes da foz do Arroio Dilúvio, possuindo papel fundamental na conservação da bacia hidrográfica. A fitogeografia do Parque é formada pela Floresta Estacional Semi Decidual, ecossistema associado ao Bioma Mata Atlântica, a segunda maior floresta em diversidade biológica e também a segunda mais devastada do planeta, considerada área prioritária para conservação da biodiversidade. A composição da vegetação é dada por 450 ha de mata nativa e cerca de 300 ha de campo nativo. O campo nativo conta com áreas expressivas de butiazais, além de banhados. O butiazal é uma formação altamente ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul, devido à expansão urbana, agrícola e pecuária. Entre 1944 e 1946, antes da criação do parque, foram plantados cerca de 450 mil árvores de diferentes variedades de eucaliptos, sobre as áreas de campo nativo. Atualmente, há 120 hectares de Eucalyptus sp divididos em oito manchas e 10 hectares de Pinus sp, espécie exótica invasora. Em setores de planície de inundação em que se processa o extravasamento 38 de águas pluviais, obtém-se banhados. No parque eles se formaram, principalmente, depois da construção da Barragem Lomba do Sabão. É uma área rica em produtividade primária e um refúgio para nidificação de diversas espécies. No Plano de Manejo, feito em 2002, foram identificadas no parque 56 espécies vegetais distribuídas em 27 famílias. Estima-se que esse número ultrapasse as 161 espécies e 54 famílias. Entre as espécies vegetais ameaçadas, destacam-se a canela-preta (Ocotea catharinensis) e, em vias de extinção, a corticeira da terra (Erythrina falccata) e as figueiras do gênero Fícus sp. O parque é um refúgio para a fauna da região metropolitana, com uma biodiversidade composta por 12 espécies diferentes de mamíferos, dentre eles graxaim, ouriço, gambá e mão-pelada, 47 espécies de répteis (cobras, lagartos, lagartixas), 23 de anfíbios (sapos, pererecas e rãs), 14 espécies de peixes que habitam a barragem e 88 espécies de aves, sendo que quatro estão ameaçadas de extinção: chupa-dente (Conopophaga lineata), patinho (Platyrinchus mystaceus niveigularis), cisca-folha (Sclerurus scansor cearensis) e choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens cearensis). Conselho Consultivo O conselho Consultivo, criado pelo Decreto 15.223, de 20 de junho, de 2006, é atuante e possui papel fundamental na gestão compartilhada do Parque. É composto por 8 representantes de instituições da sociedade civil ou de ensino e 8 representantes de órgãos públicos. Visitação A entrada é gratuitae visitas orientadas podem ser agendadas por instituições de ensino e pesquisa. Em dias de condições climáticas adversas (chuvas e/ou ventos), o Parque não abre para visitação. Endereço: Avenida Senador Salgado Filho (RS-040), 2785, parada 38, bairro Vera Cruz – Viamão E-mail: sainthilaire@smam.prefpoa.com.br Horário: terças a domingos, das 8h00 às 17h30, com saída às 18h. Parque Natural Morro do Osso O Morro do Osso, com 143m de altura, faz parte da cadeia dos morros graníticos existentes em Porto Alegre e localiza-se próximo à margem do Lago Guaíba. Possui 220 hectares de área natural e constitui-se num importante reduto biológico, praticamente isolado pela urbanização dos bairros Tristeza, Ipanema, Camaquã e Cavalhada, adjacentes ao morro. Do alto do morro tem-se uma das vistas mais belas do município, com o Lago Guaíba, o Delta do Jacuí, os morros Santa Tereza, Teresópolis, Agudo, da Tapera, das Abertas e o da Ponta Grossa. Parte do Morro do Osso constitui-se no Parque Natural do Morro do Osso, com área de 127 hectares. A luta pela preservação do Parque Natural do Morro do Osso tem mais de 20 anos. Por apresentar uma grande biodiversidade e resquícios de Mata Atlântica, o morro motivou ambientalistas do município, comunidades do entorno, universidades e órgãos públicos a buscar a conservação com a criação da Comissão Permanente em Defesa do Morro do Osso. Em 1979, o parque foi transformado em área de preservação ecológico pelo Plano Diretor da cidade. Em 1990, foi realizado o primeiro passeio ecológico para preservação da área e efetivação do parque. Em 1994, foi criado o Parque Natural Morro do Osso. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 39 Atualmente, o parque abrange uma área de 57 hectraes, já desapropriados, com ampliação prevista pelo Plano Diretor para 127 hectares, o que irá garantir a proteção do local Flora Aproximadamente 60% da vegetação natural do Morro do Osso é constituída por formações florestais de dois tipos: a floresta alta e a floresta baixa. O restante é constituído por comunidades herbácea-arbustivas, formadas pelos campos pedregosos e pelas capoeiras e vassourais. Na floresta alta e úmida, com forte influência da Mata Atlântica, destacam-se a figueira-purgante (Ficus insipida), a canela-ferrugem (Nectandra oppositifolia) e a corticeira-da- serra (Erythrina falcata). A floresta baixa geralmente ocupa os topos ou as encostas superiores do morro é representada pela capororoca (Myrsine umbellata), a aroeira-brava (Lithraea brasiliensis), o branquilho (Sebastiania commersoniana ) e o camboim (Myrciaria cuspidata). O Morro do Osso apresenta também algumas espécies arbóreas sob possível ameaça de extinção, como a canela preta (Ocotea catharinensis) e a corticeira-daserra. Além disso, ocorrem espécies com distribuição muito restrita em Porto Alegre, como o sobraji (Colubrina glandulosa). Fauna Levantamento e estudos constataram a existência de grande diversidade de fauna no Morro do Osso. Entre os anuros, destacam-se sapo de cova (Bufo dorbignyi), perereca do banhado (Hyla pulchella), rã criola (Leptodacylus ocellatus) e rã chorona (Physalaemus gracilis). Entre os répteis encontram-se lagartos de papo amarelo (Tupinambis merianae), lagartixa verde (Teius oculatus), serpente papa-pinto (Philodryas patagoniensis), coral verdadeira (Micrurus altirostris) e jararaca pintada (Bothrops neuwiedi). Além dessas espécies, no Morro do Osso foram registrados cerca de 65% da avifauna encontrada em Porto Alegre. Pode-se visualizar espécies de mata aberta, de borda de mata e campo, destacando-se o sabiá-ferreiro (Turdus subalaris), juruvia (Vireo olivaceus), pula-pula (Basileuterus culicivorus) e pica-pau (Veniliornis spilogaster). Além disso, o local abriga aves raras, como o gaviãozinho (Accipiter striatus), o gavião-rabo-curto (Buteo brachyurus) e o beija- flor-de-topete (Stephanoxis lalandi). Alguns mamíferos, como pequenos roedores e espécies raras como o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) e o ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus) também foram identificadas no local. Plano de Manejo Clique aqui para ter acesso ao Plano de Manejo Participativo do Parque Natural do Morro do Osso em PDF. O Parque Natural Morro do Osso disponibiliza visita orientada às quartas e sextas-feiras, das 8h30 às 12h e das 14h às 17h, e sábados, das 8h30 às 12h, para Escolas e grupos com no mínimo 10 (dez) pessoas. E-mail: morrodoosso@smam.prefpoa.com. br Endereço: Rua Irmã Jacobina Veronese, s/nº, bairro Ipanema Telefone: (51) 3289-5070 ou 3289-5071 40 Horário de Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 8h às 18h Área: 127 hectares Inaugurado em: 1994 Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger A unidade de conservação possui grande variedade de ambientes, como matas ciliares, banhados, juncais, matas de restinga, maricazais, vassourais e campos arenícolas, contribuindo para a diversidade de espécies da flora e fauna silvestre. A ocorrência da Ephedra tweediana, vegetal considerado raro e endêmico, característico das matas de restinga, e é um dos ecossistemas mais ameaçados no Rio Grande do Su motivou ação inicial para a criação da Reserva Biológica do Lami, em 1975. Ocorrem na Reserva Biológica espécies ameaçadas de extinção em diferentes status de conservação (de acordo com as listas oficiais do Estado)- raras, endêmicas e imunes ao corte. Entre elas, pode-se destacar a figueira da folha miúda (Ficus Cestrifolia), a corticeira do banhado (Erythrina crista-galli) e o butiazeiro (Butia odorata), espécies protegidas por leis municipais e estaduais e imunes ao corte. Por meio de estudos científicos, foram identificadas na Reserva do Lami mais de 300 espécies vegetais nativas, um número muito superior de espécies animais e mais de 200 espécies de aves nativas, inclusive migratórias, locais, regionais e continentais. Os banhados em seus diferentes gradientes de umidade, além daqueles sazonais (que tem seus ciclos vitais atrelados a épocas do ano de cheias), assim como os juncais, são considerados berçários para muitos organismos aquáticos como peixes, anfíbios e moluscos. Além disso, nas elevações arenosas é possível encontrar ovos de tartaruga e de lagartos. A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), o maior roedor do planeta, pode ser encontrada principalmente nas matas ciliares, em razão de seus hábitos semiaquáticos. Também são vistas em transição entre ambientes terrestres próximo a cursos d’água. A espécie vive em pequenos agrupamentos. Há ainda a ocorrência do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris). Espécies ameaçadas de extinção, no status vulnerável, como a lontra (Lontra longicaudis) e o bugio-ruivo também ocorrem na região. A Reserva Biológica do Lami José Lutzeberger presta importantes serviços ambientais com a salvaguarda de seus ecossistemas e biodiversidade. Entre seus principais objetivos estão a conservação da natureza, a pesquisa científica e a educação ambiental. Visitas educativas com grupos podem ser agendadas pelo e-mail reservalami@smam.prefpoa.com.br. Telefone: 3263-1079 - E-mail: reservalami@smam.prefpoa.com.br - Área: 204,04 hectares - Endereço: Avenida Otaviano José Pinto, s/nº, bairro Lami E-mail: reservalami@smam.prefpoa.com.br - Área: 204,04 hectares - Inaugurada em 1975 Refúgio de Vida Silvestre São Pedro Criado por meio do Decreto Municipal 18.818, de 16 de outubro de 2014, o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro é uma Unidade de Conservação (UC) da natureza de Proteção Integral, localizado na zona Sul da cidade. O local é habitat de espécies animais raras e ameaçadas de extinção, como o mão-pelada, o graxaim e o bugio-ruivo, e está inserido no maior fragmento de Mata Atlântica de Porto Alegre, com vegetação florestal e campestre. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 41 As UC são áreas protegidas estabelecidas pela Lei Federal 9.985/2000 e pela Lei Complementar municipal 679/2011 e podem ser de duas categorias: de Proteção Integralou de Uso Sustentável. As UC de proteção integral são aquelas em que é permitida apenas a pesquisa, a visitação regrada e instalação de estruturas para garantir a conservação da área e em algumas categorias o lazer em contato com a natureza. No local, é permitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, possibilitando a realização de pesquisas científicas, práticas espirituais tradicionais indígenas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Conforme o Decreto, a criação do Refúgio de Vida Silvestre São Pedro tem como objetivos assegurar a conservação da biodiversidade local, garantindo condições para a existência da fauna de mamíferos, especialmente do bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitan), espécie ameaçada de extinção no Estado do Rio Grande do Sul, segundo o Decreto Estadual nº 41.672, de 11 junho de 2002; proteger integralmente e regenerar os ecossistemas naturais da mata atlântica e dos campos nativos por abrigarem espécies raras e endêmicas; manter e recuperar nascentes de cursos d'água; incentivar o fortalecimento da cultura indígena e consequentemente possibilitar à sociedade em geral aprender o espírito indígena de relacionar-se com a natureza e com o meio ambiente; desenvolver atividades de educação e interpretação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico; e promover o fortalecimento de ações que oportunizem uma relação sustentável entre a cultura indígena, meio ambiente e sociedade. Histórico da criação - De 16 de setembro a 30 de outubro de 2013, a Smam organizou Consulta Pública on-line sobre o tema. A pesquisa contou com a participação de 334 pessoas e Em 03 de setembro de 2013, ocorreu a Audiência Pública sobre a proposta do município de criação da unidade de conservação da natureza, na sede do Clube Lajeado (avenida Edgar Pires de Castro, 9316). A reunião contou com a participação de mais de 200 pessoas. Limites do Refúgio - Os imóveis que compõem a Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre São Pedro são aqueles registrados na 3ª Zona de Porto Alegre assim descritos: toda a área de terras registrada sob a matrícula nº 54.506, com área de 53,4146ha; toda a área de terras da matrícula nº 119.822, com área de 12ha, registrado no Livro 3AT, fl. 124, nº 37.770 no 3º Cartório de Registro de Imóveis de Porto Alegre, na matrícula nº 119.823, com área de 4ha, registrado no Livro 3-UA, fl. 80, nº 37.770 no 3º Cartório de Registro de Imóveis de Porto Alegre e um excesso de área das duas matrículas referidas acima, com 11,477ha e parte da matrícula nº 16.180, fl. 1 do livro nº 2 do Registro Geral, com área de 64,63ha, tendo como frente o primeiro imóvel citado, situado na Estrada das Quirinas, nº 6301. A área abrangida pela Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre São Pedro tem a seguinte descrição: parte-se do ponto situado no extremo sul da propriedade, ponto formado pela esquina da Estrada das Quirinas com o Beco da Taquara, o qual mede 272,5m, um rumo de 43°45’ NE, de seu extremo parte o segundo ali nhamento que tem rumo 52°38’ NE, com comprimento de 138,5m, esse pri meiro e segundo alinhamentos totalizam a divisa SE da propriedade que acompanha a Estrada das Quirinas numa extensão de 411m, do extremo do 2° alinhamento inicia a divisa NE da propriedade com terras que são ou foram de Virgílio Freitas Guimarães, composta unicamente pelo 3° alinhamento numa extensão de 2.488m percorrida sobre o rumo 43°34’ N O até encontrar a margem esquerda de uma sanga, onde encontra o limite da propriedade de terras que são ou foram de Jockey Club do Rio Grande do Sul, parcialmente incluída neste gravame, totalizando 136,14ha de superfície. Endereço: Estrada das Quirinas, 6.301, bairro Lami (entrada pelo Beco Passo da Taquara) 42 História Porto Alegre Localizada em uma região habitada pelo homem desde 11 mil anos atrás, Porto Alegre estabeleceu-se como cidade somente no século XVIII. Até então o território do Rio Grande do Sul ainda pertencia legalmente aos espanhóis, mas desde o século XVII os portugueses começaram a dirigir esforços para a conquista, e foram progressivamente penetrando no território pelo nordeste, chegando através do Caminho dos Conventos, uma extensão da Estrada Real, à região da Vacaria dos Pinhais, e dali descendo para Viamão. A penetração foi realizada por bandeirantes que vinham em busca de escravos índios e por tropeiros que caçavam os grandes rebanhos de gado bovino, mulas e cavalos que viviam livres no estado. Mais tarde os tropeiros passaram a se radicar no sul, transformando-se em estancieiros e solicitando a concessão de sesmarias. A primeira delas foi outorgada em 1732 a Manuel Gonçalves Ribeiro na Parada das Conchas, onde hoje é Viamão. Outra via de penetração foi através do litoral, fundando-se em 1737 uma fortaleza onde hoje é Rio Grande, com o objetivo dar assistência à Colônia do Sacramento, no Uruguai. Depois da assinatura do Tratado de Madrid (1750) o rei de Portugal determinou que fosse reunido um grupo de quatro mil casais dos Açores para povoar o sul, mas efetivamente foram transportados apenas cerca de mil casais, que se espalharam pelo litoral entre Osório e Rio Grande, e um pouco pelo interior. Cerca de 500 pessoas se fixaram em 1752 à beira do lago Guaíba, no chamado Porto de Viamão, o primeiro nome da futura Porto Alegre. Os conflitos locais entre portugueses e espanhóis, porém, não foram contidos pelo Tratado. Rio Grande foi invadida por espanhóis em 1763, a população portuguesa fugiu e o governo da Capitania do Rio Grande de São Pedro se mudou às pressas para Viamão. O Porto de Viamão foi elevado a freguesia, com o nome de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, em 26 de março de 1772, hoje estabelecida como data oficial da fundação da cidade. Em vista da sua melhor situação geográfica e estratégica, em 25 de julho de 1773 o governador da Capitania, Marcelino de Figueiredo, determinou a transferência da capital de Viamão para lá, quando a freguesia já tinha cerca de 1.500 habitantes. Em 16 de dezembro de 1812 Porto Alegre tornou-se sede da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, recém criada, e cabeça da comarca de São Pedro do Rio Grande e Santa Catarina. Em 1814 o novo governador, Dom Diogo de Sousa, obteve a concessão de uma grande sesmaria ao norte, com o fim expresso de estimular a agricultura local. Com o crescimento de cidades próximas como Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, e em vista de sua privilegiada situação geográfica, na confluência das duas maiores rotas de navegação interna - a do rio Jacuí e a da Lagoa dos Patos - Porto Alegre começava a se tornar o maior centro comercial da região. A frota permanente que frequentava o porto nesta altura contava com cerca de cem navios, e foi aberta uma alfândega. Também se iniciavam exportações de trigo e charque. Em 1816 se haviam comerciado 400 mil alqueires de trigo para Lisboa, e em 1818 se venderam mais de 120 mil arrobas de charque, produto que logo assumiria a dianteira na economia local. Em 1822 a vila ganhou foro de cidade. A partir de então chegaram os primeiros imigrantes alemães, instalando restaurantes, pensões, pequenas manufaturas, olarias, alambiques e diversos estabelecimentos comerciais. Como a situação econômica da Capitania não ia bem, pressionada por pesados impostos e negligenciada pelo governo imperial, em 1835 estalou em Porto Alegre a Revolução Farroupilha. Tomada em 1836 pelas tropas imperiais, a partir de então a cidade sofreu três longos cercos até o ano de 1838. Foi a resistência a esses cercos que ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 43 fez D. Pedro II dar à cidade o título de "Mui Leal e Valorosa". Apesar do inchaço populacional daqueles tempos, a malha urbana só voltou a crescer em 1845, após o fim da revolução e com a derrubada das muralhas que cercavam a cidade. No período de 1865 a 1870 a Guerra do Paraguai transformou acapital gaúcha na cidade mais próxima do teatro de operações. A cidade recebeu dinheiro do governo central, além de serviço telegráfico, novos estaleiros, quartéis, melhorias na área portuária. Em 1872 as primeiras linhas de bonde entraram em circulação. Construiu-se a Usina do Gasômetro (1874) para geração de energia e implantou-se uma rede de esgotos (1899), enquanto que os bairros da cidade se expandiam. Na virada do século XX Porto Alegre passou a ser imaginada como o cartão de visitas do Rio Grande do Sul, idéia alinhada com os propósitos do Positivismo, corrente filosófica abraçada pelos governos estadual e municipal, e por isso a cidade deveria transmitir uma impressão de ordem e progresso. Para transformar a idéia em fato, a Intendência, a cuja testa estava José Montaury, iniciou um enorme programa de obras públicas. Montaury permaneceu no governo municipal por 27 anos, sendo sucedido por Otávio Rocha e Alberto Bins, que em linhas gerais mantiveram a mesma orientação. A fim de melhor controlar o processo de desenvolvimento, o município atraiu para si a responsabilidade sobre muitos serviços públicos, como o fornecimento de água encanada, iluminação, transporte, educação, policiamento, saneamento e assistência social, em um volume que ultrapassava em muito o hábito da época e superava o que faziam na mesma altura São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1940 o município contava com cerca de 385 mil habitantes e seus índices de crescimento eram positivos para a indústria, a construção civil, a educação, a saúde, a eletrificação, o saneamento, o movimento portuário, os transportes e as obras de urbanização. A segunda metade do século XX foi caracterizada por um acelerado crescimento urbano e populacional, e os sucessivos administradores se empenharam novamente em uma série de investimentos em obras públicas, enquanto a cidade via desaparecer, sob a onda do progresso, boa parte de suas edificações antigas. Paralelamente, a cultura de Porto Alegre se caracterizou por um forte colorido político, reunindo expressivo grupo de intelectuais e produtores artísticos influentes alinhados ao Existencialismo e ao Comunismo. Entre o fim da década de 1950 e os anos que precederam o golpe militar de 64 foram montadas peças teatrais de vanguarda, em polêmicas abordagens de crítica social; as artes plásticas mostravam uma arte realista/expressionista de mesmo perfil, que por vezes adquiria um tom panfletário. Porto Alegre nas últimas décadas se tornou uma das grandes metrópoles brasileiras, internacionalizou sua cultura, se tornou um modelo de administração pública, dinamizou sua economia a ponto de se tornar uma das cidades mais ricas do mundo, e alcançou altos níveis de qualidade de vida, mas ao mesmo tempo passou a experimentar os problemas que afligem outros grandes centros urbanos do Brasil, com o surgimento de favelas, de dificuldades no trânsito e crescimento da poluição e dos índices de criminalidade. Geografia Porto Alegre A área de Porto Alegre, de 496,684 km2 , é um ponto de encontro de distintos sistemas naturais que imprimem uma geografia diversificada à cidade. Um anel de morros graníticos com 730 milhões de anos emoldura a região de planície onde está o grande centro urbano da cidade, ocupando 65% de seu território. Os morros fazem parte de uma plataforma originada de rochas que se fundiram sob pressão e calor intensos no interior da terra e depois emergiram, 44 elevando-se à altura de montanhas. Hoje, desbastadas e fendidas pela erosão de milhões de anos, formam pequenos morros de cume arredondados que dominam a paisagem da capital. O Morro Santana, com 311 m de altura, é o ponto mais alto, com matas e campos nativos, cachoeiras, banhados, charcos, lagos, córregos e cascatas. Esta formação geológica foi uma espécie de contensão natural para a ocupação do município em direção à zona sul, e contribuíu para que Porto Alegre conserve 30% de seu território como área rural, a segunda maior entre as capitais brasileiras. Outra parte do território da capital, cerca de 44 km², estão distribuídos em 16 ilhas do Lago Guaíba sob jurisdição do município. O lago contorna a cidade numa extensão 70 km de orla fluvial a expressão geográfica mais marcante da capital gaúcha. O conjunto de ilhas, parques e de áreas de preservação natural, somado à área rural e ao elevado índice de arborização das vias públicas, fazem de Porto Alegre uma cidade verde, acima do recomendado pela organização Mundial da Saúde (OMS). Outros dados: Fundação oficial: 26 de março de 1772 Localização: Latitude – 30° / Longitude W – Greenwich 51°. Capital mais meridional do Brasil Altitude: 10 m Área: 496,684 km2 Relevo: A cidade ocupa uma área de planície circundada por 40 morros que abrangem 65% da sua área. É limitada pela orla fluvial do lago Guaíba, de 72 quilômetros de extensão. População: 1.409.351 ( Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010 ) IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): 0,865 História do Rio Grande do Sul ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 45 A bandeira do estado do Rio Grande do Sul foi adotada como símbolo oficial do estado no ano de 1891 e sua autoria é incerta. Alguns estudos apontam como sendo do major Bernardo Pires, do Exército Republicano, porém outros historiadores afirmam ser de autoria do engenheiro militar José Mariano de Mattos. A bandeira tem origem nos desenhos dos rebeldes da Guerra dos Farrapos, que ocorreu no ano de 1835. A composição original não possuía o brasão de armas. Por muito tempo, a bandeira não possuiu uma lei que a descrevesse ou regulamentasse seu uso. Em 1937, durante o regime político do Estado Novo, o presidente Getúlio Vargas ordenou que todos os símbolos estaduais fossem abolidos, incluindo bandeiras e brasões. Devido a esse acontecimento, a bandeira só foi reestabelecida novamente no ano de 1966, quando foi sancionada a lei que regulamentava seu uso e descrição. A bandeira do Rio Grande do Sul é formada por um retângulo dividido em três faixas diagonais nas cores verde, vermelho e amarelo. Na seção vermelha, coincidindo com o centro da bandeira, está disposto um círculo branco com o brasão do estado em seu interior. Não há um consenso sobre o significado exato das cores da bandeira sul-rio-grandense. Muitas teorias envolvem aspectos políticos e históricos que entram em contradição em algum momento. Entretanto, a simbologia mais aceitável é a que considera as cores separadamente e atribui um significado a cada uma dela: ● A cor verde representa as matas dos Pampas e a riqueza natural da região; ● A cor vermelha simboliza os ideais revolucionários que marcaram a história do estado, assim como a coragem do povo; ● A cor amarela representa as riquezas do território do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul e sua População O Estado do Rio Grande do Sul está localizado na região Sul do Brasil. A capital é Porto Alegre e a sigla RS. ● Área: 281.737,947 ● Limites: O Rio Grande do Sul limita-se ao sul com o Uruguai, a oeste com a Argentina, a leste com o oceano Atlântico e ao norte com Santa Catarina ● Número de municípios: 497 ● População: 11.377.239 milhões de habitantes, conforme a estimativa do IBGE para 2019 ● Gentílico: gaúcho ● Principal cidade: Porto Alegre Densidade demográfica 39,79 hab/km² [2010] Matrículas no ensino fundamental 1.298.736 matrículas [2018] Matrículas no ensino médio 338.065 matrículas [2018] Docentes no ensino fundamental 73.770 docentes [2018] 46 Docentes no ensino médio 27.771 docentes [2018] Número de estabelecimentos de ensino fundamental 5.926 escolas [2018] Número de estabelecimentos de ensino médio 1.503 escolas [2018] IDH Índice de desenvolvimento humano 0,746 [2010] Rendimento mensal domiciliar per capita 1.705 R$ [2018] Total de veículos 7.077.972 veículos [2018] Rendimento nominal mensal domiciliar per capita 1.705,00 R$ [2018] Pessoal ocupado na Administração pública, defesa e seguridade social 350.956 pessoas [2017] População NativaHabitada inicialmente por índios Charrua/Minuano, Guarani e Kaingang, o território do Rio Grande do Sul passou a pertencer à Espanha com o Tratado de Tordesilhas, em 1494, que estabeleceu os limites com Portugal. A exploração econômica e a possibilidade de escravização dos indígenas atraiu a atenção dos colonizadores europeus, e, ao mesmo tempo, provocou o envio de jesuítas espanhóis para converter os nativos. Um dos primeiros registros que faz referência à região data de 1531, quando os navegadores portugueses Martin Afonso de Souza e Pero Lopes, de passagem pela costa (na qual não desembarcaram), batizaram a barra (onde alguns anos depois, foi aberta a passagem para os navios, do oceano para a Lagoa dos Patos) com o nome de Rio Grande de São Pedro. ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 47 Tidos como extintos, os índios charrua sobreviveram 'invisíveis' por décadas e hoje lutam por melhores condições de vida A história da etnia tinha um final conhecido: o confronto de Salsipuedes, em 1831. O embate acabou se tornando um massacre oficial (planejado pelo governo uruguaio) e desleal. Caciques foram convidados a discutir uma aliança contra o Brasil, mas, desarmados, acabaram mortos, presos ou obrigados a trabalharem para estancieiros. Até mães foram separadas de seus filhos. A herança cultural charrua, principalmente a língua, acabou se perdendo ao longo do tempo. parte da etnia conseguiu cruzar a fronteira com o Brasil e se instalar na região das Missões, no noroeste gaúcho. A invisibilidade social viria a se tornar a principal estratégia de sobrevivência. Mas como pode uma versão equivocada da história vigorar por tanto tempo? grupos que acabaram escapando desses massacres, se refugiaram nos fundos de grandes latifúndios, em regiões impróprias para criação de gado, longe das sedes de estâncias, e lá se mantiveram" Dados oficiais dizem que existem atualmente na 6397 Charruas na Argentina e 42 no Rio Grande do Sul (INDEC, 2010) (Siasi/Sesai, 2014). 48 Índios Charrua e Minuano No Rio Grande do Sul, os índios Charrua/Minuano ocupavam áreas de campos do sudoeste, até aproximadamente a altura dos rios Ibicuí e Camaquã, mas também se estendiam para o pampa uruguaio e as pequenas porções do território argentino. Cada uma delas, entretanto, ocupava áreas bem-definidas. Os Charrua “moravam mais para o oeste, ocupando ambas as margens do Rio Uruguai e tiveram maior contato com o colonizador espanhol”, enquanto que os Minuano “se localizavam mais para leste, nas áreas irrigadas pelas lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira, com extensão até as proximidades de Montevidéu; tiveram maior contato com os portugueses” Os Charrua/Minuano praticavam a caça, a pesca e a coleta. Nas primeiras décadas do século XVI, as expedições sobre os territórios Charrua/Minuano foram esporádicas. Entretanto, a partir de meados deste mesmo século e primeiras décadas do século XVII, os interesses das Coroas Ibéricas crescem na região e alianças com lideranças Charrua, como Zapicán, Miní, Guaytán, e lideranças Minuanas, como Cloyan e Lumillan, passam a ser efetivadas. Possivelmente pela lógica nativa, essas alianças possibilitaram vantagens das parcialidades lideradas por estes caciques para lutarem contra os grupos indígenas inimigos que também ocupavam o território. O contato dos Kaingang com a sociedade teve início no final do século XVIII e efetivou-se em meados do século XIX, quando os primeiros chefes políticos tradicionais (Põ’í ou Rekakê) aceitaram aliar-se aos conquistadores brancos (Fóg), transformando-se em ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 49 capitães. Esses capitães foram fundamentais na pacificação de dezenas de grupos arredios que foram vencidos entre 1840 e 1930. Entre os desdobramentos dessa história, destacam-se o processo de expropriação e acirramento de conflitos, não apenas com os invasores de seus territórios, mas intragrupos kaingang. Os Kaingang vivem em mais de 30 Terras Indígenas que representam uma pequena parcela de seus territórios tradicionais. Índio Guarani 50 Os índios Guarani formam o maior povo em quantidade de indivíduos a viver no Brasil. Eles são originários do tronco da família linguística tupi-guarani. No Brasil, os guaranis vivem nos estados brasileiros do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará, Santa Catarina e Tocantins, somente no País, há 57 mil indivíduos, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Também há indígenas guaranis vivendo na Argentina, Bolívia e no Paraguai, a maior parte dos guarani vive na Bolívia, onde há 78,3 mil indivíduos. No Paraguai existem 41, 2 mil e na Argentina 6,5 mil. No Rio Grande do Sul A nação Guarani era dividida em três grandes grupos: Tapes - habitavam a zona oeste e centro-oeste do estado e seriam os futuros índios missioneiros. Arachanes - habitavam a banda oeste da Lagoa dos Patos. Carijós ou Patos - habitavam o litoral norte do Rio Grande do Sul e Porto Alegre. Missões Jesuíticas As missões jesuíticas na América, também chamadas de reduções, foram os aldeamentos indígenas organizados e administrados pelos padres jesuíticas no Novo Mundo, como parte de sua obra de cunho civilizador e evangelizador. O objetivo principal das missões jesuíticas foi o de criar uma sociedade com os benefícios e qualidades da sociedade cristã européia, mas isenta dos seus vícios e maldades. Essas missões foram fundadas pelos jesuítas em toda a América colonial, ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 51 Para conseguirem seu objetivo os jesuítas desenvolveram técnicas de contato e atração dos índios e logo aprenderam suas línguas, e a partir disso os reuniram em povoados que por vezes abrigaram milhares de indivíduos. Eram em larga medida auto-suficientes, dispunham de uma completa infraestrutura administrativa, econômica e cultural que funcionava num regime comunitário, onde os nativos foram educados na fé cristã e ensinados a criar arte às vezes com elevado grau de sofisticação, mas sempre em moldes europeus. Depois de um início assistemático marcado por tentativas frustradas, em meados do século XVII o modelo missioneiro já estava bem consolidado e disseminado por quase toda a América, mas teve de continuar enfrentando a oposição de setores da Igreja Católica que não concordavam com seus métodos, do restante da população colonizadora, para quem os índios não valiam a pena o esforço de cristianizá-los, e os bandos de caçadores de escravos, que aprisionavam os índios para submetê-los ao trabalho forçado na economia colonial exploradora e destruíram diversos povoados, causando muitas mortes. Mesmo com vários problemas a vencer as missões como um todo prosperaram a ponto de em meados do século XVIII os jesuítas se tornarem suspeitos de tentar criar um império independente, o que foi um dos argumentos usados na intensa campanha difamatória que sofreram na América e na Europa e que acabou por resultar na sua expulsão das colônias a partir de 1759 e na dissolução da sua Ordem em 1773. Com isso o sistema missioneiro entrou em colapso, causando a dispersão dos povos indígenas reduzidos. O sistema missioneiro buscou introduzir o Cristianismo e um modo de vida europeizado, integrando, porém, vários dos valores culturais dos próprios índios, e estava baseado no respeito à sua pessoa e às suas tradições grupais, até onde estas não entrassem em conflito direto com os conceitos básicos na nova fé e da justiça. O mérito e a extensão do sucesso dessa tentativa têm sido objeto de muito debate entre os historiadores, mas o fato é que foi de importância central para a primeira organização do território e para o lançamento das fundações da sociedade americana como hoje ela é conhecida. Vários monumentos missioneiros são hoje patrimonial mundial. Sete Povos das Missões é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos jesuíticas espanhóis no continentedo Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul composto pelas Reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lorenso Martins, São João Batista, São Luiz Gonzada e Santo Ângelo Custódio. Os Sete Povos também são conhecidos como Missões Orientais, por estarem localizados a leste do Rio Uruguai. Os Sete Povos foram fundados na derradeira onda colonizadora jesuíta na região, depois de terem sido fundadas dezoito reduções em tempos anteriores, todas destruídas pelos bandeirantes brasileiros e exploradores portugueses. Dentre as causas apontadas pelos historiadores para o retorno, estão a abundância de gado na região e o desejo da coroa espanhola de assegurar a posse daquelas terras, em virtude da crescente presença portuguesa no sul. Contudo, essas teses são controversas. Seja como for, a partir de 1682 os Jesuítas começaram a voltar para as suas antigas terras, e neste mesmo ano foi fundado o primeiro dos Sete Povos: São Francisco de Borja, seguido por São Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel. No século XVIII, a região estava sob disputa entre Espanha e Portugal. O Tratado de Madri de 1750 havia posto a área à disposição de Portugal em troca da Colônia do Sacramento, e a saída dos Jesuítas espanhóis ali ficou decretada. Mas este Tratado gerou conflitos: nem padres nem índios queriam abandonar suas reduções, nem os portugueses queriam abandonar Sacramento. 52 Houve uma série de confrontos armados que culminaram na Guerra Guaranítica, que deixou um rastro de destruição e sangue que abalou as estruturas do sistema missioneiro. Logo depois veio fim: com a intensa campanha difamatória que os Jesuítas sofreram a partir de meados do século XVIII, a Companhia de Jesus foi expulsa de terras portuguesas em 1759, e em 1767 a Espanha fez o mesmo. No ano seguinte todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos Jesuítas. Então suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou dispersos. Quando em 1801 eclodiu nova guerra entre Portugal e Espanha, os Sete Povos já estavam em tal estado de desintegração que com apenas 40 homens Manuel dos Santos Pedroso e José Borges do Canto conseguiram conquistá-los para Portugal, embora pareça ter havido a participação indígena como facilitadora da tomada de posse. Depois disso Portugal anexou o território ao Rio Grande do Sul, instalando um governo militar na região, encerrando todo um ciclo civilizatório e dando início a outro. Tratados e consolidação do estado ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 53 O Tratado de Tordesilhas foi assinado em 7 de junho de 1494 entre Portugal e Espanha Os Tratados entre Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas, as Fronteiras do Brasil, os demais Tratados. Em 1494 foi assinado entre Portugal e Espanha o Tratado de Tordesilhas. O Tratado de Tordesilhas acordado em 07 de junho de 1494 entre os países de Portugal e Espanha na vila de Tordesilhas é o mais famoso documento na história destes países.O documento reflete a hegemonia Ibérica sobre boa parte da terra por causa dos descobrimentos.Este Tratado foi validado em 02 de julho de 1494 pela Espanha na cidade de Arevalo e por Portugal em 05 de setembro de 1494 na cidade de Setúbal. Conflitos eram frequentes entre os espanhóis e portugueses. Houve a necessidade de regularizar a situação, quando foi assinado o Tratado de Madri em 1750. Neste tratado, defendido pelo português Alexandre de Gusmão dava ao Brasil território parecido com o atual.Por este tratado, Portugal entregaria a região da Colônia do Sacramento à Espanha e receberia os Sete Povos das Missões no Rio Grande do Sul, de origem espanhola já que foram os jesuítas espanhóis que catequizaram os índios guaranis. Mas os jesuítas e índios guaranis, liderados pelo índio Sepé Tiarajú, não aceitaram a devolução das terras, originando a Guerra Guaranítica, onde morreram mais de 30.000 índios. Os que não morreram foram escravizados. Diante da guerra, Portugal não entregou a colônia de Sacramento aos espanhóis. No ano de 1761, no Tratado de El Pardo, os Sete Povos continuariam com a Espanha mas já estava em declínio econômico pois estavam sem os jesuítas e os índios guaranis que restavam se empregavam como peões nas fazendas de gado. 54 Os desentendimentos pelas colônias entre Portugal e Espanha continuaram e em 1763, o governador de Buenos Aires, D. Pedro de Cevallos conquistou Sacramento e invadiu a capitania de São Pedro, atual Rio Grande do Sul, tomando a cidade de Rio Grande até 1776 quando foram expulsos pelas tropas voluntárias gaúchas com auxílio das tropas do reino. Mas em 1777 Cevallos tomou novamente Sacramento e a Ilha de Santa Catarina. Em 1777 foi assinado o Tratado de Santo Ildefonso onde Portugal ficaria com a Ilha de Santa Catarina, enquanto que a Espanha ficaria com os Sete Povos das Missões e Sacramento. A desvantagem territorial portuguesa no sul do Brasil manteve os confrontos na região. Em 1801 foi definitivamente solucionado os confrontos pelas terras com a assinatura do Tratado de Badajós entre Portugal e Espanha que daria ao Brasil o atual território, ficando Sacramento com a Espanha e os Sete Povos das Missões com o Brasil. O território hoje ocupado pelo Rio Grande do Sul está entre as áreas do País que mais demoraram a receber a ocupação do colonizador português. A constituição do território se fundamenta em 1680 por necessidade da Coroa portuguesa em socorrer sua praça meridional, a Colônia do Sacramento, às margens do rio da Prata, que enfrentava investidas de tropas espanholas. Foram os jesuítas em meados de 1682 que fundaram a primeira cidade do Rio Grande do Sul: São Francisco de Borja, a atual São Borja. Durante o século XVIII, houve intensa disputa pelo território por espanhóis e portugueses. Os espanhóis fundaram em 1726, a cidade de Montevidéu, a leste da colônia de Sacramento, fundada criada em 1680. O objetivo da fundação de Montevidéu era reduzir a influência portuguesa. Como resposta, os portugueses fundaram em 1737 o Forte de Jesus Maria José, hoje cidade de Rio Grande. A disputa terminou em 1777, quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Santo Ildefonso. Pelo acordo, a colônia de Sacramento permanecia em posse de Espanha e o Rio Grande ficaria ATUALIDADE E GEOPOLÍTICA - RS | FABRICIO MULLER 55 com Portugal. Com a consolidação do poderio lusitano no século 17, o então Rio Grande de São Pedro se estabelece como província em 1796. Pouco depois, em 1809, são criados os municípios de Rio Grande, Rio Pardo, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre - à época, a economia da província se baseava nas charqueadas (produção de carne salgada). O Tratado de Santo Ildefonso, assinado entre Portugal e Espanha, no dia 1 de outubro de 1777, na cidade de Ildefonso, na província de Segóvia, na Espanha, faz parte de uma série de tratados geopolíticos assinados entre os dois estados europeus no decorrer do período colonial. Seu intuito era finalizar os conflitos geopolíticos que ocorriam há três séculos entre as duas nações. O tratado restaurava grande parte do Tratado de Madri (1750) que havia sido anulado com a assinatura do Tratado de El Pardo (1761), resultante do fracasso na promoção da paz nas fronteiras coloniais. Estabelecia novos limites para os territórios localizados ao sul, região de fronteiras entre o Estado do Rio Grande do Sul e o Uruguai, indicando novas extensões geopolíticas que poderiam muito bem ser dimensionadas pelos milhares de indígenas que habitavam a região. A Colônia Portuguesa do Sacramento e os Sete Povos das Missões estavam no meio do litígio. Ali, vários aldeamentos de jesuítas espanhóis acomodavam milhares de Guaranis em processo de evangelização. A localização privilegiada, longe dos centros coloniais, não impediu os invasores que intentavam pôr as mãos nos recursos humanos disponíveis. Não foram raras as ocasiões em que expedições de apresamento invadiram as missões e capturaram milhares de indígenas
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