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TITULO EXECUTIVO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA


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FACULDADE GAMALIEL 
FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
BACHAREL EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
ANA CLÁUDIA DOS SANTOS RODRIGUES 
JOILSON MENEZES DA SILVA 
THALITA SILVA 
 
 
 
Turma: 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUMPRIMENTO DE SETENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TUCURUÍ-PA 
2022 
 
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
 
REGIME JURÍDICO 
No Processo civil a Fazenda pública é o termo utilizado quando algum ente 
público atua como parte em um processo, e para classifica-las é preciso saber que 
entes públicos são todas as pessoas jurídicas de direito publico interno, como 
disposto no art 41 do Código Civil, que refere-se a União, Estado, Municípios e 
Distrito Federal e suas respectivas autarquias, que fazem parte tando da 
administração pública direta como indireta, podendo ter natureza política, 
administrativa, bem como as criadas por lei no rol exemplificativo do inc V do art 41 
do CC. 
O procedimento da execução contra fazenda pública é diferenciado do 
procedimento comum contra pessoa física ou jurídica de direito privado, pois a 
natureza dos bens da fazenda pública são considerados inalienáveis e 
impenhoráveis, fato pelo qual não podem ser objetos de atos de constrição 
patrimonial e expropriação como é feito na execução contra o particular, sendo 
assim, o procedimento de pagar quantia certa contra fazenda pública se dá de forma 
especial já que o único meio executivo é o de pagamento por precatório, por garantir 
a ordem no pagamento devido pela fazenda pública. Muitas são as divergências 
doutrinárias sobre o assunto já que o fato da fazenda publica ter seus meios 
executivos limitados, torna o processo frágil quando a satisfação do credor. Segundo 
Daniel Amorim, a forma executiva contra fazenda pública é um meio pelo qual o 
credor pode ter satisfação na execução, já que existem técnicas procedimentais 
específicas para esse tipo de execução em lei, o que não desampara o credor 
quanto ao cumprimento de determinada sentença. 
“Entendo que todo procedimento voltado a resolver a crise jurídica de 
satisfação é uma execução, sendo irrelevantes para a determinação 
da natureza executiva do processo de técnicas procedimentais 
previstas em lei para a obtenção desse objeto. Sendo o 
procedimento previsto em lei o adequado para o credor da fazenda 
pública receber seu crédito, com a solução da crise jurídica de 
satisfação, trata-se de execução” Amorim Daniel, pág 1325. 
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Diferente da execução de pagar quantia certa, o Código de Processo Civil 
estabelece que as demais formas de execução contra a fazenda pública não 
exigem procedimento diferenciado, como a obrigação de fazer, não fazer e de 
entrega de coisa, sendo possível até mesmo a aplicação das astreintes previsto no 
art 537 do CPC, sendo ressalvadas as tutelas antecipadas que tem previsão na Lei 
9.494/1997, art 1º. 
Mesmo o pagamento no cumprimento de sentença contra fazenda pública 
sendo feito meio de precatórios para que não haja violação ao princípio da isonomia 
o § 1º do art 100 da CF dispõe que os débitos de natureza alimentar tem direto de 
preferência quanto ao pagamento,, como entendido pelos tribunais superiores 
consagrado na redação da Emenda Constitucional 62/2009, a qual também 
estipulou o direito de preferência de débitos alimentares aos credores que tenham 
mais de 60 anos na expedição dos precatórios, bem como aos portadores de 
doenças graves, conformo entendido pelo STJ: 
PROCESSO ADMINISTRATIVO. REQUISIÇÃO DE PEQUENO 
VALOR. EC 62/2009. INAPLICABILIDADE. 1. A novel 
sistemática de pagamentos inaugurada pela EC 62/2009 
refere-se apenas aos precatórios inadimplidos, conforme 
expressamente determinado pelo art. 97, caput, do ADCT. 
O mesmo dispositivo constitucional esclarece que continua 
aplicável o art. 100, § 3º, da CF aos débitos anteriores, ou 
seja, permanece devido o pagamento dos 
pequenos valores sem emissão deprecatórios. 2. Se a 
requisição não é cumprida no prazo assinalado pela 
normatização específica (120 dias, no caso do TJMT), deve 
ser determinado o sequestro, não havendo falar em 
emissão de precatório, nem, portanto, em aplicação da 
EC 62/2009. 3. Recurso Ordinário não provido. (STJ, 2ª 
Turma, RMS XXXXX/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 
DJe 06/03/2012) 
 
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Para uma efetiva aplicação do texto constitucional disposto no art 3º do art 
100 da Constituição Federal, o doutrinador incluiu o § 2, do art 17, da lei 
10.259/2001, com o objetivo de que créditos de pequeno valor devido pela fazenda 
pública sejam efetivados como satisfação ao executado. 
Muito se fala no termo “sentença judicial” que se deu a partir das 
modificações advindas da emenda constitucional 30/2000, motivo pelo qual, pôde-se 
imaginar que a execução contra fazenda pública se dá por título judicial (sentença), 
mas com o entendimento do Tribunal Superior de Justiça esse título pode se dar 
também por título extrajudicial sem que ocorra alguma ofensa ao processo é a 
justiça. 
PROCEDIMENTO E MEIO DE DEFESA 
 Primeiramente, cabe aqui mencionar, que o NCPC traz uma importante 
inovação referente aos processos executivos vinculados as dívidas atribuídas as 
Fazendas Públicas. No antigo CPC de 73, independentemente, da espécie de título 
era constituído um processo autônomo na execução, já na nova legislação foram 
esclarecidas duas formas, a de cumprimento de sentença que reconhece a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública, qual é 
fundamentado nos artigos 534 e 535 do NCPC e de execução em título extrajudicial 
positivado no art. 910 do NCPC. 
 Diante do exposto, temos que, o procedimento, vinculado a obrigação 
de pagar quantia certa, terá início mediante requerimento formulado pelos 
interessados, com demonstrativo discriminado e atualizado de crédito, atendendo as 
exigências do artigo 534 do NCPC. Nas demandas executivas em relação a entes 
públicos é muito comum a ocorrência de pluralidade de credores, sendo que cada 
um deles deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, isto é, uma espécie de 
litisconsórcio ativo, como prevê o §1º do artigo 534. Logo serão aplicadas as regras 
do litisconsórcio multitudinário prevista no art. 113 do NCPC. 
Observa-se também, que há algumas repetições relacionadas aos incisos dos 
dispositivos 524 do NCPC e do 534 do NCPC. Tais como, o inciso II a VI do art. do 
534, que por sua vez remete ao art.524 do NCPC: o índice de correção monetária 
adotado; os juros aplicados e as respectivas taxas; o termo inicial e o termo final dos 
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juros e da correção monetárias utilizados; a periodicidade da capitalização dos juros, 
se for o caso, especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados. 
O parágrafo segundo do artigo 534, diz sobre a não aplicabilidade da multa 
prevista no § 1 ° do art. 523 a Fazenda Pública quando figure como executada. 
Contudo, Didier destaca que: 
Caso o cumprimento da sentença se submeta a precatório, é possível ao 
autor renunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de 
Pequeno Valor – RPV -, evitando o precatório. Nessa situação, haverá honorários na 
execução, ainda que não haja impugnação. Para que assim seja, é preciso que a 
renúncia seja feita antes da propositura do cumprimento de sentença, ou seja, o 
exequente já propõe o cumprimento de sentença com valor pequeno, requerendo a 
expedição da RPV. 
No que tange o caput artigo 535 do novo código processual, nota-se que a 
intimação da Fazenda Pública será realizada na pessoa de seu representante legal, 
mediante carga, remessa ou meio eletrônico, abrindo-se no prazo de 30 dias para a 
impugnação, qual será apresentada nos próprios autos. Ademais, o paragrafo 1º do 
art.535, NCPC, a alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos 
artigos146 e 148, NCPC, ou seja, condiciona a referida arguição ao prazo de 15 
dias da data do conhecimento do fato, realizada na primeira oportunidade de 
manifestação nos autos após o conhecimento, através da petição fundamentada. Já 
no §2º, dispõe que a exequente – a Fazenda Pública, no caso poderá alegar 
excesso de execução. No entanto, deverá declarar, de imediato o valor que acredita 
ser correto, sob pena de rejeição liminar da impugnação. Em sequência, temos o 
parágrafo 3° do dispositivo correspondente, o qual versa o modo de pagamento em 
quantia certa pela Fazenda Pública, que se dá por meio do sistema de precatórios, 
salvo quando o valor for considerado, juridicamente, pequeno, conforme o parágrafo 
3° do art.100, CF. Logo, caso o cumprimento de sentença não seja impugnado, ou 
incida uma das hipóteses de rejeição liminar, deve-se expedir precatório em favor do 
exequente. Ainda, em hipótese de pequeno valor, o juiz deverá expedir, então uma 
Requisição de Pequeno Valor (RPV), dirigida à autoridade através da qual o ente 
público foi citado. O pagamento deverá então, ser realizado em até 2 meses da 
entrega da RPV. Vale lembrar que, havendo impugnação, a expedição do precatório 
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ou da RPV, dependerá do trânsito em julgado da decisão que rejeitar as arguições 
da Fazenda Pública, conforme o Enunciado 532 do FPPC. Já o parágrafo 4°, diz 
sobre a parcialidade da impugnação da Fazenda Pública, o qual a parte do objeto 
que não for arguido deverá prosseguir na execução, devendo ser pago por meio de 
precatório RPV. Outrossim o §5° do dispositivo 535, NCPC, retoma a hipótese de 
arguição de inexigibilidade do título ou da obrigação. Contudo, em se tratando de 
cumprimento de sentença, o título é proveniente de decisão judicial, ressaltando que 
as disposições acerca do cumprimento de sentença aplicam-se subsidiariamente à 
execução de títulos extrajudiciais, conforme o art.771, NCPC. Por último, tem-se os 
parágrafos 6° e 7°, do art. 535, qual trata a manutenção da segurança jurídica, e por 
fim o parágrafo 8°, art. 535, NCPC, dispõe que, ocorrendo hipótese contraria à 
previsão do parágrafo 7° (a decisão do STF, portanto, seja posterior ao trânsito em 
julgado da decisão exequenda), caberá desse modo ação rescisória. 
CUMPRIMENTO PROVISÓRIO EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA - COBRANÇA 
DE ASTREINTES 
Astreintes são multas diárias aplicadas à parte que deixa de atender decisão 
judicial, sua finalidade é combater, o adiamento indefinido do cumprimento de 
obrigação imposta pelo Poder Judiciário pela parte que deve cumprir. Atualmente, 
há duas correntes doutrinarias que apresentam ideias divergentes, acerca do tema. 
Afirmando, a possibilidade de cominação de multa em face do Poder Público, 
o Professor. MARCOS DESTEFENNI, apud CARREIRA ALVIM, assim se 
pronuncia: 
 
“tantos os entes públicos quanto os privados podem ser sujeitos 
passivos de obrigação de fazer e não fazer, como tais, réus na ação 
de cumprimento do art. 461, podendo ser contra eles deferida a 
tutela liminar, preenchidos os requisitos legais( art. 461, § 3º)(...) A 
Administração Pública não pode furtar-se ao cumprimento específico 
de suas obrigações...” 
 
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Outro segmento se posiciona contrariamente à imposição de multa em face 
do ente público. Argumenta-se que é possível o emprego de meios mais eficazes na 
proteção do direito e que, ao mesmo tempo, são menos gravosos à coletividade, 
aliada ao resguardo do patrimônio público e de toda a sociedade. Referem-se que a 
multa cominada atingirá o erário, sem a eficácia coercitiva preconizada, visto que a 
Administração Pública é por excelência impessoal. 
Nesse contexto, Vicente Greco Filho sustenta: 
 
“entendemos serem inviáveis a cominação e a imposição de multa 
contra pessoa jurídica de direito público, Os meios executivos contra 
a Fazenda Pública são outros. Contra esta a multa não tem nenhum 
efeito cominatório, porque não é o administrador renitente que irá 
pagá-la, mas os cofres públicos, ou seja, o povo15” 
 
 A despeito de tal discussão, a jurisprudência largamente vem admitindo a 
aplicação de astreintes em relação à Fazenda Pública, como meio executivo para 
cumprimento de obrigação de fazer ou entregar coisa, como por exemplo, nas 
demandas que envolvem fornecimento de medicamentos de alto custo, ou mesmo 
vagas em estabelecimentos hospitalares. 
SEGUE A JURISPRUDÊNCIA: 
PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AOS ARTS. 461 E 461-A DO 
CPC NÃO CONFIGURADA. FIXAÇÃO DE ASTREINTES 
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1. O 
STJ entende ser cabível a cominação de multa diária 
(astreintes) contra a Fazenda pública como meio 
executivo para cumprimento de obrigação de fazer ou 
entregar coisa (arts. 461 e 461-A do CPC), inclusive para 
obrigar autarquia federal a providenciar a escrituração de 
Títulos da Dívida Agrária (TDA) para o pagamento de 
indenização pactuada em decorrência de desapropriação, 
por interesse social, para fins de reforma agrária. 2. 
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Recurso Especial não provido. (STJ - REsp: XXXXX PB 
XXXXX/XXXXX-4, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, 
Data de Julgamento: 08/08/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 12/09/2017) 
SEQUESTRO 
O sequestro é o meio pelo qual a justiça determina que se faça o pagamento 
de créditos de pequeno valor devido pela fazenda pública ao executante, tal meio 
executivo é incontroverso quanto ao texto Constitucional presente no art 100 caput 
da CF, o qual trata do regime dos precatórios. Art. 100. Os pagamentos devidos 
pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de 
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação 
dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos 
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para 
este fim. 
No entanto se tratando de pagamento de pequeno valor em créditos devido 
pela administração pública a emenda constitucional n 62/2009 que estabeleceu o 
parágrafo 3º a esse art que dispõe sobre a permissão na preferência dos créditos 
de pequeno valor estipulados como sequestro. § 3º O disposto no caput deste artigo 
relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de 
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas 
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Ou seja o § 3º 
afastou a aplicação da regra sobre precatório disposto no caput do art 100 da 
Constituição Federal, pois com essa EC foi possível que o executado tenha 
satisfação quando ao crédito devido pela fazenda pública, sem a necessidade de 
passar fielmente pelo regime dos precatórios, essa ferramenta tem como objetivo 
impedir que créditos dessa natureza fiquem sujeitos a demora no pagamento na 
ordem dos precatórios. Sendo determinado o cumprimento de sentença estipulado 
por decisão judicial transitado em julgado, o não pagamento dessa obrigação poderá 
acarretar em determinação judicial através da RPV, que tem como fundamento a 
execução de quitação por parte da fazenda pública no prazo de 60 dias. 
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Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em 
julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados 
da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na 
agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, 
independentemente de precatório. § 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz 
determinará o seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão. 
Lembrando que mesmo com o a ADI 1.662 ( rel. Min. Maurício Corrêa, RTJ 
189/477), o pagamento de pequeno valor por meio de sequestro não viola tal 
entendimento, pois, não há quebra de ordem cronológica dos precatórios, visto que 
os créditos de pequeno valor não se correlacionam com os créditos de natureza 
alimentarque seguem no regime especial de precatórios. Como firmado em 
entendimento do STF: 
CONSTITUCIONAL. SEQÜESTRO DE VERBAS PÚBLICAS. 
PRECATÓRIO. DÍVIDA DE PEQUENO VALOR. VIOLAÇÃO 
DA AUTORIDADE DAS DECISÕES PROFERIDAS NA ADI 
1.662 E NA ADI 3.057-MC. EXECUÇÃO. FAZENDA 
PÚBLICA. Decisão que determina bloqueio de recursos 
públicos para pagamento de requisição de crédito de 
pequeno valor, assim definido por lei estadual, não 
implica violação da autoridade das decisões proferidas 
por ocasião do julgamento da ADI 1.662 e da ADI 3.057-
MC. Agravo ao qual se nega provimento. (Rcl-AgR 
XXXXX/RN, relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 
30.11.2007, p. 25). 
 
INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL 
 
A possibilidade de intervenção federal e estadual é uma das formas de se 
fazer cumprir decisão judicial contra a Fazenda Pública nos termos dos 
artigos 34, VI e 35, I, da Constituição Federal. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637537/artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713211/inciso-vi-do-artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712921/inciso-i-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado 
configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção 
federal. Neste sentido: 
O procedimento destinado a viabilizar, nas hipóteses de descumprimento de 
ordem ou de sentença judiciais (CF, art. 34, VI, e art. 35, IV), a efetivação do ato 
de intervenção – trate-se de intervenção federal nos Estados-membros, cuide-se 
de intervenção estadual nos Municípios – reveste-se de caráter político-
administrativo, muito embora instaurado perante órgão competente do Poder 
Judiciário (CF, art. 36, II, e art. 35, IV), circunstância que inviabiliza, ante a 
ausência de causa, a utilização do recurso extraordinário. 
PRECATÓRIO 
O precatório é uma ordem de pagamento expedida pelo Poder Judiciário para 
as Fazendas Públicas, em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Trata-
se do regime de pagamento aplicável a toda Fazenda Pública, de todas as esferas 
da Federação, somente no caso de sentença judicial condenatória transitada em 
julgado. Com a entrada em vigor do NCPC, se ao Impugnar o Cumprimento de 
Sentença a Fazenda Pública alegar excesso de execução, deverá ao mesmo tempo 
declarar imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da 
alegação, vide artigo 535, § 2°, NCPC. As despesas para o pagamento dos 
precatórios constarão no orçamento anual do ente federativo. Se forem inclusas 
essas despesas no orçamento ate o dia 2 de Abril, o pagamento deverá ser efetuado 
até o final do exercício financeiro seguinte. Se forem inclusas após 2 de Abril, 
deverão ser pagas até o final do segundo exercício financeiro seguinte, é o que 
versa o art.100, § 5°da CF/88. 
Os pagamentos dos precatórios devem obedecer a sua ordem cronológica de 
apresentação, como bem diz, o art.100 da Constituição. 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637537/artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713211/inciso-vi-do-artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712807/inciso-iv-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636450/artigo-36-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712701/inciso-ii-do-artigo-36-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712807/inciso-iv-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NA OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER E 
ENTREGAR COISA EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA. 
As disparidades quanto as obrigações de fazer, não fazer e entrega de 
coisa, em relação a obrigação de pagar quantia são notórias quanto ao 
procedimento de cumprimento de sentença com atos de constrição patrimonial e 
expropriação, que não são possíveis quando a fazenda pública figura em polo 
passivo em uma relação jurídica, devido alguns princípios que tornam os bens da 
fazenda pública impenhoráveis e inalienáveis fazendo com que a execução sob 
esses prismas sejam impossíveis, mas com relação as demais obrigações, o 
Código de Processo Civil estipula que o procedimento ocorra pelo rito comum com 
algumas ressalvas em alguns pontos, como na tutela antecipada contra fazenda 
pública, expressa na Lei 9.494/97 art 1º e 12.016/2009 que exigem o reexame 
necessário obrigatório da matéria, logo pôde-se afirmar que ressalvadas tais Leis, 
a tutela antecipada é permitida contra a fazenda pública uma vez que os 
dispositivos legais art 273 do CPC e art 461, 461 – A, disciplinam que não há 
vedação em processos envolvendo a fazenda pública no que tange a tutela 
antecipada. 
O procedimento do cumprimento da obrigação de fazer, não fazer e entrega 
de coisa contra fazenda pública dependerá do título que se busca a satisfação, 
pois deve-se atentar em alguns pontos, como na execução por meio de título 
judicial, que o procedimento deve obedecer os requisitos presentes nos artigos 536 
e 538 do CPC, que dispõe sobre a obrigatoriedade de seguir nós mesmos autos da 
ação de conhecimento, logo, transitada em julgado a sentença que decide o 
cumprimento da obrigação, e conhecido o não cumprimento, o juiz da ação 
utilizando dos artigos anteriormente citados determinará sua efetivação. Por outro 
lado, quando se trata de título executivo extrajudicial o procedimento deverá seguir 
em um ação autônoma pois os requisitos para essa ação mudará de acordo com a 
obrigação, já que na obrigação de entregar coisa certa ou incerta o dispositivo legal 
que disciplina são os artigos 806 e 813 do CPC, já na obrigado de fazer ou não 
fazer a ação devera ocorrer em conformidade com os art 814 e 823 do CPC. 
 
 
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TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
Cabe reiterar que o titulo executivo extrajudicial é um meio em que não 
envolve decisão judicial em que o Estado na figura do juiz decide com base na sua 
convicção jurídica a melhor alternativa para a resolução da lide, ao contrário, na 
forma extrajudicial é garantido a vontade das partes que compõem a lide e por isso 
dispensam a cognição judicial. Como dito anteriormente, a execução contra a 
Fazenda Pública é fundada tanto em título executivo judicial, quanto o título 
executivo extrajudicial, sem que essa última lese o regime jurídico de direito público 
em relação ao Estado em juízo, conforme entendimento do STJ a luz da súmula 
n.279. Apesar das modificações ocorridas quanto à execução, a forma extrajudicial 
não se distancia da judicial com a existência de regras comuns confirmadas pelo art. 
910, § 3º do CPC, o rito que deverá reger a execução varia conforme trata o título 
executivo. 
DO PROCEDIMENTO 
O procedimento de título extrajudicial contra a Fazenda Pública possui 
algumas regras procedimentais comuns em relação à execução por título judicial, 
para a propositura da execução é disposto no decreto nº 20.910/1932, art. 1° que 
diz:” As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual 
for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do 
qual se originarem.” e na súmula n.° 150 da Suprema Corte que regulamenta a 
execução no mesmo prazo da propositura da ação. Desse modo, essa espécie de 
execução está prevista no art. 910 do CPC em que dispõe sobre a aplicação na sua 
forma extrajudicial cujo devedor é a Fazenda Pública. 
Nesse sentido, o autor demandará a petição inicial de acordo com os 
requisitos previstos no art. 535, sendo devidamente citado o polo passivo para 
embargar no prazo de 30 (trinta) dias e não para pagar quantia certa como na 
execução realizada contra um particular e sim apresentar sua defesa, pois não há 
previsão de bens à penhora para uma execução forçada, pois os bens que 
compõem o patrimônio da Fazenda Pública são bens públicos e, consequentemente, 
são impenhoráveis conforme o art. 100 do Código Civil. No tocante ao § 1° do art. 
910, não apresentado os embargos ou transitada em julgado o procedimento segue 
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e é expedido o precatório pelo presidente do tribunal seguindo a ordem cronológica 
desse regime ou é expedida a ordem de pagamento por Requisição de Pequeno 
Valor pelo juízo da execução. Segundo o doutrinador Theodoro Júnior, destaca que 
por inexistir uma execução forçada há tão somente uma execução imprópria, visto 
que é característica especial da execução, esse procedimento especial é somente 
aplicável no que tange a obrigação de pagar quantia certa, pois nas demais 
obrigações em face da Fazenda Pública como devedor segue o processo de 
execução comum no que for compatível. 
SEGUE JURISPRUDÊNCIA: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO 
DE TITULO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA 
PÚBLICA. NÃO INSTAURAÇÃO DE JUIZADO DA FAZENDA 
PÚBLICA NA COMARCA. PROCESSO EM TRÂMITE NA 
VARA DA FAZENDA PÚBLICA. ISENÇÃO DE CUSTAS 
INICIAIS. 1. A Resolução n° 07/2013, de 2018/08/2013, da 
Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 
dispõe que na comarca em que não houver Juizado Especial 
da Fazenda Pública, os feitos d sua competência tramitarão 
perante o Juiz de direito titular da vara que tiver competência 
para os processos da Fazenda Pública. 2. O acesso ao juizado 
Especial independe, em primeiro grau de jurisdição do 
pagamento de custas, taxas ou despesas, conforme 
disciplinado no artigo 54 da Lei n° 9.099/95. 3. Se a ação foi 
proposta sob o rito do Juizado Especial da Fazenda 
Pública haverá a isenção das custas iniciais, ainda que 
tenha curso na Vara da Fazenda Pública. AGRAVO 
PROVIDO. Tribunal de Justiça de Goiás TJ-GO – Agravo de 
Instrumento (CPC): AI XXXXX-13.2018.8.09.0000. 
 
 
 
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EMBARGOS A EXECUÇÃO 
A Administração Pública e a entidade de natureza de direito público se 
defendem por meio dos embargos à execução que possuem a mesma natureza de 
uma ação de conhecimento, com isso encontra-se previsto no parágrafo 2° do art. 
910 do CPC que, também, é uma repetição do art. 917 do mesmo código ao prever 
que nos embargos a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria 
lícito a fim de deduzir como defesa no processo e se destaca nos incisos um maior 
leque de defesa em face da Fazenda Pública. O mencionado art. 917 do CPC 
dispõe a ampla possibilidade de embargos, podendo o executado alegar: 
 
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: 
I – Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
II – Penhora incorreta ou avaliação errônea; 
III – Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 
IV – Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de 
execução para entrega de coisa certa; 
V – Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 
VI – Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em 
processo de conhecimento. 
 
O artigo 917 do CPC, indica as matérias fundamentais passiveis de alegação 
nos embargos à execução, sendo assim, a hipótese do inciso I que trata da 
inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação, devem ser compreendidas 
na possibilidade do executado voltar-se, de acordo com o caso, as questões 
relativas ao titulo executivo ou ao material nele retratado, em relação a 
inexigibilidade da obrigação seguem os arts. 787 e 788 do CPC. Consoante a 
penhora incorreta ou avaliação errônea do inciso II, a avaliação é feita com base nos 
arts. 870 a 872 do CPC, o prazo consta no §1° do 917 que admite ser levantada por 
simples petição ambas as questões dentro de 15 dias, contando a ciência do ato, 
independente de penhora prévia. 
Dentro do inciso III que trata do excesso de execução o § 2° do mesmo artigo 
elenca quais os eventuais excessos para a alegação, o mesmo inciso permite o 
embargante alegar a cumulação indevida de execuções, como previsto no art. 780. 
Tratando-se de obrigação entregar coisa certa tem-se como certo o inc. IV em que 
dispõe nos casos de restituição é direito do executado reter a coisa reclamada pelo 
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exequente enquanto não pagas as benfeitorias necessárias ou úteis, visto que, 
nessa situação, no § 5° o exequente poderá requerer a compensação do valor com 
os frutos ou os danos considerados devidos pelo executado. 
O inc. VI considera que a dicotomia do regime de alegação sobre a 
incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, é passível, tanto uma 
quanto a outra ser arguidas nos embargos e, por fim, no inc. VI admite uma 
ampliação nas alegações ao embargante quando dispõe que será devido alegar 
qualquer matéria que lhe seja lícito deduzir como defesa no processo de 
conhecimento, enfatizando o principio da ampla defesa exercida pelo executado. 
A Fazenda Pública quando citada poderá se defender ou ficar inerte, se for o 
caso, o prazo dos embargos é de 30 (trinta) dias, e caso a administração concorde 
com a decisão, o art. 85, § 7° e a Lei 9.494/1997 art. 1°-D, prevê que com a inercia 
da Fazenda Pública, não incidirá honorários advocatícios caso este não impugne ou 
embargue a execução. Entretanto há exceção quanto a Súmula n° 345 STJ e 
súmula vinculante n° 47. Caso a Fazenda Pública não embargue ou transite em 
julgado a decisão que os ignorar, o art. 910 do CPC prevê a expedição de precatório 
ou Requisição de Pequeno Valor a favor daquele que solicita a demanda no 
processo, o procedimento segue o que está previsto nos arts. 534 e 535 do CPC/15. 
 APLICAÇÃO DO REGIME DE PRECATÓRIOS 
De acordo com o art. 535, § 3°, I do CPC, o precatório será expedido por 
intermédio do presidente do tribunal competente em favor do exequente, caso a 
decisão não vier a ser embargada ou impugnada. Nesse sentindo, entende-se por 
precatório nas palavras do doutrinador Daniel Amorim (2022) como uma ordem de 
pagamento de valores consideravelmente elevado e superior ao pagamento do RPV 
que possui em comum o mesmo ente público como devedor no processo. Como 
exposto no subtópico anterior, ao findar o processo de execução contra a Fazenda 
Pública e da decisão não sobrevier embargos ou impugnação, cabe ao juízo da 
execução competente encaminhar ao presidente do tribunal para que seja expedido 
o precatório ou a Requisição de pequeno valor, observando o que está previsto no 
art. 100 da Constituição Federal e assim incluída no orçamento público para a 
satisfação da execução. O procedimento para aplicação dos precatórios segue o 
andamento no que está disposto nos arts. 534 e 535 do CPC. Os pagamentos 
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solicitados até dia 2 de Abril são realizados de acordo com o art. 100, § 5° até o final 
do exercício do ano seguinte devidamente com os valores atualizados. Os 
pagamentos são efetivados em ordem cronológica na apresentação dos precatórios 
a fim de preservar o principio da isonomia, sendo por precatório o meio de não haver 
preferência na ordem de pagamentos aos credores da Fazenda, entretanto, a 
Emenda Constitucionalde 62/2009 cede preferência no pagamento de natureza 
alimentícia aos titulares originários ou por seus herdeiros, tenham 60 anos de idade, 
ou sejam portadores de doença grave, pessoas com deficiência, assim definidos em 
lei serão pagos com preferencia sobre os demais até o limite de 3 vezes o valor 
maior no art. 100 § 3°. Todavia, na realidade é notório a demora exagerada nos 
pagamentos de precatórios com a justificativa da insuficiência dos cofres públicos, 
considerando que os entes possuem outros compromissos a serem realizados, isso 
explica a mudança em que, ,muitos dos credores optar por escolher o RPV, um valor 
significativamente menor do que o devido previsto precatório, ao ficar na espera 
frustrante pelo recebimento do precatório. O § 2° do art. 534 dispõe a não aplicação 
da multa prevista no art. 523 § 1° do CPC para a Fazenda Pública, ou seja, o não 
pagamento devido em 15 dias, a administração pública não terá o encargo de 
suportar multa de 10% do exequente, a especial condição no procedimento em 
pagar a quantia certa, afasta a aplicação de medidas coercitivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 14.ed. 
Salvador: Editora Jus podivm, 2022. 
 
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil Vol III. 49.ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2016. 
 
PASSOS. Carlos Eduardo. A EFETIVIDADE DO PROCESSO NAS AÇÕES 
COMTRA A FAZENDA PÚBLICA, revista da EMERJ. V4, n.16, 2001.DIDIER Jr. 
Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael 
Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: 
Juspodivm, 2017. v. 5NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito 
processual civil. 14.ed.Salvador: Editora Jus podivim, 2022.

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