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1 FACULDADE GAMALIEL FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS BACHAREL EM DIREITO ANA CLÁUDIA DOS SANTOS RODRIGUES JOILSON MENEZES DA SILVA THALITA SILVA Turma: 28 CUMPRIMENTO DE SETENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA TUCURUÍ-PA 2022 2 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA REGIME JURÍDICO No Processo civil a Fazenda pública é o termo utilizado quando algum ente público atua como parte em um processo, e para classifica-las é preciso saber que entes públicos são todas as pessoas jurídicas de direito publico interno, como disposto no art 41 do Código Civil, que refere-se a União, Estado, Municípios e Distrito Federal e suas respectivas autarquias, que fazem parte tando da administração pública direta como indireta, podendo ter natureza política, administrativa, bem como as criadas por lei no rol exemplificativo do inc V do art 41 do CC. O procedimento da execução contra fazenda pública é diferenciado do procedimento comum contra pessoa física ou jurídica de direito privado, pois a natureza dos bens da fazenda pública são considerados inalienáveis e impenhoráveis, fato pelo qual não podem ser objetos de atos de constrição patrimonial e expropriação como é feito na execução contra o particular, sendo assim, o procedimento de pagar quantia certa contra fazenda pública se dá de forma especial já que o único meio executivo é o de pagamento por precatório, por garantir a ordem no pagamento devido pela fazenda pública. Muitas são as divergências doutrinárias sobre o assunto já que o fato da fazenda publica ter seus meios executivos limitados, torna o processo frágil quando a satisfação do credor. Segundo Daniel Amorim, a forma executiva contra fazenda pública é um meio pelo qual o credor pode ter satisfação na execução, já que existem técnicas procedimentais específicas para esse tipo de execução em lei, o que não desampara o credor quanto ao cumprimento de determinada sentença. “Entendo que todo procedimento voltado a resolver a crise jurídica de satisfação é uma execução, sendo irrelevantes para a determinação da natureza executiva do processo de técnicas procedimentais previstas em lei para a obtenção desse objeto. Sendo o procedimento previsto em lei o adequado para o credor da fazenda pública receber seu crédito, com a solução da crise jurídica de satisfação, trata-se de execução” Amorim Daniel, pág 1325. 3 Diferente da execução de pagar quantia certa, o Código de Processo Civil estabelece que as demais formas de execução contra a fazenda pública não exigem procedimento diferenciado, como a obrigação de fazer, não fazer e de entrega de coisa, sendo possível até mesmo a aplicação das astreintes previsto no art 537 do CPC, sendo ressalvadas as tutelas antecipadas que tem previsão na Lei 9.494/1997, art 1º. Mesmo o pagamento no cumprimento de sentença contra fazenda pública sendo feito meio de precatórios para que não haja violação ao princípio da isonomia o § 1º do art 100 da CF dispõe que os débitos de natureza alimentar tem direto de preferência quanto ao pagamento,, como entendido pelos tribunais superiores consagrado na redação da Emenda Constitucional 62/2009, a qual também estipulou o direito de preferência de débitos alimentares aos credores que tenham mais de 60 anos na expedição dos precatórios, bem como aos portadores de doenças graves, conformo entendido pelo STJ: PROCESSO ADMINISTRATIVO. REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. EC 62/2009. INAPLICABILIDADE. 1. A novel sistemática de pagamentos inaugurada pela EC 62/2009 refere-se apenas aos precatórios inadimplidos, conforme expressamente determinado pelo art. 97, caput, do ADCT. O mesmo dispositivo constitucional esclarece que continua aplicável o art. 100, § 3º, da CF aos débitos anteriores, ou seja, permanece devido o pagamento dos pequenos valores sem emissão deprecatórios. 2. Se a requisição não é cumprida no prazo assinalado pela normatização específica (120 dias, no caso do TJMT), deve ser determinado o sequestro, não havendo falar em emissão de precatório, nem, portanto, em aplicação da EC 62/2009. 3. Recurso Ordinário não provido. (STJ, 2ª Turma, RMS XXXXX/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 06/03/2012) 4 Para uma efetiva aplicação do texto constitucional disposto no art 3º do art 100 da Constituição Federal, o doutrinador incluiu o § 2, do art 17, da lei 10.259/2001, com o objetivo de que créditos de pequeno valor devido pela fazenda pública sejam efetivados como satisfação ao executado. Muito se fala no termo “sentença judicial” que se deu a partir das modificações advindas da emenda constitucional 30/2000, motivo pelo qual, pôde-se imaginar que a execução contra fazenda pública se dá por título judicial (sentença), mas com o entendimento do Tribunal Superior de Justiça esse título pode se dar também por título extrajudicial sem que ocorra alguma ofensa ao processo é a justiça. PROCEDIMENTO E MEIO DE DEFESA Primeiramente, cabe aqui mencionar, que o NCPC traz uma importante inovação referente aos processos executivos vinculados as dívidas atribuídas as Fazendas Públicas. No antigo CPC de 73, independentemente, da espécie de título era constituído um processo autônomo na execução, já na nova legislação foram esclarecidas duas formas, a de cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública, qual é fundamentado nos artigos 534 e 535 do NCPC e de execução em título extrajudicial positivado no art. 910 do NCPC. Diante do exposto, temos que, o procedimento, vinculado a obrigação de pagar quantia certa, terá início mediante requerimento formulado pelos interessados, com demonstrativo discriminado e atualizado de crédito, atendendo as exigências do artigo 534 do NCPC. Nas demandas executivas em relação a entes públicos é muito comum a ocorrência de pluralidade de credores, sendo que cada um deles deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, isto é, uma espécie de litisconsórcio ativo, como prevê o §1º do artigo 534. Logo serão aplicadas as regras do litisconsórcio multitudinário prevista no art. 113 do NCPC. Observa-se também, que há algumas repetições relacionadas aos incisos dos dispositivos 524 do NCPC e do 534 do NCPC. Tais como, o inciso II a VI do art. do 534, que por sua vez remete ao art.524 do NCPC: o índice de correção monetária adotado; os juros aplicados e as respectivas taxas; o termo inicial e o termo final dos 5 juros e da correção monetárias utilizados; a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados. O parágrafo segundo do artigo 534, diz sobre a não aplicabilidade da multa prevista no § 1 ° do art. 523 a Fazenda Pública quando figure como executada. Contudo, Didier destaca que: Caso o cumprimento da sentença se submeta a precatório, é possível ao autor renunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de Pequeno Valor – RPV -, evitando o precatório. Nessa situação, haverá honorários na execução, ainda que não haja impugnação. Para que assim seja, é preciso que a renúncia seja feita antes da propositura do cumprimento de sentença, ou seja, o exequente já propõe o cumprimento de sentença com valor pequeno, requerendo a expedição da RPV. No que tange o caput artigo 535 do novo código processual, nota-se que a intimação da Fazenda Pública será realizada na pessoa de seu representante legal, mediante carga, remessa ou meio eletrônico, abrindo-se no prazo de 30 dias para a impugnação, qual será apresentada nos próprios autos. Ademais, o paragrafo 1º do art.535, NCPC, a alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos artigos146 e 148, NCPC, ou seja, condiciona a referida arguição ao prazo de 15 dias da data do conhecimento do fato, realizada na primeira oportunidade de manifestação nos autos após o conhecimento, através da petição fundamentada. Já no §2º, dispõe que a exequente – a Fazenda Pública, no caso poderá alegar excesso de execução. No entanto, deverá declarar, de imediato o valor que acredita ser correto, sob pena de rejeição liminar da impugnação. Em sequência, temos o parágrafo 3° do dispositivo correspondente, o qual versa o modo de pagamento em quantia certa pela Fazenda Pública, que se dá por meio do sistema de precatórios, salvo quando o valor for considerado, juridicamente, pequeno, conforme o parágrafo 3° do art.100, CF. Logo, caso o cumprimento de sentença não seja impugnado, ou incida uma das hipóteses de rejeição liminar, deve-se expedir precatório em favor do exequente. Ainda, em hipótese de pequeno valor, o juiz deverá expedir, então uma Requisição de Pequeno Valor (RPV), dirigida à autoridade através da qual o ente público foi citado. O pagamento deverá então, ser realizado em até 2 meses da entrega da RPV. Vale lembrar que, havendo impugnação, a expedição do precatório 6 ou da RPV, dependerá do trânsito em julgado da decisão que rejeitar as arguições da Fazenda Pública, conforme o Enunciado 532 do FPPC. Já o parágrafo 4°, diz sobre a parcialidade da impugnação da Fazenda Pública, o qual a parte do objeto que não for arguido deverá prosseguir na execução, devendo ser pago por meio de precatório RPV. Outrossim o §5° do dispositivo 535, NCPC, retoma a hipótese de arguição de inexigibilidade do título ou da obrigação. Contudo, em se tratando de cumprimento de sentença, o título é proveniente de decisão judicial, ressaltando que as disposições acerca do cumprimento de sentença aplicam-se subsidiariamente à execução de títulos extrajudiciais, conforme o art.771, NCPC. Por último, tem-se os parágrafos 6° e 7°, do art. 535, qual trata a manutenção da segurança jurídica, e por fim o parágrafo 8°, art. 535, NCPC, dispõe que, ocorrendo hipótese contraria à previsão do parágrafo 7° (a decisão do STF, portanto, seja posterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda), caberá desse modo ação rescisória. CUMPRIMENTO PROVISÓRIO EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA - COBRANÇA DE ASTREINTES Astreintes são multas diárias aplicadas à parte que deixa de atender decisão judicial, sua finalidade é combater, o adiamento indefinido do cumprimento de obrigação imposta pelo Poder Judiciário pela parte que deve cumprir. Atualmente, há duas correntes doutrinarias que apresentam ideias divergentes, acerca do tema. Afirmando, a possibilidade de cominação de multa em face do Poder Público, o Professor. MARCOS DESTEFENNI, apud CARREIRA ALVIM, assim se pronuncia: “tantos os entes públicos quanto os privados podem ser sujeitos passivos de obrigação de fazer e não fazer, como tais, réus na ação de cumprimento do art. 461, podendo ser contra eles deferida a tutela liminar, preenchidos os requisitos legais( art. 461, § 3º)(...) A Administração Pública não pode furtar-se ao cumprimento específico de suas obrigações...” 7 Outro segmento se posiciona contrariamente à imposição de multa em face do ente público. Argumenta-se que é possível o emprego de meios mais eficazes na proteção do direito e que, ao mesmo tempo, são menos gravosos à coletividade, aliada ao resguardo do patrimônio público e de toda a sociedade. Referem-se que a multa cominada atingirá o erário, sem a eficácia coercitiva preconizada, visto que a Administração Pública é por excelência impessoal. Nesse contexto, Vicente Greco Filho sustenta: “entendemos serem inviáveis a cominação e a imposição de multa contra pessoa jurídica de direito público, Os meios executivos contra a Fazenda Pública são outros. Contra esta a multa não tem nenhum efeito cominatório, porque não é o administrador renitente que irá pagá-la, mas os cofres públicos, ou seja, o povo15” A despeito de tal discussão, a jurisprudência largamente vem admitindo a aplicação de astreintes em relação à Fazenda Pública, como meio executivo para cumprimento de obrigação de fazer ou entregar coisa, como por exemplo, nas demandas que envolvem fornecimento de medicamentos de alto custo, ou mesmo vagas em estabelecimentos hospitalares. SEGUE A JURISPRUDÊNCIA: PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AOS ARTS. 461 E 461-A DO CPC NÃO CONFIGURADA. FIXAÇÃO DE ASTREINTES CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1. O STJ entende ser cabível a cominação de multa diária (astreintes) contra a Fazenda pública como meio executivo para cumprimento de obrigação de fazer ou entregar coisa (arts. 461 e 461-A do CPC), inclusive para obrigar autarquia federal a providenciar a escrituração de Títulos da Dívida Agrária (TDA) para o pagamento de indenização pactuada em decorrência de desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária. 2. 8 Recurso Especial não provido. (STJ - REsp: XXXXX PB XXXXX/XXXXX-4, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 08/08/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2017) SEQUESTRO O sequestro é o meio pelo qual a justiça determina que se faça o pagamento de créditos de pequeno valor devido pela fazenda pública ao executante, tal meio executivo é incontroverso quanto ao texto Constitucional presente no art 100 caput da CF, o qual trata do regime dos precatórios. Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. No entanto se tratando de pagamento de pequeno valor em créditos devido pela administração pública a emenda constitucional n 62/2009 que estabeleceu o parágrafo 3º a esse art que dispõe sobre a permissão na preferência dos créditos de pequeno valor estipulados como sequestro. § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Ou seja o § 3º afastou a aplicação da regra sobre precatório disposto no caput do art 100 da Constituição Federal, pois com essa EC foi possível que o executado tenha satisfação quando ao crédito devido pela fazenda pública, sem a necessidade de passar fielmente pelo regime dos precatórios, essa ferramenta tem como objetivo impedir que créditos dessa natureza fiquem sujeitos a demora no pagamento na ordem dos precatórios. Sendo determinado o cumprimento de sentença estipulado por decisão judicial transitado em julgado, o não pagamento dessa obrigação poderá acarretar em determinação judicial através da RPV, que tem como fundamento a execução de quitação por parte da fazenda pública no prazo de 60 dias. 9 Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório. § 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão. Lembrando que mesmo com o a ADI 1.662 ( rel. Min. Maurício Corrêa, RTJ 189/477), o pagamento de pequeno valor por meio de sequestro não viola tal entendimento, pois, não há quebra de ordem cronológica dos precatórios, visto que os créditos de pequeno valor não se correlacionam com os créditos de natureza alimentarque seguem no regime especial de precatórios. Como firmado em entendimento do STF: CONSTITUCIONAL. SEQÜESTRO DE VERBAS PÚBLICAS. PRECATÓRIO. DÍVIDA DE PEQUENO VALOR. VIOLAÇÃO DA AUTORIDADE DAS DECISÕES PROFERIDAS NA ADI 1.662 E NA ADI 3.057-MC. EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. Decisão que determina bloqueio de recursos públicos para pagamento de requisição de crédito de pequeno valor, assim definido por lei estadual, não implica violação da autoridade das decisões proferidas por ocasião do julgamento da ADI 1.662 e da ADI 3.057- MC. Agravo ao qual se nega provimento. (Rcl-AgR XXXXX/RN, relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 30.11.2007, p. 25). INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL A possibilidade de intervenção federal e estadual é uma das formas de se fazer cumprir decisão judicial contra a Fazenda Pública nos termos dos artigos 34, VI e 35, I, da Constituição Federal. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637537/artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713211/inciso-vi-do-artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712921/inciso-i-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 10 O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. Neste sentido: O procedimento destinado a viabilizar, nas hipóteses de descumprimento de ordem ou de sentença judiciais (CF, art. 34, VI, e art. 35, IV), a efetivação do ato de intervenção – trate-se de intervenção federal nos Estados-membros, cuide-se de intervenção estadual nos Municípios – reveste-se de caráter político- administrativo, muito embora instaurado perante órgão competente do Poder Judiciário (CF, art. 36, II, e art. 35, IV), circunstância que inviabiliza, ante a ausência de causa, a utilização do recurso extraordinário. PRECATÓRIO O precatório é uma ordem de pagamento expedida pelo Poder Judiciário para as Fazendas Públicas, em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Trata- se do regime de pagamento aplicável a toda Fazenda Pública, de todas as esferas da Federação, somente no caso de sentença judicial condenatória transitada em julgado. Com a entrada em vigor do NCPC, se ao Impugnar o Cumprimento de Sentença a Fazenda Pública alegar excesso de execução, deverá ao mesmo tempo declarar imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da alegação, vide artigo 535, § 2°, NCPC. As despesas para o pagamento dos precatórios constarão no orçamento anual do ente federativo. Se forem inclusas essas despesas no orçamento ate o dia 2 de Abril, o pagamento deverá ser efetuado até o final do exercício financeiro seguinte. Se forem inclusas após 2 de Abril, deverão ser pagas até o final do segundo exercício financeiro seguinte, é o que versa o art.100, § 5°da CF/88. Os pagamentos dos precatórios devem obedecer a sua ordem cronológica de apresentação, como bem diz, o art.100 da Constituição. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637537/artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713211/inciso-vi-do-artigo-34-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712807/inciso-iv-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636450/artigo-36-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712701/inciso-ii-do-artigo-36-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636880/artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712807/inciso-iv-do-artigo-35-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 11 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NA OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER E ENTREGAR COISA EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA. As disparidades quanto as obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa, em relação a obrigação de pagar quantia são notórias quanto ao procedimento de cumprimento de sentença com atos de constrição patrimonial e expropriação, que não são possíveis quando a fazenda pública figura em polo passivo em uma relação jurídica, devido alguns princípios que tornam os bens da fazenda pública impenhoráveis e inalienáveis fazendo com que a execução sob esses prismas sejam impossíveis, mas com relação as demais obrigações, o Código de Processo Civil estipula que o procedimento ocorra pelo rito comum com algumas ressalvas em alguns pontos, como na tutela antecipada contra fazenda pública, expressa na Lei 9.494/97 art 1º e 12.016/2009 que exigem o reexame necessário obrigatório da matéria, logo pôde-se afirmar que ressalvadas tais Leis, a tutela antecipada é permitida contra a fazenda pública uma vez que os dispositivos legais art 273 do CPC e art 461, 461 – A, disciplinam que não há vedação em processos envolvendo a fazenda pública no que tange a tutela antecipada. O procedimento do cumprimento da obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa contra fazenda pública dependerá do título que se busca a satisfação, pois deve-se atentar em alguns pontos, como na execução por meio de título judicial, que o procedimento deve obedecer os requisitos presentes nos artigos 536 e 538 do CPC, que dispõe sobre a obrigatoriedade de seguir nós mesmos autos da ação de conhecimento, logo, transitada em julgado a sentença que decide o cumprimento da obrigação, e conhecido o não cumprimento, o juiz da ação utilizando dos artigos anteriormente citados determinará sua efetivação. Por outro lado, quando se trata de título executivo extrajudicial o procedimento deverá seguir em um ação autônoma pois os requisitos para essa ação mudará de acordo com a obrigação, já que na obrigação de entregar coisa certa ou incerta o dispositivo legal que disciplina são os artigos 806 e 813 do CPC, já na obrigado de fazer ou não fazer a ação devera ocorrer em conformidade com os art 814 e 823 do CPC. 12 TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Cabe reiterar que o titulo executivo extrajudicial é um meio em que não envolve decisão judicial em que o Estado na figura do juiz decide com base na sua convicção jurídica a melhor alternativa para a resolução da lide, ao contrário, na forma extrajudicial é garantido a vontade das partes que compõem a lide e por isso dispensam a cognição judicial. Como dito anteriormente, a execução contra a Fazenda Pública é fundada tanto em título executivo judicial, quanto o título executivo extrajudicial, sem que essa última lese o regime jurídico de direito público em relação ao Estado em juízo, conforme entendimento do STJ a luz da súmula n.279. Apesar das modificações ocorridas quanto à execução, a forma extrajudicial não se distancia da judicial com a existência de regras comuns confirmadas pelo art. 910, § 3º do CPC, o rito que deverá reger a execução varia conforme trata o título executivo. DO PROCEDIMENTO O procedimento de título extrajudicial contra a Fazenda Pública possui algumas regras procedimentais comuns em relação à execução por título judicial, para a propositura da execução é disposto no decreto nº 20.910/1932, art. 1° que diz:” As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.” e na súmula n.° 150 da Suprema Corte que regulamenta a execução no mesmo prazo da propositura da ação. Desse modo, essa espécie de execução está prevista no art. 910 do CPC em que dispõe sobre a aplicação na sua forma extrajudicial cujo devedor é a Fazenda Pública. Nesse sentido, o autor demandará a petição inicial de acordo com os requisitos previstos no art. 535, sendo devidamente citado o polo passivo para embargar no prazo de 30 (trinta) dias e não para pagar quantia certa como na execução realizada contra um particular e sim apresentar sua defesa, pois não há previsão de bens à penhora para uma execução forçada, pois os bens que compõem o patrimônio da Fazenda Pública são bens públicos e, consequentemente, são impenhoráveis conforme o art. 100 do Código Civil. No tocante ao § 1° do art. 910, não apresentado os embargos ou transitada em julgado o procedimento segue 13 e é expedido o precatório pelo presidente do tribunal seguindo a ordem cronológica desse regime ou é expedida a ordem de pagamento por Requisição de Pequeno Valor pelo juízo da execução. Segundo o doutrinador Theodoro Júnior, destaca que por inexistir uma execução forçada há tão somente uma execução imprópria, visto que é característica especial da execução, esse procedimento especial é somente aplicável no que tange a obrigação de pagar quantia certa, pois nas demais obrigações em face da Fazenda Pública como devedor segue o processo de execução comum no que for compatível. SEGUE JURISPRUDÊNCIA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TITULO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. NÃO INSTAURAÇÃO DE JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA NA COMARCA. PROCESSO EM TRÂMITE NA VARA DA FAZENDA PÚBLICA. ISENÇÃO DE CUSTAS INICIAIS. 1. A Resolução n° 07/2013, de 2018/08/2013, da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, dispõe que na comarca em que não houver Juizado Especial da Fazenda Pública, os feitos d sua competência tramitarão perante o Juiz de direito titular da vara que tiver competência para os processos da Fazenda Pública. 2. O acesso ao juizado Especial independe, em primeiro grau de jurisdição do pagamento de custas, taxas ou despesas, conforme disciplinado no artigo 54 da Lei n° 9.099/95. 3. Se a ação foi proposta sob o rito do Juizado Especial da Fazenda Pública haverá a isenção das custas iniciais, ainda que tenha curso na Vara da Fazenda Pública. AGRAVO PROVIDO. Tribunal de Justiça de Goiás TJ-GO – Agravo de Instrumento (CPC): AI XXXXX-13.2018.8.09.0000. 14 EMBARGOS A EXECUÇÃO A Administração Pública e a entidade de natureza de direito público se defendem por meio dos embargos à execução que possuem a mesma natureza de uma ação de conhecimento, com isso encontra-se previsto no parágrafo 2° do art. 910 do CPC que, também, é uma repetição do art. 917 do mesmo código ao prever que nos embargos a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito a fim de deduzir como defesa no processo e se destaca nos incisos um maior leque de defesa em face da Fazenda Pública. O mencionado art. 917 do CPC dispõe a ampla possibilidade de embargos, podendo o executado alegar: Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: I – Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; II – Penhora incorreta ou avaliação errônea; III – Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV – Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; V – Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI – Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. O artigo 917 do CPC, indica as matérias fundamentais passiveis de alegação nos embargos à execução, sendo assim, a hipótese do inciso I que trata da inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação, devem ser compreendidas na possibilidade do executado voltar-se, de acordo com o caso, as questões relativas ao titulo executivo ou ao material nele retratado, em relação a inexigibilidade da obrigação seguem os arts. 787 e 788 do CPC. Consoante a penhora incorreta ou avaliação errônea do inciso II, a avaliação é feita com base nos arts. 870 a 872 do CPC, o prazo consta no §1° do 917 que admite ser levantada por simples petição ambas as questões dentro de 15 dias, contando a ciência do ato, independente de penhora prévia. Dentro do inciso III que trata do excesso de execução o § 2° do mesmo artigo elenca quais os eventuais excessos para a alegação, o mesmo inciso permite o embargante alegar a cumulação indevida de execuções, como previsto no art. 780. Tratando-se de obrigação entregar coisa certa tem-se como certo o inc. IV em que dispõe nos casos de restituição é direito do executado reter a coisa reclamada pelo 15 exequente enquanto não pagas as benfeitorias necessárias ou úteis, visto que, nessa situação, no § 5° o exequente poderá requerer a compensação do valor com os frutos ou os danos considerados devidos pelo executado. O inc. VI considera que a dicotomia do regime de alegação sobre a incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, é passível, tanto uma quanto a outra ser arguidas nos embargos e, por fim, no inc. VI admite uma ampliação nas alegações ao embargante quando dispõe que será devido alegar qualquer matéria que lhe seja lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento, enfatizando o principio da ampla defesa exercida pelo executado. A Fazenda Pública quando citada poderá se defender ou ficar inerte, se for o caso, o prazo dos embargos é de 30 (trinta) dias, e caso a administração concorde com a decisão, o art. 85, § 7° e a Lei 9.494/1997 art. 1°-D, prevê que com a inercia da Fazenda Pública, não incidirá honorários advocatícios caso este não impugne ou embargue a execução. Entretanto há exceção quanto a Súmula n° 345 STJ e súmula vinculante n° 47. Caso a Fazenda Pública não embargue ou transite em julgado a decisão que os ignorar, o art. 910 do CPC prevê a expedição de precatório ou Requisição de Pequeno Valor a favor daquele que solicita a demanda no processo, o procedimento segue o que está previsto nos arts. 534 e 535 do CPC/15. APLICAÇÃO DO REGIME DE PRECATÓRIOS De acordo com o art. 535, § 3°, I do CPC, o precatório será expedido por intermédio do presidente do tribunal competente em favor do exequente, caso a decisão não vier a ser embargada ou impugnada. Nesse sentindo, entende-se por precatório nas palavras do doutrinador Daniel Amorim (2022) como uma ordem de pagamento de valores consideravelmente elevado e superior ao pagamento do RPV que possui em comum o mesmo ente público como devedor no processo. Como exposto no subtópico anterior, ao findar o processo de execução contra a Fazenda Pública e da decisão não sobrevier embargos ou impugnação, cabe ao juízo da execução competente encaminhar ao presidente do tribunal para que seja expedido o precatório ou a Requisição de pequeno valor, observando o que está previsto no art. 100 da Constituição Federal e assim incluída no orçamento público para a satisfação da execução. O procedimento para aplicação dos precatórios segue o andamento no que está disposto nos arts. 534 e 535 do CPC. Os pagamentos 16 solicitados até dia 2 de Abril são realizados de acordo com o art. 100, § 5° até o final do exercício do ano seguinte devidamente com os valores atualizados. Os pagamentos são efetivados em ordem cronológica na apresentação dos precatórios a fim de preservar o principio da isonomia, sendo por precatório o meio de não haver preferência na ordem de pagamentos aos credores da Fazenda, entretanto, a Emenda Constitucionalde 62/2009 cede preferência no pagamento de natureza alimentícia aos titulares originários ou por seus herdeiros, tenham 60 anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, pessoas com deficiência, assim definidos em lei serão pagos com preferencia sobre os demais até o limite de 3 vezes o valor maior no art. 100 § 3°. Todavia, na realidade é notório a demora exagerada nos pagamentos de precatórios com a justificativa da insuficiência dos cofres públicos, considerando que os entes possuem outros compromissos a serem realizados, isso explica a mudança em que, ,muitos dos credores optar por escolher o RPV, um valor significativamente menor do que o devido previsto precatório, ao ficar na espera frustrante pelo recebimento do precatório. O § 2° do art. 534 dispõe a não aplicação da multa prevista no art. 523 § 1° do CPC para a Fazenda Pública, ou seja, o não pagamento devido em 15 dias, a administração pública não terá o encargo de suportar multa de 10% do exequente, a especial condição no procedimento em pagar a quantia certa, afasta a aplicação de medidas coercitivas. 17 REFERÊNCIAS: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 14.ed. Salvador: Editora Jus podivm, 2022. JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil Vol III. 49.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. PASSOS. Carlos Eduardo. A EFETIVIDADE DO PROCESSO NAS AÇÕES COMTRA A FAZENDA PÚBLICA, revista da EMERJ. V4, n.16, 2001.DIDIER Jr. Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. v. 5NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 14.ed.Salvador: Editora Jus podivim, 2022.