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Relato -1

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Cursista: Maria Emília da Conceição Costa
Tutora: Marinalva Jardim Franca Begnami
Turma 3 de Caratinga.
Curso: Curso de Aperfeiçoamento Mineração, Rompimento da Barragem e Revitalização:
Desafios para a Educação.
04 de outubro de 2022
Relato de experiência a respeito do rompimento da barragem do Fundão em Mariana- MG
Em cinco de novembro de 2015 ocorreu um dos crimes socioambientais de maior
proporção já visto no Brasil. O rompimento da barragem do Fundão de propriedade da
mineradora Samarco S/A deixou um saldo mórbido de 19 vidas ceifadas e um rastro de mais de
660 km de rejeitos tóxicos transportados ao longo do Rio Doce - de Mariana Minas Gerais até o
litoral do Espírito Santo.
Acompanhamos perplexos pelas redes sociais e pelos telejornais o desespero dos
funcionários da empresa vendo a lama levar a vida de seus companheiros, a fuga dos moradores
para as partes mais altas a esperar pelo socorro. Pessoas, plantas, animais, sonhos, memórias e
paisagens inteiras sendo engolidos pela lama.
Não há como calcular o impacto ambiental. Quantas espécies endêmicas da região podem
ter sido extintas para sempre? Como calcular a extensão do solo e o volume da água
contaminada?
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Ao observarmos aquele mar de lama avançando em direção ao litoral a sensação era de
total desamparo, desespero. Quanto tempo a natureza levará para recuperar esses danos?
Anos após o ocorrido percebe-se os efeitos do metal pesado no solo. Em um sítio na região de
Revés do Belém perto do município de Pingo d'Água um dos locais banhados pelo Rio Doce
observou o adoecimento de plantas e o aumento de pragas. Além da mortandade de peixes.
O prejuízo socioeconômico é grande, quantas pequenas propriedades foram destruídas?
Comunidades inteiras desabrigadas? Cidades inteiras sem água potável para o consumo. As
populações ribeirinhas que dependiam da pesca foram afetadas pelo desastre. No setor de
construção civil o fornecimento de areia foi prejudicado pela poluição do leito do Rio Doce.
Além de todos esses prejuízos destaca-se o emocional. Quantas famílias desfeitas?
Quanta memória afetiva, quantas histórias e sonhos interrompidos? Como devolver a essas
pessoas a dignidade?
Somado a tudo isso o sentimento de impotência diante do sistema corrupto que compra
laudos e governantes para perpetuar a exploração das riquezas de nossa terra e deixa em troca
subempregos, miséria e muitos problemas sociais e ambientais. Mascaram essa situação com
algumas obras de infraestrutura de lazer nas comunidades. Pintam de verde o cenário de solo
lunar.
Evidencia-se a fragilidade das técnicas empregadas na construção dessas barragens e
ainda um descaso por parte das empresas e órgãos públicos responsáveis por fiscalizar e garantir
a segurança desses métodos de contenção de rejeitos.
A educação tem papel fundamental na luta para mitigar esses efeitos nocivos na
sociedade. Constata-se a necessidade de reagirmos perante um sistema educacional baseado na
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cartilha das grandes mineradoras e do agronegócio. Trabalhando os saberes das comunidades,
desenvolvendo projetos interdisciplinares que tragam informação crítica, capacitando o
estudante para pensar global e agir local. Para que seja capaz de perceber e agir no ambiente
social e político ao seu redor.
Haveremos de lutar pela memória de tantos que se foram mas, principalmente por aqueles
que ficaram. Sabemos que ainda existem barragens em Minas Gerais com risco de rompimento.
É imprescindível capacitar as comunidades para exigir a busca de novas tecnologias, fiscalizar
melhor para que não se repita a tragédia de Bento Rodrigues e de Brumadinho.
Devemos "esperançar", ou seja, esperar agindo.

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