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DEFICIÊNCIA VISUAL: FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS – UNIDADE II Tutor Externo: Marcos Samuel Cardoso de Novais Na Unidade 2, estudaremos os tipos de deficiência visual e os recursos necessários para a inclusão escolar. Na primeira parte dessa unidade, apresentaremos os tipos de deficiência visual, as causas, os diagnósticos e os prognósticos da baixa visão, da cegueira e da surdocegueira. Na sequência, veremos alguns recursos didáticos utilizados para a inclusão da pessoa com deficiência visual, a fim de auxiliar em sua aprendizagem. Além disso, falaremos dos recursos ópticos e não ópticos, a adequação dos espaços físicos e mobiliários e como estabelecer uma comunicação e relacionamento adequados para proporcionar uma inclusão de qualidade à pessoa com deficiência visual. UNIDADE 2 - DEFICIÊNCIA VISUAL – TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL TÓPICO 1 – TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL, DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS Sobre as características do olho humano, o Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos (CBCO, 2016, s.p.) diz que o olho é: semelhante a uma câmara de filmar, onde internamente existe uma lente chamada o cristalino, com sua capacidade de focalização, e na parte posterior, uma película nervosa sensível – a retina, que funciona na captação de imagens. A retina transmite ao cérebro a imagem que, através do cristalino, é focalizada pelo olho. Para uma visão adequada é preciso que o cristalino seja transparente, para que os raios de luz possam entrar e serem captados pela retina. A citação deixa claro quão maravilhoso é o olho humano, podemos dizer que a máquina fotográfica se baseou no olho humano. Felizmente, como já estudamos, as legislações brasileiras têm contribuído muito para o direito e acesso ao conhecimento da pessoa com deficiência para que possam exercer sua cidadania e ter mais oportunidades. É uma via de mão dupla, assim, podemos nos perguntar: as pessoas com deficiência visual estão sendo inseridas de fato na sociedade? Seja por meio de um contexto familiar ou escolar? No contexto escolar, é preciso entender que os educandos com cegueira e/ou baixa visão precisam de recursos específicos para que possam ter acesso a várias dinâmicas desenvolvidas em sala de aula, o que implica que todos a sua volta precisam saber como agir com as peculiaridades desses indivíduos. Assim, conceituaremos brevemente os tipos de deficiência visuais mais conhecidos pela medicina e sociedade, além de suas causas e diagnósticos, o objetivo é auxiliar os que atuam na área a desenvolver recursos próprios para atender às especificidades de cada um. BAIXA VISÃO Baixa visão, também denominada visão subnormal, é uma perda de visão que não pode ser corrigida por óculos convencionais, lentes de contato, medicação ou cirurgia. Também pode ser descrita como qualquer grau de enfraquecimento visual que cause incapacidade funcional e diminua o desempenho visual. O QUE É CONSIDERADA BAIXA VISÃO? Visão Subnormal ou Baixa Visão ocorre quando há uma grande perda da visão (visão abaixo de 20% nos dois olhos), mas com alguma funcionalidade preservada (ao contrário da cegueira). Pessoas com baixa visão podem ter acuidades visuais muito diferentes, essa acuidade nem sempre indica o quanto cada pessoa pode lidar com atividades cotidianas, uma mudança de postura sobre a própria situação vai identificar o quanto a vida será funcional ou não para esse indivíduo, ou seja, alguém com uma acuidade visual relativamente boa pode ter dificuldades com o dia a dia e precisar usar bengala, já alguém com acuidade menor pode ter um cotidiano funcional. Neste caso, a aprendizagem visual não depende apenas do olho, mas ter sua base construída também através da capacidade do cérebro de realizar suas funções. Conceituaremos, a seguir, a baixa visão citando as causas e prognósticos mais comuns. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1982), a Baixa Visão pode ser classificada nos seguintes aspectos: • 20/30 a 20/60: é considerado leve perda de visão ou próximo da visão normal. • –20/70 a 20/160: é considerada baixa visão moderada, baixa visão moderada. • 20/200 a 20/400: é considerado grave deficiência visual, baixa visão grave. • 20/500 a 20/1000: é considerado visão profunda, baixa visão profunda. CAUSAS Quais são as principais causas de deficiência visual? A deficiência visual é considerada leve, moderada, severa ou profunda, de acordo com a resposta relativa à visão de uma pessoa com deficiência visual, que tem perda total ou parcial dela. Congênita ou adquirida, ela influencia o nível de percepção do indivíduo, que pode variar entre a cegueira e a baixa visão ou visão subnormal. Nos países em desenvolvimento, as principais causas são infecciosas, nutricionais, traumáticas e doenças como a catarata. Já em naqueles desenvolvidos, causas genéticas e degenerativas ganham destaque. As doenças que mais causam problemas visuais graves são: Glaucoma, retinopatia diabética, atrofia do nervo ótico, retinose pigmentar e degeneração macular entre os adultos. Entre as crianças, as principais causas são: glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular congênita. Causas congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma congênito, catarata congênita. Causas adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações retinianas relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes. Uma pessoa é considerada cega quando perde a visão ou a capacidade de enxergar diminui, fazendo com que ele esteja impossibilitado de ler por meio da escrita, somente pelo sistema Braille. Já a baixa visão acontece quando há comprometimento no funcionamento visual, mesmo que a pessoa já tenha feito algum tipo de tratamento ou correção. Este indivíduo como baixa visão só consegue ler textos impressos quando são ampliados ou se usar recursos especiais (ópticos). TAXOPLASMOSE CONGÊNITA Há diversos fatores que podem contribuir para o surgimento da catarata em crianças. Entre os principais fatores estão: Distúrbios na gravidez; Infecções intra-uterinas (rubéola, herpes, toxoplasmose) Catarata infantil SAIBA QUAIS SÃO OS DIFERENTES TIPOS DE CATARATA A catarata tem maior prevalência em indivíduos com idade mais avançada. Entretanto, não chega a ser uma regra. De acordo com o tipo, a ocorrência pode se dar em outras fases da vida. Suas origens também são diversas. CATARATA EM ADULTOS E CATARATA SENIL CATARATA CONGÊNITA: Como o próprio nome sugere, esta classificação se deve a condições genéticas. Normalmente, ocorre na idade de 6 meses a 1 ano de vida. Quando atinge crianças mais velhas, passa a ser chamada de catarata pediátrica. Está associada a infecções contraídas pela mãe durante a gestação, como a rubéola, sífilis e toxoplasmose, por exemplo. CATARATA NO ADULTO: A causa mais comum da catarata é o envelhecimento do cristalino que ocorre pela idade, denominada de catarata senil. Porém também poderá estar associada a alterações metabólicas que ocorrem em certas doenças sistêmicas, (ex. Diabetes Mellitus), oculares CATARATA SENIL: Esta é a forma mais comum e atinge pessoas a partir dos 55 anos de vida. Surge por meio do envelhecimento natural do cristalino. Apesar disso, não significa que todos desenvolvam essa doença. Fatores de risco sempre devem ser levados em conta no momento do diagnóstico. Neste caso, a lente do olho vai ficando cada vez mais opaca, perdendo sua transparência gradativamente ATROFIA ÓTICA A atrofia óptica dominante e neuropatia óptica hereditária de Leber são doenças hereditárias incomuns que lesionam o nervo óptico levando à perda da visão. A perda da visão se desenvolve na infância ou adolescência e afeta os dois olhos. A pessoa também pode ter disfunção cardíaca ou do sistema nervoso. As causas incluem: tumor, trauma, redução suprimento sanguíneo (isquemia) ou de oxigênio (hipóxia), hidrocefalia, toxinas, infecção e distúrbios degenerativos raros. A Degeneração Macular Relacionada à Idade é uma doença degenerativae progressiva que acomete a área central da retina (mácula), na qual as imagens são formadas, levando invariavelmente à perda da visão central. O principal fator de risco para a DMRI é o aumento da idade. Sua principal característica é o surgimento de uma mancha que resulta na baixa visão. Assim, a pessoa vai ter cada vez mais dificuldades de enxergar com nitidez, podendo perder totalmente habilidades como ler e dirigir, por exemplo DEGENERAÇÃO MACULAR RETINITE PIGMENTOSA Retinite pigmentosa é uma degeneração rara e progressiva da retina (estrutura transparente e sensível à luz localizada na parte posterior do olho) que pode levar à perda de visão moderada a grave. A retinite pigmentosa quase sempre é hereditária. A Retinose Pigmentar é ocasionada por alterações genéticas hereditárias. Embora não seja um problema que se adquire em função de agressões, infecções ou inflamações, acredita-se que a exposição à radiação solar possa ser um fator agravante para algumas formas da doença. Assim, de maneira geral, a baixa visão ou visão subnormal, refere-se a uma deficiência visual que não pode ser corrigida somente com óculos ou lentes de contato. Também é frequentemente caracterizada por visão parcial, com imagens borradas, distorcidas, sombras, pontos cegos ou visão em túnel. Além disso, quando a baixa visão é causada por lesão cerebral, não pode ser tratada por meio de cirurgia ou de remédios. Em todos os casos o especialista na área é quem dará o diagnóstico e tratamento correto. EXEMPLO DE VISÃO BORRADA A visão embaçada pode estar associada a diversos problemas e os mais comuns são os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo). A sensação de “turvamento” ou “enevoamento” também pode ocorrer como um sintoma secundário de outras moléstias, entre as quais a enxaqueca, a diabetes e a pressão alta. EXEMPLO DE VISÃO DE TÚNEL Visão de túnel: tem este nome oriundo de anomalias genéticas, onde a visão periférica se torna limitada, mas também é utilizada em construção de estradas, visando evitar justamente este fenômeno, que é a perda da visão periférica momentânea. Exemplo: imagine você em uma estrada com uma reta de uns 30km A visão em túnel é um defeito de visão em que os objetos não podem ser vistos a menos que estejam perto do centro do campo visual. Existem dois tipos de células na retina que respondem à luz: bastonetes e cones. Os cones estão concentrados no centro da retina e são responsáveis pela visão colorida detalhada SIMULAÇÃO DE COMO UMA PESSOA COM BAIXA VISÃO ENXERGA Este vídeo, simula o que uma pessoa, afecta por Retinopatia Pigmentar Típica vê Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=71&v=v9CawJSUy2c&feature=emb_logo DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA BAIXA VISÃO De acordo com Moreira (2012), as infecções perinatais afetam 0,5 a 2,5% de todos os nascimentos e constituem um grande problema de saúde pública pela elevada morbimortalidade. Infecções nesse período não são de fácil diagnóstico, pois mesmo na gestante cursam oligossintomáticas, passando despercebidas; no recém-nascido (RN), a grande maioria é assintomática, com surgimento tardio de manifestações clínicas ou até mesmo de suas sequelas. Os exames sorológicos mais disponíveis para o concepto nem sempre são contributários devido à transferência de anticorpos maternos da classe IgG, daí a necessidade de uma boa anamnese materna, com enfoque na sua história social, exame clínico acurado do RN e avaliação laboratorial do binômio CEGUEIRA O que é Cegueira ? Cegueira ou perda total de visão, Existem muitas causas para a cegueira, incluindo acidentes, diabetes e certas doenças oculares. A cegueira pode ocorrer repentinamente ou ao longo de um período. Geralmente, não há dor. A cegueira repentina requer tratamento médico de emergência, pode estar relacionada a diversos fatores: Genética Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) Glaucoma Catarata Retinopatia diabética Quais são os Sintomas da Cegueira ? Os sintomas da cegueira dependem da causa da doença, e podem progredir de forma lenta ou rápida, até que o paciente não tenha mais 100% de sua capacidade visual. Outros sintomas mais comuns estão relacionados a dores de cabeça, visão embaçada e visão dupla. Cegueira tem cura ? A doença pode ser reversível ou não. É essencial buscar ajuda de um profissional da saúde logo no início dos sintomas. Somente o oftalmologista pode determinar a causa da doença e decidir quanto a um eventual tratamento com medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. Para casos avançados, não é possível reverter a cegueira. O paciente precisará conviver com o problema. GLAUCOMA CONGÊNITO E GLAUCOMA TARDIO A suspeita clínica de glaucoma congênito deve ser confirmada através da avaliação do estado refrativo, das alterações presentes na córnea e de procedimentos como a tonometria, oftalmoscopia e gonioscopia, conforme Silva (2016). Um acurado e efetivo processo diagnóstico mostra-se necessário e deve ser estabelecido como uma conduta presente e cotidiana para todos os pacientes da faixa etária de risco no ambiente hospitalar e ambulatorial, de modo a tentar conter a instalação de consequências prejudiciais. O glaucoma raramente mostra sintomas em seu início. Nos estágios iniciais só pode ser diagnosticado por testes oculares regulares para pessoas com fatores de risco. Que são: • idade acima de 45 anos; • histórico familiar deste diagnóstico; • diabetes; • histórico de pressão intraocular elevada; • miopia alta; • histórico de lesões no olho; • uso frequente de cortisona (esteroides) no olho, por via oral ou injetável; • hipermetropia; • ascendência racial negra. • Glaucoma de ângulo aberto: nesse tipo de glaucoma, os sinais normalmente não são percebidos até que a doença esteja em estágio avançado. A pressão danifica lentamente o nervo óptico com o passar do tempo. O glaucoma afeta os dois olhos, mas os sinais podem ser observados primeiro em apenas um olho. • Glaucoma de ângulo fechado: nesse tipo de glaucoma, a pressão aumenta muito rápido e os sinais aparecem repentinamente. Pode ocorrer perda permanente da visão em apenas um dia, portanto, é muito importante procurar tratamento médico imediatamente. Existem dois tipos principais de glaucoma: SURDOCEGO A Surdocegueira é uma deficiência que compromete, em diferentes graus, os sentidos da visão e audição. A privação dos dois canais responsáveis pela recepção de informações a distância afeta o desenvolvimento da comunicação e linguagem, a mobilidade, a autonomia, o aprendizado etc. QUAL A DIFERENÇA ENTRE SURDO E SURDOCEGO? Ser surdocego não significa necessariamente ser totalmente cego ou surdo, mas se ambos os sentidos são reduzidos o suficiente, isto causa dificuldades significativas na vida da pessoa. A principal característica da população surdocega é a heterogeneidade. Esses sujeitos podem ser totalmente surdos e cegos, enquanto outros podem ter resíduo auditivo e/ou visual. A surdocegueira é classificada em dois grupos: congênita, quando o indivíduo nasce com a deficiência; e adquirida, quando a pessoa nasce com perda visual ou auditiva, adquirindo outra no decorrer da vida. Em ambos os casos, há o desafio de comunicação resultando em isolamento do sujeito surdocego. Para que isso não ocorra, é importante que haja intervenção adequada levando em consideração as especificidades da surdocegueira. CAUSAS MAIS CONHECIDAS O universo da surdocegueira ainda é um tema pouco explorado, timidamente tem sido alvo de pesquisas e estudos, isso acontece por ser um tema recente. Elencamos, a seguir, as causas mais conhecidas segundo as pesquisas: • Síndromes genéticas (Usher,Trissomia, Goldenhar, Marfan). • Diabetes. • Tumores cerebrais. • Acidente Vascular Cerebral (AVC). • Meningites. • Choques anafiláticos. DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA SURDOCEGOS É comum, ao diagnosticar um indivíduo surdocego, demorar para traçar um perfil único desses sujeitos em função de suas necessidades tão distintas,tanto no que diz respeito as suas potencialidades, quanto suas habilidades. Muitas pessoas consideradas surdocegas podem ter uma visão suficiente boa para se mover em variados ambientes e até reconhecer pessoas no âmbito familiar ou não. Já outros casos têm audição suficiente para reconhecer sons que lhe são familiares, mas não sons desconhecidos, pode ou não desenvolver a língua oral, com pouca fluência. Como dito anteriormente, o universo da surdocegueira é relativamente novo com muitos estudos em ascensão. Quanto à classificação de surdocegueira, segundo Mota et al. (2010), pode ser considerada pré-linguística ou pós-linguística, dependendo da idade que a surdo cegueira se estabeleceu. Podendo ser subdivididas em quatro categorias: Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos. Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos. Indivíduos que se tornaram surdocegos. Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo (BRASIL, 2010, p. 10). O site AME (2002) diz que: acontece de acordo com o período em que a deficiência se apresentou, podendo ser: • Pré-linguistico: quando a pessoa nasce com a surdocegueira ou a adquire logo quando bebê, antes da aquisição de uma língua. • Pós-linguístico: quando a pessoa adquire a surdocegueira depois da aquisição de uma língua (português ou LIBRAS) ou que já apresentava uma deficiência sensorial seja ela visual ou auditiva e adquire a outra. Pode acontecer também de a pessoa adquirir a surdocegueira sem antes ter apresentado nenhuma deficiência. Tipos de surdocegueira: • Cegueira Congênita e Surdez Adquirida. • Cegueira e Surdez Adquirida. • Surdez Congênita e Cegueira Adquirida. • Baixa visão com Surdez Congênita ou Adquirida. • Cegueira e Surdez Congênita. Para entender sobre o desenvolvimento do sujeito que possui surdocegueira, seja no processo de ensino-aprendizagem escolar ou social, é preciso considerar a classificação que esse tipo de deficiência possui, conforme vista anteriormente, além de buscar conhecer bem o nível de surdez e de cegueira, ou seja, sua perda maior ou menor é auditiva ou visual? Tendo essas informações, poderá ser traçado um plano de ação para auxiliar na mobilidade e comunicação desse indivíduo. RECURSOS DIDÁTICOS PARA A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL Recursos didáticos são ferramentas utilizadas pelo profissional daquela área específica para facilitar o processo de ensino. Qualquer objeto pode ser um recurso desde que se estabeleça uma relação de interação recíproca. Podem ser utilizados desde os recursos mais simples aos mais complexos. No caso do professor, por exemplo, em sala de aula, pode envolver apagador, quadro branco, Datashow, entre outros. Porém, para pessoas com alguma deficiência, pode ser um desafio usar, ou mesmo adaptar, esses recursos em qualquer contexto, e isso tem gerado várias dificuldades ao próprio sujeito bem como aos profissionais que atendem esse público. A INCLUSÃO DA PESSOA COM BAIXA VISÃO OU CEGUEIRA Para as pessoas com deficiência visual, a manipulação de diferentes materiais ajuda no desenvolvimento da percepção tátil, facilitando a discriminação de detalhes e propiciando a movimentação dos dedos. No contexto escolar, Njoroge (1994) salienta que é preciso auxiliar os estudantes com visão subnormal a alcançarem a utilização máxima de sua visão com a maior quantidade de adaptações. Destacamos que é preciso ajudá-los a manter um equilíbrio real entre o que é possível e o que é prático. Assim, para o professor que tem em sua sala um aluno com alguma deficiência ou transtornos, não deve haver limite para a criatividade e para a utilização de recursos pedagógicos, mobiliário adaptado e estratégias adequadas que motivam sua vontade de aprender. A APRENDIZAGEM Educando cego ou com baixa visão pode encontrar muitas dificuldades no processo educativo, inicialmente podemos relacionar a dimensão atitudinal do professor, outro fator pode ser o fato de não existirem recursos pedagógicos e materiais apropriados, e, como consequência dessa situação, não recebem os estímulos para a utilização do seu potencial cognitivo e visual para os que tem baixa visão ou visão subnormal. Colaborando para a inclusão do aluno com deficiência visual na escola. Quanto a isso, Sá, Campos e Silva (2007, p. 21) discorrem que: As crianças cegas operam com dois tipos de conceitos: Aqueles que têm significado real para elas a partir de suas experiências. 2) Aqueles que fazem referência a situações visuais, que embora sejam importantes meios de comunicação, podem não ser adequadamente compreendidos ou decodificados e ficam desprovidos de sentido. Nesse caso, essas crianças podem utilizar palavras ou expressões descontextualizadas, sem nexo ou significado real, por não se basearem em experiências diretas e concretas. Esse fenômeno é denominado verbalismo e sua preponderância pode ter efeitos negativos em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento. Os educadores devem atentar que não é necessário apenas que se deixe o aluno escutar, cheirar, tocar e explorar as coisas/os objetos, mas que o ensine a ouvir, a cheirar, a tocar. Nesse sentido, a inclusão está acontecendo, pois o professor está adaptando seu conteúdo para possibilitar o aprendizado do aluno com deficiência visual. Isso é importante para todas as crianças, porém, adquire maior relevância no caso das crianças cegas ou com baixa visão devido à utilidade dos sentidos remanescentes na relação com os objetos, coisas e pessoas (SILVA, 2006). Os recursos didáticos adaptados são motivadores e facilitadores do processo de ensino e aprendizagem para educandos com deficiência visual, bem como para os normovisuais. RECURSOS DIDÁTICOS PARA O TRABALHO COM A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA ESCOLA Para os deficientes visuais, é indispensável que os recursos didáticos possuam estímulos táteis e que atendam às diferentes condições visuais. O material deve apresentar cores contrastantes, texturas e tamanhos adequados para que se torne útil e significativo. Por isso, a confecção de recursos didáticos para alunos com deficiência visual deve se basear em alguns critérios muito importantes para a eficiência de sua utilização. Por exemplo, é importante a fidelidade da representação dos materiais em relação ao modelo original, afinal, quando alunos normovisuais estão visualizando, tocando e ouvindo trabalham vários sentidos ao mesmo tempo, o que não acontece com o aluno que tem deficiência visual, o sentido do tato e audição provavelmente prevalecerão, assim, ao usar a fidelidade na representação dos materiais não perderão nenhuma informação, igualmente aos outros. RECURSOS ÓPTICOS E NÃO ÓPTICOS Os recursos ópticos para a pessoas com deficiência visual são muitos, incluem lentes que ampliam a imagem na retina e que favorecem o uso da visão residual para perto ou para longe. São prescritos pelo oftalmologista e melhoram a visão através da magnificação da imagem, seja pela capacidade de ampliação, pelo reposicionamento ou filtração da imagem na retina (HADDAD; SIAULYS; SAMPAIO, 2011). RECURSOS ÓPTICOS Os recursos não ópticos ou de adaptação funcional “referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à iluminação, aos contrastes e ampliações” (DOMINGUES et al., 2010, p. 12) e podem ser utilizados isoladamente ou junto com os recursos ópticos. As mudanças no ambiente dizem respeito ao uso de cores diferenciadas e contrastantes nas paredes, portas, rodapés, corrimãos, bem como o uso de faixas de sinalização. Além dos recursos não ópticos, existem os auxílios não ópticos que não empregam sistemas ópticos, porém, modificam materiais e o ambiente para promover melhor desempenho visual da pessoa com baixa visão. Segue exemplos de alguns auxílios segundo o site Acessibilidade na prática: fonte de luz para modificar ailuminação. Podemos alterar a intensidade da fonte de luz ou modificar a sua distância da superfície. A luz natural é a preferida pelas pessoas com deficiência visual, porém é difícil de ser controlada. As opções de iluminação artificial são: • Lâmpadas incandescentes: emitem mais luz amarela, são mais direcionais e permitem maior contraste. São indicadas para pacientes com catarata ou outras opacificações dos meios ópticos (a luz amarela sofre menos dispersão e leva ao menor ofuscamento). Apresenta como desvantagem o calor gerado, não devendo ser utilizadas muito próximas. • Lâmpadas fluorescentes: possibilitam menor contraste e, por emitirem mais luz azul que as lâmpadas incandescentes, são mais ofuscantes. A vantagem é que não geram calor e podem ser usadas próximas do paciente. • Lâmpadas de halogêneo: fornecem iluminação intensa e direcional, porém há relatos de efeitos tóxicos pela emissão de radiação ultravioleta, levando maior preocupação na sua indicação. ESPAÇO FÍSICO E MOBILIÁRIO Na prática da inclusão, todos os espaços deveriam se adaptar tanto na questão arquitetônica como no mobiliário para receber uma pessoa com deficiência. Para a escola, há muitos mobiliários que poderão auxiliar o aluno com deficiência visual. Além disso, pode ser necessário adaptações que favoreçam condições de participação a fim de facilitar o aprendizado e melhorar seu desempenho acadêmico. Nesse sentido, podemos indicar o posicionamento do aluno em sala de aula, que deve ser a primeira carteira da fila central da sala de aula, em frente ao quadro branco, sendo essa a melhor posição para o aluno com baixa visão que possui resíduo visual. Caso enxergue menos, ou seja cego de um dos olhos, provavelmente terá que se sentar um pouco mais à direita ou à esquerda.